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7/28/2019 Aproveitamento de gua pluvial em usos urbanos
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Aproveitamento de gua pluvial em usos urbanos emPortugal Continental - Simulador para avaliao da
viabilidade
Fedra Tatiana Almeida Oliveira
Dissertao para a obteno do Grau de Mestre em:Engenharia do Ambiente
JriPresidente: Prof. Jos Saldanha Matos
Orientadores: Prof. Antnio Gonalves HenriquesEng. Maria do Cu Almeida
Vogal: Prof. Rodrigo Proena de Oliveira
Setembro de 2008
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Aproveitamento de gua pluvial em usos urbanos emPortugal Continental - Simulador para avaliao da
viabilidade
Fedra Tatiana Almeida Oliveira
Dissertao para a obteno do Grau de Mestre em:Engenharia do Ambiente
JriPresidente: Prof. Jos Saldanha MatosOrientadores: Prof. Antnio Gonalves Henriques
Eng. Maria do Cu AlmeidaVogal: Prof. Rodrigo Proena de Oliveira
Setembro de 2008
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Resumo
O aproveitamento de gua pluvial constitui uma medida com algum potencial para reduzir a
utilizao de gua potvel em usos onde a qualidade da gua pode ser inferior.
Contudo, em virtude de ser necessrio algum investimento num sistema de aproveitamento de guapluvial (SAAP), de interesse avaliar, em cada situao particular, os benefcios potenciais em funo
da capacidade de armazenamento para sustentar a deciso de maior ou menor capacidade do
sistema.
Com esta dissertao pretende-se contribuir para a promoo do aproveitamento da gua pluvial em
usos urbanos no potveis (descarga de autoclismos, rega de jardins) no nosso pas. O objectivo
principal a elaborao de um simulador, de fcil utilizao, que possa ser usado para a anlise da
viabilidade em instalaes domsticas ou colectivas, especificamente para as condies hidrolgicas
portuguesas.
Neste documento apresenta-se uma sntese de aplicaes e de aspectos relevantes para o
aproveitamento da gua pluvial aps o que se procede anlise crtica com o recurso a uma
abordagem SWOT.
O simulador desenvolvido destina-se a ser aplicado em diferentes regies de Portugal Continental e
permite analisar o benefcio do aproveitamento de gua pluvial para diferentes capacidades do SAAP.
Para tal necessrio fornecer informao acerca dos usos previstos e das reas de captao das
guas pluviais.
O teste deste simulador foi efectuado para trs casos de estudo . Esta tcnica afigura-se sereconomicamente mais favorvel para instalaes com elevados consumos e reas de captao.
Palavras-chave: aproveitamento da gua pluvial, SAAP, usos urbanos no potveis, simulador,
viabilidade
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Abstract
Rainwater harvesting constitutes a measure with some potential to reduce the potable water
consumption in uses where water quality can have lower standard than drinking water.
However, given that a rainwater harvesting system (RWHS) requires some investment, the evaluationof the potential benefits for different storage capacities allows supporting the decision on system
capacity, in each particular situation, and to study different system alternatives.
This dissertation aims to contribute to the promotion of rainwater harvesting in non-potable urban
uses (toilet flushing, watering of gardens) in Portugal. The main objective is the development of a
user friendly simulator which can be used in different installations for the analysis of the viability in
domestic or collective installations, for Portuguese hydrological conditions.
In this document a synthesis of applications and of relevant aspects for the rainwater harvesting is
presented, and SWOT analysis is used to elaborate a critical analysis based on the literature review.The simulator can be applied in different regions of Portugal, allowing users to analyse the net benefit of
applications of rainwater harvesting schemes for different storage capacities of RWHS. The user only
needs to provide information on the planned uses and collection areas connected to the system.
The simulator was tested in three case studies. Results show that benefits of rainwater harvesting tend
to be higher when installations have higher non-potable water consumption and collection areas.
Keywords: rainwater harvesting, RWHS, non-potable urban uses, simulator, viability
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Agradecimentos
Eu gostaria de agradecer a todas as pessoas que de algum modo contriburam para a elaborao da
minha dissertao.
Em primeiro lugar, queria agradecer ao Prof. Antnio Gonalves Henriques do IST e Eng. Maria doCu Almeida do LNEC que me orientaram e sem os quais a realizao deste trabalho no teria sido
possvel.
Gostaria, igualmente, de deixar o meu obrigado s pessoas com quem falei nas empresas que
contactem, nomeadamente, ao Eng. Paulo Ceia da ABS Hidrobomba; ao Eng. Pedro Ferreira da Costa
da Direco de Infraestruturas da Fora Area; ao Eng. Ricardo Costa da Rotoport; Dr. Daniela
Reigadinha da Grundfos; ao Eng. Carlos Santos Silva da Editeme, Eng. Elisabete Bertolo da
DHVTecnopor
Queria, ainda, agradecer ao meu colega Andr Pinto e ao Eng. Jos Henriques que me ajudaram atestar o simulador.
Por fim, falta agradecer minha famlia por todo o apoio e pacincia prestados que mesmo nos piores
momentos nunca deixaram de me consolar.
A todos eles devo, a realizao deste grande sonho!
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ndice
1 Introduo..........................................................................................................11.1 Enquadramento..................................................................................................................... 11.2 Objectivos.............................................................................................................................. 3
1.3 Estrutura do trabalho............................................................................................................. 3
2 Reviso bibliogrfica ........................................................................................52.1 Conceito de aproveitamento de guas pluviais .................................................................... 52.2 Vantagens e desvantagens do aproveitamento das guas pluviais..................................... 62.3 Usos compatveis com o aproveitamento de gua pluvial.................................................... 72.4 Sntese histrica do aproveitamento de gua pluvial ........................................................... 82.5 Motivaes e aplicaes na actualidade ............................................................................ 132.6 Legislao e normalizao.................................................................................................. 202.7 Componentes bsicos de um sistema de aproveitamento de gua pluvial........................ 222.8 Qualidade da gua pluvial................................................................................................... 282.9 Viabilidade da implantao de sistemas de aproveitamento de gua pluvial .................... 29
3 Elaborao do simulador................................................................................333.1 Definio da metodologia para o desenvolvimento do simulador ...................................... 333.2 Descrio da estrutura do simulador .................................................................................. 33
4 Aplicao do simulador a casos de estudo..................................................494.1 Casos de estudo seleccionados ......................................................................................... 494.2 Habitao unifamiliar em Toito, Guarda ............................................................................. 494.3 Edifcio de escritrios e laboratrios no LNEC, Lisboa....................................................... 564.4 Habitao unifamiliar em Estmbar, Faro........................................................................... 61
5 Discusso dos resultados obtidos nos casos de estudo............................69
6 Concluses......................................................................................................71
Referncias bibliogrficas.....................................................................................73
Anexo A- Custos tpicos para os tanques disponveis no mercado portugus . 77Anexo B- Bibliografia consultada ........................................................................... 79Anexo C- Apresentao das folhas de clculo do simulador............................... 91
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ndice de figuras
Figura 2.1- Exemplos de reservatrios para armazenamento de gua pluvial..........................................6Figura 2.2- Pedra Moabita (Wikipdia, 2007b)...........................................................................................8Figura 2.3- Abanbar(Carlon, 2005) ...........................................................................................................9Figura 2.4- Chultuns(Carlon, 2005)...........................................................................................................9
Figura 2.5- Castelo de Tomar (Wikipdia, 2008b) ...................................................................................10Figura 2.6- Eirados (Antunes et al., 1988). ..............................................................................................11Figura 2.7- Cisterna (Santa Brbara, Terceira) (Tostes et al., 2000) ....................................................12Figura 2.8-Sistemas de armazenamento de gua pluvial existentes na Graciosa (Tostes et al., 2000)
.........................................................................................................................................................13Figura 2.9- Formas das cisternas existentes no Pico (Tostes et al., 2000)...........................................13Figura 2.10- Instalao tpica para a captao de gua pluvial (Almeida et al., 2006; TWDB, 2005) ....23Figura 2.11- Esquema de um desviador de primeiro fluxo (Almeida et al., 2006)...................................25Figura 2.12- Exemplos de filtros disponveis no mercado portugus (Ecogua, 2007b).........................26Figura 2.13- Depsito horizontal e depsito horizontal de grande capacidade para enterrar (Rotoport,
2007)................................................................................................................................................26Figura 3.1- Fluxograma geral do simulador com os respectivos mdulos considerados ........................34Figura 3.2- Folha Exceldo simulador referente pgina de rosto ..........................................................35
Figura 3.3- Folha Exceldo simulador referente s instrues do mesmo...............................................35Figura 3.4- Folha Exceldo simulador referente introduo de dados ..................................................36Figura 3.5- A: Mapa da precipitao mdia anual total; B: Mapa da precipitao (n. dias do ano) (IA,
2003)................................................................................................................................................38Figura 3.6- Imagens da folha Exceldo simulador referente apresentao dos resultados..................47Figura 4.1- Esquema do SAAP no caso de estudo Toito-Guarda ...........................................................50Figura 4.2- Valores da mdia no perodo em anlise (10 anos) dos volumes dirios para o caso de
estudo Toito-Guarda........................................................................................................................51Figura 4.3- Valores obtidos para as eficincias no caso de estudo Toito-Guarda ..................................53Figura 4.4- Valores obtidos na anlise do custo-benefcio no caso de estudo Toito-Guarda utilizando
um tanque em beto........................................................................................................................54Figura 4.5- Valores obtidos para o perodo de recuperao do investimento no caso de estudo Toito-
Guarda utilizando um tanque em beto ..........................................................................................54
Figura 4.6- Valores obtidos na anlise do custo-benefcio no caso de estudo Toito-Guarda utilizandoum tanque em PEAD .......................................................................................................................55Figura 4.7- Valores obtidos para o perodo de recuperao do investimento no caso de estudo Toito-
Guarda utilizando um tanque em PEAD..........................................................................................56Figura 4.8- Esquema do SAAP no caso de estudo LNEC-Lisboa ...........................................................57Figura 4.9- Valores da mdia no perodo em anlise (10 anos) dos volumes dirios para o caso de
estudo LNEC-Lisboa........................................................................................................................58Figura 4.10- Valores obtidos para as eficincias no caso de estudo LNEC-Lisboa ................................59Figura 4.11- Valores obtidos na anlise do custo-benefcio no caso de estudo LNEC-Lisboa...............60Figura 4.12- Valores obtidos para o perodo de recuperao do investimento no caso de estudo LNEC-
Lisboa ..............................................................................................................................................61Figura 4.13- Esquema do SAAP no caso de estudo Faro .......................................................................62Figura 4.14- Valores da mdia no perodo em anlise (10 anos) dos volumes dirios para o caso de
estudo Faro......................................................................................................................................64Figura 4.15- Valores obtidos para as eficincias no caso de estudo Faro ..............................................65Figura 4.16- Valores obtidos na anlise do custo-benefcio no caso de estudo Faro .............................66Figura 4.17- Valores obtidos para o perodo de recuperao do investimento no caso de estudo Faro 66
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ndice de tabelas
Tabela 2.1- Tabela sntese de alguns casos internacionais encontrados - frica...................................14Tabela 2.2- Tabela sntese de alguns casos internacionais encontrados Amrica..............................15Tabela 2.3- Tabela sntese de alguns casos internacionais encontrados sia ....................................16Tabela 2.4- Tabela sntese de alguns casos internacionais encontrados Europa ...............................17
Tabela 2.5- Tabela sntese de alguns casos internacionais encontrados Ocenia..............................18Tabela 2.6- Tabela sntese de alguns casos nacionais encontrados ......................................................18Tabela 2.7- Custos das caleiras em PVC com =125 mm facultados pela Editeme..............................24Tabela 2.8- Custos dos tubos de queda em PVC com =90 mm facultados pela Editeme ...................24Tabela 2.9- Vantagens e desvantagens dos diferentes tipos de tanques (DTU, 2003) ..........................27Tabela 2.10- Custos das bombas fornecidos pela Grundfos...................................................................28Tabela 2.11- Resultados obtidos na anlise SWOT ................................................................................30Tabela 2.12- Modelos informticos existentes para anlise hidrulica do SAAP (Roebuck et al., 2006)
.........................................................................................................................................................31Tabela 3.1- Coeficientes de escoamento para diferentes superfcies de captao (Quintela e Hiiplito,
1996; Tomaz, 2003).........................................................................................................................40Tabela 3.2- Custos tpicos para os tanques disponveis no mercado portugus ....................................44Tabela 4.1- Dadosgeraisrelativos ao caso de estudo Toito-Guarda......................................................50
Tabela 4.2- Dados especficos para cada tipo de tanque, Toito-Guarda ................................................51Tabela 4.3- Resultados obtidos para os volumes nos 10 anos no caso de estudo Toito-Guarda ..........51Tabela 4.4- Resultados obtidos para as eficincias no caso de estudo Toito-Guarda............................52Tabela 4.5- Resultados obtidos para a anlise econmica no caso de estudo Toito-Guarda utilizando
um tanque em beto........................................................................................................................53Tabela 4.6- Resultados obtidos para a anlise econmica no caso de estudo Toito-Guarda utilizando
um tanque em PEAD .......................................................................................................................55Tabela 4.7- Dadosrelativos ao caso de estudo LNEC Lisboa..............................................................57Tabela 4.8- Resultados obtidos para os volumes nos 10 anos no caso de estudo LNEC-Lisboa ..........58Tabela 4.9- Resultados obtidos para as eficincias no caso de estudo LNEC-Lisboa ...........................59Tabela 4.10- Resultados obtidos para a anlise econmica no caso de estudo LNEC-Lisboa ..............60Tabela 4.11- Dadosrelativos ao caso de estudo Faro ............................................................................63Tabela 4.12- Resultados obtidos para os volumes nos 10 anos no caso de estudo Faro ......................63
Tabela 4.13- Resultados obtidos para as eficincias no caso de estudo Faro........................................64Tabela 4.14- Resultados obtidos para a anlise econmica no caso de estudo Faro ............................65Tabela 5.1- Principais resultados obtidos para cada uma das capacidades de tanque favorveis no
perodo em anlise de 10 anos .......................................................................................................70
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Simbologia
Smbolos Designaes Unidades
A rea do jardim m2
Ac rea de captao (telhado ou outras superfcies decaptao) m
2
C Coeficiente de escoamento % ou adimensional
CAP Custo de gua poupada
CAP_total Custo total de gua poupada para o tempo de anlise
Cf Coeficiente de filtro % ou adimensional
CInst Custo de instalao do tanque
D Consumo dirio total de gua m3 ou L
Dautoclismos Consumo dirio de gua na descarga de autoclismos m
3
ou LDcarros Consumo dirio de gua na lavagem de carros m
3 ou L
Djardins Consumo dirio de gua na rega de jardins m3 ou L
Dot Dotao diria L/m2 ou mm
Doutros Consumo dirio de gua noutros usos m3 ou L
D_medio Mdia no perodo em anlise (10 anos) do consumo diriototal de gua
m3 ou L
Dpavimentos Consumo dirio de gua na lavagem de pavimentos m3 ou L
ESAAP Eficincia do sistema de aproveitamento de gua pluvial % ou adimensionalEtanque Eficincia no uso do tanque % ou adimensional
ffs Factor do consumo % ou adimensional
fsan Frequncia de utilizao diria das sanitas por pessoa sanita/pessoa
NC Nmero de carros na famlia carros
NLC Nmero de lavagens de carros realizadas por semana lavagens de carros
NLP Nmero de lavagens de pavimentos realizadas porsemana
lavagens de pavimentos
NP Nmero de pessoas que habita a casa pessoas
P Precipitao diria m ou mm
PRI Perodo de recuperao do investimento anos
Puc Percentagem do volume de gua em usos compatveiscom a utilizao de gua no potvel
% ou adimensional
R Taxa de desconto % ou adimensional
T Tempo em dias dias
T Tempo mximo em dias dias
Ta Tempo em anos anos
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Ta Tempo mximo em anos anos
TAR Tarifa anual mdia de consumo de gua da rede pblica /m3
V ou Vi Capacidade do tanque m3 ou L
Va Volume dirio de gua pluvial armazenada m
3
ou LVa (0) Volume inicial de gua pluvial armazenada m
3 ou L
Va_medio Mdia no perodo em anlise (10 anos) do volume diriode gua pluvial armazenada
m3 ou L
Van_agua_poupada Volume anual de gua poupada m3 ou L
Vc Volume dirio de gua pluvial captado pelo sistema deaproveitamento de gua pluvial ou volume dirio tilcaptado
m3 ou L
Vd Volume dirio no utilizado do tanque ou volume dirio
disponvel no tanque
m3 ou L
Vdes Volume dirio de gua pluvial em excesso no tanque ouvolume dirio de gua pluvial descarregada no esgoto
m3 ou L
Vfavoravel Capacidade de tanque com o benefcio mais favorvel m3 ou L
VLC Volume de gua gasto por lavagem de carro m3 ou L
VLP Volume de gua gasto por lavagem de pavimento m3 ou L
Vmax Dimenso mxima considerada para o tanque m3 ou L
Vmin Dimenso mnima considerada para o tanque m3 ou L
Vp Volume dirio de gua precipitada na superfcie decaptao ou volume dirio da precipitao
m3 ou L
Vp_medio Mdia no perodo em anlise (10 anos) do volume diriode gua precipitada na superfcie de captao
m3 ou L
Vpoupado Volume dirio de gua pluvial usado nos fins a que sedestina, volume dirio de gua poupada ou consumodirio de gua no potvel
m3 ou L
Vpoupado_medio Mdia no perodo em anlise (10 anos) do volume diriode gua poupada
m3 ou L
VSAA Volume dirio de gua utilizado do sistema deabastecimento pblico ou consumo dirio de gua potvel
m3 ou L
Vsanita Volume dirio de gua gasto em cada utilizao m3 ou L
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A gua de boa qualidade exactamente como a
sade ou a liberdade: s tem valor quando acaba. "Joo Guimares Rosa
No h vida sem gua. A gua um bem precioso
indispensvel a todas as actividades humanas.Carta europeia da gua do Concelho da Europa
(proclamada em Estrasburgo em 6 de Maio de 1968)
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1 Introduo
1.1 Enquadramento
O aproveitamento de gua pluvial para usos urbanos uma prtica muito antiga e que se foi
abandonando ao longo do tempo, medida que os sistemas de abastecimento pblico de gua seforam expandindo. Actualmente, assiste-se a um retorno da valorizao desta prtica no mbito da
renaturalizao do ciclo urbano da gua, da conservao da gua e da procura de solues mais
sustentveis. O potencial deste aproveitamento depende do regime de precipitao local (da sua
variabilidade temporal e dos volumes precipitados), da existncia de maior ou menor capacidade de
armazenamento de gua pluvial e da disponibilidade de superfcies teis de recolha (telhados ou
outras superfcies).
Sendo a gua potvel um recurso limitado e com custos significativos associados, um desperdcio a
sua utilizao na lavagem de pavimentos e carros, descarga de autoclismos e rega de plantas e
jardins quando estas prticas podem muito bem ser realizadas com gua de qualidade inferior,
nomeadamente, com gua pluvial recolhida e armazenada.
A busca por fontes alternativas de recursos naturais uma necessidade decorrente tanto do
crescimento populacional como do aumento dos padres de consumo da populao. A gua um
recurso valioso e vital para a vida humana que se for sobre-explorado poder ser insuficiente para
atender s exigncias cada vez maiores deste recurso. Assim sendo, a utilizao de gua pluvial
surge como uma fonte alternativa de gua que poder contribuir para reduzir este problema (Carlon,
2005).
Hoje em dia, o aproveitamento da gua pluvial uma tcnica largamente difundida em pases como a
Austrlia, a frica do Sul, os EUA, a Alemanha e o Japo, onde so, j, oferecidos financiamentos
para a construo destes sistemas (Tomaz, 2003).
Em Portugal, esta prtica ainda incipiente apesar dos benefcios potenciais que podem ser obtidos,
especialmente como forma de reduzir o consumo de gua potvel.
A sazonalidade da precipitao, elevada em poca hmida normal, associada a uma poca seca com
temperaturas elevadas, implica a necessidade de armazenamento de gua pluvial para viabilizar o
seu aproveitamento. Por outro lado, a impermeabilizao dos solos resultante da ocupao humanadiminui a infiltrao das guas pluviais, com a consequente reduo da recarga das guas
subterrneas e aumento do escoamento superficial, aumentando a probabilidade e a magnitude da
ocorrncia de inundaes e a frequncia de descargas no tratadas no meio receptor a partir dos
sistemas de drenagem. As afluncias pluviais a sistemas unitrios ou separativos domsticos podem
afectar a eficincia das estaes de tratamento de guas residuais (ETAR). Neste contexto, a
captao e armazenamento das guas pluviais poder contribuir para a reduo do escoamento
superficial e dos potenciais impactos negativos associados.
Actualmente, no existe legislao nacional que regulamente o aproveitamento de gua pluvial em
usos urbanos no potveis. No entanto esta uma das medidas (medida 8 reutilizao ou uso de
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gua de qualidade inferior) preconizadas no Programa Nacional para o Uso Eficiente da gua
(PNUEA) (Baptista et al., 2001), que foi aprovado pela Resoluo de Conselho de Ministros n.
113/2005, de 30 de Junho de 2005. De acordo com Baptista et al. (2001) e Almeida et al. (2006),
apesar desta medida ter interesse em termos de uso eficiente da gua, a sua aplicao requer
regulamentao tcnica adequada, para evitar potenciais perigos para a sade pblica, a divulgaoda tecnologia e uma maior disponibilizao no mercado nacional dos equipamentos adequados. O
aproveitamento de gua pluvial para usos urbanos no potveis tambm referido nas medidas 38
(utilizao da gua da chuva em jardins e similares) e 45 (utilizao da gua da chuva em lagos e
espelhos de gua) do PNUEA.
O PNUEA foi elaborado na sequncia da publicao da Directiva Quadro da gua (DQA) (Directiva
n. 2000/60/CE de 23 de Outubro), posteriormente transposta para a lei nacional atravs da Lei da
gua (Lei n. 58/2005 de 29 de Dezembro) (DQA, 2000).
Adicionalmente, o Plano Estratgico de Abastecimento de gua e de Saneamento de guasResiduais 2007 2013 (PEAASAR II) aprovado pelo Despacho n. 2339/2007 de 14 de Fevereiro de
2007, enumera o equilbrio da oferta e da procura atravs da gesto da procura, do uso eficiente de
gua, do aumento da reutilizao e da explorao de fontes alternativas (guas pluviais, guas
subterrneas salobras, guas marinhas e guas residuais tratadas) como uma das linhas de
actuao estratgica para a consagrao dos principais objectivos do mesmo (MAOTDR, 2007).
O aproveitamento de gua pluvial est, assim, associado a conceitos como o uso eficiente, o uso
racional e a conservao da gua. Na base do uso eficiente de gua, est o conceito de conservao
da gua que consiste na proteco, desenvolvimento e gesto eficiente dos recursos hdricos para
fins benficos.
Segundo Baptista et al. (2001), a eficincia de utilizao da gua mede at que ponto a gua captada
da natureza utilizado de modo optimizado para a produo com eficcia do servio desejado. A
quantificao desta eficincia expressa pela frmula:
Eficincia de utilizao da gua (%) = (Consumo til/ Procura efectiva) x 100
em que:
Consumo til o consumo mnimo necessrio num determinado sector para garantir a
eficcia da utilizao, correspondendo a um referencial especfico para essa utilizao;
Procura efectiva corresponde ao volume efectivamente utilizado, sendo naturalmente igual
ou superior ao consumo til (Baptista et al., 2001).
A utilizao do termo eficincia aplicada gesto da gua relativamente recente. No passado foram
usadas outras formas de abordagem a este tema, numa lgica de uso racional, da reduo de
consumos e da reduo de desperdcios de gua (Vitorino, 2006).
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1.2 Objectivos
1.2.1 Objectivo geral
O objectivo geral desta dissertao contribuir para a avaliao da viabilidade do aproveitamento de
gua pluvial para usos urbanos no potveis (e.g. lavagem de pavimentos e carros, descarga de
autoclismos, rega de plantas e jardins) em Portugal Continental, atravs da elaborao de um
simulador que possa ser utilizado para, em diferentes aplicaes, avaliar o potencial local de
aproveitamento para as circunstncias especficas.
1.2.2 Objectivos especficos
Esta dissertao tem como objectivos especficos:
Identificar prticas actuais de aproveitamento de gua pluvial para usos urbanos no potveis
em Portugal e no estrangeiro;
Identificar o potencial e as barreiras do aproveitamento de gua pluvial em usos no potveiscom base nos casos divulgados na bibliografia e legislao em vigor;
Identificar os pontos fortes e fracos, oportunidades e ameaas desta utilizao atravs da
anlise SWOT;
Elaborar um simulador para dimensionamento e anlise do benefcio em diferentes
aplicaes no sector residencial ou de instalaes de maior dimenso, em diferentes locais
do continente portugus;
Aplicar e testar o simulador em casos de estudo diferenciados; Identificar as situaes onde os sistemas de aproveitamento de gua pluvial tm mais
potencial.
1.3 Estrutura do trabalho
O relatrio deste trabalho desenvolvido ao longo de seis captulos. No presente captulo,
introduzido o tema, so definidos os objectivos e descrita a estrutura do trabalho. No segundo
captulo, efectuada uma reviso bibliogrfica sobre a definio, vantagens e desvantagens, usos
compatveis, sntese histrica, motivaes e aplicaes internacionais e nacionais na actualidade,
legislao e normalizao, componentes bsicos e qualidade do aproveitamento de gua pluvial. No
final deste captulo, realizada uma anlise SWOT de forma a resumir a informao encontrada e
referida. Esta anlise tambm utilizada para avaliar a viabilidade do aproveitamento de gua pluvial.
No terceiro captulo, abordada a metodologia usada na elaborao do simulador para anlise do
benefcio do aproveitamento de gua pluvial e descrita a sua estrutura (expresses e dados
utilizados). O simulador foi elaborado em Visual Basicfor Applications(VBA). Os dados necessrios
foram retirados da Internet (SNIRH, Manual do RainCycle, Cmaras Municipais, EPAL, Google
Earth) e de documentos disponveis e fornecidos pelas empresas contactadas. No quarto captulo,
efectuada uma breve caracterizao dos trs casos de estudo e apresentada a aplicao do
simulador e os resultados obtidos. Os casos de estudo distribuem-se por trs regies distintas de
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Portugal Continental (Norte Guarda; Centro Lisboa; Sul Faro). No quinto captulo, so discutidos
os resultados obtidos nos casos de estudo.Finalmente, no sexto captulo, a partir da anlise SWOT e
da aplicao do simulador, sintetizam-se as concluses relativas viabilidade do aproveitamento das
guas pluviais e propem-se medidas a adoptar.
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2 Reviso bibliogrfica
2.1 Conceito de aproveitamento de guas pluviais
Em Portugal, a degradao ambiental, o aumento do consumo de gua pela populao e o clima
tornam a gua potvel num recurso cada vez mais limitado com custos associados gradualmentemais elevados. Por outro lado, no nosso pas, a impermeabilizao dos solos resultante da ocupao
humana diminui a infiltrao das guas pluviais, com a consequente reduo da recarga das guas
subterrneas e aumento do escoamento superficial, aumentando a probabilidade e a magnitude da
ocorrncia de inundaes e a frequncia de descargas no tratadas no meio receptor a partir dos
sistemas de drenagem. As afluncias pluviais a sistemas unitrios ou separativos domsticos podem
afectar a eficincia das estaes de tratamento de guas residuais (ETAR). neste mbito que o
aproveitamento de gua pluvial pode ser encarado como uma soluo que contribui para a
minimizao destes problemas.
O aproveitamento de gua pluvial para usos urbanos uma prtica antiga no nosso pas
(nomeadamente, no Algarve e nos Aores) e que se foi abandonando ao longo do tempo, medida
que os sistemas de abastecimento pblico de gua se foram expandindo. Actualmente, assiste-se a
um retorno da valorizao desta prtica no mbito da renaturalizao do ciclo urbano da gua, da
conservao da gua e da procura de solues mais sustentveis.
O aproveitamento de gua pluvial preconizado na medida da reutilizao ou uso de gua de
qualidade inferior do PNUEA, sendo, igualmente, referido nas medidas da utilizao da gua da
chuva em jardins e similares e da utilizao da gua da chuva em lagos e espelhos de gua, e pode
ser definido como o processo de captao e armazenamento de gua pluvial recolhida em
determinadas superfcies (por exemplo, telhados, parques de estacionamento, superfcies de
terraos) e a sua utilizao em usos benficos para as populaes (Baptista et al., 2001).
A gua pluvial pode ser armazenada de vrias formas, desde audes e lagoas at caixas de gua,
reservatrios e cisternas com paredes impermeabilizadas e cobertas. As primeiras podem apresentar
maiores perdas por infiltrao e evaporao. Para alm disso, no mantm a qualidade da gua uma
vez que existe o risco de introduo de matria orgnica e outras substncias. As segundas tm a
vantagem de terem menores perdas e de, eventualmente, de manter a gua com maior qualidade
(Perdomo et al., 2005). Estas solues so, tambm, usadas na captao de gua superficial emsistemas pblicos de abastecimento, no entanto a outra escala, afastadas dos locais de consumo e
incluindo processos de forma a garantir a sua qualidade para consumo humano. Na Figura 2.1
apresentam-se exemplos de reservatrios para armazenamento da gua pluvial proveniente do
telhado ou de outras reas de captao (reas pavimentadas ou reas de drenagem).
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a) Cisterna do Sul do Brasil (Wikipdia, 2007a) b) Reservatrio de uma escola na frica do Sul
c) Reservatrio de uma habitao na frica do Sul d) Reservatrio de uma habitao na frica do Sul
Figura 2.1- Exemplos de reservatrios para armazenamento de gua pluvial
2.2 Vantagens e desvantagens do aproveitamento das guas pluviais
A captao de gua pluvial uma tcnica largamente difundida em pases como a Austrlia e a
Alemanha que permite a obteno de gua de boa qualidade, de maneira simples e eficaz (Perdomo
et al., 2005).
Esta tcnica permite (Almeida et al., 2006; Perdomo et al., 2005; Philips, 2005):
Contribuir para a conservao da gua;
Reduzir a dependncia que existe das reservas de gua subterrnea que quando sobre-
exploradas esgotam;
Reduzir o consumo de gua da rede pblica e o custo associado;
Reduzir os custos de explorao dos sistemas de abastecimento de gua;
Evitar a utilizao de gua potvel em usos compatveis com qualidade inferior, como por
exemplo, na lavagem de pavimentos, rega de hortas e jardins, etc. ;
Contribuir para controlar as inundaes, armazenando parte da gua responsvel peloescoamento superficial.
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As tecnologias necessrias para a captao e armazenamento de gua pluvial so normalmente
simples de instalar e de fcil utilizao. A populao local pode facilmente ser treinada para
implementar essas tecnologias e os materiais de construo ou solues prontas a instalar esto
disponveis no mercado (GDRC, 2005).
No que diz respeito a desvantagens, estas esto sobretudo associadas variabilidade temporal da
precipitao (GDRC, 2005) e qualidade da gua que se no for devidamente tratada poder pr em
causa a sade humana e o funcionamento das componentes do sistema. Segundo Baptista et al.
(2001), o aproveitamento de gua pluvial deve ter um tratamento adequado (filtrao e desinfeco)
mais ou menos exigente consoante a qualidade da gua e o uso a que se destina. No PNUEA so,
ainda, mencionados dois problemas que podero surgir na sequncia da aplicao desta tcnica,
nomeadamente, a aceitabilidade social devido ao contacto das pessoas com a gua poder afectar a
sua sade e o sistema poder implicar um investimento significativo e alguma manuteno. De uma
forma geral, os impactos negativos destas aplicaes so negligenciveis.
2.3 Usos compatveis com o aproveitamento de gua pluvial
A captao das guas pluviais para aproveitamento em usos no potveis pode ser realizada em
diferentes instalaes, incluindo as residenciais, comerciais ou industriais.
Em geral, as guas pluviais podem ser utilizadas nos seguintes usos:
Descarga de autoclismos;
Lavagem de pavimentos e de veculos motorizados;
Rega de jardins;
Lavagem de roupas.
Em instalaes de maiores dimenses, como as industriais ou comerciais, podem considerar-se
outros usos compatveis, nomeadamente:
Arrefecimento de telhados, equipamentos e mquinas;
Sistemas AVAC;
Servios de limpeza;
Descarga de autoclismos;
Combate a incndios;
Rega de espaos verdes;
Lavagem de veculos;
Lavagem de roupas, por exemplo em hotis e lavandarias;
Reposio de gua evaporada de piscinas em hotis.
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De acordo com Baptista et al. (2001), em Portugal, os usos onde se considera mais vivel esta
origem alternativa de gua so descargas de autoclismos, descargas de urinis, lavagem de ptios,
lavagem de veculos e rega de jardins. Os potenciais beneficirios desta medida incluem os
proprietrios de instalaes residenciais, colectivas ou industriais e os inquilinos de instalaes.
2.4 Sntese histrica do aproveitamento de gua pluvial
O aproveitamento de gua pluvial uma prtica muito antiga que no se sabe ao certo quando
comeou. Segundo Tomaz (2003), o documento mais antigo que existe a Pedra Moabita (Figura
2.2) encontrada na antiga regio de Moabe perto de Israel e datada de 830 a.C. . A Pedra, construda
em basalto negro, tem gravada a seguinte inscrio do rei Mesa dos Moabitas1 para os habitantes da
cidade de Qarhoh: E no havia cisterna dentro da cidade de Qarhoh: por isso disse ao povo: Que
cada um de vs faa uma cisterna para si mesmo na sua casa.
Figura 2.2- Pedra Moabita (Wikipdia, 2007b)
Ao longo dos sculos, e de forma independente nas vrias regies dos diferentes continentes, foram
desenvolvidas tcnicas para aproveitamento de gua pluvial, principalmente em regies ridas e
semi-ridas, onde os recursos hdricos acessveis so limitados e a sazonalidade da precipitao
acentuada ocorrendo somente durante alguns meses do ano. Por vezes, esta a nica opo
disponvel de obteno da gua essencial para o consumo humano em regies secas.
Em pases como o Iro e o Mxico, por exemplo, as cisternas subterrneas feitas com massa de cal e
tijolos so utilizadas h mais de 3 mil anos. No Mxico elas so conhecidas por Chultuns(Figura 2.4)
e no Iro, por Abanbars(Figura 2.3). Um Abanbar um sistema tradicional comunitrio de captao
de gua pluvial (Carlon, 2005).
1Povo nmada, semelhante aos hebreus, que se estabeleceu a leste do Mar Morto por volta do sculo XIII a. C., na regio que
mais tarde seria chamada de Moabe
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Figura 2.3 Abanbar(Carlon, 2005)
O Mxico um pas rico em antigas tecnologias tradicionais de recolha de gua pluvial, datadas da
poca dos Astecas e Maias. A sul da cidade de Oxkutzcab, junto ao monte Puuc, ainda hoje podem
ser vistas as obras do povo Maia. No sculo X existia ali uma agricultura baseada no aproveitamento
de gua pluvial. As pessoas viviam nas encostas e a gua potvel era recolhida nos Chultuns, cisternas
com capacidade de 20 a 45 metros cbicos (Gnadlinger, 2000).
Figura 2.4Chultuns(Carlon, 2005)
Estas cisternas tinham um dimetro de cerca de 5 metros e eram escavadas no subsolo calcrio e
revestidas com reboco impermevel. Acima delas havia uma rea de captao de 100 a 200 m 2. Nos
vales usavam-se outros sistemas de captao de gua, como aguadas(reservatrios de gua pluvial
cavados artificialmente com capacidades variando de 10 a 150 mil metros cbicos) e aquaditas
(pequenos reservatrios artificiais com capacidades de 0,1 a 50 metros cbicos). Estas aguadas e
aquaditas eram usadas para irrigar rvores frutferas e bosques alm de fornecer gua para a
plantao de verduras e milho em pequenas reas. Era armazenada muita gua, garantindo-se,
deste modo, gua at para perodos de seca inesperados (Gnadlinger, 2000).
No Palcio de Knossos (o maior e mais famoso palcio minico), localizado na zona sul da cidade de
Iraklion na Ilha de Creta (Grcia), a gua pluvial era recolhida e utilizada na descarga, possivelmente,
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do autoclismo mais antigo do mundo ali situado (datado de entre 2500 e 1500 a. C.) (Wikipdia,
2008a).
Em Israel, mais precisamente,no deserto da Judeia, sobre o mar Morto, existe uma fortaleza natural
de grande beleza, cujo nome Fortaleza Massada (smbolo da destruio do antigo reino de Israel e
da violenta destruio do ltimo reduto de patriotas judeus pelo exrcito romano no ano 73 d.C.).
Nesta fortaleza possvel encontrar canais escavados em pedra calcria que captavam e conduziam
a gua pluvial para grandes reservatrios subterrneos com uma capacidade superior a 200 mil
gales, sendo a gua posteriormente utilizada (Wikipdia, 2007c).
Tambm, por todo o territrio portugus, se encontram hoje vrios castelos com cisterna de
armazenamento de gua pluvial que era utilizada para abastecer as populaes no caso da gua
escassear durante um longo cerco s muralhas do castelo pelos inimigos. Um exemplo deste facto,
a grande fortaleza e o convento dos Templrios localizados em Tomar (Ribatejo) (Figura 2.5) que
foram construdos no ano de 1160 e aonde permanecem intactos dois reservatrios (com ascapacidades de 215 m3 e 145 m3, respectivamente) que armazenavam a gua pluvial naquela altura
(Tomaz, 2003; Wikipdia, 2008b).
Figura 2.5- Castelo de Tomar (Wikipdia, 2008b)
O aproveitamento de gua pluvial foi introduzido em Cabo Verde pelos primeiros colonos portugueses
que a se estabeleceram e, pouco a pouco, foram criando os seus morgados ou quintas. Com efeito
os diques, canais e reservatrios construdos em terra batida, prtica, ainda hoje, corrente nas ilhas
de Santo Anto e Santiago, parecem ser ainda a reminiscncia das primeiras obras de hidrulicautilizadas para a rega de rvores de fruta e outras culturas destinadas ao consumo local e
exportao, nomeadamente, as culturas de laranja, cana sacarina, banana, etc. Os sistemas de
captao e utilizao de gua pluvial ganharam uma certa relevncia no arquiplago, particularmente,
na ilha do Fogo, onde s a partir dos meados da dcada 1980/90, a cidade de So Filipe (a 300 m de
altitude) e a zona do Monte Genebra (a cerca de 750 metros de altitude), comearam a ser
abastecidas com gua bombeada da nascente da Praia Ladro, situada ao nvel do mar.
Recentemente, tm sido abertos furos, que se tm revelado muito produtivos, para satisfazer as
necessidades de consumo domstico e rega, mas de um modo geral, a ilha continua ser abastecida
na sua maioria com a gua pluvial captada atravs dos telhados das habitaes ou das superfcies
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rochosas devidamente tratadas com argamassa de beto e armazenadas em pequenas cisternas de
10 m3 a 20 m3 (cisternas familiares) ou grandes cisternas (cisternas pblicas) de 50 m 3 a 300 m3
cobertas, geralmente com lajes de beto armado. A Ilha do Fogo a ilha de Cabo Verde, onde feito
um maior aproveitamento da gua pluvial (Sabino, 2001).
No Algarve, ao longo dos anos, a fraca precipitao levou ao aparecimento de sistemas de
aproveitamento de guas pluviais para uso domstico, constitudos por caleiras de telha ao longo das
fachadas e sob os beirados, sendo a gua recolhida das suas vertentes ou dos seus terraos
conduzida para cisternas. Se a gua recolhida no fosse suficiente, recorria-se ento ao eirado
(Figura 2.6), que consta dum vasto terreiro, ao nvel do terreno, revestido com ladrilhos e com
declives para encaminhar a gua pluvial para um pequeno orifcio, que comunica com o interior da
cisterna, de onde era ento tirada por meio de uma boca semelhante s dos poos. Toda a superfcie
exterior dos eirados abundantemente caiada para neutralizar a natural acidez das guas pluviais. A
existncia de eirados est circunscrita regio de Silves, S. Bartolomeu de Messines, Tunes,
Porches, Amorosa, etc. (Antunes et al., 1988).
a) Eirado onde so visveis orifcios que comunicam com acisterna (Porches, Lagoa)
b) Esquema de um eirado e de uma cisterna
Figura 2.6- Eirados (Antunes et al., 1988).
No Arquiplago dos Aores, mais precisamente nas ilhas de Santa Maria, Terceira, Graciosa, S.
Jorge, Pico, Faial e Corvo, as casas tradicionais contm sistemas de aproveitamento de gua pluvial.Na Terceira, as cisternas tm uma cobertura em abbada de bero e um acesso gua acumulada
(Figura 2.7); so quase sempre rebocadas e caiadas na zona superior e tanto aparecem isoladas
como encostadas s habitaes. Estas cisternas recolhem, normalmente, a gua das coberturas das
casas a que esto anexas, directamente dos beirais ou canalizadas pelas caleiras que as contornam
(Tostes et al., 2000).
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Figura 2.7- Cisterna (Santa Brbara, Terceira) (Tostes et al., 2000)
A Graciosa a ilha com maior carncia de gua do Arquiplago dos Aores. Esta situao suscitou
na populao a necessidade do desenvolvimento de vrias estruturas pblicas e domsticas para o
armazenamento de gua (incluindo gua pluvial). Ao nvel das estruturas pblicas, existem os
reservatrios e os tanques. O tanque , normalmente, um complexo integrado constitudo por um
reservatrio (coberto), um tanque propriamente dito (a cu aberto) e lavadouros. O reservatrio
uma estrutura enterrada com forma rectangular que, em regra, est inserida num recinto murado,
tambm rectangular. O seu interior encontra-se dividido em naves por fiadas de arcos de volta-inteira
assentes em colunas, construdos em pedra de cantaria, que sustentam uma cobertura abobada
(ARENA, 2006). Ao nvel das estruturas domsticas, so utilizadas as cisternas e os tanques
domsticos (Figura 2.8). A cisterna pode encontrar-se encostada casa, recolhendo a gua pluvial
directamente dos beirais. Contudo, na maior parte das habitaes, trata-se de um volume dissociado,mas ligado casa atravs de um conjunto de caleiras em cermica, que circundando-a sob os
beirais, recebe a gua que posteriormente conduzida cisterna ou ao tanque onde fica
armazenada. Por vezes as cisternas so simplesmente substitudas por grandes talhes de barro
colocados no termo do sistema de caleiras cermicas (Tostes et al., 2000).
a) Cisterna encostada (Caminho de Cima) b) Cisterna dissociada (Ribeirinha)
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c) Tanque (Fonte do Mato)Figura 2.8-Sistemas de armazenamento de gua pluvial existentes na Graciosa (Tostes et al., 2000)
Em So Jorge, as cisternas que existem encontram-se normalmente encostadas habitao e sorectangulares. O acesso gua armazenada faz-se atravs de um poo com portinhola (Tostes et
al., 2000).
No Pico as cisternas so construdas em alvenaria de pedra que ou fica vista ou rebocada e
caiada ou a caiao restrita s juntas. S a superfcie superior sistematicamente argamassada
para que as guas pluviais se dirijam ao orifcio do depsito e no se infiltrem na restante construo.
As cisternas so, na sua maioria, rectangulares, muito embora possam apresentar, em raras
excepes, uma forma circular (Figura 2.9) (Tostes et al., 2000).
a) Cisterna quadrada (Terra do Po) b) Cisterna circular (Bandeiras)Figura 2.9- Formas das cisternas existentes no Pico (Tostes et al., 2000)
Hoje em dia, muitos destes sistemas so mantidos em bom estado de conservao e utilizados pelas
populaes.
2.5 Motivaes e aplicaes na actualidade
2.5.1 Casos internacionais
Neste ponto so apresentados alguns exemplos a nvel internacional do aproveitamento de guapluvial em usos urbanos com o objectivo de dar a conhecer melhor os aspectos que esto
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relacionados com esta tcnica (nomeadamente, custos associados e usos especficos), uma vez que
a sua aplicao em Portugal , ainda, escassa.
Da Tabela 2.1 Tabela 2.5 feita uma sntese de exemplos de casos internacionais encontrados.
Tabela 2.1 Tabela sntese de alguns casos internacionais encontrados - frica
Pas Exemplos
Botswana
Botwana:
Milhares de sistemas de captao de gua pluvial atravs de telhados e tanques foram construdos em escolas
primrias, centros de sade e edifcios governamentais (UNEP, 2006).
Qunia
Qunia:
Existem j alguns projectos desde 1970 que em combinao com os esforos dos construtores locais ( fundis),
trabalhando privadamente e usando o seu prprio projecto indgena, foram responsveis pela construo de
muitos tanques espalhados por todo o pas (UNEP, 2006).
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Tabela 2.2- Tabela sntese de alguns casos internacionais encontrados Amrica
Pas Exemplos
Brasil
Brasil:
Projecto para a construo de um milho de tanques de gua pluvial durante um perodo de 5 anos, o que vai
beneficiar cerca de 5 milhes de pessoas.
Os tanques so construdos, maioritariamente, com placas de beto ou com uma malha de fios de beto.
A captao e a utilizao de gua pluvial integram, hoje, os programas educacionais para a vida sustentvel
nas regies semi-ridas do Brasil (UNEP, 2006).
EUA
Ilha do Hawai:
Uso de gua pluvial no National Volcano Park:
Tm sido construdos sistemas de aproveitamento de gua pluvial para abastecer com gua 1000
trabalhadores e residentes do parque e 10000 visitantes por dia.
O sistema inclui: um telhado de edifcio com a rea de 0,4 hectares, uma superfcie de captao
subterrnea com mais de 2 hectares e tanques de armazenamento (2 tanques reforados com
beto de 3800 m3 cada e 18 tanques em pau-brasileiro de 95 m3 cada).
Vrios edifcios pequenos, tambm, tm o seu prprio sistema de utilizao de gua pluvial.
Foi construda uma estao de tratamento e bombagem para oferecer aos utilizadores do parque
uma gua de boa qualidade (UNEP, 2006).
Ilhas Virgnias, St. Thomas:
Normalmente, os sistemas de aproveitamento de gua pluvial incluem um telhado com uma rea de 112 m2 e
um tanque de armazenamento com a capacidade de 45 m
3
.Testes de qualidade de gua mostram que a contaminao com coliformes fecais e a concentrao de
mercrio so mais altos que os limites de qualidade estabelecidos para a gua pela U.S. EPA, o que limita o
uso desta gua a aplicaes no potveis a no ser que haja um tratamento apropriado (UNEP, 2006).
Reino Unido
Ilha das Bermudas:
Uma caracterstica original dos telhados das Bermudas a pedra calcria em forma de cunha que foi
colocada para formar caleiras inclinadas que conduzem a gua pluvial para tanques de armazenamento.
Os sistemas de utilizao de gua pluvial na ilha so regulados pela Public Health Actque requer que as
superfcies de captao sejam caiadas com tinta branca de ltex e a pintura no contenha metais; os
proprietrios devem manter as superfcies de captao, os tanques, as caleiras e as condutas em boas
condies; os telhados devem ser repintados em cada dois a trs anos e os tanques devem ser limpos no
mnimo uma vez em cada seis anos (UNEP, 2006).
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Tabela 2.3- Tabela sntese de alguns casos internacionais encontrados sia
Pas Exemplos
Bangladesh
Bangladesh:
A partir de 1997 foram instalados vrios sistemas de aproveitamento de gua pluvial que incluem tanques
enterrados de ferrocimento ou de tijolo, cuja capacidade varia entre 500 a 3200 litros, podendo custar cada
tanque entre 30 a 81 (UNEP, 2006).
China
Provncia de Gansu:
Em 1995/96, implementado pelo governo o Projecto de Captao de gua Pluvial 121:
Construo de um campo de captao de gua pluvial e de dois tanques de armazenamento de
gua e atribuio de uma poro de terra para o crescimento de culturas (UNEP, 2006).
ndia
Balisana:
Os habitantes ergueram um sistema de aproveitamento de gua pluvial a nvel comunitrio a partir de umtanque de barro com 300 anos de idade. Do tanque a gua pluvial encaminhada para um poo de recarga,
sendo posteriormente bombada para um reservatrio onde fica armazenada at sua utilizao final (CSE,
2002).
Japo
Tquio:
A arena Royogoku Kokugikan de combate de sumo utiliza a gua pluvial em grande escala para descarga de
autoclismos e no ar condicionado. A gua pluvial captada a partir do telhado (com uma rea de 8400 m2) e
encaminhada para um tanque de armazenamento subterrneo de 1000 m3.
O edifcio Sumida City Hall usa um sistema semelhante.
O Rojison um sistema simples e nico de utilizao de gua pluvial a nvel comunitrio, erguido pelos
residentes locais, que visa utilizar a gua pluvial recolhida dos telhados das habitaes unifamiliares para
rega de jardins, combate a incndios e obteno de gua potvel em casos de emergncia (UNEP, 2006).
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Tabela 2.3 (Continuao) - Tabela sntese de alguns casos internacionais encontrados sia
Pas Exemplos
Singapura
Singapura:
A gua pluvial captada dos telhados dos prdios e armazenada em duas cisternas separadas para usos no
potveis.
Sistema de captao e utilizao de gua pluvial no aeroporto de Changi. A gua proveniente das pistas de
aterragem e dos espaos verdes localizados nas redondezas encaminhada para dois reservatrios. Um dos
reservatrios utilizado para controlar os fluxos de gua quando ocorrem maiores escoamentos superficiais e
evitar inundaes e o outro reservatrio usado para recolha do escoamento (UNEP, 2006).
Tailndia
Tailndia:
A gua pluvial proveniente do telhado armazenada em jarros:
Capacidade: 100 a 2000 litros.
Um jarro de 2000 litros custa 17 e armazena gua pluvial suficiente para uma casa onde vivem 6
pessoas na estao seca, durando no mximo 6 meses (UNEP, 2006).
Tabela 2.4- Tabela sntese de alguns casos internacionais encontrados Europa
Pas Exemplos
Alemanha
Berlim:
Em Outubro de 1998, foram implementados vrios sistemas de aproveitamento de gua pluvial para controlar as
cheias urbanas, poupar gua para a cidade e melhorar o microclima.
A gua pluvial captada dos telhados (32000 m
2
) de 19 edifcios recolhida e armazenada num tanque de 3500 m
3
.Esta gua utilizada na descarga de autoclismos, rega de espaos verdes e na recarga de uma lagoa artificial.
No edifcio Belss-Luedecke-Strasse, a gua pluvial dos telhados (com uma rea de aproximadamente 7000 m 2)
descarregada num sistema separativo pluvial e encaminhada para uma cisterna com uma capacidade de 160 m 3,
em conjunto com o escoamento das ruas, dos parques de estacionamento e dos pavimentos (representando uma
rea de 4200 m2). A gua tratada em vrias etapas e usada para descarga de autoclismos e rega de jardins. O
sistema assegura que a maioria dos poluentes existentes no escoamento inicial sejam retirados do sistema
separativo pluvial e lanados no sistema separativo domstico para tratamento apropriado numa ETAR.
Com base numa simulao de 10 anos, a poupana em gua potvel atravs da utilizao de gua pluvial foi
estimada como sendo certa de 2,430 m3 por ano.
O uso da gua pluvial permite a conservao da gua na cidade e a reduo da descarga de poluentes dos
sistemas de esgotos para as guas superficiais (UNEP, 2006).
Reino
Unido
Reino Unido:
Foi recentemente publicado, pelo Building Services Research and Information Association (BSRIA), um Guia de
Utilizao de gua no potvel (nomeadamente, de gua pluvial) em habitaes domsticas (Environment Agency,
1999).
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Tabela 2.5- Tabela sntese de alguns casos internacionais encontrados Ocenia
Pas Exemplos
Austrlia
Melbourne:
Foi instalado um tanque com a capacidade de, aproximadamente, 1200 m3 de forma a armazenar gua pluvial
suficiente para rega num parque pblico.
incentivada a instalao de sistemas de aproveitamento de gua pluvial nas novas construes atravs da
criao de linhas directrizes desta tcnica (Weintraub, 2008).
2.5.2 Casos nacionais
Em seguida, abordada a experincia nacional de aplicao desta tcnica com vista a uma melhor
compreenso da situao corrente da sua utilizao no pas.
Actualmente, em Portugal, j comercializado o equipamento necessrio para a captao earmazenamento da gua pluvial. Esto disponveis sistemas de aproveitamento de gua pluvial
completos (por exemplo, em polietileno de alta densidade - PEAD) ou componentes individuais para
sistemas no standard. Existem, inclusivamente, empresas que compram as componentes aos
fabricantes e fazem a instalao dos sistemas. Na opo de tanques em beto, estes podem ser
construdos por qualquer empresa de construo civil.
Os casos de aplicaes existentes dos quais se obteve informao esto na sua maioria associados
rega de jardins.
Na Tabela 2.6 so apresentados em sntese alguns casos nacionais.
Tabela 2.6- Tabela sntese de alguns casos nacionais encontrados
Regio Exemplos
Aores, Ilha Terceira
Angra do Herosmo:
O hotel Terceira Mar Hotel faz o aproveitamento de gua pluvial para rega de jardins. A
cisterna foi construda em 2003 e tem a capacidade de 1500 m3 (TMH, 2003).
Algarve, Faro
Albufeira, Assumadas:
Existe um projecto casa e jardim que visa a restaurao da casa e a recuperao do jardim
de uma propriedade antiga, no qual se prev a implementao de uma cisterna para o
aproveitamento de gua pluvial (Blaser, 2008).
Baixo Alentejo, BejaSerpa:
Aproveitamento da gua pluvial numa escola (Bertolo, 2006).
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Tabela 2.6 (Continuao)- Tabela sntese de alguns casos nacionais encontrados
Regio Exemplos
Beira Baixa, Castelo Branco
Castelo Branco:
Foi desenvolvido um projecto para a Torre de Controlo do Aerdromo que visa o
aproveitamento de gua pluvial na descarga dos sanitrios e mictrios dos WCs localizados
nos pisos 0 e 1:
A gua recolhida da cobertura da torre a partir de uma caleira metlica de zinco e
de tubos de queda at ao reservatrio de armazenamento de gua pluvial que se
localiza no 4 piso da torre e tem cerca de 7 m3 de capacidade. Antes da entrada da
gua no reservatrio, ser instalado um filtro com o intuito de remover os detritos e
as folhas de rvore da gua pluvial. Estes ltimos so expelidos pela frente e
conduzidos ao sistema de esgotos e a gua filtrada conduzida ao reservatrio de
armazenamento (Bertolo, 2006).
Beira Litoral, Aveiro
Aveiro:
A Universidade de Aveiro, em associao com um grupo de empresas, est a desenvolver um
projecto intitulado A Casa do Futuro que almeja aproveitar a gua pluvial para rega de
jardins (Pereira et al., 2006).
S. Joo da Madeira:
Aproveitamento de gua pluvial no centro comercial e de lazer 8 Avenida, cuja arquitectura
da autoria da Sonae Sierra, para descarga nos sanitrios, rega e sistema AVAC (Ventura,
2007).
Douro Litoral, Porto
Lea do Balio (Matosinhos):
Da unio da Nortecoope, Sete Bicas e CETA (unio NORBICETA) surgiu o
Empreendimento Cooperativo da Ponte da Pedra:
A primeira fase, composta por 151 habitaes, foi inaugurada em Dezembro de
2003.
Em Janeiro de 2005, arrancou um novo empreendimento de 101 habitaes (o
primeiro empreendimento nacional de habitao sustentvel) que ficou concludo
em 2006, sendo inaugurado em Novembro desse ano. Este empreendimento est
equipado com um sistema de aproveitamento de gua pluvial atravs de um
reservatrio enterrado que armazena a gua pluvial, sendo esta posteriormente,
encaminhada para o sistema de rega de jardins e autoclismos (Bertolo, 2006).
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Tabela 2.6 (Continuao)- Tabela sntese de alguns casos nacionais encontrados
Regio Exemplos
Estremadura, Lisboa
Amadora:
Utilizao de gua pluvial num condomnio (Bertolo, 2006).
Lisboa:
No Alto do Lumiar foi inaugurado um novo espao verde (Parque Oeste), onde feito o
aproveitamento de gua pluvial. Criado numa zona de vale, tem uma funo ecolgica
primordial constituindo uma bacia de reteno que permite o aproveitamento das guas
pluviais que sero depois utilizadas para rega e sustentabilidade de todo o coberto vegetal e
alimentao dos lagos construdos (CML, 2006).
Est prevista a adopo de sistemas semelhantes para o Parque da Bela Vista e o Parque
Eduardo VII (CML, 2006).
Duas moradias unifamiliares que utilizam a gua pluvial. A primeira tem uma rea de captao
de 90 m2 e um depsito com a capacidade de 20 m 3. A segunda apresenta uma rea de
captao de 100 m2 e um depsito de 15 m3 (Ecogua, 2007a).
Porto Salvo:
O Millennium bcp, localizado no TagusPark, possui um depsito de 200 m3 destinado ao
aproveitamento de gua pluvial para sistemas de rega (Millennium bcp, 2007).
Estremadura, Setbal
Amendoeira:
Utilizao de gua pluvial num edifcio (Bertolo, 2006).
Amora:
Utilizao de gua pluvial numa urbanizao (Bertolo, 2006).
Seixal:
Utilizao de gua pluvial num edifcio (Bertolo, 2006).
Ribatejo, SantarmCartaxo:
Aproveitamento da gua pluvial num lar (O Mirante online, 2007).
2.6 Legislao e normalizaoAs primeiras leis existentes em Portugal associadas gua datam da dcada de 40 do sculo
passado. Em 1943 surge a regulamentao para o abastecimento de gua e trs anos depois
aparece a legislao referente drenagem de esgotos (Decreto-Lei n. 207/94 de 6 de Agosto, 1994).
Durante os 50 anos seguintes, os conceitos e a tecnologia de projecto, execuo e gesto de
sistemas de distribuio de gua e de drenagem de guas residuais evoluram e, nesta sequncia, foi
feita a reviso e actualizao dos regulamentos gerais das canalizaes de gua e de esgoto, o que
se veio a consagrar com o Decreto-Lei n. 207/94, de 6 de Agosto de 1994 (Decreto-Lei n. 207/94,
de 6 de Agosto, 1994). atravs deste decreto que surge o Decreto Regulamentar n. 23/95 (DL
23/95), de 23 de Agosto de 1995, que define o conceito de guas residuais pluviais, ou simplesmente
guas pluviais, como as guas resultantes da precipitao atmosfrica cada directamente no local ou
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em bacias limtrofes contribuintes e que apresentam geralmente menores quantidades de matria
poluente, particularmente de origem orgnica (Decreto Regulamentar n. 23/95 de 23 de Agosto,
1995).
No dia 23 de Outubro de 2000 aprovada a Directiva Quadro da gua (Directiva n. 2000/60/CE, de
23 de Outubro) (DQA, 2000). Na sequncia da aprovao da DQA (transposta para a lei nacional
atravs da Lei da gua ou Lei n. 58/2005 de 29 de Dezembro), aparece, em 2001, o Programa
Nacional para o Uso Eficiente da gua (PNUEA) aprovado pela Resoluo de Conselho de Ministros
n. 113/2005 de 30 de Junho de 2005. Como referido anteriormente, o PNUEA foi criado com o
objectivo de avaliar a eficincia com que a gua utilizada em Portugal nos sectores urbano, agrcola
e industrial e propor um conjunto de medidas que permitissem uma melhor utilizao deste recurso,
tendo como vantagens adicionais a reduo das guas residuais resultantes e dos consumos
energticos associados (Almeida et al., 2006; Baptista et al., 2001). As medidas que contemplam o
aproveitamento de gua pluvial em usos urbanos no potveis so as medidas 8 (reutilizao ou uso
de gua de qualidade inferior), 38 (utilizao da gua da chuva em jardins e similares) e 45 (utilizao
da gua da chuva em lagos e espelhos de gua).
Para facilitar a aplicao das medidas previstas no PNUEA, so elaborados, em 2005, pelo LNEC
vrios Relatrio Tcnicos de Apoio Implementao do Programa Nacional para o Uso Eficiente da
gua, entre os quais o RT9, relativo anlise dos documentos regulamentares e normativos
relevantes e onde so identificadas incompatibilidades e lacunas para a aplicao das medidas
consideradas no PNUEA (Almeida et al., 2005).De acordo com este relatrio, o DL 23/95 e alguns
regulamentos municipais surgem como obstculos viabilizao da medida da reutilizao ou uso de
gua de qualidade inferior.O DL 23/95 probe a utilizao de gua no potvel na habitao para
outros usos que no a lavagem de pavimentos, rega, combate a incndios e fins industriais no
alimentares (Artigo 86), o que constitui uma barreira aplicao da medida da reutilizao ou uso de
gua de qualidade inferior em redes prediais (por exemplo, nos autoclismos).Nalguns regulamentos
municipais (ex. Municpio do Seixal) refere-se explicitamente que no permitida a ligao de poos
ou de outras origens de gua canalizao interior dos prdios enquanto que no DL 23/95 e noutros
municipais (ex. Municpio de Mono, Municpio de Almada, Municpio de Albergaria-a-Velha) apenas
se exige que as redes sejam independentes, caso se faa esta ligao.Neste sentido, necessrio e
relevante proceder-se alterao da legislao. Um dos aspectos essenciais a incluir emregulamentao especfica, que j brevemente referido nos artigos 86 e 202 do DL 23/95, a
clara identificao das redes e dispositivos que transportem gua no potvel (por exemplo,
estabelecimento de cdigo de cor das condutas). Para as redes prediais deveria de ser consagrada a
obrigatoriedade regulamentar de separao, no interior do edifcio, das redes de guas pluviais, de
guas cinzentas e de guas negras, prevenindo a possibilidade de futuramente poderem ser
instalados sistemas separativos com reutilizao ou utilizao de gua de qualidade inferior em usos
compatveis. Este aspecto j contemplado para os ramais de descarga no artigo 217 do DL 23/95
mas, tal como a garantia da acessibilidade dos tubos de queda pluviais (Artigo 234, n.2), nem
sempre se verifica. A rotulagem de produtos e materiais com a identificao necessria para ossistemas de gua no potvel tambm devia ser devidamente regulamentada.No que diz respeito
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normalizao, embora j tenham sido realizadas a Deciso da Comisso 2005/338/EC e a Deciso
da Comisso 2003/235/EC (ambas de 14 de Abril), devem ser elaboradas normas que estabeleam
os critrios e procedimentos de uso de gua de qualidade inferior em instalaes prediais
(semelhante norma alem, DIN 1989 - Sistemas de aproveitamento de guas pluviais.
Planeamento, execuo, operao e manuteno) e normas que indiquem a forma como o sistemade rotulagem deve ser efectuado. Para as medidas da utilizao da gua da chuva em jardins e
similares e da utilizao da gua da chuva em lagos e espelhos de gua, deve ser regulamentada a
obrigatoriedade de, em novas instalaes de grandes dimenses, construir infraestruturas para
recolha, armazenamento e utilizao de gua pluvial com o estabelecimento de condies de
excepo de forma clara. Quanto normalizao, alm da j existente e referida na medida da
reutilizao ou uso de gua de qualidade inferior, devem ser criadas normas, para a adopo de
procedimentos e critrios de utilizao de gua pluvial na rega, semelhantes Norma da Reutilizao
de guas Residuais Urbanas Tratadas na Rega (Norma 4434, de 2005).
Assim sendo, verifica-se, que em termos de legislao e normalizao nacional, o grande problema
existente na utilizao desta tcnica a ausncia de normalizao especfica e a existncia de
legislao que dificulta a sua aplicao. Contudo, est-se a ponderar e a reunir as condies para a
elaborao de uma norma tcnica semelhana do que j acontece noutras realidades
internacionais.
2.7 Componentes bsicos de um sistema de aproveitamento de gua pluvial
2.7.1 Descrio geral
De um modo geral, os sistemas de aproveitamento de guas pluviais (SAAP) so constitudos porcomponentes bsicas que servem cada uma das seguintes funes (TWDB, 2005):
Captao: inclui a superfcie sobre a qual a chuva cai, isto , a superfcie de recolha ou
captao;
Transporte: constitudo pelas componentes que encaminham a gua do telhado para o
tanque, nomeadamente os algerozes ou as caleiras e os tubos de queda;
Filtrao:abrange os dispositivos que removem detritos e poeiras da gua pluvial captada
antes desta ir para o tanque, como por exemplo os crivos de folhas, os desviadores de
primeiro fluxo e os dispositivos de filtrao;
Armazenamento: engloba um ou mais tanques de armazenamento que tambm, podem ser
denominados de cisternas;
Distribuio: o sistema de transporte da gua pluvial para o seu uso final atravs da
bombagem ou gravidade;
Tratamento: apesar de particularmente relevante no caso dos sistemas potveis, para os
usos no potveis, esta etapa inclui normalmente apenas a remoo de slidos.
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Na Figura 2.10 apresenta-se um esquema tpico onde se identificam os principais componentes de
um sistema de aproveitamento de gua pluvial.
Figura 2.10 Instalao tpica para a captao de gua pluvial (Almeida et al., 2006; TWDB, 2005)
2.7.2 Captao
O telhado de um edifcio ou vivenda , normalmente, a primeira escolha para a captao de gua
pluvial. A qualidade desta gua depende do material do telhado, das condies climatricas e do
ambiente nas redondezas. O material usado na construo do telhado poder ser: o metal, a
cermica, o beto, o mosaico, a madeira, a ardsia, entre outros (TWDB, 2005). No entanto, podem
ser usadas outras superfcies como os pavimentos, especialmente se no susceptveis de acumular
substncias poluentes em quantidades significativas.
Os telhados de ferro galvanizado, ardsia ou telha de cermica asseguram uma qualidade de gua
aceitvel (WSUDSR, 2004).
As superfcies de captao horizontais so as melhores para a recolha de gua pluvial uma vez que
permitem a captao de uma maior quantidade de gua pluvial (Perdomo et al., 2005).
2.7.3 Transporte
As caleiras permitem recolher a gua pluvial proveniente da superfcie de captao. Os materiais
mais utilizados para caleiras e tubos de queda so o PVC, o alumnio e o ao galvanizado. As
caleiras de alumnio e de ao galvanizado so recomendadas devido sua resistncia corroso
(Carlon, 2005).
Superfcie de recolha oucaptao
Algeroz
Tubo de queda
Desviadores do primeiro fluxo
Tanque de armazenamento ou cisterna
Filtro e bomba
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Em seguida na Tabela 2.7 e na Tabela 2.8, so apresentados alguns dos custos em Portugal de
caleiras (construdas em PVC com um =125 mm) e tubos de queda (construdos em PVC com
=90mm).
Tabela 2.7- Custos das caleiras em PVC com =125 mm facultados pela EditemeInstalaes Custos
Caleiras 6 /mUnies de descarga (ligao aos tubos de queda) 2 unies custam 5 Suportes de Telha (prendem a caleira s telhas) 1 /cada suporte
Tabela 2.8- Custos dos tubos de queda em PVC com =90 mm facultados pela EditemeInstalaes Custos
Tubos de queda 3 /mTs (ligao em T) 3 /cada T
2.7.4 Filtrao
Um telhado ou pavimento uma superfcie de deposio natural de poeiras, folhas, flores, galhos,
corpos de insectos, fezes de animais, pesticidas e outros resduos transportados pelo ar. Deste
modo, para impedir que estes poluentes atinjam o tanque, utilizam-se os componentes da filtrao (os
crivos de folhas, os desviadores de primeiro fluxo e os dispositivos de filtrao) que so a parte do
sistema que exige mais manuteno.
Os crivos de folhas so utilizados na remoo de detritos maiores, nomeadamente, folhas, galhos e
flores, que caem no telhado, enquanto que o desviador de primeiro fluxo permite rejeitar os
contaminantes menores, como por exemplo, a poeira, o plen e as fezes de pssaros e roedores
(TWDB, 2005).
Os crivos de folhas devem ser limpos regularmente para funcionarem de forma eficaz, pois, caso
contrrio, podem ficar obstrudos e impedir que a gua pluvial chegue ao tanque e os detritos podem
abrigar bactrias que estragam o equipamento.
O desviador de primeiro fluxoconduz o primeiro fluxo de gua proveniente da superfcie de captao
para fora do tanque de armazenamento. A gua desviada pode ser encaminhada para um jardim
(TWDB, 2005). De um modo geral, o desviador de primeiro fluxoopera, filtrando o escoamento do
telhado atravs de um filtro de tela para capturar folhas e detritos. A primeira parte do escoamento
armazenada numa cmara, onde a gua entra sobre a forma de gotas que caiem lentamente atravs
de um pequeno orifcio, enquanto a gua limpa no topo da cmara passa para dentro do tanque de
gua pluvial (WSUDSR, 2004). Na Figura 2.11 apresentado um exemplo de um desviador de
primeiro fluxo disponvel no mercado portugus.
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Figura 2.11- Esquema de um desviador de primeiro fluxo (Almeida et al., 2006)
O dispositivo de filtrao, colocado normalmente mesmo antes do tanque de armazenamento, uma
caixa constituda por um filtro normal e vrios filtros que removem os detritos mais pequenos no casode sistemas que usam a rega gota-a-gota.
Todos os dispositivos de filtrao devem ser limpos. Sem manuteno apropriada, eles no s ficam
obstrudos e restringem o fluxo de gua pluvial, como tambm contribuem para o desenvolvimento de
microrganismos patognicos (TWDB, 2005).
No mercado portugus encontram-se disponveis filtros como os apresentados como exemplares na
Figura 2.12, para diferentes dimenses de reas de captao. Nestes exemplos, a gua com
resduos encaminhada para o sistema separativo pluvial enquanto que a gua filtrada conduzida
ao tanque.
a) 3P filtro de grande capacidade at 350 m2 b) 3P filtro para grandes instalaes at 2350 m2
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c) 3P Rainus at 70 m2 d) 3P filtro de cartucho FC at 150 m2Figura 2.12- Exemplos de filtros disponveis no mercado portugus (Ecogua, 2007b)
A ttulo indicativo, segundo Bertolo (2006), um filtro 3P Rainus da 3P Technik ou equivalente
apresenta um custo de cerca de 85 .
2.7.5 Armazenamento
No caso do aproveitamento de guas pluviais em sistemas residenciais ou outras instalaes de
maior dimenso, o tipo de armazenamento usado o tanque de armazenamento ou cisterna. Este
elemento de armazenamento o componente mais caro de todo o sistema de aproveitamento de
gua pluvial. Em geral, recomendado que os tanques de armazenamento sejam opacos, para inibir
o crescimento de algas, e cobertos e arejados para evitar o desenvolvimento de mosquitos. Tambm
devem ser protegidos da radiao directa do sol (TWDB, 2005).
Actualmente, os tanques mais comuns utilizados em Portugal so construdos em PEAD ou em beto
armado. Na Figura 2.13 apresentam-se dois exemplos de tanque em PEAD.
Figura 2.13- Depsito horizontal e depsito horizontal de grande capacidade para enterrar (Rotoport, 2007)
O tamanho do tanque de armazenamento depende de vrios factores, nomeadamente, do regime de
precipitao local, dos usos, da rea da superfcie de captao, das preferncias estticas e pessoais
e do oramento disponvel (TWDB, 2005).
Existem duas categorias de tanques de armazenamento: os tanques superficiais e os tanques
enterrados ou semi-enterrados (Smet, 2003). O tanque enterrado ou instalado no interior de uma
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instalao (e.g. cave) mais adequado, porque sem luz e sem calor, a actividade biolgica
reduzida.
Na Tabela 2.9 so apresentadas as vantagens e desvantagens da utilizao dos tanques enterrados
ou semi-enterrados e superficiais no aproveitamento de gua pluvial.
Tabela 2.9-Vantagens e desvantagens dos diferentes tipos de tanques (DTU, 2003)
Vantagens Desvantagens
Tanquessuperficiais
Permite a deteco de fugas;
A gua pode ser retirada por aco dagravidade ou atravs de uma torneira;
Pode ser colocado acima do nvel do solode forma a aumentar a presso da gua.
Ocupao de rea potencialmenteassociada a outros usos;
Geralmente, mais caro;
A radiao directa do sol e o ar podemlevar ao aparecimento de bactrias,algas e mosquitos.
Tanquesenterrados/semi-
enterrados
A terra localizada volta do tanquepossibilita uma melhor sustentao deste,permitindo que a espessura das paredesseja mais fina e, deste modo, que oscustos sejam inferiores;
mais difcil de esvaziar se se deixar atorneira aberta;
No d nas vistas, discreto;
A gua fresca;
Alguns utilizadores preferem porque seassemelha a um poo;
Sem luz e sem calor, a actividadebiolgica reduzida.
A extraco de gua mais complicada,requerendo, muitas vezes, o recurso debombas;
As fugas so difceis de detectar; Maior probabilidade de contaminao da
gua do tanque devido guaproveniente do solo ou de inundaes;
A estrutura pode ser danificada porrazes de rvores ou pela subida dasguas subterrneas;
Se o tanque no for devidamentecoberto pode apresentar riscos deacidentes com crianas ou a gua sercontaminada com pequenos animais;
Pode acontecer que veculos pesadosdanifiquem o tanque;
mais difcil de esvaziar para limpeza.
2.7.6 Distribuio
A distribuio da gua pluvial pode ser efectuada por gravidade ou por bombagem.
A distribuio por gravidade consiste no transporte da gua pluvial at ao seu uso final por aco da
gravidade. Em contrapartida, a distribuio por bombagem consiste no transporte da gua pluvial com
recurso a uma bomba. Qualquer bomba pode ser utilizada num sistema de captao e
armazenamento de gua pluvial desde que a mesma seja convenientemente dimensionada para o
efeito.
Algumas solues comercializadas permitem o uso alternado de forma automtica entre o tanque de
gua pluvial e a rede de distribuio, consoante a disponibilidade de gua no tanque.
Na Tabela 2.10 so facultados os custos de algumas bombas comercializadas em Portugal, incluindo
o sistema de uso alternativo de gua da rede pblica (o sistema RMQ).
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Tabela 2.10- Custos das bombas fornecidos pela GrundfosDesignao da bomba Preos de Venda ao Pblico ()
RMQ 3-45-A 2008CH 4-40 279
CHV 4-40 307CHV 4-50 345
JP6 Booster 420
CH 8-30 369CH 8-40 451
2.7.7 Tratamento
Para o caso dos sistemas no potveis, o tratamento consiste apenas numa filtrao simples, com o
crivo de folhas nas caleiras e o dispositivo de filtrao. No entanto, para a rega gota-a-gota planeada,
uma filtrao de partculas de menores dimenses poder ser necessria para impedir a obstruo
dos emissores (TWDB, 2005).
Como o presente trabalho s abrange os sistemas no potveis, a etapa do tratamento do
aproveitamento de gua pluvial no muito relevante neste caso especfico.
2.8 Qualidade da gua pluvial
Em geral, a gua pluvial possui uma qualidade razovel para usos no potveis, sendo necessrio
efectuar algum tratamento para evitar o mau funcionamento do sistema de aproveitamento de gua
pluvial. Os motivos subjacentes a este facto so descritos em seguida.
Os factores que afectam a qualidade da gua so: a matria particulada, matria orgnica e outros
resduos; os materiais da superfcie de captao e os materiais dos tanques (TWDB, 2005).
Matria particulada, matria orgnica e outros resduos: A matria particulada inclui poeiras efuligem suspensa no ar. As partculas finas podem ser emitidas pela combusto industrial e
residencial, pelo exaustor dos veculos, pelas queimadas agrcolas controladas e pelas tempestades
de areia. Como a gua pluvial cai atravs da atmosfera, esta pode incorporar estas partculas. A
matria orgnica abrange bactrias, fungos, algas, folhas e ramos de rvore, restos de animais
mortos, matria fecal e outra matria orgnica e/ou poeira que se encontram na superfcie de
captao e atingem o tanque. Alm da matria particulada poder conter matria orgnica, existem
outros elementos como os nitratos que podem estar presentes na gua pluvial. Nas reas agrcolas, a
gua pluvial pode conter uma concentrao elevada de nitratos devido existncia de resduos de
fertilizantes na atmosfera. Tambm, as poeiras derivadas dos solos ricos em clcio podem aumentara dureza da gua. A gua dura tem um elevado ndice mineral sobre a forma de carbonatos de clcio
e magnsio. Nas reas industriais, as amostras de gua pluvial podem ter concentraes mais
elevadas de slidos suspensos e pode haver uma maior turvao devido ao aumento da quantidade
de matria particulada do ar (Thomas et al., 1993; TWDB, 2005).
Superfcie de captao: Quanto maior for o nmero de dias secos (dias sem chuva), mais restos de
matria orgnica so lavados do telhado pela chuva (Thomas e Grenne, 1993; entre outros). Convm
que os ramos das rvores sejam cortados para evitar que haja lixo proveniente de rvores no sistema
e para impedir o acesso de lagartos e roedores ao telhado (TWDB, 2005).
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Tanques: Quanto mais eficiente for a filtrao da gua antes desta atingir o tanque de
armazenamento, menor sedimentao e introduo de matria orgnica haver dentro do mesmo. A
sedimentao, se significativa, reduz o volume til dos tanques e a existncia da matria vegetal e
animal poder afectar a cor da gua para alm de fornecer nutrientes para os microrganismos. Muitos
tanques de armazenamento esto equipados com aberturas para permitir o acesso para limpeza. Ossedimentos e as lamas podem ser bombeadas ou extradas por um sifo sem ter que se drenar o
tanque periodicamente. Quando existem vrios tanques ligados possvel limpar um desses tanques
fechando a vlvula de ligao com a conduta que une o tanque ao que se pretende limpar (TWDB,
2005).
2.9 Viabilidade da implantao de sistemas de aproveitamento de gua pluvial
2.9.1 Anlise SWOT
A partir da reviso bibliogrfica efectuada anteriormente, recorre-se anlise SWOT para sintetizar
os principais aspectos relevantes para a anlise de viabilidade da implantao de sistemas de
aproveitamento de gua pluvial.
SWOT um acrnimo utilizado para Strenghts, Weaknesses, Opportunities e Threats. A anlise
SWOT uma ferramenta de diagnstico e planeamento estratgico que permite fazer uma avaliao
de equipas, empresas, organizaes ou indivduos, assim como das respectivas envolventes,
precisamente no que diz respeito aos seus Pontos Fortes (Strenghts), Pontos Fracos (Weaknesses),
Oportunidades (Opportunities) e Ameaas (Threats) (Wikipdia, 2008c).
Os pontos fortes e os pontos fracos esto essencialmente associados ao contexto interno. As
oportunidades e as ameaas associam-se tipicamente ao contexto externo.
Tendo por base estes itens, obtiveram-se os resultados da Tabela 2.11.
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Tabela 2.11- Resultados obtidos na anlise SWOT
Pontos Fortes
Reduz o consumo de gua da rede pblica eo custo associado;
Reduz os custos de explorao dos sistemas
de abastecimento de gua; Reduz o volume de gua pluvial lanado no
sistema de guas residuais e pluviais,contribuindo para controlar as cheias, aeficincia da ETAR e a descarga de guapotencialmente poluda no meio receptor;
Diminui a dependncia que existe dasreservas de gua subterrnea que quandosobre-exploradas esgotam;
As tecnologias so simples de instalar e fceisde manusear, o que reduz os custos deinstalao e manuteno;
As componentes e os materiais necessrios
esto disponveis no mercado; A rega com gua sem cloro benfica para
as plantas.
Pontos Fracos
Limitao da quantidade de gua pluvialaproveitada no tanque devido variabilidadetemporal da precipitao;
O sistema poder implicar um investimentoinicial significativo; Ausncia de legislao nacional que
regulamente especificamente o aproveitamentode gua pluvial.
Oportunidades
Inovaes tecnolgicas tm vindo a reduzir ocusto de investimento;
O mercado do aproveitamento de gua pluvialtem aumentado e est disponvel um maiornmero de solues;
No mbito das alteraes climticas, adiminuio da disponibilidade de gua vem
reforar a necessidade deste tipo de sistemas.
Ameaas
Existncia de legislao nacional que surgecomo obstculo viabilizao desta tcnica (oDL 23/95 probe a utilizao de gua nopotvel em redes prediais, nomeadamente, emautoclismos; nalguns regulamentos municipaisno permitida a ligao