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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA
ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS, CLÍNICOS E LESÕES VESICAIS NA INTOXICAÇÃO CRÔNICA
ESPONTÂNEA POR Pteridium aquilinum EM BOVINOS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Adriane Loy Gabriel
Santa Maria, RS, Brasil 2008
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ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS, CLÍNICOS E LESÕES
VESICAIS NA INTOXICAÇÃO CRÔNICA ESPONTÂNEA
POR Pteridium aquilinum EM BOVINOS
por
Adriane Loy Gabriel
Dissertação apresentada ao curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária, Área de Concentração em
Patologia Veterinária, da Universidade Federal de santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Medicina Veterinária
Orientadora: Profª. Glaucia Denise Kommers
Santa Maria, RS, Brasil
2008
Gabriel, Adriane Loy, 1982-
G118a
Aspectos epidemiológicos, clínicos e lesões
vesicais na intoxicação crônica espontânea por Pteridum aquilinum em bovinos / por Adriane Loy Gabriel ; orientador Gláucia Denise Kommers. - Santa Maria, 2008. 104 f. ; il. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Santa Maria, Centro de Ciências Rurais, Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária, RS, 2008.
1. Medicina veterinária 2. Doença de bovinos 3. Plantas tóxicas 4. Pteridum aquilinum 5. Hematúria enzoótica bovina 6. Carcinoma de células escamosas do trato digestório 7. Patologia veterinária I. Kommers, Glaucia Denise, orient. II. Título
CDU: 619:636.2
Ficha catalográfica elaborada por Luiz Marchiotti Fernandes – CRB 10/1160 Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Rurais/UFSM C 2008 Todos os direitos autorais reservados a Adriane Loy Gabriel. A reprodução de partes ou do todo deste trabalho só poderá ser feita com autorização por escrito do autor. Endereço: caixa postal 40, São Vicente do Sul, RS, 97420-000 Endereço eletrônico: drica.vet@hotmail.com
Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Ciências Rurais Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária
A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova a Dissertação de Mestrado
ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS, CLÍNICOS E LESÕES VESICAIS NA INTOXICAÇÃO CRÔNICA ESPONTÂNEA POR Pteridium aquilinum
EM BOVINOS
elaborada por Adriane Loy Gabriel
como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Medicina Veterinária
COMISSÃO EXAMINADORA:
Glaucia Denise Kommers, PhD (UFSM) (Presidente/Orientadora)
Claudio Severo Lombardo de Barros, PhD (UFSM)
David Driemeier, Dr. (UFRGS)
Santa Maria, 16 de dezembro de 2008
RESUMO
Dissertação de Mestrado Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária
Universidade Federal de Santa Maria
ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS, CLÍNICOS E LESÕES VESICAIS NA INTOXICAÇÃO CRÔNICA ESPONTÂNEA POR Pteridium aquilinum EM BOVINOS
AUTORA: ADRIANE LOY GABRIEL ORIENTADORA: GLAUCIA DENISE KOMMERS
Data e local da defesa: Santa Maria, 16 de dezembro de 2008. Foram estudados casos espontâneos de intoxicação crônica por samambaia em bovinos nas formas clinicopatológicas de carcinoma de células escamosas (CCE) no trato alimentar superior (TAS) e de hematúria enzoótica bovina (HEB), provenientes da Mesorregião Centro Ocidental do Rio-Grandense e encaminhados ao Laboratório de Patologia Veterinária (LPV) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Para o estudo epidemiológico, foi avaliado o perfil das propriedades quanto à finalidade da criação, principal atividade da propriedade, altitude e área de infestação pela planta. Quanto a esses parâmetros, as propriedades com uma ou outra forma de intoxicação crônica não apresentaram diferenças. Foi determinado o perfil dos bovinos afetados quanto à idade, sexo e raça. Os mais afetados por ambas as formas clínicas foram fêmeas de raça mista (predominante na região). Na HEB houve predomínio de bovinos adultos (três a sete anos) e a forma de CCEs no TAS afetou mais bovinos idosos (mais de oito anos). Para o estudo clínico foram avaliados os sinais clínicos de bovinos com CCEs no TAS e com HEB e realizados hemogramas na fase terminal da doença. Os principais sinais clínicos nos bovinos com CCEs no TAS foram emagrecimento progressivo, atonia ruminal, tosse, disfagia, timpanismo, regurgitação e hematúria, vista em um caso. Nos bovinos com HEB, hematúria foi o principal sinal, observado em todos os casos, seguido de emagrecimento progressivo. No exame hematológico, 33,33% dos bovinos com CCEs no TAS e 66,67% dos bovinos com HEB apresentaram anemia arregenerativa. Alterações no leucograma ocorreram em alguns casos, mas linfopenia foi um achado infreqüente em ambas as formas de intoxicação. Para o estudo morfológico, foram avaliadas as bexigas de 46 casos de CCEs no TAS e de 11 casos de HEB. Macroscopicamente, 16/46 bexigas dos casos de CCEs no TAS apresentaram alterações macroscópicas, que foram nódulos vermelhos ou pálidos, hemorragia e papilomas; urina vermelha foi observada em três casos. Nos casos de HEB, os achados macroscópicos vesicais foram nódulos vermelhos, massas neoplásicas focalmente extensas, urina vermelha, papilomas, hemorragias e ruptura de bexiga; pielonefrite e hidronefrose foram observados em poucos casos. Histologicamente, 44/46 (95,65%) bexigas de bovinos com CCEs no TAS apresentaram 22 tipos diferentes de alterações morfológicas, que foram classificadas em alterações neoplásicas (5/22) e alterações não-neoplásicas (17/22), as quais foram divididas em alterações epiteliais não-neoplásicas (6/17), alterações gerais na lâmina própria (6/22) e alterações inflamatórias (5/17). Os achados histológicos das bexigas dos casos de HEB foram classificados da mesma forma, resultando em 19 tipos diferentes de alterações morfológicas. Dessas, 5/19 eram alterações neoplásicas e 14/19, alterações não-neoplásicas (9/14 alterações epiteliais não neoplásicas, 3/14 alterações gerais na lâmina própria e 2/14 alterações inflamatórias). Na HEB, os neoplasmas mesenquimais foram mais observados que os epiteliais, e a maior parte era maligno. A técnica de imuno-histoquímica foi utilizada para caracterizar os aspectos morfológicos, principalmente dos neoplasmas. Através do estudo morfológico concluiu-se que é muito freqüente a ocorrência de lesões vesicais em bovinos com a forma crônica de CCEs no TAS e que essas são idênticas às encontradas nos bovinos com HEB. Palavras-chave: doenças de bovinos; plantas tóxicas; Pteridium aquilinum; hematuria enzoótica bovina; carcinoma de células escamosas do trato digestório; patologia veterinária.
ABSTRACT
MS Dissertation Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária
Universidade Federal de Santa Maria
EPIDEMIOLOGICAL AND CLINICAL ASPECTS AND URINARY BLADDER LESIONS IN SPONTANEOUS CHRONIC POISONING BY Pteridium aquilinum IN
CATTLE AUTHOR: ADRIANE LOY GABRIEL
ADVISER: GLAUCIA DENISE KOMMERS Santa Maria, December 16, 2008
Spontaneous cases of chronic poisoning by Pteridium aquilinum in cattle were studied. The clinical forms of the disease were squamous cell carcinoma (SCCs) of the upper digestive tract (UDT) and bovine enzootic hematuria (BEH). The cases were from the midland Region of the Midwest of Rio Grande do Sul State, Brazil. For the epidemiological study, the profile of the farms was analyzed about herd purpose, main activity of the farm, altitude, and area of plant infestation. No differences were observed among the clinical forms, according to these criteria. Analysis of the ager, gender, and breed of the affected cattle revealed that, in both clinical forms of disease, mixed breed cows (more common in that region) were more affected. In BEH, adult cattle (3-to-7-years-old) were more frequently affected. In the form of UDT SCCs, aged cattle (more than 8-years-old) were more affected. For the clinical study, clinical signs and blood work were evaluated at terminal phase of disease. Cattle with UDT SCCs, had progressive weigth loss, ruminal atony, cough, dysphagia, bloating, and regurgitation. Hematuria was clinically observed in one case of this disease form. In cattle with BEH, hematuria was observed in all cases, followed by progresive weigth loss. Non-regenerative anemia was detected in 33.33% in UDT SCCs form and in 66.66% of BEH form. Changes in white blood count occurred in some cases but drop in lymphocytes was uncommon in both forms of disease. For the morfological study, urinary bladders of 46 UDT SCCs cases and 11 BEH cases were analyzed. Grossly, 16/46 bladders of the UDT SCCs form had gross lesions (vesical red or pale nodules, hemorrhages, and papilomas; red urine in the three cases). In BEH form, the bladder had nodules, large neoplastic masses, red urine, papilomas, and hemorrhages. Pielonephritis and hidronephosis were seen in a few cases. Microscopically, in the UDT SCCs form, 44/46 (95.65%) bladders had 22 different types of morphological changes, caracterized by neoplastic lesions (5/22) and non-neoplastic lesions (17/22), which were subdivided in non-neoplastic epithelial changes (6/17), general changes of the lamina propria (6/17), and inflammatory changes (5/17). The bladder changes in BEH form were of 19 different types, caracterized by neoplastic lesions (5/19) and non-neoplastic lesions (14/19), which were subdivided in non-neoplastic epitelial changes (9/14), general changes of the lamina propria (3/14), and inflammatory changes (2/14). In BEH, mesenchymal neoplasms were more observed than epithelial ones, and most of them were malignant. Immunohistochemistry was utilized to characterize the histogenesis of poorly differentiated neoplasms. In conclusion, the morfological study showed that urinary bladder lesions are very often in cattle with the UDT SCCs form, and were identical to the ones seen in cattle with BEH. Key-words: diseases of cattle; toxic plants; Pteridium aquilinum; bovine enzootic hematuria; squamous cell carcinomas of the digestive system; veterinary pathology.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Esfregaço sanguíneo; Bovino 76; forma clínica de carcinoma de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Grande quantidade de neutrófilos no esfregaço sanguíneo deste bovino que apresentou leucocitose por neutrofilia. Este mesmo animal estava anêmico e não foram observados sinais indicativos de regeneração medular. Panótico rápido (Obj. 20X) ......................................................................................................54 FIGURA 2 - Hemangioma; bexiga; Bovino 74; forma clínica de carcinoma de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Nódulo vermelho-escuro, único, na mucosa vesical (peça fixada). ...................................................................................................54 FIGURA 3 - Hemangiomas; bexiga; Bovino 76; forma clínica de carcinoma de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Nódulos vermelhos, múltiplos e de tamanhos variados e hemorragias multifocais na mucosa. Há urina com sangue na luz vesical...................................................................................................................................................54 FIGURA 4 - Hemangiomas; bexiga; Bovino 76; forma clínica de carcinoma de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Magnificação da Figura 3. Nódulos vermelhos de 0,2 e 0,5 cm de diâmetro. ...................................................................................54 FIGURA 5 - Hemorragia; bexiga; Bovino 73; forma clínica de carcinoma de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Hemorragias leves e multifocais na mucosa vesical. .........................................................................................................................55 FIGURA 6 - Carcinoma de células de transição; bexiga; Bovino 73; forma clínica de carcinoma de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Nódulos discretos, branco-amarelados, múltiplos e de tamanhos variados na mucosa vesical (setas)...................55 FIGURA 7 - Papiloma; bexiga; Bovino 67; forma clínica de carcinoma de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Papilomas multifocais na mucosa vesical (peça fixada).......................................................................................................................................55 FIGURA 8 - Papiloma; bexiga; Bovino 30; forma clínica de carcinoma de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Papiloma na mucosa vesical (peça fixada). .........55 FIGURA 9 - Urina vermelha; bexiga; Bovino 76; forma clínica de carcinoma de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Grande quantidade de urina vermelho-escura na bexiga. Observam-se também nódulos e hemorragias na mucosa vesical. ..............56 FIGURA 10 - Urina vermelha; bexiga; Bovino 73; forma clínica de carcinoma de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Urina vermelho-escura na bexiga sendo retirada com uma seringa..........................................................................................................56 FIGURA 11 - Urina vermelha pós-centrifugação; Bovino 76; forma clínica de carcinoma de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Observa-se grande quantidade de sedimento vermelho-escuro no fundo do tubo de ensaio (microscopicamente esse sedimento corresponde a eritrócitos). Há também marcado avermelhamento do sobrenadante devido à hemólise pelo tempo transcorrido entre morte e coleta. ............................................56
FIGURA 12 - Carcinoma de células escamosas (CCE); trato alimentar superior (TAS); Bovino 40; forma clínica de CCEs no TAS. Úlcera focalmente extensa na orofaringe. Bolo alimentar impactado caudalmente a epiglote............................................................................57 FIGURA 13 - Carcinoma de células escamosas (CCE); trato alimentar superior (TAS); Bovino 40; forma clínica de CCEs no TAS. Na superfície de corte da orofaringe há uma extensa área de necrose. Observam-se ainda papilomas na orofaringe e pequenas áreas ulceradas na epiglote. ...............................................................................................................57 FIGURA 14 - Estroma mixóide/carcinoma de células de transição/hemangioma; bexiga; Bovino 40; forma clínica de carcinoma de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Nódulos pálidos e pequenos nódulos vermelhos multifocais na mucosa vesical. ......................................................................................................................................57 FIGURA 15 - Hemangioma; bexiga; Bovino 36; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Há um nódulo vermelho na mucosa e um coágulo de sangue na luz vesical. .............58 FIGURA 16 - Hemangiossarcoma; bexiga; Bovino 68; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Massa tumoral exofítica de 20 x 28 cm de superfície irregular, branco-amarelada com áreas vermelhas, localizada na região do trígono da bexiga. ..........................58 FIGURA 17 - Carcinoma de células escamosas; bexiga; Bovino 5; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Massa tumoral exofítica de superfície irregular e amarela que se estende para a luz vesical. Há conteúdo necrótico sobre a massa tumoral e na luz da bexiga. 58 FIGURA 18 - Carcinoma de células de transição; bexiga; Bovino 78; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Massa tumoral endofítica, com a superfície extensamente ulcerada, recoberta por fibrina, localizada no trígono da bexiga. Há úlceras menores localizadas no corpo da bexiga. ................................................................................................58 FIGURA 19 - Hemangiossarcoma; bexiga; Bovino 63; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). A luz vesical está preenchida por uma massa exofítica amarela e necrótica (peça fixada). ............................................................................................................................59 FIGURA 20 - Metástase de hemangiossarcoma; linfonodo da cavidade pélvica; Bovino 63; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Observam-se áreas branco-amareladas extensas que obliteram parcialmente a arquitetura nodal de um linfonodo da cavidade pélvica (peça fixada). ............................................................................................................................59 FIGURA 21 - Cistite polipóide; bexiga; Bovino 68; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Há projeções multifocais, alongadas e de consistência gelatinosa na mucosa vesical. ......................................................................................................................................60 FIGURA 22 - Cistite polipóide/hemangiossarcoma; bexiga; Bovino 68; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Observam-se as mesmas projeções da Figura 21, adjacentes ao hemangiossarcoma (peça fixada). ......................................................................60 FIGURA 23 - Hidronefrose e hidroureter; bexiga, ureteres e rins; Bovino 68; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). A bexiga está repleta de urina e os ureteres estão acentuada e difusamente dilatados. Note aumento de volume que se projeta por sobre a uretra...................................................................................................................................................61 FIGURA 24 - Hidronefrose; rim; Bovino 63; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Os cálices renais estão multifocalmente dilatados.......................................................61 FIGURA 25 - Hidronefrose; rim; Bovino 78; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Cálices acentuadamente dilatados com atrofia da região medular renal. ....................61 FIGURA 26 - Pielonefrite; rim; Bovino 78; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). A cápsula renal está espessada e aderida. Há exsudato purulento sobre a superfície capsular do rim. ........................................................................................................................62 FIGURA 27 - Pielonefrite; rim; Bovino 78; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Na superfície capsular observam-se áreas multifocais ou coalescentes branco-amareladas. ...............................................................................................................................62
FIGURA 28 - Pielonefrite/hidronefrose; rim; Bovino 78; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Ao corte, o rim está repleto de líquido branco-amarelado e turvo (pus). Observam-se áreas branco-amareladas na cortical. ..................................................................62 FIGURA 29 - Carcinoma de células de transição; bexiga; Bovino 78; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Pressionando-se o ureter correspondente ao rim da Figura 28, o líquido turvo fluía, misturando-se ao conteúdo sanguinolento da luz vesical.................62 FIGURA 30 - Urina vermelha (bexiga)/urina turva (rim); Bovino 78; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Observa-se a urina vermelha contida na luz vesical e a urina turva contida no rim (com pielonefrite) nos tubos de ensaio. .........................................62 FIGURA 31 - Urina turva pós-centrifugação; Bovino 78; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Após a centrifugação da urina, observou-se a formação de grande quantidade de sedimento amarelado-acinzentado. ...................................................................62 FIGURA 32 - Sedimento urinário; Bovino 78; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Através do exame do sedimento urinário observado na figura 31, evidencia-se grande quantidade de neutrófilos degenerados (indicativo de piúria) e células epiteliais descamadas. Note que algumas células epiteliais são alongadas (setas), um aspecto morfológico típico de células da pelve renal (Obj. 40X). ............................................................................................62 FIGURA 33 - Fibroma; bexiga; Bovino 6; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Há proliferação de células fusiformes em feixes dispostos em várias direções formando um nódulo discreto na lâmina própria delimitado por cápsula delicada. Hematoxilina-eosina (Obj. 4X). ...................................................................63 FIGURA 34 - Hemangioma cavernoso; bexiga; Bovino 76; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Há proliferação de células endoteliais neoplásicas formando numerosos espaços vasculares repletos de eritrócitos na lâmina própria. Hematoxilina-eosina (Obj. 10X).....................................................................63 FIGURA 35 - Hemangioma cavernoso; bexiga; Bovino 76; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Magnificação da Figura 34. Observam-se células endoteliais neoplásicas bem diferenciadas, revestindo os espaços vasculares separados por septos conjuntivos. Hematoxilina-eosina (Obj. 20X)......................63 FIGURA 36 - Papiloma; bexiga; Bovino 30; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Papiloma na bexiga. Hematoxilina-eosina. Aspecto submacroscópico. ...........................................................................................63 FIGURA 37 - Papiloma; bexiga; Bovino 30; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Proliferação de células epiteliais bem diferenciadas formando projeções arranjadas sobre um delicado estroma fibrovascular. Hematoxilina-eosina (Obj. 4X). ...............................................................................................63 FIGURA 38 - Papiloma; bexiga; Bovino 30; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Magnificação de uma das projeções observadas na Figura 37. As células proliferadas são muito semelhantes às células do epitélio de transição (urotélio) normal. Hematoxilina-eosina (Obj. 40X).............................................63 FIGURA 39 - Hemangiossarcoma; bexiga; Bovino 67; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Proliferação de células endoteliais moderadamente diferenciadas formando projeções para o interior dos vasos neoplásicos. Hematoxilina-eosina (Obj. 20X). .............................................................................................64 FIGURA 40 - Carcinoma de células de transição (CCT) tipo não-papilífero e infiltrativo; bexiga; Bovino 73; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Proliferação de células epiteliais neoplásicas, as quais invadem a lâmina própria subjacente. Há edema acentuado e infiltrado linfoistioplasmocítico na lâmina própria. Hematoxilina-eosina (Obj. 10X).................................................................................64
FIGURA 41 - Carcinoma de células de transição (CCT) tipo não-papilífero e infiltrativo; bexiga; Bovino 73; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Magnificação da Figura 40. Células neoplásicas acentuadamente pleomórficas, com núcleos grandes ou pequenos, de formas variadas com um ou dois nucléolos evidentes e citoplasma eosinofílico abundante, às vezes vacuolizado. Hematoxilina-eosina (Obj. 40X). ....................................................................................................................64 FIGURA 42 - Displasia; bexiga; Bovino 75; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Há aumento do número de camadas e perda da orientação das células uroteliais, com vacuolização citoplasmática em algumas delas e núcleos de tamanhos e padrões de cromatina diferentes. Hematoxilina-eosina (Obj. 20X). 64 FIGURA 43 - Bexiga controle; Bovino 95. Epitélio de transição sem alteração, para comparação com as Figuras 42 e 44. Hematoxilina-eosina (Obj. 40X). ..................................64 FIGURA 44 - Vacúolos intraepiteliais; bexiga; Bovino 73; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Há numerosos vacúolos no epitélio de transição. Hematoxilina-eosina (Obj. 40X). ...........................................................64 FIGURA 45 - Ninhos de Brunn; bexiga; Bovino 62; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Proliferação de células epiteliais formando ninhos na lâmina própria. Hematoxilina-eosina (Obj. 20X)....................................65 FIGURA 46 - Ninhos de Brunn; bexiga; Bovino 62; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Magnificação da Figura 45. As células epiteliais são muito semelhantes às células do urotélio normal. Hematoxilina-eosina (Obj. 40X). .........................................................................................................................................65 FIGURA 47 - Ninhos de Brunn; bexiga; Bovino 40; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Formação de ninhos de Brunn na lâmina própria. Há edema acentuado e infiltrado inflamatório linfoplasmocítico moderado. Hematoxilina-eosina (Obj. 20X). .............................................................................................65 FIGURA 48 - Hiperplasia; bexiga; Bovino 62; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Observa-se um maior número de camadas de células no epitélio de transição (entre 15-20 camadas). Hematoxilina-eosina (Obj. 20X). .........................................................................................................................................65 FIGURA 49 - Cistite cística; bexiga; Bovino 73; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Proliferação de células epiteliais formando cistos, contendo material amorfo eosinofílico intraluminal. Observam-se ainda ninhos de Brunn na lâmina própria (setas). Hematoxilina-eosina (Obj. 10X). ........................65 FIGURA 50 - Cistite cística; bexiga; Bovino 40; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). A parede do cisto é formada por duas a três camadas de células epiteliais achatadas e contém material eosinofílico amorfo intraluminal. Hematoxilina-eosina (Obj. 40X).........................................................................65 FIGURA 51 - Cistite cística; bexiga; Bovino 40; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Os cistos contém material fortemente PAS-positivo intraluminal. Técnica do PAS (Obj. 20X). ........................................................66 FIGURA 52 - Dilatação de vasos linfáticos; bexiga; Bovino 74; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Observa-se acentuada dilatação de um vaso linfático na lâmina própria. Hematoxilina-eosina (Obj. 10X). ..............66 FIGURA 53 - Tumefação de células endoteliais; bexiga; Bovino 22; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). As células endoteliais de vasos da lâmina própria estão marcadamente tumefeitas. Hematoxilina-eosina (Obj. 40X).................................................................................................................................66
FIGURA 54 - Hemorragia; bexiga; Bovino 76; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Há hemorragia acentuada na lâmina própria. Observa-se diapedese de eritrócitos pelo urotélio. Hematoxilina-eosina (Obj. 20X). 66 FIGURA 55 - Estroma mixóide; bexiga; Bovino 41; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Estroma mixóide azul alciano-positivo observado na lâmina própria da bexiga. Técnica do azul alciano. Aspecto submacroscópico.66 FIGURA 56 - Estroma mixóide; bexiga; Bovino 41; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Há proliferação de células fusiformes ou estreladas arranjadas frouxamente e envoltas por matriz eosinofílica, formando um nódulo bem delimitado na lâmina própria. Hematoxilina-eosina (Obj. 4X). .......................................67 FIGURA 57 - Estroma mixóide; bexiga; Bovino 41; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). A matriz que envolve as células é fortemente azul alciano-positivo. Técnica do azul alciano (Obj. 4X). .....................................67 FIGURA 58 - Infiltrado linfoistioplasmocítico; bexiga; Bovino 62; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Há acentuado infiltrado inflamatório, composto por linfócitos, plasmócitos e histiócitos na lâmina própria. Hematoxilina-eosina (Obj. 20X). .............................................................................................67 FIGURA 59 - Folículos linfóides; bexiga; Bovino 76; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Observam-se agregados de linfócitos, plasmócitos e histiócitos organizados, formando folículos linfóides na lâmina própria. Hematoxilina-eosina (Obj. 20X). .............................................................................................67 FIGURA 60 - Cistite fibrinossupurativa; bexiga; Bovino 74; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Há necrose do epitélio de transição, acúmulo de fibrina, infiltrado neutrofílico acentuado e agregados bacterianos basofílicos intralesionais. Hematoxilina-eosina (Obj. 10X).....................................................67 FIGURA 61 - Hemangioma capilar; bexiga; Bovino 4; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Proliferação de células endoteliais neoplásicas bem diferenciadas que formam espaços vasculares irregulares, às vezes contendo eritrócitos, separados por um fino estroma conjuntivo. Hematoxilina-eosina (Obj. 4X). ............................................................................67 FIGURA 62 - Hemangiossarcoma; bexiga; Bovino 64; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Há proliferação de células endoteliais formando projeções para o interior dos espaços vasculares neoplásicos. As células neoplásicas têm núcleos grandes redondos ou ovais com cromatina periférica e um ou dois nucléolos evidentes e citoplasma eosinofílico com limites citoplasmáticos indistintos. Hematoxilina-eosina (Obj. 40X). .............................68 FIGURA 63 - Carcinoma de células escamosas; bexiga; Bovino 5; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Proliferação de ceratinócitos neoplásicos formando ilhas com ceratinização lamelar concêntrica central (pérolas de ceratina). Hematoxilina-eosina (Obj. 20X). .........................................................................................................................................68 FIGURA 64 - Carcinoma de células de transição tipo não-papilífero e infiltrativo; bexiga; Bovino 78; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Proliferação de células neoplásicas formando ninhos, fitas, cordões e pequenos agregados que invadem a submucosa. Há moderada reação desmoplásica entre as células neoplásicas. Hematoxilina-eosina (Obj. 20X). .........................................................................................................................................68 FIGURA 65 - Carcinoma de células de transição tipo não-papilífero e infiltrativo; bexiga; Bovino 78; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Observam-se células neoplásicas no interior de um vaso linfático da submucosa. Hematoxilina-eosina (Obj. 20X)...................................................................................................................................................68 FIGURA 66 - Metástase de carcinoma de células de transição tipo não-papilífero e infiltrativo; linfonodo renal; Bovino 78; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB).
Há células epiteliais neoplásicas nos seios trabeculares do linfonodo. As células neoplásicas são acentuadamente pleomórficas e observam-se mitoses. Hematoxilina-eosina (Obj. 40X) .68 FIGURA 67 - Hemangiossarcoma; bexiga; Bovino 4; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Proliferação de células endoteliais neoplásicas na lâmina própria formando espaços vasculares contendo poucos eritrócitos e áreas sólidas. Há ainda vacuolização do epitélio de transição. Hematoxilina-eosina (Obj. 10X). ...........................................................68 FIGURA 68 - Hemangiossarcoma pouco diferenciado; bexiga; Bovino 63; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Proliferação de células neoplásicas altamente pleomórficas. Os núcleos têm tamanhos e formatos variados com cromatina frouxa e nucléolos pouco evidentes. O citoplasma é eosinofílico e escasso, com limites citoplasmáticos indistintos. Observa-se uma mitose (seta). Hematoxilina-eosina (Obj. 40X). .........................69 FIGURA 69 - Metástase de hemangiossarcoma pouco diferenciado; linfonodo da cavidade pélvica; Bovino 63; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Proliferação de células neoplásicas nos seios subcapsulares do linfonodo. Hematoxilina-eosina (Obj. 20X). 69 FIGURA 70 - Vacúolos intraepiteliais; bexiga; Bovino 4; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Há vacúolos no epitélio de transição. Hematoxilina-eosina (Obj. 40X). .........................................................................................................................................69 FIGURA 71 - Cistite polipóide; bexiga; Bovino 68; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Observam-se projeções recobertas por epitélio de transição, com edema acentuado na lâmina própria. Hematoxilina-eosina. Aspecto submacroscópico......................69 FIGURA 72 - Cistite glandular; bexiga; Bovino 78; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Proliferação de células epiteliais formando estruturas glandulares na lâmina própria. Hematoxilina-eosina (Obj. 10X).................................................................................69 FIGURA 73 - Cistite glandular; bexiga; Bovino 78; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Magnificação da Figura 72. As células epiteliais contém no citoplasma vacúolos repletos de um conteúdo fracamente basofílico. Hematoxilina-eosina (Obj. 40X). .69 FIGURA 74 - Cistite glandular; bexiga; Bovino 78; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). O material fracamente basofílico, observado no citoplasma das células epiteliais da FIGURA 73, apresenta-se fortemente azul alciano-positivo. Técnica do azul alciano (Obj. 10X). ...................................................................................................................70 FIGURA 75 - Cistite glandular; bexiga; Bovino 78; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). O material observado nos vacúolos das células epiteliais proliferadas é fortemente PAS-positivo. Técnica do PAS (Obj. 40X)............................................................70 FIGURA 76 - Metaplasia escamosa; bexiga; Bovino 78; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Observa-se a proliferação de células do urotélio, as quais sofrem diferenciação escamosa à medida que se aproximam da luz vesical. Hematoxilina-eosina (Obj. 20X). .......70 FIGURA 77 - Pielonefrite; rim; Bovino 78; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Há acentuado infiltrado neutrofílico na luz tubular e no interstício renal, necrose tubular multifocal, espessamento da cápsula de Bowman e fibrose moderada. Hematoxilina-eosina (Obj. 10X). ....................................................................................................................70 FIGURA 78 - Pielonefrite; rim; Bovino 78; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Há infiltrado neutrofílico acentuado na luz tubular e fibrose intersticial. Hematoxilina-eosina (Obj. 20X). ....................................................................................................................70 FIGURA 79 - Papiloma; bexiga; Bovino 30; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Imuno-histoquímica, anticorpo anti-pancitoceratina bovina. Há forte imunomarcação das células epiteliais proliferadas. Método da estreptavidina-biotina-peroxidase (Obj. 40X). ....................................................................70 FIGURA 80 - Carcinoma de células escamosas; bexiga; Bovino 5; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Imuno-histoquímica, anticorpo anti-pancitoceratina bovina.
Observa-se forte imunomarcação das células neoplásicas. Método da estreptavidina-biotina-peroxidade (Obj. 20X)..............................................................................................................71 FIGURA 81 - Carcinoma de células de transição tipo não-papilífero e infiltrativo; bexiga; Bovino 40; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Imuno-histoquímica, anticorpo anti-pancitoceratina bovina. Moderada imunomarcação das células epiteliais neoplásicas na lâmina própria. Método da estreptavidina-biotina-peroxidase (Obj. 20X). .........................................................................71 FIGURA 82 - Carcinoma de células de transição tipo não-papilífero e infiltrativo; bexiga; Bovino 78; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Imuno-histoquímica, anticorpo anti-pancitoceratina bovina. Observam-se ninhos, fitas, pequenos agregados e células individuais fortemente imunomarcadas na submucosa. Método da estreptavidina-biotina-peroxidase (Obj. 20X)..................................................................................................71 FIGURA 83 - Ninhos de Brunn; bexiga; Bovino 40; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Imuno-histoquímica, anticorpo anti-pancitoceratina bovina. Observa-se imunomarcação das células epiteliais dos ninhos de Brunn e do epitélio de revestimento. Método da estreptavidina-biotina-peroxidase (Obj.20X).........72 FIGURA 84 - Ninhos de Brunn; bexiga; Bovino 40; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Imuno-histoquímica, anticorpo anti-pancitoceratina bovina. Magnificação da Figura 83. Método da estreptavidina-biotina-peroxidase (Obj. 40X). .............................................................................................................72 FIGURA 85 - Metaplasia escamosa; bexiga; Bovino 78; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Imuno-histoquímica, anticorpo anti-pancitoceratina bovina. Observa-se forte imunomarcação das células do urotélio. Método estreptavidina-biotina-peroxidase (Obj. 20X)...................................................................................................................................................72 FIGURA 86 - Cistite glandular; bexiga; Bovino 78; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Imuno-histoquímica, anticorpo anti-pancitoceratina bovina. Há forte imunomarcação das células epiteliais, com conteúdo intracitoplasmático fortemente azul alciano-positivo. Método da estreptavidina-biotina-peroxidase, contracorado com azul alciano e hematoxilina de Harris (Obj. 10X). .......................................................................................72 FIGURA 87 - Cistite glandular e carcinoma de células de transição (CCT) tipo não-papilífero e infiltrativo; bexiga; Bovino 78; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Imuno-histoquímica, anticorpo anti-pancitoceratina bovina. Há proliferação de células epiteliais bem diferenciadas formando estruturas semelhantes a glândulas, contendo material azul alciano-positivo intracitoplasmático (cistite glandular). Subjacente, observa-se a proliferação de células epiteliais neoplásicas, formando ninhos que invadem a lâmina própria (CCT). Método da estreptavidina-biotina-peroxidase, contracorado com azul alciano e hematoxilina de Harris (Obj. 20X).................................................................................................................................72 FIGURA 88 - cistite glandular; bexiga; Vovino 78; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Imuno-histoquímica, anticorpo anti-pancitoceratina bovina. Magnificação da Figura 87. Método da estreptavidina-biotina-peroxidase, contracorado com azul alciano e hematoxilina de Harris (Obj. 40X). ..........................................................................................72 FIGURA 89 - Hemangiossarcoma; bexiga; Bovino 68; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Imuno-histoquímica, anticorpo anti-vimentina. Observa-se forte imunomarcação das células neoplásicas. Método da estreptavidina-biotina-peroxidade (Obj. 20X). .........................................................................................................................................73 FIGURA 90 - Hemangiossarcoma; bexiga; Bovino 4; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Imuno-histoquímica, anticorpo anti-fator de von Willebrand. Há imunomarcação de células endoteliais neoplásicas. Método da estreptavidina-biotina-peroxidase (Obj. 20X). .............................................................................................................73
FIGURA 91 - Hemangiossarcoma; bexiga; Bovino 64; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Imuno-histoquímica, anticorpo anti-fator de von Willebrand. Há forte imunomarcação das células endoteliais neoplásicas. Método da estreptavidina-biotina-peroxidase (Obj. 40X). .............................................................................................................73 FIGURA 92 - Hemangiossarcoma pouco diferenciado; bexiga; Bovino 63; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Imuno-histoquímica, anticorpo anti-fator de von Willebrand. Observa-se imunomarcação de poucas células neoplásicas. Método da estreptavidina-biotina-peroxidase (Obj. 40X). .........................................................................73
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – Classificação histológica das lesões neoplásicas observadas nos casos de hematúria enzoótica bovina (HEB). .........................................................................................51
LISTA DE ESQUEMAS
ESQUEMA 1 – Classificação das alterações histológicas observadas nas bexigas dos bovinos cronicamente intoxicados por samambaia (Pteridium aquilinum). Os critérios utilizados basearam-se em alterações vesicais descritas para humanos (MURPHY et al., 2004) e animais (PEIXOTO et al., 2003; SARDON et al., 2005; CARVALHO et al., 2006). ..........................41
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 – Altitude das propriedades afetadas pelas formas crônicas da intoxicação por samambaia (Pteridium aquilinum). ..........................................................................................44 GRÁFICO 2 – Idade dos bovinos afetados pelas formas crônicas da intoxicação por samambaia (Pteridium aquilinum). ..........................................................................................44
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 - Achados hematológicos na hematúria enzoótica bovina (HEB).......................26 QUADRO 2 – Número de propriedades e de bovinos avaliados em cada parâmetro estudado...................................................................................................................................................37
LISTA DE APÊNDICES
APÊNDICE A – Casos de intoxicação crônica por samambaia (P. aquilinum), dados do bovino afetado e parâmetros avaliados.....................................................................................93 APÊNDICE B - Hemograma dos bovinos cronicamente intoxicados por samambaia, forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). ........97 APÊNDICE C - Hemograma dos bovinos cronicamente intoxicados por samambaia, forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB)..........................................................................99 APÊNDICE D – Alterações histopatológicas observadas nas bexigas dos bovinos com carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). ......................100 APÊNDICE E – Alterações histopatológicas observadas nas bexigas dos bovinos com hematúria enzoótica bovina (HEB). .......................................................................................104
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................19 2 REVISÃO DE LITERATURA........................................................................................21 2.1 Considerações gerais sobre Pteridium aquilinum .......................................................21 2.2 Formas clínicopatológicas de intoxicação por P. aquilinum em bovinos..................21 2.3 Epidemiologia da intoxicação crônica .........................................................................22 2.4 Alterações clínico-hematológicas na intoxicação crônica ..........................................24 2.4.1 Sinais clínicos ...............................................................................................................24 2.4.2 Aspectos hematológicos ...............................................................................................25 2.5 Alterações morfológicas na intoxicação crônica .........................................................27 2.5.1 Alterações macroscópicas.............................................................................................27 2.5.2 Alterações histopatológicas ..........................................................................................28 2.6 Etiopatogênese na intoxicação crônica ........................................................................31 2.6.1 Carcinogênese química.................................................................................................31 2.6.2 Infecção pelo papilomavírus bovino tipo 2 (BPV-2)....................................................32 2.6.3 Reprodução experimental .............................................................................................33 2.7 Imuno-histoquímica (IHQ) nos neoplasmas vesicais..................................................36 3 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................37 3.1 Casos estudados e parâmetros analisados ...................................................................37 3.2 Epidemiologia ................................................................................................................38 3.3 Aspectos clínico-hematológicos ....................................................................................38 3.4 Aspectos morfológicos ...................................................................................................39 3.5 Estudo imuno-histoquímico ..........................................................................................40 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .....................................................................................42 4.1 Resultados ......................................................................................................................42 4.1.1 Epidemiologia...............................................................................................................42 4.1.2 Aspectos clínico-hematológicos ...................................................................................43 4.1.3 Aspectos morfológicos .................................................................................................46 4.1.4 Imuno-histoquímica......................................................................................................53 4.2 Discussão ........................................................................................................................74 6 CONCLUSÕES.................................................................................................................83 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...........................................................................85
1 INTRODUÇÃO
A samambaia (Pteridium aquilinum) é uma planta de grande importância e ampla
distribuição que causa diversos quadros clínicos de intoxicação em animais domésticos
(TOKARNIA et al., 1979). Em bovinos ela é conhecida por causar três quadros clínicos de
intoxicação, um agudo e dois crônicos. As formas crônicas são os carcinomas de células
escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS; SOUTO et al., 2006a) e a hematúria
enzoótica bovina (HEB; SOUTO et al., 2006b). Ambas as formas são responsáveis por
grandes perdas econômicas em regiões endêmicas (RIET-CORREA; MEDEIROS, 2001),
porém a prevalência dessas formas varia de região para região (TOKARNIA et al., 1969).
A concentração dos princípios tóxicos pode variar dependendo de condições
geográficas e ambientais (HIRONO et al., 1973; VILLALOBOS-SALAZAR, 1999) e talvez
influenciar na ocorrência de uma ou outra forma crônica de intoxicação (GAVA et al., 2002).
A idade dos bovinos, a quantidade de planta ingerida e o tempo de ingestão também estão
diretamente relacionados ao tipo de intoxicação observada (DÖBEREINER et al., 1967).
Foi observada a coexistência de lesões das formas crônicas de intoxicação e, nesses
casos, a lesão mais acentuada, aquela que finalmente causa o aparecimento dos sinais clínicos
mais evidentes, parece determinar o tipo de forma clínica apresentada pelo animal
(DÖBEREINER et al., 1967; TOKARNIA et al., 1969).
Nos últimos anos, estudos das formas crônicas de intoxicação espontânea por P.
aquilinum têm sido realizados no Laboratório de Patologia Veterinária (LPV) da UFSM
(SOUTO, 2005; SOUTO et al., 2006b; MASUDA, 2007). Nesses trabalhos sempre foram
enfatizadas as alterações características de uma ou de outra forma clínica crônica, porém a
sobreposição das formas não foi contemplada nos mesmos, especialmente a avaliação das
lesões vesicais nos casos da forma crônica de CCEs no TAS. A forma aguda da intoxicação
também tem sido estudada no LPV-UFSM (ANJOS et al.,2008).
Os objetivos gerais deste estudo foram avaliar parâmetros epidemiológicos, clínico-
hematológicos e morfológicos das formas crônicas de intoxicação por P. aquilinum. Para o
estudo epidemiológico foram avaliados aspectos relacionados às propriedades e aos bovinos
afetados. Os aspectos clínico-hematológicos foram avaliados pelos sinais clínicos e as
alterações hematológicas na fase terminal da doença. Para o estudo morfológico foram
estudadas as lesões vesicais observadas em ambas as formas de intoxicação crônica. O
20
presente trabalho foi realizado a partir de materiais recebidos pelo LPV-UFSM, entre 2003 e
2008.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Considerações gerais sobre Pteridium aquilinum
Pteridium aquilinum é uma planta pertencente à família Polypodiacea, conhecida
pelos nomes populares de “samambaia”, “samambaia do campo” ou “pluma” (TOKARNIA et
al., 2000). Ela é considerada uma das plantas tóxicas mais importantes em todo o mundo,
principalmente devido à sua extensa distribuição e pelos diversos quadros clínicopatológicos
que provoca em animais domésticos (TOKARNIA et al., 1979). A ingestão de outras
samambaias como P. revolutum, encontrada no sul da Ásia, P. esculentum e Cheilanthes
sieberi, encontrada na Austrália, também induz intoxicação crônica com quadro clínico de
hematúria enzoótica (NEWMAN et al., 2007).
A samambaia tem por habitat ideal regiões frias e montanhosas, com boa pluviosidade,
solos ácidos, bem drenados, porém se adapta em outros ambientes. P. aquilinum subesp.
caudatum var. arachnoideum é a única descrita no Brasil (RIET-CORREA et al., 2007), e
ocorre principalmente nas regiões montanhosas, desde o sul da Bahia até o Rio Grande do
Sul, mas também é invasora nos estados de Amazonas, Acre, Mato Grosso e Pernambuco
(TOKARNIA et al., 2000).
2.2 Formas clínicopatológicas de intoxicação por P. aquilinum em bovinos
Em bovinos, são descritas três formas clínicas de intoxicação, sendo uma forma aguda
chamada de síndrome hemorrágica aguda (SHA) ou diátese hemorrágica (ANJOS et al., 2008)
e duas formas de intoxicação crônica que são a hematúria enzoótica bovina (HEB; SOUTO et
al., 2006b) e os carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS;
SOUTO et al., 2006a).
A SHA acomete principalmente bovinos jovens, com menos de dois anos de idade,
que ingerem doses diárias maiores que 10 g/Kg da planta (10 a 30 g/Kg) por algumas semanas
a poucos meses (TOKARNIA et al., 1979). Os bovinos afetados apresentam febre, andar
22
cambaleante, sialorréia, depressão, perda de apetite, emagrecimento, fezes com sangue e/ou
coágulos de sangue (BARROS et al., 1987) e hemorragias na pele e mucosas visíveis
(TOKARNIA et al., 2000). Macroscopicamente, observam-se hemorragias em todos os
órgãos e eventualmente úlceras nas mucosas (TOKARNIA et al., 1979). Através do exame
histopatológico, as hemorragias observadas na necropsia são vistas nos mais diversos órgãos e
há rarefação do tecido hematopoético na medula óssea (TOKARNIA et al., 1967; ANJOS et
al., 2008).
A ênfase das seções que se seguem desta revisão de literatura, com detalhamento da
epidemiologia, aspectos clínicopatológicos e etiopatogênese, será nas formas crônicas de
intoxicação (HEB e CCEs no TAS) por samambaia em bovinos.
2.3 Epidemiologia da intoxicação crônica
A ocorrência das formas crônicas de intoxicação em bovinos tem como característica
comum a infestação dos pastos por P. aquilinum. A incidência e a freqüência com que as
formas da doença ocorrem variam entre as diversas regiões do país (TOKARNIA et al.,
1969).
A atividade carcinogênica e a concentração dos princípios tóxicos da planta são
influenciadas por diversos fatores, entre eles: condições geográficas e ambientais (HIRONO
et al., 1973; VILLALOBOS-SALAZAR, 1999), variedade de P. aquilinum (FENWICK,
1988), estágio de crescimento (SMITH et al., 1999) e armazenamento (FRANÇA et al., 2002)
da planta. Talvez a ocorrência das diferentes manifestações clínicas esteja ligada a alguns
destes fatores (GAVA et al., 2002). Foi demonstrado, através de experimentos em ratos, que
P. aquilinum proveniente de áreas onde ocorre a HEB, possui atividade carcinogênica mais
elevada e concentração maior de ptaquilosídeo do que de áreas onde a HEB não tem sido
relatada (SMITH et al. 1988).
A intoxicação ocorre em diversos países do mundo em áreas baixas, situadas a poucos
metros acima do nível do mar, e em regiões altas, com até 2.400 metros de altitude
(CAMPOS NETO et al., 1975). A HEB tem sido descrita especialmente em locais com
altitudes entre 200 a 1.000 metros (FRANÇA et al., 2002). A ocorrência de HEB e de CCEs
no TAS, diferentemente da forma aguda, não tem distribuição sazonal, provavelmente devido
à progressão crônica da doença (GAVA et al., 2002).
23
Toda a planta é tóxica (fresca e dessecada como feno) e a brotação é a parte mais
tóxica (TOKARNIA et al., 1979). A ingestão de feno contaminado com a planta e a ingestão
dos rizomas expostos pela aração também tem causado a intoxicação em animais
(TOKARNIA et al., 2000). As condições em que ocorre a intoxicação são várias. A fome é o
principal fator que leva os bovinos a ingerirem a samambaia, porém há indícios de que o vício
também possa condicionar a ingestão, visto que os animais seguem ingerindo a planta mesmo
após cessada a condição que determinou sua ingestão inicial (TOKARNIA et al., 1979).
Como condições iniciais estão relacionadas a escassez de alimento causada por superlotação,
períodos prolongados de seca (GAVA, 1993), geadas, queimadas (SOUZA; GRAÇA, 1993) e
a carência de material fibroso na alimentação (TOKARNIA et al., 2000).
Alguns fatores parecem ter participação em determinar o tipo de intoxicação
observada; entre eles, a idade em que os bovinos começam a ingerir P. aquilinum, a
quantidade consumida e o período de tempo pelo qual ingerem a planta (DÖBEREINER et
al., 1967). A HEB afeta principalmente bovinos com idade superior a dois anos (TOKARNIA
et al., 2000). Os CCEs no TAS afetam principalmente bovinos de idade mais avançada, com
aproximadamente seis anos ou mais (TOKARNIA et al., 2000). Em um estudo de 40 casos
espontâneos de CCEs no TAS, a idade dos bovinos variou entre três e 13 anos, com pico aos
oito anos (27,5%) (MASUDA, 2007). Quanto à quantidade ingerida, bovinos que consomem
menos de 10 g/kg/dia durante um ano ou mais, desenvolvem HEB. As quantidades diárias de
samambaia a serem ingeridas capazes de causar o desenvolvimento dos neoplasmas no TAS
são ainda menores que as que causam HEB, porém a ingestão se dá por mais tempo
(TOKARNIA et al., 2000).
Em ambas as formas crônicas não há predisposição por raça (PAMUKCU et al., 1976;
SOUTO, 2005) ou sexo (HOPKINS, 1986), porém, as fêmeas parecem ser mais afetadas
devido à maior permanência desses animais na fazenda (CAMPOS NETO et al., 1975). Pela
mesma razão, os bois destinados ao trabalho foram também mais afetados por CCEs no TAS
(SOUTO, 2005).
A prevalência da doença varia de região para região; a morbidade da HEB pode ser de
10% e a dos neoplasmas no TAS de 3% nas propriedades atingidas. A letalidade nas duas
formas é de 100% (GAVA, 1993). No entanto, não se sabe o número exato de animais sob
risco, visto que muitos não são enviados para diagnóstico (SOUZA; GRAÇA, 1993).
Em um estudo realizado no estado de Santa Catarina, a forma menos freqüentemente
observada foi a HEB e, segundo os autores, esse resultado provavelmente não representa a
24
situação real, pois muitas vezes os animais vão para o abate logo após a identificação dos
sinais clínicos (GAVA et al., 2002).
2.4 Alterações clínico-hematológicas na intoxicação crônica
2.4.1 Sinais clínicos
Ambas as formas crônicas apresentam características clínicas distintas, entretanto, as
duas acarretam o emagrecimento progressivo e a morte dos animais afetados (DÖBEREINER
et al., 1967).
A HEB é observada em animais adultos e é caracterizada por hematúria e anemia
associada a lesões hemorrágicas ou neoplásicas no trato urinário inferior. Os animais afetados
geralmente desenvolvem micro-hematúria seguida de macro-hematúria, sendo que, a primeira
muitas vezes ocorre antes do aparecimento de lesões macroscopicamente visíveis (MAXIE;
NEWMANN, 2007).
Na HEB, os principais sinais clínicos são hematúria intermitente ou contínua,
emagrecimento, mucosas pálidas (GAVA, 1993; SOUTO et al., 2006b), e, nas vacas,
considerável queda na produção de leite (GAVA, 1993). Sinais clínicos menos freqüentes
incluem: incontinência urinária (TOKARNIA et al., 2000), poliúria, disúria (HOPKINS,
1986), debilidade e obstrução do trígono vesical pelos neoplasmas ou da uretra por coágulos
de sangue (SCHOTT et al., 2002). Geralmente, não são observadas alterações na temperatura
corporal e atividade ruminal, porém a doença progride para severa anemia e caquexia. O
volume de sangue perdido pela urina varia de 0,01 a 1,0 litro por dia (DAWRA et al., 1999).
Na palpação retal pode-se evidenciar espessamento da parede da bexiga em alguns casos
(RADOSTITS et al., 2002).
A HEB apresenta-se algumas vezes com intervalos sem sinais clínicos que podem
perdurar por semanas e até meses. A retirada dos bovinos dos campos infestados pela planta e
a boa alimentação levam a uma recuperação parcial que ocorre somente nas fases iniciais da
doença. Entretanto, esses animais permanecem pouco produtivos e após novas ingestões da
planta a hematúria rapidamente recomeça (TOKARNIA et al., 2000). A morte dos animais
afetados ocorre meses e até mesmo anos após o início da doença (FRANÇA et al., 2002).
25
Os CCEs no TAS causam principalmente perturbações de ordem mecânica na ingestão
e ruminação dos alimentos e os sinais clínicos dependem da localização das lesões
(TOKARNIA et al., 2000). Emagrecimento progressivo, atonia ruminal, tosse, disfagia,
regurgitação, halitose, diarréia, timpanismo, apetite seletivo, dispnéia e salivação são
freqüentemente observados (SOUTO, 2005). A doença é invariavelmente fatal, com evolução
de pelo menos seis meses, podendo chegar até dois a três anos (PLOWRIGHT, 1955).
Foi observada a coexistência de lesões das formas crônicas de intoxicação e, nesses
casos, a lesão mais acentuada, aquela que finalmente causa o aparecimento dos sinais clínicos
mais evidentes, parece determinar o tipo de forma clínica apresentada pelo animal
(DÖBEREINER et al., 1967; TOKARNIA et al., 1969).
2.4.2 Aspectos hematológicos
Os achados hematológicos descritos em bovinos com HEB estão resumidos no Quadro
1.
O perfil hematológico de bovinos com a forma de CCEs no TAS intoxicados
espontaneamente por P. aquilinum não foi encontrado na literatura consultada para esta
revisão.
Sob condições experimentais, bovinos que ingeriram a planta apresentaram rápida
queda nos leucócitos polimorfonucleares, resultando, muitas vezes, em morte por septicemia.
Com interrupções periódicas na administração da planta, a contagem de neutrófilos
praticamente normalizou. Entretanto, a contagem de linfócitos circulantes estava
cronicamente deprimida (linfopenia crônica = valores próximos à 2.000/mm3 de sangue) após
34 semanas e permaneceu assim durante todo o experimento (CAMPO et al., 1992; CAMPO
et al., 1994). Detalhes deste experimento encontram-se na seção 2.6.3 - Reprodução
experimental – desta revisão.
26
Tipo de intoxicação
Eritrograma Leucograma Autores
Espontânea -Anemia pós-hemorrágica com perda por igual de todos os elementos figurados do sangue.
-Pode ocorrer leucocitose. LEE et al. (1966)
Espontânea -Geralmente há anemia normocrômica (devido à perda de sangue) -Diminuição da hemoglobina.
-Redução no número de leucócitos. -Em casos graves há trombocitopenia e leucopenia leve a moderada, com distribuição normal de leucócitos.
ROSENBERGER (1971)
Espontânea -Redução na contagem total de eritrócitos, hemoglobina e hematócrito (anemia pela perda de sangue pela urina).
-Número total de leucócitos sem alterações. -Linfocitose e neutropenia moderada (devido à condição inflamatória crônica).
SINGH et al. (1973)
Espontânea -Redução no número de eritrócitos e na hemoglobina (anemia secundária).
-Número total de leucócitos não muda em alguns casos. -Leve leucocitose em alguns. -Leucocitose por neutrofilia (nos bovinos com infecções piogênicas).
PAMUKCU et al. (1976)
Espontânea -Redução na contagem de eritrócitos, hemoglobina e hematócrito
-Redução no número total de leucócitos.
HOPKINS (1986)
Experimental -Não informado. -Linfopenia crônica. -Neutropenia acentuada.
CAMPO et al. (1992)
Espontânea -Redução na contagem de eritrócitos.
-Redução no número de linfócitos -Aumento dos basófilos, neutrófilos e monócitos.
DAWRA et al. (1999)
Espontânea -Anemia -Leucopenia MARRERO et al. (2001)
Espontânea -Anemia microcítica (havia diferenças dos bovinos controle em relação ao hematócrito, hemoglobina, número de eritrócitos e volume corpuscular médio [VCM]).
-Não informado. SÁNCHEZ-VILLALOBOS et al. (2004)
Espontânea -Redução do hematócrito de alguns bovinos (valor médio permaneceu sem alterações). -Valores médios da concentração de hemoglobina, hematócrito e contagem de eritrócitos sem alterações.
-Valores médios dos leucócitos totais, neutrófilos, eosinófilos e linfócitos sem alterações. -Leucocitose por neutrofilia, linfopenia e eosinofilia em alguns bovinos.
FALBO et al. (2005)
Quadro 1 - Achados hematológicos na hematúria enzoótica bovina (HEB).
27
2.5 Alterações morfológicas na intoxicação crônica
2.5.1 Alterações macroscópicas
Há uma grande heterogeneidade de lesões inflamatórias, anormalidades epiteliais e
alterações neoplásicas em bovinos com HEB. Outra característica interessante é que muitas
bexigas examinadas apresentam múltiplas alterações (PEIXOTO et al., 2003; CARVALHO et
al., 2006). Em um estudo, de 15 casos naturais de HEB, seis animais apresentaram mais de
um tipo de neoplasma na bexiga (CAMPO et al., 1992).
Na mucosa vesical podem-se observar áreas hemorrágicas, na maioria das vezes
petéquias (DÖBEREINER et al., 1967), ulcerações multifocais (SOUZA; GRAÇA, 1993) e
congestão (TOKARNIA et al., 2000). O aspecto macroscópico das lesões neoplásicas varia
grandemente. Observam-se crescimentos exofíticos aderidos na parede vesical por base ampla
ou pedunculada, de superfície lisa ou rugosa, pálidos ou hemorrágicos e crescimentos
endofíticos, que variam desde discretas ondulações na mucosa com moderada alteração na
cor, até grandes massas infiltrativas, ocupando extensas áreas (CARVALHO et al., 2006). A
urina é vermelha e, às vezes, apresenta coágulos de sangue (GAVA, 1993). A formação de
coágulos de sangue na bexiga pode propiciar a ocorrência de infecções secundárias, levando à
cistite e pielonefrite (DAWRA et al., 1999). Em alguns animais pode ocorrer obstrução das
vias urinárias com hidronefrose e até ruptura da bexiga, porém este é um achado raramente
observado (TOKARNIA et al., 2000).
Na outra forma crônica de intoxicação os principais achados de necropsia são
papilomas e CCEs, geralmente em associação, ao longo do TAS (TOKARNIA et al., 1969;
JARRETT, 1978; JARRETT et al., 1978; SOUTO et al., 2006a). Papilomas em transformação
para CCE também têm sido freqüentemente relatados (JARRETT, 1978; JARRETT et al.,
1978; SOUTO et al., 2006a). Os CCEs consistem de massas exuberantes, de crescimento
exofítico ou endofítico, podendo ser sésseis ou pedunculados, acompanhados ou não por
edema e por extensas áreas de ulceração ou de necrose na superfície de corte (SOUTO et al.,
2006a; MASUDA, 2007).
Informações detalhadas sobre a freqüência da coexistência de lesões das formas
crônicas de intoxicação num mesmo animal foram limitadas na literatura consultada
(DÖBEREINER et al., 1967; JARRETT et al., 1978; POLACK, 1990; SOUZA; GRAÇA,
28
1993). Em um estudo de 80 casos espontâneos de CCEs no TAS, foram observados
neoplasmas na bexiga de 30% deles (JARRETT et al., 1978). Em outro estudo com 12 casos
contendo lesões na bexiga, oito (66,7%) também tiveram lesões no TAS. Entretanto, não
foram fornecidos detalhes quanto à natureza das lesões vesicais (POLACK, 1990).
2.5.2 Alterações histopatológicas
Histologicamente, as bexigas podem ser consideradas sem alterações quando a mucosa
for formada por três a sete camadas de células do epitélio transicional normal (urotélio),
incluindo as camadas superficial, intermediária e basal (CARVALHO et al., 2006). As células
basais são muito pequenas e de formato poliédrico; as da região intermediária são poliédricas
ou piriformes e as células da borda luminal são cúbicas, e suas membranas apicais se projetam
para o lúmen. A variação no número de camadas de células depende de como estava a bexiga
no momento da coleta. Quando o órgão está vazio, a mucosa está relaxada e apresenta-se
pregueada com mais camadas de células; quando a bexiga está repleta de urina, as pregas da
mucosa se desfazem e a espessura do epitélio se reduz (BANKS, 1992). Subjacentes à
mucosa, observam-se a lâmina própria e a submucosa, separadas entre si pela muscular da
mucosa. A próxima camada é a muscular própria, formada por uma camada interna de fibras
dispostas longitudinalmente e uma externa espessa e circular. Uma serosa recobre o ápice e o
corpo; o colo é revestido pela adventícia (BACHA; WOOD, 1990).
As alterações histopatológicas observadas nas bexigas de animais com HEB podem
ser divididas em neoplásicas e não-neoplásicas; nessa última incluem-se lesões inflamatórias,
hiperplásicas e metaplásicas. É comum a ocorrência simultânea de algumas destas lesões na
mesma bexiga e é extremamente difícil ou até impossível estabelecer qual é a principal
alteração e a ordem cronológica do surgimento destas lesões (PEIXOTO et al., 2003).
As alterações neoplásicas descritas na HEB podem ser de origem epitelial ou
mesenquimal, às vezes com acentuado grau de anaplasia e acompanhados de marcada reação
inflamatória linfocitária (TOKARNIA et al., 2000). Em um estudo, 52% dos neoplasmas
vesicais encontrados eram malignos, 42% benignos e 6% foram classificados como
neoplasmas epiteliais com baixo potencial maligno. Os neoplasmas epiteliais foram mais
comuns (62%) que os mesenquimais (38%) (CARVALHO et al., 2006). Outros autores
observaram 35% de neoplasmas puramente epiteliais, 9% de neoplasmas mesenquimais e
29
54% de neoplasmas mistos em casos naturais de HEB (PAMUKCU et al., 1976). A
coexistência de neoplasmas com elementos epiteliais e mesenquimais, bem como a
concomitância de dois ou mais tumores da mesma origem, no mesmo animal, tornam
complicada a tentativa de determinar a freqüência com que os neoplasmas ocorrem em
bovinos com HEB (PEIXOTO et al., 2003).
Dentre os neoplasmas benignos encontram-se papilomas, hemangiomas (BENTO et
al., 1999), papilomas invertidos, adenomas e fibromas (CARVALHO et al., 2006). Os
neoplasmas malignos comumente observados são: carcinoma de células de transição,
adenocarcinoma, carcinoma de células escamosas, carcinoma in situ e hemangiossarcoma
(CARVALHO et al., 2006). No entanto, neoplasmas e diferenciações raras também têm sido
descritos, tais como carcinoma trabecular com diferenciação em células de Paneth, adenoma e
adenocarcinomas mesonefróides, carcinoma em anel de sinete, carcinoma plasmocitóide,
carcinoma de células cromófobas e carcinoma transicional tipo em ninho (PEIXOTO et al.,
2003).
A diversidade de neoplasmas observados nas bexigas de bovinos com HEB é
surpreendente, especialmente quando consideramos a pequena variação na ocorrência de
neoplasmas de bexiga nas outras espécies animais (PEIXOTO et al., 2003).
Apesar de muitas vezes serem pouco diferenciados, esses neoplasmas dificilmente
causam metástases, e quando essas ocorrem, são geralmente para linfonodos regionais, no
peritônio por implantação e mais raramente para outros órgãos (TOKARNIA et al., 2000). A
reação imunológica local pode ajudar a impedir essa disseminação. A descoberta das causas
dessa “barreira contra metástases” e suas relações com a carcinogênese química induzida pelo
ptaquilosídeo podem ser de interesse para estudos futuros (PEIXOTO et al., 2003).
As principais alterações não-neoplásicas descritas na HEB incluem: hiperplasia
epitelial, displasia epitelial, ninhos de Brunn, metaplasia glandular, cistite polipóide, estroma
mixóide, cistite folicular, cistite cística e cistite glandular. A hiperplasia epitelial é
caracterizada pelo aumento no número de camadas de células normais do urotélio, formando
ou não ondulações na mucosa (CARVALHO et al., 2006), muitas vezes com descamação
celular. A displasia epitelial (PEIXOTO et al., 2003) caracteriza-se pela presença de núcleos
grandes, desorientados e agrupados (MURPHY et al., 2004). Os ninhos de Brunn são
caracterizados por colunas ou agregados de células do epitélio transicional na lâmina própria
(HOPKINS, 1986), com ou sem conexão com a superfície epitelial (CARVALHO et al.,
2006). A metaplasia glandular, também chamada de metaplasia intestinal, ocorre pela
formação de células epiteliais contendo muco, localizadas tanto na superfície epitelial como
30
na lâmina própria, lembrando células da mucosa intestinal (MURPHY et al., 2004;
CARVALHO et al., 2006). A cistite polipóide caracteriza-se por edema na lâmina própria,
formando pregas na mucosa, cobertas por urotélio normal, muitas vezes com infiltrado
inflamatório (CARVALHO et al., 2006), podendo exibir áreas de hiperplasia epitelial e
estroma mixóide (PEIXOTO et al., 2003). A cistite folicular é assim chamada quando há
presença de folículos linfóides na lâmina própria, com ocasional atipia e variações no
tamanho do núcleo e coloração das células do epitélio transicional (CARVALHO et al.,
2006). A cistite cística caracteriza-se pela formação de cavidades císticas na lâmina própria,
revestidas por células do urotélio e a cistite glandular, inicia com a proliferação dos ninhos de
Brunn, seguida da obstrução dos poros desses ninhos, formando cistos e estruturas
semelhantes a glândulas. As células uroteliais superficiais que revestem esses cistos secretam
mucina, a qual comumente se acumula no interior dessas estruturas (MURPHY et al., 2004).
Descrevem-se ainda proliferação micropolipóide, cistos intraepiteliais, proliferação vascular,
infiltrado linfoplasmocítico, hemorragia, fibrose (PEIXOTO et al., 2003) e ectasia vascular
(TOKARNIA et al., 2000).
Na forma de CCEs no TAS, as principais alterações histopatológicas são papilomas,
papilomas em transformação e CCEs afetando desde a cavidade oral até a entrada do rúmen
(JARRETT et al., 1978; JARRETT, 1978; SOUTO et al., 2006a). Em um estudo de 40 casos,
metástases ocorreram em 57,75% dos bovinos afetados (MASUDA, 2007).
Em poucos estudos foram detalhados os tipos histológicos dos neoplasmas que
afetaram a bexiga e o TAS simultaneamente. Em um desses estudos, de 21 bovinos com as
formas crônicas de intoxicação, três apresentaram sinais clínicos de HEB, mas também
tinham CCEs no TAS; de sete bovinos com sinais clínicos de CCEs no TAS, seis tinham
proliferações capilares e hemangiomas na bexiga. Nos demais onze casos de bovinos com
papilomas e/ou CCEs no TAS, as bexigas não foram remetidas para avaliação
(DÖBEREINER et al., 1967). Os autores discutiram seus resultados, encontrando
semelhanças com outro estudo de nove casos realizado no estado do Paraná (CURIAL, 1964,
apud DÖBEREINER et al., 1967). Em um estudo de 80 casos espontâneos de CCEs no TAS
com 30% de neoplasmas também na bexiga, observaram-se hemangiomas (23%), fibromas
(4%), carcinomas de células de transição (8%) e adenocarcinomas (1%), considerando que a
presença simultânea de mais de um tipo de neoplasma ocorreu ocasionalmente (JARRETT et
al., 1978). Em outro estudo retrospectivo, de 18 bovinos com neoplasmas atribuídos à
intoxicação crônica por samambaia, três tiveram neoplasmas simultaneamente na bexiga
(hemangiomas) e no TAS (CCEs) (SOUZA; GRAÇA, 1993).
31
2.6 Etiopatogênese na intoxicação crônica
A etiopatogênese da HEB e dos CCEs no TAS de bovinos têm sido alvo de vários
estudos de casos espontâneos (DÖBEREINER et al., 1967; TOKARNIA et al., 1969;
JARRETT et al., 1978; SOUTO et al., 2006a) ou experimentais (ROSENBERGER, 1971;
PAMUKCU et al., 1976; CAMPO et al., 1992; CAMPO et al., 1994). Muitos deles têm
buscado o papel de P. aquilinum na gênese dos neoplasmas vesicais ou do trato alimentar
(DÖBEREINER et al., 1967; TOKARNIA et al., 1969; ROSENBERGER, 1971; PAMUKCU
et al., 1976). Por outro lado, vários grupos de pesquisadores têm voltado seus esforços para
estudar a participação dos papilomavírus bovinos, particularmente do papilomavírus bovino
tipo 2 (BPV-2), encontrado na bexiga, e do papilomavírus bovino tipo 4 (BPV-4), encontrado
no TAS, como agentes atuando sinergicamente com os princípios tóxicos de P. aquilinum no
desenvolvimento de neoplasmas nessas localizações anatômicas (JARRETT, 1978;
JARRETT et al., 1978; CAMPO et al., 1992; CAMPO et al., 1994).
2.6.1 Carcinogênese química
A samambaia é a única planta que naturalmente produz neoplasmas em animais
(YAMADA et al., 2007). Ela contém princípios tóxicos que reproduzem muitos dos efeitos da
radiação, capazes de causar, experimentalmente, alterações neoplásicas como
adenocarcinomas intestinais em ratos, adenomas pulmonares em camundongos, neoplasmas
vesicais e hematúria em porquinhos-da-Índia (EVANS, 1968). Da mesma forma, causa dano
progressivo no tecido hematopoético de bovinos e ovinos, produzindo lesões semelhantes às
causadas por radiação ou produtos químicos radiomiméticos (EVANS, 1958). Seus efeitos em
longo prazo, testados em várias espécies, são consistentemente radiomiméticos (EVANS,
1968). Seus princípios tóxicos atuam como mutágenos, carcinógenos (FENWICK, 1988) e
imunossupressores (MEUTEN, 2002). O ptaquilosídeo (Pt) é considerado a substância mais
carcinogênica da samambaia (ALONSO-AMELOT et al., 1999; SHAHIN et al., 1999). Sob
condições alcalinas, ele é convertido em uma dienona reativa (APT), a qual causa alterações
no DNA das células. Enquanto algumas alterações são reparadas, outras levam a mutações em
genes, direcionando a célula até vários estágios de transformação hiperplásica e neoplásica
32
(SHAHIN et al., 1999). Através da administração intravenosa de APT para ratos, ocorreu a
formação de carcinomas de glândula mamária, demonstrando o potencial carcinogênico dessa
substância (SHAHIN et al., 1998). Os neoplasmas induzidos no esôfago e na bexiga de
bovinos foram associados com os pHs dessas regiões, que são aproximadamente 8,1-8,2
(saliva) e 7,5-8,5 (urina) (FENWICK, 1988). A grande maioria dos neoplasmas observados
nas bexigas de bovinos com HEB se localiza na porção ventral e paredes laterais da bexiga,
regiões estas, que ficam grande tempo em contato com a urina (NEWMAN et al., 2007).
A quercetina é um flavonóide mutagênico presente em altas concentrações na
samambaia (BENISTON et al., 2001). Exerce atividades clastogênica e carcinogênica, mas
alguns dos seus efeitos biológicos são considerados benéficos (MUSONDA; CHIPMAN,
1999). Foi demonstrado que existem substâncias carcinogênicas na urina de vacas que
ingerem a samambaia (DÖBEREINER et al., 1966). Posteriormente, os dois princípios
tóxicos citados anteriormente foram detectados qualitativamente na urina, soro e leite de 19
animais, num grupo de 20 bovinos com HEB (LIOI et al., 2004).
2.6.2 Infecção pelo papilomavírus bovino tipo 2 (BPV-2)
O papilomavírus bovino tipo 2 (BPV-2) é o vírus indutor de fibropapilomas na pele e
no canal alimentar (infecção abortiva) nessa espécie animal ( LANCASTER, 1979). O BPV-2
têm sido associado aos casos de HEB (CAMPO et al., 1992), e seu papel na gênese dos
neoplasmas vesicais permanece alvo de investigação (BORZAQUIELLO et al., 2007).
Alguns autores, através da técnica de hibridização em Southern blot, detectaram BPV-
2 em 46% dos casos naturais de hematúria e em 69% dos casos experimentais (CAMPO et al.,
1992). Posteriormente, foi proposto um mecanismo de interação entre o BPV-2 e a
samambaia. O vírus infectaria as células do urotélio e estabeleceria uma infecção abortiva,
sem a produção de víriões. Os imunossupressores da samambaia permitiriam a formação de
lesões pré-neoplásicas, as quais podem tornar-se malignas pela ação dos carcinógenos
químicos da planta (CAMPO, 2002).
Através da técnica de PCR foi detectado o DNA do BPV-2 em 62,5% de casos
naturais de HEB, e os fragmentos de bexigas provenientes de animais clinicamente sadios de
regiões livres de samambaia (grupo controle) foram todos negativos para essa técnica. A
observação de DNA viral em bexigas de animais com HEB, reforçam a teoria do
33
envolvimento do BPV-2 na etiologia dessa doença (WOSIACKI, 2002). Recentemente, o
DNA do BPV-2 foi detectado através da técnica de PCR, em 100% de neoplasmas vasculares
vesicais em casos de HEB, e também detectaram por imuno-histoquímica as proteínas E5 e
E7 nessas células neoplásicas (BORZACCHIELLO et al., 2007). A proteína E5 é a principal
oncoproteína transformadora dos papilomavírus e a proteína E7 age em conjunto com as
proteínas E5 e E6 na transformação celular (BORZACCHIELLO; ROPERTO, 2008). A alta
porcentagem de detecção do BPV-2 nos neoplasmas de origem mesenquimal e a
imunomarcação da oncoproteína E5 nas células neoplásicas (BORZACCHIELLO et al.,
2007), somado à ligação demonstrada entre a oncoproteína E5 e o receptor β do fator de
crescimento derivado de plaquetas (PDGFβR) nas células epiteliais neoplásicas, sugerem que
o vírus possa ter um papel causal nesses processos neoplásicos (BORZACCHIELLO et al.,
2007). A observação da expressão das duas oncoproteínas (E5 e E7) na mesma célula
endotelial (por imunofluorescência confocal) pode indicar a cooperação dessas duas proteínas
na formação de neoplasmas vasculares vesicais (BORZACCHIELLO et al., 2007). Também
através da PCR, 68% de neoplasmas de bovinos com HEB e uma amostra de bexiga sem
alterações foram positivos para o BPV-2. Pela técnica de imuno-histoquímica, todas as lesões
neoplásicas e pré-neoplásicas foram positivas para a proteína E5, a qual não foi
imunomarcada nos fragmentos de bexigas sem alterações (controle). A observação do DNA
viral nos neoplasmas de diferentes tipos histológicos sugere que não há determinados tipos de
neoplasmas associados com o agente viral. A marcação da proteína E5 somente nas amostras
com lesões, indica a ligação entre o agente viral e os neoplasmas de bexiga de bovinos
provenientes de determinadas áreas geográficas, onde a samambaia está disseminada nos
pastos e sugere um possível papel desse vírus nos processos neoplásicos (BALCOS et al.,
2008).
2.6.3 Reprodução experimental
Tentativas de reprodução experimental de HEB, muitas vezes desencadearam
alterações compatíveis com a forma aguda (SHA) de intoxicação, dependendo da dose e da
duração da administração da planta (ROSENBERGER, 1971; PAMUKCU et al., 1976;
CAMPO et al., 1992). Isso foi detalhadamente relatado em três experimentos
(ROSENBERGER, 1971), sendo que no terceiro deles, foi administrado cerca de 1kg/dia de
34
feno de samambaia. Uma vaca jovem teve micro-hematúria nove meses após o início do
experimento e macro-hematúria sete semanas mais tarde. A dose foi reduzida para 500g por
uma semana, depois a administração foi suspensa. A urina permaneceu turva, variando de
levemente avermelhada à sanguinolenta. A hematúria continuou com severidade variável por
um período de três anos, embora a administração da planta tenha sido suspensa. No abate, o
animal apresentou os tumores vesicais típicos de HEB.
Os neoplasmas vesicais observados em casos experimentais foram macroscopicamente
e histologicamente idênticos aos vistos em casos espontâneos (PAMUKCU et al., 1976).
Num experimento complexo, com duração de até 13 anos (1979-1992) para alguns
bovinos, oito tratamentos foram utilizados numa tentativa de analisar os efeitos de diferentes
fatores na gênese dos neoplasmas vesicais (HEB) e dos tumores do trato alimentar. Os
bezerros utilizados tinham 3-5 meses, eram filhos de mães livres e eles próprios eram livres
de papilomatose e foram mantidos em baias isoladas (CAMPO et al., 1992). Dentre os
principais resultados desse estudo resumidamente, constam:
- Grupo 1 (inoculação de BPV-4; seis bovinos): papilomas confinados aos locais de
inoculação (língua e palato mole); ausência de lesões vesicais;
- Grupo 2 (inoculação de BPV-4 + azatioprina [imunossupressor]; seis bovinos):
severa imunossupressão (diminuição no número de leucócitos totais de 6.700 para 2.200/mm3
de sangue); todos tiveram papilomas no canal alimentar; todos com hemangiomas vesicais;
submetidos à eutanásia (em 1981) devido à hematúria contínua;
- Grupo 3 (azatioprina; quatro bovinos): severa imunossupressão (diminuição no
número de leucócitos totais de 6.700 para 2.200/mm3 de sangue); todos com hemangiomas
vesicais; submetidos à eutanásia (em 1981) devido à hematúria contínua;
- Grupo 4 (controle [sem tratamento]; quatro bovinos): sem alterações;
- Grupo 5 (dieta [à vontade] de samambaia; seis bovinos): neutropenia cíclica
acentuada (contagem de neutrófilos retornava ao normal após pausas na administração da
planta); linfopenia crônica (valores próximos à 2.000 linfócitos/mm3 de sangue) após 34
semanas; ausência de papilomas no canal alimentar; todos os bovinos tiveram neoplasmas de
um ou mais tipos histológicos na bexiga, incluindo hemangiomas, hemangiossarcomas,
hemangioendoteliomas, carcinomas de células de transição (CCT) e metástases; três deles
submetidos à eutanásia (em 1981) devido à hematúria contínua; demais submetidos à
eutanásia entre 1983 e 1990;
- Grupo 6 (inoculação de BPV-4 + dieta [à vontade] de samambaia; seis bovinos):
neutropenia cíclica acentuada (contagem de neutrófilos retornava ao normal após pausas na
35
administração da planta); linfopenia crônica (valores próximos à 2.000 linfócitos/mm3 de
sangue) após 34 semanas; todos com papilomas no canal alimentar; cinco bovinos tiveram
tumores na bexiga, incluindo pólipos, hemangiomas, hemangiossarcomas,
hemangioendoteliomas, carcinomas de células de transição (CCT) com metástases; dois deles
submetidos à eutanásia (em 1981) devido à hematúria contínua; três foram submetidos à
eutanásia entre 1985 e 1992; um bovino estava vivo ao término do experimento;
- Grupo 7 (quercetina (um dos princípios tóxicos da samambaia; dois bovinos): sem
efeito no estado imunológico (contagem de neutrófilos normal); sem sinais de hematúria; não
foram necropsiados;
- Grupo 8 (BPV-4 + quercetina; 2 bovinos): sem efeito no estado imunológico
(contagem de neutrófilos normal); papilomas confinados aos locais de inoculação (língua e
palato mole); sem sinais de hematúria; não foram necropsiados;
Nesse mesmo experimento, o DNA do BPV-2 (epissomal) foi encontrado (por
hibridização em Southern blot) em neoplasmas de bovinos (dos grupos 2, 5 e 6) que não
tinham sido inoculados com BPV algum ou que tinham sido inoculados com BPV-4 e que
foram mantidos isolados, sugerindo que o BPV-2 pode persistir num estado latente e ser
ativado quando o animal é exposto aos co-carcinógenos da samambaia e a imunossupressores.
Na época, não foram encontrados vírus ou antígeno viral nas lesões vesicais, somente o DNA
viral. A rota de infecção sugerida para o BPV-2 em bovinos foi a possível propagação a partir
de áreas genitais, como tem sido postulado para os papilomavírus humanos (HPVs) em
tumores vesicais. Os autores concluíram através desse experimento de longa duração que
ambos, vírus e samambaia, estão envolvidos na carcinogênese vesical e que a samambaia
realmente contribui para o processo (CAMPO et al., 1992).
Resultados complementares do experimento descrito anteriormente foram publicados
posteriormente, com ênfase nos neoplasmas alimentares (CAMPO et al., 1994). Papilomas
estavam confinados ao local de inoculação nos bovinos dos grupos 1 e 8, e desapareceram
após um ano (semelhantemente ao que ocorre em animais imunocompetentes). Papilomatose
acentuada e persistente (sem regressão) foi reproduzida somente nos animais infectados com
BPV-4 e imunossuprimidos pela azatioprina (grupo 2) ou pela samambaia (grupo 6; um
bovino tinha papilomatose da boca ao rúmen 13 anos pós-inoculação de BPV-4). Papilomas
ou carcinomas no TAS não ocorreram nos bovinos tratados somente com samambaia (grupo
5). Carcinomas no TAS e no intestino foram observados somente em dois animais infectados
pelo BPV-4 e consumindo samambaia (grupo 6). Um desses bovinos, submetido à eutanásia
em 1985, além de papilomas na língua, palato e esôfago, apresentou dois focos de CCE no
36
esôfago e múltiplos pólipos, adenomas e adenocarcinomas no intestino. O outro bovino
submetido à eutanásia em 1989, tinha papilomas e CCEs no esôfago e adenocarcinoma
intestinal.
Papilomas removidos três meses pós-infecção continham múltiplas cópias de DNA de
BPV-4 epissomal. Papilomas de longa duração (da mesma forma que em casos espontâneos),
CCEs esofágicos e tumores intestinais dos dois bovinos descritos anteriormente foram
negativos para o DNA viral. Os autores concluíram que a imunossupressão é necessária para a
persistência e disseminação dos papilomas virais, que os mutágenos da samambaia são
responsáveis pela conversão neoplásica (maligna) das células dos papilomas e que a
expressão contínua das funções virais não é necessária para a manutenção do estado maligno
(papel do BPV-4 na carcinogênese confinado aos estágios iniciais de transformação celular).
A proliferação celular induzida pelo BPV-4 proveria um alvo grandemente expandido para os
co-carcinógenos da samamabaia (CAMPO et al., 1994).
2.7 Imuno-histoquímica (IHQ) nos neoplasmas vesicais
A IHQ é uma técnica amplamente utilizada na classificação de neoplasmas,
principalmente nos casos em que não é possível identificar o tipo de célula na coloração de
hematoxilina-eosina (HE) (CULLEN et al., 2002). Anticorpos anti-citoceratina e anti-
vimentina são freqüentemente utilizados, pois permitem a diferenciação entre células
epiteliais e mesenquimais (CULLEN et al., 2002). Anticorpos contra o fator de von
Willebrand são usados principalmente para distinguir neoplasmas vasculares pouco
diferenciados de outros neoplasmas mesenquimais (CERILLI; WICK, 2006).
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Casos estudados e parâmetros analisados
Foram estudados casos espontâneos de intoxicação crônica por samambaia (Pteridium
aquilinum) em bovinos, nas formas clínicas de hematúria enzoótica bovina (HEB) e de
carcinoma de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS), provenientes de
propriedades rurais de municípios da Mesorregião Centro Ocidental Rio-Grandense, que
incluem Nova Esperança do Sul, Jaguari, Santiago, Mata e Vale Vêneto. Dois casos de HEB,
provenientes de Vale Vêneto-RS e de Campo Mourão-PR, foram incluídos somente no estudo
morfológico das lesões vesicais. As necropsias foram realizadas pela equipe do Laboratório
de Patologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria (LPV-UFSM) ou amostras
de necropsias, feitas por outros veterinários, foram encaminhadas ao LPV no período de
Agosto/2003 a Agosto/2008.
Através deste estudo foram avaliados aspectos epidemiológicos, clínico-hematológicos
e morfológicos da intoxicação crônica por samambaia. Para cada um dos parâmetros
avaliados foram utilizados todos os casos disponíveis que continham elementos necessários
para a inclusão no estudo, desta forma cada parâmetro teve um número diferente de bovinos,
visando sempre aproveitar o maior número de dados e materiais remetidos ao laboratório,
conforme Quadro 2.
Epidemiologia Sinais clínicos Hematologia Morfologia CCE 48
propriedades 60 bovinos 30 bovinos 30 bovinos 46 bovinos
HEB 16 propriedades
17 bovinos (8 confirmadas e 9 clínicas)*
18 bovinos (9 confirmadas e 9 clínicas)*
15 bovinos (6 confirmadas e 9 clínicas)*
11 bovinos (todos confirmados)*
Controles - - - - 10 casos Quadro 2 – Número de propriedades e de bovinos avaliados em cada parâmetro estudado. CCE = carcinoma de células escamosas; HEB = hematúria enzoótica bovina. *Incluem-se aqui os casos de HEB confirmados pela necropsia e casos de HEB clínica.
O detalhamento dos casos estudados e os parâmetros avaliados podem ser visualizados no
Apêndice A.
38
3.2 Epidemiologia
Com a finalidade de traçar o perfil das propriedades afetadas pelas diferentes formas
clínicas crônicas da intoxicação, foram avaliadas as características de 48 propriedades,
totalizando 60 casos de CCEs no TAS, e 16 propriedades com 17 casos de HEB. As
informações necessárias foram obtidas através da ficha de encaminhamento do material,
remetida pelo veterinário de campo. Os parâmetros avaliados foram: a) finalidade da criação
(cria, engorda, subsistência, cria/recria, cria/recria/engorda e recria/engorda); b) principal
atividade da propriedade (pecuária e/ou agricultura); c) altitude (abaixo de 200 metros, entre
200 e 400 metros e entre 400 e 800 metros); d) percentual estimado de infestação das áreas de
pastoreio por P. aquilinum.
Da mesma forma, foi também avaliado o perfil dos animais afetados (60 bovinos com
CCEs no TAS, oito com HEB confirmada pela necropsia e nove com hematúria clínica),
incluindo informações sobre sexo, raça e idade. Quanto à idade, os bovinos foram
classificados em jovens (até dois anos de idade), adultos (de três a sete anos) e idosos (acima
de oito anos), conforme havia sido classificada anteriormente (MASUDA, 2007).
Esses parâmetros foram analisados através da formação de tabelas de contingência
simples e análise descritiva.
3.3 Aspectos clínico-hematológicos
Foram avaliados os sinais clínicos observados em 30 bovinos com CCEs no TAS (todos
com hemograma), em nove bovinos com HEB confirmada pela necropsia (seis destes com
hemograma) e nove com HEB clínica (todos com hemograma; consideraram-se aqui nove
bovinos provenientes de propriedades com a planta nas áreas de pastoreio que apresentaram
hematúria).
Com o objetivo de avaliar o perfil hematológico na fase terminal de ambas as formas
clínicas crônicas, foram realizados hemogramas de 30 bovinos com CCEs no TAS, seis com
HEB confirmada pela necropsia e nove com HEB clínica. Amostras de sangue, coletadas pelo
veterinário responsável durante o atendimento clínico dos animais com suspeita de
intoxicação crônica por Pteridium aquilinum, foram remetidas e os hemogramas realizados
39
conforme técnicas convencionais, constituindo-se de: 1) contagem de eritrócitos e leucócitos
em câmara de Neubauer utilizando-se líquidos de Hayen e de Türk como diluentes,
respectivamente; 2) determinação do hematócrito por centrifugação de microcapilares por
cinco minutos a 7.000 rotações por minuto (RPM); 3) determinação do volume corpuscular
médio (VCM) por cálculo; e 4) análise de esfregaços corados por panótico rápido para a
diferenciação celular e pesquisa de alterações morfológicas nas células. Os valores de
referência foram determinados de acordo com Jain, 1986.
No Bovino 78, foi realizado o exame do sedimento da urina. Para isso, a urina foi
centrifugada por cinco minutos a 1.500 RPM, o sobrenadante foi desprezado e uma gota do
sedimento foi colocada numa lâmina e coberta com lamínula. Após a confecção, a lâmina foi
observada em microscópio de luz.
3.4 Aspectos morfológicos
Os bovinos tiveram morte espontânea ou foram submetidos à eutanásia devido à
deterioração do quadro clínico. Foi realizada a necropsia e os materiais foram coletados. O
detalhamento das lesões do TAS de grande parte dos bovinos incluídos nesta dissertação foi
abordado em outros dois estudos (SOUTO, 2005; MASUDA, 2007) e não será repetido.
Para este estudo, foram avaliadas macroscopicamente e histologicamente as bexigas
de 11 casos de HEB e de todos os casos de CCEs no TAS nos quais as bexigas com ou sem
alterações macroscópicas tenham sido remetidas (46 casos). Bexigas normais de 10 bovinos
foram utilizadas como controles. Metástases de neoplasmas vesicais também foram avaliadas.
Após a fixação em formol 10%, os materiais foram clivados e encaminhados ao
processamento histológico de rotina, sendo emblocados em parafina. Foram encaminhados
fragmentos de lesões vesicais macroscopicamente visíveis e dois fragmentos de regiões
aleatórias nos casos em que não havia lesão aparente. Cortes de 3µm foram utilizados para as
avaliações histológica e histoquímica. Em cortes selecionados, foram realizadas as seguintes
técnicas histoquímicas: ácido periódico de Schiff (PAS) e azul alciano (conforme técnicas
padrão).
As lesões da bexiga foram classificadas em: a) neoplásicas (epiteliais ou
mesenquimais, malignas ou benignas); b) não-neoplásicas (anormalidades epiteliais não-
neoplásicas [hiperplasia, displasia, ninhos de Brunn, cistite polipóide, cistite cística, cistite
40
glandular, metaplasia glandular, metaplasia escamosa, vacúolos intraepiteliais], alterações
gerais na lâmina própria [dilatação de vasos linfáticos, hemorragia, edema, estroma mixóide,
tecido fibrovascular e tumefação de células endoteliais] e somente inflamatórias [infiltrado
inflamatório, folículos linfóides, cistite fibrinossupurativa, cistite crônica e aumento leve nos
mastócitos na lâmina própria]. Esta classificação foi compilada a partir das descrições de
lesões vesicais na HEB (PEIXOTO et al., 2003; SARDON et al., 2005; CARVALHO et al.,
2006) e de alterações vesicais em humanos (MURPHY et al., 2004) e está resumida no
Esquema 1.
3.5 Estudo imuno-histoquímico
As análises de imuno-histoquímica foram feitas em lâminas silanizadas com seções
histológicas de 3µm. Foram utilizados os seguintes anticorpos (Acs) primários: anticorpo
policlonal anti-pancitoceratina bovina produzido em coelho (DakoCytomation, cód. Z0622),
na diluição 1:4000; anticorpo monoclonal anti-vimentina suína, clone V9 (DakoCytomation,
cód. M0725), na diluição 1:100, e anticorpo policlonal anti-fator de von Willebrand humano
(DakoCytomation, cód. A0082), na diluição 1:400. Foi utilizada a técnica do complexo
estreptavidina-biotina-peroxidase (LSAB Kit Peroxidase Universal, DakoCytomation, cód.
K0690).
Após a desparafinização e re-hidratação com banhos de xilóis e álcoois em
concentrações decrescentes até água destilada, foi realizado o bloqueio da peroxidase
endógena com peróxido de hidrogênio e as seções histológicas foram submetidas à
recuperação antigênica, sendo incubadas em solução de TRIS-EDTA (pH 9,0) no forno
microondas (800W) em potência máxima por 10 minutos. Os Acs primários diluídos em
PBST foram adicionados separadamente nos cortes histológicos e incubados a 37ºC por duas
horas. O Ac secundário biotinilado e o complexo estreptavidina-biotina-peroxidase
(DakoCytomation, código K0690) foram incubados consecutivamente à 25ºC por 35 minutos
e marcados através da adição do cromógeno de tetracloreto de 3-3’diaminobenzidina (DAB,
Sigma D-5637). As seções histológicas foram então contra-coradas com hematoxilina de
Harris, desidratadas e montadas com resina sintética e lamínulas. Em cortes histológicos
selecionados, as seções foram primeiramente contra-coradas com azul alciano para a
demonstração de muco, por 20 minutos, antes da utilização da hematoxilina de Harris.
41
Como controles positivos, foram utilizadas seções histológicas previamente
determinadas como positivas para os Acs primários utilizados. Como controles negativos
foram utilizadas as mesmas seções histológicas testadas, porém com substituição dos Acs
primários por diluente de anticorpo (PBST).
Esquema 1 – Classificação das alterações histológicas observadas nas bexigas dos bovinos cronicamente intoxicados por samambaia (Pteridium aquilinum). Os critérios utilizados basearam-se em alterações vesicais descritas para humanos (MURPHY et al., 2004) e animais (PEIXOTO et al., 2003; SARDON et al., 2005; CARVALHO et al., 2006).
Alterações
Não-neoplásicas
Neoplásicas
malignas
benignas
epitelial
mesenquimal
epitelial
mesenquimal
Alterações epiteliais não-neoplásicas
Alterações gerais na lâmina própria
Alterações inflamatórias
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Resultados
4.1.1 Epidemiologia
Foram analisadas 48 propriedades com ocorrência de carcinoma de células escamosas
(CCE) no trato alimentar superior (TAS), as quais totalizaram 60 casos dessa forma de
intoxicação e 16 propriedades com ocorrência de hematúria enzoótica bovina (HEB), com 17
casos. Os resultados obtidos estão descritos abaixo.
4.1.1.1 Perfil das propriedades e dos animais afetados por CCEs no TAS
Quanto à finalidade da criação, 28 (58,33%) propriedades realizavam cria e recria,
oito (16,66%) cria/recria/engorda, seis (12,5%) tinham a finalidade de subsistência, cinco
(10,41%) de cria e uma (2,08%) fazia somente a engorda dos animais. Em 23 (47,91%)
propriedades a pecuária era a principal atividade econômica e em 25 (52,08%) não.
Quanto à altitude, 30 (62,5%) propriedades se localizavam até 200 metros acima do
nível do mar, 15 (31,25%) entre 200 e 400 metros e três (6,25%) entre 400 e 800 metros de
altitude. A porcentagem da área de pastoreio infestada pela samambaia foi até 30% em todas
as propriedades que apresentaram essa forma de intoxicação.
Dos 60 animais que apresentavam CCEs no TAS, 28 (46,66%) eram adultos, com
idades entre três e sete anos e 32 (53,33%) eram idosos, com mais de oito anos. Nenhum dos
animais afetados era jovem (até dois anos de idade). Com relação ao sexo, 56 (93,33%) eram
fêmeas e quatro (6,66%) eram machos. A grande maioria dos animais afetados (55) eram de
raça mista (91,66%), três (5,0%) eram da raça Holandesa e dois (3,33%) da raça Jersey.
43
4.1.1.2 Perfil das propriedades e dos animais afetados por HEB
Com relação à finalidade da criação, cinco (31,25%) propriedades realizavam cria,
quatro (25%) cria e recria, quatro (25%) subsistência, duas (12,5%) cria/recria/engorda e uma
recria/engorda (6,25%). Nenhuma das 16 propriedades fazia apenas a terminação dos animais.
Em oito (50%) propriedades, a pecuária era a atividade principal e em oito (50%) não.
Com relação à altitude, seis (37,5%) estabelecimentos estavam situados em altitude até
200 metros, nove (56,25%) localizadas entre 200-400 metros e um (6,25%) entre 400-800
metros. Nas 16 propriedades estudadas a infestação dos campos por P. aquilinum foi estimada
como de até 30% da área de pastoreio. A distribuição das propriedades, com CCEs no TAS e
com HEB, conforme a altitude encontra-se no Gráfico 1.
Dos 17 bovinos acometidos por HEB, 14 eram adultos (82,35%) e apenas três
(17,64%) eram idosos. Nenhum estava na faixa etária considerada jovem. Quanto ao sexo, 15
(88,23%) eram fêmeas e dois (11,76%) eram machos. Com relação à raça, 14 (82,35%) eram
de raça mista, dois eram da raça Holandesa (11,76%) e um da raça Jersey (5,88%). A
distribuição dos bovinos, com CCEs no TAS e com HEB, conforme a idade encontra-se no
Gráfico 2.
4.1.2 Aspectos clínico-hematológicos
4.1.2.1 Sinais clínicos em bovinos com CCEs no TAS
Os sinais clínicos observados nos animais com CCEs no TAS (30 bovinos com
hemograma), em ordem decrescente de freqüência, foram emagrecimento progressivo
(29/30), atonia ruminal (22/30), tosse (20/30), disfagia (18/30), timpanismo (9/30),
regurgitação (9/30), estertor (6/30), apetite seletivo (6/30), sialorréia (6/30), anorexia (6/30),
extensão do pescoço (5/30), fraqueza (5/30), dificuldade de deglutir (4/30), halitose (3/30),
decúbito (2/30), dispnéia (2/30), edema de faringe (2/30), secreção nasal (1/30) e queda na
produção de leite (1/30). Freqüentemente eram observados grumos de alimento pouco
digerido nas fezes. O Bovino 40 apresentou sinais clínicos de ambas as formas crônicas de
44
intoxicação, caracterizados por emagrecimento progressivo, tosse (incluídos na contagem
anterior) e hematúria.
0
10
20
30
40
50
60
70
até 200 200-400 400-800
metros
pro
pri
ed
ad
es (
%)
CCE
HEB
Gráfico 1 – Altitude das propriedades afetadas pelas formas crônicas da intoxicação por samambaia (Pteridium aquilinum).
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
jovens (até 2 anos) adultos 3-7 anos idosos + de 8 anos
idade (anos)
bo
vin
os (
%)
CCE
HEB
Gráfico 2 – Idade dos bovinos afetados pelas formas crônicas da intoxicação por samambaia (Pteridium
aquilinum).
45
4.1.2.2 Sinais clínicos em bovinos com HEB
Os sinais clínicos descritos nos bovinos com HEB confirmada pela necropsia (nove
animais) e nos casos clínicos (nove animais) foram, em ordem decrescente de frequência:
hematúria (18/18; com o tempo de duração informado em três casos de 40, 90 e 180 dias e
intermitente em outro), emagrecimento progressivo (9/18), mucosas pálidas (4/18), apetite
seletivo (2/18), anorexia (2/18), decúbito lateral (1/18), dor abdominal (1/18), polaciúria
(1/18), prostração (1/18), fraqueza (1/18) e tenesmo (1/18). No Bovino 81 foi detectada, por
palpação retal, uma massa no interior da cavidade pélvica.
4.1.2.3 Achados hematológicos em bovinos com CCEs no TAS
Foram realizados 30 hemogramas de bovinos com lesões no TAS. Destes, 20 não
apresentaram alterações no eritrograma e 10 apresentaram anemia arregenerativa leve. Nos
animais anêmicos, o número de eritrócitos variou de 3,4 a 4,9 x 106/mm3 de sangue (valores
de referência - VR: 5,0-10,0 x 106/mm3); o hematócrito de 18-23% (VR: 24-46%) e o VCM
variou de 45,2 a 56,2 fl (VR: 40,0-60,0 fl).
Vinte e quatro bovinos não apresentaram alterações no leucograma. Seis apresentaram
desvio à esquerda (Figura 1), sendo cinco deles regenerativos e um degenerativo. O Bovino
42 apresentou linfopenia, o Bovino 60 eosinofilia, e o Bovino 77 monocitose
concomitantemente ao desvio à esquerda.
Os resultados detalhados e individualizados dos hemogramas dos bovinos com CCEs
no TAS podem ser observados no Apêndice B.
4.1.2.4 Achados hematológicos em bovinos com HEB
Foram realizados 15 hemogramas de bovinos com HEB, sendo que em seis destes as
lesões vesicais foram confirmadas pela necropsia. Destes 15, cinco não demonstraram
alterações no eritrograma e 10 apresentaram anemia arregenerativa. Nos animais anêmicos, o
46
número de eritrócitos variou de 1,9 a 4,8 x 106/mm3 de sangue (VR: 5,0-10,0 x 106/mm3); o
hematócrito de 10-23% (VR: 24-46%) e o VCM de 43,9 a 56,4 fl (VR: 40,0-60,0 fl).
Onze bovinos não demonstraram alterações no leucograma e quatro tiveram
alterações, sendo que três tiveram desvio à esquerda regenerativo, dois destes com linfopenia
concomitante, e um leucocitose por neutrofilia.
Os resultados detalhados e individualizados dos hemogramas dos bovinos com HEB
podem ser observados no Apêndice C.
4.1.3 Aspectos morfológicos
4.1.3.1 Achados macroscópicos em bovinos com CCEs no TAS
De um total de 46 casos de CCEs no TAS em que as bexigas foram avaliadas, 16
(34,78%) apresentavam alterações macroscópicas. Em ordem decrescente de freqüência, estas
alterações se caracterizavam por nódulos vermelhos e elevados (9/46; Figura 2), que variam
de 0,1 a 1,0 cm de diâmetro, na grande maioria múltiplos e distribuídos aleatoriamente pela
mucosa vesical (Figuras 3 e 4); hemorragia (6/46; Figura 5), principalmente nas formas de
petéquias e sufusões; nódulos pálidos (4/46; Figura 6), com no máximo 0,7 cm de diâmetro;
edema (3/46), papilomas (2/46; Figuras 7 e 8) e urina vermelha (2/46; Figuras 9 e 10). Muitas
dessas alterações estavam presentes numa mesma bexiga. Nos Bovinos 73 e 76 em que a
urina estava vermelha, através da centrifugação, foi possível observar um sedimento
vermelho-escuro (microscopicamente correspondente a eritrócitos; Figura 11).
O Bovino 40, que apresentou sinais clínicos das duas formas crônicas da intoxicação,
tinha macroscopicamente uma úlcera focalmente extensa na orofaringe (Figura 12), a qual na
superfície de corte se apresentava como extensa área de necrose (Figura 13) e numerosos
nódulos pálidos de até 0,7 cm de diâmetro na bexiga (Figura 14), alguns com pontos
vermelhos na superfície.
47
4.1.3.2 Achados macroscópicos em bovinos com HEB
Os achados macroscópicos observados no trato urinário dos 11 bovinos com HEB
foram: nódulos vesicais multifocais vermelho-escuros ou vermelho-claros (4/11); neoplasmas
vesicais focalmente extensos, com alteração da forma normal do órgão (5/11); urina vermelha
(4/11); hidronefrose com hidroureter (3/11); papilomas vesicais (2/11); áreas vermelhas
multifocais na mucosa vesical (1/11), pielonefrite (1/11) e ruptura da bexiga (1/11).
Os nódulos vermelho-escuros ou vermelho-claros (Figura 15) estavam distribuídos
aleatoriamente na mucosa vesical, variando desde 0,1 até 0,8 cm de diâmetro, alguns
ulcerados. Os neoplasmas que ocupavam extensas áreas eram formados por crescimentos
exofíticos com superfície irregular, branco-amarelada, com ou sem áreas vermelhas (Figuras
16 e 17) ou eram endofíticos, com espessamento da parede da bexiga e superfície
extensamente ulcerada recoberta por fibrina (Figura 18). Esses neoplasmas geralmente se
localizavam na região do trígono vesical. No Bovino 63 havia uma massa exofítica e necrótica
que obliterava toda a luz do órgão (Figura 19) e os linfonodos da cavidade pélvica estavam
aumentados, alguns com áreas multifocais firmes branco-amareladas (Figura 20). No Bovino
68 havia numerosas projeções, longas e finas com consistência gelatinosa, agrupadas em áreas
multifocais do neoplasma (cistite polipóide; Figuras 21 e 22).
Urina vermelha foi observada na bexiga de quatro bovinos (4, 36, 39 e 78), em dois
destes havia coágulos de sangue, alguns aderidos à mucosa vesical (rever Figura 15).
Hidronefrose e hidroureter (Figura 23, 24 e 25) estavam associadas à obstrução dos
óstios ureterais ou do início da uretra pelos neoplasmas e foram observados somente nos
casos com grandes neoplasmas vesicais. Os papilomas tinham aproximadamente 0,5 cm de
diâmetro. As áreas vermelhas multifocais eram constituídas de petéquias e equimoses. No
Bovino 78 o rim estava aumentado de tamanho, com a cápsula espessada e aderida (Figura
26). Na superfície capsular havia áreas branco-amareladas, multifocais a coalescentes e
irregulares (Figura 27), recobertas por exsudato purulento e fibrina. Ao corte, este rim estava
repleto de urina turva (Figura 28). Quando pressionado o ureter correspondente a esse rim,
fluía um líquido branco-amarelado e turvo para o interior da bexiga, misturando-se ao
conteúdo sanguinolento vesical (Figura 29). A urina contida na bexiga era vermelho-escura
com coágulos de sangue, diferente da observada no rim, a qual era turva (Figura 30). No
exame da urina encontrada neste rim, após a centrifugação, formou-se um sedimento amarelo-
48
acinzentado (Figura 31), o qual era formado por uma grande quantidade de neutrófilos
degenerados (indicando piúria) em meio a células epiteliais descamadas (Figura 32).
4.1.3.3 Achados histopatológicos em bovinos com CCEs no TAS
Nas bexigas dos 46 bovinos com CCEs no TAS, 44 (95,65%) apresentaram 22 tipos de
alterações diferentes. Dessas 22, cinco eram alterações neoplásicas (três neoplasmas benignos
e dois malignos) e 17 eram alterações não-neoplásicas. Das alterações não-neoplásicas, seis
foram enquadradas em alterações epiteliais não-neoplásicas, seis em alterações gerais na
lâmina própria e cinco em alterações somente inflamatórias. O detalhamento dos achados
histológicos observados nos bovinos com CCEs no TAS podem ser observados no Apêndice
D.
Os neoplasmas benignos observados foram classificados em mesenquimais (um
fibroma e quatro hemangiomas) ou epiteliais (papilomas em três bovinos). Dentre os
neoplasmas malignos, havia um de origem mesenquimal (hemangiossarcoma no Bovino 67) e
um epitelial (carcinoma de células de transição – CCT – nos Bovinos 40 e 73).
O fibroma se caracterizava pela proliferação de células neoplásicas fusiformes,
delimitadas por uma cápsula de tecido conjuntivo (Figura 33). As células tinham o citoplasma
eosinofílico, com núcleos alongados e cromatina agregada. O pleomorfismo era leve.
Os hemangiomas eram do tipo cavernoso e se caracterizavam pela formação de
espaços vasculares irregulares de tamanhos variados (Figura 34), geralmente preenchidos por
eritrócitos, delimitados internamente por uma única camada de células endoteliais bem
diferenciadas e separados um dos outros por septos de tecido conjuntivo (Figura 35). Os
papilomas (Figuras 36 e 37) eram compostos por células epiteliais bem diferenciadas,
arranjadas sobre um delicado estroma fibrovascular (Figura 38).
O hemangiossarcoma se caracterizava pela proliferação de células endoteliais
neoplásicas, pleomórficas formando espaços vasculares e, algumas vezes com projeções para
dentro desses espaços (Figura 39).
O CCT caracterizava-se pela proliferação de células uroteliais neoplásicas
pleomórficas, invadindo a lâmina própria (CCT não-papilífero e infiltrativo) (Figuras 40 e
41).
49
Em três casos houve mais de um tipo de neoplasma; no Bovino 40 observaram-se
hemangioma e CCT, no Bovino 67 hemangioma, hemangiossarcoma e papiloma e no caso 73,
papiloma e CCT.
As alterações epiteliais não-neoplásicas observadas nas bexigas dos bovinos com
CCEs no TAS foram, em ordem decrescente de freqüência, displasia (17/46), caracterizada
por vacuolização citoplasmática, proliferação e perda da orientação das células nas camadas
do urotélio, com núcleos de tamanhos e padrões de cromatina diferentes (Figura 42; ver
controle na Figura 43); vacúolos intraepiteliais (10/46), quando havia somente a formação de
vacúolos nas células do epitélio de transição (Figura 44); ninhos de Brunn (8/46), formados
por células do epitélio de transição, agrupadas em ninhos na lâmina própria, com ou sem
ligação com a superfície epitelial (Figuras 45, 46 e 47); hiperplasia (3/46), caracterizada por
mais de sete camadas de células epiteliais em áreas focalmente extensas do urotélio (Figura
48; rever controle na Figura 43), cistite cística (2/46), caracterizada pela formação de
estruturas císticas na lâmina própria, revestidas por epitélio de transição (Figuras 49 e 50),
algumas contendo substância eosinofílica amorfa intraluminal, PAS-positiva (Figura 51) e
cistite polipóide (1/46), quando havia edema na lâmina própria, causando a formação de
pólipos, cobertos por urotélio normal.
As alterações gerais na lâmina própria foram: dilatação de vasos linfáticos (18/46)
(Figura 52), alguns acompanhados de infiltrado inflamatório perivascular; tumefação de
células endoteliais (9/46; Figura 53); hemorragia (8/46), caracterizada por acúmulos de
eritrócitos na lâmina própria (em cinco casos havia diapedese de eritrócitos pelo urotélio;
Figura 54) e em um havia eritrofagocitose e pigmento granular marrom-dourado
(hemossiderina) no interior de macrófagos; edema (6/46); estroma mixóide (4/46), quando
havia áreas multifocais de tecido conjuntivo frouxo com produção de pequena quantidade de
substância amorfa levemente basofílica, azul alciano-positiva (Figuras 55, 56 e 57) e
formação focal de tecido fibrovascular (1/46).
As alterações somente inflamatórias foram: infiltrado linfoistioplasmocítico (41/46)
(Figura 58); folículos linfóides (16/46) organizados, muitas vezes, ao redor de pequenos vasos
(Figura 59); aumento leve nos mastócitos da lâmina própria (5/46); cistite
fibrinonecrossupurativa (1/46), quando havia neutrófilos na lâmina própria, necrose
multifocal no epitélio de transição e depósitos de fibrina (Figura 60) e cistite histiocítica
crônica (1/46), quando o infiltrado inflamatório era composto predominantemente por
macrófagos, com tecido conjuntivo fibroso.
50
Apenas em dois bovinos (18 e 58) não foram observadas alterações histopatológicas
vesicais. Em 36 casos, mais de uma alteração microscópica foi observada na bexiga.
4.1.3.4 Achados histopatológicos em bovinos com HEB
Nas bexigas de 11 bovinos com HEB foi observado um total de 19 tipos de alterações,
em 10 bovinos foram encontradas alterações múltiplas numa mesma bexiga. Das 19 alterações
observadas, cinco eram alterações neoplásicas e 14 eram não-neoplásicas (nove classificadas
como alterações epiteliais não-neoplásicas, três como alterações gerais na lâmina própria e
duas como alterações somente inflamatórias). O detalhamento dos achados histológicos
observados nos bovinos com HEB podem ser observados no Apêndice E.
Dentre os neoplasmas benignos, havia dois de origem epitelial, dois papilomas
(Bovinos 43 e 68), e três de origem mesenquimal, todos hemangiomas (Bovinos 4, 36 e 64).
Os hemangiomas eram do tipo capilar (Bovino 36; Figura 61), cavernoso (Bovino 64) e dos
dois tipos no Bovino 4.
Dentre os neoplasmas malignos, observaram-se três de origem epitelial, dois
carcinomas de células escamosas (CCE) nos Bovinos 5 e 65 e um carcinoma de células de
transição (CCT) no Bovino 78; e cinco de origem mesenquimal, todos hemangiossarcomas
(Bovinos 4, 17, 63, 68 e 64; Figura 62).
Quanto ao comportamento biológico, 38,46% dos neoplasmas eram benignos e
61,53% eram malignos. A classificação histológica das lesões neoplásicas, com a freqüência
de cada uma, pode ser observada na Tabela 1.
Os CCEs se caracterizavam pela proliferação de ceratinócitos neoplásicos formando
ilhas, algumas com ceratinização central (pérolas de ceratina; Figura 63), fitas e cordões. As
células eram poliédricas, grandes, com citoplasma eosinofílico, às vezes vacuolizado, núcleo
grande, redondo ou oval, com cromatina frouxa e um a dois nucléolos grandes e evidentes.
Havia grande quantidade de tecido conjuntivo fibroso (reação desmoplásica) entre as células
neoplásicas.
O CCT era do tipo não-papilífero e infiltrativo, formado pela proliferação de células
neoplásicas originadas do epitélio de transição. As células neoplásicas eram acentuadamente
pleomórficas, formando ninhos, fitas, pequenos agregados e dispostas em células individuais,
as quais invadiam a camada muscular própria da bexiga (Figura 64). Havia ilhas de células
51
neoplásicas no interior de vasos linfáticos (Figura 65), e as mesmas células obliteravam os
seios subcapsulares e trabeculares do linfonodo renal (Figura 66). Observavam-se em média
três mitoses em campo de grande aumento e áreas de metaplasia escamosa e glandular
adjacentes ao neoplasma.
Tabela 1 – Classificação histológica das lesões neoplásicas observadas nos casos de hematúria enzoótica bovina (HEB). Tipo de neoplasma Número Porcentagem (%)
Epiteliais 5 38,46
Benignos
Papiloma 2 15,38
Malignos
CCE 2 15,38
CCT 1 7,69
Mesenquimais 8 61,53
Benignos
Hemangiomas 3 23,07
Malignos
Hemangiossarcoma 5 38,46
Número total 13 100
CCE = carcinoma de células escamosas; CCT = carcinoma de células de transição.
Os hemangiossarcomas eram formados pela proliferação de células neoplásicas, às
vezes originando pequenos espaços vasculares, contendo poucos eritrócitos e áreas sólidas
adjacentes (Figura 67). As células eram na maioria fusiformes, com moderada quantidade de
citoplasma eosinofílico, núcleos grandes, redondos, alongados ou reniformes, com cromatina
frouxa e dois ou três nucléolos grandes e evidentes. O pleomorfismo era moderado ou
acentuado e observavam-se uma a três mitoses por campo de grande aumento (CGA). Em
dois bovinos (63 e 68), as células neoplásicas eram acentuadamente pleomórficas (Figura 68).
Nesses dois casos se fez necessário à utilização da técnica de imuno-histoquímica para a
determinação do diagnóstico. Em dois bovinos (63 e 78) havia metástases para linfonodos
regionais. No Bovino 63, o tecido linfóide dos linfonodos da cavidade pélvica estava
52
substituído pelas células neoplásicas (Figura 69). No Bovino 78 os seios subcapsulares e
trabeculares do linfonodo renal estavam obliterados pelas células epiteliais neoplásicas,
conforme descrito anteriormente.
Em três bovinos havia mais de um tipo de neoplasma, no Bovino 4 e 64 observou-se
hemangioma e hemangiossarcoma e no 68, papiloma e hemangiossarcoma. Em apenas um
dos casos não houve a formação de neoplasmas (Bovino 39).
A maioria das alterações não-neoplásicas estava relacionada ao epitélio de transição.
Esse grupo continha hiperplasia (5/11); displasia (3/11); ninhos de Brunn (6/11); vacúolos
intraepiteliais (5/11; Figura 70); cistite polipóide (2/11; Figura 71); cistite cística (2/11);
metaplasia glandular (3/11), quando células isoladas ou grupos de células no urotélio e na
lâmina própria produziam muco PAS e azul alciano-positivo; cistite glandular (1/11), quando
as células referidas anteriormente formavam estruturas semelhantes a glândulas que invadiam
a lâmina própria (Figuras 72, 73, 74 e 75); e metaplasia escamosa (1/11), caracterizada pela
proliferação de células bem diferenciadas do epitélio de revestimento, as quais sofriam
ceratinização à medida que se aproximavam da luz vesical (Figura 76).
As alterações na lâmina própria, observadas nos 11 casos de HEB perfizeram 3/14
alterações não-neoplásicas e foram: dilatação de vasos linfáticos (6/11), associada ou não a
infiltrado inflamatório adjacente; hemorragia (6/11), em três bovinos com diapedese de
eritrócitos pelo epitélio de transição da bexiga e edema leve a acentuado na lâmina própria
(6/11).
Foram observados dois tipos de alterações somente inflamatórias (2/14), as quais
foram: formação de folículos linfóides em seis dos casos e infiltrado inflamatório em 10 dos
casos estudados. Os folículos linfóides tinham distribuição multifocal na lâmina própria e o
infiltrado inflamatório observado era localizado subjacente ao urotélio e composto
principalmente por linfócitos, plasmócitos e histiócitos. Em três desses casos havia grande
quantidade de neutrófilos em associação com estas células. No Bovino 78 havia ulceração
multifocal no urotélio, agregados bacterianos basofílicos multifocais e acentuado infiltrado
neutrofílico.
No rim do Bovino 78 observava-se grande quantidade de neutrófilos e agregados
bacterianos basofílicos no interior de túbulos, necrose tubular e dilatação tubular multifocal.
Em regiões multifocais havia infiltrado neutrofílico no interstício, formando microabscessos
(pielonefrite) (Figuras 77 e 78).
53
4.1.4 Imuno-histoquímica
Os papilomas (Figura 79), CCE (Figura 80) e CCT (Figuras 81 e 82) e as alterações
epiteliais não-neoplásicas, como ninhos de Brunn (Figuras 83 e 84), metaplasia escamosa
(Figura 85) e cistite glandular (contracorada com azul alciano e hematoxilina de Harris)
(Figuras 86, 87 e 88) foram positivos para citoceratina. A vimentina marcou a reação
desmoplásica do CCE e CCT e os dois hemangiossarcomas pouco diferenciados (Figura 89),
os quais foram submetidos também a citoceratina, obtendo-se resultado negativo nesse
anticorpo. Os hemangiomas e hemangiossarcomas (Figuras 90 e 91) foram positivos para o
fator de von Willebrand. Nos dois hemangiossarcomas pouco diferenciados, referidos
anteriormente, obteve-se imunomarcação de poucas células neoplásicas através do uso desse
anticorpo (Figura 92).
54
Figura 1 - Esfregaço sanguíneo; Bovino 76; forma clínica de carcinoma de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Grande quantidade de neutrófilos no esfregaço sanguíneo deste bovino que apresentou leucocitose por neutrofilia. Este mesmo animal estava anêmico e não foram observados sinais indicativos de regeneração medular. Panótico rápido (Obj. 20X) Figura 2 - Hemangioma; bexiga; Bovino 74; forma clínica de carcinoma de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Nódulo vermelho-escuro, único, na mucosa vesical (peça fixada). Figura 3 - Hemangiomas; bexiga; Bovino 76; forma clínica de carcinoma de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Nódulos vermelhos, múltiplos e de tamanhos variados e hemorragias multifocais na mucosa. Há urina com sangue na luz vesical. Figura 4 - Hemangiomas; bexiga; Bovino 76; forma clínica de carcinoma de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Magnificação da Figura 3. Nódulos vermelhos de 0,2 e 0,5 cm de diâmetro.
2
3 4
1
55
Figura 5 - Hemorragia; bexiga; Bovino 73; forma clínica de carcinoma de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Hemorragias leves e multifocais na mucosa vesical. Figura 6 - Carcinoma de células de transição; bexiga; Bovino 73; forma clínica de carcinoma de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Nódulos discretos, branco-amarelados, múltiplos e de tamanhos variados na mucosa vesical (setas). Figura 7 - Papiloma; bexiga; Bovino 67; forma clínica de carcinoma de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Papilomas multifocais na mucosa vesical (peça fixada). Figura 8 - Papiloma; bexiga; Bovino 30; forma clínica de carcinoma de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Papiloma na mucosa vesical (peça fixada).
5 6
8 7
56
Figura 9 - Urina vermelha; bexiga; Bovino 76; forma clínica de carcinoma de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Grande quantidade de urina vermelho-escura na bexiga. Observam-se também nódulos e hemorragias na mucosa vesical. Figura 10 - Urina vermelha; bexiga; Bovino 73; forma clínica de carcinoma de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Urina vermelho-escura na bexiga sendo retirada com uma seringa. Figura 11 - Urina vermelha pós-centrifugação; Bovino 76; forma clínica de carcinoma de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Observa-se grande quantidade de sedimento vermelho-escuro no fundo do tubo de ensaio (microscopicamente esse sedimento corresponde a eritrócitos). Há também marcado avermelhamento do sobrenadante devido à hemólise pelo tempo transcorrido entre morte e coleta.
9
10 11
57
Figura 12 - Carcinoma de células escamosas (CCE); trato alimentar superior (TAS); Bovino 40; forma clínica de CCEs no TAS. Úlcera focalmente extensa na orofaringe. Bolo alimentar impactado caudalmente a epiglote. Figura 13 - Carcinoma de células escamosas (CCE); trato alimentar superior (TAS); Bovino 40; forma clínica de CCEs no TAS. Na superfície de corte da orofaringe há uma extensa área de necrose. Observam-se ainda papilomas na orofaringe e pequenas áreas ulceradas na epiglote. Figura 14 - Estroma mixóide/carcinoma de células de transição/hemangioma; bexiga; Bovino 40; forma clínica de carcinoma de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Nódulos pálidos e pequenos nódulos vermelhos multifocais na mucosa vesical.
13
14
12
58
Figura 15 - Hemangioma; bexiga; Bovino 36; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Há um nódulo vermelho na mucosa e um coágulo de sangue na luz vesical. Figura 16 - Hemangiossarcoma; bexiga; Bovino 68; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Massa tumoral exofítica de 20 x 28 cm de superfície irregular, branco-amarelada com áreas vermelhas, localizada na região do trígono da bexiga. Figura 17 - Carcinoma de células escamosas; bexiga; Bovino 5; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Massa tumoral exofítica de superfície irregular e amarela que se estende para a luz vesical. Há conteúdo necrótico sobre a massa tumoral e na luz da bexiga. Figura 18 - Carcinoma de células de transição; bexiga; Bovino 78; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Massa tumoral endofítica, com a superfície extensamente ulcerada, recoberta por fibrina, localizada no trígono da bexiga. Há úlceras menores localizadas no corpo da bexiga.
16 15
17 18
59
Figura 19 - Hemangiossarcoma; bexiga; Bovino 63; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). A luz vesical está preenchida por uma massa exofítica amarela e necrótica (peça fixada). Figura 20 - Metástase de hemangiossarcoma; linfonodo da cavidade pélvica; Bovino 63; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Observam-se áreas branco-amareladas extensas que obliteram parcialmente a arquitetura nodal de um linfonodo da cavidade pélvica (peça fixada).
19
20
60
Figura 21 - Cistite polipóide; bexiga; Bovino 68; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Há projeções multifocais, alongadas e de consistência gelatinosa na mucosa vesical. Figura 22 - Cistite polipóide/hemangiossarcoma; bexiga; Bovino 68; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Observam-se as mesmas projeções da Figura 21, adjacentes ao hemangiossarcoma (peça fixada).
21
22
61
Figura 23 - Hidronefrose e hidroureter; bexiga, ureteres e rins; Bovino 68; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). A bexiga está repleta de urina e os ureteres estão acentuada e difusamente dilatados. Note aumento de volume que se projeta por sobre a uretra. Figura 24 - Hidronefrose; rim; Bovino 63; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Os cálices renais estão multifocalmente dilatados. Figura 25 - Hidronefrose; rim; Bovino 78; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Cálices acentuadamente dilatados com atrofia da região medular renal.
23
25 24
62
Figura 26 - Pielonefrite; rim; Bovino 78; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). A cápsula renal está espessada e aderida. Há exsudato purulento sobre a superfície capsular do rim. Figura 27 - Pielonefrite; rim; Bovino 78; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Na superfície capsular observam-se áreas multifocais ou coalescentes branco-amareladas. Figura 28 - Pielonefrite/hidronefrose; rim; Bovino 78; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Ao corte, o rim está repleto de líquido branco-amarelado e turvo (pus). Observam-se áreas branco-amareladas na cortical. Figura 29 - Carcinoma de células de transição; bexiga; Bovino 78; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Pressionando-se o ureter correspondente ao rim da Figura 28, o líquido turvo fluía, misturando-se ao conteúdo sanguinolento da luz vesical. Figura 30 - Urina vermelha (bexiga)/urina turva (rim); Bovino 78; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Observa-se a urina vermelha contida na luz vesical e a urina turva contida no rim (com pielonefrite) nos tubos de ensaio. Figura 31 - Urina turva pós-centrifugação; Bovino 78; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Após a centrifugação da urina, observou-se a formação de grande quantidade de sedimento amarelado-acinzentado. Figura 32 - Sedimento urinário; Bovino 78; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Através do exame do sedimento urinário observado na figura 31, evidencia-se grande quantidade de neutrófilos degenerados (indicativo de piúria) e células epiteliais descamadas. Note que algumas células epiteliais são alongadas (setas), um aspecto morfológico típico de células da pelve renal (Obj. 40X).
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Figura 33 - Fibroma; bexiga; Bovino 6; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Há proliferação de células fusiformes em feixes dispostos em várias direções formando um nódulo discreto na lâmina própria delimitado por cápsula delicada. Hematoxilina-eosina (Obj. 4X). Figura 34 - Hemangioma cavernoso; bexiga; Bovino 76; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Há proliferação de células endoteliais neoplásicas formando numerosos espaços vasculares repletos de eritrócitos na lâmina própria. Hematoxilina-eosina (Obj. 10X). Figura 35 - Hemangioma cavernoso; bexiga; Bovino 76; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Magnificação da Figura 34. Observam-se células endoteliais neoplásicas bem diferenciadas, revestindo os espaços vasculares separados por septos conjuntivos. Hematoxilina-eosina (Obj. 20X). Figura 36 - Papiloma; bexiga; Bovino 30; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Papiloma na bexiga. Hematoxilina-eosina. Aspecto submacroscópico. Figura 37 - Papiloma; bexiga; Bovino 30; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Proliferação de células epiteliais bem diferenciadas formando projeções arranjadas sobre um delicado estroma fibrovascular. Hematoxilina-eosina (Obj. 4X). Figura 38 - Papiloma; bexiga; Bovino 30; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Magnificação de uma das projeções observadas na Figura 37. As células proliferadas são muito semelhantes às células do epitélio de transição (urotélio) normal. Hematoxilina-eosina (Obj. 40X).
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Figura 39 - Hemangiossarcoma; bexiga; Bovino 67; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Proliferação de células endoteliais moderadamente diferenciadas formando projeções para o interior dos vasos neoplásicos. Hematoxilina-eosina (Obj. 20X). Figura 40 - Carcinoma de células de transição (CCT) tipo não-papilífero e infiltrativo; bexiga; Bovino 73; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Proliferação de células epiteliais neoplásicas, as quais invadem a lâmina própria subjacente. Há edema acentuado e infiltrado linfoistioplasmocítico na lâmina própria. Hematoxilina-eosina (Obj. 10X). Figura 41 - Carcinoma de células de transição (CCT) tipo não-papilífero e infiltrativo; bexiga; Bovino 73; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Magnificação da Figura 40. Células neoplásicas acentuadamente pleomórficas, com núcleos grandes ou pequenos, de formas variadas com um ou dois nucléolos evidentes e citoplasma eosinofílico abundante, às vezes vacuolizado. Hematoxilina-eosina (Obj. 40X). Figura 42 - Displasia; bexiga; Bovino 75; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Há aumento do número de camadas e perda da orientação das células uroteliais, com vacuolização citoplasmática em algumas delas e núcleos de tamanhos e padrões de cromatina diferentes. Hematoxilina-eosina (Obj. 20X). Figura 43 - Bexiga controle; Bovino 95. Epitélio de transição sem alteração, para comparação com as Figuras 42 e 44. Hematoxilina-eosina (Obj. 40X). Figura 44 - Vacúolos intraepiteliais; bexiga; Bovino 73; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Há numerosos vacúolos no epitélio de transição. Hematoxilina-eosina (Obj. 40X).
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44 43
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Figura 45 - Ninhos de Brunn; bexiga; Bovino 62; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Proliferação de células epiteliais formando ninhos na lâmina própria. Hematoxilina-eosina (Obj. 20X). Figura 46 - Ninhos de Brunn; bexiga; Bovino 62; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Magnificação da Figura 45. As células epiteliais são muito semelhantes às células do urotélio normal. Hematoxilina-eosina (Obj. 40X). Figura 47 - Ninhos de Brunn; bexiga; Bovino 40; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Formação de ninhos de Brunn na lâmina própria. Há edema acentuado e infiltrado inflamatório linfoplasmocítico moderado. Hematoxilina-eosina (Obj. 20X). Figura 48 - Hiperplasia; bexiga; Bovino 62; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Observa-se um maior número de camadas de células no epitélio de transição (entre 15-20 camadas). Hematoxilina-eosina (Obj. 20X). Figura 49 - Cistite cística; bexiga; Bovino 73; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Proliferação de células epiteliais formando cistos, contendo material amorfo eosinofílico intraluminal. Observam-se ainda ninhos de Brunn na lâmina própria (setas). Hematoxilina-eosina (Obj. 10X). Figura 50 - Cistite cística; bexiga; Bovino 40; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). A parede do cisto é formada por duas a três camadas de células epiteliais achatadas e contém material eosinofílico amorfo intraluminal. Hematoxilina-eosina (Obj. 40X).
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Figura 51 - Cistite cística; bexiga; Bovino 40; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Os cistos contém material fortemente PAS-positivo intraluminal. Técnica do PAS (Obj. 20X). Figura 52 - Dilatação de vasos linfáticos; bexiga; Bovino 74; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Observa-se acentuada dilatação de um vaso linfático na lâmina própria. Hematoxilina-eosina (Obj. 10X). Figura 53 - Tumefação de células endoteliais; bexiga; Bovino 22; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). As células endoteliais de vasos da lâmina própria estão marcadamente tumefeitas. Hematoxilina-eosina (Obj. 40X). Figura 54 - Hemorragia; bexiga; Bovino 76; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Há hemorragia acentuada na lâmina própria. Observa-se diapedese de eritrócitos pelo urotélio. Hematoxilina-eosina (Obj. 20X). Figura 55 - Estroma mixóide; bexiga; Bovino 41; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Estroma mixóide azul alciano-positivo observado na lâmina própria da bexiga. Técnica do azul alciano. Aspecto submacroscópico.
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Figura 56 - Estroma mixóide; bexiga; Bovino 41; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Há proliferação de células fusiformes ou estreladas arranjadas frouxamente e envoltas por matriz eosinofílica, formando um nódulo bem delimitado na lâmina própria. Hematoxilina-eosina (Obj. 4X). Figura 57 - Estroma mixóide; bexiga; Bovino 41; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). A matriz que envolve as células é fortemente azul alciano-positivo. Técnica do azul alciano (Obj. 4X). Figura 58 - Infiltrado linfoistioplasmocítico; bexiga; Bovino 62; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Há acentuado infiltrado inflamatório, composto por linfócitos, plasmócitos e histiócitos na lâmina própria. Hematoxilina-eosina (Obj. 20X). Figura 59 - Folículos linfóides; bexiga; Bovino 76; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Observam-se agregados de linfócitos, plasmócitos e histiócitos organizados, formando folículos linfóides na lâmina própria. Hematoxilina-eosina (Obj. 20X). Figura 60 - Cistite fibrinossupurativa; bexiga; Bovino 74; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Há necrose do epitélio de transição, acúmulo de fibrina, infiltrado neutrofílico acentuado e agregados bacterianos basofílicos intralesionais. Hematoxilina-eosina (Obj. 10X). Figura 61 - Hemangioma capilar; bexiga; Bovino 4; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Proliferação de células endoteliais neoplásicas bem diferenciadas que formam espaços vasculares irregulares, às vezes contendo eritrócitos, separados por um fino estroma conjuntivo. Hematoxilina-eosina (Obj. 4X).
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Figura 62 - Hemangiossarcoma; bexiga; Bovino 64; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Há proliferação de células endoteliais formando projeções para o interior dos espaços vasculares neoplásicos. As células neoplásicas têm núcleos grandes redondos ou ovais com cromatina periférica e um ou dois nucléolos evidentes e citoplasma eosinofílico com limites citoplasmáticos indistintos. Hematoxilina-eosina (Obj. 40X). Figura 63 - Carcinoma de células escamosas; bexiga; Bovino 5; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Proliferação de ceratinócitos neoplásicos formando ilhas com ceratinização lamelar concêntrica central (pérolas de ceratina). Hematoxilina-eosina (Obj. 20X). Figura 64 - Carcinoma de células de transição tipo não-papilífero e infiltrativo; bexiga; Bovino 78; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Proliferação de células neoplásicas formando ninhos, fitas, cordões e pequenos agregados que invadem a submucosa. Há moderada reação desmoplásica entre as células neoplásicas. Hematoxilina-eosina (Obj. 20X). Figura 65 - Carcinoma de células de transição tipo não-papilífero e infiltrativo; bexiga; Bovino 78; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Observam-se células neoplásicas no interior de um vaso linfático da submucosa. Hematoxilina-eosina (Obj. 20X). Figura 66 - Metástase de carcinoma de células de transição tipo não-papilífero e infiltrativo; linfonodo renal; Bovino 78; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Há células epiteliais neoplásicas nos seios trabeculares do linfonodo. As células neoplásicas são acentuadamente pleomórficas e observam-se mitoses. Hematoxilina-eosina (Obj. 40X) Figura 67 - Hemangiossarcoma; bexiga; Bovino 4; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Proliferação de células endoteliais neoplásicas na lâmina própria formando espaços vasculares contendo poucos eritrócitos e áreas sólidas. Há ainda vacuolização do epitélio de transição. Hematoxilina-eosina (Obj. 10X).
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Figura 68 - Hemangiossarcoma pouco diferenciado; bexiga; Bovino 63; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Proliferação de células neoplásicas altamente pleomórficas. Os núcleos têm tamanhos e formatos variados com cromatina frouxa e nucléolos pouco evidentes. O citoplasma é eosinofílico e escasso, com limites citoplasmáticos indistintos. Observa-se uma mitose (seta). Hematoxilina-eosina (Obj. 40X). Figura 69 - Metástase de hemangiossarcoma pouco diferenciado; linfonodo da cavidade pélvica; Bovino 63; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Proliferação de células neoplásicas nos seios subcapsulares do linfonodo. Hematoxilina-eosina (Obj. 20X). Figura 70 - Vacúolos intraepiteliais; bexiga; Bovino 4; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Há vacúolos no epitélio de transição. Hematoxilina-eosina (Obj. 40X). Figura 71 - Cistite polipóide; bexiga; Bovino 68; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Observam-se projeções recobertas por epitélio de transição, com edema acentuado na lâmina própria. Hematoxilina-eosina. Aspecto submacroscópico. Figura 72 - Cistite glandular; bexiga; Bovino 78; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Proliferação de células epiteliais formando estruturas glandulares na lâmina própria. Hematoxilina-eosina (Obj. 10X). Figura 73 - Cistite glandular; bexiga; Bovino 78; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Magnificação da Figura 72. As células epiteliais contém no citoplasma vacúolos repletos de um conteúdo fracamente basofílico. Hematoxilina-eosina (Obj. 40X).
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Figura 74 - Cistite glandular; bexiga; Bovino 78; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). O material fracamente basofílico, observado no citoplasma das células epiteliais da Figura 73, apresenta-se fortemente azul alciano-positivo. Técnica do azul alciano (Obj. 10X). Figura 75 - Cistite glandular; bexiga; Bovino 78; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). O material observado nos vacúolos das células epiteliais proliferadas é fortemente PAS-positivo. Técnica do PAS (Obj. 40X). Figura 76 - Metaplasia escamosa; bexiga; Bovino 78; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Observa-se a proliferação de células do urotélio, as quais sofrem diferenciação escamosa à medida que se aproximam da luz vesical. Hematoxilina-eosina (Obj. 20X). Figura 77 - Pielonefrite; rim; Bovino 78; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Há acentuado infiltrado neutrofílico na luz tubular e no interstício renal, necrose tubular multifocal, espessamento da cápsula de Bowman e fibrose moderada. Hematoxilina-eosina (Obj. 10X). Figura 78 - Pielonefrite; rim; Bovino 78; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Há infiltrado neutrofílico acentuado na luz tubular e fibrose intersticial. Hematoxilina-eosina (Obj. 20X). Figura 79 - Papiloma; bexiga; Bovino 30; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Imuno-histoquímica, anticorpo anti-pancitoceratina bovina. Há forte imunomarcação das células epiteliais proliferadas. Método da estreptavidina-biotina-peroxidase (Obj. 40X).
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Figura 80 - Carcinoma de células escamosas; bexiga; Bovino 5; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Imuno-histoquímica, anticorpo anti-pancitoceratina bovina. Observa-se forte imunomarcação das células neoplásicas. Método da estreptavidina-biotina-peroxidade (Obj. 20X). Figura 81 - Carcinoma de células de transição tipo não-papilífero e infiltrativo; bexiga; Bovino 40; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Imuno-histoquímica, anticorpo anti-pancitoceratina bovina. Moderada imunomarcação das células epiteliais neoplásicas na lâmina própria. Método da estreptavidina-biotina-peroxidase (Obj. 20X). Figura 82 - Carcinoma de células de transição tipo não-papilífero e infiltrativo; bexiga; Bovino 78; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Imuno-histoquímica, anticorpo anti-pancitoceratina bovina. Observam-se ninhos, fitas, pequenos agregados e células individuais fortemente imunomarcadas na submucosa. Método da estreptavidina-biotina-peroxidase (Obj. 20X).
81 82
80
72
Figura 83 - Ninhos de Brunn; bexiga; Bovino 40; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Imuno-histoquímica, anticorpo anti-pancitoceratina bovina. Observa-se imunomarcação das células epiteliais dos ninhos de Brunn e do epitélio de revestimento. Método da estreptavidina-biotina-peroxidase (Obj.20X). Figura 84 - Ninhos de Brunn; bexiga; Bovino 40; forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS). Imuno-histoquímica, anticorpo anti-pancitoceratina bovina. Magnificação da Figura 83. Método da estreptavidina-biotina-peroxidase (Obj. 40X). Figura 85 - Metaplasia escamosa; bexiga; Bovino 78; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Imuno-histoquímica, anticorpo anti-pancitoceratina bovina. Observa-se forte imunomarcação das células do urotélio. Método estreptavidina-biotina-peroxidase (Obj. 20X). Figura 86 - Cistite glandular; bexiga; Bovino 78; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Imuno-histoquímica, anticorpo anti-pancitoceratina bovina. Há forte imunomarcação das células epiteliais, com conteúdo intracitoplasmático fortemente azul alciano-positivo. Método da estreptavidina-biotina-peroxidase, contracorado com azul alciano e hematoxilina de Harris (Obj. 10X). Figura 87 - Cistite glandular e carcinoma de células de transição (CCT) tipo não-papilífero e infiltrativo; bexiga; Bovino 78; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Imuno-histoquímica, anticorpo anti-pancitoceratina bovina. Há proliferação de células epiteliais bem diferenciadas formando estruturas semelhantes a glândulas, contendo material azul alciano-positivo intracitoplasmático (cistite glandular). Subjacente, observa-se a proliferação de células epiteliais neoplásicas, formando ninhos que invadem a lâmina própria (CCT). Método da estreptavidina-biotina-peroxidase, contracorado com azul alciano e hematoxilina de Harris (Obj. 20X). Figura 88 - cistite glandular; bexiga; Vovino 78; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Imuno-histoquímica, anticorpo anti-pancitoceratina bovina. Magnificação da Figura 87. Método da estreptavidina-biotina-peroxidase, contracorado com azul alciano e hematoxilina de Harris (Obj. 40X).
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Figura 89 - Hemangiossarcoma; bexiga; Bovino 68; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Imuno-histoquímica, anticorpo anti-vimentina. Observa-se forte imunomarcação das células neoplásicas. Método da estreptavidina-biotina-peroxidade (Obj. 20X). Figura 90 - Hemangiossarcoma; bexiga; Bovino 4; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Imuno-histoquímica, anticorpo anti-fator de von Willebrand. Há imunomarcação de células endoteliais neoplásicas. Método da estreptavidina-biotina-peroxidase (Obj. 20X). Figura 91 - Hemangiossarcoma; bexiga; Bovino 64; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Imuno-histoquímica, anticorpo anti-fator de von Willebrand. Há forte imunomarcação das células endoteliais neoplásicas. Método da estreptavidina-biotina-peroxidase (Obj. 40X). Figura 92 - Hemangiossarcoma pouco diferenciado; bexiga; Bovino 63; forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Imuno-histoquímica, anticorpo anti-fator de von Willebrand. Observa-se imunomarcação de poucas células neoplásicas. Método da estreptavidina-biotina-peroxidase (Obj. 40X).
89 90
91 92
74
4.2 Discussão
Quanto ao perfil das propriedades onde as formas crônicas de intoxicação por
Pteridium aquilinum tem sido observadas vários aspectos foram considerados.
A grande maioria das propriedades que tiveram casos de intoxicação crônica por
samambaia, tanto hematúria enzoótica bovina (HEB) quanto carcinomas de células escamosas
no trato alimentar superior (CCEs no TAS), tinham a finalidade de reprodução, seja ela
relacionada ao ciclo completo de criação (cria/recria/engorda) ou apenas à cria e/ou recria dos
bezerros. Propriedades que criam bovinos com essa finalidade mantêm as fêmeas por maior
tempo nos pastos, aumentando as chances de ingestão prolongada de pequenas quantidades da
planta. O tempo em que os animais permanecem ingerindo a planta e a quantidade consumida
estão diretamente ligados à ocorrência das formas crônicas da intoxicação (DÖBEREINER et
al., 1967), que é considerada dose-dependente (TOKARNIA et al., 2000).
Aproximadamente metade das propriedades analisadas, tanto com HEB quanto com
CCEs no TAS, tinham a pecuária como principal atividade econômica. As outras associavam
a pecuária a outro tipo de atividade, principalmente com agricultura. A HEB tem sido descrita
tanto em bovinos criados extensivamente como naqueles confinados, porém sempre limitada a
determinadas áreas do mundo. Uma característica comum é que a doença ocorre em campos
que não têm sido utilizados por longos períodos para a agricultura, afetando geralmente
bovinos criados em campo nativo não-cultivado ou áreas de florestas que foram devastadas,
sejam elas planas ou montanhosas. Em campos que começam a ser utilizados também para a
agricultura, dependendo da intensidade dessa utilização, em dez anos ou mais a doença
diminue ou desapareçe completamente (ROSENBERGER, 1971).
As propriedades estudadas se localizavam principalmente entre poucos metros de
altitude até 400 metros acima do nível do mar, apenas três propriedades com CCEs no TAS e
uma com HEB estavam no intervalo entre 400-800 metros. A intoxicação crônica por
samambaia tem sido relatada em várias altitudes (CAMPOS NETO et al., 1975). A
concentração de ptaquilosídeo em P. aquilinum subespécie caudatum variedade
arachnoideum varia de acordo com a altitude. Plantas que estão à 1.800 metros acima do nível
do mar têm maior concentração desse princípio tóxico quando comparado com plantas da
mesma variedade localizadas entre 1.000 e 1.400 metros de altitude (VILLALOBOS-
SALAZAR, 1999). Um trabalho realizado na ilha de São Miguel, em Açores, Portugal,
demonstrou que a altitude também interferiu na infestação dos pastos pela planta. Terras
75
localizadas em baixas altitudes (abaixo de 500 metros) têm aproximadamente 3,7 vezes mais
P. aquilinum que em terras localizadas em altitudes maiores. Este fato pode ocorrer devido ao
efeito combinado de temperatura mais baixa no inverno, maior umidade e maior dificuldade
de drenagem nas terras mais elevadas, o que não favorece o crescimento da samambaia,
reduzindo assim a invasão dos pastos pela planta (PINTO et al., 1999).
Todas as propriedades estudadas tinham, na área de pastoreio, até cerca de 30% de
infestação pela planta, presumindo-se que os bovinos consumiram pequena quantidade de
samambaia durante meses ou anos, estando de acordo com o descrito na literatura para as
formas crônicas da intoxicação (TOKARNIA et al., 2000).
Apesar das pequenas diferenças observadas entre as propriedades com casos de CCEs
no TAS ou HEB, não foram encontradas características que expliquem a ocorrência de uma
ou outra forma crônica de intoxicação por samambaia, dentro dos parâmetros analisados.
Os bovinos afetados pela forma crônica de CCEs no TAS se enquadraram na faixa
etária de idosos (32/60) e adultos (28/60) e os afetados pela HEB, na grande maioria, eram
adultos (15/18), observando-se apenas três idosos. Nenhum bovino, das duas formas crônicas
estudadas, estava na faixa etária considerada jovem (até dois anos de idade). Esses achados
estão de acordo com o descrito na literatura, sendo que os CCEs no TAS são observados
principalmente em bovinos mais velhos, de seis anos ou mais, enquanto a HEB afeta
principalmente bovinos com idade superior a 2 anos (TOKARNIA et al., 2000).
A maioria dos bovinos afetados com qualquer das formas clínicas analisadas eram
vacas. A intoxicação crônica por samambaia afeta principalmente vacas devido à maior
permanência dessa categoria animal nas propriedades (CAMPOS NETO et al., 1975;
SOUTO, 2005).
Não foi observada predisposição racial, sendo que a maioria dos bovinos afetados
eram de raça mista. Todas as raças de bovinos podem ser acometidas pela intoxicação crônica
por samambaia (PAMUKCU et al., 1976).
Os sinais clínicos observados nos bovinos com CCES no TAS estão de acordo com os
descritos na literatura (DÖBEREINER et al., 1967; TOKARNIA et al., 1969; TOKARNIA et
al., 2000) e já foram discutidos em outros estudos, os quais utilizaram bovinos da mesma
região (SOUTO, 2005; MASUDA, 2007).
Em relação à HEB, a hematúria foi o sinal clínico observado em todos os casos e foi o
parâmetro utilizado para a inclusão dos nove casos clínicos de HEB do presente estudo. Este
achado clínico é considerado o sinal cardinal dessa doença (PAMUKCU et al., 1976), e inicia
com micro-hematúria, situação em que os eritrócitos na urina são observados apenas
76
microscopicamente (ROSENBERGER, 1971). A micro-hematúria vista na HEB pode estar
associada a petéquias, equimoses e sufusões no urotélio dos cálices renais, pelve renal, ureter
e bexiga, ou ocorrer antes mesmo de surgirem lesões macroscopicamente visíveis (MAXIE;
NEWMANN, 2007). Semanas ou meses após, já se pode observar macro-hematúria, situação
em que a urina fica tingida de vermelho e, após a centrifugação, ocorre a formação de um
sedimento de eritrócitos (ROSENBERGER, 1971). A hematúria pode ser intermitente ou
contínua (GAVA, 1993), durando poucas semanas a meses (PAMUKCU et al., 1976). Neste
estudo, em apenas três casos foi possível obter a informação da duração da hematúria (40 e
180 dias) e em um dos casos clínicos estudados, a hematúria era intermitente.
O segundo sinal clínico mais observado em bovinos com HEB foi o emagrecimento
progressivo, também descrito por outros autores, que dizem que à medida que a doença
avança, ocorre a morte dos animais por caquexia (GAVA, 1993; TOKARNIA et al., 2000).
Os outros sinais clínicos também foram relatados, por outros autores, como de ocorrência
menos freqüente (TOKARNIA, et al., 1969; HOPKINS, 1986; SCHOTT et al., 2002). Em um
dos bovinos, através da palpação retal, detectou-se uma massa na cavidade pélvica, achado
também descrito na literatura (RADOSTITS et al., 2002).
Apesar da marcada sobreposição das lesões vesicais das duas formas crônicas da
intoxicação, que será discutida mais adiante, clinicamente apenas o bovino 40 apresentou
sinais clínicos das duas formas, detectados clinicamente. Este caso foi incluído, em todos os
parâmetros avaliados, como um caso de CCEs no TAS, pois a lesão mais grave observada
nesse bovino se localizava no TAS, indo ao encontro do que já foi descrito (DÖBEREINER et
al., 1967; TOKARNIA et al., 1969).
Através dos hemogramas, pode-se observar que 33,33% dos bovinos com CCEs no
TAS apresentaram anemia arregenerativa leve. Apenas um trabalho experimental, dentre os
consultados, relata as alterações hematológicas relacionadas a essa forma de intoxicação
crônica por P. aquilinum, sendo que as alterações são descritas apenas no leucograma
(CAMPO et al., 1994). Os resultados obtidos no eritrograma destes bovinos serão discutidos
posteriormente. No presente estudo, 20% dos bovinos apresentaram alterações no leucograma,
as quais foram desvio à esquerda regenerativo (5/30) e degenerativo (1/30), linfopenia (1/30),
eosinofilia (1/30) e monocitose (1/30). O desvio à esquerda, aqui observado, não foi descrito
na literatura. Linfopenia é um achado hematológico importante em bovinos cronicamente e
experimentalmente intoxicados (CAMPO et al., 1994), porém foi observado em apenas um
bovino deste estudo. Eosinofilia e monocitose também foram descritos na literatura (DAWRA
et al., 1999; FALBO et al., 2005), porém em bovinos com HEB. É importante salientar que
77
neste estudo os hemogramas foram realizados com o objetivo de determinar o perfil
hematológico da fase terminal da intoxicação, com a doença clinicamente bem estabelecida, e
talvez isso explique as diferenças de alguns resultados aqui obtidos dos descritos na literatura,
nos quais a doença foi reproduzida experimentalmente e os animais foram acompanhados
periodicamente por longos períodos (CAMPO et al., 1994). Todos os bovinos deste estudo
que apresentaram desvio à esquerda tinham CCEs ulcerados no TAS e/ou abscessos
adjacentes aos CCEs. Em 50% dos casos em que ocorreu anemia, observou-se
morfologicamente hemorragia na lâmina própria e/ou hemangiomas, o que talvez tenha
permitido a perda de sangue pela urina.
Em relação aos bovinos com HEB, 66,67% apresentaram anemia arregenerativa. Os
demais (33,33%) não apresentaram alteração no eritrograma. As alterações no eritrograma
observadas em bovinos com HEB incluem a diminuição dos valores do hematócrito (Ht),
hemoglobina, número de eritrócitos e volume corpuscular médio (VCM) (SÁNCHEZ-
VILLALOBOS et al., 2004). No presente estudo houve diminuição no número de eritrócitos e
no valor do Ht, porém não houve alteração no VCM, caracterizando morfologicamente a
anemia como normocítica e, conseqüentemente como arregenerativa. A anemia observada em
bovinos com HEB tem sido relacionada à contínua perda de sangue pela urina (SINGH et al.,
1973), no entanto, as anemias hemorrágicas se caracterizam por serem bastante regenerativas
(FIGHERA, 2001), característica essa que não foi observada no presente estudo, nas duas
formas crônicas da intoxicação. A presença de hematúria evidencia a perda de sangue, que
com certeza estava ocorrendo nestes bovinos, porém outro fator interferiu, impedindo a
regeneração do tecido eritróide, regeneração esta esperada nas anemias por perda de sangue.
Existe um tipo de anemia, denominada anemia por doença crônica, associada a uma redução
na proliferação eritróide e à utilização inadequada do ferro (COTRAN et al., 2000). Talvez
este tipo de anemia possa explicar os resultados aqui obtidos. Outra hipótese para os achados
aqui descritos é que o princípio ativo da planta estivesse agindo diretamente na medula óssea,
já que na forma aguda da intoxicação ocorre rarefação do tecido hematopoético (TOKARNIA
et al., 2000). Porém, alterações na hematopoese nas formas crônicas da intoxicação não foram
descritas na literatura consultada.
A anemia por doença crônica ocorre associada a doenças crônicas infecciosas,
inflamatórias, traumáticas e a neoplasmas (LEE et al., 1998) e caracteriza-se por ser
arregenerativa e leve (MEUTEN, 2002; THRALL, 2006). Existem três teorias para explicar a
patogênese dessa alteração, todas elas pela influência de citocinas liberadas em conseqüência
da doença crônica subjacente (LEE et al., 1998). Acredita-se que há uma redução na
78
sobrevida dos eritrócitos (LEE et al., 1998), um defeito na reutilização do ferro devido a um
bloqueio na transferência do ferro do reservatório de armazenamento para os precursores
eritróides (COTRAN et al., 2000), ocorrendo anemia pela falta de disponibilidade de ferro
para os precursores eritróides (THRALL, 2006) e uma hipoproliferação medular, causada pela
diminuição na produção de eritropoetina renal pela ação da interleucina 1 (IL-1), fator de
necrose tumoral-α (TNF-α) e do interferon-γ secretados pela condição crônica subjacente
(COTRAN et al., 2000) e pela menor resposta medular à eritropoetina (THRALL, 2006).
Em cinco bovinos com HEB não houve anemia, resultado também descrito na
literatura, em bovinos com micro-hematúria (FALBO et al., 2005). A ausência de anemia em
animais que já desenvolveram macro-hematúria não foi relatada nos trabalhos revisados.
As alterações no leucograma ocorreram em apenas quatro bovinos com HEB.
Alterações na contagem total de leucócitos não foram observadas por alguns autores em
bovinos com HEB (SINGH et al., 1973; FALBO et al., 2005), porém outros, descreveram
leucopenia como um achado freqüente (HOPKINS, 1986; MARRERO et al., 2001). Nos
bovinos do presente estudo não foi observada leucopenia, e sim leucocitose por neutrofilia,
sendo que nesses casos havia ulceração epitelial vesical, cistite ou pielonefrite, o que explica
esse achado. Em apenas dois bovinos com HEB observou-se linfopenia, sendo este um
achado importante em bovinos de um estudo experimental (CAMPO et al., 1992).
Na avaliação macroscópica, 34,78% das bexigas de bovinos com CCEs no TAS
apresentavam lesões macroscopicamente visíveis na mucosa vesical. As lesões se
caracterizavam principalmente por nódulos vermelhos e hemorragias multifocais na mucosa
vesical, muito semelhantes às observadas nos casos de HEB. Este achado está de acordo com
o relatado anteriormente, no qual 30% dos casos de CCEs no TAS tinham também
neoplasmas na bexiga (JARRETT et al., 1978). A coexistência de lesões no TAS e na bexiga
ocorre nos bovinos, e a lesão mais acentuada, responsável pelo surgimento dos sinais clínicos,
é o que determina o quadro clínico apresentado pelo animal (TOKARNIA et al., 1969). No
presente estudo, em relação ao histórico clínico, apenas o Bovino 40 desenvolveu sinais
clínicos das duas formas da intoxicação crônica por samambaia, porém, no exame
macroscópico, mais dois bovinos tinham urina vermelha na bexiga, que depois de
centrifugada revelou um sedimento de eritrócitos, o que caracteriza a hematúria. Nestes casos,
talvez o proprietário não tenha visto o bovino apresentar hematúria e por isso não relatou este
sinal clínico ao veterinário.
As alterações macroscópicas observadas nas bexigas de bovinos com HEB foram
diversas e estão de acordo com o descrito na literatura (PAMUKCU et al., 1967;
79
CARVALHO et al., 2006). Hidronefrose com hidroureter foi observada em três casos e
ruptura da bexiga e pielonefrite foram observadas em apenas um caso. Essas alterações
ocorrem como complicações graves dos neoplasmas vesicais, causadas por obstrução do fluxo
urinário e infecção bacteriana ascendente (ROSENBERGER, 1971) e são pouco observadas
na HEB (TOKARNIA et al., 2000). Em apenas um dos casos, macroscopicamente observou-
se metástase para os linfonodos regionais. Metástases são descritas eventualmente em bovinos
com HEB e geralmente ocorrem para os linfonodos regionais e órgãos adjacentes ao
neoplasma (TOKARNIA et al., 2000).
Histologicamente, 44/46 casos com CCEs no TAS apresentaram algum tipo de
alteração. Este resultado é interessante quando comparado com as alterações observadas
macroscopicamente (vistas em apenas 16 bexigas), conforme foi discutido anteriormente nas
alterações macroscópicas. As lesões microscópicas vesicais apenas histologicamente visíveis,
não foram descritas em casos de CCEs no TAS na literatura consultada.
Os neoplasmas observados neste estudo, nos casos de CCEs no TAS, foram benignos
ou malignos, epiteliais ou mesenquimais. Hemangiomas, fibromas, carcinomas de células de
transição e adenocarcinomas também foram observados nas bexigas de bovinos com CCEs no
TAS (JARRETT et al., 1978).
As alterações epiteliais não-neoplásicas observadas nos bovinos com CCEs no TAS
englobaram uma série de alterações histológicas, dessas, as displásicas foram vistas em um
grande número de bexigas. Displasias são consideradas alterações pré-neoplásicas, porém,
nem todas elas necessariamente vão evoluir para uma neoplasia (CULLEN et al., 2002).
As alterações na lâmina própria e as inflamatórias, conforme observadas neste estudo,
podem anteceder ou ocorrer concomitantemente aos neoplasmas vesicais (MEUTEN, 2002).
A tumefação de células endoteliais foi um achado freqüente. Alterações vasculares descritas
em casos de HEB variam desde a proliferação de vasos sanguíneos bem diferenciados até a
proliferação de células endoteliais da íntima das artérias, formando pequenas papilas no
lúmem vascular (PEIXOTO et al., 2003). Alguns autores sugerem que a samambaia possui
um “fator sangrante”, de estrutura desconhecida. Vasos sanguíneos alterados provocam
hemorragias para a parede ou lúmen vesical e alterações hemangiomatosas podem se
desenvolver nessas áreas, ocasionando macro-hematúria, que em alguns casos ocorre sem o
desenvolvimento de lesões neoplásicas (NEWMAN et al., 2007). Neste estudo foram
observados casos com macro-hematúria, sem lesões neoplásicas vesicais, tanto nos casos de
CCEs no TAS quanto nos casos de HEB.
80
Aproximadamente 30% das alterações observadas nas bexigas de bovinos com HEB
eram neoplásicas, dessas, os neoplasmas mesenquimais foram mais observados (61,53%) que
os epiteliais (38,46%). Outros estudos descrevem maior quantidade de neoplasmas epiteliais
(CARVALHO et al., 2006) e de neoplasmas mistos, isto é, com a coexistência de células
mesenquimais e epiteliais num mesmo tumor (PAMUCKU et al., 1976). Neoplasmas mistos
não foram observados neste estudo, porém em três animais havia mais de um tipo histológico
de neoplasma no mesmo bovino, achado também descrito na literatura (CARVALHO et al.,
2006).
Muitas vezes há dificuldade de comparar os resultados aqui obtidos com trabalhos
publicados. As diferenças observadas nos trabalhos consultados podem ser explicadas devido
a diferentes critérios de classificação ou metodologia utilizada. Lesões interpretadas como
displasia acentuada por alguns autores podem ser interpretadas como alterações neoplásicas
por outros e ainda, estudos que consideram somente lesões neoplásicas tem resultados
diferentes de trabalhos que utilizam lesões neoplásicas e não-neoplásicas nos cálculos de
freqüência de alterações vesicais na HEB (PEIXOTO et al., 2003).
Em relação ao comportamento biológico, a maior parte dos neoplasmas eram malignos
(61,53%), achado que está de acordo com o descrito na literatura (CARVALHO et al., 2006).
Em dois casos (Bovinos 63 e 78), observou-se metástase para os linfonodos da
cavidade pélvica e linfonodo renal, desses, no Bovino 78 não havia alteração macroscópica,
porém histologicamente observou-se acentuada invasão dos seios subcapsulares e trabeculares
pelas células neoplásicas. Em um estudo, 10% dos carcinomas metastatizaram para os
linfonodos ilíacos e em três animais houve ainda a disseminação para os pulmões
(PAMUCKU et al., 1976). Metástases raramente ocorrem em casos de HEB, mesmo naqueles
em que os neoplasmas são acentuadamente pleomórficos e com caráter invasivo. Esses
achados sugerem a existência de alguns fatores ainda não determinados que impedem a
disseminação das células neoplásicas (PEIXOTO et al., 2003).
Aproximadamente 70% das alterações vesicais observadas em bovinos com HEB eram
não-neoplásicas e, apesar de não terem a mesma prevalência aqui observada, foram também
descritas por outros autores (PEIXOTO et al., 2003; SARDON et al., 2005; CARVALHO et
al., 2006). Essas alterações muitas vezes estão associadas a neoplasmas vesicais e também
contribuem para o diagnóstico histológico da doença (BORZACCHIELLO; ROPERTO,
2008).
As alterações epiteliais foram as mais prevalentes das alterações não-neoplásicas
observadas nos casos de HEB. Esses achados são relevantes, pois podem significar alterações
81
iniciais, as quais antecedem alterações neoplásicas. Neoplasmas epiteliais parecem se
desenvolver a partir de alterações hiperplásicas e metaplásicas (escamosas e glandulares) no
urotélio, freqüentemente acompanhadas de alterações vasculares (NEWMAN et al., 2007). Os
carcinógenos químicos em geral, induzem neoplasias após uma série de eventos celulares e
histológicos, que iniciam com hiperplasia focal do urotélio e metaplasia escamosa, as quais
evoluem para displasias, que por sua vez se transformam em neoplasias (MEUTEN, 2002).
As mais diversas alterações aqui observadas talvez tenham sido induzidas pelos princípios
tóxicos da planta, os quais são eliminados de forma ativa pela urina (LIOI et al., 2004),
principalmente porque muitas destas alterações vesicais se repetiram nos casos de CCEs no
TAS e são descritas em outros trabalhos de HEB. A avaliação de uma possível participação
do papilomavírus bovino tipo 2 (BPV-2) na gênese das lesões vesicais não foi alvo deste
estudo.
Os ninhos de Brunn, observados em seis casos de HEB e em oito casos de CCEs no
TAS, são considerados lesões pré-neoplásicas em humanos, também têm sido relatados
adjacentes a neoplasmas vesicais em animais (MEUTEN, 2002), e parecem ser o local de
origem de neoplasmas epiteliais (NEWMAN et al., 2007). Alterações metaplásicas são
consideradas uma resposta do urotélio frente a um estímulo constante, e é comum a
ocorrência de mais de um tipo de metaplasia, ou a coexistência de alterações metaplásicas
com lesões proliferativas (MURPHY et al., 2004). Neste estudo, observaram-se metaplasia
glandular e escamosa, as quais ocorreram concomitantemente em um caso e metaplasia
glandular com ninhos de Brunn, que ocorreu em três casos. Alguns autores utilizam o termo
metaplasia intestinal ao invés de metaplasia glandular, porém esse termo é mais utilizado para
descrição de lesões em humanos (MEUTEN, 2002).
O termo cistite tem sido utilizado para uma grande variedade de hiperplasias,
metaplasias e processos reativos da bexiga (MURPHY et al., 2004). Neste estudo observou-se
cistite cística, cistite glandular e cistite polipóide. As cistites cística e glandular se originam
dos ninhos de Brunn, a partir da obstrução dos poros desses ninhos (MURPHY et al., 2004).
A cistite polipóide ocorre quando há edema na lâmina própria formando uma projeção na
mucosa (CARVALHO et al., 2006), porém alguns autores descrevem a necessidade da
presença de tecido fibroso e inflamação na lâmina própria para a classificação desta alteração
(MURPHY et al., 2004).
Dilatação de vasos linfáticos e edema, observados neste estudo, também foram
descritos em bovinos com HEB (SARDON et al., 2005). Edema na lâmina própria é um
achado inespecífico, mas tem sido associado com neoplasmas, reação a terapias com radiação
82
e irritação crônica (MURPHY et al., 2004). Estroma mixóide foi observado nos bovinos com
CCEs no TAS. Essa alteração também é denominada em humanos de pseudotumor
inflamatório ou tumor fibromixóide pseudossarcomatoso (MURPHY et al., 2004).
Hemorragias vesicais foram observadas em sete casos de HEB e estão de acordo com o
descrito na literatura (SARDON et al., 2005).
As alterações inflamatórias observadas em casos de HEB foram: formação de folículos
linfóides e infiltrado inflamatório na submucosa. Os folículos linfóides geralmente são
associados a infecções do trato urinário (MURPHY et al., 2004) e a ocorrência acentuada
deles na lâmina própria da bexiga tem sido denominada por alguns autores como cistite
folicular (MURPHY et al., 2004; CARVALHO et al. 2006). Porém, devido ao pequeno
número de folículos linfóides observados na lâmina própria de cada caso, optou-se por apenas
descrever a presença de folículos linfóides e não chamar essa alteração de cistite folicular. O
infiltrado inflamatório observado geralmente estava adjacente a neoplasmas e era composto
principalmente por linfócitos, histiócitos e plasmócitos. Os casos com inflamação neutrofílica
tinham ulceração do epitélio de transição e infecção bacteriana secundária, caracterizada por
agregados bacterianos basofílicos intralesionais.
A técnica de imuno-histoquímica mostrou ser eficiente no diagnóstico de neoplasmas
pouco diferenciados. A utilização dos anticorpos anti-pancitoceratina e anti-vimentina
possibilitaram a diferenciação entre células neoplásicas epiteliais e mesenquimais,
respectivamente. Em dois casos, a utilização de anticorpo anti-fator de von Willebrand,
permitiu o diagnóstico de dois hemangiossarcomas, que tinham sido previamente
classificados como sarcomas indiferenciados. Nos dois neoplasmas obteve-se a
imunomarcação de poucas células neoplásicas. O fator de von Willebrand está localizado no
interior de corpúsculos, chamados corpúsculos de Weibel-Palade, nas células endoteliais, e a
imunoreatividade ocorre pela presença destas estruturas nas células. Esses corpúsculos são
raros nos neoplasmas pouco diferenciados, e isso explica a baixa imunomarcação
(aproximadamente 10-15%) observada nesses casos (CERILLI; WICK, 2006).
5 CONCLUSÕES
1. Através dos parâmetros analisados, não foram observadas características diferentes no
perfil das propriedades afetadas pelas formas crônicas da intoxicação (CCEs no TAS e
HEB) por Pteridium aquilinum que possam indicar fatores determinantes para a
ocorrência de uma ou outra forma clínica.
2. A intoxicação por samambaia afetou bovinos que pastoreavam em campos com até
30% de infestação por P. aquilinum, o que provavelmente, favoreceu a ocorrência das
formas crônicas.
3. A HEB afetou principalmente bovinos adultos e a forma de CCEs no TAS afetou mais
bovinos idosos do que adultos.
4. Cada uma das formas crônicas da intoxicação por P. aquilinum apresentou sinais
clínicos bastante definidos, a sobreposição dos sinais foi raramente observada neste
estudo.
5. A principal alteração hematológica observada nas formas crônicas da intoxicação foi
anemia arregenerativa. Alterações do leucograma ocorreram em alguns casos, mas
linfopenia foi um achado infreqüente em ambas as formas de intoxicação.
6. Através do estudo morfológico, concluiu-se que é comum a ocorrência de lesões
vesicais em bovinos concomitantemente com a forma crônica de CCEs no TAS.
7. As lesões macroscópicas e histopatológicas observadas nas bexigas dos bovinos com
CCEs no TAS foram idênticas às encontradas nos bovinos com HEB.
8. Em relação aos achados histológicos, além das alterações neoplásicas, diversas
alterações não-neoplásicas foram observadas nas bexigas dos bovinos, tanto com
CCEs no TAS quanto com HEB, demonstrando que essas alterações são comumente
84
observadas na intoxicação crônica por samambaia e devem ser consideradas no
diagnóstico da doença.
9. A hematúria enzoótica pode ocorrer em bovinos associada a lesões não-neoplásicas na
bexiga.
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Apêndice A – Casos de intoxicação crônica por samambaia (P. aquilinum), dados do bovino afetado e parâmetros avaliados. Dados do animal Parâmetros avaliados
Nº caso Protocolo Forma clínica Raça Sexo Idade Epidemiologia Sinais clínicos Hematologia Morfologia 1 Vn263-03 CCEs no TAS Mista fêmea 4 anos ● - - - 2 Vn264-03 CCEs no TAS Mista fêmea 7 anos ● - - - 3 Vn357-03 CCEs no TAS Mista fêmea 13 anos ● - - - 4 Vn399-03 HEB Mista fêmea 4 anos ● ● - ● 5 Vn400-03 HEB Mista fêmea 7 anos ● ● - ● 6 Vn401-03 CCEs no TAS Mista fêmea 7 anos ● - - ● 7 Vn029-04 CCEs no TAS Mista macho 8 anos ● - - ● 8 Vn030-04 CCEs no TAS Holandesa fêmea 8 anos ● - - - 9 Vn051-04 CCEs no TAS Mista fêmea 5 anos ● - - - 10 V138-04 CCEs no TAS Mista fêmea 11 anos ● - - ● 11 Vn050-04 CCEs no TAS Mista fêmea 5 anos ● - - - 12 Vn078-04 CCEs no TAS Mista fêmea 6 anos ● - - - 13 Vn080-04 CCEs no TAS Mista fêmea 8 anos ● - - - 14 Vn113-04 CCEs no TAS Mista macho 7 anos ● - - - 15 V495-04 CCEs no TAS Mista macho 3 anos ● - - - 16 Vn185-04 CCEs no TAS Mista fêmea 7 anos ● - - - 17 Vn226-04 HEB Holandesa macho 5 anos ● ● - ● 18 V637-04 CCEs no TAS Mista Macho 11 anos ● - - ● 19 Vn300-04 CCEs no TAS Mista fêmea 7 anos ● - - - 20 Vn302-04 CCEs no TAS Mista fêmea 10 anos ● - - - 21 Vn305-04 CCEs no TAS Mista fêmea 8 anos ● - - - 22 Vn366-04 CCEs no TAS Mista fêmea 10 anos ● - - ● 23 Vn367-04 CCEs no TAS Mista fêmea 8 anos - - - ● 24 Vn373-04 CCEs no TAS Mista fêmea 9 anos ● - - - 25 Vn428-04 CCEs no TAS Mista fêmea 9 anos ● - - -
CCE = carcinoma de células escamosas; TAS = trato alimentar superior; HEB = hematúria enzoótica bovina; ● = parâmetro avaliado; - = parâmetro não avaliado.
94
Apêndice A – Casos de intoxicação crônica por samambaia (P. aquilinum), dados do bovino afetado e parâmetros avaliados (continuação).
Dados do animal Parâmetros avaliados Nº caso Protocolo Forma clínica Raça Sexo Idade Epidemiologia Sinais clínicos Hematologia Morfologia
26 V431-05 CCEs no TAS Jersey fêmea 8 anos ● - - - 27 V475-05 CCEs no TAS Mista fêmea 13 anos ● - - ● 28 V476-05 CCEs no TAS Mista fêmea 8 anos ● - - ● 29 V507-05 CCEs no TAS Mista fêmea 6 anos ● - - ● 30 V666-05 CCEs no TAS Mista fêmea 8 anos ● - - ● 31 V738-05 CCEs no TAS Mista fêmea 9 anos ● - - - 32 V882-05 CCEs no TAS Mista fêmea 10 anos ● - - ● 33 V003-06 CCEs no TAS Mista fêmea 9 anos ● - - ● 34 V449-06 CCEs no TAS Mista fêmea 6 anos ● ● ● ● 35 V466-06 CCEs no TAS Mista fêmea 4 anos ● ● ● ● 36 V484-06 HEB Mista fêmea 7 anos ● ● ● ● 37 V544-06 CCEs no TAS Mista fêmea 8 anos ● ● ● ● 38 V545-06 CCEs no TAS Mista fêmea 8 anos ● ● ● ● 39 V574-06 HEB Mista fêmea 6 anos ● ● ● ● 40 V590-06 CCEs no TAS Mista fêmea 7 anos ● ● ● ● 41 V616-06 CCEs no TAS Mista fêmea 8 anos - ● ● ● 42 V617-06 CCEs no TAS Mista fêmea 6 anos ● ● ● - 43 V758-06 HEB Jersey fêmea 8 anos ● ● ● ● 44 V810-06 CCEs no TAS Mista fêmea 7 anos ● ● ● ● 45 V984-06 CCEs no TAS Mista fêmea 6 anos ● ● ● ● 46 V1052-06 CCEs no TAS Mista fêmea 8 anos ● ● ● ● 47 V1340-06 CCEs no TAS Mista fêmea 3 anos ● - - ● 48 V005-07 CCEs no TAS Mista fêmea 8 anos ● ● ● ● 49 V006-07 CCEs no TAS Mista fêmea 10 anos ● ● ● -
CCE = carcinoma de células escamosas; TAS = trato alimentar superior; HEB = hematúria enzoótica bovina; ● = parâmetro avaliado; - = parâmetro não avaliado.
95
Apêndice A – Casos de intoxicação crônica por samambaia (P. aquilinum), dados do bovino afetado e parâmetros avaliados (continuação).
Dados do animal Parâmetros avaliados Nº caso Protocolo Forma clínica Raça Sexo Idade Epidemiologia Sinais clínicos Hematologia Morfologia
50 V007-07 CCEs no TAS Mista fêmea 8 anos ● ● ● ● 51 V008-07 CCEs no TAS Mista fêmea 3 anos ● ● ● ● 52 V009-07 CCEs no TAS Mista fêmea 3 anos ● ● ● ● 53 V036-07 CCEs no TAS Mista fêmea 5 anos ● ● ● ● 54 V037-07 CCEs no TAS Mista fêmea 7 anos ● ● ● ● 55 V131-07 CCEs no TAS Mista fêmea 8 anos ● ● ● ● 56 V181-07 CCEs no TAS Holandesa fêmea 8 anos ● ● ● ● 57 V280-07 CCEs no TAS Mista fêmea 10 anos ● ● ● ● 58 V281-07 CCEs no TAS Mista fêmea 7 anos ● ● ● ● 59 V309-07 CCEs no TAS Mista fêmea 4 anos ● ● ● ● 60 V372-07 CCEs no TAS Holandesa fêmea 10 anos ● ● ● ● 61 V486-07 CCEs no TAS Mista fêmea 5 anos ● - - ● 62 V487-07 CCEs no TAS Mista fêmea 8 anos ● - - ● 63 V530-07 HEB Mista fêmea 7 anos ● ● ● ● 64 V612-07 HEB Holandesa fêmea 10 anos ● ● ● ● 65 V859-07 HEB n.i. fêmea n.i. - - - ● 66 V1025-07 CCEs no TAS Mista fêmea 9 anos ● - - ● 67 V1228-07 CCEs no TAS Mista fêmea 10 anos ● - - ● 68 Vn005-08 HEB Mista fêmea 15 anos - - - ● 69 V091-08 CCEs no TAS Mista fêmea 5 anos ● - - ● 70 V233-08 CCEs no TAS Mista fêmea 6 anos ● ● ● ● 71 V234-08 CCEs no TAS Mista Fêmea 8 anos ● ● ● ● 72 V235-08 CCEs no TAS Mista fêmea 6 anos ● ● ● ● 73 V449-08 CCEs no TAS Mista fêmea 8 anos - - - ● 74 V550-08 CCEs no TAS Mista fêmea 12 anos - ● ● ●
CCE = carcinoma de células escamosas; TAS = trato alimentar superior; HEB = hematúria enzoótica bovina; ● = parâmetro avaliado; - = parâmetro não avaliado; n.i = não informado.
96
Apêndice A – Casos de intoxicação crônica por samambaia (P. aquilinum), dados do bovino afetado e parâmetros avaliados (continuação).
Dados do animal Parâmetros avaliados Nº caso Protocolo Forma clínica Raça Sexo Idade Epidemiologia Sinais clínicos Hematologia Morfologia
75 V551-08 CCEs no TAS Mista fêmea 12 anos - ● ● ● 76 V656-08 CCEs no TAS Mista fêmea 8 anos - ● ● ● 77 V719-08 CCEs no TAS Mista fêmea 12 anos - ● ● - 78 V761-08 HEB Mista fêmea 7 anos - ● ● ● 79 H-CL1 HEB clínica Mista fêmea 7 anos ● ● ● - 80 H-CL2 HEB clínica Mista fêmea 6 anos ● ● ● - 81 H-CL3 HEB clínica Mista fêmea 7 anos ● ● ● - 82 H-CL4 HEB clínica Mista fêmea 11 anos ● ● ● - 83 H-CL5 HEB clínica Mista fêmea 7 anos ● ● ● - 84 H-CL6 HEB clínica Mista fêmea 10 anos ● ● ● - 85 H-CL7 HEB clínica Mista macho 6 anos ● ● ● - 86 H-CL8 HEB clínica Mista fêmea 6 anos ● ● ● - 87 H-CL9 HEB clínica Mista fêmea 8 anos ● ● ● - 88 Vn141-05 controle Mista macho 18 meses - - - ● 89 Vn143-05 controle Mista macho 18 meses - - - ● 90 Vn162-05 controle Mista macho 22 meses - - - ● 91 Vn331-07 controle Mista fêmea 4 anos - - - ● 92 Vn354-07 controle Mista fêmea 2 anos - - - ● 93 Vn431-07 controle Hereford fêmea adulta - - - ● 94 Vn485-07 controle Mista fêmea 5 anos - - - ● 95 Vn006-08 controle Mista fêmea 5 anos - - - ● 96 Vn056-08 controle Mista macho 18 meses - - - ● 97 Vn059-08 controle Mista macho 6 meses - - - ●
CCE = carcinoma de células escamosas; TAS = trato alimentar superior; HEB = hematúria enzoótica bovina; ● = parâmetro avaliado; - = parâmetro não avaliado.
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Apêndice B - Hemograma dos bovinos cronicamente intoxicados por samambaia, forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS).
Eritrograma Leucograma Bovinos Hta Eritb VCMc Leucd Neue Bastf Metg Linh Moni Eosj Basl
VR 24-46 5,0-10,0 40,0-60,0 4.000-12.000 600-4.000 0-120 0 2.500-7.500 25-840 0-2.400 0-200 34 28 6,2 45,2 22.100 12.818 2.873 442 5.525 442 0 0 35 39 8,6 45,3 10.200 3.570 102 0 6.120 0 408 0 37 37 7,5 49,3 5.400 1.728 0 0 2.970 108 594 0 38 26 4,8 54,2 8.100 2.106 81 0 5.589 162 162 0 40 18 3,5 51,4 6.000 1.680 120 0 3.480 540 180 0 41 23 4,7 48,9 5.100 1.734 102 0 3.009 153 102 0 42 37 7,1 52,1 2.900 493 145 0 2.030 87 145 0 44 38 7,5 50,7 18.100 9.955 1.448 181 6.154 362 0 0 45 35 7,2 48,6 8.700 2.001 0 0 5.655 0 1.044 0 46 30 6,5 46,1 8.300 2.739 0 0 5.395 83 83 0 48 23 4,9 46,9 4.600 966 0 0 3.312 46 276 0 49 37 7,0 52,8 4.500 1.260 0 0 2.880 45 315 0 50 36 7,4 48,6 5.200 1.768 52 0 3.120 156 104 0 51 35 6,8 51,5 7.000 2.100 0 0 4.200 70 630 0 52 24 4,6 52,2 11.000 3.300 110 0 7.260 110 220 0 53 32 6,5 49,2 12.000 3.120 120 0 7.200 120 1.440 0 54 30 5,5 54,5 8.600 2.150 86 0 5.418 258 688 0 55 46 8,8 52,3 11.200 3.920 112 0 6.160 336 560 112 56 23 4,5 51,1 7.700 2.079 77 0 5.313 154 77 0 57 30 6,6 45,4 6.200 2.418 62 0 3.596 62 62 0 58 35 7,3 47,9 4.300 1.591 0 0 2.537 129 43 0 59 30 5,8 51,7 6.800 2.380 68 0 4.216 68 68 0 60 27 4,8 56,2 16.200 5.832 324 0 6.804 162 2.916 162
aHematócrito (%), bEritrócitos (x106/mm3), cvolume corpuscular médio (fentolitros), dLeucócitos (/mm3), eNeutrófilos (/mm3), fBastonetes (/mm3), gMetamielócitos (/mm3), hLinfócitos (/mm3), i Monócitos (/mm3), jEosinófilos (/mm3), lBasófilos (/mm3) e VR = valores de referência.
98
Apêndice B - Hemograma dos bovinos cronicamente intoxicados por samambaia, forma clínica de carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS) (continuação).
Eritrograma Leucograma Bovinos Hta Eritb VCMc Leucd Neue Bastf Metg Linh Moni Eosj Basl
VR 24-46 5,0-10,0 40,0-60,0 4.000-12.000 600-4.000 0-120 0 2.500-7.500 25-840 0-2.400 0-200 70 31 6,0 51,7 8.100 3.240 0 0 4.212 243 405 0 71 33 6,5 50,8 9.600 2.880 0 0 6.432 192 96 0 72 21 4,1 51,2 7.600 2.584 0 0 4.560 152 304 0 74 20 4,1 48,8 8.900 2.225 0 0 6.408 89 178 0 75 48 9,5 50,5 9.100 3.276 0 0 5.187 273 364 0 76 18 3,4 52,9 14.200 8.236 284 0 4.686 284 710 0 77 42 8,0 52,5 28.400 16.756 1.420 0 7.100 1.704 1.420 0
aHematócrito (%), bEritrócitos (x106/mm3), cvolume corpuscular médio (fentolitros), dLeucócitos (/mm3), eNeutrófilos (/mm3), fBastonetes (/mm3), gMetamielócitos (/mm3), hLinfócitos (/mm3), i Monócitos (/mm3), jEosinófilos (/mm3), lBasófilos (/mm3) e VR = valores de referência.
99
Apêndice C - Hemograma dos bovinos cronicamente intoxicados por samambaia, forma clínica de hematúria enzoótica bovina (HEB). Eritrograma Leucograma Bovinos
Hta Eritb VCMc Leucd Neue Bastf Metg Linh Moni Eosj Basl VR 24-46 5,0-10,0 40,0-60,0 4.000-12.000 600-4.000 0-120 0 2.500-7.500 25-840 0-2.400 0-200 36 10 2,1 47,6 7.300 5.183 1.095 0 803 146 73 0 39 44 8,0 55,0 9.500 1.900 0 0 6.365 190 1.045 0 43 22 3,9 56,4 9.400 5.452 1.128 282 2.444 94 0 0 63 23 4,8 47,9 8.400 3.360 84 0 4.200 336 420 0 64 10 1,9 52,6 5.900 2.183 0 0 3.481 177 59 0 78 14 2,6 53,8 18.500 12.950 0 0 5.180 185 185 0 79 43 9,8 43,9 10.500 3.150 0 0 6.615 0 630 105 80 34 7,1 47,9 8.800 3.696 352 0 4.752 0 0 0 81 19 3,5 54,3 10.100 1.717 0 0 7.373 101 808 101 82 21 4,1 51,2 10.800 2.808 108 0 7.236 108 540 0 83 35 6,5 53,8 7.300 1.752 0 0 4.380 0 1.168 0 84 21 3,8 55,3 9.200 3.864 0 0 4.692 460 184 0 85 22 4,6 47,8 11.100 3.663 111 0 6.438 222 666 0 86 33 6,8 48,5 5.900 1.593 0 0 4.012 118 177 0 87 23 4,8 47,9 5.200 2.236 52 0 2.808 52 52 0
aHematócrito (%), bEritrócitos (x106/mm3), cvolume corpuscular médio (fentolitros), dLeucócitos (/mm3), eNeutrófilos (/mm3), fBastonetes (/mm3), gMetamielócitos (/mm3), hLinfócitos (/mm3), i Monócitos (/mm3), jEosinófilos (/mm3), lBasófilos (/mm3) e VR = valores de referência.
100
Apêndice D – Alterações histopatológicas observadas nas bexigas dos bovinos com carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS).
Nº caso
Fibroma Hemangioma Papiloma Hemangiossarcoma CCT Dilatação de
vasos linfáticos
Hemorragia Edema Estroma mixóide
Tecido fibrovascular
focal
Tumefação de células endoteliais
6 ● - - - - ● - - - - - 7 - - - - - ● - - - - -
10 - - - - - - - - - - - 18 - - - - - - - - - - - 22 - - - - - ● - - - - ● 23 - - - - - ● - - - - ● 27 - - - - - - - - - - ● 28 - - - - - ● - - - - - 29 - - - - - - - - - - - 30 - - ● - - - - - - - - 32 - - - - - ● - - - - - 33 - - - - - - - - - - - 34 - - - - - - - - - - - 35 - - - - - - - - - - - 37 - - - - - - - - - - - 38 - - - - - - - - - - - 40 - ● - - ● ● ● ● ● - - 41 - - - - - ● - - ● - - 44 - - - - - - - - - - - 45 - - - - - ● - - - - ● 46 - - - - - - - - - - - 47 - - - - - - - - - - - 48 - - - - - - - - - - ● 50 - - - - - - - - - - - 51 - - - - - - - - - - - 52 - - - - - - ● - ● - ● 53 - - - - - - - - - - - 54 - - - - - - - - - - ● 55 - - - - - - - - - - ● 56 - - - - - - - - - - - ● = presente; - = ausente; CCT = carcinoma de células de transição.
101
APÊNDICE D – Alterações histopatológicas observadas nas bexigas dos bovinos com carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS) (continuação).
Nº caso
Fibroma Hemangioma Papiloma Hemangiossarcoma CCT Dilatação de
vasos linfáticos
Hemorragia Edema Estroma mixóide
Tecido fibrovascular
Tumefação de células endoteliais
57 - - - - - ● - - - - - 58 - - - - - - - - - - - 59 - - - - - ● - - - - - 60 - - - - - - - - - - - 61 - - - - - ● - - - - - 62 - - - - - - ● D - - - ● 66 - - - - - ● - - - - - 67 - ● ● ● - ● ● - - - - 69 - - - - - - - - - - - 70 - - - - - - - - - - - 71 - - - - - ● - - - - - 72 - - - - - - ● D ● ● - - 73 - - ● - ● ● - ● - - - 74 - ● - - - ● ● ● - - - 75 - - - - - - ● D ● - - - 76 - ● - - - ● ● D H ● - ● -
● = presente; - = ausente; D = diapedese de eritrócitos pelo urotélio; H = hemossiderina; CCT = carcinoma de células de transição.
102
APÊNDICE D – Alterações histopatológicas observadas nas bexigas dos bovinos com carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS) (continuação). Nº
caso Hiperplasia Displasia
Vacúolos intraepiteliais
Ninhos de Brunn
Cistite polipóide
Cistite cística
Cistite fibrinosupurativa
Infiltrado linfoplasmocitário
Folículos linfóides
Cistite crônica
Mastócitos
6 - - - - - - - ● ● - - 7 - - ● ● - - - ● ● - -
10 - ● - - - - - - - - - 18 - - - - - - - - - - - 22 - ● - ● - - - ● - ● - 23 - - - - - - - ● - - ● 27 - ● - - - - - ● - - ● 28 - ● ● - - - - ● - - ● 29 - ● - - - - - - - - - 30 - ● - - - - - ● - - - 32 - ● - - - - - ● - - - 33 - - - - - - - ● - - - 34 - ● - - - - - ● - - - 35 - ● - - - - - ● - - - 37 - - - - - - - ● - - ● 38 - - - - - - - ● - - ● 40 - - ● ● ● ● - ● ● - - 41 - - - - - - - ● - - - 44 ● - - - - - - ● - - - 45 - - - - - - - ● ● - - 46 - - - - - - - ● ● - - 47 - - - - - - - ● - - - 48 - ● - - - - - ● ● - - 50 - - - - - - - ● ● - - 51 - - - - - - - ● - - - 52 - - - - - - - ● ● - - 53 - ● - - - - - ● ● - - 54 - ● - - - - - ● - - - 55 - - - - - - - ● - - - 56 - - - - - - - ● - - - 57 - - ● - - - - ● - - - ● = presente; - = ausente.
103
APÊNDICE D – Alterações histopatológicas observadas nas bexigas dos bovinos com carcinomas de células escamosas (CCEs) no trato alimentar superior (TAS) (continuação). Nº
caso Hiperplasia Displasia Vacúolos
intraepiteliais Ninhos de
Brunn Cistite
polipóide Cistite cística
Cistite fibrinosupurativa
Infiltrado linfoplasmocitário
Folículos linfóides
Cistite crônica Mastócitos
58 - - - - - - - - - - - 59 - ● - - - - - ● ● - - 60 - - - - - - - ● - - - 61 - - - - - - - ● - - - 62 ● - - ● - - - ● - - - 66 - - ● - - - - ● ● - - 67 - ● ● ● - - - ● - - - 69 - - - - - - - ● - - - 70 - - - - - - - ● ● - - 71 - - - - - - - ● - - - 72 - ● ● ● - - - ● ● - - 73 - ● ● ● - ● - ● ● - - 74 - - ● - - - ● ● ● - - 75 - ● - - - - - ● - - - 76 ● - ● ● - - - - ● - - ● = presente; - = ausente.
104
Apêndice E – Alterações histopatológicas observadas nas bexigas dos bovinos com hematúria enzoótica bovina (HEB). Alterações 4 5 17 36 39 43 63 64 65 68 78 Papiloma - - - - - ● - - - ● - CCE - ● - - - - - - ● - - CCT - - - - - - - - - - ●M Hemangioma ● - - ● - - - ● - - - Hemangiossarcoma ● - ● - - - ●M ● - ● - Hiperplasia ● ● ● - ● - - - - ● - Displasia ● ● - - - - - - - ● - Ninhos de Brunn ● ● - - ● - - ● - ● ● Cistite polipóide - - ● - - - - - - ● - Cistite cística - ● - - - - - - - ● - Cistite glandular - - - - - - - - - - ● Metaplasia glandular - ● - - - - - - - ● ● Metaplasia escamosa - - - - - - - - - - ● Vacúolos intraepiteliais ● ● ● - ● - - ● - - - Dilatação de linfáticos ● ● ● ● - - - - - ● ● Hemorragia ● ● ●D - ●D - ● - - ●D Edema ● ● ● - ● - - - - ● ● Infiltrado inflamatório ● ● ● ● ● ● ● ● - ● ● Folículos linfóides ● ● ● - ● - - ● - ● - ● = alteração presente; - = alteração ausente; M = metástases; D = diapedese de eritrócitos pelo urotélio; CCE = carcinoma de células escamosas; CCT = carcinoma de células de tansição.
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