Post on 07-Feb-2019
ASSOCIAÇÃO JUINENSE DE ENSINO SUPERIOR DO VALE DO JURUENA –
AJES
INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE JURUENA – ISE
ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR
8,5
A TECNOLOGIA COMO FERRAMENTA DE TRABALHO NA GESTÃO ESCOLAR
Alessandra Patrícia da Silva Campos
Orientador: Prof. Ilso Fernandes do Carmo
VÁRZEA GRANDE/2010
ASSOCIAÇÃO JUINENSE DE ENSINO SUPERIOR DO VALE DO JURUENA –
AJES
INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE JURUENA – ISE
ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR
A TECNOLOGIA COMO FERRAMENTA DE TRABALHO NA GESTÃO ESCOLAR
Alessandra Patrícia da Silva Campos
Orientador: Prof. Ilso Fernandes do Carmo
“Monografia apresentada como exigência
parcial para a obtenção do título de
Especialização em Gestão Escolar.”
VÁRZEA GRANDE 2010
ASSOCIAÇÃO JUINENSE DE ENSINO SUPERIOR DO VALE DO JURUENA –
AJES
INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO JURUENA - ISE
ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________
_____________________________________
_____________________________________
ORIENTADOR
Prof. Ilso Fernandes do Carmo
À minha família, pelo apoio e
compreensão, oferecidos de modo tão
espontâneo durante a elaboração deste
trabalho, bem como ao longo do curso de
pó-graduação.
AGRADECIMENTO
Sou grato ao meu orientador, Ilso Fernandes, graças à sua parceria, pude
vivenciar minhas próprias etapas de leitura e escrita, durante o processo de pesquisa
acadêmica. Obrigado pelas sugestões, além da paciência e incentivo na confecção deste
trabalho.
O que não se aprende na juventude,
Na idade madura se ignora.
Cassiodoro,
século V
RESUMO
Este texto apresenta os desafios impostos ao gestor escolar na implantação de um processo de
mudança nas organizações escolares que buscam se adequar aos novos padrões da sociedade atual, por meio da
inovação e de práticas de gestão participativa. O presente trabalho aborda também a importância da inserção das
novas tecnologias no ambiente escolar, propiciando o aumento da competitividade, através de soluções
inovadoras na gestão e no processo de ensino-aprendizagem. Este estudo teve como objetivo discutir a atuação
da gestão escolar na busca pela mudança organizacional da escola para que a mesma proporcione um ensino de
alto nível aos alunos. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica em livros, periódicos e sites da
internet. No entanto, para que a mudança organizacional da escola ocorra é preciso investir na transformação das
atitudes dos profissionais de educação da instituição, com o objetivo de que os mesmos passem a encarar a
inovação como um desafio e sintam-se estimulados pela motivação pessoal e, assim, se tornem capazes de ir
além dos seus próprios limites. A escola e seus profissionais devem cada vez mais investir em conhecimento e
socializá-lo para que a organização escolar aumente sua capacidade de criar e de inovar. Nesse sentido, o gestor
escolar deve atuar como líder, ou seja, formar pessoas que o acompanhem em suas tarefas e prepará-las para
serem abertas às transformações. Assim, as práticas pedagógicas e administrativas dos profissionais da escola
precisam ser orientadas para estratégias participativas, como forma de garantir uma educação formal contínua e
de qualidade aos alunos.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................08
1. A INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO............................................................................10
1.1- A tecnologia e o processo de ensino e aprendizagem...................................................14
1.1.1 Resultados da investigação..............................................................................................15
2. EXPERIÊNCIAS EM ANÁLISE...................................................................................21
2.1- Comunidade Virtual de Aprendizagem de Matemática..................................................22
3. RESULTADOS ALCANÇADOS PELAS PROFESSORAS PESQUISADAS..........25
CONCLUSÃO.........................................................................................................................27
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................29
ANEXOS..................................................................................................................................30
INTRODUÇÃO
A informática é uma tecnologia que nasceu para fazer cálculos muito rápidos,
em grande quantidade. Surgiu com o objetivo de ajudar o comércio, a indústria,
principalmente a bélica, a fazerem seus megacálculos.
Os Estados Unidos só conseguiram lançar a bomba atômica sobre Nagasaki
porque tiveram o aporte dos computadores para fazer os complexos cálculos exigidos pela
tarefa.
Embora tenha nascido para fazer os cálculos de guerra e para atender as
necessidades das indústrias, hoje a informática evoluiu e foi apropriada para outros setores da
economia.
Essa revolução certamente não deixou de afetar a educação.
Diariamente, deparamo-nos com jornais, revistas ou livros que apresentam
através de quadros, tabelas, relatos e gráficos as transformações que a tecnologia vem fazendo
na educação.
A utilização das novas tecnologias de informação e comunicação, como
ferramenta, traz uma enorme contribuição para a prática escolar em qualquer nível de ensino.
Informática na educação é hoje uma das áreas mais fortes da tecnologia educacional.
De acordo com BEARD (1991:86 ):
“Hoje é consenso que as novas tecnologias de informação e comunicação
podem potencializar a mudança do processo de ensino e de aprendizagem e
que, os resultados promissores em termos de avanços educacionais
relacionam-se diretamente com a idéia do uso da tecnologia a serviço da
emancipação humana, do desenvolvimento da criatividade, da autocrítica,
da autonomia e da liberdade responsável.”
Entre as novas tecnologias, o computador ocupa um lugar de destaque pelo poder
de processamento de informação que possui.
Neste contexto, o computador não pode ser visto como “modismo”, mas como
uma ferramenta que poderá contribuir no processo da aprendizagem.
Dentro desta perspectiva, a formação dos educadores deve favorecer uma reflexão
sobre a relação entre teoria e prática e proporcionar a experimentação de novas alternativas
pedagógicas.
Isso não significa jogar fora as velhas práticas, mas sim, apropriar-se das novas,
ressignificando-as, promovendo a transformação necessária.
Nos últimos anos, a utilização da informática na educação vem crescendo
consideravelmente.
Esta utilização tem permitido a criação de várias experiências de aprendizagem.
O resultado dessas experiências evidencia a grande versatilidade da informática na
educação.
Buscando tal versatilidade realizou-se uma experiência com professores da Escola
Gonçalo Botelho de Campos.
Esta experiência envolveu duas professoras e seus alunos que participaram na
construção de um software educacional referente à miscigenação das cores, de forma que os
mesmos puderam fazer críticas e sugestões com relação a intuitividade do mesmo. Buscou-se
através dessa experiência clarear algumas questões, como: Até que ponto um aluno interage
com o software? Qual é o papel da informática na educação? Qual o papel do professor?
Para melhor compartilhar os dados e aprendizagens que o processo da pesquisa
promoveu junto aos responsáveis, este relatório final se encontra dividido em diferentes
momentos. Inicia-se com a Identificação do projeto e equipe de pesquisadores, Resumo e
Sumário para seguir, no primeiro item, Introdução, com o objeto da pesquisa. O próximo
item, capítulo I, trata da metodologia proposta e a que foi utilizada com as devidas
justificativas das mudanças sofridas para logo em seguida descrever algumas experiências em
que as tecnologias informáticas foram usadas para desenvolver ambientes de aprendizagem
que considero inovadores. O capítulo II trata de experiências pesquisadas e o III capítulo
mostrará o resultado das atividades realizadas ao longo do processo da pesquisa com duas
professoras da Escola Gonçalo Botelho de Campos.
09
1 A INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO.
O uso da informática pelas escolas cresce a cada dia, tanto na área
administrativa quanto na área pedagógica.
Seu uso adequado oportuniza o desenvolvimento e a organização na construção
do pensamento, bem como, desperta o interesse e a curiosidade dos alunos, elementos
fundamentais para a construção do conhecimento.
“Pesquisas desenvolvidas no Brasil e no Exterior (Carraher, 1996; Carraher
& Schliemann, 1992; Valentin, 1995; Spauding & Lake, 1992; Santarosa,
1995; dentre outros) informam que escolas que utilizam computadores no
processo de ensino-aprendizagem apresentam melhorias nas condições de
estruturação do pensamento do aluno com dificuldades de aprendizagem,
compreensão e retenção. Colaboram, também, para melhor aprendizagem de
conceitos matemáticos já que o computador pode constituir-se num bom
gerenciador de atividades intelectuais, desenvolverem a compreensão de
conceitos matemáticos, promover o texto simbólico capaz de desenvolver o
raciocínio sobre idéias matemáticas abstratas, além de tornar a criança mais
consciente dos componentes superiores do processo de escrita” (ALVES,
1982:43).
Para que a educação utilize a informática de maneira qualitativa, são
imprescindíveis que se articule quatro aspectos: o computador, o software educativo, o
professor e o aluno.
Estes aspectos interagindo-se trazem benefícios incalculáveis na formação do
aluno. Vamos analisar cada um:
A) O COMPUTADOR
A utilização do computador na educação pode acontecer de duas maneiras.
Uma é fazer aquilo que o professor faz tradicionalmente, ou seja, passar a
informação para o aluno.
Outra é usá-lo como um instrumento que auxilia na construção do
conhecimento e, portanto, ser um recurso com o qual o aluno possa criar pensar e manipular a
informação.
Na primeira maneira encontramos uma concepção de aprendizagem
behaviorista, em que a aplicação pedagógica do computador é usada como uma máquina de
ensinar.
Assim o computador é quem ensina o aluno, e, portanto assume o papel de
máquina de ensinar, ao invés de papel ou livro, é usado o computador.
Porém se analisarmos a segunda maneira iremos encontrar uma concepção
construtivista, em que o conhecimento não é transmitido.
Ele é construído progressivamente por meio de ações que se transformam.
Segundo PIAGET (1972, p.14) “A inteligência surge de um processo evolutivo
no qual muito fator deve ter tempo para encontrar seu equilíbrio.”
Nesse caso o computador pode ser visto como uma ferramenta pedagógica para
criar um ambiente interativo que proporcione ao aluno, investigar, levantar hipóteses,
pesquisar, criar e assim construir seu próprio conhecimento.
Segundo FONSECA, (2001) o computador trabalha com representações
virtuais de forma coerente e flexível, possibilitando, assim, a descoberta e a criação de novas
relações.
Basicamente, os autores BEARD (1991:102) e OLIVEIRA (1996:76)
consideram sete aspectos importantes no computador:
“1. Dispõe suas informações de forma clara, objetiva e lógica, facilitando a
autonomia do usuário, favorecendo a exploração espontânea.
2. Exige também que o usuário tenha consciência do que quer, se organize e
informe de modo ordenado o que quer fazer, digitando corretamente.
3. Dá um retorno extremamente rápido e objetivo do processo em
construção, favorecendo a autocorreção, a inserção da “desordem” na
ordem global.
4. Trabalha com uma disposição espacial das informações, que pode ser
controlada continuamente pela criança através de seu campo perceptivo
visual, apoiando o raciocínio lógico.
5. Trabalha com imagens e textos de forma combinada, ativando os dois
hemisférios cerebrais.
11
6. Através de recursos de multimídia, pode combinar imagens pictóricas ou
gráficas, numa infinidade de cores e formas, com sons verbais e/ou musicais,
com movimentos, criando uma verdadeira trama de combinações possíveis,
integrando a percepção, em suas múltiplas formas, ao raciocínio e à
imaginação, de forma fluente, pessoal e cheia de vida.
7. O computador também é apontado como um facilitador do
desenvolvimento natural da expressão simbólica da criança no uso de
caracteres gráficos, fator importante tanto na fase da alfabetização, quanto
no desenvolvimento posterior do processo da leitura e da escrita.
Assim o computador pode ser um aliado no processo educativo dos alunos. Ele
pode se tornar um catalisador de mudanças, contribuindo com uma nova forma de aprender.
Por meio dele, cria-se a possibilidade do aluno aprender “brincando”, construindo seu próprio
conhecimento, sem ser punido por seus erros. Além disso, o professor ao se utilizar do
computador, pode transformar o ensino tradicional em aprendizagem contínua, facilitando o
diálogo, a troca e a valorização das potencialidades e das habilidades de cada aluno. Professor
e aluno tornam-se parceiros nesta incessante busca do aprender.
B) O SOFTWARE EDUCATIVO
Os softwares educacionais vêm entrando no mercado mundial de forma muito
acelerada. Inúmeros países como Inglaterra, França e EUA, entre outros, desenvolveram
projetos de uso do microcomputador em educação e, conseqüentemente necessitaram
desenvolver produtos de software específicos para suas necessidades. O mesmo tem ocorrido
no Brasil, onde diversos projetos de pesquisa vêm sendo desenvolvidos não só relacionados
ao uso do microcomputador em sala de aula como, também, ao desenvolvimento de software
para os mais diversos conteúdos programáticos.
Os softwares devem oportunizar uma maior interação entre o aluno, o professor
e o ambiente de aprendizagem. Porém nem todos os softwares que encontramos no mercado
oferecem qualidade. Há softwares cujos resultados são bastante óbvios. São tão predefinidos
que o aluno não possui outra alternativa senão a de seguir um único caminho para atingir o
resultado esperado. Ele propõe caminhos e resultados únicos substituindo, portanto aquele
professor tradicional.
Pode-se afirmar que o sucesso de um software depende não apenas da forma
como foi concebido, mas principalmente pelo modo de utilização do professor. A escolha de
um software é associada à proposta pedagógica do professor. Parafraseando SETTE et al.
(1999, p.26), almeja-se que um software apresente as seguintes características:
12
• Explore a criatividade, a iniciativa e a interatividade, propiciando ao aluno a postura ativa
diante da máquina e do sistema;
• Desperte a curiosidade;
• Incentive o trabalho cooperativo e interdisciplinar;
• Estimule ou não a competitividade (de acordo com a linha pedagógica adotada) nas diversas
dimensões (com relação aos colegas, ao computador, a si próprio etc.);
• Estimule a reflexão, o raciocínio, a compreensão de conceitos;
• Ressalte a importância do processo em vez do resultado obtido (ganhar ou perder, certo ou
errado);
• Encoraje o alcance dos objetivos propostos, evitando-se as tentativas irrefletidas sobre o
processo e levando-se em consideração a dimensão tempo;
• Provoque mudanças desejáveis no processo ensino/aprendizagem;
• Propicie a construção do conhecimento;
• Contemple aspectos de linguagem (faixa etária, gênero, ambiente...);
• Considere aspectos socioculturais, éticos, pedagógicos etc.;
• Estimule o aluno a propor e resolver problemas.
Desta forma o uso adequado do software oportuniza o desenvolvimento e a
organização do pensamento, bem como, desperta o interesse e a curiosidade, dos alunos
aspectos fundamentais para a construção do conhecimento.
C) PROFESSOR
Muitos educadores estão preocupados com a substituição do professor pela
máquina. Isto não é real, pois antes da tecnologia vem a metodologia, a filosofia educacional
que da direção a escola, e o papel do professor é fundamental neste processo. Porém ele deixa
de ser o centro das atenções e passa a assumir a função de mediador nas atividades
desenvolvidas. O professor não deve mais ser mero transmissor de conteúdos, mas sim, um
orientador, um facilitador da aprendizagem. A escola que pretende fazer o aluno pensar,
estimular as suas capacidades, criar oportunidades de utilizar os seus talentos, respeitando os
diversos modos de aprender, não precisa mais do professor que decide o que deve ser
13
aprendido e ensinado. Precisa, sim, do professor parceiro, aprendiz, que, junto com seus
alunos, pesquisa, debate e descobre o novo.
A verdadeira função do professor não deve ser a de ensinar, mas sim a de criar
condições de aprendizagem. De acordo com FONSECA (2001, p.2):
“É preciso lembrar que os computadores são ferramentas como quaisquer
outras. Uma ferramenta, sozinha, não faz o trabalho. É preciso um
profissional, um mestre no ofício, que a manuseie, que a faça fazer o que ele
acha que é preciso fazer. É preciso, antes da escolha da ferramenta, um
desejo, uma intenção, uma opção. Havendo isto, até a mais humilde sucata
pode transformar-se em poderosa ferramenta didática. Assim como o mais
moderno dos computadores ligado à Internet. Não havendo, é este que vira
sucata”.
A formação do professor precisa ser encarada como um processo permanente.
As escolas que hoje estão formando os novos educadores necessitam ter como objetivo formar
um cidadão que esteja preparado para trabalhar no mundo atual, que seja crítico, tenha
condições de criar e principalmente, de se autodesenvolver.
D) ALUNO
O papel do aluno é utilizar o computador como uma ferramenta que contribui
para o seu desenvolvimento no momento atual e no futuro. O aluno deixa de ser passivo para
se tornar ativo no seu processo ensino aprendizagem. Ele passa a desenvolver competências e
habilidades, como ter autonomia, pensar, criar, aprender e pesquisar.
Na visão de FISCHER (2000, p. 39):
“A criança tem o computador como um grande aliado no processo de
construção do conhecimento porque quando digitam suas idéias, ou o que
lhes é ditado, não sofrem frente aos erros que cometem. Como o programa
destaca as palavras erradas, elas podem autocorrigir-se continuamente,
aprendendo a controlar suas impulsividades e vibrando em cada palavra
digitada sem erro. Neste contexto, podemos perceber que o errar não é um
problema, que não acarreta a vergonha nem a punição, pelo contrário, serve
para refletir e para encontrar a direção lógica da solução.”
Como vimos, o computador é um recurso que as crianças gostam, entretanto, é
necessário acompanhar o seu uso criticamente, para que se evitem os exageros e prejuízos à
sua formação. O computador não pode substituir as brincadeiras como: a boneca, o carrinho, o
futebol, o esconde-esconde, o faz de conta, e outras brincadeiras essenciais para uma vida
saudável.
1.1 A TECNOLOGIA E O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM
14
Nesta parte gostaria de descrever, com a brevidade necessária a um artigo,
algumas experiências em que as tecnologias informáticas foram usadas para desenvolver
ambientes de aprendizagem que considero inovadores. Mas antes quero referir os resultados
mais conclusivos da investigação no domínio da tecnologia educativa e o que hoje em dia se
considera ser as características de uma aprendizagem efetiva.
1.1.1RESULTADOS DA INVESTIGAÇÃO
De acordo com os autores VYGOTSY, L (1989), PIAGET (1972,), FONSECA
(2001), a investigação tem demonstrado que a estratégia de acrescentar a tecnologia às
atividades já existentes na escola e nas salas de aula, sem nada alterar nas práticas habituais de
ensinar, não produz bons resultados na aprendizagem dos estudantes. Esta tem sido, contudo,
uma das estratégias mais usadas.
E compreende-se por que. Existem várias razões. Enunciarei as duas que
considero mais importantes.
A primeira prende-se com a falta proficiência que a maioria dos professores
manifesta no uso das tecnologias, mormente as computacionais.
Vários estudos, entre eles, do autor ALVES, (1982:43) têm revelado que a
maioria dos professores considera que os dois principais obstáculos ao uso das tecnologias
nas práticas pedagógicas são a falta de recursos e de formação.
A segunda razão, segundo os autores ALVES (1982:43), BEARD (1991:102) e
OLIVEIRA (1996:76), prende-se com o fato da integração inovadora das tecnologias
exigirem um esforço de reflexão e de modificação de concepções e práticas de ensino, que
grande parte dos professores não está disponível para fazer.
Alterar estes aspectos não é tarefa fácil, pois é necessário esforço, persistência
e empenhamento.
O problema reside em que alguns professores têm uma concepção romântica
sobre os processos que determinam a aprendizagem e a construção de conhecimento e
concomitantemente do uso das tecnologias no ato de ensinar e aprender.
15
Pensam que é suficiente colocar os computadores com algum software ligados
à Internet nas salas de aula que os alunos vão aprender e as práticas se vão alterar. Sabemos
que não é assim.
Como já referi, os resultados mais conclusivos do imenso esforço de
investigação que acompanhou a introdução em grande escala das tecnologias computacionais
no ensino (sobretudo a partir dos anos 80) mostram que acrescentar estes recursos às
atividades já existentes nas escolas não produz efeitos positivos visíveis na aprendizagem dos
alunos, na dinâmica da classe e no empenhamento do professor VYGOTSY (1989:123).
Existem autores, como BEARD (1991:102) e OLIVEIRA (1996:76) que
consideram que os Mediam Educativos por si só nunca influenciarão o desempenho dos
estudantes. Os efeitos positivos só se verificam quando os professores acreditam e se
empenham de “corpo e alma” na sua aprendizagem e domínio e desenvolvem atividades
desafiadoras e criativas, que explorem ao máximo as possibilidades oferecidas pelas
tecnologias.
E para isto, segundo BEARD (1991:102) é necessário que
“os professores as usem com os alunos: a) como novos formalismos para
tratar e representar a informação; b) para apoiar os alunos a construir
conhecimento significativo; c) para desenvolver projetos, integrando (e não
acrescentando) criativamente as novas tecnologias no currículo.”
Analisemos brevemente cada um destes aspectos.
Considerar que os professores deveria usar as ferramentas informáticas como
novos formalismos para tratar e representar a informação implica primeiro perceber que a
linguagem escrita, o sistema decimal e as operações aritméticas elementares, a lógica das
classes e das relações (sistemas de classificação), os gráficos… são Sistemas Convencionais
de Representação e Tratamento da Informação, residindo aí todo o seu poder comunicacional
e de tratamento dos conhecimentos (VYGOTSY, L (1989), PIAGET (1972) e FONSECA
(2001).
Estes sistemas, no mundo alfabetizado e pós industrializado em que vivemos,
devem ser aprendidos e dominados com alguma perícia até ao final do 1º Ciclo, quando as
crianças têm entre 9 e 10 anos, continuando a sua aprendizagem até muito mais tarde, para
adquirirem uma certa mestria.
Aspecto interessante é que a aprendizagem destes sistemas modifica de forma
radical o modo como as crianças percepcionam o mundo e a si próprias (estamos a referir-nos
16
principalmente à autoconsciência), quer dizer, interferem no seu percurso natural de
desenvolvimento VYGOTSY (1989:123), amplificando-o FONSECA, (2001).
O desenvolvimento cognitivo segue um padrão que se caracteriza precisamente
pelo progressivo domínio das representações simbólicas (onde a linguagem e a escrita são
determinantes), do tratamento das relações (gerando sistemas de categorias, classes e suas
relações) e do tratamento das dimensões (número, aritmética e mais tarde a álgebra).
Parece existir uma sintonia entre o desenvolvimento das funções psicológica
superiores VYGOTSY (1989:123) e os sistemas convencionais de tratamento e representação
da informação.
O que acontece é que os sistemas informáticos, considerados como novos
formalismos para tratar e representar a informação, ancorados nos sistemas convencionais,
vão modificar o modo como as crianças estão habituadas a aprender e também amplificar o
seu desenvolvimento cognitivo.
Alguns exemplos: os processadores de texto alteram o modo como as crianças
estavam habituadas a escrever; estas precisam não só de aprender as convenções e
procedimentos da escrita no papel como os procedimentos e funções de um editor de texto.
O mesmo se poderá dizer face aos programas de desenho, de gráficos, de bases
de dados. Alteram o modo de conceber o desenho, de pensar um gráfico, de classificar as
coisas, pois assentam em formalismos diferentes dos tradicionais. Exigem novas
aprendizagens e aumentam as antigas.
O que acontece na maioria das escolas é que os professores pensam que estas
aprendizagens se fazem por transferência analógica, não necessitando de uma aprendizagem
mais estruturada e formal, o que tem levado a alguns dissabores.
Mas se o professor dominar estas novas ferramentas poderá apoiar os alunos a
explorar as potencialidades destes novos sistemas de tratamento e representação da
informação. A escrita pode exprimir- se de um modo mais flexível e plástico quando se usa
um processador de texto.
Fazer e transformar gráficos podem ser uma atividade compensadora.
E o que dizer da construção de bases de dados sobre quase todos os tópicos que
se possam imaginar? As mudanças nos modos de aprender e de organizar cognitivamente a
informação não serão visíveis de imediato, pois todos os processos de mudança mental são
17
lentos, levam gerações. Mas a aprendizagem de certos sistemas simbólicos e seus
formalismos interfere, quer dizer, deixa “marca” na organização mental e mesmo cerebral,
como teorizaram VYGOTSKY (1989) e as investigações no domínio das neurociências estão
a comprovar ALVES, (1982:43).
Com estes novos sistemas de tratamento e representação da informação e de
comunicação, os professores podem desenvolver com os alunos atividades que favoreçam a
aquisição de conhecimentos disciplinares significativos. Para que isto aconteça é necessário
ter em consideração que a aprendizagem é um processo (re) construtivo, cumulativo, auto-
regulado, intencional e também situado e colaborativo.
A aprendizagem é um processo re (construtivo), o que significa que os alunos
constroem os novos conhecimentos com base nas estruturas e representações já adquiridas
sobre os fenômenos em estudo e que devem estar cognitiva e afetivamente envolvidos no
processamento da nova informação. Uma aprendizagem efetiva deve exigir esforço e manter
os alunos empenhados na realização das tarefas.
Para isso, deve ser feita com um nível ótimo de incerteza VYGOTSY
(1989:123) quer dizer, não deve evitar a crise do pensamento. (PIAGET, 1972:54).
Os professores devem ter o cuidado de não impor a sua estrutura e estilo de
pensamento aos alunos, mas antes criar situações, problemas, exercícios e projetos que
conduzam os alunos para níveis superiores de conhecimento.
Uma aprendizagem cumulativa implica que os novos conhecimentos são
adquiridos com base nas aprendizagens realizadas anteriormente. (PIAGET, 1972:60).
Todas as disciplinas exigem este saber prévio.
Há, contudo, algumas que são mais cumulativas do que outras. É o caso da
matemática e também, em certa medida, da física. Nesta o principal problema parece advir da
dificuldade em modificar as concepções que os alunos desenvolveram para explicar diferentes
fenômenos, antes de iniciar o seu estudo científico. Estes conceitos espontâneos estão muitas
vezes em contradição com os aceites pela comunidade científica e, na maioria das vezes,
dificultam mais do que facilitam a aprendizagem posterior. (OLIVEIRA,1996:76).
A aprendizagem ser auto-regulada significa que os professores devem apoiar
os alunos a desenvolver estratégias de aprendizagem de modo a adquirirem hábitos de estudo
18
e de trabalho intelectual, e ainda padrões de correção do seu próprio trabalho, de modo a
progressivamente se irem autonomizando da tutela do professor. (VYGOTSY, 1989).
A aprendizagem ser orientada para determinados objetivos implica que o
conhecimento, por parte dos alunos, das finalidades ou metas a atingir em cada situação de
aprendizagem, facilita o processo de construção de conhecimento, pois imprime-lhe uma
intencionalidade e direção. (SETTE, 2001).
Tem ainda a vantagem de motivar os alunos para alcançar os objetivos
enunciados, garantindo uma maior capacidade de vencer os obstáculos que se encontram em
qualquer processo de aprendizagem. (ALVES, 1982:43).
Existe hoje uma tendência para considerar que uma aprendizagem efetiva deve
ainda ser situada e colaborativa. Enquanto as características anteriores não me levantam
dúvidas, estas duas não estão ainda inteiramente comprovadas pelos resultados da
investigação. Contudo, são características importantes da aprendizagem, sobretudo dos
ambientes informatizados que atualmente se podem modelar com recurso aos computadores e
à Internet.
A aprendizagem ser situada significa que o seu sentido advém do contexto
onde foi realizada. São os contextos que facilitam ou, pelo contrário, dificultam a aplicação
dos conhecimentos. As pessoas aprendem não só com o que lhes é diretamente ensinado, mas
também, desenvolvem ainda padrões de participação em comunidades de prática,
apropriando-se progressivamente do discurso, dos saberes e do discurso próprio de cada
comunidade, dos seus recursos e até identidades VYGOTSY, PIAGET, FONSECA, entre
outros).
Ora, a criação de comunidades de prática e de comunidades de aprendizagem
está hoje facilitada pelo recurso à Internet.
Dizer que a aprendizagem é colaborativa significa que esta se faz em contextos
de práticas sociais que implicam a colaboração entre iguais e destes com os adultos que, em
princípio, se tornam os tutores que modelam progressivamente determinados conhecimentos e
atitudes. A aprendizagem é aqui considerada, sobretudo um processo de interação social que
deveria ser promovido pelos professores. Por exemplo, o desenvolvimento das estruturas
cognitivas, sobretudo do pensamento formal, depende, em grande medida, da descentrarão
cognitiva, i.e., de se ser capaz de cooperar com os outros, quer dizer, realizar operações em
comum, ouvindo os argumentos e contra-argumentando. (ALVES, (1982:43), BEARD
19
(1991:102), OLIVEIRA (1996:76), PIAGET (1972:54), PIAGET (1972:60), VYGOTSY
(1989:123)
A Internet pode facilitar esta aprendizagem colaborativa, se o professor criar
projetos onde alunos (e outros adultos) possam realizar atividades, resolver problemas em
cooperação e participar em tarefas comuns. Mas nem todas as aprendizagens se fazem de
modo colaborativo e nem todos os estudantes gostam e aprendem nestes ambientes. Cerca de
vinte por cento dos estudantes universitários preferem trabalhar e aprender sozinhos.
(BEARD (1991:102) e OLIVEIRA (1996:76).
Como vemos não é suficiente introduzir os computadores e a Internet nas
escolas para se começarem a obter resultados positivos na aprendizagem dos alunos. É ainda
necessário refletir sobre o que a torna efetiva e modificar a organização dos espaços e das
atividades curriculares de modo a que estas novas ferramentas possam apoiar a aquisição de
conhecimento disciplinar significativo. Embora a aprendizagem dos alunos seja a variável que
considero mais importante quando se introduzem as tecnologias no ensino, outras existem que
não devemos menosprezar.
Por exemplo, o contributo que o uso das tecnologias nas práticas educativas
dos professores pode dar para uma maior literacia tecnológica de estudantes e docentes, a
motivação que geram, as redes de relações que criam, etc. Tudo aspectos que me parecem
muito importantes quando as tecnologias são integradas e não só acrescentadas às atividades
curriculares.
20
2. EXPERIÊNCIAS EM ANÁLISE
As quatro experiências que vou referir permitem ilustrar o que acabei de dizer.
Por falta de espaço, apenas descreverei uma e de um modo muito sumário.
Os leitores interessados podem consultar as obras que estão referenciadas na
bibliografia. Uma foi desenvolvida pela autora no âmbito da investigação conducente ao grau
de doutoramento e designa-se “Concepção de um ambiente de aprendizagem. Logo em meio
escolar: efeitos na cognição e nos conhecimentos geométricos de crianças de 9-10 anos.”
Duas foram realizadas por estudantes do mestrado em Ciências da Educação,
área de especialização em Tecnologias Educativas. Uma tem como título “Comunidade
Virtual de Aprendizagem de Matemática: uma experiência com alunos do 10º ano de
escolaridade” OLIVEIRA (1996:76), e a outra se intitula Integrar a teoria e a prática através
de um fórum de discussão: um estudo de investigação-ação aplicado à enfermagem da
criança e do adolescente. OLIVEIRA (1996:76)
A última das experiências referidas foi desenvolvida no contexto da preparação
da monografia de licenciatura e designa-se de Projeto Prom@tic ALVES, (1982:43).
Foi publicado um artigo que descreve esta experiência BEARD (1991:102) e
que se encontra disponível on-line em: http://www.leeds.
ac.uk/educol/documents/00002194.htm.
Baseando-se nos modelos apresentados, trouxemos para nossa realidade
partindo de um questionário de pesquisa com alguns professores (as) do 3º Ciclo com o
intuito de compreendermos a visão que eles (as) possuem ao uso das tecnologias como
ferramenta educacional.
1.1 COMUNIDADE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA
Esta experiência foi desenvolvida durante o ano letivo de 2004/2005, com uma
turma do 10º ano de escolaridade, por Ricardo Inácio, na altura estudante do mestrado em
tecnologias educativas. A experiência tem tido continuidade.
O principal objetivo foi conceber desenvolver e avaliar um ambiente virtual de
aprendizagem de matemática (ava). visou ainda estudar os fatores que influenciam positiva e
negativamente o desenvolvimento de uma comunidade virtual de aprendizagem (cva) em
meio escolar, funcionando como complemento e não como substituto das aulas presenciais.
A análise dos efeitos deste ambiente nos resultados escolares e nas abordagens
à aprendizagem dos estudantes foi outro dos objetivos. O ambiente virtual de aprendizagem
(ava) baseou-se na www e funcionou como um meio de apoio à aprendizagem dos alunos nos
três temas que compõem o programa da disciplina de matemática: geometria no plano e no
espaço I, funções I e estatística. a construção deste ambiente virtual, como o autor refere,
“caracterizou-se como sendo um processo lento, de caráter evolutivo e faseado.” (BEARD,
1991:102).
A concepção e construção da página demorou nove meses e passou por várias
fases. refiro apenas as mais importantes: (a) elaboração de um guião tipo cinematográfico
(storyboards), que constou da realização de desenhos e tabelas, com referência às cores,
fontes, textos, barras de navegação, disposição de conteúdos e ferramentas de comunicação;
(b) desenvolvimento da página, conciliando diversas linguagens de programação; (c)validação
da ava, feita por especialistas, quer do ponto de vista técnico quer do conteúdo matemático;
(d) apresentação da ava aos estudantes, explicando como iria funcionar e quais os seus
objetivos.
Os conteúdos desta ava são muitos e variados, mas, do meu ponto de vista, o
mais interessante é a conjugação dos diversos conteúdos e atividades matemáticas, com
atividades de comunicação síncrona e assíncrona e ainda atividades sociais.
As ferramentas disponibilizadas foram usadas pelos estudantes, uns mais do
que outras, havendo ainda estudantes mais participativos e outros menos, como é habitual em
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qualquer ambiente, seja ele presencial ou virtual. o papel do professor na dinamização deste
ambiente foi determinante, não só no que se refere ao processo de ensino e aprendizagem,
mas ainda na construção de uma verdadeira comunidade virtual de aprendizagem de
matemática. transformar um ambiente numa comunidade virtual não é tarefa fácil, pois esta se
caracteriza por ser um grupo de pessoas que partilham conhecimentos, interesses e objetivos
num domínio específico, podendo desenvolver laços de amizade através do ciberespaço,
(OLIVEIRA,1996:76).
As ava’s têm também durabilidades diversas, dependendo de vários fatores.
contudo, o papel do dinamizado é fundamental para que o “tempo de vida” de uma ava seja
mais longo. a que estamos a descrever durou um ano letivo, embora o professor continue a
experiência com a nova turma do 10º ano.
Os resultados mais salientes deste estudo são: (1) perceber que é possível
conceber, desenvolver e utilizar comunidades virtuais de aprendizagem no ensino secundário,
ao serviço dos alunos e da inovação dos métodos de ensino, sobretudo numa disciplina que
muitos consideram difícil e onde existe muito insucesso; (2) análise dos fatores facilitadores e
inibidores da construção de uma cva, contribuindo para a compreensão da vida destas
comunidades; (3) maior interesse de grande parte dos alunos pela disciplina, embora os que
mais usaram e aproveitaram este ambiente tenham sido os estudantes que já à partida estavam
predispostos para estudar e valorizavam mais o desempenho acadêmico; (4) existência de uma
correlação positiva e significativa entre a freqüência da ava e as classificações dos alunos
(r=0,715; p<.05); (5) os estudantes com uma abordagem profunda à aprendizagem antes da
experiência (pré-teste) passaram a usar com mais freqüência estratégias típicas desta
abordagem, tendo a diferença entre o pré e o pós teste sido significativa (p<.5); já os
estudantes com uma abordagem superficial não alteraram significativamente as suas
estratégias de aprendizagem do pré para o pós-teste (p>.05). embora a ava tenha contribuído
para que a maior parte dos estudantes se tenha interessado mais pela disciplina de matemática,
os resultados sumariamente descritos parecem querer dizer que, neste como noutros domínios,
são os estudantes mais motivados, empenhados e que mais valorizam a aprendizagem e o
sucesso acadêmico os que mais proveito tiram dos meios e recursos postos à sua disposição.
os que têm mais dificuldades, desmotivados e que não valorizam tanto o desempenho
acadêmico usam pouco os recursos que lhes são disponibilizados. esta tendência foi designada
por BEARD (1991:102).
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Para estes alunos devem ser concebidos ambientes mais estruturados e
direcionados para superar as dificuldades apresentadas. ora este não era o objetivo principal
da experiência descrita.
Como referi anteriormente, penso que a introdução e uso das tecnologias da
informação e comunicação no ensino não devem ser só avaliados tendo como referência os
efeitos que têm sobre a aprendizagem e os resultados acadêmicos dos alunos. esta é uma entre
muitas variáveis a ter em conta, embora considere ser a mais importante. outras que também
me parecem relevantes são: o contributo para uma maior literária tecnológica de docentes e
alunos; um maior interesse dos estudantes pelas disciplinas que usam recursos tecnológicos de
um modo inovador e criativo; uma modificação dos métodos e estratégias de ensino dos
professores, dando-lhes uma sensação positiva de domínio das tecnologias que são
valorizadas na sociedade numa dada época e por conseqüência um maior sentido de pertença
a essa mesma sociedade.
Iniciamos então, subsidiados por estes estudos, o primeiro momento com os
professores (as) que foi buscar curso de formação para manusear, conhecer e posteriormente,
utilizar os instrumentos tecnológicos como recursos didáticos nas práticas de sala de aula.
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RESULTADOS ALCANÇADOS PELAS PROFESSORAS PESQUISADAS
De acordo com as professoras pesquisadas, o software livre está centro do
debate sobre o controle e o uso da informação no momento que esta última passa a ser um
bem fundamental para a garantia e conquista de direitos. A defesa do caráter público da
informação e a busca por construção de conhecimentos coletivos em rede colocam os
princípios do software no centro do debate da construção de políticas públicas que tenham a
desigualdade digital como alvo de enfrentamento.
No interior desse processo, a educação da escola Gonçalo Botelho torna-se um
ator fundamental para a diminuição dessa desigualdade, pois ela pode não apenas garantir o
acesso a computadores e internet a uma grande parcela da população brasileira, mas propiciar
uma apropriação crítica das novas tecnologias. Isso significa tratar a tecnologia não como
algo exterior aos sujeitos que dela se utilizam, mas como parte de um esforço de construção
de ferramentas úteis ás mais diversas atividades.
As soluções proprietárias vigentes no interior de uma lógica capitalista que
qualifica a informação como produtos reafirmam a desigualdade tecnológica o que tem se
somado à lógica da desigualdade social.
A informação se reifica apenas como mercadoria. Ao se tornar mercadoria a
informação é vivenciada como uma coisa não identificada como produto de qualidades
humanas. Os sujeitos a vivenciam como algo misterioso da qual não fazem parte. Ainda que o
software livre também esteja dentro da lógica do mercado, a abertura de seu do código fonte
possibilita uma relação mais ativa com as novas tecnologias para quem dela se utiliza acordo
com seus interesses.
Desse modo, uma educação tecnológica, pois é isso que as professoras
pesquisadas, propõem como alternativa torna os princípios e as utilizações de software livres
imprescindíveis para a diminuição da desigualdade digital.
O fetichismo da mercadoria é um fenômeno característico da sociedade
capitalista, uma forma que penetra em todas as esferas da vida e influencia diretamente as
relações entre os homens.
O que é específico deste processo é o predomínio da coisa, do objeto sobre o
sujeito; é a inversão entre a verdade do processo pelo que ele aparenta ser em sua forma
imediata. (BEARD, 1991:102). A racionalidade produtiva do capitalismo avançado promove
a eliminação das propriedades qualitativas dos homens e destrói a mediação entre o
trabalhador e produto de seu próprio trabalho. (BEARD, 1991:102).
A análise das entrevistas realizadas revelou que adoção do software livre pela
Secretaria de Estado de Educação teve como motivadores, os custos econômicos dessa
tecnologia e a identificação com os princípios do software livre como mais adequados á
educação. Em níveis superiores da hierarquia institucional pode-se perceber um grande
esforço para que os programas de código aberto fossem implementados e ajustados aos
interesses pedagógicos, pelo menos num primeiro momento. Outro ponto a ser destacado foi a
significativa presença do e-Proinfo no que se referiu a criar alternativas iniciais para o
desenho e montagem de laboratórios funcionando como catalisador e disseminador de
experiência importantes, como a do TICs (Aprendendo e Ensinando com as Tecnologias de
Informação e Comunicação).
No cotidiano dos professores, diferentes desigualdades técnicas na execução do
projeto como problemas com conectividade, exigência de burocratização excessiva para a
prestação de assistência técnica às escolas, dificuldades com a execução das Libertas
principalmente quanto a incompatibilidade com alguns aplicativos foram relacionadas como
características do software livre. Podemos apontar que um debate mais intensivo no tocante
aos programas de código aberto e uma formação técnica mais apropriada ao professores
poderiam construir uma relação mais ativa e positiva quanto ao uso desses softwares.
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CONCLUSÃO
Do ponto de vista metodológico, o educador precisa aprender a equilibrar
processos de organização e de “provocação” na sala de aula. Uma das dimensões
fundamentais do ato de educar é ajudar a encontrar uma lógica dentro do caos de
informações que temos organizá-las numa síntese coerente, mesmo que momentânea,
compreendê-las. Compreender é organizar, sistematizar, comparar, avaliar, contextualizar.
Uma segunda dimensão pedagógica procura questionar essa compreensão, criar uma tensão
para superá-la, para modificá-la, para avançar para novas sínteses, outros momentos e formas
de compreensão. Para isso, o professor precisa questionar, criar tensões produtivas e provocar
o nível da compreensão existente.
No planejamento didático, predomina uma organização fechada e rígida
quando o professor trabalha com esquemas, aulas expositivas, apostilas, avaliação tradicional.
O professor que “dá tudo mastigado” para o aluno, de um lado, facilita a compreensão; mas,
por outro, transfere para o aluno, como um pacote pronto, o conhecimento de mundo que ele
tem.
Predomina a organização aberta e flexível no planejamento didático, quando o
professor trabalha a partir de experiências, projetos, novos olhares de terceiros: artistas,
escritores... etc. Em qualquer área de conhecimento, podemos transitar entre uma organização
inadequada da aprendizagem e a busca de novos desafios, sínteses. Há atividades que
facilitam a má organização, e outras, a superação dos métodos conservadores. O relato de
experiências diferentes das do grupo ou, uma entrevista polêmica podem desencadear novas
questões, expectativas, desejos. E há também relatos de experiências ou entrevistas que
servem para confirmar nossas idéias, nossas sínteses, para reforçar o que já conhecemos.
Precisamos saber escolher aquilo que melhor atende ao aluno e o traz para uma
contemporaneidade.
Há professores que privilegia a organização questionadora, o questionamento,
a superação de modelos e não chegam às sínteses, nem mesmo parciais provisórias. Vive no
incessante fervilhar de provocações, questionamentos, novos olhares. Nem o sistematiza dor
nem o questionador podem prevalecer no conjunto. É importante equilibrar organização e
inovação; sistematização e superação.
O uso efetivo da tecnologia nas escolas, nomeadamente nas salas de aula e no
desenvolvimento de ambientes virtuais de aprendizagem, é ainda um privilégio de alguns
docentes e alunos. As variáveis que parecem ter mais influência neste processo são múltiplas,
como vimos, mas penso que umas sólidas formações técnicas e pedagógicas dos professores
bem como o seu empenho pessoal são determinantes.
Percebe-se através da pesquisa realizada que a maior problemática é mesmo a
falta de experiência e conhecimento com o uso dos recursos tecnológico, daí, então pensamos
em buscar um curso de formação continuada a fim de contribuir para a prática dessa
atividade.
Hoje, grande parte, ou todos os professores (as) estão se capacitando para que
no decorrer deste ano possam levar este recurso atraente para sua prática pedagógica, com
segurança e eficácia.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, Rubem. Sobre o poder e o saber. O Estado de São Paulo, São Paulo, 17 jan. 1982.
BEARD, Ruth M. Como a criança pensa. 9. ed. São Paulo: Iberas, 1991.
FISCHER, J,. O computador e a aprendizagem. Disponível em: www.aescola.com. Acesso
em 13 dez. 2000.
FONSECA, Lúcio. Tecnologia na escola. 2001. In:
http://www.aescola.com.br/aescola/seções/20tecnologia/2001/04/0002. Acesso em: 05 jun.
2001.
OLIVEIRA, V. B.. Informática em psicopedagogia. São Paulo: SENAC, 1996.
OLIVEIRA, V. B. & FISCHER, M. C. A microinformática como instrumento de
construção simbólica. In: OLIVEIRA, V. B.. Informática em psicopedagogia. São Paulo:
SENAC, 1996.
PIAGET, Jean. A epistemologia genética. Rio de Janeiro: Vozes, 1972.
SETTE, S. S.; AGUIAR, M. A.; SETTE, J. S. A. Formação de professores em informática na
educação: um caminho para mudanças. Brasília: Ministério da Educação, 1999. (Coleção
informática para a mudança na educação).
SETTE, S. S. et al. Formação de professores em informática na educação. In:
http://www.proinfo.gov.br. Acesso em: 08 jun. 2001.
VYGOTSY, L. et al., Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
ANEXOS
QUESTIONÁRIO SOBRE A TECNOLOGIA EDUCACIONAL COMO FERRAMENTA
DE TRABALHO NAS SÉRIES DO 7º,8º E 9º ANO DO CICLO
1ª) QUAL SERIA A CAUSA DA RESISTENCIA DOS PROFESSORES AO USO DA
TECNOLOGIA DE COMUNICAÇÃO E INFORMAÇÃO COMO ISNTRUMENTO DE
TRABALHO?(WORD,POWER POINT,INTERNET ENTRE OUTROS).
2ª) COMO SE PODE ( A ESCOLA OU A GESTÃO) MOTIVAR OS PROFESSORES A
UTILIZAREM A TECNOLOGIA (COMPUTADOR) COMO INSTRUMENTO DE
TRABALHO?
RESPOSTAS DOS PROFESSORES CONSELHEIROS DAS TURMAS:
Profª. Ione Rodrigues Conselheira das 7ª série
1ª) Pergunta: “Falta de oferta da Instituição de ensino ao meio tecnológico, vejo como a
maior dificuldade dos professores ao uso.”
2ª) Pergunta: “ Buscando para a escola, profissionais capacitados para a Capacitação de
professores.Hoje vivemos no mundo da tecnologia, se não adaptarmos à este mundo,
ficaremos defasados, para trás.”
Profª Roseni Conselheira das 7ª série
1ª) Pergunta: “ A resistência de alguns professores se dá por vários motivos:
- Acham que essa tecnologia é um bicho de sete- cabeça e que a cada momento ela
passa por mudanças.
- É uma ferramenta de difícil manuseio (um mundo desconhecido).
- Muitos sente dificuldade, até então porque não tiveram essa disciplina na sua base
de formação.
- Nesse ensino aprendizado não existe meio termo ou você acerta ou você erra.Devem
ter como meta que é com os erros que se chegam a perfeição.
- Muitos professores não tem tempo, lecionam os 2 períodos chegando alguns até 3
períodos, porque exige tempo e dedicação pois a base dessa aprendizagem é a prática.
- A maioria dos professores não tem o computador em casa.
-As Tarifas de manutenção são altas.
-Os Computadores que existem nas escolas não são exclusivo acesso dos professores e
alunos.As vezes não tem todos os acessórios, o necessário para realizarem um trabalho
completo.”
2ª) Pergunta: “ As escolas devem fazer projetos e encaminhar aos Órgãos
competentes, solicitando mais professores especializados nesta área.
-Ampliar o números de salas e computadores.
-Abrir linha de crédito e desconto para professores.
-A Escola ser facilitador desse meio de aquisição desta importantíssima
ferramenta.Professores com taxas mínimas de manutenção. (provedores).
-Os Cursos dados (oferecidos) sejam de maior hora/aula.
-O professor que se empenhar receberá porcentagem em cima do seu salário.
-Cada escola deveriam ter em seu currículo (planejamento) (PPP) uma hora
todos os dias para que os professores pudessem ter acesso e sanar as dúvidas.
-Todas as escolas tivessem todos os acessórios para que o ensino fosse
completo.Aparelhos modernos ,com isso os professores se sentiram motivados e
participaram.
Profª Maria Sebastiana de Campos Neta Conselheira
1ª) Pergunta: “Insegurança à aquilo que ainda parece novo na escola, oferta de espaço
adequado e organizado no laboratório; para uso exclusivo; equipamentos em estado
precário.”
2ª) Pergunta: “Na verdade seria uma questão de a maioria dos professores terminarem
a formação continuada e as escola ou os gestores organizarem o espaço exclusivo para
esse trabalho ser organizado.Muitos professores já orientam os alunos para pesquisas
só que os trabalhos estão sendo realizados fora do âmbito escolar (laboratório de
informática).Quando os alunos procuram o laboratório da escola o mesmo ou está
fechado ou com problema, ou a sala está sendo usada para outros fins.”
Profª Nadja Aparecida Gomes
1ª)Pergunta: “Por não saber usar, preguiça,desinteresse.”
2ª )Pergunta: “Investir em treinamento capacitando os professores para que saibam
usar a tecnologia.”