Post on 21-Jul-2020
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÂO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
AS ARTES VISUAIS E O DESENVOLVIMENTO INFANTIL
SOB O OLHAR ARTETERAPÊUTICO
Por: Roseli Maria Faraco Oliveto
Orientadora
Profª. Ms. Fabiane Muniz
Rio de Janeiro
2010
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
AS ARTES VISUAIS E O DESENVOLVIMENTO INFANTIL
SOB O OLHAR ARTETERAPÊUTICO
Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes
como requisito parcial para obtenção do grau de especialista
em Arteterapia em Educação e Saúde
Por: Roseli Maria Faraco Oliveto
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AGRADECIMENTOS
A minha irmã Sueli, por me incentivar e
ajudar financeiramente para que eu
continue meus estudos. Ao meu filho
Luiz Otávio, pela colaboração nas
horas mais difíceis com o computador.
A Deus por ter me dado forças e
coragem para continuar.
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DEDICATÓRIA
Dedico esta monografia a minha irmã ,
meu filho e amigos que me
incentivaram e contribuíram para que
eu chegasse até aqui.
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RESUMO
Esse trabalho visa conhecer as artes visuais e a simbologia do desenho
a partir da evolução do grafismo infantil e aplicá-lo como parte integrante no
processo da arteterapia.Conhecendo o desenvolvimento do grafismo infantil
torna mais acessível o conhecimento da criança.
O papel das artes visuais no tratamento terapêutico ocupacional tem seu
início na psiquiatria, mas hoje vemos que é possível sua utilização nas mais
diversas áreas de atuação. O trabalho com a arte também está relacionado
com a visão de homem que o profissional possui, pois, trabalhar com a arte é
antes de qualquer coisa aceitar o homem como um ser possuidor não só de um
corpo físico, mas também de uma intensa e dinâmica subjetividade.
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METODOLOGIA
Este trabalho trata de uma pesquisa bibliográfica. Os principais autores
utilizados na realização desta pesquisa foram FURTH, Gregg. M., BARROS,
Célia Silva Guimarães, DERDYK, Edith.
A pesquisa bibliográfica tem como objetivo a sistematização das idéias
que envolvem as artes visuais e a arteterapia.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I- As Artes Visuais 10
1.1- As artes visuais e suas diferentes expressões 10
CAPÍTULO II - A importância das artes visuais na aprendizagem
e no desenvolvimento infantil 14
CAPÍTULO III - A arteterapia olhando para o desenvolvimento
infantil através das artes visuais 18
3.1- Desenho infantil 21
3.2 - O desenvolvimento da expressão gráfica 25
CONCLUSÃO 30
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 32
ÌNDICE 33
FOLHA DE AVALIAÇÃO 34
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INTRODUÇÃO
O tema escolhido para a monografia foi o desenho e a evolução do
grafismo infantil, como utilizá-lo no processo integrante da arteterapia.O
desenho é a primeira escrita da criança, nele expõe pensamentos e
sentimentos marcando seu desenvolvimento. Por isso é fundamental o
conhecimento da evolução do grafismo infantil proporcionando um novo olhar
sobre a simbologia dos desenhos. Demonstra como o desenho se desenvolve
paralelo ao desenvolvimento da criança e constata que a expressão da criança
varia com a idade e com seu tipo de temperamento tornando mais acessível o
conhecimento da criança e facilitando a compreensão das reações e
expressões infantis diante das mais variadas situações e verificando que tanto
sentimentos agradáveis como desagradáveis podem ser sinalizados pelo
desenho. O objetivo é proporcionar um novo olhar sobre a simbologia dos
desenhos, auxiliando tanto pais como educadores a perceberem os
sentimentos e pensamentos que encontram-se no universo imaginário infantil.
É preciso conscientizar os adultos da responsabilidade de desenvolverem uma
atitude de aceitação dos impulsos e expressões da criança, valorizando a
espontaneidade através da arte, que é um degrau de muita importância ao
desenvolvimento infantil. Ao adulto faz-se aceitar as originalidades de cada
criança e se prontificar para lançar-se com elas num mundo de imaginação e
aventura, apresentando uma atitude de confiança e não um levantamento de
conduta, regras e dados. É importante facilitar as manifestações dos ímpetos
de vida que toda criança traz em si, reconhecendo suas particularidades, tanto
pessoais, quanto culturais, oferecendo-lhe um acolhimento afetuoso e
carinhoso num espaço para expressar a arte e ser criativo com ela. Porém para
que se desenvolva este processo criativo, deve haver condições favoráveis ao
desenvolvimento individual e coletivo.
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Na elaboração deste trabalho foram utilizadas revisões da literatura
voltada para as artes visuais e suas diferentes expressões, a evolução do
grafismo infantil e suas fazes de desenvolvimento segundo Piaget. O primeiro
capítulo aborda especificamente as artes visuais e suas diferentes expressões.
O segundo capítulo trata da importância das artes visuais na aprendizagem e
no desenvolvimento infantil, comentando sua capacidade de expandir a
imaginação, a percepção, a criatividade e muitas outras habilidades, essenciais
para o desenvolvimento e para a formação da criança. O último capítulo trata
do olhar da arteterapia através das artes visuais, o desenho infantil e o
desenvolvimento da expressão gráfica.
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CAPÍTULO – I
AS ARTES VISUAIS
A área da Arte Visual é extremamente ampla. Abrange qualquer forma
de representação visual, ou seja, cor e forma.
Costumam serem chamadas de artes visuais, as artes que normalmente
lidam com a visão como o seu meio principal de apreciação, são elas: pintura,
desenho, gravura, fotografia e cinema. Além dessas, são consideradas ainda
como artes visuais: a escultura, a instalação, a arquitetura, a novela, o web
design, a moda, a decoração e o paisagismo.
As artes criativas são muitas vezes divididas em mais categorias
específicas, tais como artes decorativas, artes plásticas, artes do espetáculo,
ou literatura. Assim por exemplo, desenho e pintura é uma forma de arte visual,
e a poesia é uma forma de arte literária.
1.1 – as artes visuais e suas diferentes expressões
Se tentássemos traçar uma linha que pudesse explicar o
desenvolvimento das artes visuais, poderíamos escolher a partir das
cavernas pré-históricas, do antigo Egito, da estética de Platão ou dos
afrescos de Michelangelo... Poderíamos afirmar com veemência que a
fotografia surgiu da pintura, que o cinema surgiu da fotografia, que
originou a gravura, que é avó do design gráfico, de onde partiram os
estudos da tipografia, que aquilo originou isso, que deu à luz aquele
outro... e assim seguiríamos segurando esse fio emaranhado de nós,
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sem nos darmos conta de que, ao invés de uma linha, desenhamos
círculos infinitos em torno de um mesmo ponto.
O conceito de arte é extremamente subjetivo e varia de acordo com a
cultura a ser analisada, período histórico ou até mesmo indivíduo em
questão. Não se trata de um conceito simples e vários artistas e
pensadores já se debruçaram sobre ele.
No novo Dicionário Aurélio da Lingua Portuguesa (Aurélio Buarque de
Holanda Ferreira, segunda edição), em duas de suas definições da
palavra arte assim expressa: “Atividade que supõe a criação de
sensações ou de estados de espírito, de caráter estético, carregados de
vivência pessoal e profunda, podendo suscitar em outrem o desejo de
prolongamento ou renovação”...;
“A capacidade criadora do artista de expressar ou transmitir tais
sensações ou sentimentos...”
Independente da dificuldade de definição do que seja a arte, o fato é
que ela está sempre presente na história humana sendo inclusive um
dos fatores que a diferenciam dos demais seres vivos.
Além disso, a produção artística pode ser de grande ajuda para o estudo
de um período ou de uma cultura particular, por revelar valores do meio
em que é produzida.
Duas grandes tendências se alternam na história da arte: Naturalismo,
que parte da representação do mundo visível e Abstracionismo, que não
nos remete a objetos ou figuras conhecidas, preferindo as linhas, cores e
planos. Uma prova das oscilações dessas tendências pode ser dada
pelo fato, por exemplo, de a arte abstrata estar presente tanto nas
manifestações vanguardistas do século 20, quanto entre as produções
de homens primitivos.
A arte pode se utilizar de vários meios para sua manifestação. Nas artes
visuais os mais conhecidos são a pintura, a escultura, o desenho, as
artes gráficas (gravura, tipografia e demais técnicas de impressão,
inclusive a fotografia) e a arquitetura.
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Não por acaso, o nome dos movimentos, criados geralmente por críticos
de arte, tem, a princípio, uma conotação pejorativa: Maneirismo (com
manias), uma oposição ao Renascimento; Barroco (rude) e Rococó
(exagerado), em oposição àqueles dois estilos;
Fauvismo (arte selvagem) ou Surrealismo(alienação a realidade), são
algumas iniciativas artísticas que tiveram de enfrentar a resistência do
continuísmo, para se impor como arte pura. Provaram que não eram
apenas diferentes, mas também consistentes, e marcaram sua presença
na História da Arte.
Nos dias de hoje, a imagem visual tem uma inserção cada vez maior na
vida das pessoas. Imagens nos são apresentadas e reapresentadas a
todo o momento, num misto de criação e recriação. Nesse contexto, é
importante desenvolver-se a competência de saber ver e analisar
imagens, para que se possa, ao produzir uma imagem, fazer com que
ela tenha significado tanto para o autor quanto para quem vai vê-la.
Os modos de produção e de conhecimento de imagens são bastante
diversificados. Entre os meios eletrônicos e os tradicionais, há uma
variedade bastante grande de possibilidades a serem explorados e
usados.
Construir conhecimentos que ajudem as escolhas dentre essas
possibilidades é extremamente importante para a inserção do aluno no
contexto contemporâneo de produção e fruição visual. Isso só pode
acontecer se for trabalhado, o pensamento crítico aliado ao pensamento
artístico.
Também é essencial o conhecimento dos diversos instrumentos de
produção artística, ficando bem claro que esse conhecimento não deve
ser fim em si mesmo, mas um meio para que se consiga ver, significar e
produzir arte.
As artes visuais, além das formas tradicionais – pintura, escultura,
desenho, gravura, objetos, cerâmica, cestaria, entalhe, etc. incluem
outras modalidades que resultam dos avanços tecnológicos e
transformações estéticas do século XX: fotografia, artes gráficas,
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cinema, televisão, vídeo, computação, performance, holografia, design,
arte em computador. Neste início do século XXI, o que se apresenta é a
possibilidade de aprofundamento no saber de cada uma das
modalidades artísticas e de redimensionamento das relações possíveis
com elas. Cada uma dessas modalidades artísticas tem a sua
particularidade e é utilizada em várias possibilidades de combinações.
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CAPÍTULO – II
A IMPORTÂNCIA DAS ARTES VISUAIS NA
APRENDIZAGEM E NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL
A Arte é um fenômeno comum a todas as culturas e que acompanha a
humanidade desde o período das cavernas. Durante o passar do tempo, teve
várias interpretações, mas era geralmente vista como um desenvolvimento de
habilidades, porém, atualmente é considerada como uma forma de disciplina
que envolve processos mentais diversos: visuais, motores e de associação.
Diante da atual conjuntura tecnologia, onde tudo é complexo, eletrônico,
computadorizado e virtual, onde a brincadeira preferida de muitas crianças é
ficar sentada em frente a um monitor, brincando com jogos de luta e
competições, se faz necessário uma reflexão a cerca das brincadeiras e dos
valores infantis.
As crianças que idolatram esses jogos, chegam a esgotar suas forças
mentais, tornando-se irritadas e agressivas, caso não tenham êxito na partida,
sem contar a falta de convívio externo e social, tão importante para o
desenvolvimento do indivíduo.
As diversas atividades artísticas, também são brincadeiras, mas não
vistas como tal por muitas crianças.
Se os pais tivessem conhecimento da importância das artes para o
desenvolvimento de seus filhos, poderiam incentivá-los e até mesmos
presenteá-los com materiais artísticos bastante variados.
Por que não brincar de montar esculturas de sucatas com os amigos; ou
pintar telas, pedaços de madeira, pedras de rio, desenhar; brincar com argila,
fazendo bonecos, potes, barcos e uma infinidade de objetos que o barro nos
permite criar?
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A atividade criadora exterioriza o pensamento, fazendo surgir a
sensação de alegria nos indivíduos que criam e produzem.
“A analogia entre o processo de criação artística e a criação em geral
constitui a finalidade da educação pela Arte, pois favorece o desenvolvimento
total da personalidade, reunindo em harmonia a atividade intelectual, a
sensibilidade e a habilidade manual, integrando-as num processo criador”.
(BESSSA, 1969,p.9)
Esta nova forma de encarar a arte levou várias escolas a incluí-la em
seu currículo, ou até mesmo mudarem seu método de ensino. Porém esse
encaminhamento não foi unânime, seria preciso termos uma postura diferente
em relação à arte dentro das escolas.
“Seria necessário uma compreensão real dos valores, das atividades de
expressão e criação e suas inúmeras finalidades”. (BESSA,1969,p.9)
Segundo SOUZA, as atividades artísticas na escola favorecem a
atenção, a comparação de grandezas nos sentidos das proporções, a
avaliação das relações espaciais, a percepção das posições relativas das
linhas diretrizes de movimento, a estimativa das intensidades cromáticas, o
conhecimento da natureza e do efeito das cores “a criança tem uma forma
própria de pensamento, uma organização particular de sensibilidade que nos
levam a compreender que as produções infantis não podem ser consideradas
como se fossem obras imperfeitas de adultos.(BESSA, 1969, p.12). “No
processo de criação a criança liberta-se das tensões e conflitos freqüentes na
personalidade humana, pesquisa suas emoções, observa o mundo,
desenvolve sua imaginação, seu raciocínio, capacidades psíquicas que
influenciam na aprendizagem”. (BESSA, 1969, p.11).
A grande maioria das escolas hoje, está preocupada apenas com a
transmissão de conhecimentos e não produz nenhum aprendizado. Tais
conhecimentos são chamados de “conceitos universais”, válidos para habilitar o
homem a sobreviver e produzir no mundo em que vivemos que é hoje, o
mundo da globalização.
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Tanto as artes plásticas quanto qualquer tipo de arte sempre foram
encaradas como lazer. É preciso acabar com a imagem de que as atividades
artísticas não passam de passatempo agradáveis.
Herbert Read defendia a idéia da arte educação. Esta seria a educação
através da arte, dos sentimentos e emoções. Defendia a expressão livre e o
processo de criação, que permitiam a elaboração de um sistema de educação
que se propõe a desenvolver harmoniosamente a personalidade infantil.
“A expressão livre é a tendência natural de comunicação que se
manifesta através do trabalho espontâneo, no qual a criança se projeta e revela
o essencial de sua personalidade. Ela vale por tudo que pode representar em
relação a própria pessoa que a pratica”.(BESSA,1969,p.10)
Quando a criança pinta, desenha, constrói ou modela, a evolução se
acelera, atingindo uma maturidade fora do comum ao libertar as tensões e
energia, a criança mantém um equilíbrio necessário para que a aprendizagem
aconteça sem dificuldades.
Toda criança desenha. Seja com lápis, pincel, carvão, tinta, ou até
mesmo de modo como organiza seu lúdico, de brincadeiras.
“O desenho é a primeira escrita da criança, nele ela expõe pensamentos
e sentimentos, marcando o desenvolvimento da criança”. (MOREIRA,1984)
Para conhecer melhor a criança é preciso ouvi-la e observar a maneira
como desenha ou pinta, pois é assim que expressa sua alegria, tristeza, medo
e dúvidas.
A arte-educação veio para mostrar que as emoções, os sentimentos não
atrapalham no desenvolvimento intelectual e podem até se desenvolver
mutuamente. Desta forma ajudam também para um desenvolvimento das
capacidades da criança, para aprender não somente nas atividades artísticas,
mas também nas outra disciplinas curriculares.
Para resgatar o universo lúdico e artístico, perdido na escola, é preciso
assumir o não-saber e começar de novo. É preciso arriscar, nas formas, cores
e nos diversos materiais artísticos existentes; desenhar com a música, com os
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gestos, com outras linguagens, valorizando a capacidade de imaginação e
criatividade das crianças.
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CAPÍTULO – III
A ARTETERAPIA OLHANDO PARA O
DESENVOLVIMENTO
INFANTIL ATRAVES DAS ARTES VISUAIS
O processo terapêutico utiliza imagens do inconsciente, os quais podem
expressar através de várias modalidades das artes visuais como pintura,
desenho, escultura, etc.
Ao entrar em contato com as manifestações artísticas a criança estará
ao mesmo tempo descobrindo a linguagem e as possibilidades de cada
material como também modificando-se internamente. Isto significa que a partir
do momento que as mesmas coisas são realizadas ou representadas de
diferentes maneiras o universo sensitivo também está sofrendo modificações.
A arteterapia pode ser considerada uma profissão assistencial, cujo foco
baseia-se na integração da produção de imagens, do trabalho criativo através
da arte, da relação entre o criador e o objeto criado, promovendo restauração
da saúde, auto- estima e segurança, porque integra três áreas do
conhecimento: Arte, Educação e Saúde, auxiliando o processo da criação e/ou
a exteriorização de conteúdos vivenciados, sendo assim um processo
facilitador que promove a comunicação, aprendizagem, expressão e outros
objetivos terapêuticos, buscando alcançar necessidades emocionais,
mentais,cognitivas, e ao mesmo tempo, desenvolver potencialidades,
restabelecendo funções da pessoa, para que ela venha a alcançar uma melhor
integração intra e/ou interpessoal, isto é, melhor qualidade de vida,
beneficiando desde crianças até idosos, em qualquer faixa etária. Sua
predominância é do não-verbal e as formas de intervenção que se destinam ao
conforto.
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O trabalho do terapeuta exige capacidade de concentração, pois o
processo de construção simbólica é considerado uma aventura contínua, onde
transformações sucessivas são mais importantes que o resultado final.
“O processo arteterapeutico permite que simbolicamente e de forma
perene, através das atividades expressivas diversas, sejam retratadas com
precisão as sutis transformações que marcam o desenrolar da existência,
documentando seus contínuos movimentos do vir a ser, que se configuram
materializando em forma de conflitos afetos”. (Philippini, 2004,p.15)
“Um propósito da arteterapia é ajudar ao indivíduo à liberar sua energia
criativa (daí para frente a escolha é sua, até mesmo adquirir a habilidade e
disciplina necessária tornando esta criatividade um produto profissional). A
perda da inibição pelo uso de materiais de arte é um grande passo. Fomos
condicionados, por muitos anos, para nos tornarmos inibidos principalmente
por nossos professores que nos graduaram em trabalhos de arte ou que nos
disseram que não poderíamos desenhar. Agora leva tempo desatar estes fio
apertados que nos amarraram. Algumas pessoas arrebentam estes fios, outras
vão se desenrolando lentamente”. (Rogers, 1989, p.18)
Uma das matérias primas utilizadas pela arteterapia é a criatividade...
Querendo assim um território terapêutico, onde concluem distintos campos de
conhecimento, e onde se pode gerar novas formas de expressão que no caso
será o desenho, permitindo a construção e reconstrução levando a
subjetividade.
Para compreender os desenhos se faz necessário conhecer sob quais
circunstâncias ele foi preparado. Isso deve ser aplicado a qualquer faixa etária.
A qualidade de materiais disponíveis e sua qualidade também
influenciará no desenvolvimento do desenho.
Temos que estar atentos a quaisquer interferências externas. Quanto à
ajuda externa para confecção do trabalho deve ser afastada uma vez que o
desenho expressa os anseios e desejos do paciente.
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“Ao coletar e estudar os desenhos, deve-se ficar atento para classificar
os dados de forma a assegurar uma interpretação acurada”. (Furth, 2004, p.73)
O desenho é uma atividade artística para quem tem dificuldades na
comunicação, porque o desenho é uma linguagem, como o gesto ou a fala.
O desenho como possibilidade de brincar, o desenho como possibilidade
de falar, marca o desenvolvimento da infância; porém em cada estágio assume
um caráter próprio, “desenhando” objetos significativos que fazem parte da
vivência de cada um, sua função e a importância cultural em que a pessoa
trava conhecimento com estes objetos.
A criança pequena desenha pelo prazer do gesto, produzindo uma
marca, repetindo muitas vezes este movimento, criando um rabisco
incompreensível para o adulto: a garatuja. É a conquista do controle da mão,
giz, lápis (desenvolvendo o tato, preensão, textura, instrumento).
A garatuja vai se motificando, conquistando novos movimentos que de
longitudinais , vão se arredondando, tornando-se circulares, se enovelando;
novas formas começam a se destacar, surgindo os círculos soltos, as
“bolinhas”. E a garatuja assume um novo aspecto onde a criança desenha
para dizer algo, contar de si mesma, o brincar do faz de conta. É o início da
representação, que começa a ganhar nomes e a diferenciar no espaço do
papel, expressando o caráter lúdico presente na criação.
Para as crianças, o criar é a tomada de contato com o mundo, em que a
criança muda principalmente a si mesma. Ainda que afete o ambiente, ela não
faz intencionalmente, na busca de se realizar.
O gesto da criança recriado a partir do repertório do adulto pode levar à
discussão estética. A reconquista da garatuja é uma maneira de repensar,
rediscutir a relação da arte com a vida, uma maneira de resgatar o universo
poético do jogo simbólico. Do jogo simbólico, o desenho passa então ao jogo
regulado, passando a existir um compromisso com o real, quando o emprego
do uso da cor assemelha-se com a cor real do objeto representado, e o espaço
se estrutura dentro das regras claras, isto é, espaços definidos, passando a
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haver uma busca crescente de que o objeto desenhado se assemelhe ao
objeto real.
Assim, o desenho perde o caráter mágico-mutante para assumir regras
e/ou convenções definidas, isto é, perde em fantasia porque ganhou em
estruturação, pois no jogo simbólico a fantasia se expressava pelo
descompromisso com o real, manifestando-se mais através da linguagem
plástica: a arbitrariedade da cor e a simultaneidade da representação espaço-
temporal.
Agora a fantasia se manifesta através da idéia representada: são heróis,
fadas, viagens espaciais, porém dentro das convenções visuais pré-
estabelecidas, buscando uma linearidade espaço-temporal.
“Jung enxergava o valor dos desenhos que contém símbolos do
inconsciente, percebendo que eles poderiam ser úteis como agentes de cura”.
(Furth, 2004, p.29)
Faz-se necessário salientar que é preciso haver prudência da parte dos
adultos que irão interpretar os desenhos. Um conhecimento amplo e a
sensatez são dois importantes aliados para esta interpretação.
E é esse o papel da arteterapia. Fazer com que os indivíduos passem a
se descobrir e conhecer através da vivência com materiais e expressões
artísticas.
3.1 – O desenho infantil
O desenho tem sido empregado pela maioria dos educadores como
ótima atividade para ocupação e recreação das crianças. Atualmente,
reconhecemos nele um novo valor: é um meio de expressão da vida mental;
isto é, pelo desenho a criança revela coisas que se passam no seu íntimo e
que ainda não é capaz de revelar pela linguagem falada.
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Pelos desenhos feitos por uma criança podemos perceber seus interesses,
preferências, conflitos emocionais e até mesmo avaliar seu nível de
inteligência.
Para conhecermos esses aspectos da vida mental infantil, levamos em conta,
ao observar os desenhos, os temas preferidos, as cores predominantes, os
traços, as expressões fisionômicas da criança enquanto desenha e as palavras
que ela fala ao desenhar, isto é, seus monólogos.
O desenho é, pois, reconhecido atualmente como um meio para conhecer a
vida mental da criança. É um método de investigação psicológica, ou seja,
considerado como técnica projetiva, atividade pela qual a pessoa revela
aspectos de sua vida mental. Psicólogos e psicanalistas o têm empregado para
fazer uma sondagem profunda na mente de crianças e mesmo de adultos.
Para os educadores, é de grande utilidade o conhecimento dos estudos que
têm sido realizados sobre os desenhos infantis, seus resultados e conclusões.
Seu estudo é feito através dos métodos estatístico (estudo transversal) ou
método biográfico (estudo longitudinal).
O método estatístico consiste no estudo de desenhos de grande número de
crianças, de diferentes idades. Por este método ficam-se conhecendo diversos
aspectos do desenho infantil e chega-se rapidamente a conclusões. Ele
possibilita, por exemplo, investigar os temas preferidos nas várias idades e em
cada sexo ou as características que podem aparecer numa idade e deixar de
aparecer em outra.
No entanto, o método estatístico tem a grande desvantagem de não
possibilitar a observação das expressões fisionômicas da criança enquanto
desenha, nem de seus monólogos.
O método biográfico consiste em colecionar muitos desenhos de uma só
criança, desde que ela começa a rabiscar até a idade de 12 anos
aproximadamente. Juntam-se aos desenhos anotações sobre a situação em
que a criança se achava ao realizá-los, as cores por ela escolhidas, as
expressões fisionômicas que ela apresenta enquanto desenha etc. Muitos pais
e educadores têm-se interessado por tal estudo.
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O método biográfico permite um conhecimento completo de
desenvolvimento do desenho infantil, porém exige longo tempo.
Segundo Sylvio Rabello, através de um estudo de desenhos
espontâneos de 1300 alunos de 4 a 16 anos, concluiu que os temas preferidos
pelas crianças em seus desenhos eram:
As crianças menores de 6 anos preferem desenhar a figura humana
(bonecos).
As crianças de 6 até 12 anos, gostam mais de desenhar casas.
Depois dos 13 anos, as crianças apresentam, em suas preferências,
uma diferenciação quanto ao sexo: as meninas preferem ainda desenhar
casas, e os meninos voltam a gostar do desenho da figura humana.
O Comitê de Estudo da Criança, nos Estados Unidos, observando os
assuntos desenhados por grande número de crianças, concluiu:
Nos desenhos infantis predominam os temas relativos à vida social
(casas, veículos, objetos etc.) e quase não aparecem representações da
natureza (montanhas, rios, paisagens etc.).
A diferenciação quanto ao sexo é notada dos 4 aos 8 anos, quando a
criança desenha a figura humana; assim, as meninas preferem representar
crianças, o que se percebe porque suas figuras trazem fita no cabelo,
carregam bolsas etc. Os meninos preferem desenhar adultos, o que
percebemos porque suas figuras usam chapéu e calças compridas, têm cigarro
etc. Esta conclusão não contradiz as de Sylvio Rabello, que diz que antes de 6
anos as crianças preferem desenhar bonecos.
As meninas mostram em seus desenhos preferência pelas coisas
domésticas (mesa com toalhinhas, bandeja com xícaras, varal com roupas) e
os meninos preferem objetos mecânicos (veículos, revólver etc.).
A criança não tem idéia de proporção. É comum aparecerem cabeças
maiores que o resto do corpo, braços que arrastam no chão, ou, ao contrário,
bracinhos bem curtos ou desiguais, mãos grandes, dedos disformes. São
encontrados pés de todos os tamanhos. Ao se desenvolver mentalmente, a
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criança vai revelando mais acerto na dimensão de cada elemento da figura
humana. Outra particularidade é a falta de orientação na disposição das partes
do corpo: alguns elementos são representados de frente, enquanto outros
aparecem de perfil.
À medida que a criança cresce, vai apresentando os elementos da figura
humana em posições diferentes: quando a criança é bem nova, representa
toda a figura humana de frente. O primeiro elemento a ser representado de
perfil são os pés, ora ambos voltados para um lado só, ora cada um para um
lado. Depois notamos uma tentativa de representar a cabeça de perfil: o nariz
aparece claramente de lado, embora às vezes a boca ainda esteja
representada de frente e apareçam as duas orelhas. Depois de a cabeça ser
representada de lado, os braços também mudam de posição: são
representados voltados para um lado, como em posição de marcha. O último
elemento que a criança consegue representar de perfil é o tronco (o que
percebemos claramente pela posição dos botões).
Quando a criança desenha a figura totalmente de perfil, com seus
elementos nos devidos lugares é porque sua inteligência já alcançou um
grande desenvolvimento.
Segundo George Rouma, há três momentos na evolução da
indumentária: a principio a figura é nua, notando-se apenas detalhes de enfeite;
mais tarde a figura aparece vestida, deixando, entretanto, transparecer o corpo;
enfim a figura é representada pelo contorno exterior das roupas. Também se
tem observado que, no desenho infantil, o adorno é mais importante que peças
indispensáveis do vestuário.
Os desenhos do cotidiano também merecem ser mencionados já que
através de sua simbologia algumas importantes considerações poderão ser
traçadas.
É interessante que se observe os traços quando os desenhos forem
feitos de maneira livre, sem nenhuma sugestão por parte dos adultos. Pois,
somente assim poderemos ter a noção daquilo que existe no inconsciente
infantil e se ela está representando uma situação do seu dia a dia ou uma outra
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que gostaria de estar vivenciando e que por enquanto apenas existe em seus
pensamentos.
[...] Os desenhos são fáceis de obter, uma vez que a maioria das
crianças adora desenhar; são especialmente valiosos no caso das crianças
pequenas, por causa de sua linguagem limitada; averiguam mais
profundamente em qualquer que seja o aspecto que esteja sendo medido, e
parecem ser capazes de prescrutar as profundidades interiores de uma pessoa
e de revelar algumas das informações íntimas que, de outro modo, são
inacessíves. (Klepsch e Logie, 1984, p.21)
3.2- O desenvolvimento da expressão gráfica
O motivo universalmente preferido pelas crianças em seus desenhos é a
figura humana. Muitas vezes a criança esquece partes indispensáveis da
figura humana (tronco ou orelhas por exemplo) e se preocupam mais com os
detalhes aparecendo, porém, enfeites e acessórios: chapéu, guarda-chuva,
bolsa, óculos etc.
Percebe-se também a falta de apoio, a criança geralmente desenha a
figura humana no ar, flutuando. A partir de um certo nível de desenvolvimento
mental, ela procura situar os desenhos num ponto do espaço, o que se pode
observar pelo traço que faz ao pé da figura. Quando mais desenvolvida, situa
seus bonecos num ambiente próprio.
Nos desenhos das crianças menores, existe uma rigidez, os bonecos
aparecem sempre como se estivessem duros, isto é, com braços, dedos e até
cabelos esticados. Muitas vezes a figura humana é representada vestida, mas
deixando transparecer o corpo através da roupa. Comumente aparecem,
através da saia e das calças, traços que representam as pernas. Igualmente
aparecem os cabelos, mesmo quando cobertos pelo chapéu.
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Para descrever essa evolução, os autores costumam dividi-la em fases:
fase da garatuja, fase esquemática, fase do realismo lógico, fase do realismo
visual.
Fase da garatuja – após o segundo ano de vida, as crianças utilizam
lápis, giz, carvão, ou outro meio para executar no papel, na parede ou no chão,
amontoados de rabiscos nos quais não percebemos semelhança com objeto,
animal ou pessoa.
Este período tem sido subdividido em duas partes: garatuja pré-
intencional e garatuja intencional.
Dizem os autores que na pré-intencional, estas primeiras garatuja ou
rabiscos não são feitos com intenção de representar alguma coisa, mas apenas
para satisfazer a grande necessidade de movimento que se nota nas crianças
dessa idade; são exercícios para desenvolver a coordenação motora. A criança
poderá dar uma interpretação a seus rabiscos, se for interrogada pelo
adulto(“Isto é um bicho”, “Isto é uma flor”).
Sabemos que não havia a intenção de representar um determinado
objeto, pois a mesma garatuja recebe interpretações diferentes, conforme a
sugestão de quem a interroga ou o capricho do momento.
Na garatuja intencional, com o desenvolvimento de sua
inteligência, a criança já anuncia os objetos ao mesmo tempo que os desenha,
embora continue a traçar os mesmos rabiscos ininteligíveis dirigidos a todos os
lados do papel ou da parede.
Fase esquemática ou simbólica
O desenhos desta fase são chamados esquemas, porque são
constituídos de poucos traços. Os objetos reais são representados no desenho
em suas linhas essenciais, resumidos por meio de esquemas. A figura humana,
por exemplo, é representada por um círculo contendo alguns pontos e
continuando na parte inferior por duas pequenas linhas.
Essa fase é também chamada simbólica porque a criança adota alguns
traços como símbolos de certos objetos: o rosto é simbolizado por um círculo,
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contendo alguns pontos, seja na representação de um adulto (homem ou
mulher), de uma criança ou de um animal. Todo prédio é simbolizado por um
retângulo coberto por duas linhas inclinadas, seja a sua casa, a dos outros, a
escola etc.
Com relação ao desenho da figura humana, alguns autores denominam
este período de fase do girino (época em que os filhotes de sapo apresentam
apenas cabeça e cauda). Neste período, a criança desenha a figura humana
sem tronco, apresentando a cabeça e os membros inferiores.
Realismo lógico
Esta fase é também chamada fase áurea do desenho infantil. É a de
maior duração, coincidindo com o período em que a criança freqüenta os
primeiros anos da escola de primeiro grau – período da meninice. É a fase em
que a criança sente grande prazer em desenhar e em mostrar os seus
desenhos.
A criança procura representar os objetos como sabe que são na
realidade, e não como são vistos. Seus desenhos contêm os detalhes do objeto
representado, todos os elementos que a criança sabe existirem no objeto real,
mesmo que não estejam visíveis. Para que seus desenhos sejam uma
representação completa da realidade, a criança emprega vários processos:
Transparência – As crianças desta fase (alunos do primeiro grau), procurando
representar os objetos do modo mais completo possível, desenham algumas
de suas partes transparentes. Exemplos: ao representarem pessoas dentro de
um veículo, elas aparecem inteiras, vendo-se até mesmo os bancos e outras
partes internas do carro. Ao desenharem uma pessoa olhando pela janela, a
parede é representada como se fosse transparente, permitindo ver-se a pessoa
de corpo inteiro. Muitas vezes a figura aparece com roupas, porém seus braços
e pernas são visíveis através das mangas e das calças. O chapéu, muitas
vezes, deixa transparecer os cabelos.
Descontinuidade – A criança desenha separadas certas partes dos objetos
para que possa aparecer um maior número de elementos. Por exemplo: ao
representar uma pessoa segurando um guarda-chuva, este aparece um pouco
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distanciado da mão, para que a criança possa representar, do modo mais
completo possível, tanto a mão como o cabo do guarda-chuva.
Perspectiva absurda – num mesmo desenho, a criança adota dois pontos de
vista diferentes: de frente e lateral, por exemplo. Assim ela consegue
representar uma casa de um modo bem completo, vendo-se a fachada, uma
das paredes e a parede do fundo. Ao desenhar a mesada professora, esta
aparece como se fosse vista pela esquerda e pela direita, ao mesmo tempo. Na
representação da figura humana, alguns elementos são desenhados como se
vistos de frente, enquanto outros são desenhados de perfil.
Projeção em plano – A criança desenha os objetos como se estivessem sendo
vistos do alto.
Representação da duração – A criança procura desenhar cenas animadas, e
uma pessoa em diferentes lugares.
Realismo visual
No fim do curso de primeiro grau, a capacidade de crítica já está bem
desenvolvida graças à elevação do nível mental que acompanha o aumento da
idade; então a criança começa a procurar representar objetos e seres como
são vistos, isto é, parece querer esboçar um retrato do objeto ou ser. Sua
inteligência já não admite a transparência, a perspectiva absurda e outras
características dos desenhos do realismo lógico.
Neste período, a criança vai deixando de sentir prazer em desenhar e
em exibir suas realizações. Entra na chamada fase da regressão, na qual se
encontram os alunos das quintas e sextas séries. Constituem exceção aqueles
que, no fim da meninice e durante a puberdade, encontram prazer em
desenhar e em mostrar seus trabalhos. Estes poucos são os privilegiados com
dotes artísticos especiais.
É importante ressaltar que na prática, o indivíduo passa por todas estas
etapas, porém podendo estas, terem maior ou menor duração, ou ainda, a
criança pode ficar estacionada em uma fase de sua preferência, como não
seguir cronologicamente os devidos períodos. Isto ocorre quando
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provavelmente, o assunto abordado deixa de ser interessante, ou a criança se
vê na obrigação de fazer cópias, decalques ou repetições.
A criança que sente dificuldade em desenhar ou se expressar, é porque
algo pode ter interferido em sua auto confiança, como por exemplo, a opinião
crítica de um adulto, ou uma “ajuda infeliz”. A criança pode considerar injusta
tal crítica e passar a refugiar-se na atitude do “não sei desenhar”, Não tenho
jeito”, ou “ninguém entende o que eu faço”.
A criança dedica-se as atividades artísticas simplesmente para
expressar-se, exprimindo a sua arte, o seu mundo.
Segundo Souza, 1968, a criança não pode ser alterada, deve ser
estudada, amada e conquistada.
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CONCLUSÃO
O desenho é uma ferramenta valiosa e significante, aliada a arteterapia
pode ser de grande valia na ajuda a pacientes que queiram a cura. Sua
observação constitui-se em mais uma das possibilidades de se poder entender
um pouco mais sobre o pensamento e as emoções das crianças. Ao entender
um pouco mais sobre eles torna-se possível perceber quais os sentimentos
envolvidos no relacionamento da criança com o fato ou pessoa representado.
“O arteterapeuta que trabalha com desenhos espontâneos perceberá
que essa não é apenas uma ferramenta analítica muito útil, como também
muito poderosa. Além disso, as pessoas gostam de desenhar e embarcarão
nessa prática com um nível de entusiasmo que, muitas vezes falta em outras
situações terapêuticas – simplesmente porque ela toca nossa necessidade
universal de nos expressar...” (Furth, 2004, p.10)
O desenho pode representar conteúdos do inconsciente pessoal,
emoções e experiências vivenciadas pelos indivíduos, logo reprimidas: e ou
imagens de caráter impessoal que se configuram a partir de disposições inatas
inerentes às camadas mais profundas da psique. O que chamado por Jung de
imagens arquetípicas. São traços fundamentais do ser humano.
Concluindo, a arteterapia através da magia da arte é o processo que
favorece a possibilidade de recriação, da recuperação do ser poético, o
reencontro com o espaço lúdico, que faz rir e brincar, não se preocupando com
habilidades específicas nem com a estética, mas com o resgate do desenho, a
manifestação da fantasia.
Assim, pode-se afirmar que o trabalho com a arte facilita o processo de
auto-conhecimento do educando enquanto os processos cognitivos também
vão sendo desenvolvidos. A partir do momento que se começa a perceber a
realidade e compreendê-la para construir uma produção artística, o
pensamento abstrato vai sendo ampliado e conseqüentemente a interação
entre o eu e o meio social torna-se mais estreita.
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A arte possui a função transcendente, ou seja, manchas de tinta sobre
uma tela ou palavras escritas sobre um papel simbolizam estados de
consciência humana abrangendo percepção, emoção e razão. Por isso é
também usada por terapeutas, psicoterapeutas e psicólogos clínicos como
terapia.
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BIBLIOGRÁFIA CONSULTADA
BARROS, Célia Silva Guimarães. Pontos de Psicologia do
Desenvolvimento.Editora Ática, 2004.
DERDYK, Edith. Formas de Pensar o Desenho. Desenvolvimento do grafismo
infantil. Editora Scipione, 2003.
FURTH, Gregg M. O mundo secreto dos desenhos, uma abordagem Juguiana
cura pela arte, São Paulo, Paulus, 2004.
MOUREIRA, Ana Angélica Albano. O Espaço do desenho: a Educação do
Educador. São Paulo: Editora Loyola, 1984.
pt.wikipedia.org/wiki/Arte
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATÓRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMÁRIO 07
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - As artes visuais 10
1.1 – As artes visuais e suas diferentes expressões 10
CAPÍTULO II – A importância das artes visuais na aprendizagem
e no desenvolvimento infantil 14
CAPÍTULO III– A arteterapia olhando para o desenvolvimento
infantil através das artes visuais 18
3.1- O desenho infantil 21
3.2 – O desenvolvimento da Expressão Gráfica 25
CONCLUSÃO 30
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 32
ÍNDICE 33
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FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes
Título da Monografia: As artes visuais e o desenvolvimento infantil sob o
olhar arteterapeutico
Autora: Roseli Maria Faraco Oliveto
Data da entrega:
Avaliado por: Conceito: