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  • 7/23/2019 (Artigo)O Direito de Comunicar, Por Que No Comunicao Alternativa Aplicada a Portadores de Necessidades Edu

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    O DIREITO DE COMUNICAR, POR QUE NO?

    Comunicao Alternativa aplicada a portadores de necessidades educativas especiais no

    contexto de sala de aula

    Gizeli Aparecida Ribeiro de Alencar

    INTRODUO

    Cerca deuma em cada duzentas pessoas incapaz de comunicar-se por meio da fala

    devido a fatores neurolgicos, fsicos, emocionais e cognitivos (Nunes, 2000). Nesta

    popula!o est!o includos indivduos portadores de paralisia cere"ral, de autismo, de

    defici#ncia mental e defici#ncias m$ltiplas. %ssim sendo, entende-se &ue para esses casos, o

    emprego de sistemas alternativos, traduz-se numa dasformas vi'veis de comunica!o.

    Com efeito, a comunicao alternativa envolve o emprego de gestos manuais,epresses faciais, cdigo *orse e signos gr'ficos ( incluindo escrita, desen+os, fotografias

    e gravuras). odos estes recursos s!o utilizados como meios de efetuar comunica!o face a

    face de indivduos n!o capazes de usarem a linguagem oral (on etzc+ner, //1 lennen,

    // apud Nunes ///).

    % comunicao ampliada, por sua vez, entendida como comunica!o suplementar

    sendo utilizada para dois propsitos3 promover e suplementar a fala, e garantir uma forma

    alternativa caso o indivduo n!o se mostre capaz de desenvolver a mesma, ou se4a, um

    sistema utilizado com indivduos &ue possuem oralidade mas necessitam suplementa-l'

    para torn'-la mais clara e completa (von etzc+ner, //).

    5egundo Nunes (2000), 6lo7d e 8uller (/9:) ao classificarem osdiversos mtodos

    de Comunica!o %lternativa e %mpliada (C%%) propuseram uma taonomia de descri!o

    de sm"olos, os &uais foram definidos como representando o"4etos, aes, relaes, etc.,

    podendo ser ei"idos de forma oral, manual e gr'fica. ;sses sm"olos podem ser

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    pictogr'ficos, ideogr'ficos ou mesmo ar"itr'rios, en&uanto a Comunicao no assistida

    refere-se ao uso de sm"olos &ue n!o eigem e&uipamentos para sua produ!o. > corpo do

    indivduo comunicador (face, m!os, ca"ea, laringe, etc.), constitui o $nico instrumento

    necess'rio para a emiss!o de mensagens, o &ual se epressa por meio da fala, linguagem de

    sinais, sinais manuais, gestos e epresses faciais.

    ;istem muitos sistemas de sm"olos possi"ilitadores da comunica!o de pessoas

    &ue n!o produzem linguagem oral. ?entre eles destacam-se3 o Sistema de Smbolos Bliss

    (@liss, /:A1 Be+ner, /90), o Sistema Rebus (oodcocD, ClarD e ?avies, /:9), o

    Pictogram Ideogram Communication System - PIC (*a+ara4, /90), o Picture

    Communication Symbols - PCS (Eo+nson, /9, /9A), o 6*@rain (*ic+alaros, //2), o

    Fmago%nao (Capovila, //G), o Comuni&ue (Helosi, 2000), dentre outros (Nunes,2000).

    > sistemaBliss utilizado como meio de comunica!o para portadores de paralisiacere"ral sem comprometimentos intelectuais e com dficits de linguagem. ;le composto

    por tr#s tipos de sm"olos3 a&ueles semel+antes aos o"4etos &ue representam

    (pictogr'ficos), os sugestivos dos conceitos &ue representam (ideogr'ficos) ou a&ueles

    recon+ecidos por conven!o internacional (ar"itr'rios). Ca"e ressaltar &ue esses sm"olos

    podem ser recom"inados para modular o significado dos mesmos. > sistema Rebus

    composto por 99 r"us ou logogrifos diferentes podendo ser simples ou compleo. >

    sistema simples faz uso de um pictograma para representar uma palavra ou parte dela,

    en&uanto o sistema compleo com"ina pictogramas com letras, n$meros, notas musicais,

    etc. > sistema HFC destinado a portadores de defici#ncia mental, estimulando +a"ilidades

    perceptuais e cognitivas, o &ue permite a comunica!o por meio de G00 pictogramas de

    figuras "rancas estilizadas. > sistema HC5 por sua vez, faz uso de G00 figuras

    etremamente icInicas, destinando-se a alunos &ue n!o conseguem fazer uso de sistemas

    compleos e a"stratos como o @liss.

    >s referidos sistemas s!o utilizados so" a forma de pranc+as de madeira, podendo

    ser fiados nas paredes ou acopladas Js cadeiras de rodas. Contudo estes sistemas 4'

    gan+aram uma vers!o computadorizada. %lm deles, foram desenvolvidos no @rasil

    sistemas originais como o 6*@rain, Fmago%naoz e o Comuni&ue. (von etzc+ner,

    Han+an, onalves, Capovilla, Nunes, 5enn7e7)

    1;m prepara!o.

    2

    2

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    ;m //2, *ic+alaros (5H) e seus cola"oradores desenvolveram na compan+ia 6*

    @iotecnologia, a primeira vers!o do programa de computador 6*@rain, sistema "aseado no

    programa indoKs, composto por clulas capazes de serem preenc+idas por sistemas

    gr'ficos tais como3 desen+os, fotos, letras, n$meros, etc., dispondo de vozes digitalizadas e

    sintetizadas, permitindo a decodifica!o de letras com"inadas escritas pelo usu'rio.

    > Fmago%nao desenvolvido por Capovilla (5H) e cola"oradores contm escrita

    gr'ficas, sm"olos gr'ficos de diferentes sistemas, fotografias e desen+os (est'ticos e

    dinLmicos). ;ste permite a sonoriza!o de sentenas ela"oradas com pictogramas ou

    palavras escritas com voz digitalizada. Hossui v'rias opes de acesso tais como3 mouse

    adaptado, tela sensvel ao to&ue, varredura autom'tica, etc. > Comuni&ue um outro

    softKare desenvolvido para crianas com dificuldades motoras por Helosi (ME). isa a

    comunica!o alternativa oral e escrita, sendo composto por pictogramas eou palavras,podendo ser a4ustado &uanto ao n$mero de informaes na tela. % disposi!o dos sm"olos

    assim pode ser realizada em uma mesma tela ou em telas encadeadas. > acesso ao

    programa pode ser feito atravs do teclado, mouse, 4o7sticD, tela sensvel ao to&ue,

    acionadores eternos de press!o, tra!o, sopro, voz, os &uais permitem realizar diferentes

    formas de varredura e ao mesmo tempo controlar a velocidade do mesmo. (von etzc+ner,

    Han+an, onalves, Capovilla, Nunes, 5enn7e7)2

    % maioria dos estudos realizados no @rasil, geralmente s!o conduzidos em espaos

    la"oratoriais ou clnicas de rea"ilita!o e de fonoaudiologia, +avendo poucos estudos

    desenvolvidos no conteto escolar (von etzc+ner, Han+an, onalves, Capovilla, Nunes,

    5enn7e7, em prepara!o).

    Nos $ltimos anos, no entanto, perce"eu-se &ue o interesse pela C%% tem aumentado

    nos crculos acad#micos, particularmente em algumas Oniversidades de 5!o Haulo e Mio de

    Eaneiro, as &uais v#m se dedicando a pes&uisas nessa 'rea. % maioria dessas pes&uisas

    desenvolvidas destinam-se para crianas com comprometimentos motores (paralisados

    cere"rais) associados ou n!o a deficits cognitivos e recentemente a crianas autistas.

    ?entro do conteto educacional podemos citar duas pes&uisas desenvolvidas pela

    Oniversidade do ;stado do Mio de Eaneiro, as &uais envolvem o uso da C%%. Helosi (2000)

    desenvolveu uma pes&uisa-a!o, cu4os o"4etivos foram avaliar a efic'cia de um curso de

    2Fdem

    P

    P

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    forma!o continuada em C%%, informatizada ou n!o, de professores itinerantes do Fnstituto

    Belena %ntipoff os &uais atendiam alunos com defici#ncia fsica (paralisados cere"rais).

    5ouza (2000), por sua vez, investigou a concep!o de alguns professores das escolas

    regulares e especiais acerca da comunica!o, defici#ncia e recursos alternativos de

    comunica!o por eles utilizados em sala de aula. > resultado da pes&uisa mostrou a

    necessidade de implementa!o da C%% e amplia!o das estratgias usadas pelos

    professores, as &uais facilitariam as +a"ilidades comunicativas e ampliariam as

    oportunidades de intera!o entre professor-aluno.

    Nota-se &ue de acordo com pes&uisas realizadas, grande parte dos indivduos

    portadores de necessidades educativas especiais possuem dist$r"ios de comunica!o eou

    afasia, encontrando-se limitados em epressar suas necessidades, seus sentimentos e

    pensamentos. Com efeito, essa pes&uisa vem se fazendo importante para fornecer umestudo aos professores &ue lidam com crianas e adolescentes detentores de alguma

    dificuldade comunicativa oferecendo assim su"sdios para a aplica!o e desenvolvimento

    da Comunica!o %lternativa no conteto escolar.

    FUNDAMENTAO TERICA

    % Comunica!o %lternativa%mpliada (C%%) recente como 'rea de con+ecimento, porm

    indiscutvel a necessidade de "uscar modelos tericos ou construir um corpo conceitual &ue permita uma

    compreens!o mais prima dos fenImenos o"servados, assim como a formula!o de +ipteses para futuras

    investigaes (@oKler, // apudNunes, 2000). 5eguindo este argumento, "uscou-se fundamentar esta

    investiga!o nas seguintes contri"uies tericas3 o ensino incidental (arren e Qaiser, /99) e o scio-

    interacionismo de 7gotsD7 (/G).

    % escol+a pelo ensino incidental no &uadro terico deveu-se a um con4unto de

    procedimentos de ensino da linguagem comprometidos com o desenvolvimento da

    compet#ncia comunicativa e com a generaliza!o da aprendizagem, tornando a criana

    capaz de usar as +a"ilidades comunicativas em diferentes situaes da vida &uotidiana.

    ;sse tipo de ensino refere-se Js interaes entre um adulto e uma criana ocorridas

    naturalmente em situaes rotineiras de sala de aula, lanc+e e almoo, o &ue torna possvel

    o ensino de novas informaes e a&uisies de novas formas ver"aiscomunicativas, pois a

    criana possui o controle so"re esse am"iente natural (escola), podendo assim indicar as

    ocasies nas &uais o ensino ocorre e interagindo livremente. Ca"e ressaltar &ue o ensino

    G

    G

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    incidental faz parte de um con4unto de programas de treinamento em linguagem

    denominado modelo naturalstico de ensino, o &ual surgiu em meados da dcada de 0.

    Ruando a criana possui o controle so"re o am"iente natural, no caso da pes&uisa, a

    escola, ela pode indicar as ocasies nas &uais o ensino ocorre, e o professor-mediador por

    sua vez, perce"endo seu foco de interesse pode propiciar a aprendizagem de novas formas

    de comunica!o, pois estar' atuando e intervindo nesses momentos especficos.

    arren (/9A apudNunes, 2000) aponta os seguintes aspectos aos procedimentos

    de ensino incidental3

    a) organiza!o do am"iente fsico para aumentar a pro"alidade de intera!o1

    ") sele!o de metas de acordo com as +a"ilidades da criana, os reforadores de seu

    comportamento e as possi"ilidades oferecidas pelo am"iente1

    c) solicita!o de formas comunicativas mais ela"oradas a partir das respostas mais simplesda criana1

    d) uso de reforadores, como aten!o do adulto ou acesso a o"4etos alme4ados aps as

    tentativas de comunica!o da criana1

    e) episdios "reves iniciados pela criana.

    ?e acordo ainda com os estudos realizados, o ensino incidental tem se mostrado

    eficaz para desenvolver +a"ilidades iniciais (solicita!o) e complementares de linguagem,

    em situaes rotineiras (arren, /9A), os &uais corro"oram para ampliar os atos

    comunicativos das crianas no conteto escolar.

    > elemento fundamental da a"ordagem naturalstica, segundo Nunes (//2), muito mais o aspecto

    pragm'tico da linguagem, ou se4a, sua fun!o comunicativa, do &ue seus aspectos sint'ticos e semLnticos. %

    implanta!o do ensino incidental em um am"iente escolar envolve mudanas comportamentais tanto nos

    alunos, &uanto nos professores e funcion'rios &ue com eles interagem.

    Hara mel+or compreender a a&uisi!o de linguagem dos usu'rios de C%%, fizemos uso da

    contri"ui!o de 7gotsD7, o &ual defende uma vis!o de desenvolvimento "aseado na concep!o de um ser

    +umano ativo, cu4o pensamento construdo gradativamente em um am"iente &ue +istrico e social.

    Hara 7gotsD7 apud Q>B6 (//2) o scio-+istrico n!o sinInimo de coletivo, nosentido de uma fora opressora &ue se impe ao indivduo. S pensado, como processo onde

    o mundo cultural apresenta-se ao su4eito como o outro, definindo os limites e possi"ilidades

    de sua constru!o pessoal.

    A

    A

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    Herce"e-se &ue o desenvolvimento socio-cultural cristaliza-se na formula!o de um

    conceito especfico dentro dessa teoria, essencial J compreens!o das relaes entre o

    desenvolvimento e o aprendizado, ou se4a, o conceito de Tona de ?esenvolvimento

    Hroimal (T?H). ;sta entendida &uando o su4eito manifesta capacidades com apoio de

    recursos auiliares oferecidos por outras pessoas. >s recursos s!o oferecidos por outros, a

    capacidade se desenvolve e dela constri-se um camin+o para outras capacidades &ue

    tam"m v!o sendo desenvolvidas pouco a pouco com o surgimento de novos recursos. %

    capacidade vai sendo refinada, internalizada e transformada em desenvolvimento

    consolidado. >rganiza-se da novas possi"ilidades de funes emergentes e o &ue est'

    primo destas funes aca"a se potencializando. %s adaptaes do am"iente escolar para a

    introdu!o e posterior implanta!o da C%% no conteto de sala de aula respeitam o su4eito

    scio-+istrico descrito por 7gotsD7 e possi"ilitam as interaes e trocas de atoscomunicativos entre alunos e professoralunos.

    ;ssas interaes e trocas caracterizam a T?H descrita por esse terico, a &ual

    conce"ida como sendo a distLncia entre o nvel de desenvolvimento real e o nvel de

    desenvolvimento potencial do su4eito. ?essa forma, o uso do sistema de C%% permite &ue a

    criana transite com a orienta!o ou em parceria com outras pessoas mais capazes e ao

    trafegar por esta zona, o indivduo amplia sua zona de desenvolvimento real, caracterizada

    pelo &ue ele capaz de fazer sozin+o.

    OBJETIVOS

    5endo a linguagem um dos mais importantes processos no desenvolvimento

    +umano e um elemento essencial J a&uisi!o de outros sistemas sim"licos, a presente

    pes&uisa foi delineada com os seguintes o"4etivos 3

    >@E;F> ;M%63

    erificar os efeitos da introdu!o da Comunica!o %lternativa %mpliada nas

    interaes entre 5 ;5H;CU8FC>53

    :

    :

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    ?escrever o processo de a&uisi!o do uso sm"olos em diferentes contetos

    escolares1

    %valiar os efeitos do uso da C%% na realiza!o de atividades acad#micas (sala

    de aula, lanc+e e almoo) e nas interaes sociais entre alunos e entre professore alunos.

    MTODO

    Participantes:

    ;sta pes&uisa envolveu a participa!o de / alunos &ue de acordo com a

    nomenclatura utilizada pela escola, estavam no nvel prVescolar (CFC6> FF) e cu4as idades

    variavam entre e A anos. %lguns deles apresentavam defici#ncia mental, outros

    defici#ncia mental associadas ora a paralisia cere"ral, ora a traos de autismo, ora a

    +iperatividade.

    % turma selecionada fre&Wenta uma escola especial do municpio do Mio de Eaneiro +'

    aproimadamente : anos. Hara preservar a identidade dos su4eitos da pes&uisa usar-se-!o

    nomes fictcios para descrev#-los, s!o eles3

    6al', 2 anos, seo feminino, portadora da sndrome de ?oKn com ?* (5u4eito

    vocal com dist$r"io de comunica!o)1

    Carol, 2P anos, seo feminino, paralisada cere"ral. (su4eito vocal)1?idi, PG anos, seo masculino, sndrome de ?oKn com ?*. (5u4eito n!o-vocal)1

    Srica, P anos, seo feminino, defici#ncia mental com +iperatividade e traos de

    autismo. (5u4eito n!o-vocal)1

    ;dson, A anos, seo masculino, defici#ncia mental (5u4eito vocal)1

    Haulin+o, PG anos, seo masculino, defici#ncia mental e autismo (5u4eito n!o-

    vocal)1

    Me"eca, 2 anos, seo feminino, paralisada cere"ral com ?* (5u4eito vocal com

    dist$r"io de comunica!o)1

    Modrigo,0 anos, seo masculino, sndrome de ?oKn com ?* (5u4eito n!o-vocal)1

    as+ington 2P anos, seo masculino, sndrome de ?oKn com ?*. (5u4eito n!o-

    vocal e com dist$r"io de comunica!o).

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    LOCAL E INSTRUMENTOS.

    % pes&uisa foi desenvolvida em uma ;scola ;specialP, no municpio do Mio de

    Eaneiro, a &ual atende crianas e adolescentes portadores de defici#ncia mental,

    compreendendo os espaos fre&Wentados pela crianas, tais como3 refeitrio e sala de aula.

    ?urante a pes&uisa foram utilizados diversos e&uipamentos, instrumentos e

    materiais a sa"er3

    Fnstrumentos3 ;scala de Comunica!o Hr er"al (;CH), teste de oca"ul'rio por

    Fmagens Head"od7.

    8ez-se uso da ;scala de Comunica!o Hr er"al (;CH) (Qiernam e Meid, /99), a

    &ual se destinaa avaliar as capacidades de comunica!o n!o ver"al e vocal do indivduo

    portador de defici#ncia. % ;scala foi dividida em duas 'reas.

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    PROCEDIMENTOS GERAIS.

    !o logo su"metido e aceito o pro4eto J dire!o da escola, pelos pais eou

    respons'veis, a pes&uisa foi desenvolvida em &uatro fases3 pr-lin+a de "ase ou avalia!o

    inicial, lin+a de "ase, tratamento efollow up,as &uais tiveram a dura!o do ano letivo.

    % pr-lin!a de base referiu-se J fase em &ue os alunos foram su"metidos aos

    instrumentos de avalia!o, utilizando-se o "este de #ocabul$rio por Imagens Peabody

    (?unn, Hadilla, 6ugo e ?unn, /91 Nunes, Nogueira, %ra$4o, Neves, @ernat e Map+ael,

    //:) e a %scala de Comunicao Pr-#erbal, (;CH) (Qiernam e Meid, /99), &ue

    envolveu o"servaes diretas das interaes do aluno, avaliou as formas e funes

    comunicativas presentes no repertrio destes.

    ?urante a fase de&in!a de baseforam realizadas o"serva!o e registros contnuosdos eventos, das atividades acad#micas (leitura e interpreta!o de +istrias) e n!o

    acad#micas (momentos de lanc+e e almoo) desenvolvidas durante o perodo escolar,

    relativos J intera!o entre alunos e professor e alunos.

    5empre &ue possvel tais sesses foram videografadas, contando com a autoriza!o

    dos professores e pais. 8oram programadas sesses de o"serva!o em diversos perodos do

    dia e nos am"ientes da sala de aula e refeitrio.

    % terceira fase referiu-se ao "ratamento onde os alunos foram ensinados a

    comunicar suas necessidades e pensamentos atravs do uso de sistemas pictogr'ficos de

    comunica!o alternativa.

    ;ssa fase compreendeu P momentos distintos3

    a) atividades livres ( refeitrio e sala de aula)

    b) lanc+e e almoo

    c) leitura e interpreta!o de +istrias.

    > follow-upest' sendo realizado agora no ano de 2002, o &ual vem acontecendo

    uma vez por semana, o &ual ser' concludo no final desse semestre.

    PRIMEIRAS CONSIDERAES

    ?urante a fase de treinamento evidenciou-se a dificuldade para o manuseio dos

    cartes pictogr'ficos assim como a discrimina!o das imagens.

    /

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    %ps a :X sess!o, os alunos comearam a manusear os cartes com mais

    desenvoltura e compreens!o.

    >s arran4os am"ientais realizados na sala de aula possi"ilitaram o uso funcional do

    sistema, pois os sm"olos usados foram condizentes com a leitura &ue estes faziam do real.

    Concomitantemente ao treinamento, &ue a princpio aconteceu em sala de aula, por

    meio de solicitaes do professor, para &ue os alunos fornecessem os cartes pictogr'ficos,

    avanos significativos puderam ser evidenciados, durante os momentos de lanc+e, intera!o

    em sala de aula e almoo.

    No conteto de sala de aula, os cartes foram utilizados n!o s para as satisfaes

    das necessidades "'sicas, como pedir para ir ao "an+eiro, "e"er 'gua, ouvir m$sica, etc.,

    como tam"m para auiliar na participa!o e compreens!o das +istrias tra"al+adas atravs

    do sistema pictogr'fico.>s alunos passaram a fazer uso do sistema de C%% para comunicarem seus

    pensamentos com todos os mem"ros da institui!o escolar3 auiliares de servios gerais,

    inspetores de alunos, merendeiras, diretoras, entre outros.

    Oma atitute inusitada de um dos su4eitos da pes&uisa (Srica) evidenciou a

    importLncia desta, pois a aluna mostrou-nos ter se apropriado do sistema de modo funcional

    ao dialogar com sua professora. ;ste fato foi comprovado no momento em &ue a aluna

    dirigiu-se a professora gesticulando, e ao perce"er &ue estava sendo mau interpretada,

    recorreu ao sistema e selecionou o cart!o &ue correspondia ao seu real dese4o.

    % professora por sua vez, ao ver o cart!o e entender o &ue a referida aluna &ueria

    (ouvir m$sica), respondeu-l+e &ue o r'dio n!o estava na sala. 5em &ue a professora

    perce"esse, ela saiu da sala levando um cart!o e alguns minutos depois retornou

    acompan+ada do inspetor de alunos e um r'dio.

    >s elos comunicativos esta"elecidos nesse conteto, validou a necessidade de um

    sistema alternativo de comunica!o nas escolas, para os alunos &ue n!o possuem linguagem

    oral, o &ue l+es d' a possi"ilidade de epressarem seus pensamentos.

    Contudo, essas con&uistas s foram possveis devido a participa!o ativa dos alunos

    orais n!o s nas etapas de treinamentos como na aplica!o e uso do sistema. % passividade

    em sala de aula cedeu espao a intera!o. > sistema de C%% tornou-se a voz de cada um

    deles, o &ue pode ser evidenciado e comprovado &uando estes resistiam a atos &ue eram

    0

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    contr'rios a seus dese4os. oda essa situa!o de aprendizagem possuiu uma +istria prvia,

    ou se4a, um camin+o &ue foi percorrido em meio a articula!o com o meio fsico e social.

    Nesse sentido, o sistema de C%% permitiu ao indivduo portador de dist$r"ios da

    fala eou af'sicos atingirem um nvel mais ela"orado no desenvolvimento de sua

    comunica!o, possi"ilitando o desenvolvimento da linguagem epressiva e da linguagem

    receptiva. >s momentos de recreioalmoo foram redimensionados, pois os alunos

    passaram a fazer escol+as, podendo aceitar ou re4eitar as ofertas.

    % possi"ilidade de comunicarem-se atravs do sistema parece estar encora4ando-os

    a epressarem seus dese4osnecessidades tam"m com F66% , 8. C. (//G).Pes(uisa e desenvolvimento de novos recursos tecnol)gicospara educao especial: *oas novas para pes(uisadores+ cl,nicos+ pro"essores+ pais e

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    alunos. -m -. Alencar /rg.0+ end1ncias e desa"ios de -ducao -special(p. /:-2). @raslia3 5ecretaria de ;duca!o ;special.

    8>N5;C%, itor da.(//A).-ducao -special: Programa de -stimulao Precoce.2ma3ntroduo 4s 3d5ias de Fuerstein. Horto %legre. %rtes *dicas.

    6;NN;N , 5. 6. (//) Fntroduction to augmentative and alternative communication.-m 6. $. Glennen 7 8. 8eCoste -ds0. !e !andboo' o" augmentative and alternative

    communication+pp. P-20). 5an ?iego, 5ingular.

    66>Y? , 6. e 8uller, ?. (/9:). o9ard an augmentative and alternative communicationsymbol taxonomy: A proposed superordinate classi"ication' +ugmentative and +lternativeCommunication) *)p.:A-.

    NON;5 , 6. M. (//2).5todos natural,sticos para o ensino da linguagem "uncional emindiv,duos com necessidades especiais. 3n: -. Alencar -d.0+,ovas contribuies daPsicologia aos processos de ensino e aprendi.agem /p'-/:)'5. Haulo3 Cortez.

    NON;5, ?. M. H. (2000) %n'lise eperimental dos efeitos dos procedimentos naturalsticosno processo de a&uisi!o de linguagem atravs de sistema pictogr'fico em crianadiagnosticada autista . ?isserta!o de *estrado defendida no Hrograma de ps-gradua!oem ;duca!o da Oniversidade do ;stado do Mio de Eaneiro.

    NON;5 , 6.M. (///)- se no podemos "alar ; A comunicao alternativa paraportadores de dist5F, *. @. (2000) % comunica!o alternativa e ampliada nas escolas do municpio doMio de Eaneiro forma!o de professores e caracteriza!o dos alunos com necessidadeseducacionais especiais. ?isserta!o de *estrado defendida no Hrograma de ps-gradua!oem ;duca!o da Oniversidade do ;stado do Mio de Eaneiro.

    5>OT%, .6.. (2000) Caracteriza!o da comunica!o alternativa3 Herfil dos alunos comdefici#ncia fsica de uma regi!o do municpio do Mio de Eaneiro. ?isserta!o de *estradodefendida no Hrograma de ps-gradua!o em ;duca!o da Oniversidade do ;stado do Miode Eaneiro.

    >N etzc+ner , 5. (no prelo).-nunciado de m"ica(radu!o de ?. M. H. Nunes). ;m 6. M. Nunes (>rg.) Comunicaoalternativa para portadores de defici2ncia'Mio de Eaneiro3 ;?O;ME.

    >N etzc+ner,5. Han+an, B.,onalves,*.E., Capovilla, 8.C., Nunes,6.M.?., 5enn7e7, % 6 (em prepara!o).Comunica!o alternativa e %mpliada no @rasil3 Oma perspectiva +istrica

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  • 7/23/2019 (Artigo)O Direito de Comunicar, Por Que No Comunicao Alternativa Aplicada a Portadores de Necessidades Edu

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    Y>5QY , 6.5. (/9G).A "ormao social da mente. 5. Haulo3 *artins 8ontes.

    ZZZZZZZZZZZZZ (/9/)Pensamento e linguagem

    %MM;N, 5. [ Mogers-arren, X (/9A) eac+ing functional language3 generalization andmaintenance of language sDills. @altimore, Oniversit7 HarD Hress.

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