Post on 23-Mar-2016
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UNIPÊÊÊÊ –––– CENTRO UNIVERSITÁÁÁÁRIO DE JOÃÃÃÃO PESSOA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
Disciplina: Teoria do Urbanismo II 2012.2 Professor: Fernando Galv ãããão
BRAS ÍÍÍÍLIA, UM PLANO MODERNO
Daniele Silva (1)
Graduando em Arquitetura e Urbanismo – UNIPÊ, 3º Período – Turma D (1) e-mail: dandinha_@hotmail.com
Déééébora Leal (2)
Graduando em Arquitetura e Urbanismo – UNIPÊ, 3º Período – Turma D (2) e-mail: deh_paiva18@hotmail.com
Fernanda Cec íííília (3)
Graduando em Arquitetura e Urbanismo – UNIPÊ, 3º Período – Turma D (3) e-mail: cecilia.nanda@hotmail.com
Gabriella Barbalho (4) Graduando em Arquitetura e Urbanismo – UNIPÊ, 3º Período – Turma D
(4) e-mail: gabriellabsm@gmail.com Jacianny Rayanny (5)
Graduando em Arquitetura e Urbanismo – UNIPÊ, 3º Período – Turma D (5) e-mail: jaciannylima@hotmail.com
Sanairys Baia (6) Graduando em Arquitetura e Urbanismo – UNIPÊ, 3º Período – Turma D
(6) e-mail: sanairys_baia@hotmail.com
RESUMO
Em 1933, no IV CIAM (Congresso Internacional de Arquitetura Moderna), a Carta de Atenas, o mais importante
manifesto urbanístico, foi escrito. Ela foi a junção de diversas discussões ocorridas nesse encontro, aonde se
estudava a cidade funcional, que seria para muitos uma cidade ideal. Entre os pontos mais marcantes estão
circulação nas cidades modernas, habitação ideal, lazer para a nova sociedade e como o trabalho deve ser tratado.
E essas diretrizes direcionaram Lucio Costa na criação da capital do Brasil: Brasília, um dos maiores experimentos
do urbanismo mordeno, que deveria trazer boas condições de trabalho, moradia, lazer e circulação.
Palavras-chave: Carta de Atenas. Cidade Moderna. Brasília. Plano Piloto. Brasil.
1 INTRODUÇÃÇÃÇÃÇÃO
O momento em que a Carta de Atenas foi escrita, em 1933, existia a ascensão das novas
tecnologias e novas máquinas, e elas claramente interferiam em como a cidade se
movimentava e se desenvolvia. As ruas, que antes só servia para passeio, agora apresentavam
tamanhos pequenos, para abrigar a presença dos carros e pedestres. As mudanças eram
claras e com a criação da Carta de Atenas, várias ideias sobre o que é cidade e como ela
deveria ser tratava foram repensadas e discutidas.
Em 1956, Lúcio Costa projeta a capital brasileira seguindo as recomendações do CIAM. Essa
cidade estava localizada em um planalto, denominado Planalto Central, situada no centro-oeste
do Brasil. A cidade foi planejada para apresentar setorização com atividades pré-determinada,
como o Setor Hoteleiro, Setor de habitação, Bancário ou de Embaixadas, aproveitando a
topografia da região, que era bastante acidentada, e adequando o projeto ao Rio Paranoá. O
projeto trazia as quatro principais diretrizes de uma cidade moderna: trabalhar, morar, circular,
e recrear.
2 A CIDADE MODERNA DE L ÚÚÚÚCIO COSTA, E AS IDEOLOGIAS DO CIAM
De acordo com a Carta de Atenas “A cidade é só uma parte de um conjunto econômico, social
e político que constitui a região” (CARTA DE ATENAS, 1933), ou seja, o plano da cidade é
apenas um elemento que é adicionado ao plano regional. Assim como o Plano Piloto de
Brasília, fruto de um processo que engloba todos esses aspectos: econômico, social e político.
A Carta de Atenas ressalta dois princípios que regem a personalidade humana: O individual e o
coletivo, levando em consideração não só os aspectos arquitetônicos, e sim a vida dos
indivíduos. O ser humano se vê muito desarmado quando não está inserido dentro de um
grupo e requer está ligação, uma necessidade de trabalhar em grupo. Entretanto, em tudo
ocorre uma ligação quando se está em comunidade, não só onde a riqueza e a pobreza se
predominam. Na cidade tudo é espontanêo, e o poder econômico é sempre um valor
momentâneo.
O conjunto político presente nas cidades é um sistema que impõe limites e regulamentos
necessários para uma vida em comunidade. A cidade no decorrer da história apresentou várias
características e também foi submetida a mudanças contínuas, já que comporta um grande
valor moral que pesava, e que muda com o decorrer do tempo. Fazendo essa relação da Carta
de Atenas com o Plano Piloto, os problemas de ordem política, social e econômico também
existiram, e com muito vigor, por ser uma capital ecômica de um país em desenvolvimento.
No principio, no local em que Brasília foi construída apenas existia um grande planalto
descampado, e Lúcio Costa conseguiu ir bem além do papel, e trouxe outra realidade a esse
lugar, o que muitos não acreditavam. Costa acreditava na prosperidade da cidade, dando vida
a uma ‘utopia’. Ao colocar em praticar idéias complexas criadas anos atrás e usando a
sabedoria adquirida com os anos, conseguiu criar um sistema orgânico, que se encaixou no
dia-a-dia da vida privada e administrativa.
Por ter sido implantada em uma futura capital aonde as chances de desenvolvimento são
claros, o Plano Piloto de Lucio Costa, prosperou. Já que a cidade possuiria um sistema
administrativo estável que permitiria uma longa permanência, e não autorizaria uma
modificação muito frequente. Ou seja, o sistema econômico da região foi primordial para o
desenvolvimento e prosperidade de Brasília.
2.1 Habita çãçãçãção
Figura 1 – Croqui dos prédios da Superquadras, por Niemeyer. Fonte: CORBIOLI (2008)
Em questão de moradia/habitação, o Plano Piloto de Lúcio Costa seguiu ideologias elaboradas
pela Carta de Atenas.
O planejamento trazia as seguintes idéias: Uma quadra com 280mx280m aonde seria
distribuído equipamentos públicos e os blocos numerados com seis pavimentos + pilotis. Essas
quadras foram então chamadas de Superquadras.
As Superquadras de Lúcio Costa se assemelham as Unidades de Vizinhança construídas em
outros países seguindo os princípios de Clarence Perry, disseminado pela Carta de Atenas.
Idéias essas que podem ser rapidamente percebidas nas Superquadras, seja pelo grande
cinturão verde que a contorna, pelo desprendimento dos blocos do chão, limites das quadras,
sistemas internos de ruas e equipamentos públicos. Os blocos apresentavam configurações e
disposições diferentes, como mostrando na figura 2, trazendo uma maior diversificação entre
eles, mas as principais características já citadas se repetiam, como por exemplo, a faixa de
20m ao redor da quadra que não poderia receber construções alguma.
O conceito da Superquadra é de uma grande extensão residencial aberta ao público, que vem
para contrapor as idéias de condomínios com área privada, idéia inovadora e que se revelou
válida com o tempo. Podemos afirmar que as Superquadras foram um dos cenários urbanos
implantados por Lúcio Costa que foram mais bem-sucedidos. Elas foram determinantes para a
paisagem urbana, por trazerem maior harmonia com o espaço com seu abundante verde.
Figura 2 – Tipologias dos prédios da Superquadra. F onte: MAGALHÃES (2009)
Segundo a Carta de Atenas:
“O primeiro dever do urbanismo é pôr-se de acordo com as necessidades fundamentais
dos homens. A saúde de cada um depende, em grande parte, de sua submissão às
‘condições naturais’. O sol, que comanda todo crescimento, deveria penetrar no interior
de cada moradia, para espalhar seus raios, sem os quais a vida se estiola. O ar, cuja
qualidade é assegurada pela presença da vegetação deveria ser puro, livre de poeira
em suspensão e dos gases nocivos. O espaço, enfim, deveria ser distribuído com
liberdade” (CARTA DE ATENAS, 1933)
Há uma grande necessidade de planejamento na locação de uma unidade de habitação, já que
o ambiente que a circunda deve apresentar questões básicas para a saúde e bem estar,
citadas a cima, havendo o dever de que as áreas de habitação estejam nas melhores áreas
urbanas. E essas questões foram pensadas por Lúcio (e elaborada por Niemeyer e outros
arquitetos), como por exemplo, as aberturas generosas das fachadas, a utilização das curvas
de nível na implantação das construções, a elevação dos blocos pelos pilotis, e a altura dos
prédios, já que Lúcio desejava que eles possuíssem a mesma altura que das copas das
árvores, trazendo assim a salubridade - em uma região circundada pelas faixas rodoviárias -
tão pontual na Carta de Atenas e a presença de amplidão e mobilidade.
Figura 3 – Grande cinturão verde em volta da Superq uadra 207. Fonte: GOOGLE EARTH (2012)
A presença de diversos equipamentos públicos como as escolas, igreja e lojas perto das
habitações, nas suas entrequadras, mostra como Lúcio Costa teve uma grande influência das
ideologias da Carta de Atenas e Clarence Perry. Clarence dizia que locais de comércios
adequados deveriam ser implantados nas áreas de habitação, com a junção das ruas. E isso é
visto nas Superquadras, nas ligações das ruas internas com os pequenos comércios, que são
dispostos a cada duas quadras, como visto na figura 4 abaixo.
As quadras eram dispostas mostrando certo espaçamento entre um e outro bloco, cuidado
tomado por conta da preocupação com a saúde da população, com a entrada abundante do ar
pelas grandes aberturas presentes nas fachadas.
Os blocos de moradia apresentavam entre 2 e 3 apartamentos por andar, que dispunham de
amplos comodos para os moradores, que eram muitas vezes servidores dos ministérios e
bancos da capital brasileira, pessoas de classes sociais bastante distintas. Todas essas
ideologias foram mostradas na Carta de Atenas, aonde foi dito que as cidades antigas eram
cheias de construções comprimidas e privadas de espaço, e que classes sociais viviam
divididas. A amplidão foi priorizada tanto nos espaços internos, quanto nos externos, aonde o
térreo era livre e apresentava os grandes parques arborizados ao seu redor.
Figura 4 – Diagrama Superquadra com estudo de manch as. Fonte: CORBIOLI (2008)
Todas essas informações citadas mostram que as Superquadras se assemelham com as
Unidades de Vizinhança que inspiraram os pontos da Carta de Atenas. Lúcio Costa pensou em
uma cidade funcional, em que a habitação estivesse interligada as demais áreas, sem agredir o
bem estar dos moradores, ou seja, há uma separação das zonas, e a interligação dos outros
instrumentos públicos presentes dentro das próprias áreas habitacionais da Superquadras.
2.2 Lazer
Segundo a carta de Atenas:
“[...] as criações de espaços são, portanto uma necessidade e constituem uma questão
de saúde pública para a espécie”. (CARTA DE ATENAS, 1933)
Por conta dessa necessidade da população que surgem as áreas verdes, não apenas para o
embelezamento ao redor de casas e quadras, e nem para ser usada aos domingos e por um
grupo pequeno da população, mas sim por toda essa população, como uma forma de lazer.
E Lúcio Costa, empregou essa idéia com êxito no Plano Piloto, pois além de existir as
Superquadras verdes, as mesmas são destinadas para o lazer igualitário a toda a população,
com os diversos equipamentos públicos.
Figura 5 – Maquete do Plano Piloto de Brasília. Fon te: AREAL (2005)
Essas áreas verdes, agora trazem uma melhoria na qualidade de vida e na cidade, pois antes
esses espaços não existiam geralmente porque eram ocupados por construções, e quando
existiam estavam mal localizado e em áreas de periferia. Essas áreas trazem diminuição do
calor, pois Brasília está situada numa região seca e de baixa umidade, melhoria na saúde e do
ar provenientes das árvores, tranqüilidade e bem estar para população. As áreas verdes
trazem benefícios para cerca de 3000 habitantes, que moram em cada uma das Superquadras.
A quantidade de massa arbórea em volta das edificações dão um maior resguardo para os
moradores, não deixando expostos os prédios, já que as árvores apresentam grande porte,
dificultando a visão direta.
Essa primeira idéia de integrar área verde e o lazer veio do arquiteto Clarence Perry,
idealizador das Unidades de Vizinhança, onde ele mencionava que deveriam existir espaços
com sistemas de pequenos parques e espaços de recreação, onde serveriam para encontro e
para necessidade da população e é isso que Lúcio Costa propõe para as áreas verdes de
Brasília, onde foram empregados, parques, praças, espaço para esporte e cinema trazendo
novos hábitos a população.
Essas áreas verdes compreendem um espaço de 20m em volta de todas as quadras, aonde
não deveria apresentam nenhuma construção, locais aonde apresentavam grande quantidade
arbórea, refrescando o perímetro das edificações. Apresentam caminhos com traçado
orgânico, trazendo a simplicidade para a vida dos moradores, com caminhos variados que
ligam suas moradias, com os comércios e ruas em volta de suas quadras, conduzindo um
passear agradável e espaços generosos.
Figura 6 – Praça do Compromisso entre as Superquadr as 703 e 704 Sul, do Plano Piloto de Brasília. Fonte: ZUPPANI (2010)
Observa-se que Lúcio Costa buscou seguir a diretriz de que o bem estar do homem é o
principal fim para um projeto arquitetônico e urbanistico, trazido na Carta de Atenas. Em seu
projeto é apresentada uma grande quantidade de praças e equipamentos públicos, a fim de
trazer a população para um convívio que não ocorria nas cidades modernas, as cidades
suprimidas pela falta de planejamento.
2.3 Trabalho
A Carta de Atenas ressalta bem as questões do trabalho, falando de problemas que vemos
hoje em cidades que não tiveram um planejamento e cresceram de forma desorganizada, onde
os comércios estão muito afastados das áreas mais acessíveis aos habitantes.
Podemos ver isso mais na prática quando olhamos para o comércio de algumas cidades, talvez
à maioria delas, onde o comércio se aglomera em um só lugar ficando distantes da maioria dos
bairros residenciais, as indústrias é um local, por exemplo, que precisa de bastante mão-de-
obra e geralmente se localiza nos bairros sub-urbanos, ocasionando uma grande concentração
de carros que formam uma grande desordem no meio urbano, com os veículos e meios de
transporte diversos. Essa desordem pode durar diversas horas, chamados de hora de pico,
causando transtornos para os habitantes da região.
Figura 7 – Hora de pico em uma cidade sem planejame nto (SP). Fonte: ANTOINE (2011)
Os locais de trabalho necessitam estar o mais próximo possível das moradias, para que haja
uma dinâmica na vida dos moradores, porque quanto mais próximo for o trabalho menor o
trânsito, e menor a possibilidade de congestionamento. E para que isso aconteça devem ser
feitos planos, estudos e projetos para as cidades onde as indústrias, comércios e centros de
negócios venham a se localizar em pontos estratégicos, de preferência nas proximidades dos
bairros habitacionais com maior densidade, sendo separado uns dos outros por zonas verdes,
evitando o ruído e a poeira das indústrias e dos comércios para as residências, trazendo mais
salubridade, ponto forte na Carta de Atenas. Em Brasília, as Superquadras foram projetas para
estarem próximas dos trabalhos, que eram principalmente os Ministérios e Bancos da capital
brasileira. A maioria de seus moradores eram trabalhadores públicos.
Figura 8 – Presença de comércios perto das Superqua dras. Fonte: GOOGLE EARTH (2012)
No plano piloto de Lúcio Costa para Brasília, ele fez uso dos atributos citados na Carta de
Atenas, que os moradores precisam de trabalhos localizados próximos a suas casas em
comércios e pequenas lojas, quando implanta as Superquadras habitacionais e localiza as
áreas de comércio em um de seus lados, deixando os caminhos de acessos dos pedestres
pela faixa arborizada e a área do acesso dos veículos também servia para carga e descarga.
Este último acesso foi denominado para o tráfego de caminhões que se encontravam ao fundo
das quadras, com terrenos destinados à oficinas, garagens, depósitos, reservando uma parte
também para floriculturas, pomar e horta. Mercearias, empórios, casas de ferragens, postos de
gasolina e comércios acessíveis para a população estavam localizados na primeira parte da
faixa de acesso aos automóveis e ônibus.
O trabalho em Brasília segue algumas diretrizes da Carta de Atenas, como as proximidades da
casa e o trabalho, fazendo com que a vida dos moradores seja mais dinâmica. Em
contraposição, Lúcio Costa não utiliza um ponto mais comentado da Carta: A utilização de
prédios que serviriam tanto para moradia quanto serviço. Já que Lucio Costa prezava por uma
habitação tranquila, acima de tudo.
2.3 Circula çãçãçãção
Segundo a Carta de Atenas a circulação nas vias urbanas seguiam o traçado das muralhas,
privando o crescimento ocorrido em consequência do aumento da população. As ruas das
cidades antigas se tornaram cada vez mais estreitas, com pouco espaço para o escoamento
dos grandes fluxos presentes. Os mesmos espaços usados para a circulação de pessoas eram
usados para as novas máquinas, como carros e motos. É clara a afirmação de que as cidades
não acompanharam a evolução tecnológica.
Em contraponto a cidade moderna de Lucio Costa planejou um grande eixo monumental que
prezava essa separação. O Plano Piloto fazia uma divisão de áreas adequadas, de pedestres e
veículos, em ambientes distintos. Toda essa divisão foi feita utilizando o desenho topográfico
presente na região, aonde podemos perceber o símbolo principal do plano urbanístico de Lucio
Costa: a forma que muitos chamam de avião ou libélula. Essa forma apresenta uma cruz ou
triângulo, onde o eixo horizontal da cruz curva-se, esse arco resulta uma curvatura que compõe
o eixo rodoviáro-residencial. O arco é composto por redes de circulação de trafego e pelo
tecido das Superquadras.
Figura 9 – Topografia acidentada da região. Fonte: TAVARES (2010)
A circulação e os transportes são ordenados a partir da hierarquia das oito vias, dessas tais:
duas são principais que atravessem o país, que são vias largas reservadas aos transportes
mecânicos, onde não existem calçadas. Nas áreas metropolitanas, ruas comerciais e vias
alimentam as zonas habitacionais.
Brasília pode ser compreendida pela divisão da cidade em duas escalas: Residencial e
Monumental. O eixo residencial é a representação de um nível individual, aonde estão
dispostas as áreas de habitação, lazer e pequenos comércios, dando maior autonomia aos
moradores, os deixando afastados da grande movimentação da metrópole, mas não os
isolando. O eixo monumental é a representação da coletividade, aonde estão abrigados os
marcos e principais edifícios institucionais, que foram implantados perpendicularmente às
curvas de nível.
Figura 10 – As “tesouras” de Brasília. Fonte: GOOGL E EARTH (2012)
A Carta de Atenas prezava uma cidade sem cruzamentos, já que os mesmos acumulavam
grande quantidade de fluxo, atrapalhando o funcionamento da metrópole. A cidade ideal
deveria apresentar ruas distintas para cada tipo de uso, sejam elas ruas de residência, ruas de
passeio, ruas de trânsito, e vias principais, por conta disso jamais seus usos deveriam ser
misturados. Pedestres e maquinários não poderiam usar as mesmas vias, pois essa mistura
traria desconforto e insegurança.
Se baseando nas ideologias citadas, Lucio Costa também não se utilizou dos cruzamentos tão
criticados pela Carta de Atenas, barrando os maiores congestionamentos, com a utilização de
viadutos que permite o cruzamento de vias, sem a necessidade de semáforo. Além desta
preocupação, o Plano Piloto traz ruas largas, facilitando o movimento natural da cidade,
fazendo com que o fluxo desta cidade moderna seja mais livre. As ruas e avenidas brasilienses
são geralmente largas, bem conservadas, fazendo com que o tráfego flua com tranquilidade,
apesar de ser a terceira maior cidade brasileira em número de frota de veículos.
3 CONSIDERAÇÕÇÕÇÕÇÕES FINAIS
A cidade moderna segundo o CIAM deveria apresentar diversas ideologias como as moradias
trazendo amplas areas verdes para o bem estar dos moradores, circulações largas que
contrapunham as cidades antigas, com as ruas pequenas e estreitas, lazer para entretenimento
da população e boas condições de trabalho.
Brasília foi de grande relevância internacional no momento da sua inauguração, pois foi uma
das poucas cidades modernas a serem projetadas e construidas com êxito, se tornou ainda
mais surpreendente por ter sido construida em um país sub-desenvolvido como o Brasil.
No principio Brasília foi projetada para 600 mil habitantes, mas por ser uma capital aonde se
concentra diversas formas de trabalho, muitas pessoas migraram na expectativa de uma
melhoria da qualidade de vida, sendo hoje cerca de 2 562 963 habitantes, isso se reflete em
diversas áreas das cidades vizinhas, que surgiram por conta da grande população, causando
aumento na violência e densidades de vários setores.
Segundo Lucio Costa:
“Brasília merece respeito. É preciso acabar com esse jogo de “gosto-não-gosto”, e com
essa balda intelectual de fazer frases pejorativas. O que é preciso agora é compreendê-
la. Trata-se de uma cidade não concluída e, como tal, necessitada de muita coisa. O
que espanta não é o que lhe falta, mas o que já tem.” (CANEZ E CEGAWA, 2010).
REFERÊÊÊÊNCIAS
CORBIOLI, Nanci. Oscar Niemeyer. Superquadras, Brasília, 2008. Disponível em
<www.arcoweb.com.br/arquitetura/oscar-niemeyer-superquadras-brasilia-08-02-2008.html>.
Acessado em 07 de novembro de 2012.
MAGALHÃES, Carlos Henrique. Os blocos de Superquadra. Um tipo da modernidade, 2009.
Disponível em <www.mdc.arq.br/2009/06/02/os-blocos-de-superquadra-um-tipo-da-
modernidade>. Acessado em 07 de novembro de 2012.
Carta de Atenas , 1933. Disponível em <www.portal.iphan.gov.br/portal/baixaFcd
Anexo.do?id=233>. Acessado em 07 de novembro de 2012.
AREAL, Augusto. Brasília em Aquarela , 2005. Disponível em
<www.superbrasilia.com/aquarela/aq_todas.htm>. Acessado em 07 de novembro de 2012.
ZUPANNI, Palê. Fotos da praça do Compromisso , 2010. Disponível em <www.pulsarimagens.com.br/details.php?tombo=14PZ156&search=PA&ordem_foto=433&total_foto=1345>. Acessado em 07 de novembro de 2012.
LEMES, Clodoaldo de Oliveira. As 20 maiores cidades do Centro-Oeste brasileiro em 2012,
2012. Disponível em <www.redecol.com.br/2012/09/as-20-maiores-cidades-do-centro-
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CANEZ E CEGAWA, Anna Paula e Hugo. Brasília: utopia que Lúcio Costa inventou , 2010. Disponível em <www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/11.125/3629>. Acessado em 08 de novembro de 2012.
GOOGLE EARTH, Google Inc. Disponível em <www.maps.google.com>. Acessado em 08 de novembro de 2012.
TAVARES, Jeferson. O Concurso para o Plano Piloto de Brasília: Território e infraestrutura, 2010. Disponível em <www.anparq.org.br/dvd-enanparq/simposios/158/158-721-1-SP.pdf>. Acessado em 08 de novembro de 2012.
ANTOINE, Nelson. No Dia Mundial Sem Carros, SP terá faixasreversívei s para quem der carona . Disponível em < www.noticias.r7.com/sao-paulo/noticias/no-dia-mundial-sem-carros-sp-tera-faixas-reversiveis-para-quem-der-carona-20110921.html>. Acessado em 08 de novembro de 2012.