Post on 20-May-2015
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Seminários de Arte no Brasil II
Curso de Licenciatura em Artes VisuaisUFRGS e UCS
Prof. Luís Edegar Costa
Cristiane de Fátima SchusterPolo de Caxias do Sul
Os anos 60, acima de tudo, viveram uma explosão de
juventude em todos os aspectos. Era a vez dos jovens, que
influenciados pelas idéias de liberdade "On the Road" [título do livro do beatnik Jack Keurouac, de 1957] da chamada geração beat,
começavam a se opor à sociedade de consumo vigente. O
movimento, que nos 50 vivia recluso em bares nos EUA, passou a caminhar pelas ruas nos anos 60 e influenciaria novas mudanças de
comportamento jovem, como a contracultura e o pacifismo do final
da década.
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Nesse contexto, nenhum movimento artístico causou maior impacto do que a Arte Pop. Artistas como Andy Warhol, Roy Lichetenstein e Robert Indiana usaram irreverência e ironia em seus trabalhos. Warhol usava imagens repetidas de símbolos populares da cultura norte-americana em seus quadros, como as latas de sopa Campbell, Elvis Presley e Marilyn Monroe. A Op Art [abreviatura de optical art, corrente de arte abstrata que explora fenômenos ópticos] também fez parte dessa época e estava presente em estampas de tecidos.
No final dos anos 60, de Londres, o reduto jovem mundial se transferiu para São Francisco (EUA), região portuária que recebia pessoas de todas as partes do mundo e também por isso, berço do movimento hippie, que pregava a paz e o amor, através do poder da flor [flower power], do negro [black power], do gay [gay power] e da liberação da mulher [women's lib]. Manifestações e palavras de ordem mobilizaram jovens em diversas partes do mundo.
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A exposição Opinião 65 é um marco para a arte brasileira dos anos 1960. Foi organizada pela marchand e jornalista Ceres Franco e pelo galerista Jean Boghici. A mostra foi exibida no
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro entre 12 de agosto e 12 de setembro de 1965 e dela participaram artistas brasileiros e europeus – treze europeus e dezesseis
brasileiros, para ser mais preciso. A proposta da exposição era confrontar a produção artística brasileira da época com a
recente arte internacional, que apresentava novas tendências figurativas.
Alguns artistasEntre os artistas que exploravam uma linguagem figurativa e
figuraram na exposição estão Carlos Vergara (1941).
Sagrado Coração III, monotipia, ploter e pintura sem lona crua 2008
Carlos Vergara - A Patronesse e Mais uma Campanha Paliativa. 1965. Óleo s/tela. 114x146 cm.
Antonio Dias (1944)
Dias, Antonio Solitário , 1967
laminado plástico sobre madeira, borracha, algodão, vidro e metal 55,5 x 50 x 50 cm
Dias, Antonio Água e Sal - Quotidiano (Díptico) , 1983
grafite, óxido de ferro e pintura sobre madeira 55,5 x 130 cm
Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ
Rubens Gerchman (1942-2008)
Gerchman, Rubens La Television [Díptico] , ca. 1967
técnica mista sobre eucatex 122 x 80 cm
Museu Nacional de Belas Artes (Rio de Janeiro, RJ)
Gerchman, Rubens Sem Título , 1960
óleo sobre tela 46 x 61 cm
Coleção Fernando Millan
José Roberto Aguilar
Aguilar, José Roberto Sem Título , 1965
esmalte sobre tela, c.i.d. 96,5 x 130 cm
Acervo: informação não encontrada
Aguilar, José Roberto Série do Futebol I , 1966
esmalte sintético a aerosol sobre tela 113,8 x 146,5 cm
Coleção Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo - MAC/USP
Pedro Escosteguy (1916-1989)
Escosteguy, Pedro Linha de Força [Ação] , 1965
mista sobre madeira 120 x 150 cm
Coleção Particular
Nova Objetividade Brasileira
Realizada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), em abril de 1967, e organizada por um grupo de
artistas e críticos de arte, a mostra Nova Objetividade Brasileira reúne diferentes vertentes das vanguardas nacionais - arte
concreta, neoconcretismo, nova figuração - em torno da ideia de "nova objetividade".
A noção começa a ser definida por Hélio Oiticica (1937-1980) no evento Propostas 66, realizado na Fundação Armando
Álvares Penteado (Faap), em São Paulo, que visa examinar a situação da arte no país. Nos debates - dos quais participam
Mário Pedrosa (1900-1981), Mário Barata (1921), Aracy Amaral (1930), Mário Schenberg (1914-1990), Otávio Ianni, Vilanova Artigas (1915-1985), Flávio Império (1935-1985), entre outros -, Oiticica defende ser o termo "nova objetividade" o que mais fielmente traduz as experiências das vanguardas brasileiras,
em geral, e a sua, em particular. Diz ele: "Toda a minha evolução de 1959 para cá tem sido na busca do que vim a chamar recentemente de uma nova objetividade e creio ser
esta a tendência específica da vanguarda brasileira atual (...)." Para Hélio Oiticica há uma tendência à superação dos
suportes tradicionais (pintura, escultura etc.), em proveito de estruturas ambientais e objetos.
A criação de objetos de diversos tipos, bem como a defesa de soluções propriamente nacionais, que não sejam cópias do que se
produz nos centros internacionais, definem o espírito central da mostra, espécie de balanço dos diversos caminhos trilhados pela arte nacional. Tomada de posições políticas, superação do quadro de cavalete, participação corporal, tátil e visual do espectador, eis os ingredientes básicos da nova objetividade, que não almeja ser
um movimento artístico, nos termos de Hélio Oiticica. "A nova objetividade", diz ele, "sendo um estado, não é pois um
movimento dogmático, esteticista (como por exemplo foi o cubismo e também outros ismos constituídos como unidades de
pensamento), mas uma 'chegada' constituída de múltiplas tendências, onde a falta de 'unidade de pensamento' é uma
característica importante (...)". Em outras palavras, a exposição não pretende constituir um grupo artístico e sim ser a
confluência de diferentes tendências.
Participam da mostra,
além dos signatários do texto, Sérgio Ferro (1938), Waldemar Cordeiro (1925-1973), Flávio Império, Geraldo de Barros
(1923-1998), Nelson Leirner (1932), Marcello Nitsche (1942), Mona Gorovitz (1937), Alberto Aliberti (1935-1994), Ivan Serpa
(1923-1973), Sonia von Brüsky (1941), entre outros.
Segue algumas das obras dos artistas.
Ferro, Sérgio Revolução , 1964
óleo e acrílica sobre tela 90 x 110 cm
Leirner, Nelson Matéria e Forma , 1966
tronco e cadeira 183 x 142 x 90 cm
Flavio-Shiró Muirapinema , exata 1961
óleo sobre tela 130 x 96 cm
Coleção Ville de Paris
Barros, Geraldo de Função Diagonal , 1952
esmalte sobre kelmite 60 x 60 cm
Romulo Fialdini
Nitsche, Marcello Garatuja , 1978
chapa de ferro metalizada com zinco, placa de aço vincada 335 x 383 cm
Reprodução Fotográfica Fernando Scavone
Sonia von BrüskySem título - 1991, litografia, 50 x 70 cm
Serpa, Ivan Pintura Número 178 , 1957
óleo sobre tela 97 x 130 cm
Coleção Particular Reprodução fotográfica Vicente de Mello
Pape, Lygia Caixa de Baratas , 1967
acrílico, baratas e espelho 35 x 27,5 x 7,5 cm Coleção do Artista
Uma "vontade construtiva" alimenta as propostas presentes na Nova Objetividade Brasileira, o que permite flagrar o embasamento concreto das formulações das novas
vanguardas, que se beneficiam das produções anteriores de Hélio Oiticica, da arte objetual , de Franz Weissmann (1911-2005) e Aluísio Carvão (1920-2001), além das produções de Waldemar Cordeiro após 1964 (por ele denominadas de "arte
concreta semântica" e de "arte popcreta"). A mostra e os textos que a acompanham podem ser lidos como desdobramentos de
outros eventos que têm lugar na década de 1960, como, por exemplo, as exposições Opinião 65 e Opinião 66 (Rio de
Janeiro), Propostas 65 e Propostas 66 (São Paulo), Vanguarda Brasileira (Belo Horizonte, 1966) e o happening PARE,
comandado por Mário Pedrosa na Galeria G- 4.
Grupo Rex
A manchete que estampava a capa do primeiro número do irônico e bem-humorado jornal Rex Time, editado em junho de 1966, já anunciava o que estava por vir: “Aviso: É a Guerra”.
Formado pelos autointitulados “especialistas em arte de vanguarda em São Paulo”, o grupo atuou como provocador
das estruturas e preceitos das artes plásticas no Brasil. Em um circuito artístico ainda em formação, baseado na existência de alguns museus, galerias e leilões interessados na exibição e
comercialização de arte moderna, o Rex buscava espaço para a produção contemporânea. Nas exposições e conferências apresentadas na Rex Gallery & Sons, nas edições do jornal
Rex Time e nas obras de seus integrantes, o grupo questionou as bases de organização do sistema de arte, o papel do artista e do espectador, e o próprio estatuto das obras de arte. A Sala
Rex exibe uma reunião de trabalhos realizados por membros do grupo entre 1964 e 1967, e apresentados na Rex Gallery & Sons, além das cinco edições do Rex Time, cartazes e convites das exposições, e matérias publicadas
nos jornais da época.
Apesar de sua breve existência - de junho de 1966 a maio de 1967 -, o Grupo Rex tem intensa atuação na cidade de São
Paulo, marcada pela irreverência, humor e crítica ao sistema de arte. Os mentores da cooperativa, Wesley Duke Lee (1931-2010), Geraldo de Barros (1923-1998) e Nelson Leirner (1932) projetam um local de exposições - a Rex Gallery & Sons - além de um periódico - o Rex Time - que deveriam funcionar como
espaços alternativos às galerias, museus e publicações existentes. Exposições, palestras, happenings, projeções de filmes e edições de monografias são algumas das atividades do grupo, do qual participam também José Resende (1945), Carlos Fajardo (1941) e Frederico Nasser (1945), alunos de
Wesley. Instruir e divertir são os lemas do Grupo Rex e do seu jornal; trata-se de interferir no debate artístico da época, em
tom irônico e desabusado, por meio de atuações anticonvencionais.
Adoração - Altar a Roberto Carlos · 1966 · instalação · tecido; pintura; luz · 205 × 105 cm · coleção: MASP, Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand,
São Paulo
Lee, Wesley Duke O Cavalo , 1976
acrílica sobre tela, c.i.d. 190 x 190 cm
Leirner, Nelson Homenagem a Fontana II , 1967
Múltiplo lona e zíper
180 x 125 cm Acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo/Brasil
Num panorama geral sobre o estudo das artes dos anos 60, vê-se artistas rebeldes, engajados, inconformados com a comercialização e exploração da arte e contra as outras
formas de opressão da sociedade. É o momento da transição da vanguarda para a
contemporaneidade. O atestado de óbito da Modernidade. Os procedimentos da arte passam dos polêmicos
questionamentos dos suportes tradicionais ao fim do suporte como elemento essencial da obra de arte.
O artista assume o papel de revolucionário e faz de sua arte um instrumento à disposição da revolução social. Fazer arte era fazer política. Ação e estética faziam parte das intenções
do artista.
Considerações finaisNovamente percebe-se a força da arte em
mudanças na sociedade. O fato é que todo aquele que se envolve e conhece a sua
essência torna-se diferente e apto a reconhecer a sua própria realidade.
Arte é tudo isso e mais um pouco.Arte amplia o entendimento, é uma chave que tem o poder de
transformar o ser humano, revolucionar.E munidos desse conhecimento, profissionais em artes, devem
usar todo o potencial da arte para fazer sua parte na sociedade.
Sites de busca:http://www.cultura.gov.br/brasil_arte_contemporanea/?page_id=35
Instituto Tomie Ohtake - Exposições, cursos e eventos
http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=artistas_biografia&cd_verbete=556
http://www.bienal.org.br/FBSP/pt/29Bienal/Participantes/Paginas/participante.aspx?p=90