Post on 15-Jun-2015
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO TRAUMA MULTISSISTÊMICO
PROFª LUCIANA F. KARSTEN
Geral
O trauma é a principal causa de morte até os 40 anos de idade e começa a ocupar o segundo lugar como causa geral de óbito.
Há 3 fases para a mortalidade aumentar no trauma: imediata, minutos ou horas após e tardia por alguma infecção secundária ou hemorragia.
Mecanismos de lesão
Trauma contusoNão há perfuração de tórax ou abdomeImpacto direto, associado a compressão e esmagamento de vísceras, ruptura, hemorragia e peritonite secundariamente.Cisalhamento devido ao uso inadequado de cinto de segurança.Desaceleração ocorre lacerações em geral internamente.
Trauma penetrante
Há perfuração de tórax e abdomeFAF (ferida por arma de fogo) e FAB (ferida por arma
branca)
FAB
FAV
Lesões com risco de vidaPrioridades no traumatismo torácico
A) Pneumotórax hipertensivo
B) Pneumotórax aberto
C) Hemotórax traumático
D) Tórax instável
E) Trauma cardíaco fechadi
F) Tamponamento cardíaco
Trauma de tórax
Ocorre quando o espaço pleural virtual passa a ter pressão elevada pelo aumento rápido do ar coletado na cavidade pleural
pressão compressão e deslocamento das estruturas mediastinais para o lado oposto
A) Pneumotórax hipertensivo
Alterações que devem ser registradas durante a evolução clinica inicial
C) Feridas na parede torácica e no pescoço
A) Evidênciade dificuldade respiratória
B) Jugulares ingurgitadas
D) Dor a palpação da parede torácica
E) Diminuição do movimento
da parede torácica F) Movimento paradóxico
da parede torácica
G) Enfisema subcutâneo H) Pulsos carotídeos e braquiais diminuídos
Abertura na parede torácica, que permite entrada e saída
livre de ar da cavidade torácica a cada respiração
B) Pneumotórax Aberto
Presença de sangue no espaço pleural, como resultado do trauma penetrante ou fechado.
C) Hemotórax
Causas: lesão de grandes vasos e cavidades cardíacas, fratura de costelas com lesão de vasos intercostais;
As manifestações clínicas estão diretamente ligadas ao volume de sangue perdido e o tempo de sangramento.
Tratamento é lento: drenagem torácica
Evolução rápida do hemotórax: toracotomia
Atentar para: sangramento > 1500ml em menos de 1 hora; sangramento > 300 ml nas primeiras 3 a 4 horas pós drenagem pleural
Suspeita de lesão da aorta torácica
Manter permeabilidade das VA.Aspirar secreções S/N.
Monitorar oximetria de pulso.Instalar máscara de oxigênio.
Verificar SSVV.Observar (avaliar) padrão respiratório.
Realizar ausculta pulmonar.
Cuidados gerais
Puncionar acesso venoso calibroso.Passar sonda nasogástrica.
Manter grades elevadas.Realizar cateterismo vesical.
Verificar se o dreno está funcionando. (inspira - sobe, e na expira - desce)
Realizar curativo compressivo c/ SF, 1 x ao dia, no local da inserção.
Cuidados gerais
Dreno de tórax
Trocar selo d água 1 x ao dia.Anotar aspecto e quantidade de drenagem.
Manter sempre o frasco de drenagem abaixo do nível do tórax.
Clampear o dreno sempre que for mobilizar o paciente.
Cuidar para não tracionar o dreno.Ensinar o paciente os cuidados com o dreno.
Dreno de tórax
D) Tórax Flácido/Instável
A parede torácica se torna instável como resultado de: fraturas no esterno, na cartilagem que une as costelas ao esterno e ou nas costelas.
SINAIS E SINTOMAS DO TÓRAX INSTÁVEL
1.Falta de ar 2.Respiração Paradoxal
3.Edema na região lesionada4.Sinais de choque
5.Aumento da resistência da vias aéreas6.A vítima tenta sustentar a parede
torácica com os braços e as mãos.
Lembrar que no tórax flácido (devido as fraturas), a parede torácica torna-se flutuante. Quando a vítima inspira, a área não se expande; quando ela expira a porção flácida se contrai – um padrão denominado “respiração paradoxal”.
Atendimento de Emergência do Tórax Flácido
Desobstrua as vias aéreas e administre respiração artificial se necessário.
Faça palpação delicada para localizar as bordas da porção flácida, estabilize com curativos.
Coloque a vítima, com a porção flácida sobre um apoio externo, em uma posição semi-sentada ou deitada sobre o lado lesionado; monitore sinais vitais e cuide do choque.
Fraturas de costelas
As fraturas de costelas em si não são fatais, elas podem causar lesões que o sejam, como lesões no coração, pulmões ou nos grandes vasos sanguíneos.
Sinais e sintomas: Dor no local da fratura (dor ao movimento, tossir,
respirar profundamente); Deformidade do tórax Respiração superficial e descoordenada Equimoses e lacerações no local Sangue espumoso no nariz ou na boca (indicando
laceração do pulmão)
Fraturas de costelas
TRATAMENTO: geralmente é a intubação/ventilação mecânica até estabilização aparente da parede torácica
Analgesia
Estabilização cirúrgica
E) Trauma cardíaco fechado/ contusão miocárdica-TCF
Acidentes automobilísticos são responsáveis por 80 a 90% dos TCF
IMPORTANTE- identificação precoce do TCF- dor torácica, arritmia cardíaca e instabilidade hemodinâmica são sinais de alerta.
Atentar para ...
Dor pode ser semelhante a angina e não aliviar com nitratos
Dispnéia Taquicardia Arritmia Distensão das veias jugulares Pulso paradoxal Hipotensão com aumento da pressão venosa Marcas do volante no tórax
TCF
Encaminhar para...
RX tórax Eletrocardiograma (arritmias: alterações
inespecíficas do segmento ST ou da onda T) Enzimas cardíacas (CPK)
Atentar para...
TCF hemodinamicamente estáveis: ECG normal devem ser observados por 6 horas.
TCF hemodinamicamente instáveis: 24 a 48 horas de observação devendo ser transferidos para a UTI.
F) Tamponamento cardíaco
Ocorre quando há sangramento para a cavidade pericárdica e este interfere no como enchimento e o débito cardíaco
pressão venosa (turgência de veias jugulares)/hipotensão arterial e abafamento de bulhas cardíacas- Tríade de Beck
Tratamento cirúrgico ou pericardiocentese na fase do atendimento inicial
No momento do ingresso deve-se obter os seguintes exames
A) Hematócrito /hemoglobina/ tipagem
B) Radiografia de tórax
C) Gasometria - sangue arterial
D) ECG
Todo paciente com trauma torácico desenvolve alterações em relação ventilação-perfusão
(V/Q) conseqüência hipoxemia. Administrar oxigênio utilizando cânula nasal
ou máscara. Alguns requerem intubação para
ventilação mecânica.
Importante!!!
“Se a vítima apresentar alteração no padrão respiratório normal ou aumento da freqüência respiratória (ex: FR > 24 rpm), sentir dor ou
dificuldade em respirar profundamente, o tórax provavelmente está lesionado”.
IMPORTANTE
Trauma Abdominal
Avaliação
A. Anamnese
- Tipo de colisão, assento, dispositivos de restrição
- Condições clínicas no pré -hospitalar
- Tipo de arma, número de projéteis
B. Exame físico
a. Inspeção
- avaliar presença de contusões, lacerações, feridas penetrantes, corpos estranhos, eviscerações
Exame Físico
Exame Físico
b. Ausculta
- ruídos+timpânico
c. Percussão
- peritonite
d. Palpação
- defesa voluntária x involuntária
- descompressão brusca
- útero gravídico
Exame Físico
e. Avaliação de ferimentos penetrantes
- exploração local
f. Avaliação de ferimentos por arma branca
- exploração local
Exame Físico
g. Avaliação da estabilidade pélvica
- compressão das cristas ilíacas
h. Exame do pênis, períneo e reto
- uretrorragia
- contuso: tônus esfincteriano e posição da próstata
- penetrante: tônus esfincteriano e presença de sangue
Exame Físico
Exame Físico
i. Exame da região glútea
- Lesões abdominais associadas em 50 % dos casos
- reto, grandes vasos, lesões extensas de partes moles
Exame Físico
C. Sondagensa. Sonda gástrica
- objetivos: descomprimir o estômago, permitir a realização de um lavado peritoneal e reduzir os riscos de aspiração
- Contra-Indicação: suspeita de fratura de base de crânio
Avaliação
Fratura de base de crânio:
Sinal do guaxinim (equimoze bipalpebral);
Otorragia;
Sinal de Battle ( equimoze retroauricular).
Avaliação
Importante e Nunca esquecer
Avaliação
Avaliação
b. Sonda vesical
- Objetivos: aliviar a retenção, permitir a realização de um lavado peritoneal, medir o débito urinário
- Contra-Indicação: lesão uretral
Avaliação
D. Coleta de exames
E. Exames radiológicos
F. Exames especiais no trauma fechadoLavado peritoneal diagnóstico
- rápido, invasivo, sensibilidade - 98% - indicações: trauma multissistêmico,
hemodinamicamente instável, modificações no estado de consciência / sensibilidade, lesões de estruturas adjacentes, achados duvidosos ao exame físico, perda de contato com o doente
Avaliação
Exames Especiais
Lavado peritoneal
Identificadas as suspeitas/lesões...
O QUE EU FAÇO????????????????
Exames Especiais
Preparar material (abocath, SF, equipo)
Explicar o procedimento...
Realizar SVD e SNG.
Colocar o paciente em posição supina.
Realizar anti-sepsia abdominal.
Exames Especiais
A punção e a lavagem ajudam a detectar hemorragias intra-abdominais.
O líquido peritonial normal é de aspecto amarelo claro.
Sangue grosso, bile, urina ou material fecal indicam lesão com necessidade de cirurgia.
Se não aparecer nenhum material, citado, o médico poderá fazer a lavagem infundindo 1 litro de SF.
Exames Especiais
O paciente deve ser cuidadosamente inclinado de um lado para o outro.
Um coletor colocado em nível mais baixo que o abdome coleta o líquido por drenagem gravitacional.
Exames Especiais
- Contra-Indicação: indicação de laparotomia
- Contra-Indicação relativas: obesidade mórbida, cirrose avançada, cirurgias abdominais prévias, coagulopatias
Exames Especiais
USG ( “FAST” )- rápido, não-invasivo, baixo-custo,
- Indicações:- Hemoperitônio: espaço hepatorrenal, esplenorrenal e
pelve
Exames Especiais
TC - demorado, uso de contraste, requer
transferência - avalia a presença e extensão de lesões
intraperitoneais, retroperitoneais e pélvicas - Contra-Indicações: falta de colaboração do
paciente, alergia aos contrastes
Exames Especiais