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GABRIELA NORONHA DE FREITAS
BRINQUEDO SUSTENTÁVEL PARA ESCOLAS PÚBLICAS
CURITIBA
2012
Brinquedo Sustentável Para Escolas Públicas
Sustainable toy to public schools
FREITAS, Gabriela N.; FAE Centro Universitário.
gabriela.noronhaf@hotmail.com
Resumo
A proposta apresentada serve para incentivar o brincar nas escolas, devido sua importância no
ensino desde as séries iniciais. Desenvolvendo um brinquedo de papelão que explore os
benefícios das atividades do faz de conta, auxiliando as crianças a adquirir diversas
habilidades e estimular a criatividade. Conscientes de que o brinquedo em questão é de
origem sustentável, apresenta-se o método utilizando pesquisas com base em fundamentações
teóricas, análises de desenvolvimento aplicado a projeto de produto, pesquisa de campo,
conceituações, definições de requisitos, assim como testes, validação e divulgação do
produto, visando um design interativo.
Palavras Chave: brinquedo; desenvolvimento; sustentabilidade.
Abstract
The purpose of this project is encourage the play, because it facilitates the educational system
since the initial series, developing a toy that explores the benefits of the “make-believe”
activities, helping children to acquire several abilities, such as socialization, creativity and
environmental thinking. Being aware that the toy they are using is from a sustainable source,
it is introduced the method of using researches based on theoretical foundations, literature
review, related to the development of products design, field survey, definition of concept,
requirements application, creation and drawings were the steps of alternatives generation, all
aimed to a interactive design.
Keywords: Toy, development, sustainability.
Brinquedo Sustentável Para Escolas Públicas
Introdução
Fernanda Martins, 2008, da ADG (Associação dos Designers Gráficos), comenta sobre
design e sustentabilidade, qual a relação entre eles e como podem contribuir para essa questão de
desenvolvimento sustentável, algo muito comentado nos últimos tempos, um desafio que
designers têm de não comprometer as necessidades das gerações futuras. De certa forma, essa
profissão é responsável pela criação de produtos e serviços que são repassados a sociedade de
consumo. Devendo-se pensar no ciclo fechado de produção e torná-lo adequado ao meio
ambiente.
Uma alternativa de iniciar essa mudança é através da conscientização, implantando
uma ideia sustentável aplicada nas escolas, a partir das séries iniciais. Incentivando crianças a
desenvolverem uma postura ecológica que poderá refletir em suas atitudes no futuro.
Com esse intuito o projeto busca propor para as escolas, a criação de um brinquedo que
utilize de matéria-prima sustentável, que agregue valor social, econômico e ambiental, viável ao
meio de aprendizado, estimulando o desenvolvimento de diversas habilidades e conhecimentos.
De acordo com o designer Bernado Luiz (2004), a importância do brinquedo é de:
“contribuir para despertar na criança, princípios e valores fundamentais para a formação
adequada de seu caráter”.
Problema de pesquisa
Qual a percepção das crianças e dos profissionais de educação de escolas públicas com
relação aos brinquedos de origem sustentável em seu meio de aprendizado?
Objetivos
Desenvolver um brinquedo de origem sustentável, bem como analisar a percepção das
crianças e profissionais de educação de escolas públicas em relação a ele. Os objetivos
específicos envolvem analisar mais profundamente as áreas do ambiente escolar, aonde será
testado. Analisar brinquedos existentes, similares ao proposto, assim como os que também
utilizam de matéria-prima sustentável.
Justificativa
Em vista as questões acima relatadas, foi verificada a necessidade de auxiliar escolas
públicas a partir da implementação de um brinquedo com as características já citadas.
MOYLES (2002) relata “O papel do brincar na educação infantil”:
“O brincar em situações educacionais, proporciona não só um meio real de
aprendizagem como permite também que adultos perceptivos e competentes
aprendam sobre as crianças e suas necessidades. No contexto escolar, isso significa
professores capazes de compreender onde as crianças “estão” em sua aprendizagem
e desenvolvimento geral, o que por sua vez, dá aos educadores o ponto de partida
para promover novas aprendizagens nos domínios cognitivos e afetivos.”
(MOYLES, 2002, p. 13)
Outro autor enfatiza essa importância do brincar como algo comprovado pela ciência:
“A neurologia, ciência que estuda o cérebro, realizou pesquisas que comprovaram o que
muitos educadores acreditavam, mas tinham dificuldades em provar: brincar é
fundamental para o desenvolvimento da criança. Isso não se aplica apenas ao ponto de
vista físico, mas também ao desenvolvimento da inteligência.” (BELTRAN, 2001, p. 25)
Além deles, diversos autores afirmam essa importância, deixando claro que a
utilização de um brinquedo nesse meio é satisfatória e traz muitos benefícios.
Brinquedo Sustentável Para Escolas Públicas
Também se destaca a importância de incentivar as escolas a manter os brinquedos em
sala de aula como forma de desenvolvimento da criatividade para as crianças e também, como
uma maneira mais divertida de aprendizagem. Para a educadora Regina de Assis, o novo
método de ensino, que teve o acréscimo de um ano (9º ano), visa utilizar o lúdico, porém isso
não tem ocorrido, devido ao aumento na quantia de matérias, as brincadeiras vem sendo
deixadas de lado pelas professoras. Deve ser levado em conta que a criança aos 6 anos ainda
quer brincar, nessa fase a criança tem mais facilidade para aprender, e essas capacidades
podem ser atingidas mais facilmente por meio de brincadeiras.
Pretende-se, através desse projeto, auxiliar o desenvolvimento dos alunos, buscando
melhorar a qualidade do ensino a partir da atividade básica e fundamental do brincar,
agregando a isso o pensamento socioambiental que refletirá na formação de futuros cidadãos.
O brinquedo proposto irá utilizar o papelão como matéria-prima sustentável, pois é um
material barato, ecologicamente correto, resistente, acessível e de fácil customização.
O designer canadense Mau (2010) propõe o design como: “uma nova maneira de
aumentar a qualidade do ensino das crianças e assim, gerar inovadores profissionais no
futuro”. Com isso, ele tenta provar que o poder do design não tem limite, tendo a capacidade
de trazer mudanças positivas em uma escala global.
Delimitação
O brinquedo resultante do projeto será desenvolvido para alunos de 1.º ano do ensino
fundamental de escolas da rede pública. Foi delimitada esta série para direcionar o produto
para uma fase mais específica de aprendizagem e desenvolvimento da criança.
Através de uma visita, foi verificada a situação dos brinquedos e ambiente de ensino
do colégio Marçal Justen, situado na Rua Santa Catarina, número 710, bairro Água Verde,
Curitiba-PR. Escolhida devido sua localização de fácil acesso.
O desenvolvimento sustentável
“A definição mais aceita para o desenvolvimento sustentável, é aquele capaz de
suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as
necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o
futuro”. De acordo com publicação no site WWF Brasil, esta definição surgiu na Comissão
Mundial sobre Meio ambiente e Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas.
Muhringer e Shayer (2008, p.35), ressaltam: “Uma das formas mais eficazes de
contribuir para a sustentabilidade do planeta é reduzir o consumo e o desperdício.”
Ciclo de vida dos produtos
Segundo Mattos e Granato (2004, p. 34), “os ciclos de vida dos produtos se
concentram nos processos envolvidos em todo o sistema de produção: desde a extração e
processamento da matéria-prima até a utilização final do produto pelos consumidores,
recicladores e pelas pessoas que o descartam”.
O ciclo de vida de um produto acontece desde a criação do mesmo, a aquisição dos
materiais, seja por fonte básica, chamada de material “virgem”, ou fonte de matéria
reciclável, processamento dos materiais, fabricação, modo que é embalado, transportado,
distribuído e consumido até chegar a seu descarte. Por esses fatos, a reciclagem de produtos
tem ciclo contínuo, e torna-se grande sua importância na reutilização de um produto para a
geração de outro.
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Reciclagem
Para Mattos e Granato (2004), a reciclagem pode ser tratada como a devolução de um
material usado para um ciclo de produção, reduzindo a extração de mais recursos naturais, nessa
prática o material é recolhido pela indústria e novamente processado. Os custos desse processo
são menores que de um objeto criado a partir de materiais virgens, mas normalmente sai mais
caro que o processo de reutilização.
Os materiais mais reciclados atualmente são: o papel (em suas diversas formas),
papelão, vidro, metais, plásticos, embalagens cartonadas (oriundas da mistura de papel,
plástico e alumínio).
Reutilização
“Aumenta a vida útil de um objeto ou atribui novos usos àquilo que seria descartado”.
(Mattos e Granato, 2004). Embalagens, papelão, papéis, isopor entre muitos outros materiais
podem ser inúmeras vezes reutilizados. É uma outra forma de criar novos produtos com
materiais que nada custam, dando um novo destino a um material que pararia no lixo.
Matéria-prima – Papelão ondulado
Segundo a ABPO, (Associação Brasileira de Papelão Ondulado) 2005, “o papelão
ondulado é um material 100% biodegradável e reciclável, além de possuir resistência a
choques, variações de temperatura e compressão”.
A matéria-prima básica do papelão é a celulose, e tem ampla contribuição ao
ambiente, pois durante sua produção são utilizados compostos não agressivos como: tintas,
colas e insumos neutros. Por ser descartável, evita também a contaminação do solo, gerando
menos pressão nos aterros.
Há grandes vantagens em se utilizar esse material, além do baixo custo, é extremamente
resistente, versátil, leve e de fácil personalização apesar de não ser considerado durável.
Segundo a ABPO, “existem muitos tipos de ondulados, e estes possuem diversos
tamanhos de miolos e de perfis que oferecem muitas combinações projetadas com
características e desempenhos diferentes”. Composto por elementos ondulados (miolos) que
são fixados a elementos planos (capas) sendo classificados como: face simples, parede
simples, dupla, tripla e múltipla.
Características da criança
A personalidade das crianças é formada por um conjunto de fatores que os cercam, o
ambiente que se encontra o lar, sua relação com a família, sua individualidade. Para Beltran
(2001, p. 6), os traços psicológicos de um adulto são determinados antes dos seis anos de
idade, neste caso, mostra-se importante a atenção dos pais no acompanhamento do
desenvolvimento de seus filhos.
Criança vive em função do movimento, os autores Ronca e Terzi (1995, p. 87) ,
destacam essas características, e comentam: “a dificuldade que sentimos de mantê-las quietas
numa longa viagem por exemplo, pela necessidade que têm de se movimentar e pelo prazer
que nele sente”.
A inteligência vai se desenvolvendo e se construindo a partir desse conjunto de
movimento-prazer-realização, por isso ressaltamos a importância do movimento:
“Ao ser humano, excita-lhe o movimento! Dá-lhe prazer. Exalta-lhe sentimento e
sensações. Estimula-o. Desperta-o. Provoca-o”. (Ronca e Terzi, 1995, p. 88).
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Alunos do 1.º ano do ensino fundamental são crianças de cinco para seis anos, que
estão na fase inicial da aprendizagem. Nesse período caracteriza-se uma integração com os
elementos da realidade, aprendendo a compreender melhor o mundo em que está a sua volta.
A autora Jesus (2010 p.19), salienta que: “nessa fase as crianças aprendem a conviver
melhor com os outros, assim desenvolvendo melhor a comunicação, e sua socialização”.
No seguinte trecho elaborado pelas assessoras pedagógicas: Zini, Silva e Salvador, da
Prefeitura Municipal de Caxias do Sul –RS, explicam o conhecimento como um processo de
criação, e não de repetição.
“... Para as crianças pequenas, os jogos e brincadeiras são as ações que elas repetem
sistematicamente, mas que possuem um sentido funcional, isto é, são fontes de
significados e, portanto, possibilitam compreensão, geram satisfação, formam
hábitos que se estruturam num sistema. Assim, o jogo torna-se uma estratégia
didática quando as situações são planejadas e orientadas pelo professor, visando uma
finalidade de aprendizagem, isto é, de proporcionar à criança algum tipo de
conhecimento, alguma relação ou atitude.”
Situações do ambiente de ensino público
Murruie (2003, p. 66), diz que: “atualmente as escolas têm más condições físicas e de
funcionamento, devido dependerem exclusivamente da boa vontade dos governantes para o
repasse de verbas, o que faz com que essas não possuam nem mesmo os elementos básicos
que facilitam a aprendizagem e convivência social”.
Ainda citam as autoras, que o professor da rede pública ganha mal e não é respeitado
socialmente, o que atinge diretamente a maneira como age. As constantes mudanças no
sistema público geram nesses professores sentimentos de mal-estar e impotência, devido a
fatores como, baixos salários, escassos recursos, classes superlotadas, tensão na relação com
os alunos, excesso de carga horária entre outras.
O professor tem papel muito relevante em sala de aula, sendo responsável pelas
crianças e seu aprendizado. Uma de suas obrigações é planejar suas aulas de maneira
adequada, de acordo com os conteúdos que devem ser aplicados a cada série e interesse dos
alunos. É uma tarefa que deve ser bem estruturada, pois aulas bem planejadas fazem toda a
diferença no aprendizado. Assim como aplicação de projetos inovadores, que estimulam os
alunos a participarem dessas atividades, tornando o conhecimento mais acessível e divertido.
A utilização dos cantinhos como ferramenta de ensino deverá proporcionar maior
envolvimento de todos, se diferenciando das atividades normais do cotidiano escolar. Devido
a mudança do ensino fundamental até o 9.º ano, as crianças do 1.º ano, perderam o espaço que
antes havia destinado ao brincar para conseguirem acompanhar o conteúdo que deve ser dado.
O professor poderá avaliar a melhor maneira de utilização do brinquedo, podendo ser
melhor explorado de acordo com o perfil da turma. Sugestão para se utilizar o brincar livre
(exploração) e dirigido (domínio), em conjunto agregando novas aprendizagens.
O que é brinquedo?
Para a autora Kishimoto (1994), o brinquedo é compreendido como um "objeto
suporte da brincadeira, que por sua vez é o lúdico em ação”, brinquedos representados por
objetos como piões, bonecas, carrinhos etc. Kishimoto afirma ainda que: “brinquedo difere do
jogo pela sua relação íntima com a criança e a indeterminação de regras para sua utilização”.
Os brinquedos podem ser considerados estruturados e não estruturados. Estruturados
são aqueles que já são adquiridos prontos, é o caso dos exemplos citados acima. Os não
estruturados são aqueles que não sendo industrializados, são objetos como paus ou pedras,
que nas mãos das crianças adquirem novo significado, passando assim a ser um brinquedo.
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A importância do brinquedo
Piaget (1978), relata que “na fase de 0 a 7 anos, a criança tem um pensamento
simbólico, baseado principalmente na fantasia, o que a faz ter muita criatividade. Tudo o que
envolve o ato de brincar, sinais, gestos, objetos e espaços não são notados por elas como
realmente são”.
O maior erro das escolas é querer substituir a brincadeira que eles mesmos fantasiam,
por um brinquedo meramente lógico, sendo que nessa fase a criatividade é o que mais ajuda a
desenvolver um pensamento construtivo. A construção da inteligência é resultante das ações
tomadas, buscando a solução para “problemas” no ambiente.
“A criança constantemente cerceada, vigiada e dirigida pelos modelos do adulto, não
conseguirá mais tarde, dar livre curso à expressão do seu pensamento em composições
escritas.” (Rizzo, 2001, p.35).
Almeida cita sobre os direitos das crianças, pela ONU (20/11/1959) e esclarece: "... A
criança deve ter todas as possibilidades de entregar-se aos jogos e às atividades recreativas,
que devem ser orientadas para os fins visados pela educação; a sociedade e os poderes
públicos devem esforçar-se por favorecer o gozo deste direito".
Metodologia
A metodologia da pesquisa aplicada ao projeto foi definida em objetivos, processo,
lógica, e o resultado, sendo respectivamente: descritiva, pois tem o objetivo de analisar as
características, atitudes e percepções de um grupo específico, explicada por Collis e
Hussey (2005, p. 24) como: “pesquisa que descreve o comportamento dos fenômenos,
usada para identificar e obter informações sobre as características de um determinado
problema ou questão”.
O processo de pesquisa, será o qualitativo, pois trata de um processo mais subjetivo,
utilizado para saber o que é importante na formação de alunos do ensino público. A lógica,
feita a partir da pesquisa dedutiva, tendo em vista que o estudo a ser apresentado, resultará em
um brinquedo sustentável, que será testado e utilizado pelo público já citado anteriormente.
E finalizando o resultado da pesquisa como aplicada, que se enquadra melhor a este
projeto, pela utilização de suas descobertas ao problema discutido, que refletirá na
contribuição para fins práticos, busca de soluções e transformação dos resultados.
Foram utilizadas para o desenvolvimento deste artigo revisões bibliográficas sobre os
temas relevantes para a interação e familiarização com o assunto. O método de pesquisa foi
voltado ao desenvolvimento de produto, como análises diacrônica, sincrônica, paramétrica
para verificar as semelhanças, pontos fortes e fracos dos produtos similares existentes, análise
de mercado, brainstorming para definir quais atividades o brinquedo contemplaria, definições
de requisitos, conceituação, geração de alternativas, escolha da mais adequada, análise
ergonômica, para saber as medidas corretas que o brinquedo deverá ter, entre outras etapas
relevantes voltadas a design de produto.
Para a criação da parte de design gráfico, foram utilizadas técnicas como
brainstorming, estudo de cores, de tipografias, geração de alternativas para layout e definição.
Também como parte da orientação dessa pesquisa foi desenvolvido um questionário,
para análise e coleta de dados o qual foi respondido por professoras através de formulário,
impresso e eletrônico disponibilizado em rede social.
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Público alvo
Define-se como público principal, crianças de 1.° ano do ensino fundamental, e seus
professores, público intermediário. Com base neles, foi aplicado um questionário, que
constavam perguntas abertas e fechadas, com relação ao seu dia a dia em sala de aula,
quantidade de alunos, brinquedos disponíveis, importância do brincar, entre outros. Os dados
apresentados foram classificados como parte quantitativa e qualitativa em sua maioria. Com
essa etapa ficou claro o tipo de brinquedo a ser criado, os requisitos necessários, os quais
sendo atendidos, serão bem aceito pelas professoras e alunos.
Análise diacrônica – Histórico dos jogos e brinquedos
Jogos, brinquedos, e brincadeiras já existiam nas sociedades primitivas, mas serviam
apenas como um meio para os jovens tomarem consciência dos papéis sociais e imitá-los,
como uma forma de prepará-los para a vida adulta. Passaram a ter um papel na educação da
criança no século XVI, com o surgimento da educação humanista.
“Em Atenas e em Roma, já existiam brinquedos destinados a facilitar a aprendizagem
de movimentos, ou para ensinar as letras, como a marcha (cavalo de pau, nos dias atuais),
brincadeiras com arcos, jogos com ossinhos, etc” (Manson, 2002).
No Brasil foi em torno de 1549, com a chegada da Companhia de Jesus na cidade de
Salvador, religiosos começaram a perceber os valores educativos e iniciaram o processo de
implementação nas escolas jesuítas. Mas foram os Estados Unidos que serviram como modelo
inicial, para a implementação na maioria de outros países.
Análise de mercado
Com base nos objetivos do projeto, os parâmetros a serem verificados na análise
paramétrica são: Cor, materiais, junções, ambiente, porte, número de crianças, grafismo,
design e formato mais encontrados. A pesquisa foi realizada com referência a 20 imagens de
produtos semelhantes ao tema e material. Como resultado dessa análise, nota-se, que a
maioria dos produtos quanto à cor, apresentam a tonalidade natural do material utilizado
(madeira, papelão) e mais uma cor em forma de pintura. O material: em sua maioria é madeira
quase sempre com a utilização de algo plástico ou metálico, em seguida o papelão. As junções
nos objetos analisados de madeira são com metais (pregos, parafusos, dobradiças) e nos de
papelão, cola e encaixes. A maioria dos “cantinhos” pesquisados são cozinhas. Em relação ao
porte apresentam tamanho médio, podendo de duas a três crianças brincarem ao mesmo
tempo. Grafismos não são muito encontrados, e os formatos são, geralmente, mais quadrados.
Após esta análise de verificação de quais brinquedos existem no mercado, juntamente
com a realização de um brainstorming, definiu-se que o brinquedo atenderia as atividades de
comério, casinha e teatrinho.
Requisitos
Para a viabilidade do trabalho em questão, fica definido como requisitos do brinquedo a
ser desenvolvido:
Utilizar o papelão ondulado, como matéria-prima por possuir ciclo de produção
ecologicamente correto, ter baixo custo e ser acessível sua aquisição;
Valorizar o sentido das ondas para obter maior resistência e segurança ao produto;
Melhora da atividade do professor aplicado a primeira classe do ensino fundamental,
para auxiliar no desenvolvimento dos novos cidadãos;
Ser ergonômico e ter medidas coerentes para crianças de 5 e 6 anos, atingindo
grande parte dos percentis;
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Explorar o faz de conta e o desenvolvimento de novas habilidades e competências
através do “cantinho”;
Possuir um design interativo, para promover a socialização das crianças e estimular
a criatividade das mesmas;
O brinquedo terá que apresentar um espaço que possibilite interação com crianças
de ambos os lados;
Facilidade na montagem, utilizando dobras e o máximo possível de encaixes,
evitando assim o uso de colas e grampos;
Poderá ser customizado de diferentes formas, atendendo a mais de uma função.
Conceito
O brinquedo apresenta design sustentável e interativo, direcionado para crianças de 1.°
ano, com idade de 5 e 6 anos. Utiliza o faz de conta em atividades que exploram profissões
ligadas ao comércio, além de teatrinho e casinha, sendo adequada para contemplar essas
diferentes atividades modificando somente sua customização, caracterizando-se assim como
um cantinho educacional. Irá mostrar que desde pequenos deve-se trazer conceitos
ecológicos para seu modo de vida, reeducando a partir delas seus pais e responsáveis.
Desenvolvido para uso em sala, juntamente com a orientação da professora, para que com
seu auxílio agregue mais conhecimento e dinâmica para a turma. Seu objetivo pedagógico, irá
incentivar de uma forma divertida a importância da sustentabilidade.
Geração de alternativas
Figura 1: Geração de alternativas para brinquedo de papelão
Fonte: Acervo pessoal
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As alternativas foram desenvolvidas com base nos produtos existentes no mercado,
buscando diferenciais em sua forma e novos conceitos. Após a geração de ideias
apresentadas (figura 1) foi realizada uma matriz de avaliação para tentar definir qual melhor
se enquadra nos requisitos do projeto, assim verificou-se que a ultima atende as expectativas
e os requisitos propostos.
Alternativa selecionada
Observou-se que não havia a necessidade da estrutura do brinquedo ter vários lados, e
assim utilizar mais matéria prima para atender atividades escolhidas como a do comércio,
teatrinho e casinha. A alternativa selecionada utiliza apenas dois lados com uma forma
simples, buscando o sentido literal da palavra “cantinho”. Possui facilidade de montagem e
aproveitamento total da chapa, também podendo ser compactada para guardar e com isso
ocupando pouco espaço.
Utiliza apenas de recortes, vincos e encaixes em sua montagem e apresenta segurança
se seus cantos forem arredondados. A forma inicial é de um retângulo, que ao ser
transformado no produto remete a uma casinha, se for feito dois brinquedo, e ao montar,
apenas mudar a direção da dobra. (Figura 2).
Como complemento do mesmo foi desenvolvido uma prateleira opcional, que serve
como expositor de produtos ao brincar.
Nesta etapa, foram realizados bonecos para estudo e melhoria da forma.
Enfatizando a escolha da utilização do faz de conta neste projeto, se mostrando
satisfatória de acordo com a ABRINQ, que relata sobre a escolha de brinquedos para cada
idade, sendo apresentado para pré-escolares de 3 a 6 anos essa atividade como ideal.
“A s crianças neste grupo etário são hábeis nos jogos de faz-de-conta, gostam de
desempenhar papel de adulto e criar situações fantásticas. Fantasias e
equipamentos que ajudem em seu mundo imaginário são importantes nesta
etapa; entre eles lojas em miniatura com dinheiro de brinquedo, caixa
registradora e telefone. Cidadezinhas, fortes, circos, fazendas, postos de
gasolina, fantoches, bonecas e casas de boneca com móveis, também são
atração.” (ABRINQ, Guia dos brinquedos e do brincar).
Figura 2: Boneco da alternativa escolhida
Fonte: Acervo pessoal
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Medidas ergonômicas
As dimensões escolhidas para aplicar ao brinquedo, foram baseadas no livro As
medidas do homem e da mulher de DREYFUSS (2005, p.4). Também sendo levado em
consideração um tamanho que será prático de encontrar a matéria prima e transportar o
brinquedo. As medidas principais são 1 metro e 60 centímetros de altura, por 1 metro e 40
centímetros de largura, que será dobrado ao meio ficando com 70 centímetros cada lateral.
A altura do brinquedo também teve como referência a média de tamanho da criança de
6 anos (figura 4), e a bancada pela altura do comprimento do braço da criança de 5 anos
(figura 3), para que todas consigam brincar de uma maneira mais confortável, assim não
havendo a exclusão do aluno e respeitando os limites das chapas facilmente encontradas.
5 anos
Figura 3: Medidas das crianças (5 anos)
DREYFUSS, Henry. As medidas do homem e da mulher. Porto Alegre: Bookman, 2005.
6 anos
Figura 4: Medidas das crianças (6 anos)
DREYFUSS, Henry. As medidas do homem e da mulher. Porto Alegre: Bookman, 2005.
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Descrição do produto
O produto foi projetado seguindo algumas das normas de segurança de fabricação de
brinquedos da ABRINQ (NBR 11.786/98 – Norma Brasileira para Segurança de Brinquedos.
Lei n.º 8.078, de 11 de setembro de 1990, do Ministério da Justiça), publicada pelo
INMETRO. O item de número 5 (objetos pequenos, pontas e projeções perigosas) foi aderido,
assim, não contendo cantos vivos e peças pequenas que podem ser engolidas.
O papelão definido para a criação do produto é o de onda dupla, ou conhecido como
onda BC, pois entre os mais comuns presentes no mercado é o mais resistente, atendendo aos
requisitos passados anteriormente. Foi valorizado o sentido das ondas na vertical para garantir
resistência. Sua forma é simples e garante o aproveitamento do material.
Propõe-se duas maneiras de produção do produto, processo manual e também o
automatizado por máquinas de recorte.
O processo de produção principalmente do brinquedo será o manual, onde o custo é
baixo e pode ser zero, caso você já possua todos os materiais e consiga reutilizar uma caixa ou
chapa de papelão sem a necessidade de compra. Caso queira comprar a chapa, ela pode ser
encontrada em empresas que produzem papelão ondulado, porém essas normalmente são
vendidas em alta quantidade.
Os materiais utilizados para confecção são: lápis, régua, estilete, trena, tesoura, além
de papeis coloridos, cola escolar, canetinhas, tintas a base d’água, adesivos entre outros
recursos que podem ser utilizados para a customização.
Através de um manual com o detalhamento das etapas, a professora irá desenhar as
medidas da janela, os recortes para encaixe na chapa e após, cortar com um estilete, vincar e
montar o produto. O tempo de montagem varia de pessoa a pessoa, de acordo com a
habilidade que cada um possui ao reproduzir as medidas fornecidas e a manipulação do
estilete, assim ele estará pronto para ser personalizado e utilizado.
O outro processo, é automatizado por máquinas de recorte eletrônico, sua
customização pode ser por meio de Impressão UV de Alta Resolução sobre substrato rígido
em Papelão onda BC. Máquinas: Dusrt (impressão) Zund (recorte). Seu custo nesse processo
pode variar de R$ 80,00 à R$ 100,00.
Para produção do produto em grande escala, um processo de impressão que pode ser
indicado por realizar trabalhos de alta qualidade, nas dimensões propostas e com um custo
relativamente barato em relação a outros processos é a serigrafia. Amplamente utilizada na
impressão de vários objetos, sendo uma boa opção na personalização. O autor CHAMOUN
(SEBRAE/SC), explica o processo de serigrafia como:
“... a impressão de uma figura em uma superfície através de uma tela. Com uma
espátula ou um rodo (puxador), a tinta líquida é forçada a passar pelos vãos
livres entre os fios da trama de uma tela (matriz), transferindo-se para a
superfície do material a ser impresso, chamado de suporte de impressão...”
Usabilidade
A usabilidade foi observada desde a iniciação do desenvolvimento do mock-up,
analisando a forma, peças soltas, espessura do papelão, até sua montagem final. Observou-se
nessa etapa melhorias que trariam benefícios ao brinquedo, tanto na confecção, como sua
montagem e utilização pelo público principal. Também se reafirmou que o papelão a ser
utilizado deverá ser o de onda dupla, após teste com um de onda simples, notando-se a
instabilidade que ele proporcionou.
Dentre as melhorias resultantes após alguns mock-ups produzidos, as mais
significativas foram: o ajuste da bancada, ficando com o tamanho de 70 centímetros de altura
de um lado e 69,5 centímetros de outro. Essa diferença surge para que ao encaixar os dois
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lados, elas fiquem na mesma altura, sendo essa diferença a espessura do papelão no momento
da sobreposição e fechamento da bancada.
Outra evolução foi eliminar as peças extras para dar sustentação ao produto,
utilizando a mesma para essa função, evitando a necessidade de outra chapa para a geração
dessas peças e assim obtendo um maior aproveitamento do papelão (figura 5).
Figura 5: Mock-ups e evolução do brinquedo
Fonte: Acervo pessoal
Após definida a estrutura do brinquedo, ele foi testado com o público definido.
Primeiramente com uma criança de 6 anos, para melhor análise da atividade, verificando
como ela se comportava ao brincar. Transformando o brinquedo em uma mini livraria,
observou-se a dificuldade que ela tinha em utilizar a matemática, notando assim que com uma
maior frequência na utilização do cantinho e com a supervisão de um adulto, surge uma
oportunidade para aperfeiçoar o aprendizado.
Outro teste foi aplicado à escola, criando a personalização do brinquedo referindo se a
casa de doces de João e Maria, assim utilizando a estrutura para se contar a história. O
brinquedo foi de grande aceitação pela turma.
Figura 6: Analise da atividade
Fonte: Acervo pessoal
Figura 7: Teste de usabilidade em escola
Fonte: Acervo pessoal
Resultados
O desenvolvimento resultou em um produto versátil com forma simplificada e
compacta, possuindo uma função adequada a idade escolhida.
Após as etapas de produto, criou-se a necessidade de construção de um material
gráfico com uma linguagem infantil e própria que identifique o brinquedo dos demais.
Pelo método de BAXTER (1998), utilizou do Brainstorming para a geração de
alternativas para decidir o nome do produto e após criação da logomarca. O nome definido foi
o Faz de conta PAPELÃO, por expressar em seu nome, sua função e material.
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As tipografias escolhidas para aplicação na logomarca foram utilizadas em caixa alta,
devido às crianças estarem em fase de alfabetização.
Figura 8: Logomarca do brinquedo desenvolvido
Fonte: Acervo pessoal
Como o projeto tem cunho social, o modo de divulgação do brinquedo, será
disponibiliza-lo gratuitamente, por meio de um blog (www.fazdecontapapelao.blogspot.com.br),
onde constará seu modo de produção e montagem através de um manual desenvolvido e
disponibilizado para download, como também um vídeo de montagem produzido para deixar
mais claro o processo.
No blog estarão postadas dicas e opções de personalização e poderão ser
compartilhadas experiências e fotos, que devem ser enviadas por e-mail
(fazdecontapapelao@gmail.com). Foi escolhido o blog como ferramenta, pois atinge grande
número de público docente, não ficando restrito apenas a uma região, além de muitas
professoras já utilizarem esse recurso como meio de comunicação e troca de conteúdo.
Conclusão
O desenvolvimento desse projeto permitiu vivenciar o envolvente e gratificante
processo que se passa para a projeção de um brinquedo, até chegar ao seu público e observar a
reação deles através de seu uso.
Com os estudos, foi possível concluir que o produto desenvolvido é de viável
utilização nos ambientes educacionais, tanto da rede pública como privada, pois nos dois
casos irá trazer benefícios promovendo tanto o desenvolvimento afetivo como o criativo e
melhora nas relações sociais. Assim também possível sua utilização em casa, os pais podem
produzir igualmente o brinquedo.
Foi possível constatar que a utilização do papelão no mercado de brinquedos, vem
crescendo, entre tanto com foco mais comercial, não sendo voltado a sua utilização em
escolas como objetivo principal, desta maneira, diferenciando-se do presente projeto.
A ABRINQ, define: “Brincando, as crianças constroem seu próprio mundo e os
brinquedos são as ferramentas que contribuem para esta construção.”
Figura 9: Resultado do brinquedo de papelão desenvolvido,
representados pelos processos manual e automatizado.
Fonte: Acervo pessoal
Brinquedo Sustentável Para Escolas Públicas
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