Post on 03-Jul-2015
description
qwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmrtyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwerty
ARQUITETURA GÓTICA
Arquitetura gótica alemã
2
Universidade de Caxias do Sul Centro de Artes e Arquitetura
CAMPUS 8
ARQUITETURA GÓTICA Arquitetura Gótica alemã
Caxias do Sul - Rio Grande do Sul 22 de outubro de 2010
3
Acadêmicos: Bárbara Raymondi, Gabriela Paim, Marcus
Vinicius Mocelin dos Reis e Tiago de Campos
ARQUITETURA GÓTICA Arquitetura Gótica alemã
Trabalho sobre a Arquitetura Gótica (especificamente arquitetura gótica alemã e seus afluentes) para a disciplina de Teoria e História da Arquitetura e Urbanismo I, da Universidade de Caxias do Sul.
Professora: Adriane Karkow
UCS – Centro de Artes e Arquitetura (Campus 8) Caxias do Sul, 29 de outubro de 2010
4
Sumário
1. INTRODUÇÃO...............................................................................................5
2. DESENVOLVIMENTO 2.1. Arquitetura Gótica 2.1.1. As raízes da Arquitetura Gótica..................................................6 2.1.2. Elementos estruturais e característicos da
Arquitetura Gótica........................................................................8 2.1.3. A Arquitetura Gótica fundamentada no conceito filosófico
da Escolástica.............................................................................11 2.2. Arquitetura Gótica Alemã.........................................................................14 2.3. A Arquitetura Neo-gótica da Catedral de São João Batista..................16 2.4. A Arquitetura Gótica Alemã somada à Catedral de
São João Batista...................................................................................18
3. CONCLUSÃO...............................................................................................21
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................23
5
1. INTRODUÇÃO
Inicialmente no século X, a Europa passava por mudança em sua política,
economia, filosofia, sociedade e religião. Havia prenúncios do fim dos tempos,
invasões bárbaras, nascimento de novas correntes filosóficas e arquitetônicas.
Em meio ao caos europeu, nasceu a Arte Gótica (Arte Francesa ou, ainda, Arte
das Catedrais). O gótico surge na França e ao seu final, datando o século XIV,
difunde-se por toda Europa medieval e baseava-se no princípio de uma
arquitetura racional, na qual a forma gera a estrutura do edifício.
Historicamente, localizamos esse período posteriormente à Arte Românica e
precedente à Arte Renascentista.
A maior característica da Arte Gótica é a revolução arquitetônica nas
capelas, com profundas e marcantes peculiaridades, como o arco ogival,
abóbadas ogivais com arestas bem marcadas, arcobotantes, grande
iluminação e acima de tudo a verticalidade, expressa não só nos edifícios,
como nas pinturas e outros nichos da Arte como um todo. O gótico pode ser
considerado a técnica com arte. Ao passo de que, os edifícios fossem
geométricos eram também assimétricos, como a Catedral de Chartres, na
França.
Junto do surgimento da Arquitetura Gótica está uma nova escola filosófica,
a Escolástica. Ambas datando o mesmo período e com propósitos semelhantes
de que a razão anda junto com a fé.
Comparam-se, ainda, as diferenças entre a arquitetura gótica francesa, a
alemã e a praticada no Brasil, especificamente em Santa Cruz do Sul, Rio
Grande do Sul, pelo arquiteto austríaco Simão Gramlich na Catedral de São
João Batista, a maior Catedral neogótica da América Latina.
6
2. DESENVOLVIMENTO
2.1. A Arquitetura Gótica
2.1.1. As raízes da Arquitetura Gótica
A arquitetura gótica situa, historicamente, entre a arquitetura românica e a
arquitetura renascentista. Evoluiu no solo francês durante o período conhecido
como Idade Média. Inicialmente denominada “Opus Francigenum” (Obra
Francesa) e depois “Arte das Catedrais”. O vocábulo “gótico” foi introduzido
somente na Renascença, pelos renascentistas italianos (Quattrocento).
Em meados do século X, a Europa se encontrava em um estado caótico, e
a autoridade do rei era questionada. O continente então se reorganiza
socialmente e nasce o sistema feudal. O poder real, enfraquecido, foi
substituído pelo feudalismo. Invasões ameaçam a França e a tensão popular
contribui para que se espalhe a crença propagada pela Igreja de que se
aproxima o juízo final. A arte românica, expressão estética do feudalismo,
reflete o medo do povo. Em 1005 surgem as primeiras Cruzadas e depois de
somadas à decadência do Feudalismo, passa a existir o então chamado Estilo
Francês, que logo se dissemina por toda a porção da Europa Medieval.
A população passa a ter maior influência na vida pública nacional e
eufóricos diante de sua própria importância sentem a necessidade de
demonstrar sua emancipação. Foi assim que se fundaram as primeiras
universidades havendo, então, o crescimento da literatura e de sua gravidade.
Muitos europeus, até então, confinados à vida nas aldeias, passam a ter uma
visão mais ampla do mundo. É o início de uma profunda mudança social!
No século XII tem início uma economia fundamentada no comércio, fazendo
com que a vida social se desloque do campo às cidades e brota a burguesia
urbana. A arquitetura predominante ainda é românica, mas já aparecem
variações, prenúncios da arte de construir grandes edificações.
7
Com a volta dos reis ao poder, o povo, em festa, dirige-se às igrejas e
catedrais. Surgiu uma nova arquitetura, a gótica, considerada por alguns
estudiosos de uma aparência bárbara. A catedral será o símbolo de sua vitória,
a casa do povo. O gótico era uma arte imbuída da volta do refinamento e da
civilização na Europa e o fim do bárbaro obscurantismo medieval.
A palavra “gótico” faz referência aos godos ou povos bárbaros do norte,
mais conhecidos até então. Foi publicada primeiramente no livro de Giorgio
Vasari, considerado o "pai" da História da Arte, em sentido pejorativo para
descrever essas descomunais construções que, em sua opinião, escapavam
aos critérios bem proporcionados da arquitetura e da perfeição. Soma-se a
isso, a idéia que os renascentistas levavam sobre a Idade Média, como a idade
das trevas, época de bárbaros. Vale ressaltar que muitos historiadores
consideraram o período gótico como nulo, pois na Renascença reviveu-se a
cultura Greco-romana e seus aspectos, como naturalismo, simetria, escala
racional, perfeccionismo e as ordens clássicas; todas as feições que
contrariavam o estilo gótico. Basicamente, na arquitetura gótica, o prédio
dominava o homem devido a sua altura, verticalidade; e já na Renascença
ocorria o contrário, através da visão antropocêntrica, o homem dominaria o
prédio.
O núcleo central deste estilo, que vigorou até o século XV no território
italiano é o arco de ogiva. A primeira obra francesa no estilo gótico é a Basílica
de Saint-Denis, situada na Ilê-de-France, atualmente Paris. Grandiosidade, a
crença na existência de um Deus que vive num plano superior; tudo se volta
para o alto, sua verticalidade, projetando-se na direção do céu.
8
2.1.2. Elementos estruturais e característicos da Arquitetura
Gótica
A primeira diferença entre uma igreja gótica e uma românica está na
fachada. Enquanto que, de modo geral, a românica possui um único portal, a
gótica tem três portais que dão acesso às três naves do interior da igreja: a
nave central e as duas laterais. Os arquitetos optavam então por ambientes
repletos de luzes, até então ausentes na Arquitetura Românica. Enquanto a
Arte Românica tem um caráter religioso tomando os mosteiros como
referência, a Arte Gótica reflete o desenvolvimento das cidades. Porém, deve-
se entender o desenvolvimento da época ainda preso à religiosidade, que
nesse período se transforma com a escolástica, contribuindo para o
desenvolvimento racional das ciências. Denota-se principalmente a
verticalidade.
Moore definiu a arquitetura gótica como um "sistema de abóbadas, cuja
estabilidade era assegurada por um equilíbrio perfeito de forças". A definição
de Moore não menciona as paredes, mas somente os três elementos principais
da construção. A parede deixou de ser elemento da estrutural fazendo com que
o edifício fosse uma gaiola de vidro e de pedra, com as janelas que vão de um
pilar a outro. A abside é a capela mais imponente, maior, sendo as absidíolas
as menores capelas.
9
Com proporções mais leves, os fustes são mais esguios do que na arte
românica. O pilar composto é substituído por uma coluna lisa e redonda
(pilares adoçados) cuja massa, menos volumosa, facilita a passagem entre a
nave central e as laterais, criando um espaço único, o deambulatório. A
habilidade técnica em constante progresso permitiu recorrer novamente ao pilar
composto, cujos elementos serão tão finos e tão delicados, que parece desafiar
as leis da gravidade.
O contraforte inspira-se no contraforte românico e são torres pontiagudas
muito trabalhadas, que substituem as maciças pilastras românicas e está
colocado em ângulo reto em relação à igreja, contra a parede lateral. O
arcobotante tem uma caixilharia diagonal de pedra; está escorado de um lado
pelo contraforte, colocado a certa distância da parede, e por outro lado pela
clarabóia da nave. O arcobotante, primeiramente utilizado na Catedral de
Notre-Dame de Paris, dirige a pressão da abóbada para o exterior por cima da
cobertura da nave central. Como é cimbrado por baixo, exerce um pouco de
pressão sobre o vão; sozinho não poderia resistir à pressão lateral das
abóbadas, mas associado aos contrafortes, tem uma força enorme. O peso
destes elementos neutraliza a pressão das abóbadas. Esse recurso
10
arquitetônico já era conhecido e a inovação consistia em tornar os arcobotantes
aparentes, em lugar de mantê-los ocultos sob as coberturas ou disfarçados nas
muralhas, dando assim uma solução inteligente e artística a uma necessidade
técnica.
A característica principal da arquitetura é a abóbada de nervuras ou
cruzada, que difere muito da abóbada de arestas da arquitetura românica,
porque deixam visíveis os arcos que formam sua estrutura, isto é, o arco ogival.
Com isso houve a possibilidade de se construir igrejas mais altas, sendo
responsável pela elevação vertical do edifício. As abóbadas ogivais de arestas
descarregavam o seu peso através de cordões, nervuras e feixes,
descarregando em pontos internos e definidos. Os empuxos laterais,
produzidos por estes integrantes do conjunto estático, foram trasladados para o
exterior do templo, graças aos arcobotantes, aos contrafortes e pináculos.
Podemos, ainda, encontrar um colunelo, ou colmo, para cada nervura da
abóbada. Esta concepção arquitetônica apresenta abóbadas amplas e altas.
Com relação aos arcos, o arco ogival possuía a vantagem de poder cobrir
áreas retangulares. Tais vãos anteriormente requeriam a construção de dois
arcos que alcançavam alturas diferentes, criando transições difíceis para os
pedreiros. O distanciamento dos apoios permitia vãos iluminados e colunas de
escassos diâmetros.
No século XII, são construídas as catedrais francesas por todo Estado, que
tem em comum um segundo piso nas naves laterais, o que nas igrejas
românicas chamava-se tribuna, que visava dar maior sustentabilidade à
abobada central. Em 1194 começa a se construir a catedral de Chartres, que
junto com Reims e Amiens caracterizam uma evolução no gótico, onde a
tribuna é substituída pelo trifório.
Suas catedrais são decoradas com motivos da flora e da fauna, e com
monstros (gárgulas) que são produtos da cultura cristã, que reflete a
mentalidade da Idade Média e da doutrina teocêntrica. Vitrais e rosáceas
tomam o lugar de densas paredes, sendo a rosácea uma das mais importantes
características da arquitetura gótica, aparecendo na maioria das obras
arquitetônicas consideradas góticas. Estes aspectos constituem as
11
características principais de uma arquitetura considerada pura. Na construção
dos prédios góticos havia uma implementação cósmico-religiosa, onde a parte
Oeste (entrada) era considerada a parte “profana”.
No século XIII, o estilo já está plenamente amadurecido e ricamente
ornamentado por vitrais e esculturas. Amiens também se destaca por seus
vitrais, perfeitamente integrados presentes na ornamentação de sua fachada
com elementos iconográficos e de tão vasta, já foi chamada de “Bíblia de
Amiens”. Os vitrais passaram então a ornar os grandes vãos abertos nas
fachadas ou ao longo das naves. Eles iluminavam o interior com luz e cores,
mas foram também cognominados de "Bíblia dos pobres", devido às cenas
bíblicas neles representadas.
12
2.1.3. A Arquitetura Gótica fundamentada no conceito filosófico
da Escolástica
A arquitetura foi a principal expressão da Arte Gótica e propagou-se por
diversas regiões da Europa, principalmente com as construções de imponentes
igrejas. Apoiava-se nos princípios de um forte simbolismo teológico, fruto do
mais puro pensamento escolástico: as paredes eram a base espiritual da
Igreja, os pilares representavam os santos, e os arcos e os nervos eram o
caminho para Deus. Além disso, nos vitrais pintados e decorados se ensinava
ao povo, por meio da mágica luminosidade de suas cores, as histórias e relatos
contidos nas Sagradas Escrituras. Mas, sobretudo, pode-se destacar, tanto na
filosofia escolástica como no estilo gótico, o mesmo impulso rumo ao
transcendente, o desejo de unir a razão à fé, o corpo à alma, numa superior
harmonia de totalidade, ou seja, o espiritual e o material se complementam de
forma perfeita.
A arte grega expressou de forma arquitetural o conflito da massa e da força,
pois o que ela obteve foi com a pedra, através da pedra. Na arquitetura gótica,
porém, essa dependência de algo material desapareceu completamente, uma
vez que a impressão causada pelo edifício gótico é apesar da pedra,
basicamente a arquitetura gótica desmaterializou a pedra.
Citando Maria Gozzoli, "uma filosofia - a Escolástica -
enquadrava harmoniosamente todo o saber do tempo e
afirmava a possibilidade de ascender a Deus não só pela fé,
como pela razão. Chegava-se a Deus por um esforço do
pensamento complexo, mas requintado, rigidamente formal,
mas rico de sutilezas. Esses mesmos conceitos que, em
arquitetura, inspiraram as catedrais góticas, a sua ascensão
para Deus [...] A enfática verticalidade de tais edificações
revela plenamente as transformações do gosto, do
pensamento filosófico, dos ideais estéticos, traduzidos, no
plano arquitetônico, por uma renovação das técnicas
mediante a introdução de uma série de elementos originais
típicos do estilo gótico: a abóbada sustentada por uma
13
cruzaria ogival, a utilização do arco quebrado em vez do arco
de volta perfeita (ou de volta inteira, arco românico), o
emprego do arcobotante e dos contrafortes".
A construção gótica, de modo geral, se diferenciou pela elevação e
desmaterialização das paredes, assim como pela especial distribuição da luz
no espaço. Assim, a catedral gótica eleva-se para o céu como uma oração e,
tal como a filosofia medieval, exprime o intangível e transcende o homem, na
sua procura do além.
14
2.2. A Arquitetura Gótica Alemã
A Alemanha ofereceu maior resistência à entrada da influência francesa,
fazendo parte da Arquitetura Gótica tardia. Porém, em 1248, tem início a
construção da catedral de Colônia que é puramente gótica, a partir de então o
estilo se firma em toda Alemanha e influenciará a Áustria e a Hungria.
Dona de um estilo gótico com características próprias, as catedrais alemãs
possuem muitas vezes estilo enxaimel (alvenaria de pedra com madeira na
estrutura), única nave ou nave escalonada, o exterior mais ornamentado que o
interior, e há mais verticalidade devido ao clima (neve). Variações regionais
ocorriam onde quer que o gótico se enraíze, a necessidade de amplos espaços
para o sermão originou o vestíbulo da Igreja. Feitas de tijolo em vez de pedra,
essas igrejas tinham naves e asas laterais da mesma altura, separadas apenas
por renques de colunas, por isso dava-se a essas catedrais o renome de “igreja
tipo salão”. Sem o clerestório ou trifório, prevalecia a sensação de um espaço
interior continuo.
Ressalvamos ainda que, o gótico alemão adentra uma complexa rede de
símbolos religiosos e a construção de imagens que expressavam a devoção ao
poder monárquico e a escultura desse período estava associada à arquitetura,
com os aspectos da vida humana que as pessoas mais valorizavam. Em
igrejas alemãs temos o Cavaleiro, de 1235 na catedral de Bamberg; e a Nobre
Uta, de 1249 na catedral de Naumburg. Sendo um dos mais belos exemplos
desse estilo na igreja de Santa Elizabeth (Elisabethkrche), a primeira igreja
gótica em território germânico, localizada na cidade de Marburgo e que teve
sua construção iniciada em 1235. A planta desta igreja apresenta o formato de
cruz, embora sendo o braço do coro e o transepto, de uma mesma medida.
Nas extremidades dessa construção cruciforme temos formas arredondadas
que fazem clara menção a uma permanência do estilo românico nesse tipo de
desenho arquitetônico.
Mesmo em catedrais elaboradas, como as de Colônia e Estrasburgo, que
servilmente imitavam projetos franceses, os alemães adicionaram seu toque
15
pessoal – neste caso, a flecha ou pináculo ornamental. A flecha na torre de
Estrasburgo é uma gaiola de rendilhado delicado. A flecha de 192m da
Catedral de Ulm (projetada no final do século XIV mas não construída até
1890) é a mais alta da Europa. Cabe ressaltar que a Catedral de Ulm é a mais
alta igreja do mundo com seus 161,53m de altura e 768 degraus. Sua
construção deu-se do ano 1377 ao ano 1890, 513 anos.
Simplificar o interior não impediu os arquitetos alemães de soltarem sua
imaginação no que diz respeito ao teto. Abóbadas elaboradas com nervuras
em rede ou configurações alveolares facetadas espalham-se pelo teto. Às
vezes, as nervuras (chamadas de “nervuras flutuadas”) eram completamente
independentes da superfície da abóbada, estendendo-se pelo espaço, como
andaimes. Pilares tomaram a forma de feixes de fustes ascendendo
sinuosamente, para se tornarem nervuras da abóbada. Por meio desse
desenho, o gótico alemão difere-se do gótico francês ao dispensar a
construção de arcobotantes nas naves laterais e central.
Ao mesmo tempo, apesar da construção explorar o espaço de forma bastante
compactada, as linhas e expressões do edifício transmitem notável leveza,
graças à exploração das linhas verticais e os rendilhados que tomam conta das
janelas em forma de ogiva.
16
2.3. A Arquitetura Neo-gótica da Catedral de São João Batista
O arquiteto Simão Gramlich foi o autor e quem supervisionou a primeira
fase de construções, posteriormente sob liderança do engenheiro Ernesto
Matheis. Gramlich veio da Alemanha, fugido da Primeira Guerra Mundial, em
1922. No Brasil, aportou em Recife (PE) e de lá seguiu para as colônias de
Blumenau (SC). Sabendo que nos Vales de Rio Pardo, Caí e Taquari (RS),
viajou para Santa Cruz do Sul. Antes, participou da estruturação da catedral de
Sinimbu (município limítrofe a SCS), esta, composta de uma só torre. A
primeira Igreja Católica foi construída em 1863, e o primeiro padre foi Manoel
José da Conceição Braga em 1860. Essa fora construída sob patrocínio do
Império e mesmo após sua ampliação foi considerada pequena. Deu-se partida
a construção de uma nova igreja. Dessa vez com apoio moral, social e
financeiro da comunidade da cidade. O início da construção datou-se em 1º de
fevereiro de 1928.
Em 2 de agosto de 1936 a igreja foi entregue ao culto público, mas o
acabamento da obra só ocorreu em 1977 com a construção de duas torres
maiores e 66 menores e a colocação do reboco do lado leste.
Localizada na zona central de Santa Cruz do Sul, em frente à Praça Getúlio
Vargas, a catedral de São João Batista é o maior templo em estilo neo-gótico
tardio da América Latina. Desde 1959 com a criação da diocese de Santa Cruz
do Sul com jurisdição sobre diversos municípios, a igreja passou a chamar-se
Catedral São João Batista. Pároco atual é o Padre Orlando Francisco Pretto.
A pintura existente atrás do altar chama-se "Grupo da Cruz" e teve sua
primeira pintura por Arno Seer e posteriormente por Roman Riesch. O custo da
catedral foi de mil réis.
17
Dimensões:
Comprimento: 80 metros;
Largura: 38 metros;
Altura: 26 metros na nave central, 19 metros nas naves laterais e 83 metros
nas torres.
A Alvenaria de tijolos caracterizou como sendo o material utilizado para
compor as escadarias nessa fase. Foi esta uma das adaptações feita,
primordial em termos de material. Os materiais importados foram apenas os de
pequeno porte. Destacam-se como constituintes da obra a pedra de areia,
utilizada nas fundações e detalhes de arcos trabalhados por artesãos.
O tijolo veio da Várzea (bairro localizado às margens da BR471) e Rio
Pardinho (distrito de Santa Cruz do Sul, no sentido SCS - Sinimbu). A areia
para assentar um tijolo ao outro é procedente do Cinturão Verde do município,
especificamente dos bairros Aurora e Margarida. Dali foi tirada uma areia de
mina. "Hoje não se pode mais extrair em função da proteção ao Cinturão
Verde", complementou João Paulo, o engenheiro instrutor da atual obra de
restauração, ainda em fase de términos. A cal veio basicamente de pantano
Grande, outro município próximo de SCS. O cimento, naquela época era
importado. Como era um material raro e de um custo bem maior, explorou-se o
uso da cal. "O arquiteto tinha exigências rigorosas sobre a quantidade da cal",
enfatizou o engenheiro. Gramlich já vinha construindo igrejas menores. Dessa
forma, foi detectando o que existia e ao mesmo tempo trouxe o conhecimento
adquirido da Europa pra cá. "Outro artefato que foi trazido do continente
europeu são os vitrais".
18
2.4. A Arquitetura Gótica Alemã somada à Catedral de São
João Batista
(Observação: comparações mais aprofundadas entre a Catedral de São João Batista e
especificamente catedrais góticas alemãs, encontram-se nos slides, pois através das imagens há
uma melhor visualização das particularidades).
A imponência da Catedral planejada pelo austríaco é de uma volumetria de
grandes dimensões, típico do gótico e mais tradicional ainda no gótico alemão,
que se destacava por possuir verticalidade mais intensa. De longe, em sua
fachada, denotam-se suas torres com seus 83 metros de altura, e nelas
percebem-se os arcobotantes, os pináculos, o coruchéu e sua volumetria
geométrica, outras características típicas do gótico. Entretanto, vale ressaltar
que os alemães em sua arquitetura gótica dispensaram os arcobotantes na
nave central e nas laterais, devido às extremidades das construções
cruciformes terem formas arredondadas, fazendo clara menção a uma
permanência do estilo românico, como citado anteriormente. No quesito de
ornamentação, são visíveis os arcos ogivais, vitrais permitindo a claridade, a
tradicional rosácea e tracerias (ou arrendados) em forma de arco ogival nas
torres, próximas aos arcobotantes. Observando mais precisamente, constata-
se a existência de florões e cogulhos, típicos elementos góticos que dão mais
sensação de verticalidade.
Logo na entrada da Catedral, destaca-se o arco contracurvado no pórtico,
característica influenciada pela cultura árabe. Esse elemento ainda se faz
presente em portas internas do prédio. No tímpano há vitrais estoriais, assim
como possui no pórtico de entrada da Catedral as arquivoltas (ou arco
escalonado). Ainda nos pináculos da entrada da nave central há cogulhos.
Ao adentrar na Catedral, denota-se a oposição do princípio alemão no qual
o interior é menos ornamentado. Contrariando esse princípio, a Catedral São
João Batista é ricamente adornada em seu interior, com pinturas lindíssimas
nas arcarias, predominando flores em cores vermelha e azul; o capitel
naturalista arrendado, seus pilares remetem à ordem clássica grega coríntia.
19
Suas colunas são octogonais e ainda compõe-se no seu interior pilares
adoçados, monolíticos e fasiculados, como na arquitetura gótica alemã e seus
pilares com feixes de fustes. Possui ainda duas salas capitulares, altar
chanfrado e uma dilatação espacial. Abobadas estrelada com arestas bem
marcadas e com pomos, feitas em estuque (tela e madeira, dando um sentido
ornamental) respeitando o gótico alemão, com abóbadas elaboradas e com
configurações alveolares. As nervuras, ou arestas, da abóbada da Catedral de
Santa Cruz lembram as da abóbada da Catedral de Colônia. O deambulatório
da Catedral é interceptado; e através seu transepto leste-oeste somado à
planta baixa conclui-se que a Catedral de São João Batista não respeita a
prática da implementação cósmico-religiosa do tradicional gótico.
Sobre tudo, concluí-se que, a Catedral de São João Batista faz parte de um
templo neo-gótico de grandes proporções e respeita uma das características
mais importantes da arquitetura gótica alemã, na qual as naves laterais são
praticamente da mesma altura da nave central, denomina-se então como uma
igreja tipo salão.
Pela análise da planta baixa, denota-se inicialmente as duas salas
capitulares ao lado da entrada da nave principal; seu deambulatório é
interceptado; possui um transepto bem marcado; duas absidíolas cercando a
abside/coro principal.Observa-se ainda a simetria dos elementos construtivos e
principalmente o fato de que não se trata de uma cruz latina, como a maioria
das tradicionais igrejas góticas.
20
Sem trifório e clerestório, a representação da Catedral pode ser
considerada mais fiel ao gótico alemão.
21
3. CONCLUSÃO
Pode-se concluir, que, a arquitetura não é só um mero nicho da História
da Arte, como um todo. A arquitetura está cravada, monumentalizada nas
pessoas, através de seu cotidiano nas cidades; está presente na vida delas
e influindo no modo de vida, como o conceito organicista incorporado pelo
arquiteto Frank Lloyd Wright1.
A arquitetura transcende uma época, localiza-se historicamente entre
período e outro, mas até hoje se estuda a mesma, tenta-se entendê-la,
admira-la e muitas vezes, incorporá-la, reconstruí-la e transmutá-la, como
as particularidades de cada catedral construída em épocas (períodos)
diferentes; a disseminação da arte francesa modificada na arquitetura gótica
alemã, trazida ao Brasil e transformada. Ao passo de que abre-se os olhos,
enxerga-se todo o universo da arquitetura, essa mescla de filosófica, como
a escolástica na gótica, a geometria no sentido algébrico ou os expressos
na perfeição das catedrais, os vitrais remetendo não só ao conceito de
luminosidade de um ambiente, mas relembrando a história servindo
também como parte decorativa do ambiente. Pode-se ainda relevar a
perfeição geométrica dos edifícios baseada na natureza e nas pessoas,
como defende Vitrúvio, e assim como as pessoas, cada edificação possui
particularidades ao passo de que possuem diversas características comuns.
A exemplo disso se faz a comparação entre a Catedral de São João Batista
e catedrais góticas alemãs, como Colônia, Ulm, entre outras. Tudo se une
com o único propósito de juntar e construir a arte e, então, vivenciá-la.
Essa divisão da História da Arte não é só uma mera construção, é um
estudo do passado para a construção do presente e, então, ser eternizada
1 O conceito do organicismo foi desenvolvido através das pesquisas de Frank Lloyd Wright, que
acreditava que uma casa deve nascer para atender às necessidades das pessoas e do caráter do país como um organismo vivo. Sua convicção era de que os edifícios influenciam profundamente as pessoas que neles residem, trabalham ou rezam, e por esse motivo o arquiteto é um modelador de homens.
22
no futuro. Eternizada não só em forma de edifícios, arcos, templos...
Eternizada no pensamento dos que viveram, vivem e viverão nela. Por
exemplo, entende-se o porquê de situar socialmente o leitor nos
acontecimentos europeus no auge do surgimento da arquitetura gótica na
França, para entender o motivo de seu nascimento. A arquitetura é mais
que um conjunto de tijolos, argamassa, mobílias, conta a história pela
história através da história para então ser transposta ao material.
23
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Arquitetura gótica. Disponível em: < http://www.infoescola.com/arquitetura/arquitetura-gotica/ >. Acesso em: 07 out. 2010. Arquitetura gótica. Disponível em: < http://www.coladaweb.com/artes/arquitetura/arquitetura-gotica/ >. Acesso em: 07 out. 2010. Arquitetura gótica. Disponível em: < http://www.pegue.com/artes/arquitetura_gotica.htm >. Acesso em: 07 out. 2010. Arquitetura gótica. Disponível em: < http://www.territorios.org/teoria/H_C_gotica.html >. Acesso em: 07 out. 2010. Arte gótica. Disponível em: < http://arki-tetura.blogspot.com/2010/06/arte-gotica.html >. Acesso em: 07 out. 2010. Arte gótica. Disponível em: < http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=163 >. Acesso em: 07 out. 2010. Arte gótica. Disponível em: < http://www.historiadaarte.com.br/artegotica.html >. Acesso em: 07 out. 2010. Arte gótica. Disponível em: < http://www.brasilescola.com/historiag/arte-gotica2.htm >. Acesso em: 07 out. 2010. Histórico da Arte Gótica: Arquitetura gótica. Disponível em: < http://www.spectrumgothic.com.br/gothic/gotico_historico/arquitetura_gotica.htm >. Acesso em: 07 out. 2010. Catedral São João Batista. Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Catedral_de_São_João_Batista >. Acesso em: 07 out. 2010.
24
GOMES, Vinícius Sabino. A Escolástica em pedra. Disponível em: < http://www.arautos.org/view/show/14303-a-escolastica-em-pedra >. Acesso em: 07 out. 2010. Maior Catedral completamente Neo-gótica da América Latina. Disponível em: < http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=769482Batista >. Acesso em: 07 out. 2010. PANOFSKY, Erwin. A Arquitetura gótica e Escolástica: Sobre a analogia entre arte, filosofia e teologia na Idade Média. São Paulo, Martins Fontes, 1991. PEVSNER, Nikolaus. Panorama da arquitetura ocidental. São Paulo, Martins Fontes, 1982. STRICKLAND Ph.D, Carol. Arquitetura comentada: uma breve viagem pela História da Arquitetura. São Paulo, Editora Ediouro, 2003. ZEVI, Bruno. Saber ver a arquitetura. São Paulo, Martins Fontes, 1996.