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UNIVERSIDADE BANDEIRANTE SÃO PAULO - UNIBAN JANE RIBEIRO BARRETO
ARTETERAPIA – UMA INTERVENÇÃO PARA QUALIDADE DE VIDA
E INCLUSÃO SOCIAL DE IDOSOS COM DESEQUILÍBRIO
CORPORAL
SÃO PAULO 2012
JANE RIBEIRO BARRETO MESTRADO PROFISSIONAL EM REABILITAÇÃO DO EQUILÍBRIO
CORPORAL E INCLUSÃO SOCIAL
ARTETERAPIA - UMA INTERVENÇÃO PARA QUALIDADE DE VIDA
E INCLUSÃO SOCIAL DE IDOSOS COM DESEQUILÍBRIO
CORPORAL
Dissertação de Mestrado Profissional apresentada à Banca Examinadora da Universidade Bandeirante de São Paulo - UNIBAN para obtenção do título de Mestre em Reabilitação do Equilíbrio Corporal e Inclusão Social.
Orientadora: Profa. Dra. Maria Rita Aprile
Coorientadora: Profa. Dra. Naira F. Dutra Lemos
SÃO PAULO 2012
B263A Barreto, Jane Ribeiro
Arteterapia: Uma intervenção para qualidade de vida e inclusão social de idosos com desequilíbrio corporal./ Jane Ribeiro Barreto. - São Paulo, 2012.
115f..il;30 cm. Dissertação (Mestrado - Área de concentração: Multidisciplinar) –
Universidade Bandeirante de São Paulo. Mestrado Profissional em Reabilitação do Equilíbrio Corporal e Inclusão Social.
Orientadora: Profa. Dra. Maria Rita Aprile. Coorientadora: Naíra de Fátima Dutra Lemos 1. Arte em terapia. 2. Saúde do Idoso. 3. Qualidade de Vida.
4. Inclusão social. 5. Vestibulopatias.I.Titulo.
CDD:613.704
JANE RIBEIRO BARRETO
ARTETERAPIA - UMA INTERVENÇÃO PARA QUALIDADE DE VIDA E INCLUSÃO SOCIAL DE IDOSOS COM DESEQUILÍBRIO
CORPORAL
Dissertação de Mestrado Profissional apresentada à Banca Examinadora da Universidade Bandeirante de São Paulo – UNIBAN para obtenção do título de Mestre em Reabilitação do Equilíbrio Corporal e Inclusão Social.
BANCA EXAMINADORA
.................................................................................................................................................... Profa. Dra. Maria Rita Aprile (Presidente) - UNIBAN
.................................................................................................................................................... Profa. Dra. Naira de Fátima Dutra Lemos (Coorientadora) - UNIBAN
.................................................................................................................................................... Profa. Dra. Patrícia Unger Raphael Bataglia - UNESP (Marília)
.................................................................................................................................................... Profa. Dra. Érica de Toledo Piza Peluso – UNIBAN
.................................................................................................................................................... Profa. Dra. Rosario Silvana Genta Lugli - UNIFESP – (Guarulhos) - Suplente
................................................................................................................................................... Profa. Dra. Fátima Cristina Alves Branco-Barreiro - UNIBAN - Suplente
DEDICATÓRIA
Dedico este momento de realização profissional, na conclusão de um trabalho que
me fez conhecer um universo completamente desconhecido, à minha querida avó materna,
Maria Rosa Montoni, com admiração por sua vitalidade, generosidade e alegria, incluindo
todas as pessoas que conhece em sua grande aventura que é viver com qualidade.
AGRADECIMENTOS
Agradecer é um privilégio e assim como aprendi, em tudo dou graças:
Sou grata as professoras e orientadoras, Dra. Maria Rita Aprile e Dra. Naira de Fátima Dutra Lemos, por toda orientação e ensinamentos que me transmitiram, nesse longo processo de estudos e aprendizado.
Aos idosos que fizeram parte das Oficinas e muito me honraram com a oportunidade de conhecê-los, contribuindo com suas experiências e sabedoria de vida.
A todos os professores do Programa de Mestrado Profissional, pela convivência, parceria e competência em cada aula e etapa do curso, aprendi muito com vocês.
À amiga Daniella Rovigatti pela amizade, pelo ombro que me apoiou e ouvido que ouviu, nos momentos que compartilhamos juntas, com certeza foi uma das maiores riquezas que conquistei no curso. Ao amigo Alexandre Vieira pela ajuda, indicações, palavras sábias de animo e incentivo, sendo exemplo de coragem e persistência.
Para todos os colegas que conheci no curso, e compartilharam comigo as alegrias e angústias, tornando-se parceiros nessa jornada. Muito Obrigada!!!
À Professora Iraci Saviani, sábia mestra e amiga, pela supervisão e todos os ensinamentos de Arteterapia e vida.
À Juliana Gamito, Juliana Souza, Bruna Mariana, Cristina Camargo, Carlos Toledo e Mario, por toda ajuda e prontidão que demonstraram durante a prática das Oficinas e revisão do trabalho.
Ao Roberto da Jr editoração, pela competência e profissionalismo.
Aos familiares: Pais, irmãos, cunhados, primos, tios, amigos e todos que contribuíram de alguma forma, com orações, participação direta ou indireta, sugestões de artigos, empréstimo de materiais, companhia, compreensão, carinho, palavras sábias, apoio, incentivo, paciência, força, torcida, ombro amigo... nessa caminhada de quase dois anos. Sinto-me privilegiada em poder compartilhar este momento com cada um, saibam que são especiais e fizeram a diferença em minha vida nesse processo.
Ao meu marido Vlamir por um dia ter dito: ... “ engate a marcha e siga em frente’’ me incentivando a dar esse grande passo na vida profissional e pessoal. Obrigada pela compreensão, pelas horas em que abriu mão de minha companhia, apoiando sempre em minhas necessidades, demonstrando todo amor...
À minha benção, jóia rara, filhote amado, Theo, por todas as horas que roubei ao teu convívio, deixando de lado momentos preciosos de sua vida e você brincou feliz esperando por mim.
Por fim, mas acima de tudo, ao Pai Celestial, na pessoa de Jesus, que me concedeu sabedoria do Alto para eu ter tudo que tenho e ser tudo que sou, abençoando além do que mereço e necessito, possibilitando que de alguma forma eu pudesse sinalizar sua existência.
Muito obrigada!!!
BARRETO, J. R. Arteterapia - Uma intervenção para qualidade de vida e inclusão social de idosos com desequilíbrio corporal. 2012. 115 p. Dissertação de Mestrado. Programa de Mestrado Profissional em Reabilitação do Equilíbrio Corporal e Inclusão Social. Universidade Bandeirante de São Paulo. UNIBAN, São Paulo, 2012.
RESUMO
Esta pesquisa, teve o objetivo de verificar a contribuição da arteterapia como recurso na
promoção de melhoria da qualidade de vida e inclusão social de idosos com distúrbios de
equilíbrio corporal de origem vestibular. Para a sua realização, foi utilizado o método de
estudo de caso, segundo a abordagem qualitativa, com momentos de intervenção. O
levantamento das informações foi feito por meio da técnica de entrevista, utilizando um
roteiro semi estruturado e, ainda, observação participante de 6 (seis) Oficinas Temáticas. A
amostra foi constituída de 11 pacientes, atendidos e tratados no Laboratório de Estudos e
Pesquisas do Programa de Mestrado Profissional em “Reabilitação do Equilíbrio Corporal e
Inclusão Social’’ da UNIBAN, que concordaram em participar da pesquisa por meio de
assinatura de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido”. Nas Oficinas, foram utilizadas
diferentes linguagens artísticas e as falas dos participantes foram anotadas e gravadas,
acrescidas de registro fotográfico das atividades, para o qual todos assinaram o Termo de
Autorização de Uso de Imagem. As análises dos relatos dos participantes indicaram que a
arteterapia pode ser considerada como intervenção e recurso complementar à busca de
qualidade de vida e inclusão social de pacientes acometidos de desequilíbrio corporal com
tontura de origem vestibular. A possibilidade efetiva de idosos vestibulopatas terem
convivido com seus pares, a sensibilização demonstrada na convivência e no
compartilhamento de experiências e emoções desencadeadas e atreladas às praticas nas
produções artísticas, os levaram a expressar e entrar em contato com conteúdos internos,
até então desconhecidos ou, quando não, dificilmente expressados verbalmente. Ao mesmo
tempo, as atividades arteterapêuticas reforçaram o propósito desses pacientes continuarem
a investir no tratamento de reabiltação vestibular, confirmando as múltiplas possibilidades de
utilização da arteterapia. Os resultados obtidos confirmaram a relevância da arteterapia
como intervenção na melhoria da qualidade de vida e inclusão social - expressas nos
seguintes aspectos: elevação da autoestima, motivação para a aprendizagem,
desenvolvimento da interação social; aquisição de informações sobre a doença, alegria e
bom humor - em um grupo de idosos com vestibulopatias.
Palavras-chave: Arte em terapia. Saúde do idoso. Qualidade de vida. Inclusão social.
Vestibulopatias.
BARRETO, J. R. Art Therapy −−−− An intervention for quality of life and social inclusion of elderly people who experience loss of body balance. 2012. 115 p. Dissertation. Master's Degree Program on Rehabilitation of Body Balance and Social Inclusion. Universidade Bandeirante de São Paulo. UNIBAN, São Paulo, 2012.
ABSTRACT
This research, entitled “Art Therapy – An intervention for quality of life and social inclusion of
elderly people who experience loss of body balance”, aimed at verifying the intervention of
art therapy so as to promote improvement on quality of life and social inclusion of elderly
people who experience loss of body balance. In order to carry it out, the researcher used the
case study method, according to the qualitative approach, with moments of intervention.
Initially, a literature review related to the central theme was conducted. Later, information
was collected via interviews, using a semi-structured script and also participant observation
of 6 (six) Thematic Workshops. The sample consisted of 11 patients, seen and treated in the
Laboratory of Studies and Research of the Master's Degree Program on “Rehabilitation of
Body Balance and Social Inclusion” implemented by Universidade Bandeirante de São Paulo
(UNIBAN - Brasil). Such subjects agreed to participate in the study by signing the Free, Prior
and Informed Consent. In the Workshops, besides the photographic record of the activities −
for which all participants signed the Authorization for Use of Image −, both different artistic
languages and the subjects’ speeches were noted as well as recorded. The participants'
speech analyses indicated that art therapy can be considered a complementary resource in
the search for quality of life and social inclusion of elderly people who experience loss of
body balance accompanied by dizziness. The effective possibility of elderly people who
suffer from vestibular disorders having lived together with their peers, the awareness shown
in living together and sharing experiences as well as the emotions unleashed and harnessed
to practice in artistic productions, led them to express and get in touch with internal contents
which had been unknown or hardly expressed verbally up to that moment. At the same time,
art therapy activities reinforced the purpose of those patients to continue investing in the
vestibular rehabilitation therapy, thus confirming the multiple possibilities of using art therapy.
The results confirmed the relevance of art therapy as an intervention to improve the quality of
life and social inclusion − expressed in the following aspects: raising self-esteem, motivation
for learning, development of social interaction, acquisition of information about the disease,
happiness and good humor − in a group of elderly people who suffer from loss of body
balance.
Keywords: Art therapy. Elderly people’s Health. Quality of life. Social inclusion. Vestibular
disorders.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Fotografia 1 – Participantes: manipulação de materiais diversos............................... 39
Fotografia 2 – Técnicas de recorte e colagem: produções individuais........................ 41
Fotografia 3 – Preparação para produção individual: troca de ideias......................... 41
Fotografia 4 – Exposição dos crachás......................................................................... 43
Fotografia 5 – Produção de autoretrato: desenho:...................................................... 44
Fotografia 6 – Folder de divulgação das Oficinas de Arteterapia................................ 44
Fotografia 7 – Realização de atividades: momentos de descontração e concentração........................................................................................ 46
Fotografia 8 – Produção individual: diferentes tentativas............................................ 47
Fotografia 9 – Momento de relatos de produções individuais..................................... 47
Fotografia 10 – Relatos de sentimentos, dores e desconfortos durante pintura........... 49
Fotografia 11 – Registros e relatos sobre o tema saúde............................................... 50
Fotografia 12 – Produções individuais: saúde pessoal e expectativas de tratamento e cura................................................................................. 51
Fotografia 13 – Produção de autoretratos..................................................................... 52
Fotografia 14 – Exposição de autoretratos.................................................................... 52
Fotografia 15 – Exposição de autoretratos ................................................................... 53
Fotografia 16 – Produção com massa de modelagem.................................................. 55
Fotografia 17 – Produção individual: indicação de dor, tontura e zumbido................... 56
Fotografia 18 – Produção individual: indicação de desequilíbrio corporal.................... 56
Fotografia 19 – Modelagem: representação simbólica de novo ser ............................. 59
Fotografia 20 – Participante recitando poema de sua autoria....................................... 59
Fotografia 21 – Atividade lúdica: exercício com balões para teste de equilíbrio........... 61
Fotografia 22 – Dramatização: boneco Barbareco e idosos.......................................... 62
Fotografia 23 – Atividade lúdica: participação de palhaço e participantes.................... 62
Fotografia 24 – Criação de personagens em bonecos.................................................. 63
Fotografia 25 – Exercícios de experimentação musical, aquecimento corporal e respiração........................................................................................... 64
Fotografia 26 – Exercícios de vocalizes e de interpretação musical........................... 66
Fotografia 27 – Apresentação musical: maestro e idosos.......................................... 67
Fotografia 28 – Produção escrita: “os sons do silêncio”............................................. 68
Fotografia 29 – Painel indicativo de diferentes momentos das Oficinas..................... 68
Fotografia 30 – Produção e troca de idéias sobre emoções e sentimentos individuais........................................................................................... 69
Fotografia 31 – Troca de idéias sobre início e término das Oficinas.......................... 69
Fotografia 32 – Momento de criação e produção coletiva.......................................... 70
Fotografia 33 – Última Oficina: produção coletiva....................................................... 72
Fotografia 34 – Última Oficina - Registro do "estado" individual em produção coletiva............................................................................................... 73
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Caracterização dos participantes quanto ao gênero, idade, estado civil, escolaridade, renda, moradia e situação previdenciária................ 34
Quadro 2 – Cronograma e temas das "Oficinas Criativa-Idade"............................... 38
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 14
1.1 JUSTIFICATIVA.............................................................................................. 15
1.2 OBJETIVO....................................................................................................... 17
1.2.1 Objetivo geral ............................................................................................... 17
1.2.2 Objetivos específicos.................................................................................... 17
2 REVISÃO DE LITERATURA.............................................................................. 18
2.1 TRAJETÓRIA HISTÓRICA DA ARTETERAPIA.............................................. 18
2.2 ARTETERAPIA NO BRASIL............................................................................ 21
2.3 ARTETERAPIA E CRIATIVIDADE.................................................................. 24
2.4 VESTIBULOPATIAS........................................................................................ 25
2.5 QUALIDADE DE VIDA.................................................................................... 26
2.6 INCLUSÃO SOCIAL.........................................................................................27
3 MÉTODO............................................................................................................ 28
3.1 TIPO DE ESTUDO: ESTUDO DE CASO E ABORDAGEM QUALITATIVA.... 28
3.2 ESTUDO DE CASO COM INTERVENÇÃO.................................................... 29
3.3 TÉCNICAS DE PESQUISA............................................................................. 29
3.3.1 Procedimentos de pesquisa.......................................................................... 30
3.3.1.1 Procedimentos gerais................................................................................ 30
3.3.1.2 Procedimentos para realização das oficinas............................................. 31
3.3.1.3 Procedimentos éticos................................................................................ 32
3.4 AMOSTRA....................................................................................................... 32
4 RESULTADOS................................................................................................... 34
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA............................................................... 34
4.2 ENTREVISTA INICIAL..................................................................................... 35
4.2.1 Conhecimentos sobre arte e arteterapia...................................................... 35
4.2.2 Expectativas dos idosos em relação à participação nas oficinas................. 36
4.2.3 Experiências anteriores com atividades artísticas........................................ 36
4.2.4 Participação em atividades sociais e culturais.............................................. 37
4.2.5 Tratamento das vestibulopatias.................................................................... 37
4.3 OFICINAS DE ARTETERAPIA........................................................................ 38
4.3.1 Oficina 1........................................................................................................ 39
4.3.2 Oficina 2....................................................................................................... 43
4.3.3 Oficina 3........................................................................................................ 53
4.3.4 Oficina 4........................................................................................................ 60
4.3.5 Oficina 5........................................................................................................ 64
4.3.6 Oficina 6........................................................................................................ 68
4.4 CONSIDERAÇÕES SOBRE AS OFICINAS................................................... 74
4.5. ENTREVISTA FINAL...................................................................................... 74
5 DISCUSSÃO...................................................................................................... 75
5.1 AUTOESTIMA................................................................................................. 76
5.2 RELAÇÃO COM A SAÚDE............................................................................. 78
5.3 RELAÇÃO ENTRE O LÚDICO E A SAÚDE.................................................... 80
5.4 APRENDIZAGEM............................................................................................ 83
5.5 INTERAÇÃO E INCLUSÃO SOCIAL............................................................... 86
5.6 QUALIDADE DE VIDA..................................................................................... 88
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................... 90
REFERÊNCIAS..................................................................................................... 92
BIBLIOGRAFIA..................................................................................................... 97
APÊNDICES..........................................................................................................100
ANEXOS................................................................................................................112
14
1 INTRODUÇÃO
A palavra “arteterapia” vem sendo amplamente utilizada, tanto nos meios
acadêmicos, quanto nos meios de comunicação e, na sociedade, em geral. Contudo,
nem sempre, a sua utilização assume o mesmo significado.
Segundo a American Art Therapy Association (AATA,1996), instituição
fundada em 1969 com a finalidade de nortear e regulamentar a atividade, a
arteterapia constitui uma proposta de prática terapêutica que utiliza diversos
recursos expressivos, presentes nas linguagens da arte, facilitando aos participantes
um contato com seu universo simbólico e imaginário, possibilitando-lhes, em
decorrência, novas descobertas e o autoconhecimento (BARRETO,CUNHA, 2009).
Na perspectiva da AATA, a utilização de recursos da arte em geral (música,
desenho, pintura, escultura etc.) permite que a arteterapia propicie experiências
concretas ao indivíduo para elaborar e expressar o seu “acervo” interno de emoções,
mesmo que essa expressão não ocorra verbalmente. Nesse sentido, a arteterapia
oferece ao indivíduo a:
[...] oportunidade de exploração de problemas e de potencialidades pessoais por meio da expressão verbal e não verbal e do desenvolvimento dos recursos físicos, cognitivos e emocionais, bem como a aprendizagem de habilidades, por meio de experiências terapêuticas com linguagens artísticas variadas. Ainda que as formas visuais de expressão tenham sido básicas nas sociedades desde que existe história registrada, a Arteterapia por meio de expressões artísticas reconhece tanto os processos artísticos como as formas, os conteúdos e as associações, como reflexos de desenvolvimento, habilidades, personalidade, interesses e preocupações do paciente. O uso da arte como terapia implica que o processo criativo pode ser um meio tanto de reconciliar conflitos emocionais, como de facilitar a autopercepção e o desenvolvimento pessoal (AATA, 1996).
A arteterapia vem sendo utilizada em diferentes áreas de conhecimento, entre
elas, a Psicologia e a Medicina, especialmente no campo da Psiquiatria. Segundo
estudos de Ciornai (2004), experiências positivas referentes à utilização da
arteterapia em saúde, nas últimas décadas, são registradas em tratamentos de
portadores de HIV, câncer, pacientes com disfunções neurológicas e ainda na
reabilitação de deficientes físicos e de distúrbios da fala, entre outros.
Além da prevenção e do tratamento de doenças, as atividades desenvolvidas
em arteterapia constituem recursos que possibilitam ao sujeito participante: a
15
percepção de emoções, o resgate da autoestima, o crescimento, a socialização e o
amadurecimento de forma harmônica e profunda (BARRETO; CUNHA, 2009).
A utilização da arteterapia tem possibilitado diferentes formas de acesso à
saúde física e mental, ao bem estar, à reintegração e inclusão social, bem como a
maior qualidade de vida dos pacientes. A utilização de diferentes recursos
expressivos faz do “produto artístico” um símbolo carregado de sentimentos, bem
como a concretização de pensamentos e imagens internas que podem se tornar
conhecidas por meio de sua expressão ( BARRETO,LEMOS, APRILE, 2011).
1.1 JUSTIFICATIVA
No caso específico de idosos com sintomas de tontura de origem no sistema
vestibular, a literatura acadêmica disponível não registra a realização de
experiências com arteterapia como recurso para melhoria da qualidade de vida dos
idosos vestibulopatas.
Estudo de Takano e colaboradores (2010), avaliando os impactos das
vestibulopatias na qualidade de vida de idosos indica que a tontura interfere de
diversas maneiras na qualidade de vida do idoso vestibulopata por limitar
movimentos específicos da cabeça e do corpo, comprometendo suas atividades
individuais e sociais, que podem ser profissionais, domésticas ou de lazer. O idoso
vestibulopata pode perder sua autonomia, tornando-se dependente de cuidados de
outros, manifestar medo, ansiedade e isolamento e, por vezes, depressão.
Pesquisas realizadas por Ludwig (2011) indicaram que quanto mais frequente a
tontura, menor a qualidade de vida. Essas pesquisas registraram a presença de
sintomas depressivos relevantes em idosos com queixas de tontura, alertando para
os prejuízos e a necessidade de um trabalho multidisciplinar na terapêutica desses
pacientes.
Ao se considerar que - independente de seu histórico de vida, de sua situação
econômica, credo, raça e cor - os idosos vestibulopatas são seres humanos
singulares e, portanto, dotados de anseios, necessidades, sonhos, dores, queixas e
experiências de vida diferenciadas, a arteterapia pode se constituir em uma
possibilidade desses pacientes entrarem em contato com inúmeras técnicas corporais,
linguagens plásticas e artísticas que, ao descobri-las e experimentá-las poderão
identificar formas criativas de conviver com a sua condição biopsíquica e social.
16
Nessa perspectiva, a hipótese é que a arteterapia pode ser um caminho possível e
prazeroso na busca de saúde integral e qualidade de vida.
Assim, as atividades desenvolvidas em oficinas de arteterapia poderão se
constituir em oportunidades dos idosos vestibulopatas se encontrarem com seus
pares e, ao mesmo tempo, de expressarem e compartilharem o seu “acervo interno”
o qual, muitas vezes, se manifesta somente pela linguagem verbal. Ao vivenciar
novas formas de ser e de estar diante de situações referentes ao universo do
desequilíbrio corporal com que se deparam no cotidiano, poderão ampliar seu
autoconhecimento e as possibilidades de lidar com limitações impostas por sua
condição de paciente.
Além disso, o fato de participarem de um grupo com um "quadro" semelhante
de saúde, é bem provável que - pelo contato com inúmeras possibilidades do
emprego de técnicas corporais e de linguagem plástica - os idosos vestibulopatas
possam assumir e/ou reforçar atitudes proativas em relação à busca de um novo
padrão de saúde; identificar formas criativas de integração; elevar a autoestima;
ampliar suas relações interpessoais e, dessa forma, se sentirem motivados para a
busca da melhoria de seu bem estar e de sua qualidade de vida.
Dessa forma, se justifica a realização desta pesquisa, que teve o foco na
arteterapia como intervenção com possibilidade de atuar na melhoria da qualidade
de vida e promoção da inclusão social de idosos vestibulopatas. Além de colaborar
para suprir as lacunas em relação à inexistência de uma bibliografia específica, a
investigação da temática poderá esclarecer e/ou oferecer subsídios teóricos e
práticos sobre a contribuição da arte para o desenvolvimento de maior qualidade de
vida do indivíduo portador de desequilíbrio corporal de origem vestibular,
melhorando sua capacidade de lidar e/ ou minimizar determinados comportamentos
sociais a que são acometidos e que concorrem para o seu isolamento, baixa
autoestima, ausência de autocuidados, depressão, entre outros.
17
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo
• Verificar a contribuição da arteterapia como um recurso para a melhoria
da qualidade de vida e promoção da inclusão social de idosos com
distúrbios de equilíbrio corporal de origem vestibular.
1.2.2 Objetivos específicos
• Identificar os conhecimentos prévios e experiências anteriores dos
participantes sobre arte em geral.
• Conhecer as percepções dos idosos sobre atividades por eles realizadas
com emprego de diferentes linguagens artísticas.
• Registrar os resultados alcançados com a intervenção realizada nas
oficinas arteterapêuticas.
18
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 TRAJETÓRIA HISTÓRICA DA ARTETERAPIA
Carvalho e colaboradores (2004) contam que as primeiras pesquisas sobre a
relação entre saúde e arte ocorreram na área da Psiquiatria, quando o Dr. Max
Simon publicou, em 1876, resultados de pesquisas sobre expressões artísticas de
pacientes com distúrbios mentais e classificou as doenças, segundo as produções
desses pacientes.
Posteriormente, em 1888, o advogado criminalista Lombroso analisou
desenhos de doentes mentais para classificar traços psicopatológicos de pacientes
com distúrbios psicóticos. Outros autores europeus, como Morselli, em 1894, Júlio
Dantas, em 1900, e Fursac, em 1906, também realizaram pesquisas sobre
produções artísticas de doentes psiquiátricos. Ao final do século XIX e início do
século XX, Ferri, discípulo de Lombroso, e mais Charcot e Richet se dedicaram ao
estudo da arte produzida por pacientes com doenças mentais.
Em 1906, Mohr analisou e comparou trabalhos produzidos por: pessoas
consideradas “normais”, pacientes portadores de doenças psiquiátricas e artistas. A
partir de suas observações, Mohr percebeu a manifestação do histórico de vida, das
angústias e dos conflitos pessoais nos trabalhos apresentados. O autor sugeriu a
aplicação de desenhos como testes para estudar diferentes aspectos da
personalidade humana, o que foi aceito por outros autores. Testes psicológicos,
como Murray - TAT, Szondi e Rorschach seguem as ideias de Mohr. Tempos mais
tarde, os pressupostos de Mohr influenciaram os testes motores e de inteligência,
como Binet-Simon, Bender e Goodenough.
Em 1910, Phinzhon realiza e publica estudo comparativo entre desenhos de
doentes mentais e de representantes de diversas escolas de arte: impressionista,
expressionista, surrealista e primitivista. Posteriormente, o autor inclui em seus
estudos investigações sobre as manifestações das doenças e sintomas sob as
expressões artísticas de indivíduos considerados “normais”. Este trabalho,
considerado o mais completo sobre o tema, foi publicado, em 1922 .
No início do século XX, Freud se dedica ao estudo de alguns artistas e de
suas respectivas obras. Analisando-as sob a ótica da teoria psicanalítica, por ele
recém-criada, acreditava ser possível realizar uma análise profunda das
manifestações do inconsciente dos artistas nessas obras.(CARVALHO, et al. 2004).
19
Segundo as autoras, o inconsciente se revela através de imagens, ou seja,
por meio de uma comunicação simbólica em que as imagens “fogem” do controle
do superego (censura da mente), revelando-se com maior fluência e naturalidade
do que as palavras e transmitindo objetivamente seus significados. Freud
considerava a criação artística um processo de sublimação de desejos sexuais,
isto é, os impulsos instintivos não satisfeitos seriam impelidos por meio de uma
repressão, que impediria o seu aflorar natural por parte do indivíduo (BARRETO;
CUNHA, 2009).
Embora se considerasse leigo em arte e limitado no entendimento da música,
Freud nomeava-se admirador, em especial, das esculturas. Impressionado por
alguns trabalhos artísticos, o autor psicanalista é motivado a pesquisar a
subjetividade dos autores, quanto de seus apreciadores com o propósito de
entender a emoção provocada pelas obras de arte entre ambos.
Se pela ótica psicanalítica, a arte é considerada uma forma de satisfação
substitutiva, o artista teria a capacidade de recriação e de superação do objeto
perdido. E, nesse caso, o apreciador da obra de um artista, enquanto parte de um
público, seria atingido por uma comunicação no plano da emoção.
Assim, mesmo nunca tendo usado a arte no processo terapêutico, os
fundamentos do que posteriormente recebeu o nome de “arteterapia” já estavam
definidos por Freud. A linguagem dos sonhos e sua percepção como linguagem
simbólica, catártica e livre de censura do consciente - contribuiu e possibilitou o
desenvolvimento da arteterapia (CARVALHO et al., 2004).
Em meados da década de 1920, Jung utilizou a linguagem expressiva ou
artística em tratamentos psicoterápicos. Acreditava o autor que a criatividade era
uma função psíquica natural e que não contribuía para sublimação de instintos
sexuais, conforme afirmava Freud.
Nas sessões de análises, que realizava com os pacientes, Jung lhes
propunha a realização de desenhos livres e espontâneos de imagens e de sonhos
sobre seus sentimentos e conflitos. As imagens desenhadas pelos pacientes eram
interpretadas por Jung como uma representação simbólica do inconsciente individual
e subjetivo de cada um.
Ao analisar as linguagens verbal e artística, o autor concluiu que uma
complementava a outra, isto é, as linguagens da expressividade artística
complementavam a verbalização e possibilitavam ao paciente a reorganização de
20
seus sentimentos mais profundos e de seu caos interior. Para o autor, as
expressões humanas são formas de os indivíduos organizarem as informações em
seu eu, obtidas pela autopercepção. A atividade plástica - acompanhada pela
interpretação e compreensão do trabalho emocional - facilitava o desenvolvimento
da personalidade de forma completa, apontando a existência de forças do
inconsciente para a estruturação de componentes da personalidade e propiciando
uma função curadora aos pacientes (BARRETO; CUNHA, 2009).
Vale destacar que entre as décadas de 1920 e 1930, a arte passou a ser cada
vez mais utilizada como recurso no processo psicoterapêutico, predominando as
teorias de Freud ou Jung e se diversificando em relação às linguagens e técnicas.
Nos anos de 1940, Margareth Naumburg sistematiza a arteterapia como
processo terapêutico independente de outras áreas. A autora considerava que esse
processo era acompanhado, analisado e interpretado pelo terapeuta.
No decorrer dos tempos, a arteterapia avançou, não se limitando às
pesquisas psiquiátricas. As linhas humanistas, sistêmicas e construtivistas, as
teorias da Psicologia, entre elas, o Psicodrama, de Moreno e, a Gestalt, de Perls,
tem direcionado e embasado teoricamente a arteterapia, utilizando diversos recursos
artísticos.
Destacam ainda que a arteterapia tem um enfoque na abordagem gestáltica,
dado por Janie Rhyne, em 1973. Devido ao contato com Fritz Perls, criador da
terapia gestalt, Rhyne estabeleceu uma conexão entre sua prática, baseada na
Psicologia e os pressupostos básicos da gestalt - terapia, quais sejam: viver e estar
consciente do presente; estar plenamente atento ao fazer; saber o que se pode fazer
e poder fazê-lo; confiar nos dados da própria percepção e os conteúdos do sonhar,
sentir, pensar, atuar, expressar e fantasiar.
Rhyne (2000) utiliza o conceito geral da psicologia gestalt, que inclui as
interrelações entre o objeto (sua forma) e a percepção do observador, o chamado
insight, isto é, o processo repentino em que ocorre a percepção da figura e do fundo
pelo observador ou percebedor ativo. No insight, o indivíduo não se constitui em um
mero receptor passivo das características da forma do objeto na medida em que
estabelece relações com o objeto observado.
A autora considera que a arteterapia gestáltica lida justamente com os
aspectos que estão implícitos e obscuros no indivíduo, utilizando materiais e
linguagens da arte para possibilitar redescobertas e invocar possibilidades de
21
desenvolvimento das potencialidades de cada indivíduo, que passa a se conhecer,
tendo seus insigths, reconhecendo seu passado e o trazendo ao presente para
integrar ambos e projetar o futuro. Rhyne (2000) enfatiza o aumento da percepção
como um traço positivo no desenvolvimento das potencialidades humanas e da
autonomia na vida.
Na sociedade contemporânea, a arteterapia tem sido aplicada de forma
individual e coletiva não somente como método terapêutico eficaz em instituições de
saúde, consultórios e clínicas, mas também no atendimento às famílias, casais,
crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos, tanto em terapias consideradas
breves, quanto ou de longa duração.
Em face do exposto, pode-se verificar que ao tratar da arteterapia, cada autor
focaliza um aspecto que considera central. Para efeito desta pesquisa, foi utilizada, a
definição de Barreto e Cunha (2009), que consideram a arteterapia:
[...] uma prática terapêutica que se utiliza de diferentes recursos expressivos, presentes nas diversas linguagens da arte, facilitando aos participantes, um contato com seu próprio universo imaginário e simbólico, possibilitando, dessa forma, novas descobertas e o auto conhecimento (BARRETO, CUNHA, 2009: p. 23).
Sob a perspectiva das autoras, a utilização de diferentes recursos expressivos
facilita o contato do paciente com conteúdos inconscientes, propiciando-lhes
vivenciar novas descobertas e promover o seu autoconhecimento.
2.2 ARTETERAPIA NO BRASIL
Vários autores utilizaram a arte aliada à terapia, no Brasil. Entre eles, se
destacam: Osório César, da abordagem freudiana, e Nise da Silveira, seguidora da
escola junguiana (CARVALHO et al., 2004).
Osório César era estudante de Medicina, interno do Hospital Juqueri,
localizado no município de Franco da Rocha, estado de São Paulo, onde se dedicou
aos estudos sobre alienação e arte. Lá, criou a Escola Livre de Artes Plásticas, e
publicou seu primeiro trabalho: “A Arte primitiva nos alienados”, em 1925. Logo,
após, publicou “Contribuições para o estudo místico dos alienados” e mais dois
casos de grafia com estereótipos gráficos de simbolismo (1927). Seu trabalho mais
importante - “A expressão artística dos alienados” - foi publicado em 1929.
22
Em 1948, Osório César organizou uma primeira exposição de trabalhos
artísticos, no Museu de Arte, do próprio Hospital. No ano seguinte, foi premiado pelo
trabalho “Misticismo e Loucura”. E, em 1950, participou do Congresso Internacional
de Psiquiatria, em Paris, apresentando obras de seus pacientes, que também
incluíam o seu reconhecimento e contribuição ao estudo da arte. Osório César se
tornou, no Brasil, o precursor da análise da expressão psicopatológica dos pacientes
com doenças mentais, sendo referenciado na obra L'art psycopatologique, de Robert
Volmat, em 1956.
A psiquiatra Nise da Silveira realizou um trabalho inovador em arteterapia, no
Brasil, em 1946. Adepta da teoria junguiana, a médica pesquisou formas de
compreensão do universo mental dos pacientes e criou oficinas nas sessões de
terapia do Hospital Psiquiátrico “Dom Pedro II”, no Rio de Janeiro. Fundou o "Museu
de Imagens do Inconsciente", de reconhecimento internacional, único acervo do
gênero no Brasil.
Sua proposta consistia na realização de trabalhos com desenho, pintura em
argila, dança, música e dramatizações para dar forma plástica e expressiva às
emoções contidas no psiquismo, buscando identificar os problemas entre o
psiquismo e a moral social introjetada pelos indivíduos, e estabelecendo analogia
entre as obras desses "pacientes – artistas" e a mitologia, à luz da teoria junguiana.
Em 1981, a psiquiatra publicou a obra “Imagens do Inconsciente” em que
descreve seu trabalho em Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro, realizando ainda
um filme documentário em que explica a teoria, o método e a didática que
embasavam o atendimento dos pacientes, destacando a ética, o respeito e o
cuidado com o ser humano e sua inserção nos aspectos social, cultural e econômico
(CARVALHO et al., 2004).
Sobre o emprego da arteterapia em tratamento de pacientes, estudo de
Vasconcellos (2004) aborda a introdução da arte como recurso terapêutico
aplicado no contexto hospitalar, focalizando a utilização de técnicas artísticas
especialmente no processo psicoterapêutico. Analisando a evolução psicodinâmica
de dois pacientes adultos jovens com diagnóstico de tumor ósseo (Sarcoma de
Ewing e Osteossarcoma), o pesquisador descreve o processo arteterapêutico de
cada um deles, realizado no Ambulatório e na Enfermaria de Oncologia Clínica do
Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). A
arteterapia propiciou a aproximação gradual dos pacientes com conteúdos
23
conflitivos ou “não tolerados” pela consciência, entre eles, a situação de perda,
abandono, limitação e morte. A pesquisa concluiu que - por meio da arteterapia -
os pacientes trouxeram à tona elementos ligados à doença e à morte, concorrendo
para saúde emocional e mental.
Valladares (2010) traz a contribuição de pesquisa realizada com crianças de 7
a 10 anos, internadas com moléstias infecciosas, avaliando-as antes e após a
intervenção da arteterapia. Partindo do pressuposto que a hospitalização provoca
efeitos negativos sobre o desenvolvimento de crianças internadas, impedindo-as de
permanecer em sua rotina diária ou de frequentar ambientes estimuladores, os
resultados demonstrados em produções gráficas apontaram que a arteterapia foi
eficaz em promover a maior qualidade de vida de crianças, mesmo hospitalizadas.
Nesse sentido, os hospitais podem ser ambientes estimulantes para a criança se às
suas práticas e cuidados forem articulados aos recursos artísticos que poderão
colaborar para a superação da doença.
A pesquisa de Simões (2008),revelou a intervenção da arteterapia no cuidado
de mulheres em tratamento do câncer de mama, durante o diagnóstico e o
tratamento pelo Núcleo de Atendimento do Enfermo Egresso (NAEE). Foram
realizadas oficinas criativas com expressão livre, levando em consideração a
existência de fatores psicossociais geradores de conflitos e sofrimentos nas
mulheres durante o período de diagnóstico e tratamento da doença, bem como a
condição feminina de submissão e enfrentamento do câncer de mama. Esse trabalho
que se referiu às funções terapêuticas da arte no tratamento de pacientes de
oncologia, identificou uma riqueza de contribuições da arteterapia para o cuidado de
mulheres com câncer de mama, entre elas, a possibilidade de interação com outro, o
desenvolvimento da capacidade de expressão, a significação e ressignificação de
vivências através do contato com o próprio potencial criativo e a aquisição de uma
postura confiante das participantes para enfrentar as dificuldades da vida.
Dentre os projetos arteterapêuticos que atualmente são desenvolvidos na
área de humanização em saúde, qualidade de vida e inclusão social, destaca-se o
projeto: "A arte na medicina às vezes cura, de vez em quando alivia, mas sempre
consola" de Paulo Barreto Campello (2011), da Faculdade de Ciências Médicas da
Universidade Federal de Pernambuco.
Todas as práticas arteterapêuticas dos projetos desenvolvidos pela
Universidade Federal de Pernambuco, têm sido eficazes no processo de
24
humanização da saúde, integração social e qualidade de vida, visto que os
resultados têm sido alcançados e o que anteriormente era apenas um olhar, um
recurso, tornou-se elemento principal na recuperação qualitativa dos doentes
(CAMPELLO, 2011).
2.3 ARTETERAPIA E CRIATIVIDADE
Em estudos clássicos realizados sobre criatividade, Kneller (1978) resgata
que “desde que uma pessoa faz, inventa ou pensa algo que é novo para si mesmo,
podemos dizer que realizou o ato criador.” Sob essa perspectiva, a criatividade não
se limita às artes. Tanto os artistas, quanto os cientistas, trabalham com a intuição,
elemento propulsor dos mecanismos em que se sustenta o ato de criar.
Assim considerada, a criatividade não impõe limites para o surgimento do
pensamento e do ato criador que, nesses termos, ocorre sem discriminação de
gênero, idade e histórico de vida.
O autor analisa a relação entre o ato criador e a solução de problemas. Para o
autor, toda pessoa é capaz de criar e reinventar o novo e a novidade, por si só, não
torna uma ideia ou um ato criativo, mas, sim, porque esse ato consegue responder
adequadamente a uma determinada situação. Portanto, um ato pode ser criador sem
ser totalmente novo. Tudo depende da forma como o indivíduo utiliza aquilo que
inventa, ou seja, a sua utilidade.
Ao refletir sobre a associação entre criatividade e solução de problemas,
Kneller (1978: p.16) pergunta: “O pensamento criador já é uma forma de solucionar
o problema por ser marcado por traços de persistência e novidade?” O autor vai
mais além e afirma: “O pensamento criativo é muito mais sensível do que a solução
de problemas”.
Kneller (1978) considera que, na terapia gestalt, o pensamento criador ocorre
a partir de tensões presentes na mente ou em estruturas mentais do indivíduo, que
consegue perceber o problema como um todo e, em seguida, faz um recorte. O
pensamento criador alavanca uma solução que surge de forma incompleta. O ato de
criar que permite ao pensador chegar à solução do problema, promove a harmonia
do todo.
Em suma, na gestalt, o processo de criação constitui uma linha consistente de
pensamento em que o indivíduo realiza perguntas originais. O ineditismo dessas
25
perguntas reside no fato de que elas não são sugeridas diretamente pelos fatos
acometidos à pessoa pelo meio.
Freud, na linha da psicanálise, considera que a criatividade se inicia na esfera
do inconsciente, denominado id. Após encontrar uma solução para o problema, o
inconsciente potencializa a atividade pretendida pelo ego e o indivíduo permite que
venham à tona ideias oriundas de seu inconsciente. Com a diminuição do “controle”
do ego sobre o id, impulsos criadores, surgidos no inconsciente, transcendem o
limiar da consciência para “solucionar problemas e conflitos pré-existentes”
(KNELLER, 1978).
Tanto na posição de Freud quando de Jung, percebe-se que está presente a
ideia que o exercício cerebral, implícito na ação de criar, articula e melhora a
condição física e mental do indivíduo.
2.4 VESTIBULOPATIAS
Nos últimos tempos, tem aumentado consideravelmente o número de estudos
e pesquisas sobre a saúde e qualidade de vida de idosos com distúrbios do equilíbrio
corporal de origem no sistema vestibular, o que evidencia que a qualidade de vida
desses idosos é afetada direta ou indiretamente pela manifestação das
vestibulopatias.
O sistema vestibular pode ser influenciado por movimentos verticais e
horizontais da cabeça, alojando duas pequenas bolsas nomeadas como sáculo e
utrículo,e dentro delas existem cristais muito pequenos imersos no liquido chamado
endolinfa. Os otólitos mudam de posição atraídos pela gravidade, o cérebro capta
esses movimentos comanda informações que mantém o indivíduo em equilíbrio
após nova posição,os músculos por sua vez, tem a função de reforçar a informação
e os olhos de corrigirem corrigem o deslocamento (LISBÔA, 1998).
Vestibulopatia é a denominação atribuída ao distúrbio que ocorre no conjunto
de estruturas da orelha interna e que poderá interferir no equilíbrio corporal dos
indivíduos. A tontura, a vertigem e o zumbido constituem os sintomas mais comuns
em adultos e, principalmente, em idosos, que são os mais acometidos. Quando a
tontura é do “tipo rotatória”, isto é, o paciente percebe o ambiente girar ou se sente
girando nele, esta é definida como vertigem (SANTANA; DONÁ; GANANÇA;
KASSE; 2011). A tontura é a ilusão que o indivíduo tem do próprio movimento ou do
meio ambiente que o circunda. Este sintoma pode ser causado por uma disfunção
26
em qualquer segmento dos sistemas relacionados ao equilíbrio corporal ou ser uma
queixa inespecífica associada a cansaço, a depressão entre outros fatores que por
sua vez, interferem diretamente na qualidade de vida dos indivíduos, dificultando a
execução de movimentos com os olhos e a cabeça. Vários idosos criam certa
dependência até mesmo para caminhar. É comum sentirem vergonha, restringindo-
se a passeios com a família e amigos, sentindo-se incapazes, levando muitas vezes
à depressão, diminuindo assim sua qualidade de vida.
Lisbôa (1998) relata que o indivíduo só mantém o equilíbrio devido ao
minúsculo sistema alojado em seu organismo, chamado vestibular e tem este nome
porque se localiza na orelha interna, onde há um vestíbulo, uma antessala,
conhecida como labirinto, que separa a função auditiva do equilíbrio.
Com o aumento natural da idade, o paciente idoso apresenta uma maior
vulnerabilidade a sofrer distúrbios no sistema vestibular, que poderão alterar o seu
equilíbrio, prejudicar o seu controle postural e sensorial e torná-lo sujeito às quedas
e acidentes, o que interfere em sua qualidade de vida.
2.5 QUALIDADE DE VIDA
Para e Ericson e Patrick (1993), a qualidade de vida se associa ao valor
atribuído à duração da vida, modificado pelos prejuízos, estados funcionais e
oportunidades sociais que são influenciados por uma determinada doença.
Portanto, a presença ou ausência de qualidade de vida pode estar, associada
a inúmeros fatores, físicos, psicológicos, sociais, culturais e espirituais, entre outros.
O conceito multidimensional de qualidade de vida, assumido pela
Organização Mundial da Saúde (OMS), desde 1994, inclui os aspectos físico,
psicológico e de relacionamento social, além de elementos de subjetividade no
conceito, ao destacar que: “qualidade de vida é a percepção do indivíduo de sua
posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive, e
em relação aos seus objetivos, expectativas, parâmetros e relações sociais”.
Nessa perspectiva, o conceito está relacionado aos vários aspectos da vida
de uma pessoa que são afetados por mudanças no seu estado de saúde e que são
significativos para a sua qualidade de vida; além da valoração subjetiva de
diferentes fatores de sua vida (SEIDL; ZANNON, 2004).
Segundo estudo de Santos e Garcia (2007) sobre o impacto da tontura na
qualidade de vida, o aspecto emocional está relacionado diretamente às questões
27
psicológicas do indivíduo, como ele se sente em relação a opinião dos outros e
principalmente a aspectos como depressão. Os autores constataram que a angústia
foi o sintoma presente em 47% dos pacientes, seguidos de ansiedade (19,71%),
medo (13,42) e depressão (12,58%), sendo esses sintomas predominantes em
pacientes com queixa de tontura e vertigem.
Em artigo recente, Aprile e Bataglia (2009) citam pesquisas realizadas por
Cella e colaboradores (1990) constatando que o estado emocional constitui o fator
preponderante sobre a pontuação de qualidade de vida dos idosos e destacando os
sintomas que apresentam impactos sobre a qualidade de vida, como é o caso da
ansiedade e da depressão. Lembram as autoras que, no caso especial dos idosos,
verifica-se a valorização da disposição física, autoestima, relações interpessoais,
entre outros aspectos. Por outro lado, são desvalorizadas as perdas funcionais e a
ausência de trabalho regular, que gera a exclusão social. Além do bem estar e da
saúde física, a qualidade de vida também se vincula à satisfação do paciente em
relação aos seus vínculos sociais e familiares, sua situação econômica, sua
afetividade e as condições do ambiente em que vive.
INCLUSÃO SOCIAL
Segundo o Estatuto do Idoso, Lei N°10.741/2003, art. 8°, capítulo “Do direito à
vida”, tem-se que “o envelhecimento é um direito personalíssimo e a sua proteção
um direito social”[...]
Desta forma, entende-se que a inclusão social faz parte da construção de
identidade para cidadania do indivíduo considerado idoso, que apresenta idade igual
ou superior a 60 anos e que, por motivos econômicos, históricos, educacionais,
sociais, culturais e ainda por condições de falta de acesso à saúde, entre outros,
passou a ficar a margem da sociedade, sem ser incluído como cidadão. Nesse
sentido, a participação ativa do idoso na sociedade por meio de acesso a saúde com
qualidade de vida, de melhores condições de alimentação higiene e habitação, do
desempenho das atividades cotidianas com independência e autonomia, resgate da
autoestima e de uma rotina adequada cercada de vínculos familiares e sociais
concorre para a promoção de sua saúde e inclusão social.
28
3 MÉTODO
3.1 ESTUDO DE CASO COM INTERVENÇÃO
Trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa e o método selecionado
foi o estudo de caso em que a forma de investigar o real é dada pelo registro dos
dados para, posteriormente, ser realizada a sua interpretação (DINIZ, 1999).
O termo “pesquisa qualitativa” foi utilizado contrapondo-se à “pesquisa
quantitativa”, especialmente, nas décadas de 1960 e 1970 (FLICK, 2009). Nos anos
posteriores, a sua utilização se ampliou em vários campos da ciência, concorrendo
para que assumisse características e identidade científica próprias. Nos dias atuais,
não se aplica a conotação de que a pesquisa qualitativa é a “não padronizada” ou a
“não quantificada” (FLICK, 2009). Segundo Canzonieri (2010), a utilização de dados
numéricos não indica que a pesquisa é quantitativa. Da mesma forma, descrever um
fato ou fazer uma entrevista aberta não significa que a pesquisa é qualitativa. Ainda,
segundo a autora, misturar dados numéricos e descrevê-los não caracteriza uma
pesquisa de quali/quanti.
Tanto a pesquisa qualitativa como a quantitativa, envolvem métodos e
procedimentos apropriados. No caso da primeira, as análises e levantamentos sobre
o material empírico não privilegiam os dados numéricos, mas, sobretudo:
1. O texto (a fala e/ou silêncio, as diversas expressões e perspectivas dos sujeitos);
2. O contexto (a descrição da condição dos sujeitos em um tempo e local
determinados);
3. As práticas e conhecimentos dos sujeitos, traduzidos em seus comportamentos,
hábitos, atitudes e estilos de vida em relação ao tema central de investigação.
Flick (2009) assim define a pesquisa qualitativa:
A pesquisa qualitativa é uma atividade que posiciona o observador no mundo. Ela consiste em um conjunto de práticas interpretativas e materiais que tornam o mundo visível. Essas práticas transformam o mundo, fazendo dele uma série de representações, incluindo notas de campo, entrevistas, conversas, fotografias, gravações e anotações pessoais. Nesse nível, a pesquisa qualitativa envolve uma postura interpretativa e naturalística diante do mundo. Isso significa que os pesquisadores desse campo estudam as coisas em seus contextos naturais, tentando entender ou interpretar os fenômenos em termos dos sentidos que as pessoas lhes atribuem.
29
3.2 ESTUDO DE CASO
Em relação ao estudo de caso, Costa e Costa (2011) consideram-no um
método “detalhado e profundo” que pode ser utilizado tanto na pesquisa descritiva
quanto explicativa. Na perspectiva dos autores, o estudo de caso pode se referir a
uma pessoa, uma família, um grupo, uma instituição, uma comunidade e mesmo
um país.
Yong (1960) considera estudo de caso o primeiro passo para o conhecimento
da realidade, isto é, "um método para escrever e explicar a vida social", indicado
quando o saber sobre um determinado assunto necessita ser reduzido. Gordon e
Hamilton (1978) descreve estudo de caso como a possibilidade de o profissional
compreender o fenômeno investigativo através de diferentes maneiras de tomar
conhecimento como análise de prontuários e entrevistas. Dantas (1978) lembra que,
sob a influência norte-americana, muitas vezes, a expressão estudo de caso é
substituída por case study:
[...] é o estudo de casos particulares, documentos individuais e autobiográficos, como procedimento para elaboração de conhecimentos sociológicos (DANTAS,1978, p. 44).
3.3 TÉCNICAS DE PESQUISA
Foram realizadas entrevistas inicial e final, ambas semiestruturadas
(Apêndices A e B). Vale destacar que embora as entrevistas necessitem de um
tempo maior para a sua execução e análise, elas permitem a captação imediata de
dados de natureza complexa, entre eles, sentimentos, opiniões e intenções, que são
obtidos pela interação direta e efetiva entre pesquisador e entrevista (LUNDKE,
ANDRE, 1986).
Antes da realização da entrevista inicial, foi aplicado um instrumento para
caracterização dos participantes quanto ao gênero, idade, estado civil, escolaridade,
renda, moradia, situação previdenciária. Esse instrumento visava ampliar as
informações sobre os participantes (Apêndice A).
Para sua aplicação, cada participante foi ouvido individualmente e contou com
o apoio da pesquisadora para o seu preenchimento. Esse procedimento foi adotado
porque pacientes com vestibulopatias muitas vezes sentem tonturas quando têm de
movimentar a cabeça. No caso específico, deveriam abaixá-la para ler e preencher o
instrumento.
30
A observação participante foi utilizada durante a realização de 6 (seis)
Oficinas Temáticas, denominadas "CRIATIVA-IDADE".
Os conteúdos emergente das falas dos idosos e dos depoimentos que fluíram
durante a sua participação nas Oficinas e nas entrevistas foram organizados e
classificados, segundo o critério de repetição de palavras e/ou de conceitos. À luz
dos princípios estabelecidos por Bardin (2009) para a análise de conteúdos, foram
levantadas e selecionadas as palavras e sentimentos que mais se repetiam e, a
partir delas, foram identificadas as categorias de análise: autoestima; relação do
paciente com a saúde; relação entre o lúdico e a saúde; aprendizagem; interação e
inclusão social e qualidade de vida, as quais nortearam a interpretação das
informações obtidas.
3.3.1 Procedimentos de pesquisa
Nesta pesquisa, foram adotados os procedimentos indicados a seguir.
3.3.1.1 Procedimentos gerais
− Todos os participantes receberam informações gerais da pesquisadora sobre
a proposta e seus objetivos e assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido e o Termo de Autorização para Uso de Imagem (Anexo D) .
− Antes da realização de cada atividade, os participantes eram lembrados de
seus objetivos e da possibilidade de desistência, se assim o desejassem.
− Todo material utilizado durante a realização das entrevistas e das oficinas
foram previamente providenciados pela pesquisadora e em numero suficiente
para cada participante.
− As entrevistas foram previamente agendadas com cada participante para
garantir um horário exclusivo para sua realização.
− As entrevistas iniciais foram realizadas no Laboratório de Estudos e
Pesquisas do Programa de Mestrado Profissional em Reabilitação do
Equilíbrio Corporal e Inclusão Social da UNIBAN em sala previamente cedida
para sua realização.
− As entrevistas ocorreram sem interrupção por parte de terceiros, garantindo-
se as condições de conforto tanto para pesquisadora, quanto para o sujeito
entrevistado.
31
− As entrevistas iniciais e finais foram gravadas e, posteriormente, transcritas
pela pesquisadora. As fitas foram arquivadas e as transcrições ficarão de
posse da pesquisadora, guardadas por cinco anos.
− As entrevistas finais foram realizadas por uma pesquisadora neutra para que
cada participante pudesse expressar livremente sua opinião.
3.3.1.2 Procedimentos para realização das Oficinas
− As Oficinas foram previamente divulgadas no Laboratório por meio de cartazes
informativos confeccionados pela pesquisadora.
− Todos os participantes das Oficinas foram convidados pessoalmente pela
Auxiliar do Laboratório de Estudos e Pesquisa do Mestrado Profissional em
Reabilitação do Equilíbrio Corporal e Inclusão Social da UNIBAN.
− Cada Oficina teve três horas de duração e foi realizada com um intervalo de
uma semana entre uma e outra.
− Todas as Oficinas foram realizadas em espaço reservado e previamente
organizado para sua execução.
− As Oficinas eram iniciadas por um momento de acolhimento denominado "sala
de espera" com o objetivo de proporcionar aos integrantes um clima informal e
descontraído para que pudessem conversar e se conhecer, enquanto
aguardavam o início dos trabalhos.
− Antes da realização de cada atividade, os participantes eram informados sobre
seus objetivos específicos.
− Em todas as oficinas, os participantes eram lembrados que em caso de
desconforto, tontura, mal estar, dor, entre outros sintomas, deveriam
imediatamente comunicar a pesquisadora e interromper a atividade, se fosse o
caso.
− O desempenho e a fala dos participantes durante as atividades foram
registrados e gravados pela pesquisadora e posteriormente transcritos.
− As atividades foram fotografadas por uma fotógrafa profissional, convidada pela
pesquisadora para realizar o registro fotográfico das oficinas como recurso
complementar ao utilizado para as linguagens verbal e escrita.
− A fotógrafa profissional se apresentou aos participantes no início das Oficinas e
foi orientada pela pesquisadora a não intervir no desenvolvimento das
32
atividades, inclusive, durante sua movimentação, no local, de forma a garantir
que o registro fotográfico ocorresse de forma natural.
3.3.1.3 Procedimentos éticos
Esta pesquisa teve origem no Projeto "Arteterapia – Uma intervenção para
Qualidade de Vida e Inclusão Social de Idosos com Desequilíbrio Corporal de
origem vestibular" que foi submetido à Coordenadoria da Pesquisa e à Comissão de
Ética da Universidade Bandeirante de São Paulo, em 04 de outubro de 2011, tendo
sido aprovado (Anexo B).
− Todos os participantes foram devidamente esclarecidos sobre os objetivos do
estudo realizado e procedimentos envolvidos, bem como dos benefícios
acadêmicos, sociais e para a saúde que poderão ser conseguidos a partir dos
resultados obtidos e somente após tomarem ciência das informações é que
foram convidados a assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e o
Termo de Autorização para Uso de Imagem.
− Os mesmos foram informados que o Consentimento Livre e Esclarecido e a
assinatura no referido documento garantirá o sigilo dos participantes
voluntários e a ausência de risco à saúde e, ao mesmo tempo, a integridade de
todos eles.
3.4 AMOSTRA
Deste estudo participaram 11 idosos, pacientes do Laboratório que atenderam
os critérios de inclusão indicados a seguir:
− Idade: ter 60 anos ou mais.
− Apresentar capacidade de compreensão de comandos verbais.
− Assinar os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido e de Cessão de
Imagens.
− Apresentar diagnóstico de vestibulopatia.
Foram considerados critérios de exclusão:
− Pacientes que estivessem em tratamento psicoterápico.
− Pacientes com alterações oculares e locomotoras que impedissem a
participação nas Oficinas.
33
Apenas uma participante desistiu dos trabalhos, alegando dores fortes nos
joelhos devido ao tratamento que realizava. Essa desistência fez com que a amostra
inicialmente prevista de 12 (doze) participantes fosse reduzida para 11 (onze).
34
4 RESULTADOS
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA
Antes da realização da entrevista inicial, foi aplicado um instrumento para
caracterização dos participantes quanto ao gênero, idade, estado civil, escolaridade,
renda, moradia, situação previdenciária. Esse instrumento visava ampliar as
informações sobre o perfil dos participantes (Anexo A).
Quadro 1 - Caracterização dos participantes quanto ao gênero, idade, estado
civil, escolaridade, renda, moradia e situação previdenciária
Participante Gênero Idade Estado civil
Escolaridade Renda = nº de salários mínimos
Moradia Situação previden-ciária
A M 83 C T 3 P AP Ar M 70 V FI 1 A AP Di F 64 V M 2 P AP De F 75 C F 3 P AP Do F 64 C FI 1 P AP H F 69 D M 2 P AP MD F 67 C MI 3 P AP M F 73 C F 2 P AP N F 64 S FI 2 A AP T F 72 V F 2 P AP V F 68 V FI 1 P AP
Legenda: M = Masculino; F = Feminino; C = Casado; D=divorciado; S = Solteiro; V = Viúvo; F = Nível fundamental completo; FI = Nível fundamental incompleto; M = Nível médio completo; MI = Nível médio incompleto; T = Curso técnico; P = Residência própria; A = Residência alugada; AP= Aposentado (a) Fonte: Pesquisa: Arteterapia: um recurso para qualidade de vida e inclusão social de idoso com desequilíbrio corporal, 2012
Dos 11 participantes, 9 (81,9%) eram do gênero feminino e 2 (18,2%) do sexo
masculino.
Em relação à faixa etária, o grupo era constituído de 7 idosos com idade entre
61 e 70 anos(63,6%); 3 idosos com idade entre 71 e 80 anos(27,2%) e 1 idoso com
83 anos(9,09%), portanto, na faixa entre 61 e 83 anos.
Referente ao estado civil, 6 (49,9%) deles eram casados; 3 (24,9%) eram
viúvos; 1 (8,3%) era divorciado e 1 (8,3%) era solteiro.
Quanto ao nível de escolaridade, verificou-se que 3 (24,9%) dos participantes
concluíram o ensino fundamental I; 2 (16,6%) concluíram o ensino médio e 1 (8,3%)
idoso concluiu o ensino técnico profissionalizante. Embora 5 (41,6%) não tivessem
35
concluído o ensino fundamental, verificou-se que a maioria era alfabetizada, mesmo
não tendo concluído a educação básica.
Sobre a condição socioeconômica dos idosos, verificou-se que a renda
familiar de 4 (33,3%) dos idosos era de 1 salário mínimo; o mesmo percentual 4
(33,3%) apresentava renda de 2 salários mínimos e 3 (24,9%) deles tinham renda de
3 salários mínimos, sendo que a maioria (mulheres) colaborava com as despesas da
família.
Quanto à moradia, 9 (81,9%) idosos residiam em casas próprias e 2 (16,6%)
em locadas. Desses, 9 (81,9%) moravam com seus familiares e 2 (16,6%) moravam
sozinhos.
No grupo de participantes, 100% dos idosos eram aposentados, não
exercendo nenhuma outra atividade remunerada.
4.2 ENTREVISTA INICIAL
Atendendo aos procedimentos já indicados, a entrevista inicial foi realizada no
dia 28/02/2012 transcorrendo de forma tranquila e sem imprevistos.
As respostas dos entrevistados foram analisadas e sistematizadas e o seu
conteúdo completo se encontra no Apêndice C.
4.2.1 Conhecimentos sobre arte e arteterapia
A maioria dos idosos respondeu sobre arte e arteterapia a partir de seus
conhecimentos prévios. Em geral, os conceitos apresentados emergiram do senso
comum. Questionados sobre o conteúdo de suas respostas, verificou-se que
estavam diretamente relacionados às experiências que tinham vivenciado e
aprendido como: artesanato, trabalhos manuais, entre outros:
[...] Entendo arte como, bordado, crochê etc... Carnaval é arte...[...] V [...] Arte é crochê, bordado. Tudo que se faz com capricho, boa vontade, usando as mãos.[...]. M [...] Arte é tudo que se faz, um trabalho manual, uma comida, algum serviço de casa, tudo que fazemos traz movimento para vida, e viver é uma arte! [...]. N [...] Arte, seria trabalho artesanal?[...]. D
36
4.2.2 Expectativas dos idosos em relação à participação nas Oficinas
Quando questionada sobre quais eram suas expectativas sobre a realização
das oficinas, a maioria respondeu que acreditava na contribuição desses encontros
para a melhoria de sua saúde, considerando que por meio do convívio social, do
contato com pessoas e pelo conhecimento de conteúdos novos poderiam aprimorar
a capacidade mental e emocional e obter contribuições para elevação da qualidade
de vida.
Todos os idosos demonstraram interesse para participar das atividades.
Alguns esperavam aprender sobre arte, em especial, sobre arteterapia, a maioria
deles apontou que a participação nas Oficinas constituía um pretexto para
envolvimento com o grupo, chegando alguns a apresentar ansiedade pela
possibilidade de estar em interação com seus pares:
[...] Não espero muito. Quero conhecer pessoas diferentes, fazer amizades, participar já é grande lucro [...]. Di [...] Nunca fiz nada com arte, não tenho noção, acho que irá acrescentar ao dia da gente, sou agitada [...]. T [...] Na realidade entrei sem saber o que ia fazer. Ótimo, a gente precisa conviver com gente, outras pessoas da nossa idade, fora da rotina. [...]. M.D
4.2.3 Experiências anteriores com atividades artísticas
Quando questionados sobre o desejo de realizar trabalhos artísticos e
experiências anteriores: realização, sensações emergidas, frustrações passadas,
verificou-se que a maioria dos idosos possuía vivências anteriores envolvendo
algumas linguagens da arte e que tinham uma relação positiva com elas:
[...] Já fiz sim, parei, mas fiz muito crochê. [...] desejei e fiz pintura em madeira; pintava caixas... ficavam lindas [...] realizava esse trabalho com prazer, era emocionante, havia elogios [...]. D [...] Sim, faço pintura em tela, já pintei quinze quadros, depois parei por causa da labirintite. [...]. H [...] Realizo, mas não me agrada. Estilo abstrato, eu não gosto, mas a professora quer que eu pinte assim. [...]. H
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[...] Teve época em que gostaria de ter aprendido a pintar, mas não deu... ainda quero aprender.[...] Ah, dá uma sensação de frustração.[...].M. D
4.2.4 Participação em atividades sociais e culturais
Referente à participação dos idosos em atividades culturais, verificou-se que
todos conheciam: clubes, instituições como o SESC1, o CRI2, grupos de
universidades e outras organizações que promoviam atividades gratuitas que para
terceira idade e outras organizações que promoviam atividades gratuitas para sua
faixa etária. Os entrevistados sinalizaram, porém, dificuldades para frequentar
cinemas, teatros, exposições, musicais, cujo acesso é pago. Essa dificuldade se
devia tanto à sua situação financeira limitada decorrente da aposentadoria, quanto à
indisponibilidade de tempo uma vez que alguns deles desempenhavam a ocupação
não remunerada de cuidadores de seus familiares adoentados.
[...] Gosto de escrever. Tenho material para montar um livro com o que escrevo, mas falta a verba para lançar. [...]. A [...] Fui ao cinema várias vezes, aquele que tem dentro do metrô, e a museus públicos. Não vou ao teatro, porque é muito caro para mim. [...]. V
4.2.5 Tratamento das vestibulopatias
Antes da realização do tratamento no Laboratório de Estudos e Pesquisas do
Mestrado Profissional em Reabilitação do Equilíbrio Corporal e Inclusão Social da
UNIBAN, alguns dos idosos entrevistados já tinham procurado médicos para
diagnóstico, e posteriormente, tratamento das vestibulopatias, afirmando que,
naquele momento, desconheciam as causas e consequências da doença. No
entanto, o maior número deles declarou ter obtido informações e acesso a
tratamento adequado, após avaliação e diagnóstico, no Laboratório. Ficou explícito
nos depoimentos que os idosos somente puderam conhecer mais as vestibulopatias
a partir do tratamento no Laboratório, além de se manifestarem satisfeitos com os
serviços prestados pela equipe multidisciplinar de profissionais do local.
1 SESC é a sigla do Serviço Social do Comércio. 2 CRI é a sigla de Centro de Referência do Idoso.
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[...] Não fiz outro tratamento, somente aqui. [...] Não sabia que tinha labirintite, caía muito, a cama girava.[...]. V [...] Me tratei somente aqui.[...]. M [...] Meu médico indicou aqui, não fui a outro lugar [...]. A [...] Tive zumbido, mas o médico onde me tratava disse que fui “enganando” meu labirinto nadando. [...]. M.D [...] Não me tratei em outro lugar, só aqui, porque quando isso apareceu em mim achei que meu organismo fosse reagir e curar sozinho.[...]. Ar
Nenhum idoso estava em tratamento psicoterápico por ocasião da realização
das entrevistas e da participação nas Oficinas. Poucos entrevistados narraram fatos
que evidenciassem estar vivenciando “momentos delicados” de suas vidas. Nesses
casos, nenhum deles estava sob tratamento com medicamentos psicotrópicos ou
sendo tratado com outro tipo de terapia.
[...] Espero melhorar minha alegria, ser mais feliz do que já sou, para isso estou aqui. É para melhorar a cabeça da gente... Tem pessoas que tem depressão, querem morrer. [...].V
[...] Estou no CRI. Fiz tomografia, ressonância, passei no neurologista, e ele achava que foi emocional. Perdi um filho, uma filha, esposa, irmão... Foi duro. [...] Ar
4.3 OFICINAS DE ARTETERAPIA
As Oficinas foram realizadas no período de 05 de março a 09 de abril de
2012, segundo um planejamento prévio que compreendeu diferentes temas,
conforme cronograma indicado no quadro 2:
Quadro 2 - Cronograma e temas das Oficinas Criativa-Idade
Fonte: Pesquisa: Arteterapia um recurso para qualidade de vida e inclusão social de idoso com desequilíbrio corporal, 2012.
Oficina Data Tema
1 05/03 Criativa – Idade
2 12/03 Lavando as dores da alma: modelagem do novo ser .
3 19/03 A projeção do EU: do real para o simbólico.
4 02/04 O riso e o lúdico na arteterapia.
5 02/04 Os sons do silêncio e os sons do coração: A música na arteterapia.
6 09/04 Deparando-se com o EU de antes e o EU de agora.
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4.3.1 Oficina 1
“Toda imagem é um mundo, um retrato cujo modelo apareceu em uma visão sublime,
banhada de luz, facultada por uma voz interior, posta a nu por um dedo celestial que aponta,
no passado de uma vida inteira, para as próprias fontes da expressão.”
Alberto Manguel. in: JUSTO, J. S. Olhares que contam histórias. 2008.
Fotografia 1 – Participantes: Início da manipulação de materiais diversos. Fonte: Acervo da pesquisadora, 2012.
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De início, foi reapresentado o objetivo geral das Oficinas e explicado o porquê
de serem nomeadas de CRIATIVA-IDADE. Foram retomados os seus objetivos, com
destaque para os referentes à primeira delas, conhecer o grupo de participantes,
suas particularidades e expectativas e resgatar os conhecimentos prévios sobre: O
que é arte? O que é arteterapia? O que é linguagem artística? Quais são as
linguagens da arte? O Belo e a estética; Criatividade, Saúde, Qualidade de Vida,
obtidos na entrevista inicial.
Em seguida, foi proposto a produção de um crachá criativo de identificação
individual cuja finalidade era que cada participante revelasse sua identidade,
respondendo as seguintes questões:
Quem sou eu? Como me sinto? O que já realizei em minha vida? Quais
minhas preferências? Com qual cor me identifico hoje? O que espero das oficinas
CRIATIVA-IDADE?
Por meio das técnicas de recorte, colagem, registro com escrita, desenho e
pintura, os participantes construíram seus crachás, utilizando gravuras de revistas
previamente selecionadas, papéis coloridos, cola, tesoura, fita adesiva, giz pastel,
lápis de cor, caneta hidrocor, caneta esferográfica, lápis 4 e 6 b.
Para a realização da atividade, foi utilizado música instrumental estimulante e
os participantes se sentaram agrupados em trios. Percebeu-se que, no início
estavam receosos, demonstrando alguma timidez e um certo sentimento de
vergonha de errar, declarando não saber o que fazer, conforme os estratos de
relatos a seguir:
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Fotografia 2 - Técnicas de recorte e colagem: Produções individuais. Fonte: Acervo da pesquisadora - 2012.
Fotografia 3 - Preparação para produção individual, troca de idéia. Fonte: Acervo da pesquisadora, 2012.
[...] Desculpe minha ignorância, ia usando a cola sem abrir [...]. M.D.
[...] Faz tempo que não uso cola, tesoura, esse tipo de material [...]. M
[...] não sei por onde começar [...]. H
[...] não acho nada para associar a mim nas gravuras [...]. N
[...] o meu vai ficar feio, não quero nem mostrar [...]. V
[...] é isso que é para fazer professora? [...]. H
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Após a confecção dos crachás, cada participante teve o momento de dizer o
que realizou e retratou em sua obra.
As falas foram iniciadas por V que, ansiosa e crítica, preferiu expor logo:
[...] meu nome é V, tenho 68 anos [...] aprecio aves e animais, campo, mares, cachoeiras... a natureza [...] Espero aprender muito aqui, com vocês [...] Me sinto a cor lilás: alegre, para cima, sempre de bem com a vida, com energia [...].
Espontaneamente, N. se levantou e começou a relatar: [...] Meu nome é N, tenho 74 anos [...] Já fui recepcionista, do lar, trabalhei em comércio [...] Aprecio ler, estudar, aprender. Todo ser humano deve ler algo na vida, pois seremos no futuro o que plantamos no presente, todo mundo deveria ler [...] Aprecio artesanato, a natureza, me relacionar com pessoas [...] Espero aprender coisas novas, que possam me ajudar na vida [...] Me sinto a cor prata, com muito brilho.Vejo sempre pontos de luz, brilhantes, prateados, gosto de luz [...].
Prosseguiu H:
[...] Meu nome é H S [...] Minha idade, 69 anos [...] Já fui costureira, fiz crochê, sou dona de casa, gosto de arrumar a casa, ler [...]. As oficinas devem trazer para nós desenvolvimento [...] Já pintei 15 quadros, ano retrasado, depois não conseguia mais pintar porque sentia tontura, mas quando fiz o tratamento aqui, com os médicos, fiquei feliz, porque melhorei e voltei a pintar, fiz cinco quadros no ano passado [...] Coloquei a gatinha porque queria ter um gato, gosto de gatos [...] Me sinto na cor azul, não sei dizer o porquê [...].
Em seguida, D. fez sua apresentação:
[...] Me chamo D, estou muito feliz em estar aqui [...]Tenho 75 anos [...] Tive várias atividades, amo cuidar de meus filhos e netos, gosto de plantas e animais [...] Quero aprender mais nas oficinas [...] Me sinto a cor rosa, que é suave, assim me sinto [...].D
A participante M. finalizou:
[...] Me chamo M, nome de flor, por isso coloquei natureza [...] Gosto de ginástica [...] Fui pajem e do lar; aprecio minha família [...] Desejo aprender mais e mais [...] Me sinto vermelho, sei lá porque, acho que vermelho é vida, é isso professora? É sangue, cor alegre, me sinto assim [...].M
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Fotografia 4 - Exposição dos crachás. Fonte: Acervo da pesquisadora, 2012.
Após apresentação individual dos crachás, o grupo relatou o que esperava
das Oficinas e como se sentia. Foi reforçado pela pesquisadora que teriam a
oportunidade de aprender uns com os outros, a beleza da diversidade e a
importância de não se sentirem sob julgamento, pois cada um deveria pensar no que
sentia, ser criativo e se expressar livremente.
Introduziu-se o conceito de estética, ressalvando a relatividade do conceito de
belo: aquilo que para alguns é considerado belo, para outros, pode não ser. Discutiu-
se sobre o tema da socialização, destacando que os relacionamentos e as vivências
interpessoais interferem na qualidade de vida alcançada no e com o outro.
Por fim, resgatou-se que o grupo tinha algo em comum, isto é, algumas das
manifestações das vestibulopatias e o tratamento no Laboratório e, além disso,
estavam ali com um mesmo objetivo: buscar informações para manutenção da
saúde e para a melhoria da qualidade de vida, enfim, sentirem-se melhor.
Essa oficina foi encerrada com o anúncio de que nas próximas oficinas teriam
a oportunidade de realizar experiências em busca do novo, seguida de um café de
confraternização, momento de descontração e de conhecimento mútuo.
4.3.2 Oficina 2
A segunda Oficina foi iniciada com uma nova apresentação dos participantes,
visando consolidar o conhecimento e a integração do grupo.
Houve o resgate da proposta e do objetivo geral das Oficinas. Também, foram
resgatados os temas de cada uma delas, sua duração, rotina e a imagem do folder
de divulgação.
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Fotografia 5 – Produção de autoretrato: desenho . Fonte: Acervo da pesquisadora, 2012.
Introduziu-se o conceito de lúdico, a partir do panfleto de divulgação,
destacando a importância do brincar e de se divertir em todas as etapas da vida. Os
pacientes foram unânimes em afirmar que se sentiam como crianças, quando a
proposta de trabalho envolvia atividades como o desenho. Abordou-se sobre a
escolha de estarem ali, interagindo e as possíveis experiências que teriam
oportunidade de obter.
Fotografia 6 - Folder de divulgação das Oficinas de Arteterapia Fonte: Acervo da pesquisadora, 2012.
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Foram definidos, com a participação dos idosos, os conceitos de arte e
arteterapia. Em seguida, foi apresentada pela pesquisadora uma síntese de seu
histórico e de sua trajetória, no Brasil, além de outros significados divulgados pelo
senso comum. Também foi destacada a importância da utilização da arteterapia na
cura e no tratamento de doenças, como: câncer, AIDS, bem como de várias doenças
pertencentes às áreas da pneumologia, endocrinologia, dermatologia, entre outras,
além de seu emprego em distúrbios emocionais, dependência química, depressão,
insônia, cefaleia e na reabilitação de crianças e adultos portadores de necessidades
especiais .
Por fim, houve a retomada da discussão sobre as diversas linguagens da arte,
destacando-se a estética e a criatividade.
A partir desses referenciais, foi apontada a relação entre criatividade e
autonomia. Os participantes foram estimulados a relatar como agiam diante de uma
situação, problema cotidiano ou de uma doença, no caso, desequilíbrio corporal.
[...] Vivo criando soluções, dando conselhos na minha família, quando se metem em problemas e, quando tenho um problema, penso em como resolver [...]. M [...] Tudo que fazemos tem um pouco de criatividade [...]. A [...] Eu me acho criativa nas coisas que tenho que solucionar, quando acho que não tem solução, dou um jeito [...].V [...] O que fazemos com nossa cabeça, reflete no nosso corpo, por isso temos que não ficar pensando coisas ruins [...]. N [...] Essa troca, participar, ouvir outras pessoas, faz bem, me sinto animada em estar aqui. É uma oportunidade, um privilégio [...]. M
Os idosos realizaram comentários sobre sua melhora e reabilitação, após
terem iniciado tratamento no Laboratório, havendo, porém, reincidência, em alguns
casos, como foi o de dois participantes que se queixaram de tontura, pressão na
cabeça e zumbido assim que chegaram ao Laboratório para participação nas
oficinas.
Na sequência, foi apresentado o objetivo da Oficina 2: Proporcionar aos
participantes possibilidades para um exercício de autoconhecimento. Nesse
exercício, poderiam se apresentar como indivíduos incluídos na sociedade,
conhecedores de suas fragilidades e limitações na saúde; perceberem-se como
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seres criativos e atuantes; identificar suas dores e sentimentos e levantar hipóteses
para alcançar uma melhora em sua qualidade de vida e na promoção de sua saúde.
Para atingirem esse objetivo, foi solicitado aos participantes responder as
questões: "Quem sou EU? Como sou e estou agora? O que sinto em meu corpo?
Que dores e desconfortos me afligem?”
Para tanto, deveriam desenhar - em um molde com contorno do corpo
humano, previamente preparado e recortado em papel panamá - cada parte de seu
corpo, detalhando e ilustrando suas características, membros e partes, enfatizando a
região onde sentiam desconforto ou dor.
Os participantes foram orientados a não se preocuparem com o julgamento
dos demais, bem como foram incentivados a se expressar por meio do
autoconhecimento e de outras capacidades como observação, percepção corporal,
aceitação, criticidade, expressão verbal, identificação e criatividade.
Para essa atividade, foi utilizada a técnica do desenho com lápis grafite
específico, e pintura com giz pastel, de cera e lápis colorido.
Fotografia 7 – Realização de atividades: momentos de descontração e concentração. Fonte: Acervo da pesquisadora, 2012.
Percebeu-se que em seu desenvolvimento, alguns participantes divertiam-se
muito, riam do próprio desenho, enquanto outros permaneciam mais concentrados,
preocupados com o resultado, dizendo a todo momento:
[...] Não sei desenhar, nunca fiz um desenho sequer [...].N
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Fotografia 8 - Produção individual: diferentes tentativas. Fonte: Acervo da pesquisadora, 2012.
Ao final do trabalho, mostraram seus desenhos uns aos outros,"trocando" e
expressando em suas falas o que sentiam, sinalizando na produção, pontos e
regiões de dor.
Fotografia 9 – Momento de relatos sobre suas produções. Fonte: Acervo da pesquisadora, 2012.
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Conduzidos pela pesquisadora, lembraram sentimentos, dores internas e
emocionais. Nesse momento, permaneceram atentos, não se pronunciando,
registrando apenas o que doía em seu corpo, projetando no desenho. Em seguida,
começaram a verbalizar:
[...] coluna [...]. V [...] pescoço, nuca.[...]. Do e M [...] dói muito a coluna! [...]. M [...] dói nos joelhos, perna; eles não me aguentam, sinto como se fossem fracos, me desequilibro e caio [...]. Ar [...] dói a minha cabeça, me sinto tonta, agora mesmo estou com tontura, é uma sensação estranha, uma pressão forte na cabeça [...] D [...] sinto tontura, meu ouvido está apitando e dói os meus joelhos [...]. [...] sinto dor nos joelhos, mas é diferente da dor de Ar [...] dói mesmo, como se fosse inflamado e não desgastado [...]. MD [...] dói os meus dentes, a gengiva, eu sinto um terrível desconforto nos dentes; já fui em tudo que me indicaram, até no CRI, eles não acertam meu caso. Falam que minha gengiva é baixinha, eu digo a eles, baixinho sou eu [...]. (risos de todos); [...] queriam colocar parafusos em minha boca, eu não deixei, falei que já fui torneiro mecânico, aquilo era para colocar em metal não em gengivas. [...] A medicina avançou muito, eu falo isso para eles, dentistas, mas a odontologia, não! Pararam no tempo, eles ficam bravos comigo, eu acho, mas eu falo mesmo [...] estou assim desde o Natal, não dão jeito, estou sofrendo! [...]. Aqui me tratei da tontura, foi uma maravilha, vou à médicos, digo o que sinto, resolvem, mas dentista não sabe trabalhar [...]. A
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Fotografia 10 - Exposição verbal: sentimentos, dores e desconfortos durante pintura. Fonte: Acervo da pesquisadora, 2012.
A pesquisadora os ouviu atentamente e propôs a montagem de um mural com
o registro das falas dos participantes. Em seguida, deu início a uma reflexão sobre
os conteúdos das falas apresentadas destacando as dores e desconfortos. Na
sequência, perguntou-lhes o que gostariam de sentir e o que poderiam fazer para
melhorar a sua condição pessoal, registrando no quadro as opiniões verbalizadas:
[...] Podemos exercitar, aliviar, tratar, amenizar, conviver com ela, criar novos hábitos, reconhecer a fragilidade diante da idade, a limitação, achar a solução, saber mais sobre cada doença, ter informação sobre causas, sintomas, tratamentos, vir aqui [...]
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Fotografia 11 - Registros e relatos sobre o tema saúde Fonte: Acervo da pesquisadora, 2012.
Nesse momento, não houve fala individual que se destacasse. Todos os
participantes falavam juntos, concordando uns com os outros.
Ao final N. expôs seu pensamento:
[...] Se “plantamos vento”, colhemos tempestade, o que cada um planta colhe [...] Me sinto bem, não tenho dor alguma, nenhum desconforto, não tomo remédios [...] Intervimos refutando, às vezes a pessoa se cuida a vida toda e a doença surge mesmo assim. São diversos os fatores que nos fazem sentir doentes... mas os cuidados, sem dúvida, poderão ajudar a manter boa saúde.
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Foi lembrado que as pessoas aprendem juntas, destacando a riqueza da
troca de sugestões para solucionar, “curar” dores e modificar sentimentos
Fotografia 12 - Produções individuais: saúde pessoal e expectativas de tratamento e cura. Fonte: Acervo da pesquisadora, 2012.
No momento seguinte foi sugerido pela pesquisadora que o grupo refletisse
sobre o que estava ali paralisado, isto é, o registro da dor e propusesse uma
transformação, usando a técnica de pintura, que permite a escolha de diferentes
cores e materiais como aquarela, guache ou, o giz pastel.
Cada participante rapidamente escolheu seu material; A maioria optou por
tinta guache e aquarela. O grupo permaneceu em silêncio durante a confecção do
trabalho, realizado ao som de música instrumental. Depois de 30 minutos, os
participantes retomaram espontaneamente suas falas e apresentaram o autorretrato,
já transformado.
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Fotografia 13 - Produção de autoretrato. Fonte: Acervo da pesquisadora, 2012.
Houve a interação natural do grupo, que se expressou de forma descontraída,
falando sobre suas produções e assuntos do cotidiano.
[...] Nossa! em toda minha vida, nunca tinha feito nenhum desenho. Foi a primeira vez! Agora tenho que mostrar. Está feio, mas marcou minha vida [...]. N. [...] Foi tão bom, que nem lembro mais do que sentia, quando cheguei aqui [...]. (Di., referindo –se à tontura).
Ao final da Oficina, cada participante apresentou o seu trabalho tecendo
comentários sobre sua obra e sobre as produções dos demais integrantes do grupo.
Fotografia 14 – Exposição de autoretratos. Fonte: Acervo da pesquisadora, 2012.
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Fotografia 15 – Exposição de autoretratos. Fonte: Acervo da pesquisadora, 2012
4.3.3 Oficina 3
A terceira Oficina teve o objetivo de permitir que os participantes pudessem
perceber os impactos da doença física em seu estado emocional, identificando as
alterações provocadas pela mesma em seu modo de ser e de agir, após essa
identificação, projetarem no simbólico para posteriormente, com registro dessas
informações, transformar o real.
Para dar conta desse objetivo, a oficina teve início a partir de falas diversas
dos participantes sem intervenção da pesquisadora. Ao mencionarem suas doenças
físicas, a pesquisadora realizou explanação sobre o indivíduo como um ser completo
e não fragmentado, constituído dos aspectos físico (corpo-matéria), social,
emocional e espiritual.
Em seguida, o grupo verbalizou sobre as chamadas “doenças da alma” como
forma de demonstrar que percebiam a relação entre os aspectos físicos e
emocionais:
[...] aquilo que sentimos e dói dentro, não vemos, mas sentimos [...]. Di [...] o que temos de dores lá na alma, no fundo, dentro e que nos deixa doentes por fora também [...]. N [...] crenças são geradas por tristezas, desacordos, frustrações. A maior tristeza que podemos ter é ver nossos filhos e netos se destruindo com brigas e guerras, discórdias familiares [...]. A [...] hoje é muito comum: separação e divórcio. Nós somos do tempo, eu pelo menos, em que se vivia junto até morrer, hoje por causa de dinheiro e poder, as pessoas se distanciam [...]. N
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Na sequência, foi proposta uma vivência em que cada um dos participantes
deveria perceber seu corpo, fechando ou não os olhos para se concentrar, tentando
identificar o que sentiam quando pensavam na palavra doença.
A maioria permaneceu com os olhos fechados durante a atividade. Ao
terminarem, a pesquisadora sugeriu ao grupo o registro das percepções
identificadas, que quisessem compartilhar, em um quadro.
Para motivá-los a refletir sobre a relação entre o físico e o emocional, foram
levantadas as seguintes questões: O que a doença nos causa? Como lidar com os
sentimentos aparentemente promovidos involuntariamente? O que podemos fazer
de útil e criativo para aliviar os sintomas e as “doenças da alma”?
Responderam os participantes:
[...] medo [...] ansiedade [...] nervosismo [..] impotência [...] frustração [...] fragilidade [...] tristeza [...] irritação [...] angústia [...] falta de apetite [...] vontade de ficar bom [...].
Na continuidade, foi solicitado aos participantes que apresentassem
sugestões sobre o que poderia ser feito ou para lidar com os sentimentos
identificados.
O grupo, assim, se manifestou:
[...] Buscar transformação [...]. Di [...] Buscar alegria [...]. V [...] lidar com a realidade de cabeça erguida [...].T [...] Ser sincero consigo [...]. Ar [...] Ter humildade, buscando ajuda do próximo [...]. A [...] Não anular o seu todo [...]. D [...] Ser mais otimista [...]. M [...] Participar de grupos que proporcionem convívio social [...]. M D [...] Ler, estudar a doença [...]. N [...] Ouvir música [...]. M D [...] Vir às oficinas, como esta [...].V(risos dos participantes).
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Todos manifestaram suas opiniões, sorrindo e brincando com a temática,
dizendo que estavam se sentindo menos tristes por terem aquele grupo e que cada
um, ali, estava fazendo a diferença na vida do outro:
[...] Aplausos para o grupo [...] e para a Professora, disse [...]. é, se não fosse ela e sua proposta, não estaríamos aqui [...]. A
Em seguida, foi solicitado aos participantes que expressassem seus
sentimentos, cobrindo o desenho de um boneco, que os representava, enfatizando
nele a região do corpo onde sentiam suas dores.
A atividade foi realizada por meio da técnica de desenho em papel panamá;
pintura com aquarela, utilizando diferentes pincéis; escultura em massa de modelar
colorida, com opção de uso de espátula e papel cartão para apoio. Selecionaram um
pincel, observaram as cores no estojo de aquarela, elegendo as de sua preferência
e começaram a pintar, projetando no simbólico o que existia no real.
Ao final, os participantes relataram que gostariam de ter um novo boneco,
pois se "sentiam melhores” e “não mais pensavam nas dores como antes". A
pesquisadora propôs, então, que a partir das dores e sentimentos que se
transformaram, cada participante reconstruísse seu "molde" com uma nova
perspectiva sobre sua saúde. Embora concordassem com a proposta, questionaram
como fazê-la, receosos de errar.
Fotografia 16 - Produção com massa de modelagem Fonte: Acervo da pesquisadora, 2012.
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Fotografia 17 – Produção individual: Indicação de dor, tontura e zumbido. Fonte: Acervo da pesquisadora, 2012.
Fotografia 18 – Produção individual: indicação de desequilíbrio corporal. Fonte: Acervo da pesquisadora, 2012.
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Apresentou-se aos participantes o material sugerindo que abrissem e o
manipulassem livremente, percebessem a cor, textura e aroma. Enquanto
experimentavam, foi questionado sobre os conhecimentos prévios que tinham
acerca do mesmo: quando e onde usaram?
[...] Sim, brinco, às vezes com meu neto [...]. D [...] Nunca tinha nem visto, que cheiro bom! [...]. Ar [...] Que delícia mexer nisso, olha tô que nem criança! [...]. V i [...] A sensação é essa mesma, me sinto criança, quero levar para casa, pode? [...]. Di [...] Há quanto tempo não fazia isso [...]. M D [...] Quanto tempo temos, "doutora"? Quero começar logo [...]. H
Nesse momento, N. disse que não sabia muito bem como “mexer com aquilo”
e que “sua produção ficaria feia". Foi relembrada a importância de não se
preocuparem com o estético. A proposta era que pudessem criar e se perceber no
presente, projetando e renovando suas emoções e sentimentos.
[...] A graça está ai, em fazer e desfazer, reconstruir; se quebrar, ou se não ficar bom, dá para começar de novo [...] M.D.
A atividade foi realizada ao som de música instrumental. Nem todos
terminaram juntos, alguns necessitaram de mais tempo para a sua execução. Ao
término, cada participante mostrava ao outro o resultado de seu trabalho, apontando
de forma descontraída suas "imperfeições" na escultura.
Foi, então, sugerido pela pesquisadora que exibissem suas esculturas,
relatando o que sentiram durante a atividade e os sentimentos ali registrados, tendo
sido apontados os seguintes:
[...] diversão [...]. M [...] alegria [...]. A [...] distração [...] Do [...] relaxamento [...]. H
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[...] terapia[...]. Ar [...] cura [...]. N [...] infância [...]. Di [...] brincar [...]. A [...] liberdade [...] H [...] criar [...].T [...] restaurar [...]. N [...] desmanchar [...]. D [...] recomeçar [...]. V [...] ter criatividade [...]. H [...] recomeçar [...]. Di [...] novidade [...]. A [...] sou nova agora, me transformei [...]. N [...] aprendi que com o novo posso aprender [...]. H [...] a vida é como diamante, uma pedra bruta, que precisa ser lapidada...tudo na vida vale a pena [...]. D [...] voltamos a ser criança [...]. A
Ao final da Oficina, todas as esculturas foram fotografadas. Os participantes
foram orientados a guardarem suas obras, em uma grande caixa de presentes, que
havia sido preparada especialmente para este fim.
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Fotografia 19 – Modelagem: representação simbólica de novo Ser Fonte: Acervo da pesquisadora, 2012.
Ao final da Oficina, um dos participantes pediu a palavra e interpretou um
poema de sua autoria, arrancando aplausos espontâneos do grupo.
Fotografia 20 – Participante recitando poema de sua autoria. Fonte: Acervo da pesquisadora, 2012.
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4.3.4 Oficina 4
A quarta Oficina teve o objetivo de informar sobre a doença vestibular,
resgatar o conceito de criatividade e arteterapia, como estas poderiam auxiliar na
promoção da qualidade de vida e inclusão social dos participantes.
As atividades se iniciaram pelo resgate das informações e dos trabalhos
realizados pelos participantes nas Oficinas anteriores. Também foi resgatado o
propósito comum do grupo: por que estavam ali? O que os unia? Todos
expressaram: tratamento para ''labirintite".
Com base nos autores estudados, em disciplinas ministradas no Programa de
Mestrado Profissional em Reabilitação do Equilíbrio Corporal e Inclusão Social, a
pesquisadora esclareceu ao grupo a diferença entre "labirintite" e vestibulopatia.
Considerando ainda que alguns dos participantes expressaram sua
dificuldade em entender o que era uma vestibulopatia, a pesquisadora explicou-lhes
em que consistia a doença, usando um balão de gás transparente cheio, contendo
areia e outro cinza dentro do transparente.
Foi realizada uma analogia, entre o balão cinza e o líquido onde se localizam
os cristais que estão no labirinto humano e o balão transparente para simbolizar a
orelha interna, no qual o liquido permanecia. Com o deslocamento desses mini
cristais, acontecia a tontura, o zumbido, a vertigem, o desequilíbrio corporal e, enfim,
a vestibulopatia. Por isso, quando realizavam as manobras, ou os exercícios
(citaram quais fizeram), voltavam a sentir melhora no equilíbrio, porque esses
cristais retornavam ao lugar.
Durante a explicação, houve grande participação do grupo que se mostrou
ansioso por fazer perguntas, desejando questionar se a doença só acontecia com
idosos, entre outras questões.
Após a explicação, os participantes puderam entender a diferença entre
labirintite e vestibulopatia e demonstraram interesse em saber o porquê do nome
vestibulopatia. Foi lhes explicado que o termo se associa a algo interno, a um
vestíbulo, local em que antigamente as pessoas se vestiam.
[...]. Ah, agora sim, entendi... Mas, ainda não sei falar, vesti...como é mesmo? [...]. V [...] O importante é aprender, quando temos o conhecimento da doença, fica mais fácil entendê-la [...]. N
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[...] Minha nossa, “Doutora”, se a senhora não tivesse me explicado, eu nunca ia saber isso [...].H [...] Agora, sou menos ignorante [...]. D [...] Às vezes, podemos ler, pesquisar, buscar saber as coisas, mas nos acomodamos, ficamos esperando alguém nos conta r [...]. N [...] Então agora já sei o que é. Mesmo assim, ainda tenho dores. Está melhorando, mas ainda sinto uma pressão na cabeça, vem e passa [...].Di
Na continuidade, os idosos participaram de uma atividade lúdica cuja
finalidade era testar o equilíbrio. Sentados em círculo, deveriam movimentar - no
centro - com um balão prata seguro com uma fita verde, tocando-o levemente, sem
deixá-lo cair. Posteriormente, outros balões de cores diversas foram gradativamente
sendo introduzidos, facultando aos idosos a escolha das cores que mais lhes
agradassem. Os participantes poderiam movimentar os balões em duplas e/ou em
grupo.
A atividade foi realizada em clima de descontração e ao som de cantigas de
roda. Apenas uma participante não realizou a atividade sentada, tendo permanecido
em pé. Os participantes conseguiram manter o equilíbrio, somente se
desequilibrando, quando perdiam a concentração.
Fotografia 21 - Atividade lúdica: exercício com balões, para teste de equilíbrio. Fonte: Acervo da pesquisadora, 2012
62
Da segunda fase dessa Oficina, participaram dois arteeducadores: o
professor Mario Pecand e a professora Katia Pecand, que realizaram uma atividade
interativa com os idosos com o propósito de resgatar as lembranças da infância,
proporcionar o lúdico e o riso, os sentimentos que essas lembranças traziam.
Fotografia 22 – Dramatização: boneco Barbareco. Fonte: Acervo da pesquisadora, 2012
Fotografia 23 - Atividade lúdica: participação do palhaço e participantes. Fonte: Acervo da pesquisadora, 2012
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Fotografia 24 - Criação de personagens em bonecos. Fonte: Acervo da pesquisadora, 2012.
A atividade foi iniciada por explanação sobre a arte circense, entrecortada por
brincadeiras interativas. Em seguida, foram distribuídos bonecos e fantoches aos
participantes para que pudessem "criar histórias" ou "criar vidas para eles". A
atividade foi realizada em clima de empatia e descontração conforme os depoimentos
a seguir:
[...] Foi uma maravilha! Obrigada, por esse momento! [...]. M D [...] Voltei a ser criança, não ria assim há tempos! [...]. Di. e V [...] Foi bom demais, parabéns... [...]. D [...] Esse palhaço é muito bom! Um artista, professora! Obrigado por este presente! Lembrei da minha vida de circo, do tempo em que eu trabalhei com eles, me remeteu a bons momentos, fico muito agradecido [...]. A [...] Voltei a ser criança! Na minha terra, quando era pequeno, ia circo na cidade, eu visitava sempre, me lembrei do meu pai, tive uma boa infância! Muito obrigada, por ter nos proporcionado esse momento [...]. Di [...] Também, me diverti, ele é bom, engraçado [...] O tempo passou, nem vi, e já acabou, que pena! [...] Gostei muito, muito obrigada! [...]. N [...] Não via um palhaço de perto assim! Nem sei, quanto tempo! Agora tem um, aqui, ao vivo! Ri muito...muito bom [...]. Ar. [...] Ainda bem que pude participar! Voltei a ser criança! [...]. T [...] Aqui agente só tem a ganhar, temos que aproveitar esses momentos [...]. A
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4.3.5 Oficina 5
Fotografia 25 - Exercícios de experimentação musical, aquecimento corporal e respiração. Fonte: Acervo da pesquisadora, 2012.
A quinta Oficina teve o objetivo de proporcionar aos idosos o contato com a
linguagem musical por meio de um profissional da área, verificando a interferência
desse tipo de linguagem no comportamento, humor, bem estar e a importância dos
sons e silêncios para cada participante.
Em consonância com esse objetivo, foram abordados os seguintes
conteúdos: participação; desenvoltura; compreensão de comandos, propcepção,
afinação; percepção visual e auditiva; ritmo; timbres; dicção e criatividade. Além
desses conteúdos, também foram discutidos: a musicoterapia como especialidade
terapêutica; solitude e solidão; dons e talentos, ser e ter.
Para tanto, os participantes foram recebidos pelo maestro e multi
instrumentista Professor Carlos Alberto Toledo com músicas tocadas em diversos
ritmos: valsa, salsa, samba, bolero, MPB, além de outras eruditas.
A presença do profissional foi aprovada pelos participantes, conforme
afirmaram os idosos:
[...] Cada dia uma novidade [...], Hoje tem música, que delícia [...]. V e M D
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De início, o maestro solicitou ao grupo que relatassem suas experiências na e
com a música. Conforme cada participante se expressava, o artista mudava o ritmo
da melodia no teclado, contextualizando as falas:
[...] Eu tocava numa banda lá no Nordeste. Tocava percussão, Maestro. Acompanhava meu irmão adotivo no pandeiro, tocava gongo, e bumbo, eu tinha ritmo sabia [...]. Ar [...] Meu neto toca violão, eu gostava muito de cantar [...].D [...] Ah, eu adoro música, gosto de samba. Sair em escola no carnaval, é uma energia! maravilha estar lá! Uma experiência que nem sei como contar [...].V [...] Lá, em casa, toca musica clássica o dia todo, apreciamos muito. Meu marido e meus filhos, netos, foram todos acostumados a ouvir. [...]. M D [...] Gosto de música sacra, que toca na igreja [...]. D [...] Quem não gosta de música, deve ter alguma coisa errada [...]. N
Na continuidade, foram usadas técnicas e materiais para exercícios de
expressividade e canto coral, como vocalizes, trava-línguas e respiração, contando
com o apoio do instrumento teclado e de letras de música impressas, exercícios
produzidos no quadro, canetão, papel e caneta. O maestro propôs ao grupo que
ouvissem uma música.
Ainda, para realização desses exercícios, o Maestro solicitou ao grupo que
identificasse a melodia tocada e o ritmo correspondente. Ao identificá-la ("É preciso
saber viver", do cantor e compositor Roberto Carlos) os participantes se puseram a
cantá-la.
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Fotografia 26 - Exercícios de vocalizes e de interpretação musical. Fonte: Acervo da pesquisadora, 2012.
Além dos exercícios respiratórios, os idosos foram solicitados a utilizar de sua
criatividade, improvisando e criando letras em melodias de canções populares. Ao
final dessa atividade, o grupo entoou a música selecionada como um coral;
alternando vozes femininas e masculinas, em diferentes ritmos e demonstrando
grande entusiasmo e empolgação.
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Fotografia 27 – Apresentação musical: maestro e idosos
Fonte: Acervo da pesquisadora, 2012.
Na continuidade, a pesquisadora propôs aos idosos que realizassem um
exercício e tentassem ouvir a sua própria voz interior, percebendo os sons do
silêncio, indagando-lhes: Você ouve o silêncio? Ouve as vozes do seu interior?
Identifica os significados que há no silêncio? Para responder a essas questões,
sugeriu: perceba, ouça sua voz interior. O que ela tenta lhe dizer? Essa voz só se
percebe, só se ouve, no silêncio. Como é para você estar em silêncio, ouvir e
produzir o que se ouve, deseja experimentar?
Para realização dessa atividade, o grupo permaneceu a sós, em silêncio e
com os olhos fechados por alguns minutos. Em seguida, deveriam registrar em uma
folha de papel em branco o que ouviram de suas "vozes internas". Tendo sido
facultada a apresentação ao grupo do que cada participante conseguiu perceber de
seu interior, a maioria quis compartilhar suas percepções.
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Fotografia 28 – Produção escrita, “os sons do silêncio”. Fonte: Acervo da pesquisadora, 2012
4.3.6 Oficina 6
Fotografia 29 – Painel indicativo de diferentes momentos das oficinas Fonte: Acervo da pesquisadora, 2012
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Fotografia 30 – Produção e troca de ideias sobre emoções e sentimentos individuais Fonte: Acervo da pesquisadora, 2012.
Fotografia 31- Troca de ideia sobre início e término das oficinas. Fonte; Acervo da pesquisadora, 2012.
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Fotografia 32 - Momento de criação e produção coletiva. Fonte: Acervo da pesquisadora, 2012.
O sexto e último encontro, tinha o objetivo de realizar uma avaliação entre os
momentos de entrada e de saída dos participantes nas Oficinas mediante a
observação e comparação das produções, individuais e em grupo, realizadas
durante todo o processo.
Os conteúdos tiveram o foco em: memória, localização temporal, percepção da
síntese e do todo, continuidade e criatividade. Além desses, foram resgatados
conceitos apresentados e discutidos em cada oficina, destacando-se: sonhos e
lembranças; identidade e criatividade; autoestima; angústias; tristezas; alegrias;
conceito de felicidade; solitude e solidão; vínculos; dores; perdas simbólicas e reais;
liberdade; autonomia; dons e talentos; vocação; ser e ter; ator e autor; morte em vida
e vida em morte, a vida em plenitude; conceitos de ética; cidadania; humanização etc.
De início, foi resgatado o propósito das Oficinas, isto é o que havia levado os
idosos até ali, o que puderam aprender e compartilhar uns com os outros. E, a partir
das falas colhidas, a pesquisadora destacou os vínculos de amizade construídos e o
crescimento e a mudança ocorridos com cada um sugerindo que os participantes
observassem e manuseassem os trabalhos realizados durante as oficinas (crachá
de identificação; desenho e escultura do boneco; produção escrita). Todos
observaram suas produções; olharam de perto; apreciaram, manuseando,
relembrando e comentando o que tinham realizado.
71
Alguns lamentavam em voz alta:
[...] Ah, hoje é o ultimo dia, vou chorar[...]. V [...] Que pena, o que é bom dura pouco, sábio ditado [...]. D
Foi sugerido que cada participante olhasse para tudo o que produziu,
tentando lembrar como estava ao chegar para a primeira Oficina; pensar em sua
participação, seus relatos, produções e como estava, hoje, no último encontro.
Deveriam, portanto, percorrer mentalmente todo processo, tentando recordar cada
momento ali vivido.
Em seguida, foi-lhes solicitado registrar o que sentiam naquele momento,
como se percebiam e enxergavam o grupo, podendo, inclusive, relacionar essas
percepções com o que desejassem em um quadro branco confeccionado em dois
metros de papel panamá, utilizando desenho, pintura, recorte, colagem, modelagem,
dobradura. Cada participante poderia também intervir e relacionar sua produção com
a produção de outro participante, dividindo o seu espaço no quadro.
Ao término, poderiam compartilhar seus trabalhos com o grupo, se
desejassem. Alguns participantes permaneceram em silêncio, por alguns minutos
outros preferiram comentar:
[...] Me sinto um novo ser, sempre aprendo estando com pessoas.Só de estar aqui, conhecer vocês, foi um presente e tanto, adorei!!! Agora, posso voltar??? [...]. V [...] O mais importante é aprendermos uns com outros. Cada um tem sua limitação, mas se estudarmos e buscarmos conhecimento, haverá um tempo em que todos nós não envelheceremos mais, quando o nosso pensamento, nossa inteligência dominar o nosso ser, ai não seremos mais limitados [...]. N [...] Aqui se pratica a humanização. Fala-se tanto, lá fora, em humanizar-se, em ser mais humano com o outro, mas não vejo muito isso. Na prática, o discurso é diferente [...] Aqui sim, vi as pessoas se mostrarem com suas limitações, tentando buscar o que tem de melhor em si mesmo [...]. D [...] Eu aprendi doutora a ser mais feliz, a estar mais envolvida com as pessoas. Cheguei, aqui, triste, mas, agora, eu percebi que dá para eu levar a vida de outro jeito [...]. H [...] Eu não tinha nada para fazer. Vim, aqui, sem saber o que me esperava, agora eu me sinto mais útil [...] . Ar
72
[...] Queria participar de outros encontros, como este. Foi muito bom enquanto durou [...].T [...] Percebi o quanto precisamos uns dos outros [...]. Do
No encerramento das Oficinas, foram resgatadas algumas informações sobre
aprender, utilizando os recursos da linguagem da arte, a importância da mesma para
o desenvolvimento da autonomia como a capacidade de fazer escolhas e de assumir
as consequências de suas produções (seus atos). Também foram resgatas as
experiências propiciadas pelas Oficinas: a aquisição de informações sobre temas,
até então desconhecidos ou poucos conhecidos; a construção de novos
relacionamentos; o enfrentamento de desafios propostos na realização das múltiplas
atividades; as possibilidades de expressar suas opiniões, sentimentos, apreciações,
críticas, além dos múltiplos materiais que tiveram acesso para expressar seus
sentimentos, pensamentos, dúvidas e inquietações.
Fotografia 33 – Última oficina: produção coletiva. Fonte: Acervo da pesquisadora, 2012
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Fotografia 34 - Última oficina - Registro do “estado” individual em produção coletiva. Fonte: Acervo da pesquisadora, 2012.
4.4 CONSIDERAÇÕES SOBRE AS OFICINAS
Durante a realização das Oficinas, foi observado, grande envolvimento e
comprometimento por parte dos participantes: eram pontuais, alguns chegavam
antes do horário marcado; apreciavam aguardar o início das atividades na "sala de
espera" e realizavam as atividades com muita disposição, demonstrando
comportamentos solidários.
Alegria, entusiasmos, participação, eram características notáveis no grupo.
Além disso, agradeciam a oportunidade de fazerem parte do trabalho.
Ao final, solicitaram novos encontros e se mostraram ansiosos por um
próximo trabalho.
4.5 ENTREVISTA FINAL
Na entrevista final, realizada em 11/04/12, foram feitas apenas duas
perguntas aos participantes: (1) como havia sido a participação deles nas Oficinas
de arteterapia? (2) se acreditavam que elas haviam lhes proporcionado alguma
74
contribuição para sua saúde? Em caso positivo, quais eram essas contribuições?
(Apêndice D).
Entre as respostas, destacam-se:
[...] Participar das Oficinas de Arteterapia foi ótimo. Gostei de tudo e não tenho nada a reclamar... No desequilíbrio, a dor nos joelhos, para ser bem sincero, continua igual, não contribuiu em nada. Mas, fiz novos amigos, me sinto mais animado, converso mais com os outros, antes tinha vergonha... Agora, perdi [...] A [...] Participar das oficinas foi “tudo de bom”. Como tudo que se faz aqui, como somos tratados. Pena que acabou! Mas, aprendi muito. Tive todas as contribuições, não senti mais dor, nem tontura, voltei a “ser criança”. E minha neta até percebeu. Tive muita distração, você aprende a conviver com os problemas, cria soluções; me fez ver que sempre tem alguém que está pior que a gente...[...] D [...] Foi maravilhoso participar das Oficinas, me senti viva! Eu vivia pensando em coisas ruins.... morte e doenças; melhorei muito, aqui, contribuiu para eu dar risada, não ter depressão, melhorou a labirintite.[...] V [...] Para ser sincero eu não vi melhora no meu desequilíbrio corporal, continua a mesma coisa, mas me sinto mais alegre, percebi que converso mais, fiz novos amigos, estou mais solto.[...] Ar
75
5 DISCUSSÃO
Os dados levantados indicaram que em relação ao gênero houve a
predominância do gênero feminino comprovando o que aponta o estudo de Gazzola e
colaboradores (2006), ao afirmar que as mulheres procuram mais tratamentos que os
homens e apresentam maior ocorrência de vestibulopatias..
Em relação à faixa etária, o grupo estudado está em conformidade com as
projeções feitas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há uma
mudança na pirâmide social brasileira, ou seja, uma diminuição significativa das
faixas etárias de jovens e adultos, para um aumento das faixas com mais idade
(IBGE, 2011).
Referente ao estado civil verificou-se a predominância de idosos casados e
viúvos, o que condiz com os resultados do Censo de 2010 demonstrando que os
idosos casados da população brasileira totalizam 51,8% e os viúvos 28,5%.
Quanto ao nível de escolaridade o dado informado está de acordo com as
pesquisas do IBGE, censo demográfico, 2010 (IBGE, 2011) que indica a existência
da pirâmide educacional brasileira, ou seja, 78,11% da população não tem a
educação básica concluída.
Segundo Neri (2008) a condição socioeconômica dos idosos, apresenta um
crescimento relativo do número de mulheres, que são chefes de famílias, que fazem
parte da população economicamente ativa e sustentam seus dependentes e, entre
as famílias de baixa renda, essa situação perdura após o evento da aposentadoria.
Joia, Ruiz e Donalísio (2007) consideram que os fatores socioeconômicos são
relevantes e influenciam na qualidade de vida da população idosa, pois a situação
financeira proporciona suporte material para o bem estar do indivíduo, modifica a
maneira com que lidam com os graus de qualidade habitacional, com as pessoas
que o rodeiam, com a independência e estabilidade econômica.
Quanto à moradia as informações convergem para os estudos de Joia, Ruiz e
Donalísio (2007) que consideram a posse e o conforto domiciliar condições que
promovem a segurança e bem estar do idoso e, portanto, interferem na qualidade de
vida.
Apesar de velhice não ser sinônimo de doença, sabe-se que, nessa fase da
vida, as pessoas tendem a estar mais vulneráveis a problemas de saúde, carentes
de atenção e apoio. Dessa forma, idosos que vivem com outras pessoas, sendo
76
estes familiares ou não, parecem estar mais bem amparados em caso de problemas
de saúde. Em contrapartida, idosos que moram sozinhos podem ser considerados
mais desprovidos de apoio diante de tais dificuldades.
Referente a situação previdenciária, Neri (2008), afirma que a falta de
oportunidade de trabalho para o idoso, demonstra a necessidade de se repensar a
atuação do mesmo na sociedade, oportunizando-lhes o trabalho profissional. Por
vezes, não lhes é dado chance de atuar e ser incluído como pertencente a um grupo
profissional atuante socialmente, além disso, a aposentadoria do idoso traz como
consequência a diminuição de sua renda e repercussões diretas em sua qualidade
de vida.
5.1 AUTOESTIMA
A sensação de serem estimados
combate os sentimentos penetrantes de inutilidade e isolamento.
As trocas geracionais não devem se restringir a família e aos
programas de políticas públicas,
mas também expandidas às instituições privadas e a outras
representações da sociedade
LIMA (2007, p.172)
Para considerar uma vida com qualidade, é primordial a existência da
autoestima, fator positivo que impulsiona o idoso a se sentir confiante, mesmo com o
surgimento e constatação de algumas limitações advindas do avanço de idade.
Segundo diálogos e demonstrações dos idosos presenciados pela
pesquisadora, a autoestima é constituída de sentimentos de competência e de
valoração pessoal, acrescida de autorespeito e autoconfiança, sensação de
pertencimento social, aspectos que contribuirão para que o indivíduo se sinta
produtivo e “vivo”, diante do cenário de vida em que atua (MACÊDO e ANDRADE,
2012).
Neste estudo, analisando as falas dos idosos e seus diálogos espontâneos
ocorridos durante a vivência com seus pares, nas Oficinas de Arteterapia, percebeu-
se que se sentiam valorizados, após uma palavra de reconhecimento, um elogio e
do desvelamento de qualidades que, ali, demonstravam. Mesmo, buscando manter a
77
autoestima elevada, os idosos revelaram em suas falas a diminuição da mesma,
quando declaravam ser a velhice a principal causa de suas dificuldades:
[...] a velhice atrapalha o homem. Ser velho nos limita, me sinto fragilizado pela idade, queria fazer mais coisas. Infelizmente, não dá. Isso deixa a gente chateado [...]. A [...] falam que estamos na melhor idade. Eu acho que é a pior idade [...]. Ar [...] tenho problemas. Vivo com eles. Não é fácil, sei que todos tem. Mas, me sinto triste, incapaz e sem vontade. É a idade [...].H [...] eu falo errado e alto. Esse meu jeito de ser, não agrada os outros. Eu sei, mas sou assim, é um defeito deveria mudar, coisa de velha! [...]. V [...] sou agitada, não paro de falar. Isso irrita as pessoas. Conviver não é fácil. Tem gente rabugenta [...].N
Esses elementos nostálgicos relembrados pelas falas de alguns dos
participantes convergem com a afirmativa de Bosi (2004):
A conversa evocativa de um velho é sempre uma experiência profunda, repassada de nostalgia, revolta e resignação pelo desfiguramento das paisagens caras, pela desaparição de entes amados, é semelhante a uma obra de arte (BOSI, 2004, p.22).
Estudos sobre a avaliação da autoestima no idoso indicam que vários fatores
influenciam na composição e elevação da autoestima, que pode ser desenvolvida
em programas culturais por meio de atividades como palestras, oficinas, aulas
teóricas e práticas e, por outras atividades, caracterizadas por lúdicas, de
socialização, culturais e de lazer em que haja sempre a presença de várias pessoas
formando um grupo social. Na opinião do autor citado, essas atividades influenciam os
seus participantes de forma positiva, promovendo bem estar e concorrendo para a
manutenção da saúde, especialmente, de idosos inseridos em instituições, como os
Centros de Assistência Integral a Saúde do Idoso. Certamente, esses idosos
constituirão uma nova geração de envelhecimento, que passa a ser bem sucedida na
medida em que suas experiências lhes permitirão obter subsídios para uma
“qualidade de vida” real e satisfatória.
Nessa direção, durante a realização das oficinas, a pesquisadora resgatou
conceitos e significados de: velhice, terceira idade e ciclos da vida, buscando
oferecer aos idosos a oportunidade de discutir sobre a diferença entre cada um
78
desses termos, destacando a importância do indivíduo como ser na sociedade e,
independente de sua idade, qual o seu papel de cidadão de que forma poderia viver
de forma saudável.
Dahlke (1992) registra em sua obra A doença como linguagem da alma, que
na época em que se “deusifica” a juventude, o processo de envelhecimento, a
velhice em si, são necessariamente problemáticos. Dahlke (1992), diz a esse
respeito:
Quanto mais uma época é cegada por Hebe, figura da mitologia grega, representada pela colorida deusa da juventude, tanto mais o horror mortal da velhice se transforma em uma epidemia. Hebe traz ao mundo populações de anciãos.
Dahlke (1992, p.353) ainda afirma que:
A epidemia de envelhecimento é interpretada como a sombra legítima de nossa sociedade sedenta de juventude, da mesma maneira pela qual 'o ilícito amor pelo mundo do Renascimento' provocou a sífilis e 'a pureza do brilho dourado das abóbadas da crença medieval deflagraram a morte negra.
As falas dos idosos revelaram que as Oficinas de Arteterapia contribuíram
para elevação de sua autoestima, o que pode ser evidenciado durante a realização
das atividades, quando os participantes se mostraram capazes de executá-las, bem
como por parte do acolhimento do grupo, o que concorreu para reforçar o seu
sentimento de pertencimento social e manifestação de sentimentos de alegria.
Assim, a arteterapia concorre para o fortalecimento da autoestima uma vez
que possibilita aos idosos demonstrar suas habilidades e sua capacidade criativa
durante o processo de produção "artística". Nas situações em que puderam
compartilhar suas produções, percebeu-se que o reconhecimento de seus pares
influencia a elevação da autoestima, fazendo com que se sintam valorizados e
motivados para a realização de novos trabalhos, inclusive, descobrindo capacidades
que, para alguns, eram até então desconhecidas.
5.2 RELAÇÃO COM A SAÚDE
Segundo a OMS, o conceito de saúde é definido não apenas como a
ausência de doença, mas como a situação de pleno bem estar físico, mental e social
do indivíduo.
79
No caso específico de idosos, verifica-se que inúmeros fatores interferem em
sua capacidade funcional que poderão sofrer alterações, dependendo de suas
condições físicas, biológicas, sociais, culturais e econômicas. Ainda, dependendo
dessas condições, os idosos estão mais vulneráveis às doenças, razão pela qual a
manutenção da saúde deve ser uma constante em sua vida, para que tenha a
qualidade de vida almejada.
Em sua obra “A doença como caminho”, Dahlke (2002) estabelece uma
relação entre as doenças e o psiquismo. O autor considera que as doenças
representam manifestações físicas de conflitos psíquicos existentes. Nesse sentido,
os distúrbios funcionais não possuem significados em si mesmos, mas estão
repletos de simbolismos na medida em que constituem manifestações psíquicas de
um estado interno perturbatório em que o indivíduo doente é simultaneamente
perpetrador e vítima de sua própria inconsciência (DAHLKE, 2002).
Para Dahlke (2002), a perda da ordem e do equilíbrio interno se manifesta no
corpo por meio da doença, cujos sintomas interrompem o ritmo natural da vida e
“obrigam” as pessoas com a doença a ficarem dependentes desses sintomas que,
por sua vez, sinalizam uma carência a ser preenchida. O sintoma constitui, portanto,
um aviso de que algo falta. Algumas falas dos idosos reforçam a posição de Dahlke
(2002):
[...] aquilo que sentimos e dói dentro, não vemos, mas sentimos [...] D [...] o que temos de dores lá, na alma, no fundo e dentro, é o que nos deixa doentes por fora também [...] N
Ainda, sob a perspectiva de Dahlke (2002), os participantes deste estudo
discutiram as seguintes questões: O que a doença lhes causa? Como lidar com
esses sentimentos promovidos involuntariamente?O que se pode fazer de útil,
criativo, para aliviar os sintomas e as doenças da “alma”? Vale destacar que o termo
“alma” foi utilizado no lugar de “psiquismo” por ser de mais fácil compreensão para
os idosos.
As frases a seguir sintetizam as opiniões dos idosos:
Sentimos medo, ansiedade, nervosismo, impotência, frustração, fragilidade, tristeza, irritação, angustia, falta de apetite. Temos a vontade de ficar bem, buscar transformação, lidar com a realidade de cabeça erguida.
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Ser sincero consigo mesmo, não anular o seu todo, ser mais otimista. Participar de grupos que proporcionem: convívio social, ler, estudar, saber sobre a doença, ouvir música, participar de oficinas de arteterapia...
Analisando suas falas, verificou-se a importância do acesso à informação, da
obtenção de esclarecimentos e de maiores conhecimentos sobre a doença, no caso,
as vestibulopatias, isto é, sobre os seus sintomas, tratamento, autocuidado e cura,
agregando assim valores para a manutenção da saúde e busca pela qualidade de
vida.
Portanto, no tocante à relação dos idosos vestibulopatas com a saúde,
percebeu-se que as atividades de arteterapia incentivam a troca de informações nas
situações em que os idosos são solicitados a falar de sua condição de vestibulopata,
entre outros, aspectos de sua saúde. O conhecimento pessoal sobre as dores
pessoais, sejam elas físicas ou outras de origem emocional (as chamadas "dores da
alma") e o seu compartilhamento com os pares, manifestado nas produções
individuais e nos trabalhos conjuntos, bem como durante as explicações e
orientações da pesquisadora, indicou que as atividades de arteterapia podem
concorrer para que os idosos vestibulopatas ampliem a consciência de sua condição
física, intensifiquem práticas de autocuidado, assumam maior comprometimento em
relação à sua saúde, tornando-se menos fragilizados e mais responsáveis pela
busca do bem estar e da qualidade de vida.
5.3 RELAÇÃO ENTRE O LÚDICO E A SAÚDE
A todos os que sofrem e estão sós, dai sempre um sorriso de alegria.
Não lhes proporciones apenas os vossos cuidados, mas também o vosso coração.
Madre Teresa de Calcutá
Essa categoria permitiu conhecer as contribuições do riso, do bom humor e
da alegria manifestada pelos pacientes participantes na Oficinas de Arteterapia,
durante o desenvolvimento de atividades lúdicas e de brincadeiras, em clima de
descontração.
Nos últimos tempos, a utilização de ferramentas de comunicação e artísticas
com ênfase na promoção do riso e da alegria vem sendo utilizadas como recurso
terapêutico. O bom humor (riso) tem conquistado maior espaço como indicador da
81
medicina humanizada, estruturando a relação entre médicos e demais profissionais
com os pacientes, evidenciando melhor atenção ao doente (LUIZ, 2007).
Segundo esse autor, o riso é um tipo benéfico de pressão e de estresse
(positivo) que ajuda a prolongar a vida, além de causar o relaxamento. O ato de rir
provoca a liberação de substâncias como adrenalina, noradrenalina e
catecolaminas, responsáveis pela emissão de estímulos positivos ao coração e pela
elevação da pressão arterial. Provoca o relaxamento de alguns músculos e
contração de outros, melhorando o fluxo sanguíneo, minimizando inflamações,
apressando o processo de cicatrização e mantendo a condição geral do organismo.
Os benefícios apontados indicam que o riso pode representar um grande aliado
terapêutico.
Em estudo realizado em 2009, Salum considera que a ludicidade, o humor, a
diversão e a participação social são motivos de bem estar em todas as idades.
Considera que, após uma longa vida de trabalho, é preciso reaprender a brincar e a
se divertir e o melhor momento para isso é quando não se está mais pressionado
pela obrigatoriedade, quando se dispõe de tempo livre e sabedoria de vida para tal.
Lembra a autora que brincar é buscar o que proporciona prazer, causa alegria, bom
humor, afastando os fantasmas do desânimo, da desmotivação e da doença.
Para a autora, as atividades físicas, os jogos esportivos, competitivos e
lúdicos quando não usados com fins financeiros, poderão preencher os mesmos
efeitos da função brincar em relação à promoção do bem estar. Igual função poderá
ser desempenhada por atividades criativas e artísticas presentes nas linguagens da
música, da dança, do teatro, da literatura, entre outras.
Morais (2009) afirma que o humor também se dá na interação social e que
sem uma participação social, o ser humano tende a se sentir solitário, inútil e vazio.
Quando privado de companhia, as pessoas poderão apresentar sentimentos de
melancolia, angústia, tristeza, depressão, entre outros.
Confrontando a literatura citada com as falas dos participantes em atividades
centradas no lúdico, entre elas, jogo com balões de ar, mímica, dramatização,
criação de vida para bonecos, além da interação com o artista circense, verificou-se
que, por meio dessas atividades, os participantes resgataram fatos presentes em
suas memórias, atividades desenvolvidas durante a infância, emergindo delas o riso,
o prazer e a alegria, conforme pode ser evidenciado nas frases a seguir:
82
[...] Foi uma maravilha, obrigada por esse momento![...] M.D [...] Voltei a ser criança, não ria assim há tempos [...] D. e V [...] Foi bom demais, parabéns... [...].D [...] Esse palhaço é muito bom, um artista professora, obrigado por este presente, lembrei da minha vida de circo, do tempo em que eu trabalhei com eles, me remeteu a bons momentos, fico muito agradecido [...]. A [...] Voltei a ser criança; na minha terra, quando era pequeno, ia circo na cidade, eu visitava sempre, me lembrei do meu pai, tive uma boa infância, muito obrigada por ter nos proporcionado esse momento [...] Di [...] Também me diverti, ele é bom, engraçado [...] o tempo passou, nem vi, e já acabou, que pena [...] gostei muito, muito obrigada! [...]. N [...] Não via um palhaço de perto assim, nem sei a quanto tempo, agora tem um aqui ao vivo, ri muito, muito bom [...]. Ar [...] Ainda, bem que pude participar, voltei a ser criança [...]T [...] Aqui, agente só tem a ganhar, temos que aproveitar esses momentos [...]. A
Em face do exposto, a linguagem teatral (mímica, dramatização etc.)
empregada como recurso arteterapêutico permitiu o resgate à memória de
brincadeiras realizadas durante a infância, além de um conjunto de atividades
prazerosas, marcadas pela alegria e pelo bom humor, inclusive de um tempo em
que as condições de saúde, segundo verbalização dos participantes, eram
melhores. O resgate de lembranças agradáveis, canalizado para as atividades de
arteterapia, indicou que o lúdico, a manifestação do riso e da alegria podem
corroborar para o fortalecimento de atitudes como o otimismo e o bom humor
entre os idosos vestibulopatas, com repercussões positivas sobre a motivação, o
empenho e a responsabilidade pessoal quanto à continuidade do tratamento de
reabilitação.
83
5.4 APRENDIZAGEM
“Ai daqueles e daquelas entre nós,
que pararem com sua capacidade de sonhar,
de inventar a sua coragem, de denunciar e anunciar”.
Paulo Freire
A importância do ato de aprender é discutida ao longo da história da
humanidade. Buscar a informação e transforma-la em conhecimento constituem
atividades intrínsecas à natureza do ser humano. Desde os primórdios, o homem já
buscava conhecer o novo e descobrir o que existia ao seu redor.
Analisando as falas dos idosos participantes dessa pesquisa, pode-se
identificar o quanto valorizavam a busca do conhecimento e de aprender sobre o
novo. Ao mesmo tempo, procuravam discutir o conhecido, reler suas experiências
em busca de novas formulações para sua vida.
Desde a realização da entrevista inicial e durante as seis Oficinas de
Arteterapia, os pacientes relatavam o quanto era importante aprender e como se
sentiam quando não tinham informações sobre um determinado assunto.
Segundo Relvas (2010), estudar eleva a autoestima, previne doenças e
melhora a depressão. Ainda, segundo a autora, a motivação ativa o sistema límbico
do cérebro, região que está ligada às emoções e ao prazer. A ação produz
substâncias como oxitocina e a serotonina, que estimulam a capacidade cognitiva de
pensar e de memorizar. Quanto mais se aprende, maior número de conexões
neurais se forma.
Ainda, segundo a autora, o cérebro humano é capaz de exercitar o
aprendizado durante toda a vida. Embora, entre os mais velhos, esse exercício
cerebral apresente uma certa limitação, quando o idoso descobre que é capaz,
ninguém o impede de aprender.
Na literatura acadêmica, existem inúmeras definições de aprendizagem. Na
Pedagogia, ciência que estuda a educação, são inúmeros os autores que tratam do
tema, entre eles, Jean Piaget, Levi Vygotsky, Frederick Burrus Skinner, Emília
Ferreiro, Marta Kohl, Anna Teberosky, Paulo Freire, Philip Perrenoud, Henry Wallon,
além de muitos outros. Para este estudo, tomou-se como referência, a definição de
aprendizagem de Edgar Morin, que se revelou na conceituação de Jacques Delors
84
que, na pedagogia contemporânea, define os quatro pilares da educação: aprender
a conhecer, aprender a fazer, aprender a ser e aprender a conviver.
A convivência com o outro e a diversidade presente nas relações sociais
ensinam como conhecer-se a si mesmo e ao próximo; quais os graus de tolerância;
as limitações; o que contagia a relação humana e o que a desagrega. Esses
aspectos do “aprender a conviver” estão presentes em cada espaço cotidiano e são
aprendidos em cada momento, no cenário existencial de cada indivíduo.
Na perspectiva de Cachioni (2003), a educação contribui para a manutenção
da capacidade funcional que promove a saúde do idoso na medida em que serve de
veículo para que o indivíduo consiga manter suas capacidades funcionais em pleno
desenvolvimento, independente da sua idade biológica.
Considerando que na educação, a função primordial do educador é permitir
ao sujeito (educando) compreender a sua realidade de forma crítica para transformá-
la, respeitando-o como ser pensante, detentor de direitos de deveres enquanto
cidadão, sem imposições de ideologias sociais, um dos desafios do trabalho
realizado durante as Oficinas foi o de proporcionar uma leitura de mundo aos idosos
desejosos de aprender sobre arte, ou sobre os valores e conceitos humanos
relacionados à temática doença ou ainda como ser e conviver com seus pares,
tendo como horizonte, nesse processo de aprendizado, a busca do bem estar, de
melhores condições de saúde e ampliação da qualidade de vida.
Na educação Freireana, educar-se é tornar-se autocrítico a respeito de sua
própria história (FREIRE,1970), os idosos participaram das Oficinas com
depoimentos, em geral, baseados no senso comum. Incitados pela pesquisadora,
esses depoimentos foram permeados pelo senso crítico, quando emitiam suas
opiniões, apresentavam exemplos, relatavam suas experiências, ensinando uns aos
outros e valorizando o ato de ensinar e de aprender na saúde e na doença,
conforme consta das falas a seguir:
[...] Desejo sempre aprender mais, saber das coisas novas, não parar a cabeça, estar com pessoas. [...].M [...] É bom aprender, não ocupa lugar o saber coisas novas, não é mesmo!.[...].D [...] Aprender, aprender, aprender, sempre! o saber liberta [...]. A [...] Espero que seja bom para mim, e para os demais, quero aprender algo novo. [...] D
85
[...] Eu me acho criativa nas coisas que tenho que solucionar, na minha vida e na minha família, quando acho que não tem solução, dou um jeito.[...]. V [...] Não sei desenhar, nunca fiz um desenho se quer, mas quero fazer [...]. N [...] O importante é aprender, quando temos o conhecimento da doença fica mais fácil entendê-la, suportá-la [...]. N [...] Agora sou menos ignorante![...]. D [...] As vezes podemos ler, pesquisar, buscar saber as coisas, mas nos acomodamos, ficamos esperando alguém nos conta [...].N [...] O mais importante é aprendermos uns com outros, cada um tem sua limitação, mas se estudarmos e buscarmos conhecimento, haverá um tempo em que todos nós não envelheceremos mais, quando o nosso pensamento, nossa inteligência dominar o nosso ser, ai não seremos mais limitados [...]. N
É importante também destacar os mecanismos de aprendizagem que ocorrem
na convivência. Ao compartilhar experiências vividas, cada um aprende sobre seu
próprio mundo, busca desvendar dúvidas na escuta de problemas e situações
semelhantes as suas, conforme apontado por Ceroni:
No grupo de convivência, a importância de estar com o outro, a troca de experiência e o partilhamento das dificuldades fazem os idosos sentirem–se mais produtivos, pelo simples fato de serem aceitos, de conversarem sobre sentimentos, de desenvolverem capacidades semelhantes e de olharem uns aos outros como seres que têm desejos, semelhanças, criatividades e que podem levar ao crescimento por meio de motivação do grupo e coordenação do facilitador... Falamos em crescimento, não apenas no aspecto individual, mas, também, no sentido mais amplo ao “empoderarmos” aquelas pessoas a agirem sobre o mundo, sobre a sociedade e pessoas que vivem ao seu redor, no objetivo de tornarem sujeitos reflexivos e operativos (CERONI, 2011).
A prerrogativa da aprendizagem dos idosos em grupo, durante as Oficinas,
ressaltou a importância dessa aprendizagem no reconhecimento do outro como ser
singular em sua história de vida e apontou a relevância dessa convivência.. Ensinou
e acrescentou informações e de conhecimentos e promoveu aquisição de
experiências, o que poderá se multiplicar em outras relações e, em outros, espaços,
superando, inclusive, as limitações da idade e da enfermidade.
86
É possível concordar então com Freire (1970), quando traz a reflexão de que
um grupo se constrói por meio da consciência da presença de seus sujeitos na
execução das atividades.
Nesse sentido, em relação à aprendizagem, evidenciou-se que a arteterapia
propicia aos participantes das Oficinas um contato com várias linguagens da arte
que - além do aprendizado de suas múltiplas possibilidades de utilização - permitiu a
quebra de vários paradigmas, entre eles, a incapacidade de aprender o novo e de
manifestar a criatividade, a falta de autonomia para resolução de questões
pertinentes à saúde e à vida pessoal, a impossibilidade de manifestar opiniões com
clareza e argumentação. Essa constatação - fundada no princípio que o aprendizado
pode ocorrer em todos os momentos da vida e nas diversas faixas etárias - indica
que a arteterapia pode ser utilizada como um recurso facilitador do processo de
aprendizagem - envolvendo aspectos motores, mentais e psicológicos - que, por sua
vez, interferem na qualidade de vida e na inclusão social de idosos vestibulopatas.
5.5 INTERAÇÃO E INCLUSÃO SOCIAL
“Melhor serem dois do que um, pois se um cair, o outro ajuda a levantar”
(Eclesiastes 4:9,10)
A motivação demonstrada pelos idosos para se encontrarem com seus pares
era reforçada pelas propostas de atividades em grupo promovidas durante a
realização das Oficinas. Contudo, é importante registrar que boa parte dos
integrantes já tinha vivenciado outras experiências de trabalho interativo no
Laboratório ou, em outros grupos sociais.
Pôde-se constatar que a experiência das Oficinas confirmou o que pensavam
sobre a importância de se relacionarem uns com os outros e o quanto isso
contribuiria para o tratamento da doença que referiam e a consecução de boa
saúde.
Segundo o Estatuto do Idoso, Lei N° 10.741, de 1 de outubro de 2003, em seu
artigo 8°, capítulo “Do direito à vida”, tem-se que “o envelhecimento é um direito
personalíssimo e a sua proteção um direito social” [...]
Desta forma, entende-se que a inclusão social faz parte da construção da
identidade para exercício da cidadania, do indivíduo considerado idoso, que
87
apresenta idade igual ou superior a 60 anos e que, por motivos econômicos,
históricos, educacionais, sociais, culturais e, ainda por condições de falta de acesso
à saúde, entre outros, passou a ficar à margem da sociedade, sem ser incluído
como cidadão.
Nesse sentido, a interação social gerada pela participação ativa do idoso na
sociedade, seja em grupos de terceira idade, seja pelo desempenho de atividades
físicas e intelectuais cotidianas, com independência e autonomia, concorre para a
promoção de sua saúde e inclusão social.
De acordo com Nise da Silveira (2011, p.16), “o que melhora o atendimento é
o contato afetivo de uma pessoa com a outra. O que cura é a alegria. O que cura, é
a falta de preconceito”. Ao se manifestar dessa maneira, a autora destaca a
importância do estabelecimento do vínculo com o outro, bem como da emergência
do afeto espontâneo e, por isso, alegre ao se receber o outro, estar com o próximo e
transformar esse momento de receptividade no que é chamado terapêutico.
As falas dos participantes estão de acordo com a literatura quando apontam a
importância da convivência para exercício da interação social e prática da inclusão
social.
[...] Essa troca, participar, ouvir outras pessoas, faz bem, me sinto animada em estar aqui, é uma oportunidade, um privilégio [...] M [...] Aqui se pratica a humanização, fala-se tanto lá fora em humanizar-se, em ser mais humano com o outro, mas não vejo muito isso na prática, o discurso é diferente [...] aqui sim, vi as pessoas se mostrarem com suas limitações, tentando buscar o que tem de melhor em si mesmo e nos outros. [...]. Di [...] Eu aprendi doutora a ser mais feliz, a estar mais envolvida com as pessoas, cheguei aqui triste, mas agora, eu percebi que dá para eu levar a vida de outro jeito.[...]. H [...] Eu não tinha nada para fazer, vim aqui sem saber o que me esperava, agora eu me sinto mais útil.[...] . Ar [...] Queria participar de outros encontros como este, foi muito bom enquanto durou[...].T [...] Percebi o quanto precisamos uns dos outros. [...]. Do [...] Me sinto um novo ser, sempre aprendo estando com pessoas, só de estar aqui, conhecer vocês, foi um presente e tanto, adorei!!! agora posso voltar???[...].V
88
A arteterapia se revelou um instrumento de fortalecimento de
comportamentos e de atitudes de interação e de inclusão social ao permitir a
execução de atividades em pares e coletivas, a troca de experiências, a
verbalização de sentimentos e de inseguranças naturais e esperadas antes da
realização de atividades, até então, desconhecidas para alguns deles. Esses
aspectos evidenciados durante as Oficinas fortalecem os relacionamentos e indicam
que idosos vestibulopatas, quando se sentem valorizados, respeitados e incluídos,
tendem a combater os sentimentos e as atitudes socialmente exclusivas. No
decorrer das Oficinas, a espontaneidade observada nas relações entre os
participantes, o reconhecimento de que pertenciam a um grupo pelo qual tinham
afetos e afinidades conquistadas e, portanto, tinham o que compartilhar e receber,
permitiram o fortalecimento do sentimento de identificação grupal e dos
comportamentos interacionistas que, por sua vez, interferem na qualidade de vida e
na inclusão social.
5.6 QUALIDADE DE VIDA
O grande desafio da gerontologia, geriatria, da medicina e dos profissionais
da área da saúde, tem sido investir em ações que possam propiciar maior qualidade
de vida aos idosos, ter a consciência, assumindo dignamente as características da
fase da vida denominada velhice, pode ser uma ação agregadora nesse processo de
busca da qualidade de vida.
O envelhecimento constitui um processo biológico, social, emocional, que
ocorre com todos os tipos de seres vivos, provocando mudanças significativas no
funcionamento orgânico, na capacidade funcional, que se torna reduzida, tornando o
idoso mais vulnerável e predisposto a inúmeras doenças e , em decorrência destas,
muitas vezes, os idosos chegam ao óbito (CARVALHO FILHO; PAPALÉO NETO,
2006).
Dessa forma, o envelhecimento deve ser interpretado como um processo
singular, e pluralista, em que não há homogeneidade, pois o ser humano, o idoso,
constitui-se culturalmente na diversidade dos grupos que são influenciados pelas
crenças, valores, práticas de vida, visão e pensamentos .
A forma como cada indivíduo vive, passa pelas etapas da vida, desde o
nascimento, infância, adolescência, juventude, fase adulta e como ele envelhece, é
89
que determinará sua qualidade de vida, inclusive o fechamento de seu ciclo de vida,
tendo ou não uma morte num cenário interior e exterior de qualidade.
Diante do exposto, considera-se que as categorias, aqui analisadas,
emergentes das falas dos idosos, durante a realização deste estudo, quais sejam
autoestima, saúde, ludicidade, aprendizagem e interação social, se tornaram o eixo
que converge para a qualidade de vida:
[...] Temos que procurar viver melhor, buscar saúde mental e física, independente da doença que temos [...]. Di [...] Ter qualidade de vida hoje, é um termo que está na moda, mas podemos buscá-la dentro de nós, sempre, até quando não for mais moda, aqui, na gente.[...]. N [...] Eu acho que é um privilégio podermos estar aqui, isso nos traz condição de viver em harmonia. [...].H [...] A vida da gente é uma caixinha de surpresas, estamos aqui hoje, não sabemos do amanhã, temos sempre que aproveitar cada dia, com toda vontade, para viver bem e deixar bem os que conosco vivem. [...]. M D
Comparando este estudo com outras investigações realizadas com idosos
vestibulopatas e outras que usaram a arteterapia como intervenção no tratamento
de doenças como câncer, AIDS e depressão, verificou-se que os resultados são
similares no que diz respeito às contribuições para autoestima elevada, ocorrência
de interação social que propiciou a inclusão dos participantes no grupo, a
aprendizagem sobre as características da doença, limitações e possibilidades de
convivência com ela, e o resgate de memórias de vivências anteriores ao quadro de
saúde em que se encontravam.
Segundo Bataglia e colaboradores (2011), os grupos formados para
realização de oficinas caracterizaram-se por uma vinculação expressiva às vivências
de interação social. Essa vinculação presente nas diversas atividades remete para
um sentimento de pertencimento como aspecto positivo nessa etapa da vida, o que
acarreta mudanças significativas, entre elas, dar voz ao paciente, concorrendo para
um conceito de saúde mais abrangente.
90
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As práticas de arteterapia, em articulação com as diretrizes da humanização
em saúde, envolvem atitudes de acolhimento, respeito, integração, ética e apoio
social aos participantes.
No caso dos idosos com desequilíbrio corporal de origem vestibular, objeto
desta pesquisa, a sua participação nas Oficinas arteterapêuticas permitiu uma
apreensão maior de seu universo físico, social e cultural. Ao mesmo tempo,
possibilitou a percepção de suas necessidades e expectativas de vida na medida em
que foram acolhidos como indivíduos que possuem voz, fragilidades e capacidades
manifestadas por meio dos trabalhos realizados.
Os idosos foram observados e analisados "em sua identidade, totalidade e, não
apenas, como prontuários" (DURAN, 2005). Nessa perspectiva, todos os participantes
- sem discriminação de gênero, idade, escolaridade e histórico de vida - foram
considerados capazes de criar, reinventar e manifestar o seu pensamento criativo.
As informações obtidas nas entrevistas e nas Oficinas permitiram inferir
alguns aspectos importantes quanto ao emprego da arteterapia como intervenção no
tratamento de reabilitação vestibular:
− a ação de criar aplicando diversas linguagens artísticas (pintura, desenho,
modelagem, música etc.) indica que a arteterapia pode ser um recurso
significativo para a melhoria das condições físicas e emocionais dos idosos
vestibulopatas, além de interferir positivamente em suas relações sociais,
prevenindo a depressão.
− durante as Oficinas, os pacientes puderam expressar e compartilhar com seus
pares pensamentos, emoções, sentimentos e aspectos relacionados à sua
condição de saúde que, por vezes, influenciam seu tratamento, recuperação e
conquista do bem estar e da melhoria da qualidade de vida, além de interferir em
sua inclusão social.
− mesmo conscientes dos exercícios de reabilitação e dos cuidados que deverão
ser observados quando da ocorrência dos sintomas das vestibulopatias, os
idosos perceberam que as ferramentas da arteterapia estavam ao seu alcance e
que poderiam ser utilizadas como um recurso auxiliar sempre que desejassem
ou precisassem minimizar a manifestações dos sintomas;
91
Ao final dessa experiência, em que as Oficinas de Arteterapia deram sentido
ao que se pretendia enquanto trabalho científico e que os objetivos foram
alcançados, constatou-se que ainda é necessário vencer as limitações que
permearam a investigação do tema, seja pelo seu ineditismo, seja pela restrição
bibliográfica, pela inexistência de instrumentos de avaliação específicos e por sua
singularidade em relação às características da população alvo (idosos
vestibulopatas) e, por fim, pela necessidade de ampliar a experiência das Oficinas
arteterapêuticas em um grupo maior de participantes.
92
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VALADARES, A. C. A. Arteterapia no novo paradigma de atenção em saúde mental. São Paulo: Vetor, 2004.
100
APÊNDICES
Apêndice A – Instrumentos
Instrumento 1
1. O que significa a palavra arte para o(a) senhor(a)?
2. Atualmente, o(a) senhor(a) realiza alguma atividade manual como artesanato
ou outra?
3. Já desejou realizar em algum momento de sua vida algum trabalho com arte?
4. Conseguiu realizar esse trabalho? Se sim, qual a sensação em realizá-lo? Se
não, qual a sensação em não ter podido realizá-lo?
5. Quais são as suas expectativas em relação a participação nas oficinas de
arteterapia (nível de envolvimento)?
6. O que entende por arteterapia?
7. Acredita que a arteterapia poderá contribuir para a melhoria de sua saúde?
8. Já freqüentou/visitou museus, cinemas, teatros, exposições?
9. Antes de realizar este tratamento no Laboratório, já realizou algum antes?
10. Participa atualmente de algum tratamento terapêutico?já participou?Se sim,
quando?
11. Gostaria de realizar mais algum comentário?
Instrumento 2
a. Como foi para o(a) senhor(a), a participação nas oficinas de arteterapia? Fale
sobre isso.
b. O (a) senhor(a) acredita que essas oficinas lhe trouxeram alguma
contribuição? Se sim, qual? Conte um pouco sobre isso.
101
Apêndice B – Para plano de realização das oficinas
OFICINAS: CRIATIVA - IDADE!
Durante a realização de oficinas, serão utilizadas técnicas e diversos recursos
com o propósito de:
1. Desenvolver contato, vínculo, conhecimento mútuo e interação socioafetiva entre
a arteterapeuta e o grupo de participantes, bem como entre os componentes do
próprio grupo.
2. Identificar os conhecimentos prévios dos participantes sobre as linguagens da
arte.
3. Permitir que os participantes ressignifiquem suas produções a partir das
linguagens da arte, consideradas recursos para a livre expressão dos
participantes.
4. Selecionar e utilizar técnicas e recursos materiais diversos, segundo a
identificação dos centros de interesses apresentados individualmente.
5. Verificar a linguagem artística utilizada pelos participantes individualmente.
6. Levantar questões sobre os “produtos” por eles apresentados nas Oficinas.
7. Intervir nos resultados de modo a identificar medidas de transformação na vida
de cada um.
Linguagens e técnicas trabalhadas
As linguagens e técnicas utilizadas poderão ser diversificadas de acordo com
o centro de interesse dos participantes e com as condições materiais disponíveis,
destacando-se:
- Desenho, pintura, dobradura, modelagem, escultura, colagem;
- Dança espontânea e dança sênior (dança em que os idosos mexem com fitas
e objetos nas mãos e braços, estando sentados em uma cadeira,
movimentam apenas o tronco e os braços).
- escrita, canto, representações, monólogos etc.
102
Temas a serem trabalhados nas oficinas:
- Sonhos e lembranças; identidade e criatividade; autoestima; angústias;
tristezas; alegrias; conceito de felicidade, solitude e solidão; vínculos; dores;
perdas simbólicas e reais; liberdade; autonomia; dons e talentos; vocação; ser
e ter; ator e autor; morte em vida e vida em morte; vida em plenitude;
conceitos de ética, cidadania, humanização etc.
Conteúdo específicos de arte:
- Vislumbrar; ler e reler; figura e fundo; sons e ruídos; aromas e sabores;
criatividade; sensibilidade etc.
ETAPAS PARA REALIZAÇÃO DAS OFICINAS:
Etapa 1 - Conhecimentos preliminares e estabelecimento de vínculos
- Levantar informações sobre o universo particular de cada participante para o
estabelecimento de vínculos.
- Verificar o que estão sensibilizados a ver, ouvir etc.
- Qual é o olhar de cada um, o que desejam ENXERGAR e o que não querem
ESCUTAR ou ouvir?
Etapa 2 - Construção e desconstrução de emoções
− Concretizar na arte a relação afetiva com mundo.
− Estabelecer diálogo com as emoções evidenciadas, proporcionando
condições para que essas emoções possam fluir e os participantes poderem
se colocar por inteiro (abordagem gestalt).
− Construir e desconstruir, fazer e desfazer tais emoções.
Etapa 3 - Leitura simbólica relacionando o sujeito e o produto apresentado
Considerando que a linha, a forma, a cor e o som falam da pessoa, de um
mundo invisível, de seus sentimentos, pensamentos e emoções, pretende-se
realizar, nessa etapa, uma leitura simbólica, captando de os sentimentos dos
participantes de modo que possam eles usar a arte como recurso de transformação
de sua vida (ARTHEINE, 2002).
103
Duração das oficinas:
As oficinas de arteterapia serão desenvolvidas ao longo de 6 sessões, com
duração de 3 horas cada.
Local:
As atividades serão realizadas no Laboratório de Estudos e Pesquisas da
Universidade Bandeirante de São Paulo – UNIBAN Brasil, localizado no campus
Maria Cândida.
Materiais:
− Espelho, moldura de um quadro, chapéus e bonés, lenços ou cachecol;
− Papéis diversos, como canson A3, e papel craft,
− Massa de modelar, argila, arame, algodão, lá, fitas, bambolês. Cabos de
vassoura.
− Fitas adesivas coloridas e básicas.
− Tintas como guache, aquarela, e autoaplicativa.
− Pincéis, lápis colorido e de desenho (preto), rolinho, giz de cera, giz de
lousa;
− Tesoura, cola liquida e em bastão, revistas, jornais, E.V.A.S., plástico para
forrar, bacia pequena, panos de limpeza e papel toalha.
− Instrumentos musicais.
− Protetor para mesas e ou bancadas, um pequeno aparelho de som e
água.
104
Apêndice C – Entrevista inicial
Participante: Di
1. Arte, é tudo o que faz bem prá gente: um desenho, uma pintura, dançar...é
fazer aquilo que a gente gosta...
2. Hoje, gosto muito de bordar ponto cruz, estou aprendendo. Também bordo
roupas com pedraria, lantejoulas, costuro, isso é arte, não?
3. Desejei sim. Queria aprender desenho, mas não levo jeito, mas tentando a
gente consegue;
4. Já tentei, desenhei mas eram uns rabiscos, não gostei!
5. Não espero muito. Quero conhecer pessoas diferentes, fazer amizades,
participar já é grande lucro.
6. Arteterapia, não sei, mas deve ser uma coisa que mexe com a cabeça da
gente, algo que faça os neurônios funcionarem.
7. Sim, e como acredito!
8. Já conheci o Teatro Municipal, Museu do Futebol, com grupo de idosos da
Faculdade Anhembi Morumbi.
9. Na faculdade, fiz outras atividades como hidroginástica, ginástica cerebral e
outros...
10. Sim, tomo. Para pressão, tireóide, gastrite e hormônios.Não uso anti-
depressivo, mas já usei em 1996. Fiz terapia, pois tive síndrome do pânico.
11. Não faço mais terapia. Fiz só em 1996, tive depressão, síndrome do pânico.
12. Se fico triste, fico mais triste ainda por ter ficado triste, pois gosto da alegria,
prefiro estar sempre alegre.
Participante: V
1. Entendo arte como bordado, crochê, artesanato... Coisas bonitas de se ver!
2. Não, nunca fiz nada assim.
3. Não, só dançar.
4. Sim, desfilei em duas escolas de samba, acadêmicos do Tucuruvi e Tatuapé:
adrenalina total, acabou rápido!
5. Espero melhorar minha alegria, ser mais feliz do que já sou. Para isso, estou
aqui.
105
6. É para melhorar a cabeça da gente, tem pessoas que tem depressão, querem
morrer; minha filha tentou suicídio, nunca pensei nisso, mas fico triste em
saber...
7. Sim, muito.Se a gente colocar uma doença na cabeça ela vem com tudo.
8. Sim, já, claro! Fui ao cinema várias vezes: aquele que tem dentro do metrô,
museus públicos. Não vou ao teatro, porque é muito caro para mim.
9. Não fiz outro tratamento. Não sabia que tinha labirintite. Caía muito, a cama
girava.
10. Sim. Colírio, para glaucoma, só este.
11. Sim . Para vistas e varizes.
12. Sou errada em ser assim: falo alto, agarro todo mundo! Meu jeito assusta as
pessoas...
Participante: M
1. Arte é crochê e bordado. Tudo que se faz com capricho, boa vontade, usando
as mãos.
2. Não. Não posso, tenho problemas de coluna. Mas, sei costurar fazer outras
coisas...
3. Não. A não ser aqui. Passo o tempo com lazer, faço natação com meu
marido, ginástica, não fico em casa parada.
4. Sim.
5. Desejo sempre aprender mais, saber das coisas novas, não parar a cabeça...
6. Acho que tudo que se aprende em grupo, marca mais, fica...
7. Sim, acredito muito, mas não sei bem o que é.
8. Já sim. Mas, não sou muito chegada não. Teatro, participei quando jovem,
adorava, em salão beneficente.
9. Não. Me tratei somente aqui.
10. Sim, passando pelo Otorrino para Labirintite, farei exames no CEMA.
11. Não. Não nunca me tratei em outro lugar, somente aqui mesmo.
12. Não, é só isso mesmo.
Participante: D
1. Arte, seria trabalho artesanal?
2. Já fiz sim, parei, mas fiz muito crochê.
106
3. Desejei e fiz pintura em madeira. Pintava caixas...Ficavam lindas.
4. Sim realizava esse trabalho com prazer, era emocionante, havia elogios.
5. É bom aprender, não ocupa lugar o saber coisas novas, não é mesmo?
6. Conselhos para saúde, palestras, saber como viver melhor...
7. Ah, sim! Pensamentos positivos, sempre é bom para saúde.
8. Sim, já fui a estes lugares.
9. Não, só mesmo aqui.
10. Sim. Para pressão, estômago, operei a vesícula, colesterol. Ancoron para o
coração.
11. Não, nunca fiz.
12. Gostaria de saber o que é bom para meu pescoço, já passei em médicos e
dói demais meu angioma.
Participante: A
1. A arte é tudo o que sai da nossa mente para fazer algo. Não só imitar, mas
criar. (citou poema "Defenda seu território").
2. Sai do coração e da mente.
3. Gosto de escrever. Tenho montado um livro com o que escrevo, mas falta a
verba para lançar.
4. Eu declamava, participava em programa da rádio Piratininga, há muitos anos,
era muito bom.
5. Sim, ganhava concursos, participava de vários.
6. Aprender, aprender, aprender, sempre...
7. É algo que querem dar para nós. Pensarmos que não estamos mortos em
casa, desanimados. Sou religioso e minha esposa canta no coral, mas eu
sempre me atrevo a participar de outros grupos, além da igreja.
8. Sim, acredito nessa novidade.
9. Ah, já, quando mais novo ia mais.
10. Meu médico indicou aqui, não fui em outro lugar.
11. Não. Ureia alta. Perdi um rim. Levei um tombo na escada, então não posso
andar de bicicleta, nadar, outras coisas mais...(ficou emocionado). Já tive
depressão...
12. Não, depressão não. Somente dentário, manutenção da ureia. Não. Estou
curioso para aprender.
107
Participante: H.
1. Arte .Ah, não sei responder.
2. Sim, faço pintura em tela, já pintei 15 quadros. Depois parei por causa da
labirintite.
3. Não. Somente bolsa de crochê.
4. Realizo, mas, não me agrada. Estilo abstrato, eu não gosto, mas a professora
quer que eu pinte assim...
5. Receber alegria!
6. Não sei, acho que beleza.
7. Sim.
8. Nunca fui. Ah, só, uma vez no Teatro Municipal.
9. Não. Em abril, 2011, começou.
10. AAS, para pressão.
11. Não sei.
12. Não.
Participante: MD
1. Significa: vida! Acho que tudo que a gente faz na vida é arte. Lá, em casa, é
musica clássica o dia inteiro. Meu marido foi criado em seminário. Hoje, está
doente. Cuido dele e a música nos alivia.
2. Ouço música clássica. Amo teatro, mas quase não vou devido ao custo. É
caro! Leio bastante, adoro leitura.
3. Teve época em que gostaria de ter aprendido a pintar mas não deu... Ainda,
quero aprender.
4. Não. Ah, uma sensação de frustração.
5. Na realidade, entrei sem saber o que ia fazer. Ótimo, a gente precisa conviver
com gente... Outras pessoas da nossa idade, fora da rotina.
6. É a arte que te ocupa a mente e nos trata.
7. Pode sim, contribuir. Meu marido ouve música clássica e tem câncer, ajuda
muito... Eu creio.
8. Já, isso eu amo. É bom, quando podemos ir a estes lugares.
9. Tive zumbido, mas o médico onde me tratava disse que fui enganando meu
labirinto nadando.
10. Sim, colesterol, cálcio, ômega 3.
108
11. Não. Há um tempo atrás, fiz valorização da vida, um curso, quando meu
marido ficou ruim.
12. Gostaria de frequentar as Oficinas sempre, é só me convidar..
Participante: Ar
1. Arte para mim é: TUDO!
2. Não.
3. Não, nunca fiz .
4. Quando era bem jovem, 13, 14 anos, meu irmão de criação cantava e eu
acompanhava na bateria.
5. Tive a impressão que era o tratamento do equilíbrio, vou ver do que se trata...
6. Desenvolvimento mental, atividade que faz pensar.
7. Não, acho que não, porque estou muito ruim...
8. Já, isso sim.
9. Não me tratei em outro lugar, só aqui, porque quando isso apareceu em mim
achei que meu organismo fosse reagir e curar sozinho.
10. Sim, trato da próstata.
11. Estou no CRI. Fiz tomografia, ressonância, passei no neurologista, e ele
achava que foi emocional. Perdi um filho, uma filha, esposa, irmão... Foi duro.
12. Não, nada mais.Obrigado por me ouvir.
Participante: N
1. Arte é tudo que se faz, um trabalho manual, uma comida, um trabalho de
casa, tudo o que é movimento da vida.
2. Faço tricô, costuro, bijuterias, outras coisas.
3. Não, sempre gostei de estudar.
4. Não me frustro .
5. Nunca fiz nada com arte, não tenho noção, acho que ira acrescentar o dia dia
da gente, sou agitada.
6. Arteterapia significa fazer algo para melhorar o que estiver precisando, ao
invés de tomar remédios você faz algo usando arte, e esse movimento de te
levar a pensar um pouco, cuida e sara a gente.
7. Tudo o que o ser humano faz contribui, nada é perdido.
8. Já, fui, sim.
109
9. Não.
10. Não, nenhum.
11. Não, nunca.
12. Não. O estudo me atrai; me conheço e o estudo contribui para minha saúde.
Participante: Do
1. Arte é... Algo que é algo bom de se fazer, o que aprende não ocupa espaço.
2. Pintura, crochê, culinária, bordados.
3. Não.
4. ---------
5. Espero que seja bom para mim, quero aprender algo novo.
6. É igual a uma terapia .
7. Ah, pode!
8. Já vou sempre.
9. Não. Do problema do ouvido só aqui.
10. Muitos, nem lembro.
11. Não, não
12. Não.
Participante: T
1. Arte é trabalhos manuais, artesanato, bordado, pintura.
2. Não, nenhuma.
3. Sim, pintura.
4. Não tenho nenhuma .Sonho no cantinho;...
5. Quero aprender a pintar, fazer amigos, me divertir.
6. Como se estivesse tomando "calmante", esquece os problemas, a tontura e o
labirinto.
7. Acredito sim,contribuirá principalmente para a mente.
8. Sim, mas faz muitos anos. Meu esposo adoeceu e tinha que cuidar ele.
9. Passei por um cardiologista, que receitou labirin, e depois voltou.
10. Não tomo mais nada.
11. Não nunca.
12. Não, agradeço a atenção.
110
Apêndice D – Entrevista final
Participante: A
1. As oficinas foram de muita qualidade, excelentes, sou grato à professora.
2. Sabe, ficar em casa só faz a gente pensar em doença. A velhice atrapalha o
ser humano e, aqui, anima! Contribuiu sim, comecei a ter mais ânimo, até me
matriculei em computação, no CRI.
Participante: Ar
1. Foi ótimo, gostei de tudo e não tenho nada a reclamar.
2. No desequilíbrio, na dor nos joelhos, para ser bem sincero, continua igual,
não contribuiu em nada! Mas, fiz novos amigos, me sinto mais animado,
converso mais com os outros, antes tinha vergonha...
Participante: D
1. Participar das oficinas foi tudo de bom. Como tudo que se faz aqui, como
somos tratados, pena que acabou, mas aprendi muito.
2. Tive todas as contribuições, não senti mais dor, nem tontura, voltei a "ser
criança" e a minha neta até percebeu. Tive muita distração, você aprende a
conviver com os problemas, cria soluções; me fez ver que sempre tem
alguém que está pior que a gente...
Participante: T
1. Participar das oficinas foi maravilhoso!!
2. Sim ,as oficinas contribuíram, trouxeram conhecimento, alegria, esperanças,
fiz amizades, Valeu a penas estar aqui.
Participante: D
1. Participar das oficinas foi: ótimo, distrai bastante.
2. Contribuiu com minha vida, novas amizades,amando conversar.
Participante: Do
1. As oficinas contribuíram sim, foi muito bom para mim. Gostei.
2. Foi ótimo, fiz os exames, uso aparelho, aqui escutava bem. Obrigada!
111
Participante: H
1. Foi muito bom participar das oficinas.Gostei aprendi, gostei das pessoas
que estão dispostas a ensinar a gente...
2. Acho que melhorou, segui com atividades e com TO. Tive alta da fono e
continuo participando. Fico agradecida por existir essa casa. Sou feliz por
lembrar que tem um lugar que nos valoriza, nos resta dar valor e agradecer a
Deus por ela existir.
Participante: M
1. Participar das oficinas, foi ótimo para mim, adorei!
2. Nunca se é tarde para aprender, contribuiu, sempre tem espaço para
aprender mais.
Participante: MD
1. Foi muito bom participar. Não esperava, cai de paraquedas, mas gostei.
2. A contribuição foi grande. Aprendi, passei por muita coisa e vi que tenho
muito a passar e aprender ainda...Foi um momento especial.
Participante: N
1. Foi interessante, importante os exercícios e atividades...
2. Essas oficinas foi boa para relacionamentos... Tenho facilidade em me
relacionar... Valeu a pena.
Participante: V
1. Foi maravilhoso participar das oficinas, me senti viva!
2. Eu vivia pensando em coisas ruins....morte, e doenças. Melhorei muito aqui,
contribuiu para eu dar risada, não ter depressão, melhorou a labirintite.
112
ANEXOS
ANEXO A – Ficha de caracterização
Nome: Sexo masculino [ ] feminino [ ] Idade Estado civil Solteiro(a)[ ] Casado(a)[ ] Viúvo(a)[ ] Divorciado(a)[ ] Outro[ ] Escolaridade Fundamental [1° Grau] Completo [ ] Incompleto [ ] Médio [2° Grau] Completo [ ] Incompleto [ ] Profissionalizante Completo [ ] Incompleto [ ] Superior Completo [ ] Incompleto [ ] Não tem escolaridade [ ] Trabalho - É Aposentado Sim [ ] Não [ ] - Exerce alguma atividade remunerada: Sim [ ] Não [ ] Em caso positivo, o que faz e onde? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ Moradia Endereço: _______________________________________________________________ - Casa própria sim [ ] não [ ] - Paga aluguel sim [ ] não [ ] - Mora: sozinho sim [ ] não [ ] com familiares sim [ ] não [ ] em pensão ou abrigo sim [ ] não [ ] em outro local sim [ ] não [ ] Onde? _______________________________________________________________ __________________________________________________________________ Renda mensal Individual: Familiar:
113
ANEXO B – Parecer da Comissão de Ética em Pesquisa
114
ANEXO C – Termo de consentimento livre e esclarecido
Título da Pesquisa: “Arteterapia – Um recurso para qualidade de vida e inclusão social de
idosos com desequilíbrio corporal”
Nome da Pesquisadora: Jane Ribeiro Barreto
Nome da Orientadora: Profa. Dra. Maria Rita Aprile
A sra (o sr.) está sendo convidada (o) a participar deste estudo que tem a finalidade
de verificar a contribuição da arteterapia para a melhoria da qualidade de vida e inclusão
social de idosos com distúrbios de equilíbrio corporal de origem no sistema vestibular.
Durante este estudo, a sra. (o sr.) será convidado a participar de um conjunto de
atividades, sob a responsabilidade da pesquisadora Jane Ribeiro Barreto. Constam dessas
atividades: respostas a questionários aplicados individualmente pela pesquisadora,
participação em entrevistas realizadas individualmente pela pesquisadora, que serão
registradas em gravador e participação em 6 encontros de grupos de arteterapia, que
também poderão ser fotografados.
Todas as atividades serão realizadas em datas agendadas no Laboratório de
Estudos e Pesquisas do Programa de Mestrado Profissional em Reabilitação do Equilíbrio
Corporal e Inclusão Social da UNIBAN - Brasil.
A participação nesta pesquisa não traz complicações legais e não envolve riscos e
desconfortos durante a sua realização Os procedimentos adotados obedecem aos Critérios
da Ética em Pesquisa com Seres Humanos conforme Resolução N° 196/96 do Conselho
Nacional de Saúde. Nenhum dos procedimentos usados oferece riscos à sua dignidade.
Todas as informações coletadas neste estudo são estritamente confidenciais.
Somente a pesquisadora e a orientadora terão conhecimento dos dados.
A sra (o sr.) tem liberdade de se recusar a participar e ainda se recusar a continuar
participando em qualquer fase do estudo, sem qualquer prejuízo para a sra (o sr.). Sempre
que quiser poderá pedir mais informações sobre este estudo através do telefone da
pesquisadora e, se necessário, através do telefone do Comitê de Ética em Pesquisa.
Ao participar desta pesquisa, a sra (o sr.) não terá nenhum benefício direto.
Entretanto, esperamos que este estudo levante um conjunto de informações importantes
sobre a utilização da arteterapia como recurso na qualidade de vida e inclusão de idosos
com desequilíbrio corporal, de forma que o conhecimento que será construído a partir desta
pesquisa possa contribuir com os estudos sobre a qualidade de vida e inclusão social de
vestibulopatas, onde a pesquisadora se compromete a divulgar os resultados obtidos.
A sra (o sr.) não terá nenhum tipo de despesa para participar deste estudo, bem
como nada será pago por sua participação.
115
Após estes esclarecimentos, solicitamos o seu consentimento de forma livre para
participar desta pesquisa. Portanto preencha, por favor, os itens que se seguem:
Confirmo que recebi cópia deste termo de consentimento e autorizo a execução do
trabalho de pesquisa e a divulgação dos resultados obtidos neste estudo, mantendo a
confidencialidade quanto à identidade dos participantes.
Obs: Não assine esse termo se ainda tiver dúvida a respeito.
Tendo em vista os itens acima apresentados, eu, de forma livre e esclarecida,
manifesto meu consentimento em participar da pesquisa.
São Paulo, ______________________________
_____________________________________
Nome e assinatura do participante da pesquisa
_____________________________________
Jane Ribeiro Barreto
_____________________________________
Profa. Dra Maria Rita Aprile
Pesquisadora: Jane Ribeiro Barreto, RG: 23.052.889-2 TEL. (11) 9452-7150
Orientador: Profa. Dra. Maria Rita Aprile, RG: 4.169.176 TEL. (11) 9187-6748
Telefone da Comissão de Ética: (11) 2972-9000
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ANEXO D – Termos de autorização de uso de imagem
Eu,_____________________________________________, __________________, (nome) (nacionalidade) __________________, portador da Cédula de Identidade RG nº _______________, (estado civil) CPF nº__________________ , residente à Rua ________________________________, nº_____ , __________________ – ____ . (cidade) (estado) AUTORIZO o uso de minha imagem em todo e qualquer material entre fotos,
vídeos e outros documentos, para ser utilizada em campanhas promocionais e
institucional pela Universidade Bandeirante de São Paulo - UNIBAN, com sede na
Rua Bela Vista, 739, Santo Amaro, São Paulo – SP, inscrita no CNPJ
62.655.261/0001-05, para serem essas destinadas à divulgação ao público em geral.
A presente autorização é concedida a título gratuito, abrangendo o uso da imagem
acima mencionada em todo território nacional e no exterior, das seguintes formas: (I)
outdoor; (II) busdoor; folhetos em geral (encartes, mala direta, catálogo, etc.); (III)
folder de apresentação; (IV) anúncios em revistas e jornais em geral; (V) home page;
(VI) cartazes; (VII) back-light; (VIII) mídia eletrônica (painéis, vídeo-tapes, televisão,
cinema, programa para rádio, entre outros).
Por esta ser a expressão da minha vontade declaro que autorizo o uso acima
descrito sem que nada haja a ser reclamado a título de direitos conexos à minha
imagem ou a qualquer outro, e assino a presente autorização em 02 (dias) vias de
igual teor e forma.
São Paulo, ___ de ______________ de _______.
_____________________________________ Assinatura