Post on 23-Nov-2018
ASSOCIAÇÃO JUINENSE DE ENSINO SUPERIOR DO VALE DO JURUENA
AJES
INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA – ISE
CURSO: PSICOPEDAGOGIA COM ÊNFASE EM EDUCAÇÃO INFANTIL
8,5
A IMPORTÂNCIA DAS ATIVIDADES LÚDICAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Ana Maria Guizolfi
Orientador: Ilso Fernandes do Carmo
ALTA FLORESTA/2009
ASSOCIAÇÃO JUINENSE DE ENSINO SUPERIOR DO VALE DO JURUENA
AJES
INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA – ISE
CURSO: PSICOPEDAGOGIA COM ÊNFASE EM EDUCAÇÃO INFANTIL
A IMPORTÂNCIA DAS ATIVIDADES LÚDICAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Ana Maria Guizolfi
Orientador: Ilso Fernandes do Carmo
“Trabalho apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Especialização em Psicopedagogia com Ênfase em Educação Infantil”.
ALTA FLORESTA/2009
ASSOCIAÇÃO JUINENSE DE ENSINO SUPERIOR DO VALE DO JURUENA
AJES
INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA – ISE
CURSO: PSICOPEDAGOGIA COM ÊNFASE EM EDUCAÇÃO INFANTIL
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________________
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____________________________________________________
ORIENTADOR
Prof. Ilso Fernandes do Carmo
AGRADECIMENTO
A Deus por sempre estar comigo nas horas
difíceis. A minha Família por compreender
os momentos de ausências e apoiar-me para
minhas conquistas.
DEDICATÓRIA
A meu Irmão que me proporcionou
financeiramente a possibilidade de fazer
essa especialização e dar continuidade a
realização dos meus sonhos.
RESUMO
Este trabalho de pesquisa surgiu pela necessidade que os alunos da
educação infantil sente, por passar dez hora e meia na modalidade creche e quatro
horas enquanto educação infantil, pensando nas crianças da creche, que passa a
maior parte do dia na escola, que não apenas cuida, mas sim transmite de maneiras
sucintas o conhecimento necessários para cada idade.
Este trabalho monográfico, é através de pesquisas bibliográficas, onde
busco vários autores que tratam da educação infantil, e a importância dos
brinquedos e brincadeiras para as crianças, como Piaget, Vygotsky, Kishimoto entre
outros.
O presente trabalho pretende conscientizar os pais e profissionais da
Educação Infantil, quanto a importância de se resgatar os jogos e as brincadeiras
tradicionais de nossa cultura, uma vez que os aspectos lúdicos possam contribuir
para o desenvolvimento da criança. Por isso, vale ressaltar que o lúdico se trata de
um estímulo de diversos campos do ser humano: cognitivo, afetivo, físico, motor e
social.
Deste modo, conhecendo a riqueza das atividades lúdicas, esta
monografia apresenta-se como uma opção ao trabalho dos educadores que optarem
por tal recurso. Usando brinquedos, brincadeiras como formas privilegiadas de
desenvolvimento e apropriação do conhecimento pela criança, sendo, instrumento
indispensável da prática pedagógica e componentes relevantes de propostas
curriculares, tratando de forma divertida, espontânea e relaxante.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...........................................................................................................08
1 Etapas do desenvolvimento Infantil........................................................................11
1.1 Desenvolvimento Motor.................................................................................12
1.2 Desenvolvimento Cognitivo.......................................................................... 13
1.3 Desenvolvimento Emocional....................................................................... 14
1.4 Desenvolvimento psicossocial..................................................................... 16
2 O Desenvolvimento da imaginação infantil.............................................................18
3 A Função da Brincadeira no Desenvolvimento Infantil.......................................... 21
4 A Brincadeira no Aprendizado da Educação Infantil ............................................ 24
5 A Importância do Brincar na Educação Infantil ..................................................... 27
5.1 A Brincadeira do Faz-de-conta na Educação Infantil.................................. 28
5.2 O Papel do Brincar e os Brinquedos na Educação Infantil.......................... 30
6 A importância do Jogo na Educação Infantil......................................................... 32
6.1 Jogo, Brinquedo e Brincadeiras infantis...................................................... 34
6.2 Os Jogos a Aprendizagem na Pré-Escola................................................... 36
7 O Lúdico na Sala de Aula..................................................................................... 39
Considerações finais............................................................................................. 42
BIBLIOGRAFIA........................................................................................................ 44
INTRODUÇÃO
O universo infantil está presente em cada um de nós. As experiências
na infância deixam profundas marcas em nossa vida, mesmo que não tenham
consciência disso. Contudo, trazemos os traços de nossas vivências em gestos,
costumes e na forma que utilizamos as linguagens.
A brincadeira tem sido apontada como espaço privilegiado no
desenvolvimento da criança. Deste modo, considera-se que deva ocupar lugar de
destaque na educação infantil. Acredita-se que brincar seja tão importante para a
criança quanto trabalhar é para o adulto. Isso se justifica quando encontramos muita
afinidade da criança em brincar. É brincando que a criança imita gestos e atitudes
dos que convivem em seu meio social, descobre o mundo, vivencia leis, estipulam
regras e experimenta sensações.
Porém, não se deve confundir a brincadeira com uma mera cópia ou
reprodução da realidade, uma vez que a criança não é uma sombra em miniatura de
adulto. Nos jogos, ao trazer á tona as regras e os valores apropriados através da
interação social, transforma-os, graças à imaginação. A tensão entre o desejo da
criança e a realidade objetiva é o que dá origem ao lúdico, ocasionado pela
imaginação. Assim, pode-se afirmar que a atividade lúdica, por abrir espaço ao jogo
da linguagem com a imaginação, configura-se como possibilidade da criança forjar
novas formas de conhecer a realidade e a cultura em que vive, além de servir como
base para a construção de conhecimento e valores. Por isso, VYGOTSKY (1991),
não hesitou em eleger a brincadeira enquanto uma “Zona de Desenvolvimento
Proximal”, onde a criança supera a sua própria condição no presente, agindo como
se fosse maior. Portanto, isso permite afirmar que o brincar se constitui como uma
importante fonte de desenvolvimento e aprendizagem, que promove transformações
ao nível do psiquismo.
Acredita-se, também que, brincar é mais que uma atividade lúdica, é
um modo para obter informações, respostas que contribuem para que a criança
adquira uma certa flexibilidade, vontade de experimentar, buscar novos caminhos,
conviver com o diferente, ter confiança, raciocinar, descobrir, persistir e preservar;
aprender e perder, percebendo que haverá novas oportunidades para ganhar, pois,
ao brincar a criança adquire hábitos e atitudes importantes para o seu convívio
social e ao seu crescimento intelectual. Também aprender a ser persistente, uma
vez que perceber que não precisa desanimar ou desistir diante da primeira
dificuldade. A brincadeira é uma forma privilegiada de aprendizagem. Na medida em
que vão crescendo, as crianças trazem para suas brincadeiras o que vêem,
escutam, observam e experimentam.
Para dar sustentação teórica a esta pesquisa, buscando autores que
também acreditam na importância do lúdico enquanto recursos pedagógicos na
educação infantil. Os autores que mais contribuíram com o trabalho foram:
Kishimoto (1997) por acreditar que o jogo é importante para o desenvolvimento
infantil, porque propicia a descontração, aquisição de regras, à expressão do
imaginário e apropriação do conhecimento. PIAGET (1971), HUINZINGA (1996),
FRIEDMAN (1996), VYGOTSKY (1991), dentre outros; que também acreditam que a
atividade lúdica seja importante para o desenvolvimento na educação infantil, que
brincando e jogando, a criança reproduza suas vivências, transformando-os em
realidade de acordo com seus interesses e desejos de forma dinâmica e recreativa.
GARBARINE e COLAB (1992) pesam que:
“É através de seus brinquedos e brincadeiras que a criança tem oportunidade de desenvolver um canal de comunicação, uma abertura para o diálogo com o mundo dos adultos, onde ela restabelece seu controle, sua auto-estima e desenvolve relações de confiança consigo mesmo e com os outros”. (GARBARINE e COLAB, apud KISHIMOTO, 1994, p.69).
Assim observando, podemos ver que nas séries iniciais onde o lúdico
passa a sr de suma importância para o desenvolvimento da criança, pois sua
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experiência social é desenvolvida nas interações que a criança estabelece, desde
cedo, com a experiência sócio-histórico dos adultos e do mundo por elas criados.
Dessa forma, a brincadeira é uma atividade humana na qual a criança interage em
sociedade, com um modo de assimilar e recriar as experiências sócio cultural dos
adultos. Na brincadeira a criança pode pensar e experimentar situações novas de
seu cotidiano.
A presente pesquisa está dividida nas seguintes partes: As etapas do
desenvolvimento infantil, tanto no seu desenvolvimento motor, cognitivo, emocional
e psicossocial; o desenvolvimento da imaginação infantil, a grande capacidade que a
criança tem para o faz de conta; a função da brincadeira na educação infantil, toda
criança tem que brincar e para facilitar no seu desenvolvimento; a brincadeira no
aprendizado da educação infantil, brincando a criança aprende sem perceber de
maneira divertida e prazerosa; a importância do brincar na educação infantil, com as
brincadeiras as crianças estimula sua curiosidade sua iniciativa e a sua
autoconfiança tornando seres humanos criativos e produtores; a importância do jogo
na educação infantil, com os jogos as crianças aprendem a obedecer regras, a
competir, o respeito pelo seu adversário e limites; o lúdico na sala de aula, visa
trabalhar a psicomotricidade na criança com a lateralidade, esquema corporal,
percepção lateral.
No entanto, acredito que seja importante enfatizar os motivos que me
levaram a escolher esse tema para elaboração desta monografia. Acredito que o
lúdico propicia benefícios indiscutíveis no desenvolvimento e no crescimento da
criança e que através de jogos e brincadeiras ela explora o meio e os objetos que a
rodeiam. Sendo o lúdico essencial para o desenvolvimento da aprendizagem das
crianças, os educadores necessitam tomar consciência dessa importância, trazendo
para dentro da sala de aula o ato de brincar, utilizando-o como instrumento curricular
descobrindo seu valor como fonte de desenvolvimento da autonomia, da
criatividade, da experimentação, da pesquisa e da aprendizagem significativa.
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1 – ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL
A criança se desenvolve por um processo que abrange o seu corpo, a
genética da espécie humana e os contextos nos quais ela viverá. Esse processo
inicia-se com a família, com a cultura de seu país, com os espaços que irá
freqüentar desde seu nascimento. Por isso, dizemos que a natureza do
desenvolvimento humano é sempre biológica e cultural.
O desenvolvimento biológico tem duas dimensões: a externa e a
interna. Assim, a espécie humana tem determinadas características em seu
desenvolvimento físico que incluem não só o que percebemos no exterior, por
exemplo, a fala, o aumento do peso, a estatura, a mudança das feições, das
características sexuais e da voz, mas também, o que é interno e não podemos
observar diretamente, como é o caso do cérebro.
“O desenvolvimento, portanto é uma equilibração, uma passagem contínua de um estado de menor equilíbrio para um estado de equilíbrio superior. Assim, do ponto de vista da inteligência é fácil se opor a instabilidade e incoerência de raciocínio do adulto. No campo de vida afetiva, notou-se, muito vezes, quanto o equilíbrio dos sentimentos aumenta com a idade. E, finalmente, também as relações sociais obedecem à mesma lei estabilização gradual.” (PIAGET, 1971, p.11)..
O cérebro coordena a vida da pessoa. Ele que processa as
informações colhidas do meio ambiente pelos sentidos. É nele que estão contidas a
nossa memória, as nossas experiências e aprendizagens. É também o órgão que
controla várias funções físicas, além de ter como componente o sistema límbico, no
qual se originam as emoções.
Um corpo organizado possibilita diversas formas de ação, sejam elas
psicomotoras, emocionais, cognitivas ou sociais. “Lembramos que o mamar é ao
mesmo tempo um ato de prazer e de conhecimento.” (FERNANDES, 1990, P. 74)
A criança pequena pode fazer várias coisas e apreender muitos
conhecimentos, como: da natureza, de si mesma, do seu corpo, das brincadeiras,
das formas de expressar sentimentos e emoções, das outras pessoas, dos hábitos
de sua família, das cores, dos cheiros, das texturas, da luz, do movimento etc.
A cultura, a natureza e os outros seres humanos constituem o
desenvolvimento da criança, o desenvolvimento do cérebro não é autônomo e
independente do meio, o que a criança realiza na sua vida cotidiana, desde o
nascimento, contribuirá pra o desenvolvimento das funções cerebrais. A quantidade
e a qualidade dos conteúdos aprendidos são, dessa forma, função do meio.
Jean Piaget (1971) descreve as etapas de desenvolvimento,
primeiramente, a fase sensório-motora, fazendo com as crianças (de até mais ou
menos dois anos de idade) entrem em contato com brinquedos e objetos que
possam manipular e explorar, contribuindo principalmente para o desenvolvimento
motor. A fase seguinte, para crianças acima de dois anos, é o do faz de conta, que
estimula a imaginação, a fantasia e o simbólico, por meio de brincadeiras como
“casinha”. Aos seis anos, aproximadamente, as crianças começam a interessar-se
pelos jogos de regras, primeiro os individuais, depois aqueles que envolvem grupos
de crianças e exigem maior concentração.
1.1 – DESENVOLVIMENTO MOTOR
Através da convivência com as crianças, que elas realizam tarefas que
exigem movimento corporal, dentro de um escala crescente de complexidade. Por
exemplo: virar o corpo para um lado e para outro, sentar-se, engatinhar, ficar de pé,
andar. Todas essas conquistas são fundamentalmente, resultantes de um
amadurecimento neurológico. Essa é a razão por que não precisamos “ensinar” uma
criança a andar. Ela andará quando estiver pronta para isso, andar, portanto, não é
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uma aprendizagem, é decorrência do desenvolvimento físico, resultante da
maturação neurológica.
Paralelamente a essa conquista, a criança começa a aperfeiçoar seus
movimentos, dando, sobretudo, utilidade às mãos, com as quais passa a realizar
uma porção de tarefas que vão assumindo, a cada passo, complexidade maior. É
importante sabermos que, após a aquisição dessas habilidades motoras, o exercício
e o treinamento são fundamentais para a aprendizagem escolar, daí em diante, duas
necessidades deverão ser satisfeitas, a autonomia e a integração.
“O ato inteligente está assim constituído, no se limitando a reproduzir pura e simplesmente os resultados interessantes, mas a atingi-los graças a novas combinações (...) o universo objetiva-se e destaca-se do eu (...) com a coordenação dos esquemas, inicia-se a inter-relação espacial dos corpos, isto é, a constituição de um espaço objetivo. (...) em vez de concentrar o universo em si própria, a criança começa agora a situar-se num universo independente dela” . (PIAGET, 1975, p. 203 - 205).
Para PIAGET (1975), domínio do corpo, sobretudo nas funções de
movimentos, é importante progresso diante do mundo e daqueles de quem a criança
depende pessoalmente. A autonomia corporal, conquistada através da educação
psicomotora, contribui, de forma enfática, para a autonomia afetiva. Identificamos
aqui uma relação das mais importantes entre desenvolvimento e amadurecimento, a
autonomia afetiva corre paralelamente à autonomia corporal. Desse modo, quando
damos ênfase ao treinamento psicomotor, não estamos apenas nos preocupando
com a preparação para o encontro afetivo da criança com as pessoas.
Brincar é uma expressão natural da criança. É sua forma de aprender e
de expressar emoções e sentimentos. O brincar é indispensável em todos os casos
para assegurar o equilíbrio relacional da criança, contribuindo, portanto, para
favorecer o desenvolvimento de sua personalidade e sua progressiva interação na
sociedade das outras crianças e na do adulto.
1.2 – DESENVOLVIMENTO COGNITIVO
Continuando o processo de amadurecimento da criança, ela vai
mergulhando em um mundo de percepção, da comunicação, da forma, da
abstração, da inteligência e do pensamento.
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O desenvolvimento mental (intelectual) da criança expressa-se em
muitos aspectos da sua linguagem verbal. Se ela, nos seus primeiros anos até cinco
anos aproximadamente, tem uma linguagem egocêntrica, isto é, que diz respeito
apenas a ela e seus interesses, a partir dos sete passa a ter um falar sociocêntrico.
“No plano da inteligência e do conhecimento, o motivo de equilíbrio possui ainda outro significado. Conforme apresentação de Piaget, a inteligência é um sistema de atividades interagindo um com a outra e subjacentes à necessidade de serem constantemente ajustada entre si e equilibradas. Depende do grau de realização do equilíbrio, em que medida o homem consegue agir coerentemente e em que medida os seus conhecimentos se integram numa totalidade harmoniosa. A inteligência desenvolve-se em razão de uma tendência condições de equilíbrio. O desenvolvimento cognitivo é um processo de equilibração.” (KESSELRING, 1993, p. 86).
O desenvolvimento da linguagem verbal muda de nível, passando de
um referencial, marcadamente individual, para um referencial social. A partir daí,
então, amplitude e profundidade das operações mentais é que a levarão a
estabelecer seus pontos de vista, lidar melhor com abstrações e aperfeiçoar sua
capacidade de estabelecer conceitos.
“A estimulação que a criança recebe é polimodal, pois chega através de diferentes modalidades sensoriais; a percepção de criança é intermodal, pois é cada vez mais capaz de integrar as informações sobre a realidade que chegam através das diferentes modalidades sensoriais.” (COOLL, PALACIOS e MARCHESI, 1995, p. 53).
1.3 – DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL
A mente e as emoções correm num movimento de completação e
integração.
Em primeiro lugar das emoções está, a afeição. Há necessidade de
afeição para a criança, porque, desse modo, estaremos dando-lhe a estimulação
sensorial, a atenção e carinho. Essa interação afetiva entre a criança e as figuras
parentais vai proporcionar um lastro firme para o desenvolvimento sadio, pelos anos
da adolescência e da idade adulta.
As emoções são instrumentos por excelência para ima criança revelar-
se como pessoa. Se ela tem dificuldade de manifestar-se, de comunicar-se através
da expressão clara do pensamento, tem, em compensação, nas emoções, uma
forma de alta eficiência para dar-se a conhecer. À medida que a criança, no seu
desenvolvimento, mantém ainda boa capacidade de expressar suas emoções, ao
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lado da manifestação do pensamento, estará demonstrando amadurecimento
emocional.
“A narrativa da criança pequena é, inicialmente, um relato enumerativo de origem perceptiva e motora, reunindo objetos segundo a relação deles na atividade. O relato infantil de determinado caso ou evento não busca o equilíbrio entre causas e efeitos, a proporcionalidade entre ação e resultado, a coerência entre as partes. É formado pelo encadeamento de circunstâncias organizado segundo locuções (então, depois), sendo a própria relação de tempo simples coincidência de circunstâncias.” (OLIVEIRA, 2002, p. 153).
A educação familiar, sobretudo, pode estimular o amadurecimento
emocional, como também bloqueá-lo. Aí reside uma das grandes responsabilidades
dos pais na educação dos filhos. Essa é uma das funções básicas da família.
Infelizmente, a relação entre pais e filhos está pontilhada de situações que revelam a
repressão das emoções. Há exemplos claros do dia-a-dia de pais e filhos como “não
chore”, “não grite”, etc. Certas manifestações de alegria, ira, tristeza e medo, ao
invés de serem entendidas como necessidades e forma de aprendizado da
manifestação das emoções das emoções, são tidas por alguns como
comportamentos inadequados e prejudiciais. Situações como essas podem gerar
modificações indesejáveis na conduta do individuo adulto, como inibição, dificuldade
de comunicação interpessoal, insegurança.
Outra emoção é o medo. Ao contrário do que habitualmente se pensa,
o medo é uma emoção útil e preservadora. Embora nasçamos com capacidade de
ter medo, muitos medos específicos são aprendidos de maneira espontânea, ou por
imposição de outras pessoas, de conformidade com a cultura. O medo é uma
emoção básica, que tem a ver com a preservação humana, constituindo-se eficiente
instrumento para resguardar nossa integridade. Quando ensinamos a uma criança
ter medo do calor do fogão, da energia elétrica ou de atravessar a rua antes de os
carros pararem, estamos cuidando de sua preservação. No entanto, quando
ensinamos o medo do escuro, do “fantasma”, do “bicho papão”, do “monstro”,
estamos desvirtuando o medo na sua função pedagógica de preservação e de
ampliação dos espaços de vida.
Vivemos um momento em que formas estranhas e exacerbadas de
demonstrar coragem, o combate ao medo, estimulam na criança a agressividade,
levando-a, quase sempre, à violência.
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Com esses dois exemplos de emoções significativas afeição e medo,
quisemos mostrar como o desenvolvimento caminha para o amadurecimento
pessoal, acentuando o fato de que nenhuma de suas fases deve ser relegada a
plano secundário. Elas formam um conjunto harmonioso, que fornece os
instrumentos necessários para podermos viver a vida com plenitude.
1.4 – DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL
No processo de formação da personalidade da criança, vai-se
desenvolver também aquele aspecto do eu que nos dá a sensação de pertencermos
a grupos, que faz com que nos sintamos, ao mesmo tempo, iguais a todos os
adultos indivíduos do grupo e diferentes de todos eles.
A primeira fase da vida da criança é fundamental para desenvolver um
sentimento de confiança na capacidade de alguns elementos do mundo externo
oferecem-lhe alimento, abrigo, afeto, segurança e, também, na criação de um
sentimento de ser digna e merecedora desses mesmos elementos.
“De início o recém-nascido apenas pode diferenciar seu próprio corpo do mundo que o rodeia. Depois toma a si mesmo como referência para perceber o entorno. Ao movimentar o corpo no espaço, recebe informações próprio-perceptivas (cinestésicas, labirínticas) e externo-perceptivas (especialmente visuais) necessárias para interpretar e organizar as relações entre os elementos, formulando uma representação daquele espaço.” (OLIVEIRA, 2002, p.148).
Porém, nem sempre a mãe é receptiva, ou, em alguns casos, a criança
poderá desenvolver um sentimento mais ou menos intenso de desconfiança básica,
isto é, de insegurança em relação aos provedores externos e à sua própria
capacidade de ser amada, de poder confiar em si mesma e nos outros.
Criança dos dezoito aos trinta meses terá condições de controlar a
retenção das fezes, começará a experimentar sua vontade autônoma de controlar
seus produtos orgânicos e, também, de tentar fazer desejos frente às exigências das
figuras parentais, no que se refere a hábitos higiênicos.
Caberá as crianças os sentimentos e atitudes que elas tomarem,
permitir que as crianças desenvolva este sentimento de autonomia, de poder
colocar-se com todos os aspectos de seu eu (bons e ruins, em termos culturais), e,
mesmo assim, continuar sendo aceita e amada. Mas, se isso não ocorrer, a criança
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poderá pender para um sentimento negativo, em relação tanto aos seus produtos
corporais como à sua capacidade de tomar iniciativas, e, assim, poderá ser levada
mais para um sentimento de vergonha que se associará a culpa, e de dúvida a
respeito de si mesma e da firmeza de seus pais, enquanto educadores.
Para PIAGET (1971), a linguagem socializada é condição necessária
para o desenvolvimento das operações mentais. A centralização perceptual e o
egocentrismo impedem as crianças de terem pontos de vista sobre aquilo que não
experienciam. As crianças assemelham-se a adultos em seus sentimentos, mas são
muito diferentes no que pensam, são estranhos intelectuais no mundo do adulto.
Segundo PIAGET (1971), crianças de três aos seis anos está em uma
fase que parece dotada de uma energia interminável, que é extravasada
principalmente através de atividades motoras, como: correr, pular, subir, descer, e
exploratórias. Começa a perceber o que é capaz de fazer e imaginar o que será
capaz de fazer, futuramente. A criança estará, também, aprendendo com funciona o
mundo social e como ela funciona dentro dele.
A contribuição dessa fase para o desenvolvimento psicossocial será o
sentimento de poder confiar em sua própria capacidade de iniciativa, no
desempenho de suas tarefas na idade adulta.
Vemos, portanto que, ao mesmo tempo em que a criança elabora as
suas vivências características de cada fase do desenvolvimento psicossexual (oral,
anal, fálica) ela está aprendendo a ser social. Este aprendizado inclui sentimentos
de auto-estima e auto-aceitação, que darão as coordenadas de relacionamento com
as outras pessoas, inclusive na situação de trabalho produtivo.
Se as vivências de cada uma dessa três fases penderem para os
aspectos positivos, a criança terá desenvolvimento a capacidade para confiar em si
mesma e nos seus provedores externos, sentir-se-á um indivíduo íntegro e
autônomo. Digno de amar e ser amado, bem como com possibilidade de realização
pleno de suas capacidades, no desempenho de tarefas. Se algo falhar em qualquer
dessas fases, inúmeras dificuldades surgirão, no decorrer da infância e idade adulta,
podendo resultar inclusive em diversos casos de patologia.
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2 – O DESENVOLVIMENTO DA IMAGINAÇÃO INFANTIL
Os primeiros anos de vida do ser humano são especiais para o
desenvolvimento da imaginação. Contrariamente ao que se pensa, a criança
pequena desenvolve sua imaginação e faz isso com base nas experiências que
acumulou desde o seu nascimento.
NEGRINE (1994), destaca que do ponto de vista intelectual o jogo além
de influenciar o desenvolvimento do pensamento infantil ele é relevante para
desenvolver a criatividade; do ponto de vista psicomotor o jogo contribui no
equilíbrio, na força, nos sentidos; com vista na sociabilidade, as atividades lúdicas
possibilitam a interação com o grupo, por fim do ponto de vista afetivo, o jogo
permitem a livre expressão da criança, o desenvolvimento como outro e as
interações presentes nessas relação.
As idéias de que a “imaginação infantil é fértil” e “a criança tem muito
mais imaginação do que o adulto” devem-se ao fato das ligações feitas pelas
crianças das imagens percebidas e guardadas na sua memória obedecerem a leis
diferentes do pensamento do adulto. Poderíamos dizer que há maior liberdade nas
conexões feitas pelo pensamento infantil do que pelo adulto.
A criança é capaz de desenvolver conexões entre as coisas que
observa no mundo, as ações do outro e suas conseqüências e a relação entre
elementos da natureza. Ela está, portanto, em um processo de vinculação de fatos,
informações, sentimentos e atitudes. Nele, a criança experimenta e transmite
impressões e imagens, expressando-as pelas atividades plásticas, pela linguagem e
pelo movimento corporal.
“A verdadeira linguagem social das crianças, quer dizer, a linguagem utilizada em atividades fundamental da criança, o jogo, é uma linguagem de gestos, movimentos e mímicas, tanto quanto uma linguagem de palavras.” (PIAGET, 1988, p.76).
A riqueza expressiva da criança pequena é uma das razões pelas
quais pensamos que ela tem uma “imagem fértil”. Mas é preciso lembrar que o
desenvolvimento da imaginação depende do meio em que a criança se encontra e
das possibilidades dadas a ela para experimentar, conhecer e explorar os elementos
ao seu redor.
“Isto será conseguido tanto a partir do uso de um objeto como se fosse outro (quando por exemplo um caixa de fósforo pode se transformar num carrinho para brincar), de uma situação por outra ( na brincadeira de casinha a criança estará representando situações da vida diária) ou ainda de um objeto, pessoa ou situação por uma palavra”. (RAPPAPORT, 1981, p.68).
A atividade da criança nesses primeiros anos gera, como já foi dito,
impressões e vivências que farão parte do acervo de sua memória. Essas
impressões e vivências envolvem tanto o movimento como os cinco sentidos:
audição, tato, visão, paladar e olfato.
Como há uma grande disponibilidade biológica para se registrar
impressões nos primeiros anos de vida poderá haver um grande desenvolvimento da
imaginação. Esta acompanhará a pessoa por toda sua vida, diversificando-se das
chamadas aprendizagens formais.
Mas não é só em relação a essa aprendizagens que a imaginação á
importante. Na vida cotidiana e no ato criador, a imaginação tem a diversidade como
regras e está ligado ao desenvolvimento da própria memória.
Para a vida futura, o desenvolvimento da imaginação na infância é
fundamental: de um lado para enfrentar os problemas do dia-a-dia, resolver conflitos,
superar situações difíceis ou dolorosas; de outro, para criar novas situações,
elaborar novas formas de trabalho, organizar a vida familiar e as ações comunitárias,
aprender os conhecimentos que são ensinados na escola.
As atividades em qualquer domínio das artes envolvem a imaginação
de mesma forma que ela é elemento essencial no desenvolvimento das ciências. A
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imaginação é mola propulsora do desenvolvimento da cultura e do conhecimento
humano em todas as esferas.
Por esse motivo, devemos aproveitar a educação infantil para
desenvolver atividades curriculares que favoreçam a imaginação na criança, e,
culturalmente, façam parte da infância, como brincadeiras, cantigas, poesia, historia,
incluindo a prática de atividades criativas, tanto em artes como em ciências.
A educação infantil é a possibilidade escolar de formar na criança as
bases que possibilitarão aprendizagens escolares futuras, na escrita, na leitura, na
matemática, na física, enfim em todas as áreas curriculares.
No entanto, para tudo isso ser eficiente na sua formação, é preciso
trabalhar com estratégias próprias do desenvolvimento infantil e respeitar o tempo
necessário para a realização de cada atividade. O desenvolvimento da imaginação
na criança dependerá do entendimento que os adultos têm da infância e dos
comportamentos próprios da idade.
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3 – A FUNÇÃO DA BRINCADEIRA NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL
Para VYGOTSKY (1991), o ensino sistemático não é o único fator
responsável por alargar os horizontes da zona de desenvolvimento proximal. Ele
considera o brinquedo uma importante fonte de promoção de desenvolvimento.
Afirma que “ apesar do brinquedo não ser o aspecto predominante na infância, ele
exerce uma enorme influencia na desenvolvimento infantil”.
O brinquedo possibilita o desenvolvimento integral da criança, já que
ela se envolve afetivamente, convive socialmente e opera mentalmente, tudo isto, de
uma maneira envolvente, em que a criança despende energia, imaginação, constrói
normas e cria alternativas para resolver os imprevistos que surgem no ato de
brincar.
O brinquedo facilita a apreensão da realidade e é muito mais um
processo do que um produto. Não é o fim de uma atividade, ou o resultado de uma
experiência. É ao mesmo tempo, a atividade e a experiência envolvendo a
participação total do individuo. Exigi movimentação física, envolvimento emocional,
além dos desafios moral que provoca. E, neste contexto, a criança só ou com
companheiros, integrasse ao se voltar contra o ambiente em que está.
Por ser essencialmente dinâmico, o brinquedo possibilita a emergência
de comportamento espontâneos e improvisados. A direção que o brinquedo assume
é determinada pelas variáveis de personalidade da criança, do grupo e do contexto
social em que as crianças vivem.
O brinquedo é a essência da criança, é o veiculo do crescimento, é um
meio extremamente natural que possibilita à criança explorar seu mundo, tanto
quanto o do adulto possibilitando-lhe descobrir-se e entender-se, conhecer os seus
sentimentos, as suas idéias e a sua forma de reagir.
“As contribuições do jogo, no desenvolvimento integral indicam que ele contribui poderosamente no desenvolvimento global da criança e que todas as dimensões do jogo estão intrinsecamente vinculadas: a inteligência, a afetividade, a motricidade e a sociabilidade são inseparáveis para a progressão psíquica, moral, intelectual e motriz da criança”. (NEGRINE, 1994, p.19).
De acordo com VYGOTSKY (1991), por meio do brinquedo, a criança
aprende a atuar numa esfera cognitiva, que depende de motivações internas. Nessa
fase pré-escolar, ocorre uma diferenciação entre os campos de significado e da
visão. O pensamento, que antes era determinado pelos objetos do exterior, passa a
ser regido pelas idéias. A criança poderá utilizar materiais que servirão para
representar uma realidade ausente, por exemplo, uma vareta de madeira como
espada, um boneco como o filho no jogo de casinha, papeis cortados como dinheiro
para ser usado na brincadeira de lojinha,, etc. Nesses casos, ela será capaz de
imaginar, abstrair as características dos objetos reais e deter-se no significado
definido pela brincadeira, “no brinquedo, a criança sempre se comporta além do
comportamento habitual de sua idade, alem de seu comportamento diário: no
brinquedo é como se ela fosse maior do que é, na realidade”. (VYGOTSKY, 1984, p.
117).
A criança passa a criar uma situação ilusória, como forma de satisfazer
seus desejos não realizáveis. A criança brinca pela necessidade de agir em relação
ao mundo mais amplo dos adultos e não, apenas, ao universo dos objetos a que ela
tem acesso.
“Por exemplo, uma criança ouve o barulho de um carro estacionando na garagem de sua casa e imediatamente corre em direção à porta gritando “papai”. Da mesma forma, se ela está puxando um carinho e este para, inicialmente ela puxa com mais força, depois passa examiná-lo para ver o que ocorreu. Quando percebe que o barbante se prendeu nas rodas o solta e recomeça a puxar o carrinho”. (PIAGET, 1975, p. 253).
O brincar é, portanto, uma das atividades fundamentais para o
desenvolvimento das crianças pequenas. Através das brincadeiras,a criança pode
desenvolver algumas capacidades importantes, tais como: a atenção, a imitação, a
memória, a imaginação. Ao brincar, as crianças exploram e refletem sobre a
22
realidade a cultura na qual vivem, incorporando e, ao mesmo tempo, questionando
regras e papéis sociais. Podemos dizer que nas brincadeiras as crianças podem
ultrapassar a realidade, transformando-a através da imaginação.
23
4 – A BRINCADEIRA NO APRENDIZADO DA EDUCAÇÃO INFANTIL
Vive-se em uma sociedade que vem sofrendo grandes e constantes
transformações: abertura de fronteiras, facilidades de negociar, avanços digitais e
tecnológicos, meios de comunicação, tudo devido a globalização.
As crianças nascem nesse meio digitalizado e muitas delas com dois
ou três anos já sabem utilizar jogos no computador, manusear o controle remoto da
televisão ou aparelho de som. Todos os que rodeiam essas crianças ficam ao
mesmo tempo maravilhados e assustados, ao verem suas habilidades.
Esse contexto causa o aumento do interesse dos pais pelo
desenvolvimento satisfatório de seus filhos. Além de boa alimentação, higiene,
esperam deles excelente desenvolvimento intelectual, etc. É grande a lista de
exigências que os pais têm para seus filhos.
Portanto a educação infantil é um espaço propício para a construção
do conhecimento de uma criança. Quando ela ingressa nesse ambiente, amplia seu
universo de desenvolvimento, tanto pelas relações sociais quanto pela exploração
das brincadeiras realizadas na escola. Nessa fase ela adquire parte do acervo
cultural que levará consigo toda a vida.
Os primeiros anos de uma criança são primordiais, é um tempo em que
ela absorve muitas informações que estão a seu redor, seu aprendizado é
constante.
A escola aprimora seu trabalho em prol da sociedade e de seu
aperfeiçoamento, proporcionando as crianças um desenvolvimento dirigido,
orientado por profissionais capacitados, auxiliando e incluindo os pequenos
estudantes nesse aperfeiçoamento social. A escola organiza seu ambiente para que
as crianças tenham um satisfatório desenvolvimento social, motor, emocional e
cognitivo.
As atividades lúdicas promovem um ambiente prazeroso de
aprendizagem onde, brincando, a criança experimenta o mundo, os movimentos e
as reações, tendo assim, elementos para desenvolver no futuro atividades mais
elaboradas. No simbólico jogos e brincadeiras, a criança irá entender o mundo ao
seu redor, testar habilidades físicas (correr, pular), funções sociais (ser o construtor,
a enfermeira, a secretária), aprender as regras, obter os resultados positivos ou
negativos dos seus feitos, registrando o que deve ou não repetir nas próximas
oportunidades. A aprendizagem da comunicação oral, das noções lógico-
matemáticas e das habilidades motoras de uma criança também são desenvolvida
durante o ato de brincar.
Analisando o jogo, KISHIMOTO (1994), considera-o como um grande
meio de desenvolvimento das crianças, pois jogando as crianças criam habilidades e
se integram a vida social, desenvolvendo também sua iniciativa, autonomia e o seu
poder de decisão.
A brincadeira permite com que a criança venha a extravasar seus
sentimentos e orientação dirigida na reflexão sobre a situação, ajudando a criar
várias alternativas de conduta para obter um desfecho mais satisfatório.
A família é o primeiro grupo social onde a criança conhece o brincar do
qual recebe influências e, é através da família que se começa a experimentar as
primeiras brincadeiras.
Amarelinha, boliche, peteca e brincadeiras de faz-de-conta, são as
brincadeiras de nossa infância que nos envolvia, encantavam e ensinavam.
Considero que resgatar essas brincadeiras tradicionais é de extrema importância na
educação infantil, e esse é um dos objetivos desse trabalho de pesquisa.
Ao propor esses tipos de jogos, é de fundamental importância planejar
uma seqüência de ações que devem contar com a participação ativa das crianças.
25
Elas devem ser estimuladas a compartilhar suas idéias e respeitar o jogo que será
proposto, bem como a elaboração das regras em conjunto com o professor. Na
contraposição de idéias para se chegar a um acordo sobre as regras, as crianças
têm de se descentrar e coordenar de vista, o que contribui fortemente para o
desenvolvimento do raciocínio lógico.
Cabe ao professor, valorizar o brinquedo, para encorajá-lo nos alunos,
sem ter a sensação de que está perdendo tempo; reconhecer ad limitações do
elemento competitivo no brinquedo infantil; equilibrar o brinquedo diretivo e o
espontâneo; observar o brinquedo infantil, para conhecer melhor as crianças e para
que possa avaliar até que ponto a atividade está oferecendo prazer à criança;
estimular os brinquedos sociais que favorecem os comportamentos interativos entre
as crianças.
É importante também que, ao jogar, os alunos possam explicar as
estratégias utilizadas, falar de suas dificuldades, registrar os resultados obtidos,
enfim, explorar, propor e resolver problemas interessantes do início ao fim de
brincadeira.
26
5 – A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Desde o nascimento a criança se beneficia com as brincadeiras
proporcionadas pela mão.
Com o passar dos dias, a criança passa a interagir mais e a se
interessar pelo mundo que está a sua volta. É este interasse que faz com que a
criança procure novos estímulos, e esses estímulos encontrados no brincar
requerem observação, criatividade, comunicação, simbolização, enfim, todos os
requisitos necessários para um desenvolvimento integral e sadio.
Brincar é indispensável para a saúde física, emocional e intelectual da
criança. É uma arte, um dom natural que, quando bem cultivado, irá contribuir em
estágios futuros para a eficiência e o equilíbrio do adulto.
Brincar é nossa primeira forma de cultura. A cultura é algo que
pertence a todos nós, é a forma como as pessoas vivem e se expressam. É por
meio do brincar que a criança tem oportunidade de raciocinar, de descobrir, de
persistir e de perseverar. Ela é capaz de aprender a perder, percebendo que haverá
novas oportunidades para vencer. Aprender a esforçar-se e a esperar não desistindo
facilmente das várias situações encontradas.
“Concepção como essas apresentam o defeito de não levar em conta a dimensão social da atividade humana que o jogo, tanto quanto outros comportamentos, não pode destacar. Brincar não é uma dinâmica interna do individuo, mas uma atividade dotada de uma significação social precisa que, como outras, necessita de aprendizagem. Desejaríamos, nesta comunicação, explorar as
conseqüências desse ponto de vista e dele extrair um modelo de análise da atividade lúdica”. (KISHIMOTO, 2002, p. 20).
O brincar, proporciona a criança a possibilidade de criar sua identidade.
É uma oportunidade de desenvolvimento, perfazer com que ela solte sua
imaginação e desenvolvem a criatividade, possibilitam exercícios de concentração,
de atenção e de engajamento. É através dele que a criança experimenta, descobre,
inventa, exercita e confere habilidades.
Todo aprendizado através da brincadeira é fundamental para a
formação humana, brincando que a criança estimula sua curiosidade, a iniciativa e a
autoconfiança. Brincar desenvolve a linguagem e proporciona aprendizagem. Não é
um simples passatempo, ajuda no desenvolvimento, promovendo processo de
socialização, aprendendo a lidar com suas emoções e descobertas do mundo.
Devemos ter espírito aberto para o lúdico, reconhecer a sua importância enquanto
fator de desenvolvimento, fazendo-se necessário que, desde cedo as crianças
tenham concisões de participar de atividades que deixem florescer a criatividade. A
criança precisa brincar sempre, em qualquer hora, em qualquer lugar. Este é o
trabalho da criança. Assim ela se tornará, em tempo, um adulto responsável, de
sucesso e principalmente feliz.
5.1 – A BRINCADEIRA DO FAZ-DE-CONTA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Este tipo de jogo recebe várias denominações: jogo imaginativo, jogo
de papéis ou sócio-dramático. A importância desse é ressaltar por pesquisas que
mostram sua eficácia na produção do desenvolvimento cognitivo, efetivo e social da
criança.
Muitos teóricos e estudiosos do assunto afirmam que o jogo de fantasia
possibilita observar a origem dos devaneios na fase adulta. Para as crianças o
brincar é a situação imaginária criada por elas. Além disso, devemos levantar em
conta que, brincar preenche necessidades que mudam de acordo com a idade.
Exemplo: um brinquedo que interessa a um bebê, não interessa presente na criança
muito pequena. Como as funções da consciência, surge originalmente da ação.
Segundo PIAGET, citado por KISHIMOTO (1997, p. 59).
28
“Quando brinca, a criança assimila o mundo à sua maneira, sem compromisso com a realidade, pois sua interação com o objetivo não depende da natureza do objeto mas da função que a criança atribui”.
É o que PIAGET (1971), chama de jogo simbólico, o que se apresenta
inicialmente solitário, evoluindo para o estágio de jogo sócio-dramático, isto é, para
representação de papéis, como brincar de médico, de casinha, de mamãe, etc.
Jogo simbólico, o jogo de faz-de-conta tem uma natureza imitativa,
onde a criança constrói símbolos, transforma, inventa o real naquilo que deseja.
Geralmente, a criança em suas brincadeiras se transforma em adulto,
imitando situações já vivenciadas, reproduzindo o comportamento dos pais,
professores e irmãos.
Nesse momento, a criança passa a repetir situações vividas, as vezes,
à procura de soluções para algumas situações.
Na brincadeira infantil, a criança revive suas alegrias, seus medos, seis
conflitos, resolvendo-os à sua maneira de transformando sua realidade naquilo que
quer, internalizando regras e conduta, desenvolvendo valores que orientarão seu
comportamento.
Na brincadeira livre, a criança dá asas a imaginação, aprendendo a
lidar com o mundo e a formar sua personalidade.
Podemos utilizar os jogos e brincadeiras (atividades lúdicas) também
no período de adaptação e socialização ao meio escolar, especialmente com as
brincadeiras que valorizam a motricidade infantil.
Nessa fase, a criança tem a tendência natural para expressar-s
corporalmente, utilizando palavras e gestos na expressão de usas emoções e idéias
e usa a motricidade para se relacionar com o ambiente em que está inserida e com
as pessoas que o compõem.
KISHIMOTO (1997), a brincadeira é a melhor forma da criança se
comunicar, sendo um instrumento que ela possui para conviver com as outras
crianças. Brincando, ela aprende sobre o mundo que a cerca, integrando-se na
atividade lúdica, ela convive com os diferentes sentimentos de sua realidade interior
e, aos poucos, aprende a se conhecer e aceitar a existência dos outros.
29
A brincadeira de faz-de-conta, comum na faixa etária compreendida
pela educação infantil. apresenta-se como atividade fundamental, através da qual as
crianças reconstroem suas vivencias socioculturais e refletem criticamente sobre a
realidade, ampliando seus conhecimentos sobre si e sobre o mundo ao seu redor.
Ao organizar suas brincadeiras, as crianças fazem escolhas, negociam suas ações,
planejam as situações, estabelecem regras e submetem-se a elas ou as negociam e
as reconstroem, representam diferentes papéis, ocupam posições diferenciadas nas
relações de poder (ora mãe/pai, ora filha/filho, ora professor, ora aluno etc),
transformam os significados dos objetos, atribuindo-lhes novos nomes e funções.
Através do faz-de-conta, as crianças aprende, a lidar com os objetos e as situações
na plano mental, introduzindo-se na plano das idéias e representações.
“A cultura lúdica é, então, composta de um certo número de esquemas que permitem iniciar a brincadeira, já que se trata de produzir uma realidade diferente daquela da vida quotidiana: os verbos no imperfeito, as quadrinhas, os gestos, estereotipados do nicio das brincadeiras compõem assim aquele vocabulário cuja aquisição é indispensável ao jogo.” (KISHIMOTO, 2002, p. 24).
Brincar com materiais de construção (madeiras, sucatas, areia,
massinha, argila, pedras, folhas, gravetos, materiais com estrutura para encaixe
próprios para a construção...) permite a exploração das propriedades e
características associativas dos objetos, assim como seus usos sociais e simbólicos.
Suas construções podem servir como suporte para compor a situação imaginária de
sua brincadeira de faz-de-conta.
5.2 O PAPEL DO BRINCAR E OS BRINQUEDOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Segundo KISHIMOTO (1997), o brincar é a forma mais natural de uma
criança agir e expressar-se; preservar sua espontaneidade e colaborar para sua
saúde emocional. Através do brinquedo ela estabelece contato com o mundo ao seu
redor e se apropria dele dentro dos limites de suas possibilidades: explora,
descobre, transforma suas capacidades e constrói seu conhecimento.
Por ser o tipo de atividade mais característica da infância, o brincar é
também a forma mais adequadas de estimulação que lhe pode oferecer. Os
brinquedos, sendo convites ao brincar, são facilitadores do processo.
30
Certamente a escolha livre deve ser respeitada, não somente para
cultivar a autonomia da criança mas para que seja preservada sua motivação
intrínseca. Os conhecimentos e a intuição do educador saberão fazer uma pré-
escolha, construir um complexo lúdico adequado e disponibilizar para ela uma
variedade de oportunidades que possibilitem um nível de operação satisfatório,
dentro do qual ela possa, de forma criativa e prazerosa, evoluir e aprender.
O verdadeiro brincar é livre, sua motivação é intrínseca, vêm do
interesse pela atividade em si mesma, é uma expressão interior. No brincar não há
expectativa de desempenho, portanto, a espontaneidade é mais preservada e o
medo de errar, que tanto inibe as iniciativas, é utilizada, entretanto, pode-se
aproveitar o desafio e o interesse despertados pelos brinquedos e utilizá-los como
recursos pedagógicos através dos quais a aprendizagem será facilitada porque é
abordada de forma concreta.
As situações de jogo trazem um desafio, que é competição, mas
precisam ser conduzidas compreensivamente para que não ressaltem diferenças
individuais. Os jogos cooperativos e jogos em grupos têm a vantagem de estimular a
cooperação entre os participantes.
Através de um jogo, a criança pode se conhecer melhor, aprender a
resolver problemas, a respeitar regras e a interagir socialmente, desenvolvendo
assim sua autoconfiança.
Os jogos são importantes dentro do processo de alfabetização porque
através dele são desenvolvidas habilidades operatórias que envolvem comparações,
análises, sínteses, generalizações e o processo de aprendizagem torna-se
significativo.
“O jogo é normalmente caracterizado pelos signos do prazer ou da alegria. Entre os sinais que exteriorizam a presença do jogo estão os sorrisos. Quando brinca livremente e se satisfaz, nessa ação, a criança o demonstra por meio de sorriso. Esse processo traz inúmeros efeitos positivos na dominância corporal, moral e social da criança”. (KISHIMOTO, 1994, p. 5).
Assim a atividade lúdica é essencial para o desenvolvimento da criança
principalmente nas séries iniciais.
31
6 – A IMPORTÂNCIA DO JOGO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Segundo HUIZINGA (1996), o jogo é de suma importância na vida de
todo individuo. Portanto, ele faz parte da vida do ser humano. Sabe-se que o ato de
jogar é tão antigo quanto a própria história do homem. Pois o jogo é uma atividade
livre, fundamentalmente lúdica, contendo regras não convencionadas, de caráter
competitivo que possui como característica principal a espontaneidade e possibilita a
expressão de vivências culturais de forma intensa e total.
Devemos trabalhar jogos com as crianças, como algo comprometido
com a formação do aluno fazendo cumprir seu papel social de criança, sendo mais
tarde adulto, levando-os a uma boa aprendizagem através das varias formas de
jogos.
Portanto, na infância o jogo é essencial, brincando e jogando a criança
reproduz suas vivências, transformando a realidade de acordo com seus interesses
e desejos, de formas dinâmicas e criativas.
“A criança joga e brinca dentro da mais perfeita seriedade, que a isto título podemos considerar sagrada, estando o jogo intrínseco a criança é exteriorizado pelas características extrínsecas que os jogos possuem. Fazendo parte do crescimento e desenvolvimento do indivíduo, o jogo é inerente ao ser humano”. (HUIZINGA, 1996, p.11).
Devemos entender por jogo toda a atividade que leva a recrear ou
entreter, baseada na livre participação da criança. Para ela, o jogo é um fim em si
mesmo, ela brinca por brincar, para se divertir. Sabemos, porém, que o jogo
organizado auxiliam o desenvolvimento físico, mental e moral da criança. Além da
saúde, o jogo auxilia em seu aperfeiçoamento das funções mentais, como: atenção,
memória e raciocínio, bem como a aquisição de hábitos ou virtudes morais como a
bondade, a lealdade, o cavalheirismo a integração social e o espírito de cooperação.
KISHIMOTO (1994), o jogo é também um ótimo meio de observação e
conhecimento da criança, suas tendências, aptidões, qualidades e defeitos. Os jogos
e brincadeiras têm valores que propiciam alegria, tornando-se a ela agradável e
atraente, favorecendo uma aprendizagem concreta, propriciando oportunidade de
uma participação ativa da criança, também desenvolvem valores espirituais como
honestidade, senso espiritual como honestidade, sendo de responsabilidade,
tolerância, alto domínio, ainda favorece a descarga de energia e tensões.
“Eu creio, afinco e aposto que se nos alfabetizamos em “jogos cooperativos, queremos criando uma nova linguagem, uma linguagem capaz de melhorar os homens-mulheres e, conseqüentemente, de melhorar o mundo”, sendo uma estratégia que o homem utiliza para separar o significado do objetivo, condição necessária para aprender a linguagem, escrita e visão de mundo. Dentro de uma harmonia entre crescimento e desenvlvimento, o jogo deve ser valorizado no processo educacional onde oportuniza os movimentos gerais.” (HUIZINGA, apud BROTTO, 1999, p. 15).
Sabemos da grande importância que tem os jogos na vida da criança.
E que devemos transmitir alegria por meio de exercícios recreativos que devem ser
a importante missão para o professor e , por isso é necessário que ele participe
alegremente da aula.
Pois para pedagogia é fundamental a importância do jogo na
educação. Porem, o jogo é o instrumento básico da vida psíquica da criança, é uma
necessidade instintiva par o aperfeiçoamento físico, mental e social da criança,
porem é também a forma pela qual ela se adapta ao meio ambiente, Portanto, o jogo
é, no decorrer da vida da criança um substantivo do trabalho um meio de obter
triunfos, para que possa desenvolver-se, um meio de se engrandecer moralmente.
Portanto, o educador deve aproveitar a disposição natural da criança
para jogar pelo simples prazer de jogar. Além disso, deve selecionar jogos simples
com poucas regras, para serem praticados pelas crianças que estão nessa faze de
desenvolvimento. Também a interação social precisa ser incentivada dando-se
destaque `s atividades de linguagem. Sabemos que os jogos têm a finalidade de
formar o indivíduo fisicamente, mentalmente e espiritualmente sábio. É importante
33
assegurar o desenvolvimento funcional da criança e auxiliar na expansão e equilíbrio
de sua afetividade através da interação com o ambiente.
O jogo pouco movimentado também tem valor importantíssimo e
podem beneficiar até mesmo, grupos especiais de crianças, portadoras de
deficiência corporais, débeis do físico ou subnutridos que como as normais precisam
muito de recreação.
“A partir dos jogos que encantam a criança ela é conduzida a explorar, entender o mundo dos objetos complexos ou seu redor. Representam o eco adaptado as crianças de uma sociedade técnica, na qual devem fixar seu ponto de preferência. Os brinquedos tornam-se portanto, objestos de comunicação, meio através do qual a criança sai de uma relação centralizada em um objeto, para torná-lo um utensílio mediador entre ela e as outras crianças e, de forma mais generalizada, entre ela e o mundo”. (BROUGERE apud KISHIMOTO, 1994, p. 29).
6.1 JOGO, BRINQUEDO E BRINCADEIRAS INFANTIS
De acordo com a autora KISHIMOTO (1994), definir o jogo não é uma
tarefa fácil, pois a palavra pode ser entendida de vários modos. Pode-se estar
falando de jogos políticos, amarelinhas, xadrez, adivinhas, contar e infinidade de
outros. Embora os jogos recebam a mesma denominação, cada um tem a sua
especificidade, como por exemplo, no faz-de-conta torna-se necessário o uso de
imaginação: no jogo de xadrez, regras padronizadas: brincar na areia requer a
satisfação da manipulação dos objetivos, outros requerem a habilidade manual de
operacionalização.
A variedade de fenômeno considerados como jogos mostra a
complexidade da tarefa de defini-los.
O jogo assume o sentido que cada sociedade lhe atribui. Dependendo
do lugar e da época, os jogos assumem significações distintas, conforme os valores
e modos da vida da sociedade.
No Brasil termos como jogo, brinquedo e brincadeiras ainda são
empregados de forma indistintas, demonstrando um nível baixo de conceituação
deste campo. O brasileiro identifica como jogo uma estrutura seqüencial, um sistema
de regras que especifica sua modalidade. O xadrez tem regras explícitas diferentes
34
do jogo de trilha, dama ou trabalho. Quando alguém joga, executa as regras do jogo
e, ao mesmo tempo desenvolve uma atividade lúdica.
O brinquedo é visto como objeto, que dá suporte as brincadeiras. É o
estimulante material para fazer fluir o imaginário infantil.
Porém em todas as disciplinas pode-se trabalhar com jogos. São vários
tipos de brincadeiras e jogos que podem interessar as crianças como: cantigas,
brincadeiras como a dança de cadeira, quebra-cabeça, dominós, dados de
diferentes tipos, jogos de encaixes, jogos de cartas, amarelinhas, brincadeiras com
cordas, etc.
Os jogos numéricos permitem às crianças utilizarem números e suas
representações, ampliarem a contagem, estabelecendo correspondências,
operarem, etc.
Pelo seu caráter coletivo, os jogos e as brincadeiras permitem que os
grupos se estruturem, que as crianças estabeleça, relações ricas de troca,
aprendam o “esperar sua vez”, acostuma-se a lidar com regras, conscientizando-se
que pode ganhar ou perder.
As ações que compõem as brincadeiras envolvem aspectos ligados a
coordenação do movimento e ao equilíbrio. Para saltar um obstáculo, as crianças
precisam coordenar habilidades motoras como velocidade, flexibilidade e força,
assim calculam a maneira mais adequada de conseguir seu objetivo. Para empinar
pipa, precisa coordenar a força e a flexibilidade dos movimentos do braço, com a
percepção espacial e, se for preciso correr com velocidade e atenção.
Os jogos se fazem presente na escola nas mais variadas situações e
sob as mais diversas formas. Muitas, também, são a concepção sobre seu lugar e
sua importância na pratica pedagógica.
Se os brinquedos são sempre suportes, sua utilização deveria criar
momentos lúdicos de livre exploração, nos quais prevalecem as incertezas do ato e
não se buscam resultados. Porém, se os mesmos objetivos servem como auxilias da
ação pedagógicas, buscam-se resultados em relação à aprendizagem de conceitos
e noções ou, mesmo, ao desenvolvimento de algumas habilidades. “Nesse caso, o
objetivo conhecido não realiza sua função lúdica, deixa de ser brinquedo para tornar-
se material pedagógico.” (KISHIMOTO, 1994, p. 14).
35
Dessa maneira, a autora diferencia brinquedo e material pedagógico,
fundamenta-se na natureza dos objetos e da ação educativa. Fica mais clara a sua
posição sobre o jogo pedagógico quando afirma:
“Ao permitir a manifestação do imaginário infantil, por meio de objetos simbólicos dispostos intencionalmente, a função pedagógica subsidia desenvolvimento integral da criança. Neste sentido, qualquer jogo empregado na escola, desde que respeite a natureza do ato lúdico, apresenta caráter educativo e pode receber também a denominação geral do jogo educativo.” (KISHIMOTO, 1994, p. 22).
As instituições (escola), devem assegurar e valorizar, em seu cotidiano,
os jogos motores e brincadeiras que contemplam a progressiva coordenação dos
movimentos e o equilíbrio das crianças. Trazem também a oportunidade de
aprendizagens sociais, pois ao jogar, as crianças aprendem a competir, a colaborar
umas com as outras, a combinar e a respeitar regras.
6.2 OS JOGOS E A APRENDIZAGEM NA PRÉ-ESCOLA
Durante muito tempo confundiu-se ”ensinar” com “transmitir” e, nesse
contexto, o aluno era um agente passivo da aprendizagem o professor um
transmissor não necessariamente presente nas necessidades do aluno. Acreditava-
se que toda aprendizagem ocorria pela repetição e que os alunos que não aprendem
eram responsáveis por essa deficiência e, portanto, merecedores do castigo da
reprovação. Sabe-se que não existe ensino sem que ocorra a aprendizagem, e esta
não acontece se não pela transformação, pela ação facilitadora do professor, do
processo de busca do conhecimento, que deve sempre partir do aluno.
A idéia de um ensino despertado pelo interesse acabou transformando
o sentido do que se entende por matéria pedagógica e cada estudante,
independentemente de sua idade, passou a ser um desafio à competência do
professor. Seu interesse passou a ser a força que comanda o processo de
aprendizagem, suas experiências e descobertas, o motor de seu processo e o
professor um gerador de situações estimuladoras e eficazes. È nesse contexto que o
jogo ganha um espaço, como uma ferramenta ideal da aprendizagem, na medida em
que propõe estimulo ao interesse do aluno, assim como todo pequeno animal, adora
a jogar e joga sempre principalmente sozinho e desenvolve níveis diferentes de sua
experiência pessoal e social. O jogo ajuda-o a construir suas novas descobertas,
36
desenvolve e enriquece sua personalidade e simboliza um instrumento pedagógico
que leva ao professor a condição de conduzir, estimular o avaliador da
aprendizagem.
Segundo PIAGET (1971), os jogos não são apenas uma forma de
divertimento, mas são meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento
intelectual.
Brincar envolve prazer, tensões, dificuldades e sobretudo desafios. E o
grande desafio é resgatar a brincadeira e a importância de sua utilização como meio
educacional, e utilizando-o como instrumento curricular, descobrindo nela uma fonte
de desenvolvimento e aprendizagem.
“Pensar em utilizar o jogo em um meio educacional é um avanço para a educação: Temos que tomar consciência ao mesmo tempo da importância de se trazer o jogo de volta para dentro da escola e de utilizá-lo como currículo escolar, descobrindo nele uma fonte de desenvolvimento e aprendizagem” (FRIEDMAN, 1996, p. 119).
Portanto, a atividade lúdica proporcionada pelos jogos deve ser o
desencadeador de todo o processo de aprendizagem. O jogo desenvolve a
imaginação e exige a tomada de iniciativas, desafiador a sua inteligência para
encontrar soluções para os problemas. Assim, o lúdico é essencial para o
desenvolvimento da aprendizagem principalmente nas séries iniciais.
A brincadeira é a ação onde a criança desenvolve ao mergulhar na
ação lúdica. Os jogos e as recreações na escola são um modo de aprender a
conviver melhor com os colegas e professores, onde o aluno vai construir relações,
desenvolvendo tanto o nível cognitivo quanto o nível afetivo.
No jogo infantil possui dois aspectos bastante interessante e simples a
serem observados, o prazer e ao mesmo tempo a atitude seria com que a criança se
dedique a brincadeira, por se envolver em extrema dedicação e entusiasmo. Os
jogos das crianças são fundamentais para o desenvolvimento de diferentes condutas
e também para a aprendizagem.
Sendo assim, a brincadeira é uma atividade social aprendida através
das interações sociais. Num mundo imaginário em que as crianças vivem, elas
retratam a vida real através das brincadeiras e jogos com os conteúdos escolares,
onde conseguem grandes êxitos na aprendizagem de seus alunos.
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Ao propor uma brincadeira é importante que o professor participe junto
com os alunos, pois ao fazer isso demonstrando prazer, o professor será encarado
pelas crianças como um companheiro mais experiente, além de servir como modelo
para eles, já que ele sabe como brincar.
Sendo, também um bom momento para que o professor possa ter
maior conhecimento das reações do grupo e de cada criança em particular.
O professor deve ser observador, avaliar quanto ao jogo, se o mesmo
despertou interesse nas crianças e se as manteve mentalmente alertas, fazer parte
das discussões jamais obrigar uma criança a jogar, pois o jogo perde o valor quanto
é imposto.
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7 – O LÚDICO NA SALA DE AULA
A brincadeira tem sido comumente apontada como espaço privilegiado
do desenvolvimento da criança. Deste modo, considera-se que Lea deve ocupar
lugar de destaque na educação infantil.
No final da década de 70, o próprio ministro da educação tratou de
divulgar por todo o Brasil o fenômeno da educação das crianças: a psicomotricidade.
Este fenômeno visa trabalhar as habilidades das crianças. Pois, sabe-
se que primeiro a criança precisa conhecer bem as noções de lateralidade,
percepção temporal, esquema corporal, entre outros, para iniciar seu processo de
alfabetização, sem correr apenas o risco de repetir mecanicamente e não conseguir
entender nada.
Psicomotricidade é trabalhar o corpo da criança, objetivando a
coordenação motora e o desenvolvimento psíquico. Uma criança que tem a
oportunidade de estudas a educação infantil onde o lúdico é bem trabalhado,
provavelmente será uma criança completamente alfabetizada.
Brincar é bom e saudável, A brincadeira é uma atividade saudável,
aprendida através das interações sociais. No mundo imaginário em que as crianças
vivem, elas retratam a vida real através das brincadeiras e o professor que
desenvolver brincadeiras interagindo-as com os conteúdos escolares, conseguirá
grandes êxitos na aprendizagem de seus alunos. Pois, as crianças se sentem mais
motivadas e vão aos poucos dando significado as ações do cotidiano.
É fundamental que o professor não queime etapas importantes na vida
da criança. Que possibilite a elas momentos de prazer e satisfação, considerando
toda a riqueza da cultura lúdica infantil.
“Utilizar o jogo na educação infantil significa para o campo do ensino aprendizagem, condições para maximizar a construção do conhecimento, introduzindo as propriedades do lúdico, do prazer, da capacidade de iniciação e ação ativa e motivadora”. (KISHIMOTO, 1997, p.37).
O lúdico é recurso pedagógico riquíssimo na busca as valorização do
movimento, das relações, possibilita a incorporação de valores, desenvolvendo
culturas, assimilação dos novos conhecimentos, desenvolvimento da sociabilidade e
da criatividade.
A criança que brinca tem maior saúde física, emocional e intelectual.
Certamente será um adulto mais eficiente e equilibrado.
As atividades livres que exigem mais do imaginário, da fantasia
(músicas, dramatizações, construções) contribuem para desenvolver a criatividade.
Já os brinquedos organizados (quebra-cabeça, dominó, etc) exige desempenho e
torna-se um desafio de motivação para o aprendizado.
VYGOTSKY (1996), revela que como o jogo infantil aproxima-se da
arte, tendo em vista a necessidade da criança criar para si o mundo às avessas para
melhor compreendê-lo. Atitude que também define atividade artística. Nessa
perceptiva, a educação escolar, paralelamente à formação científica, deve promover
a formação ética e estética nas crianças, assumindo o brincar como atividade
essencial para o seu desenvolvimento e a aprendizagem.
No ato da brincadeira a criança sente-se mais a vontade e mais
realizada, pois o brinquedo transfere o real para a realidade infantil, tornando mais
acessível sua compreensão, diminuindo o sentimento de impotência. A ludicidade é
importante para a saúde dos ser humano deve ser oportunizada por pais e
educadores para garantir uma melhor relação afetiva da criança com o mundo, com
as pessoas e com os objetos.
Brincando a criança desenvolve também o seu sendo de
companheirismo e sociabilidade infantil.
Cada brinquedo tem um papel fundamental no desenvolvimento da
criança e contribui para sua melhor integração.
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Os desafios proporcionados em jogos e brincadeiras fazem a criança
crescer. Por meio deles ela busca solução e alternativas, aprende a pensar, e
estimula sua inteligência.
Através do lúdico a criança manifesta suas potencialidades cognitivas e
motoras e, ao observá-las podemos enriquecer sua aprendizagem. É importante
ressaltar, também, que a participação do adulto na brincadeira da criança é
fundamental porque desperta maior interesse, reforça os laços afetivos e torna o
brinquedo um recurso mais estimulante e mais rico para seu aprendizado.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A relação entre o lúdico e a educação sempre despertou a atenção de
pensadores nos mais remotos tempos da humanidade. Este trabalho procura
mostrar a importância do lúdico para a educação infantil. Com diversas pesquisas e
estudos realizados sobre o tema, já não tem mais dúvida de que os jogos e as
brincadeiras tem importância fundamental para o desenvolvimento físico, mental da
criança, auxiliando-o na construção do conhecimento e na sua socialização;
englobando, portanto, aspectos cognitivos e afetivos, sendo importante instrumento
pedagógico, proporcionando momentos de jogos na sala de aula, estaremos
contribuindo com a educação mais compatível com o desenvolvimento da criança,
valorizando e utilizando, jogos e brincadeiras como recurso privilegiado, para a
motivação e o compromisso com o processo de aprendizagem. Este trabalho
monográfico é resultado de estudos e pesquisas sobre o lúdico, estando
teoricamente embasado por especialistas da educação como: Vygotsky, Kishimoto,
Piaget e seus seguidores, sendo que estes afirmam que o lúdico é essencial para o
desenvolvimento da criança. Como notou Piaget, o jogo é uma possibilidade da
criança exercitar um papel fundamental no desenvolvimento na aprendizagem
infantil.
O objetivo deste trabalho é mostrar a importância do lúdico na
educação infantil. O caráter educativo no jogo está no fato de que o alvo, a
finalidade do lúdico na sala de aula é a ação em si mesma, que revela, incorpora e
demonstra a assimilação, acomodação que a criança está realizando. Cabe o
educador possibilitar, criar situações para que a criança ao brincar cresça,
desenvolva a capacidade simbólica do seu pensamento.
Concluo que esta pesquisa me ajudou a entender melhor a maneira de
trabalhar com jogos e brincadeiras na educação infantil. Pois, o lúdico deve fazer
parte de todas as disciplinas que permeiam o currículo, o conteúdo transmitido de
modo fragmentado, sem objetivo e sem entusiasmo, não permite que os alunos
aprendam de forma dinâmica e criativa, respeitando as relações existentes na sua
realidade.
Transmitir alegria pos meio de exercícios recreativos, deve ser a mais
importante missão para o professor, por isso é necessário que ele participe
alegremente da aula. Desse modo na pedagogia moderna é fundamental a
importância dos jogos e brincadeiras na educação infantil.
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