Artsy #9 | Dezembro 2013

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Transcript of Artsy #9 | Dezembro 2013

biana costaeime

manoel jackmilita doré

pedro oliveirarilo drago

úrsula mestrevalter ego

Art.sy #09

Saiu há um ano atrás a art.sy #1, assim em jeito de comemoração foram convidados alguns artistas para apresentarem trabalho para esta edição #9. Tem sido um projecto aliciante e uma experiencia fantástica manter esta fazine online de arte, fica o meu agradecimento a todos os que participaram nestas 9 edições, espero que continuem a ajudar a art.sy, sem o vosso trabalho ela não existe e que se juntem a nós mais artistas.

Obrigado!

Dezembro 2013

pablo picasso

“The purpose of art is washing the dust of daily life off our souls”

biana costa | sem título

6/7

pedro oliveira | turkey’s landscape 1

8/9

pedro oliveira | turkey’s landscape 2

10/11

eime | lost queen

12/13

eime | calvário

eime | calvário 14/15

eime | mentalidade

16/17

eime | new king

18/19

eime | transparência

20/21

eime | homeless

22/23

manoel jack | sem título

24/25

26/27

28/29

30/31

32/33

34/35

úrsula mestre | a doce sombra do inefável

36/37

valter ego | a bala

A bala sentiu o passar das horas, dentro da carabina, com a natural

indiferença de um objecto metálico. A espera e o lento desenrolar de uma

manhã que pareceria, a alguém que não fosse de metal, nunca mais ter fim, o

constante espreitar por detrás do postigo da janela de um sexto andar de uma

enorme avenida em Dallas, o simples facto de estar ali, parada, sem cortar o ar,

sem estar junto com as suas semelhantes, ali, no frio vazio da carabina, o corpo

de metal frio abraçado pelo frio toque do metal da arma, nada a fazia tremer,

suar, hesitar. Nada. A sua rota estava traçada, nada havia a rever. Rota, não:

destino. O sol do meio-dia caía a pique sobre a janela virada para sul mas nem

assim a bala desviava o seu olhar, mesmo que o sol lhe queimasse os olhos.

Ela sabia para onde se dirigir, até de olhos fechados. E nada de suor. Nada de

remorso. Meio-dia e vinte e nove. O cortejo atravessa, lentamente, a avenida.

O carro presidencial a todos acena com a sua capa de tinta preta imaculada,

enquanto o azul, branco e vermelho das bandeiras ondula apenas ao sabor da

velocidade do veículo , uma vez que Dallas hoje não está na rota do vento – não

é de rotas que se trata, é de destino. Um vulto levanta-se e agradece o amor do

povo, enquanto sorri. De repente, a frialdade que envolvia a bala transforma-

se num inferno quente que a leva pelo comprido cano da carabina de origem

italiana, pela janela fora, do sexto andar na direcção da avenida, sobrevoando a

cabeça do povo, sobrevoando o asfalto da estrada, sobrevoando o sonho. Meio-

dia e meia. Depois de ter cortado o ar empolgante e patriótico que enchia os

pulmões da cidade, a bala sentiu um forte impacto. Segundos depois, recobrou

a consciência e notou que estava despedaçada sobre o cabedal outrora branco

do banco de trás do veículo presidencial. Despedaçada e envolta em sangue.

O cabedal também se encontrava cheia de sangue. E tecido cerebral. A última

coisa que viu, antes de seguir o seu destino (a morte) foi o olhar embebido de

um sorriso terno do homem que tinha acabado de atravessar. O que já não

ouviu foram os gritos desesperados da primeira-dama, ritmados pela euforia de

milhares de gargantas que gritavam pelo nome do seu marido, ignorantes de

que John já não se encontrava entre eles.

38/39

40/41

milita doré | sem título

42/43

44/45

46/47

48/49

50/51

52/53

rilo drago | why do i hate fags

54/55

Biana CostaPágs. 6 e 7

Pedro OliveiraPágs. 8 à 11

EIMEPágs. 12 à 23

Rilo DragoPágs. 44 à 55

Manoel JackPágs. 24 e 25

Úrsula MestrePágs. 26 à 37

Milita DoréPágs. 40 à 43

Valter EgoPág. 39

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Edição #09

EditorJorge Mestre Simão

PaginaçãoJorge Mestre Simão

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