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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO VALE DO ACARAÚ – UVAFACULDADE DE CIÊNCIAS APLICADAS DO LIMOEIRO
CURSO DE PEDAGOGIA
AURORA DE JESUSJOSEFA MARIA DA SILVA CELESTINO
MIRIAN RODRIGUES DA SILVARISALVA BATISTA CHAVES
RESOLVENDO CONFLITOS ENTRE ESCOLA E FAMÍLIA: Os profissionais da educação feiranovense e suas dificuldades
LIMOEIRO, 2008
AURORA DE JESUSJOSEFA MARIA DA SILVA CELESTINO
MIRIAN RODRIGUES DA SILVARISALVA BATISTA CHAVES
RESOLVENDO CONFLITOS ENTRE ESCOLA E FAMÍLIA: Os profissionais da educação feiranovense e suas dificuldades
Trabalho apresentado como requisito parcial à aprovação na disciplina Metodologia do Trabalho Científico, no curso de Pedagogia.
Área de Concentração: Ciências Humanas
Orientadora: Prof. Ívina Peixoto.
LIMOEIRO, 13 DE SETEMBRO DE 2008
COMO RESOLVER CONFLITOS ENTRE A ESCOLA E A FAMÍLIA?
O que você faria se pesado numa balança fosse encontrado em falta? É comum ao ser
humano cometer equívocos na vida, triste é não assumi-los. Se houvesse um detector que
pudesse captar todas as mensagens do cérebro humano, buscaríamos o máximo de
informações quanto aos momentos de insucessos. Provavelmente, o culpado pelo fracasso
seria o primeiro que cruzasse o nosso caminho, ou ainda, aquele que nos acompanhou nas
dificuldades, mas a culpa jamais poderia ser nossa, pois, alguém teria que levá-la em seus
ombros, pois logo lançaríamos a culpa do nosso insucesso em outrem.
Não é diferente no âmbito escolar. O sucesso e o fracasso da educação devem-se ao
conjunto de elementos que precisam ser repensados. Podemos constatar o desequilíbrio da
instituição escola quando se nota um razoável distanciamento da família, conteúdo decorrente
do desinteresse do seio familiar, ou até como falta de planejamento da equipe escolar, aspecto
que auxilia como fator inibidor da aproximação familiar e da comunidade em geral. Por que
será que algumas famílias, o suporte principal da vida infantil, omitem-se tanto em
acompanhar suas crianças à escola? Por que é importante a presença da família na escola?
Mediante essas indagações se ouve a voz confusa da mente de quem procura conciliar a
atuação dos envolvidos na escola e equiparar em balança fiel os valores da escola e da família.
Integrados nesse contexto, sentimo-nos no direito de fazermos julgamento precoce. Como
seres pensantes que somos podemos visualizar o desequilíbrio dessa balança e com nitidez
percebermos que ambas, escola e família, encontram-se em falta.
Fácil nos é sobressair dessa argumentação, uma vez que o nosso alvo é a criança e
alguma coisa deverá ser feita em prol dela. Alguém terá de assumir a responsabilidade quanto
à modelagem do caráter da criança. Entretanto, somos cúmplices também desse insucesso, nós
professores, que orgulhosos, pensamos agir com sensatez e justiça, mas dificilmente nos
colocamos ativos nesse processo quando do exame de concretização da parceria: “Escola e
Família”.
A falta de um bom exemplo dos pais para com os filhos, a omissão em acompanhá-los
à escola, a não interação entre as instituições anteriormente citadas, o não cumprimento das
metas previstas contribuem para a desintegração da relevância da esfera escolar.
Suely Silva,1 alicerçada em sua experiência no contexto escolar, afirma que os
profissionais da educação, especialmente em seu município, necessitam fazer uma revisão de
1 Suely Lindalva da Silva é professora da Escola Municipal Professora Margarida Ramalho, localizada no município de Feira Nova.
questões que norteiam o envolvimento familiar no âmbito escolar. Conforme ela, as alterações
nessa relação, geralmente distante e conturbada, devem iniciar pela valorização do educando.
As reuniões de pais e mestres, na maioria das vezes, têm o objetivo de alertar aos pais o
reduzido rendimento ou o mau comportamento de seus filhos, uma vez que o professor
desconhece as condições socioeconômicas e emocionais daquele a quem acompanha somente
nas ocasiões didáticas referentes à sala de aula. Desconhecendo, em boa parte dos casos, as
primícias da vida de seu corpo discente e também suas problemáticas, a escola conclui
rotulando o educando de desinteressado. Sendo assim, muitos pais perdem a empatia pelo
ambiente escolar e se recusam a participar novamente de encontros semelhantes. Em suma, é
válido que a escola divida com a família os empecilhos diagnosticados em sala, os quais
impedem o avanço no rendimento escolar de seus filhos, todavia deve-se criar um espaço no
qual a família dialogue com o corpo docente sobre o progresso e o recuo cognoscitivo e tenha
a oportunidade de ver seus filhos apresentando suas criações.
Gley Costa (2007:20) declara que antes os pais serviam de modelo para os filhos, hoje,
porém, os filhos modelam os pais. Provavelmente, esse é um fator que implica no
afastamento dos pais da esfera escolar. Nos tempos nos quais os pais foram o espelho dos
filhos, sentiam-se comprometidos com sua educação. Na inversão de papeis, muitos pais
passaram a acreditar que os filhos não dependiam mais da sua companhia quanto à educação e
assim descentralizaram esta atenção, abandonando razoavelmente a escola. Essas famílias
precisam tomar consciência de que a escola precisa muito de sua aproximação para fortalecer
os valores e manter uma disciplina condicional à vida do educando. Vale afirmar que o
enlace, só trará benefícios para ele.
Embora a criança esteja matriculada numa escola, tendo acompanhamento educacional
nesse âmbito, a família é a primeira instituição com a incumbência permanente de formar
cidadãos, pois estes refletirão na sociedade. A educação absorvida no lar é refletida na escola.
Quando uma família esquece-se de aproximar os membros que formam a sua estrutura, a
escola percebendo o descompromisso e até mesmo a incapacidade daquela, toma o espaço que
deveria ser do pai, da mãe ou de membros da família. Isso não é suficiente porque o lado
afetivo do aluno não é plenamente preenchido pela escola; portanto, haverá sempre uma
lacuna.
De acordo com Franco Cambi (1999:80), “a família é o primeiro regulador da
identidade física, psicológica e cultural do indivíduo e age sobre ele por meio de uma
fortíssima ação ideológica”. Ainda segundo ele, é na família que o indivíduo aprende a
reconhecer a si e aos outros, porque se trata do primeiro local de socialização, onde se
aprende a comunicar-se, moldam-se comportamentos, transmitem-se valores, sistemas e
concepções acerca do mundo.
Uma solução eficiente contra o distanciamento da família seria a batalha em prol da
implantação da psicopedagogia nas escolas visando o acompanhamento dos alunos que
apresentam dificuldades de aprendizagem e relacionamentos. Como a potencialidade da
escola transcende os limites da família, ela poderá conscientizar as autoridades
governamentais para o entendimento de que o sucesso da educação e o desenvolvimento de
uma nação devem-se ao empenho, não restritamente da escola e da família, mas de todos os
setores da sociedade. Esse crescimento é conseqüência de uma política pedagógica
fundamentada e respeitada pelos dirigentes públicos, que devem assegurar uma educação de
qualidade para todos. Outro meio para resolução do fracasso escolar poderia ser o
acompanhamento às famílias em dificuldades através de programas sociais que buscassem a
resolução de questões mais críticas, tais como: condições de sustento e acompanhamento
psicológico às famílias em crise.
Desta forma, a família representada simbolicamente como um dos pratos da balança
poderá suportar o peso da responsabilidade que lhe é atribuída, evitando excessos de cargas,
protegendo-se da ruína. Já a escola que está presente em todos os aspectos da vida estudantil,
não se limita a depositar no aluno conhecimentos, mas o prepara para o combate da vida. Na
atualidade é inevitável encontrarmos lares que não se encontrem conflitos sérios, onde “cada
um faça por si”. Nossos alunos precisam munir-se de discernimento, coragem e persistência,
para desenvolver habilidades e construir sua própria identidade. Diante de tamanha
responsabilidade a comunidade escolar é retratada como o outro prato da balança e sustenta o
peso de sua carga. Essa divisória é saudável, trazendo excelentes resultados para o aluno e
auxilia no equilíbrio da transmissão dos valores da criança.
Entretanto, é válida a interrogativa: Como uma criança poderá crescer feliz sendo
esquecida na escola? A criança aprende muito, não apenas com as palavras ouvidas,
principalmente com as ações do observado. O que esperamos de nossas crianças quando
omitimos em estender-lhes a mão? Vale lembrar que a família continua sendo a instituição
que modela o caráter humano, embora saibamos que inúmeras famílias não conseguem
contribuir de forma eficaz nesse processo. Pois ali, do outro lado, a escola com suas
habilidosas mãos assume o encargo de auxiliar na construção positiva de uma nova conduta.
Se a família não conseguir, de sua parte, tornar a criança o aluno um cidadão, a escola
tentará transformá-lo, de modo que um novo rumo seja tomado na vida deste estudante. Se
essas entidades não se empenharem em desenvolver o discente, o atropelamento na mente
deste é certeiro. Desta forma, não só família e escola perdem com isso, mas a sociedade
sofrerá pelo descaso a essas crianças. Muitos jovens envolvidos no mundo das drogas e do
crime são o fruto do que foi semeado ontem pelo desequilíbrio existente, na maioria dos
casos, nestas instituições. Nossas crianças serão os adultos de amanhã. Como tratamos este
assunto?
O sábio rei Salomão, expressa-se no livro de Provérbios (20:11): “Até a criança se
dará a conhecer pelas suas ações se a sua obra for pura e reta.” Não foi por acaso que o poeta
deixou seus escritos, pois tinha consciência da necessidade do adulto transmitir ensino às
crianças. Ele sabia que a criança põe em ação aquilo que aprende. Que os pais possam ser
exemplos bons e constantes em toda área da vida dos filhos, aproximando-se mais deles e da
escola.
Sobre essa questão Chico César (2007:57) relata:
A relação entre instituição de Educação Infantil e Família não existe sem conflitos, mas precisa ser encarada e redimensionada na perspectiva do diálogo permanente. Por meio da escuta sensível e acolhedora que busca compreender a história de vida das crianças no atendimento de suas necessidades.
Comumente, deparamo-nos com problemas resultantes da relação família e escola, os
mais simples se resolvem com diálogo, os mais complexos poderão ser conduzidos ao poder
judiciário. Mas não precisamos nos assustar, o que temos de fazer é controlar nossos limites e
respeitar o direito do próximo. Quando a escola se dispõe a manter contato com a família,
oportunizando-a momentos agradáveis, passando-lhe a segurança de que está interessada no
bem estar da criança, de seus filhos, conquista e assegura uma relação mais harmoniosa.
César (2007:57) afirma que a família é um esteio, um porto que dá segurança para
enfrentar as dificuldades próprias do país em que vivemos. Não podemos ocultar que a família
é a mola mestra que articula as entidades escolares. Sem a primeira, não é possível a
existência da última. A família tem um papel fundamental a desempenhar na sociedade, por
isso a escola depende dela. Se houver uma aproximação mais freqüente, bons êxitos
aparecerão. O lar além de suas outras atribuições deve ser uma escola na qual os filhos são
ensinados, desde o berço, a respeitar as pessoas. O resultado dos filhos serem criados sem
disciplina amorosa reflete, negativamente, com ônus para essas crianças e para a sociedade
em geral. Por isso, as famílias devem se unir à escola tendo em vista uma formação saudável
dos seus filhos.
Outro fator que distancia os pais da escola é a agenda lotada. Os pais quase não
dispõem de tempo para dedicar aos filhos, o que dificulta na sua formação, e transferem para
a escola esta responsabilidade. Com isso negligenciam a educação que por obrigação seria
deles e quando estão juntos não conseguem exercer a disciplina no lar, e não têm paciência
pra orientar e instruir seus filhos. Os pais que são ausentes no lar perdem a autoridade sobre
os filhos e, conseqüentemente, a desatenção ocasiona mau rendimento escolar. Quem não tem
tempo para investir no filho encontrará tempo para salvá-lo das investidas do mal? O diálogo
na maioria das famílias foi abolido, assim fica difícil contornar a educação familiar.
Fábio Alexandre 2 atesta que o Conselho Tutelar de Feira Nova vem trabalhando com
a prevenção de conflitos existentes entre a escola e a família, por meio de palestras nas
escolas, locais públicos, conferências municipais, sempre abordando a temática de que a
escola é o lugar do aluno e da família, sendo assim, juntos os dois pólos encontrarão saídas
para os problemas. Conforme Alexandre, existem situações cujas dificuldades só devem ser
tratadas no ambiente do Conselho Tutelar, especialmente, quando necessitam de uma
conversa mais reservada, convida-se a família do aluno e o próprio aluno para que haja um
levantamento dos motivos que possam justificar os atos e conhecer os atores envolvidos na
situação problema. A partir daí inicia-se a fase da desconstrução de regras e limites e se fecha
com um acordo em ampla e irrestrita valorização dos laços familiares.
Na escola, não é diferente, já que esta instituição é conhecida pela maioria como o
segundo lar da criança. Ora, se a família é a mão que modela o caráter da criança, a escola é a
outra que continua este processo. Enquanto a família abriga e ama os filhos; a escola os
protege e os previne das dificuldades da vida. A escola procura preencher as lacunas, que são
muitas na vida dos alunos, mas nem sempre é satisfatório o resultado porque a criança
esconde em seu íntimo uma necessidade que somente alguém tão especial poderá suprir. Não
há como fugirmos desta realidade: uma escola que anda de mãos dadas com a família é
progressiva.
Um caso alarmante em nosso município tem sido o crescimento de crianças gerando
crianças. Segundo Fábio Alexandre, conselheiro tutelar do município, houve no município de
Feira Nova, nos últimos anos, o aceleramento de mães imaturas (adolescentes) cujas
conseqüências são, de acordo com o juiz de direito do município, o espantoso número de
reclamação quanto ao não pagamento de pensões alimentícias, solicitadas pelas mães, muitas
vezes ocasionadas pelo atraso do responsável legal. Com isso, é notória a maior vítima da
2 Fábio Alexandre da Silva, conselheiro tutelar, é graduando do curso de Direito da FACOL, instituição localizada em Vitória de Santo Antão.
situação: a criança. Essas mães adolescentes, pois muitas vezes se prostituem em busca de
alguma qualidade de vida.
Nessa perspectiva de preparação do jovem, devemos desde já nos preocuparmos com
as crianças, que por serem mais fáceis de compreender, de aceitar as mudanças,
conseqüentemente, compreendem o ensino, não esquecendo jamais dos jovens, pois muitos
deles querem uma oportunidade de mudar de vida. Quanto às famílias é muito difícil cobrar
daqueles que não tem nada para oferecer, pois são “adultos abandonados”, por tudo isso, é de
fundamental importância que tenhamos boas escolas, bons professores. Está nas mãos de
todos nós criarmos oportunidades para melhorar as condições de vida para aqueles que não as
possuem.
A família é o primeiro responsável pela construção do ser humano, junto com a escola,
que tem o papel fundamental de desenvolver a noção de coletividade, companheirismo,
afinidade com a comunidade; educando, preparando as crianças, os jovens e as famílias para
os desafios de um mundo cada vez mais egoísta, que todos esses atores sejam sonhadores,
esperançosos quanto ao bem comum, conscientes do dever ético, capazes de formar
verdadeiros cidadãos, conhecedores de seus deveres e direitos. E, assim, garantir a proteção
integral das crianças e adolescentes, dar credibilidade a família como instituição fundamental
da personalidade humana.
Para o caso das jovens mães de Feira Nova, quem sabe as resgataríamos trazendo-as
para a escola? São por essas questões que muitas crianças apegam-se profundamento a seus
docentes considerando-os como membro honorário de suas famílias. Isto acontece porque
nossas crianças passam mais tempo perto da professora do que de sua própria família. Em
casa, quando se aproximam dos familiares, dirigindo-lhes algumas palavras, são recriminadas
e o espaço da criança é tomado por qualquer outra pessoa ou coisa.
Conforme Ferrer-Gomez (1993), educar é ajudar a ser a permitir que se seja. A vida
pertence a cada ser humano. O que deve nos preocupar é que esse ser humano seja ele mesmo,
despertando nele o que tem de melhor de si.
Infelizmente, há muitos pais que não suportam dialogar com os filhos. Por que será
que a criança ao chegar à escola põe-se a conversar? Tudo ela conta, diz à professora o que
fez no dia anterior, sente necessidade de se expressar, já que não é possível em casa. A escola
por sua vez se trata de um ambiente socializador e faz com que a criança sinta-se com mais
liberdade para expressar-se.
Em defesa dos lares e das famílias, denunciamos o descaso que há para com as
crianças e a sua educação. As crianças aprendem primeiramente e melhor em suas famílias.
Educadores, sejam pais ou mestres, quando a criança chegar à encruzilhada da vida é bom que
estejam ali dirigindo o trânsito.
Quando se chega para entregar a responsabilidade da educação do filho muitos
conflitos são vividos. Pais separados, mentes tumultuadas, o jogo do empurra e a criança não
encontra alguém que se prontifique a ajudá-la na formação escolar. O pai decide que o seu
compromisso com o filho é de sustentá-lo e que educar é trabalho da mãe. Esta por sua vez
alega que também precisa manter-se e não pode aprisionar-se por causa de um filho. Assim de
mão em mão, a criança não passa de uma bola que está prestes a ser atirada, para onde não se
sabe. Diante de tantas aflições a escola deve encontrar um meio pelo qual aproxime filho, pais
e escola.
O que fazer com as famílias que são acostumadas a comprar tudo, pensam também em
comprar a educação? Pais que lançam na escola, a obrigação total de educar os filhos. Quando
convocados pela escola a um diálogo, ameaçam fazer transferência do filho, neste caso a
melhor maneira é dialogar. Cabe ao professor conhecer as famílias dos alunos para haver mais
integração no meio escolar. Um instrumento potente à comunicação é o aluno. O professor,
por sua vez, deve conscientizar o próprio educando para que possa convencer o pai a manter
o vínculo com a escola.
A professora Mauricéia Maria da Silva trabalha atualmente na Escola Manoel Belo,
localizada no município de Feira Nova/PE, ela declara que com a entrada de seus filhos na
escola houve várias mudanças quanto ao comportamento, aprendizado, sociabilidade e tudo
isso é valorizado na formação do caráter da criança. Isto nos faz refletir o quanto a família
percebe a influência positiva da escola no que concerne à construção do caráter da criança.
Diante desta credibilidade, a escola não só deve marcar reuniões para falar dos problemas,
reclamar do comportamento dos alunos, mas para expor o que eles aprenderão, informando
sobre o projeto político- pedagógico e os demais projetos didáticos a serem desenvolvidos,
revelando como pode contribuir para que eles sejam concretizados e conscientizando a família
acerca da importância de sua integração.
Silva afirma que estreitar o relacionamento escola e comunidade, assim como o
relacionamento entre escola e pais, não é tarefa tão simples, porém possível. A escola
municipal através de alguns projetos com finalidades exclusivas de atrair a participação da
comunidade dentro da escola tem conseguido diminuir a distância entre as mesmas. Na
perspectiva de uma educação para a vida, ou seja, uma educação que ultrapasse os muros da
escola. Vale ressaltar ainda que é necessário e urgente que as escolas municipais invistam
cada vez mais neste objetivo, pois o envolvimento da comunidade com a escola ainda é
restrito.
É certo que muitos pais gostariam que as escolas propiciassem mais encontros,
palestras e reuniões, especialmente aqueles que reconhecem sua influência positiva. A família
é o primeiro grupo com o qual as crianças vivem e seus momentos acompanham seus
membros por toda a vida. Se os responsáveis demonstrassem interesse em tudo o que se passa
na sala de aula, estariam contribuindo para o progresso do binômio ensino-aprendizagem, pois
a presença da família na escola gera compromisso por parte do aluno uma vez que percebe o
acompanhamento e cobrança, dos âmbitos família e escola. Os pais freqüentes na escola
tomam consciência do comportamento e aprendizado dos seus filhos e esses alunos, quando
monitorados, têm mais sucesso e isto tem ajudado muito contra o desinteresse e a evasão
dessas crianças.
Outra maneira de aproximar os pais da escola é promover encontros trabalhando o
lúdico, envolvendo-os através de dramatizações referentes aos conteúdos trabalhados,
utilizando os próprios filhos como artistas da escola. A jovem Áurea Cássia Josiane da Silva
Oliveira, aluna da Escola Municipal Manoel Belo, Feira Nova/PE, possui um significativo
envolvimento com a escola e se alegra ao ver os pais se comunicando com a professora; ela
afirma que é bom ver seus pais preocupados com o seu comportamento e aproveitamento
escolar.
Se uma criança é capaz de reconhecer esse contato como um meio de melhoria no
curso de sua história escolar, o que diria um adulto sobre esse assunto? Provavelmente, É
óbvio que uma pessoa sensata reconhece a importância deste entrosamento: escola e família.
Para ter um papel ativo na educação, os pais podem esforçar-se mais para ajudar seus filhos a
obter o sucesso no aprendizado. Esta ajuda não se limita aos pais que sejam professores
treinados ou que tenham um diploma universitário. O grau de instrução dos pais é um eixo
facilitador na intensidade da relação entre seu filho e o aprendizado, entretanto, isto não
exime os pais ao fator de detê-lo de inteirar-se da educação de seus filhos. A educação dos
pais não tem tanta importância quanto sua atitude em relação ao filho e seu aprendizado.
Para a educação, não há uma fórmula ou modelo padrão a seguir. Uma educação de
qualidade é conquistada pelas experiências vividas, por dificuldades encontradas no caminho
do educador e por ele superadas. A educação assemelha-se ao romper da alva, que se inicia
ainda pelas trevas, mas estas, aos poucos, são dissipadas até a luz resplandecer de tal forma
que nos permita enxergar mais nitidamente o que desejamos. É assim que o educador encara
os momentos obscuros que o amedronta, mas com muita dedicação e trabalho consegue
romper as dificuldades e vencer as vicissitudes que lhe cercam.
Como educadoras também sentimos a mesma necessidade de integração de nossas
famílias na escola, por isso sugerimos de modo construtivo e agradável fazermos frente à este
problema para assim suprimi-lo. Imprudente é continuarmos alheios diante de uma situação
que se prolifera a cada instante. De início, é preciso uma auto-avaliação de nosso
comportamento como equipe escolar para detectar onde falhamos. Nossa falha precisa ser
consertada, para que não descarreguemos a culpa por inteiro nas famílias.
Segundo Risolene Pereira Reis (2000:01), a escola surgiu porque a família não é
suficiente para educar. A escola pode fornecer o que a família não pode, pois é ela o único
lugar oportuno para desenvolver a socialização necessária para a vida em comunidade, além
de propiciar cultura e fornecer hábitos de leitura. A escola não educa sozinha, porque a
responsabilidade educacional da família jamais cessará.
A escola é o âmbito da educação formal, preparada para propiciar ao educando o
ensino das humanidades, mas é no seio familiar que o aluno tem o primeiro contato com o
mundo, sendo o primeiro local de socialização. Às vezes, o professor não enxerga a árdua
missão que é educar com qualidade, pois não deve apenas sobrecarregar os alunos de
conhecimentos, mas prepará-los para a vida. Conforme determina o Artigo 1º da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação: “A educação abrange os processos formativos que se
desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino
e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações
culturais”. Precisamos de “visão de águia” para transcender o cotidiano e nos libertar desse
preconceito que, às vezes, deixamos manipular nossos pensamentos.
Quanto ao convívio escolar, é gratificante para a escola viver cada momento de sua
história e para os professores não é desigual, cada passagem vivida com o jovem é única e o
aproveitamento desta conduzirá a escola para o caminho do progresso. Inegavelmente, a
escola que valoriza a habilidade artística do aluno e introduz a participação da família nesse
ambiente produz frutos os quais serão alvos de admiração da sociedade e exemplos para
outras escolas.
Os conflitos entre a escola e a família continuam existindo e precisam ser decepados,
mas isto não passa de mera ilusão, pensar em exterminar esse problema de uma vez por toda.
Mas não é proibido sonhar, ainda nos resta uma esperança. Talvez muitos já desanimaram,
principalmente, ao ver a escola com os palcos vazios quando se refere à participação das
famílias. De modo repensado, é bom apurar o que tem motivado essa dissociação entre
família e escola e buscar soluções para o resgate dessas famílias.
Que cidadão a escola deseja formar? Será que o convívio com os alunos tem sido
prazeroso? Isto porque são momentos únicos e, por isso, não se repetem. Um educador
qualificado sempre se depara com questões como as citadas. Um ser que se considera auto-
suficiente não consegue descer da soberba e perguntar a si mesmo sobre questões que o
integre, pois leva uma vida de mesmice ou ainda de arrogância e jamais pode ascender na vida
profissional. Do outro lado, vê-se a preocupação daquele que mesmo inseguro tenta encontrar
soluções para os problemas que o rodeia.
Atualmente, olhamos para o professor e concluímos que ele no decorrer dos anos vem
desempenhando um papel que fundamenta as famílias. O acolhimento e o diálogo são atos
que podem reestruturar a comunidade familiar. Em outros tempos o professor era visto como
um ditador que apenas delegava sem interagir no crescimento intelectual e até mesmo social
de seu aluno. Graças às mudanças na educação, o professor agora auxilia no desenvolvimento
da vida escolar e familiar, permitindo a interação do aluno, oportunizando-lhe condições de
crescer na vida profissional e propiciar a liberdade de expressar-se.
Paulo Roberto Barbosa (1987:9) afirma que as crianças vão melhorar na escola quando
os pais fizerem sua parte. Isto indica o quanto é importante a colaboração da família para a
formação da criança na escola. Quando a família participa da construção escolar do filho,
poderá desfrutar de uma harmonia considerada e respeitada. Já Maria Tereza Nidelcoff
(1994), acertou na decisão do título do seu livro que muito atrai o leitor: “Uma escola para o
povo”. A escola só é completa se o seu interesse estiver em conexão com o povo, pois a
sociedade espera da escola um ambiente agradável no qual o caráter humano seja construído de
maneira respeitável. A parceria escola-família deve ser posta em prática, pois educar é uma
tarefa de todos.
Já Souza (1997:03) afirma:
Todos nós queremos o melhor para nossas crianças. Sonhamos para elas um futuro com mais oportunidades de serem felizes e se realizarem na vida profissional e pessoal, para que esses sonhos possam se tornar realidade, nossas crianças precisam se desenvolver cada vez mais e melhor.
A família precisa ser trabalhada, devemos conhecê-la e ainda auxiliar no que diz
respeito à educação do aluno. A escola tem autonomia de promover eventos que desenvolvam
a sociabilidade e a interação dos pais com o objetivo escolar.
As reuniões devem tomar novo rumo, devem ser agradáveis para deixar a família mais
à vontade. A escola ainda deve trazer os pais para participar do conselho escolar. Ela deve
garantir a manutenção e melhoria das condições de atendimento dos alunos e seus respectivos
responsáveis. A equipe escolar deve unir-se aos pais para discutir os problemas, as
necessidades materiais da escola e as maneiras de atendê-los, deve manter também a
comunicação freqüente entre professores e pais. Desta maneira poderemos resgatar e dirimir
este problema que tanto perturba o convívio escolar.
Em vista da necessidade de aproximação da família na escola, este artigo abordou
alguns aspectos relevantes que auxilia os que pretendem atingir o sucesso na formação da
criança. Embora seja impossível descrever todas as características do papel da família quanto
ao bom desempenho escolar, podemos constatar alguns pontos salientes que envolvem este
relacionamento: aprendizagem, disciplina, influência, responsabilidade, etc.
Examinando o comportamento das crianças na escola, conclui-se que o não
acompanhamento da família resulta numa educação fracassada. Assim sendo, iniciamos com
este estudo uma reflexão baseada nos conflitos existentes entre a escola e a família na
tentativa de apontarmos possíveis soluções para os problemas da aprendizagem escolar.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA, Paulo Roberto. Oito maneiras de ajudar seu filho a ir bem na escola. Revista Seara. Rio de Janeiro. Ano XXXI, nº 266, p. 6-9, maio, 1987.
CAMBI, Franco. História da Pedagogia. Trad. de Álvaro Lorencini. São Paulo: UNESP, 1999.
CÉSAR, Chico. A família brasileira hoje. Construir notícia. Recife, Ano 07, n.º 41, p. 57-58, jul./ago. 2008.
COSTA, Gley. A nova família vai à escola. Pátio. Porto Alegre, Ano XI, n.º 41, p. 20-21, fev./abr. 2007.
NIDECOLF, Maria Tereza. Uma escola para o povo. Ed. 36. São Paulo: Brasiliense, 1994.
REIS, Risolene Pereira. Relação família e escola: uma parceria que dá certo. Fev. 2000. Disponível em: < www.procampus.com.br/noticias_escola.asp?id=1694> . Acesso em: 10/09/2008.
BÍBLIA. Salomão. Português. Velho Testamento. Trad. Almeida. São Paulo: Mundo Cristão. 2003. p. 812.
SOUZA, Paulo Renato. Educar é uma tarefa de todos nós: Um guia para a família no dia-a-dia da educação de nossas crianças. Brasília: MEC, 1997.