Post on 08-Nov-2018
SOLUÇÕES DE DRENAGEM PARA CONTROLE DE CHEIAS EM AGLOMERADOS URBANOS
Diego Souza
ReisJosé Célio Pereira
Resumo: O crescente processo de urbanização das cidades de todo o mundo, seja em
países desenvolvidos ou em desenvolvimento, juntamente com o aumento consequente
da impermeabilização de áreas nas quais houve ocupações inadequadas (principalmente
em áreas ribeirinhas), têm promovido grandes problemas deinundações urbanas. O
problema de cheias em áreas urbanas vem crescendo em proporções significativas e
afetando consideravelmente as grandes cidades, especialmente, onde o
desenvolvimento urbano não ocorreu de forma planejada ou controlada.
O estudo ora apresentado faz parte do esforço técnico de buscar soluções de engenharia
para mitigar problemas graves de inundações que vem impactando o Sistema de
Drenagem em grandes centrosurbanos.
Para se desenvolver um sistema de drenagem eficiente necessita-se deplanejamento e
investimento. Em países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil,falta
planejamento e nem sempre os recursos necessários à implantação dainfraestrutura
estão disponíveis. De tal forma, e muitas vezes, torna-se necessáriootimizar intervenções
e escaloná-las no tempo, conforme a capacidade de investimento.
Palavras-chave:Urbanização – impermeabilização – inundações urbanas –
desenvolvimento – planejamento.
1
1Graduandos do curso de Engenharia Civil 2013 2º Semestre da Escola de Engenharia Kennedy
Diego Souza Reis
José Célio Pereira
Orientadora: Silvana Trigueiro Cunha S. Perez Engenheira Civil pela Escola de Engenharia da FUMEC.
Especialista em Engenharia Sanitária e Ambiental pela UFMG.
1 INTRODUÇÃO
Segundo Canholi (1995), drenagem é o termo utilizado para definir as
instalações destinadas ao escoamento do excesso de água, seja em rodovias, na zona
rural ou na malha urbana. Sendo que este estudo será focado apenas em drenagem
urbana.
É importante salientar que a drenagem urbana não está restrita aos aspectos
técnicos impostos pelos limites daengenharia, pois a mesma compreende o conjunto de
todas as medidas a serem tomadas visando-se à atenuação dos riscos e prejuízos
decorrentes de inundações aos quais a sociedade está sujeita.
Segundo Moura (2005), a drenagem urbana pode sersubdividida basicamente
em dois níveis, sendo a microdrenagem, constituída basicamente pelas instalações nos
traçados das vias públicas, e a macrodrenagem caracterizada, principalmente, pelos
escoamentos de fundos de vale e várzeas de inundação. Porém deve-se ressaltar que
cada um desses níveis é composto por uma elevada gama de
elementosqueatuamdeformaintegradaconstituindoosistemadedrenagem.
Nas áreas urbanas, simultaneamente à expansão das cidades, o sistema de
drenagem, principalmente de macrodrenagem, tende a tornar-se insuficiente, devido
principalmente ao aumento da impermeabilização dabacia.
Segundo Tucci (1993), o gerenciamento do sistema de drenagem urbanarecai
fundamentalmente em um problema de alocação de espaços para a destinação das
águas precipitadas, uma vez que a urbanização reduz o espaço outrora destinado ao
armazenamento natural que era propiciado pelas áreas permeáveis, várzeas e mesmo
nos próprios talvegues naturais. Quando as enchentes seestabelecem de forma
recorrente em uma bacia, além do problema de alocação de espaço, a combinação dos
efeitos no tempo passa a ser crítica, fazendo com que sejam necessárias soluções não
convencionais dedrenagem.
Segundo Canholi (1995), a constante expansão à que são submetidos os
grandes centros urbanos, gera entre outros fatores, uma grande impermeabilização da
bacia e consequentemente uma diminuição nos tempos de concentração, ocasionando
assim um aumento progressivo nas vazões afluentes. A maioria das cidades com
grandes adensamentos populacionais sofrem com problemas de inundações,e possuem
um sistema de drenagem antigo, e, na maioria de suas bacias, sub-
dimensionado, o que implica no aumento desse problema. Por isso, problemas de
alagamentos não são raros de seremobservados.
Faz-se necessária ou a adoção de medidas caras, como, por exemplo, a
expansão da rede, ou a adoção de medidas alternativas, que necessitariam de uma
maior conscientização da população e de legislaçõesespecificas eficazes. Ostipos mais
frequentes dessas medidas não convencionais referem-se às soluções que envolvem:
- Retenção e/ou detenção dos escoamentos (na fonte ea jusante);
- Retardamentos nas calhas dos córregos erios;
- Derivação deescoamentos;
- Endicamentos em conjunto com sistemas de bombeamento(“polders”). Compreendendo a drenagem
Pode-se definir drenagem urbana como um conjunto de sistemas destinadoao
escoamento das águas de chuva no meio urbano, visando a atenuação dos riscos e dos
prejuízos decorrentes de inundações aos quais a sociedade está sujeita.
Um adequado sistema de drenagemproporciona uma série de benefícios,
tais como:
��Redução de gastos com manutenção de vias públicas;
��Valorização das propriedades existentes na área beneficiada;
��Redução de danos às propriedades e do risco de perdas humanas;
��Escoamento rápido das águas superficiais, facilitando o tráfego por ocasião das
chuvas;
��Eliminação da presença de águas estagnadas e lamaçais, focos de doenças;
��Redução de impactos da chuva ao meio ambiente, como erosões e poluição de
rios e lagos;
��Redução da incidência de doenças de veiculação hídrica;
��Condições razoáveis de circulação de veículos e pedestres em áreas urbanas,
por ocasião de chuvas frequentes e/ouintensas.
No Brasil, muitas cidades sofrem com contínuos problemas relacionados a
drenagem das águas durante o período chuvoso. Problemas estes que acarretam
elevadosprejuízos socioeconômicosà população local, tais como inundações e
proliferação de doenças, além de por em risco a vida de pessoas que vivem em áreas
de riscoambiental.
Diversas estratégias são necessárias para solucionar estes problemas que
não podem ser resolvidos simplesmente através da construção de grandes obras de
drenagem, pois devem ser consideradas as conseqüências causadas pelo impacto
dessas obras a jusante, evitando-seque o problema seja transferido de local.
CONCEITOS HIDROLÓGICOS
O ciclo hidrológico da água possui fluxo em duas direções predominantes:
vertical e longitudinal, conforme esquematizado na Figura1
Figura 1: Ciclo Hidrológico (BRAGA, 2002)
Segundo Braga 2002, o fluxo vertical caracteriza-se pelos processos de
precipitação e evapotranspiração, enquanto o fluxo longitudinal é caracterizado pelo
escoamento na direção dos gradientes da superfície, quando dos escoamentos
superficiais e em canais, e do subsolo quando o escoamento for subterrâneo.
Durante a precipitação, a água que atinge o solo pode infiltrar ou escoar
superficialmente dependendo da capacidade do solo em infiltrar. Essa capacidade
depende de condições variáveis, como a quantidade de umidade já existente, das
características do soloe principalmente, do uso e ocupação deste solo.
on
Segundo Braga 2002, a água que infiltra, pode percolar para o aquífero ou gerar
um escoamento subsuperficial ao longo dos canais internos do solo, desaguando na
superfície ou em um curso d’água. E a água que escoa superficialmente converge para os
rios que formam a drenagem principal das baciashidrográficas.
O escoamento em rios depende de várias características físicas tais como
declividade, rugosidade, seção de escoamento e obstruções ao fluxo. Os rios tendem a
moldar dois leitos, sendo um leito menor, por onde escoa na maior parte do ano, e outro
maior que o rio ocupa durante épocas de cheias e em algumas enchentes.
Segundo Braga 2002, paralelamente aos processos naturais descritos, deve- se
considerar a interferência do homem que conforme aumenta a ocupação da bacia, altera
esses processos naturais causando diversas alterações nos fenômenos naturais.
Variáveis Hidrológicas
A denominação montante refere-se à seção de rio correspondente ao trecho de
onde vem o escoamento, enquanto que jusante corresponde o trecho por onde o fluxo
escoa.
Probabilidade e período de retorno
Através de dados históricos sobre vazões ou níveis coletados ao longo de vários
anos num determinado local, estima-se a probabilidade de que uma determinada vazão
ou nível seja igualado ou superado em um anoqualquer.
O período de retorno constitui-se do inverso dessa probabilidade, calculado
por: onde T é o período de retorno e P éprobabilidade.
Tempo de concentração: É definido como o tempo gasto por uma gota de água para
escoar superficialmente do ponto mais distante da bacia até a seção principal da
mesma.
Escoamento: Segundo Tucci e Silveira (2001), os processos de escoamento num rio,
canal ou reservatório, variam de acordo com o tempo e o espaço. Para dimensionar ou
conhecer uma situação limite, muitas vezes admite-se que o escoamento ocorre em
regime permanente, ou seja, admite-se que não existe variação no tempo.
Consequências da urbanização nadrenagem
Segundo Pompêo (2000), enchentes são fenômenos naturais que ocorrem
periodicamente em cursos d’água devido a chuvas degrande intensidade.
Em áreas urbanas, as enchentes podem ser ocasionadas por estas chuvas
intensas de grande período de retorno, ou devido a transbordamentos de cursos d’água
provocados por mudanças no equilíbrio no ciclo hidrológico em regiões a montante das
áreas urbanas, ou devido à própria urbanização dabacia.
De acordo com Martins (1995), a medida que as áreas são urbanizadas e
consequentemente executam-se obras de micro drenagem, as vazões afluentes aos
receptores aumentam devido à redução dos tempos de concentração, conforme observa-
se na Figura 2.
Figura 2: Hidrograma de áreas urbanizadas (TUCCI et al., 1995, p. 18)
Assim, observa-se que a degradação da drenagemnatural ocorre geralmente
devido a um gerenciamento inadequado, tanto na ocupação da bacia como na
conservação de sua qualidade ambiental, ocasionadas pela falta de controle sobre a
impermeabilização dos solos, pela disposição inadequada de lixo e outros rejeitos,
ausência de planejamento de expansão viária, além de outros aspectos relativos à
manutenção e conservação de leitos. A Figura 3 ilustra a degradação da drenagem
natural pela ocupação urbana, primeiramente através da ocupação do leito secundário,
seguido pela instalação da malhaviária.
Figura 3: Fases da degradação da drenagem natural (MARTINS, 1995, p. 170)
Dessa forma, o balanço hídrico da bacia se altera devido ao aumento significativo
do escoamento superficial e pela redução da recarga natural dos aquíferos e
daevapotranspiração.
Além dos fatores apresentados, segundo Martins (1995), existemainda outras
razões que levam a necessidade da implantação ou ampliação das vias de
macrodrenagem, que devem serdestacadas:
• A ocupação dos leitos secundários de córregos, cuja utilização dá-se
apenas por ocasião dascheias;
• O aumento da taxa de aporte de sedimentos, devido ao desmatamento e
manejo inadequado dos terrenos, e a detritos, como rejeitos industriais e lixo, lançados
diretamente sobre osleitos;
• A necessidade de ampliação da malha viária em valesocupados;
• O saneamento de áreasalagadiças.
Planos Diretores de Drenagem Urbana
Considera-se que para desempenhar a função de controlar os efeitos das cheias
e solucionar adequadamente os problemas de drenagem, a Municipalidade deve elaborar
um Plano Diretor de Drenagem Urbana que, através de estudos detalhados e
planificação estratégica de implantação, estabeleça diretrizes compatíveis com a
realidade urbana da cidade, aplicáveis a curto, médio e longos prazos.
Segundo Tucci (2001), os sistemas clássicos dedrenagem urbana, centrados na
lógica da evacuação rápida das águas do meio urbano através de ações estruturais,
implicam em investimentos maciços das municipalidades, face à necessidade de
contínua adaptação à expansão urbana. Este fato choca-se com um quadro de escassez,
cada vez maior, dos recursos públicos disponíveis para investimentos em infraestrutura
urbana, levando à busca de soluções de drenagem com custo maisreduzido.
Ainda segundo Tucci (2001), por outro lado, observa-se o crescimento
contínuo de uma demanda social e ambiental, forçando a análisede aspectos sanitários,
poluição e inserção cênica na concepção, construção e operação dos sistemas de
drenagemurbana.
De acordo com Tucci (2001), A estrutura básica de um PDDU (Plano Diretor
de DrenagemUrbana) é composta por um conjunto básico de informações de entrada, e
a interface com os demais Planos da cidade, legislação vigente e regulamentação da
cidade. Figura4.
Figura 4: Estrutura do Plano Diretor de Drenagem Urbana (TUCCI, 2001, p. 17)
É importante ressaltar que o PDDU deve incluir restrições sobre vazões à
jusante, isto é, introduzir o critério de “impacto zero” em drenagem, de forma que as
vazões ocorrentes não sejam majoradas. O PDDUdeve ser desenvolvido com base num
conjunto de informações relacionadas aseguir:
• Cadastro da rede pluvial, bacias hidrográficas, uso e tipo de solodas bacias,
entre outros dadosfísicos;
• Planos que apresentam interface importante com a Drenagem Urbana.
Plano de Desenvolvimento Urbano da cidade, Plano de Saneamento ou esgotamento
sanitário, Plano de Controle de Resíduos Sólidos e PlanoViário;
• Aspectos institucionais: Legislação municipal relacionada com o Plano
Diretor Urbano e meio ambiente; Legislação estadual de recursos hídricos e Legislação
federal; Gestão da drenagem dentro domunicípio;
• Dados hidrológicos: precipitação, vazão, sedimentos e qualidade da águado
sistema dedrenagem.
Conhecendo-se esse conjunto de dados básicos necessários, tem início o
desenvolvimento do PDDU, através das seguintesetapas:
Fundamentos: são os elementos definidores do Plano e constituído dos
objetivos, conceitos, princípios, estratégias, cenários e riscos a seremobservados;
Desenvolvimento do Plano: etapa onde são realizados os estudos de
alternativas do Plano, baseando-se noseguinte:
a) Medidas não estruturais, representadas pela proposta da legislação
municipal para conter o aumento do impacto da urbanização sobre arede de drenagem.
b) Medidas estruturais de controle para as áreas que apresentam problemas
de inundação com a ocupaçãoatual.
Produtos do Plano: são os resultados obtidos para a cidade do estudo
realizado, ou seja, Legislação e/ou Regulamentação que compõem as medidas não
estruturais, Proposta de gestão da drenagem urbana dentro da estrutura municipal
de administração, Plano de controle das bacias hidrográficas urbanas e Plano de Ações
contendo as medidas a serem tomadas ao longo do tempo.
Programas: são os estudos complementares de médio e longo prazo para a
cidade recomendados no Plano, visando melhorar as deficiências encontradas na
elaboração do mesmo.
Sistemas de drenagemnão-convencionais
Conforme Canholi (1995), as soluções “não-convencionais” em drenagem
urbana podem ser entendidas como estruturas, obras, dispositivos ou ainda conceitos
diferenciados de projetos. São soluções que diferem do conceito tradicional de
canalização, ou estão associadas a elas, para sua adequação ou otimização do sistema
de drenagem.
Dessa forma, em muitos casos, esse conceito torna-se ineficiente à medida
que a bacia é urbanizada, uma vez que a urbanização desenvolve-se normalmente de
jusante para montante. E à medida que a bacia se urbaniza, os picos de vazão nas
canalizações a jusante aumentam, e as obras para adequação das capacidades torna-
se difícil ou inviáveis de serem executadas devido à própria urbanização nas áreas
ribeirinhas aoscórregos.
Conforme Canholi (1995), assim o uso de soluções alternativas, tidas como
sistemas de drenagem não convencionais, apresentam soluções para os problemas em
sistemas de drenagem existentes e possibilitam um melhor planejamento em áreas
futuramente urbanizadas, através de técnicas a seremapresentadas.
Sistemas de Drenagem Urbana
Na drenagem das águas pluviais, Chernicharo e Costa (1995) citam a
existência de três tipos de concepção para os canais de macro-drenagem urbana:
Fechados; Abertos e de Leito Preservado.
Entre as soluções, a melhor concepção seria de leito preservado, pois gera
uma menor intervenção nos cursos naturais e evita o emprego de soluções estruturais,
através da criação de parques lineares ao longo do canal. Porém, esta concepção deve
ser adotada em áreas de pouca ocupação urbana ou áreas de preservação.
Ainda segundo os autores, existe no Brasil uma cultura de privilegiar as
intervenções em fundos de vale, com obras de canalização em estruturas de concreto,
constituídas de canais fechados, margeados por interceptores de esgotos sanitários de
ambos os lados. As pistas, destinadas ao trânsito de veículos, são executadas sobre os
canais, descaracterizando totalmente o ambientenatural.
Porém, em casos de ocorrência de chuvas com período de retorno (T)superior
ao da vazão (Q) de projeto, utilizada para o dimensionamento do canal, resulta-se na
extravasão do mesmo. Mas, se o canal em questão for um canal fechado ocorrerá o
afogamento da seção transversal, fazendo com que o mesmo deixe de atuar como um
conduto livre passando a atuar como conduto forçado,gerando assim pressões internas
e induzindo o refluxo pelas galerias, bocas de lobo etc.
Controle em Áreas Impermeabilizadas
“Neste contexto de cidades despreparadas para receber o imensocontingente
de pessoas e absorver toda essa mão-de-obra, era de se esperar graves consequências
negativas, como por exemplo: colapso dos sistemas de transportes coletivos,
congestionamentos no trânsito, aumento de processos erosivos, assoreamentos dos rios
e impermeabilização do solo como fator desencadeador das inundações, proliferação de
habitações irregulares, ocupação de áreas de proteção ambiental, precariedade do
saneamento básico, disseminação de favelas nos centros urbanos”. Moraes e Da
Costa1994.
Ainda segundo Moraes e Da Costa 1994, locais com grandes áreas
impermeabilizadas tais como estacionamentos, pátios de manobra, praças públicas e
centros esportivos, tendem a gerar elevados picos dedeflúvios.
A construção de edificações, a pavimentação de ruas, e outros processos de
ocupação nas cidades, resultam na impermeabilização do solo, causando graves
impactos ambientais, como o aumento do escoamento superficial da água e o
rebaixamento do lençol freático. O aumento do volume de água escoado para os cursos
d’água, associado ao assoreamento dos mesmos, resulta nas inundações,com prejuízos
sociais eeconômicos
Segundo Canholi (1995), além da introdução da prática de ampliarem-se as
áreas permeáveis nestes locais, tais áreas também podem conter dispositivos ou
estruturas que reservem estes escoamentos, tanto através da inundação controlada em
certos pontos das mesmas, como da implantação dereservatórios.
Ainda Segundo Canholi (1995), para obter-se o retardamento do acesso de
deflúvio à rede de drenagem podem ser instaladasobstruções especialmente projetadas
nas caixas de coleta, de forma que próximo às captações se mantenha um
alagamentocontrolado.
Através da previsão de depressões em praças públicas, estacionamentos e
outros locais, pode-se obter tal retardamento de forma ainda mais controlada. Além de
estes locais terem condições de dispor de um espelho d’água permanente com um
volume de espera.
Reservatórios de Contenção / Retenção aJusante
De acordo com Canholi (1995), as estruturas de contenção ou retenção dos
deflúvios à jusante visam controlar os escoamentos de bacia ou sub-bacias dedrenagem,
constituindo-se assim em obras de maior importância e significado na intervenção
urbana, pois é através desta reserva dos volumes escoados que se obtém o
amortecimento dos picos dasenchentes.
De acordo com Walesh (1989), as obras de reservação podem ser
diferenciadas como bacias de detenção e bacias de retenção. Assim, de forma geral, tal
conceituação pode ser entendida como:
Bacias de Detenção: são obras destinadas a armazenar os escoamentos de
drenagem, normalmente secas durante as estiagens, mas projetadas para reteras águas
superficiais apenas durante e imediatamente após as chuvas.
O tempo de detenção guarda relação apenas com os picosmáximos de vazão
requeridos à jusante e dos volumesarmazenados.
Bacias de Retenção: reservatórios de superfície que sempre contém um
volume substancial de água permanente para servir as finalidades recreativas,
paisagísticas, ou próprio abastecimento de água ou outras funções. O N.A. é mantido
temporariamente acima dos níveis normais durante ou imediatamente após as cheias.
Soluções como manutenção de canais abertos e com seus traçados naturais,
auxiliam na redução da velocidade de escoamento, incentivos à adoção de dispositivos
de contenção na fonte que melhorem as condições de infiltração no solo da cidade,como
o uso de pavimentos permeáveis, vala de infiltração, bacias de percolação, dentre
outrastécnicasdisponíveistambémpodemtrazerbenefíciosaoescoamentodaágua.
ESTUDO DE CASO
A cidade de Contagem, não difere das demais realidades, epossui atualmente
um sistema de drenagem antigo eineficiente.
Com intuito de encontrar uma solução de engenharia para mitigar problemas
graves de enchente que vem impactando o Sistema de Drenagem Urbana do Ribei
Arrudas e seus tributários da Bacia Elementar do Córrego Ferrugem foram previstas 3
(três) áreas para detenção/controle de cheias, localizadas no entorno do Córrego
Ferrugem e do Córrego Riacho das Pedras. A Figura 6 apresenta a localização geral do
empreendimento.
Figura 6: Planta geraldo empreendimento
Soluções como manutenção de canais abertos e com seus traçados naturais,
auxiliam na redução da velocidade de escoamento, incentivos à adoção de dispositivos
fonte que melhorem as condições de infiltração no solo da cidade,como
o uso de pavimentos permeáveis, vala de infiltração, bacias de percolação, dentre
outrastécnicasdisponíveistambémpodemtrazerbenefíciosaoescoamentodaágua.
Contagem, não difere das demais realidades, epossui atualmente
um sistema de drenagem antigo eineficiente.
Com intuito de encontrar uma solução de engenharia para mitigar problemas
graves de enchente que vem impactando o Sistema de Drenagem Urbana do Ribei
Arrudas e seus tributários da Bacia Elementar do Córrego Ferrugem foram previstas 3
(três) áreas para detenção/controle de cheias, localizadas no entorno do Córrego
Ferrugem e do Córrego Riacho das Pedras. A Figura 6 apresenta a localização geral do
Figura 6: Planta geraldo empreendimento
Soluções como manutenção de canais abertos e com seus traçados naturais,
auxiliam na redução da velocidade de escoamento, incentivos à adoção de dispositivos
fonte que melhorem as condições de infiltração no solo da cidade,como
o uso de pavimentos permeáveis, vala de infiltração, bacias de percolação, dentre
outrastécnicasdisponíveistambémpodemtrazerbenefíciosaoescoamentodaágua.
Contagem, não difere das demais realidades, epossui atualmente
Com intuito de encontrar uma solução de engenharia para mitigar problemas
graves de enchente que vem impactando o Sistema de Drenagem Urbana do Ribeirão
Arrudas e seus tributários da Bacia Elementar do Córrego Ferrugem foram previstas 3
(três) áreas para detenção/controle de cheias, localizadas no entorno do Córrego
Ferrugem e do Córrego Riacho das Pedras. A Figura 6 apresenta a localização geral do
O Diagnóstico Sanitário e Ambiental da Bacia Hidrográfica do Córrego
Ferrugem compreende uma visão integrada dos diversos elementos que o compõe,sejam
eles relativos ao meio natural ou ao meio antrópico. Neste contexto, os principais
problemas detectados estão relacionados aos riscos de inundações recorrentes –
problemas sanitários,com ênfase na drenagem urbana, deficiências de infraestruturas e
equipamentos urbanos, condições impróprias de assentamentos humanos, déficit de
habitação e serviços, degradação ou super exploração dos recursos naturais;
Denominadas como bacias B3, B4 e B5 essas três bacias foram projetadasem
áreas estratégicas com intuito de minimizar problemas graves e recorrentes de
enchentes. A figura 6.1 mostra as áreasde implantação dessas três bacias.
Figura 6.1: Áreas de implantação das Bacias de detenção na cidade de Contagem/MG
B3
B4
B5
CENÁRIO ATUAL
Apresenta-se a seguir o Documento Fotográfico em torno das áreas onde
serão implantadas as bacias, identificando os Sistemas de macrodrenagem,
microdrenagem, acessos e interferências existentes na Bacia Hidrográfica do Córrego
Ferrugem e as sub-bacias hidrográficas da área de estudo, como podemosobservar nas
figuras 6.2 e6.3
Figura 6.2: Cenário atual dos principais dispositivos de drenagem existentes, acessos,
interferências e tributáriosda bacia elementar do Córrego Ferrugem.
A recorrência de inundações e enchentes no local está relacionada comas
péssimas condições que se encontram os dispositivos de drenagem implantados,
assim como toda infraestrutura observada in loco, que necessita de reparos e
intervenções. Emgeral, todos os canais de macrodrenagem simulados
apresentaram não conformidades no dimensionamento hidráulico, podendo-se
concluir que os mesmos não estão compatíveis às vazões de contribuição.
Figura 6.3: Cenário atual dos principais dispositivos de drenagem existentes, acessos,
interferências e tributáriosda bacia elementar do Córrego Ferrugem.
A ocorrência de obstruções e retenções de lixo, entulho e outros objetos
carreados pela correnteza na maioria das travessias, bueiros, galerias e tubulações
do sistema de macrodrenagem contribuipara o agravamento das inundações.
As áreas lindeiras aos canais de drenagem que compõem o Sistema de
Macrodrenagem do Córrego Riacho das Pedras encontram-se densamenteocupadas,
com edificações situadas sobre áreas caracterizadas como planícies de inundação
e/ou de domínio dos cursos d’água, as quais apresentam uma vulnerabilidade maior a
ocorrência de inundações, sem se levar em conta os princípios ecológicos e a
integridade dos recursos naturais, afetando sensivelmente o meio ambiente, sendo
frequentes e generalizadas as ocorrências de alagamentos e de formação de fortes
enxurradas nas vias públicas. Essas ocorrências em geral acarretam danos materiais
e dificuldades transitórias para a movimentação de pessoas e para o tráfego de
veículos, principalmente, nas áreas ocupadas por aglomeradosurbanosinformais.
INFORMAÇÕES E INTERVENÇÕES DOEMPREENDIMENTO
��População Diretamente Beneficiada: 7.750 habitantes;
��População Indiretamente Beneficiada: 38.000 habitantes;
��Famílias Desapropriadas e/ou Remanejadas: 1.595 famílias;
��Famílias Reassentadas: 816 famílias;
��Famílias Indenizadas pelas Benfeitorias em suas Edificações: 479 famílias;
��Reassentamento Monitorado: 300 famílias;
��Implantação de 19 edifícios de 04 pavimentos com 16 apartamentos e 16
edifícios de 08 pavimentos com 32 apartamentos, situados em 09 áreas
destinadas ao reassentamento de famílias;
��Implantação de equipamentos e infraestrutura urbana nas áreas destinadas ao
reassentamento de famílias;
��Implantação, Recuperação e Articulação Viária no entorno das áreas destinadas
à implantação dos núcleos habitacionais;
��Implantação de 03 bacias de detenção de cheias:
��Bacia B3 (localizada na Vila PTO), com área total de 16.850 m² e capacidade
volumétrica para 102.960 m³;
��Bacia B4 (localizada na Vila Itaú), com área total de 61.276 m² e capacidade
volumétrica para 377.950 m³;
��Bacia B5 (localizada na Vila Sport Club), com área total de 41.776 m² e
capacidade volumétrica para 274.245 m³;
��Implantação de vertedores de emergência, dispositivos de descarga e de
esgotamento para as 03 bacias de detenção de cheias;
��Adequação dos canais de macrodrenagem dos córregos Carneiro e Itambé;
��Implantação de vias urbanas no entorno das bacias de detenção de cheias;
��Implantação de Sistema de Alerta de Inundações;
��Recuperação Estrutural de Canais de Macrodrenagem, Galerias, Bueiros e
Travessias inseridos no trecho de interesse.
BENEFÍCIOSALCANÇADOS PELO EMPREENDIMENTO
��Redução em 25% da vazão de escoamento do Córrego Ferrugem no
desemboque no Ribeirão Arrudas (Avenida Tereza Cristina);
��Aumento do tempo de detenção de cheias de 30 minutos para 120 minutos,
reduzindo a coincidência dos picos de cheias no Ribeirão Arrudas;
��Recuperação de aproximadamente 20 hectares de áreas permeáveis,
contribuindo para a redução do escoamento das águas pluviais;
��Recuperação e Revitalização de aproximadamente 10 hectares de APP′s - Áreas
de Preservação Permanente;
��Melhoria da qualidade de vida da população diretamente e indiretamente
afetada;
��Requalificação Ambiental do Córrego Ferrugem e de seus afluentes: Córregos
Água Branca e Riacho das Pedras, beneficiando também o Ribeirão Arrudas;
��Controle das inundações recorrentes no Córrego Ferrugem;
��Melhorianascondiçõesdehabitabilidadede1.300famíliasribeirinhasresidentes nas
áreas de risco sujeitas às inundações do Córrego Ferrugem, e
beneficiamentode9.500famíliascomainfraestruturaeurbanizaçãoimplantada;
��Melhoria das Condições de Saneamento Urbano.
CONCLUSÕES
A importância de um planejamento adequado de drenagem e manejo de
águaspluviais urbanas torna-se mais clara na medida em que se acumulam os efeitos
negativos das chuvas, tais como alagamentos, inundações, deslizamentos e supressão
dos cursos d’água de paisagem urbana.
O comprometimento do funcionamento dos sistemasde drenagem, causados
pelos impactos da ocupação desordenada, e pela ineficiência do gerenciamento dos
mesmos, mostram a urgência de se implementar metidas para controle na fonte, e de se
estabelecer ações de manutenção de todo sistema de drenagemurbana.
Os sistemas de drenagem convencionais adotados por várias décadas em
grandes centros urbanos, que induzem uma aceleração dos escoamentos através de
canalizações, vêm passando por mudanças em seus conceitos devido à constatação de
sua ineficiência com a constante expansão dascidades.
Como a urbanização de uma bacia desenvolve-se de jusante para montante,
os sistemas de drenagem tendem a tornar-se insuficientes, pois os picos de vazões nas
canalizações a jusante aumentam devido a fatores como a ocupação inadequada nas
margens dos rios que implica no aumento da impermeabilização do solo.
Assim, o uso de alternativas, tidas como sistemas de drenagem não-
convencionais, apresentam soluções para os problemas em sistemas de drenagem
existentes e possibilita um melhor planejamento em áreas futuramente urbanizadas,
através de técnicas de retardamento de escoamentos, detenção, retenção,
favorecimento de infiltração, dentre outras, conforme apresentado neste trabalho.
“Estas soluções além de possibilitar a adequação dos sistemas de drenagem
existentes, permitem que em um próximo estágio, haja um maior controle sobre a
qualidade das águas armazenadas, pois à medida que as águas são retidas durante as
precipitações, estas podem sofrer um tratamento primário para sua utilização emdiversas
aplicações como aguamento de praças e jardins, lazer, ou ainda em menor escala, para
lavagem de veículos e roupas em residências”. Canholi(1995)
É importante ressaltar que devido à escassez de água potável disponível,
medidas de incentivo a conservação dos recursos hídricos e o favorecimento ao
reaproveitamento de águas, sejam estas servidas ou de chuvas, devem ser analisadas
e implantadas pelos órgãosresponsáveis.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRAGA, B. et al. Introdução à Engenharia Ambiental. São Paulo: Prentice Hall, 2002. 305 p.
CANHOLI, A. P. Soluções Estruturais Não-Convencionais em Drenagem Urbana. 1995. Tese (Doutorado em Engenharia) – Escola Politécnica da USP, Universidade de São Paulo, São Paulo.
CHERNICHARO, C. A. de L.; COSTA, A. M. L. M. da.Drenagem Pluvial. In: Manual de Saneamento e Proteção Ambiental Para os Municípios. Vol. 2 – Saneamento. Belo Horizonte: Escola de Engenharia da UFMG, 1995. P161-179.
TOMAZ, P. Aproveitamento de Água de Chuva. São Paulo, 2003. Navegar Editora– Série Tecnologia. 180 p.
MARTINS, J. R. S. Obras de Macrodrenagem. In: TUCCI, C. E. M. et al. Drenagem Urbana. Porto Alegre, 1995. ABRH / Editora da Universidade / UFRGS. P. 167–240.
NOGUEIRA, P. F. Água de Chuva. Disponível em:<http://www.aguadechuva.com> Acesso em: 18 Abr. 2013.
ALVES, B; R; BRITO, V.F. soluções e adequações para controles de cheias em aglomerados urbanos. In: XIII SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS, Belo Horizonte 1999.CD.
WILKEN, P.S. Engenharia de drenagem superficial. São Paulo: CETESB, Mapa Urbano Digital de Contagem – Versão 10. Prefeitura de Contagem, 2004.
MOURA, T.A.M Estudo experimental de superfícies permeáveis para controle de escoamento superficial em ambientes urbanos. Dissertação(Mestrado) Universidade Federal de Belo Horizonte,2005.
POMPÊO, C. A. Drenagem Urbana Sustentável. Porto Alegre, 2000. Artigo publicado pela Revista Brasileira de Recursos Hídricos /ABRH, v. 5, n. 1.
HEINECK E.T, 2008. Mapa Geológico de Minas Gerais. Belo Horizonte. CPRM, 2008 SERGIO, A. B. Estudos Geológicos, Hidráulicos, Geotécnicos e Geoambientais Integrados no Município de Belo Horizonte. Universidade Federal de Minas Gerais, 1995;
TUCCI; PORTO; BARROS, C.E.M.; R.L.L.; M.T..Drenagem Urbana 1995, 428 f.. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Editora da Universidade UFRGS (Coleção ABRH de Recursos Hídricos).
TUCCI, C. E. M. et al. Gestão das inundações Urbanas.Porto Alegre, 2005. UNESCO / Curso de gestão das inundações urbanas. 200p.
SOUZA, Marcelo Lopes. ABC do Desenvolvimento Urbano. Rio de Janeiro, Bertan do Brasil, 2002.
MORAES, Antônio Carlos Robert & DA COSTA, Wanderley Messia. A Valorização do Espaço. 3 ed. São Paulo, Hucitec,1984