Post on 16-Jul-2020
Apresentação da matriz curricular da Cultura Corporal
Prof. Dr. Flávio Ismael da Silva Oliveira
Coordenador de Área em Educação Física
Apresentar a matriz curricular de “Cultura Corporal” no contexto da Proposta Pedagógica para a Educação
Infantil, assumindo-a como essencial para a promoção do desenvolvimento humano.
COORDENADORA
Rita Regina da Silva Santos (Coordenadora de Área de Educação Física/SME/PMB )
INTEGRANTES
Ana Kátia Brasil Castor Modolo (Professora da Educação Básica Infantil/EMEII Rosângela Vieira Martins de Carvalho/SME/PMB)
Cristiane Aparecida Silveira dos Santos (Diretora de Escola da Educação Infantil/EMEII Wilson Monteiro Bonato/SME/PMB)
Simone Fernandes Gomez dos Santos (Professora da Educação Básica Infantil /EMEI Magdalena Pereira da Silva Marta/SME/PMB)
Fernanda Rossi ( Professora Doutora do Departamento de Educação/Faculdade de Ciências/UNESP/Bauru)
PARECERISTA
Carolina Picchetti Nascimento ( Especialista da Área/Profa. Subst./UFSCAR/São Carlos)
COLABORADORA
Dagmar Hunger (Professora Doutora do Departamento de Educação Física/Faculdade de Ciências/UNESP/Bauru)
1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2. OBJETIVO GERAL
3. EIXOS DA MATRIZ
- Brincadeiras de situações opositivas;
- Brincadeiras de destrezas e desafios corporais;
- Brincadeiras de imitação e criação de formas artísticas.
4. ORIENTAÇÃO SOBRE O TRABALHO PEDAGÓGICO
5. TRABALHANDO COM OS EIXOS
6. ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS
As maiores aquisições de uma criança são conhecidas no brinquedo, aquisições que no futuro tornar-se-ão seu nível básico de ação real e moralidade.
Vigotski (A formação social da mente).
É um documento “recém” construído e aprovado por profissionais da Educação Infantil do Sistema Municipal de Ensino de Bauru;
Por intermédio dele socializamos a riqueza do nosso patrimônio cultural, promovemos e potencializamos o desenvolvimento humano, contribuindo para a transformação da sociedade e garantindo ensino público de qualidade;
Fundamenta a reflexão e a prática pedagógica relacionadas a questões relativas ao corpo e ao movimento por meio da área de conhecimento da Cultura Corporal fundamentada pela Psicologia Histórico-Cultural e pela Pedagogia Histórico-Crítica;
Garante unidade pedagógica nas escolas, sem ferir a autonomia na elaboração e desenvolvimento do projeto político pedagógico.
A Educação Infantil configura-se como espaço e tempo adequados para o desenvolvimento de aspectos humanos das crianças (afetivo, motor, cognitivo, social, criativo, entre outros).
Esse desenvolvimento se dá por experiências concretas relativas ao corpo e ao movimento, tendo como pano de fundo a Cultura Corporal.
Questões que norteiam o processo formativo:
- O que significa acessar as questões sobre “corpo e movimento” na educação infantil a partir da Cultura Corporal?
- Como desenvolver corpo, movimento e jogo dentro da Cultura Corporal?
- Quais os conteúdos podem e devem ser trabalhados para isso?
O movimento, no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, é uma importante eixo do trabalho pedagógico e se constitui enquanto linguagem que permite que as crianças ajam sobre o meio físico e sobre o ambiente humano, mobilizando por meio de seu teor expressivo.
(ROSSI, 2013)
Em qual “lugar” está o corpo no contexto educacional formal?
Apesar de valorizados nos processos educativos, corpo e movimento são acessórios na formação do ser humano (NÓBREGA, 2005).
“... o corpo não é um instrumento das práticas educativas; portanto, as produções humanas são possíveis pelo fato de sermos corpo – ler, escrever, contar, narrar, dançar, jogar são produções do sujeito humano que é corpo” (MENDES; NÓBREGA, 2004, p. 135).
Todas as manifestações corporais humanas são geradas na dinâmica cultural, expressas de modo diversificado e com significados próprios de grupos culturais específicos em seus respectivos contextos (DAÓLIO, 2004).
O professor não atua sobre o corpo da criança ou mesmo com o movimento em si; ele atua com o ser humano nas suas manifestações culturais relacionadas ao corpo e ao movimento (DAÓLIO,
2004).
Surge a partir da contextualização de manifestações corporais nas aulas, considerando os significados a elas atribuídos pelos estudantes (BRACHT, 1992).
É gesto carregado de sentido, significado e intenção, capaz de promover aprendizagens (MATTOS; NEIRA, 2003).
Esses “gestos carregados de sentidos” devem ser pedagogicamente organizados para que as crianças possam se relacionarem com a atividade humana que produziram e que continuam a reproduzir tais gestos.
Figura 1. O que essas crianças estão fazendo? Fonte: http://3anoakarina.blogspot.com.br/2012/05/pega-pega-texto-coletivo-dos-alunos.html.
Respostas comuns em uma dimensão
imediatamente sensível, perceptível
Mas como e do quê estão brincando, para quê estão correndo?
Possíveis motivos...
“...para expressarem seus desejos” “...para exercerem sua máxima liberdade” “[...para] dissiparem energia e concentrarem-se nas tarefas realmente importantes” “[...para] manterem-se saudáveis e gastarem calorias” “[...para] aprenderem a aceitar regras e o convívio com os outros”.
Qual o problema, objetivos e motivos “ocultos” nessa ação que imediatamente vemos, constituintes de uma
atividade da cultura corporal?
Jogo de perseguição com o objetivo de “pegar” um ou mais fugitivos ou “fugir” de um ou mais perseguidores, em um espaço delimitado do jogo, assumindo soluções que antecipem ações dos demais participantes, criando, mantendo e ampliando seu caráter lúdico.
E para as crianças, quais os seus motivos?
De acordo com a nossa proposta, o foco delas deve estar centrado na busca de soluções para as situações de perseguição e fuga por um
espaço determinado.
O trabalho pedagógico a que nos propomos permite a formação na criança de uma consciência na execução de suas ações motoras.
Ao se referir “à forma superior de movimento”, ressalta-se o seu caráter voluntário e consciente o que permite à criança a aprendizagem de novos movimentos de forma consciente (ZAPORÓZHETS, 1987).
Ampliar as possibilidades de domínio consciente e voluntário das ações corporais de natureza lúdica, artística e de destreza por meio da apropriação de atividades da cultura corporal: as brincadeiras de jogo, de dança, de ginástica, entre outras.
Para o alcance do objetivo geral, estruturamos a
proposta em três eixos temáticos
BRINCADEIRAS DE SITUAÇÕES OPOSITIVAS
BRINCADEIRAS DE DESTREZAS E DESAFIOS CORPORAIS
BRINCADEIRAS DE IMITAÇÃO/CRIAÇÃO DE FORMAS ARTÍSTICAS
Aceitar a oposição corporal do outro buscando criar ações corporais que superem a oposição do outro e/ou criem oposição para o outro;
Ações que direcionem a criança a alcançar o próprio objetivo e a impedir que o seu oponente alcance o seu.
FOCO DA RELAÇÃO DO SUJEITO Aceitar a oposição corporal do outro buscando
criar ações corporais que superem a oposição do outro e/ou criem uma oposição para o outro.
EXEMPLOS DE MANIFESTAÇÕES DAS BRINCADEIRAS INFANTIS QUE POSSUEM
A RELAÇÃO DE “AÇÕES CORPORAIS OPOSITIVAS” COMO MOTIVO PRINCIPAL
Corre-cutia Esconde-esconde
Gato e rato Barra manteiga
Coelhinho sai da toca Pega-pega Mãe da rua Pega-rabo
EXEMPLOS DE ATIVIDADES DA CULTURA CORPORAL DO MUNDO ADULTO
Jogos coletivos (futebol, basquete, vôlei, handebol, etc.); Luta (judô, capoeira, boxe, esgrima, etc.)
Aceitar e compreender as regras do jogo como meio para todos brincarem bem – [“eu queria continuar correndo, mas ficarei parado porque o lobo me pegou”];
Compreender e agir com as regras do jogo como uma relação entre motivos e meios para atingir os objetivos – [“para pegar o rato eu preciso correr bem rápido e tentar surpreendê-lo, mudando de direção ou saindo rápido da toca”];
Perceber a ação do outro e agir deliberadamente a partir dela – [“ele vai tentar me pegar, então eu vou correr para um lado e depois correr para o outro”];
Dominar as ações corporais de perseguição e fuga – [“para fugir/pegar eu vou mudar a velocidade na corrida e mudar as direções onde corro” (fintas de direção com o corpo ou correr “em zigue-zague”)].
JOGO DESCRIÇÃO METAS INDIVIDUAIS
Arranca o rabo do macaco
Variação do pega-pega; as crianças com “rabo” deverão fugir para não deixar o pegador (criança sem rabo) capturar os seus. O “rabo” pode ser uma fita ou um colete pendurados na lateral do short)
Criar estratégias eficientes de captura e proteção que envolvam
deslocamentos , mudanças de direção, esquivas, agachamentos e
giros rápidos
A oposição é caracterizada por operações que determinam o domínio da própria ação corporal e o domínio da ação corporal do outro
OPERAÇÕES
Tomada de decisão, corridas, fintas (dribles); demonstração de dinâmica global e coordenações espacial e temporal (dispersar/agrupar,
aproximar/distanciar, etc.); deslocamento com velocidade, tempo de reação eficiente, apreciação do espaço corporal, localização espacial e
reconhecimento de espaço de ação (dentro/fora, acima/abaixo, frente/atrás).
É papel do professor encorajar a aprendizagem das ações corporais opositivas e ampliar o repertório infantil, a interação com os seus parceiros e a construção de regras nas relações sociais.
Desafiar-se corporalmente, buscando novas possibilidades de destrezas possíveis para si.
Foco da relação do sujeito Aceitar desafiar-se corporalmente, buscando novas
possibilidades de destrezas possíveis para si
Exemplos de manifestações das
brincadeiras infantis que possuem a
relação de “domínio da própria ação
corporal” como motivo principal
Pular sela
5 Marias
Pular corda
Siga o mestre
Amarelinha
Elástico
Carrinho de mão
Cadeirinha
Estrelinha
Cambalhota (rolamento)
Pézinho
Vivo-morto
Perna de pau
Cobrinha
Aumenta-aumenta
Relóginho
Exemplos de atividades da cultura
corporal do mundo adulto
Ginástica (artística e rítmica)
Atletismo (saltos, arremessos, corrida, etc.)
1
2
3
4 5
Imagens retiradas da apresentação GOBBO, G. R. R. “O Percurso do Currículo no Município de Bauru na Educação Infantil e as perspectivas com a Base Nacional Comum Curricular durante Semana Municipal da Educação 2018, em 02/10/2018 – Fig. 1: EMEI Dorival Teixeira de Godoy; Fig. 2: EMEI Edna Kamla Faina; Fig. 3: EMEII Márcia Andaló Mendes de Carvalho; Fig. 4: EMEI Antônio Guedes de Azevedo; Fig. 5: EMEII Iara Conceição Vicente.
Aceitar desafiar-se corporalmente – [“a cadeira é muito alta para pular, mas eu vou tentar com a ajuda da professora”];
Aceitar desafiar-se corporalmente e buscar novas possibilidades de destrezas para si – [“esse lado do rio está muito fácil, vou saltar do outro lado que é bem grande”];
Avaliar as ações corporais nas suas relações “difícil-fácil-difícil (algo difícil pode ficar fácil; algo fácil pode ficar difícil, e planejar os próprios desafios) – [“ fazer cambalhota era difícil, mas depois ficou fácil”; “fazer estrelinha ainda é difícil para mim e eu preciso usar o apoio do banco”];
Avaliar as partes do corpo envolvidas nas ações corporais e funções corporais (posição, amplitude, força, batimento cardíaco) – [“Na cambalhota a gente gruda bem o queixo no peito pra poder rolar direitinho”];
Experimentar e ajudar a criar desafios diferentes para um mesmo movimento, ou seja, realizar um mesmo movimento de diferentes formas, amplitudes articulares, planos, força, segmentos corporais etc.) – [“vou andar de costas e na ponta dos pés; vou pular bem alto e dar um giro”].
JOGO DESCRIÇÃO METAS INDIVIDUAIS
Pular corda (cobrinha)
Duas crianças seguram a corda, uma em cada extremidade,
movimentando-a de maneira sinuosa (movimento de
cobrinha); as demais crianças saltam procurando não serem
tocadas pela corda.
Coordenar movimentos, interagir com o outro e com o objeto, deslocar-se com destreza,
procurando e evitando o contato com a corda; para as crianças que seguram a corda, criar
desafios para os que estão pulando; para as que saltam, saltar por sobre as “cobrinhas” nas altura e distância desafiadoras sem tocá-la.
As ações corporais compreendem habilidades locomotoras, manipulativas e de estabilização realizadas pelo corpo em deslocamento pelo espaço
OPERAÇÕES
Deslocamento pelo espaço, manipulação (ações corporais realizadas pelas extremidades do corpo em relação a um determinado objeto), estabilização
(ações corporais direcionadas ao domínio do corpo em equilíbrio) e locomoção (corridas e saltos de maneira isolada e/ou combinada,
deslocamento com agilidade de maneira coordenada no espaço e no tempo).
É papel do professor propiciar a vivência e exploração de atividades com as ações corporais, das mais simples às mais complexas, sempre de maneira prazerosa e lúdica, garantindo o envolvimento da criança;
É papel do professor respeitar e adotar atividades da cultura infantil num contexto de jogo, de brinquedo, resultando em atividades que tenham sentido cultural para a criança.
Criar uma dimensão estética e artística com ações corporais a fim de mostrar uma determinada forma ou imagem com os movimentos corporais.
Foco da relação do sujeito
Criar uma dimensão estética e artística com as
ações corporais a fim de mostrar determinadas
formas ou imagens com os movimentos corporais.
Manifestações das brincadeiras infantis
que possuem a relação de “criação de uma
dimensão artística para as ações
corporais” como motivo principal
Brincadeiras de roda
Brincadeira da estátua
Brincadeira de imitação de figuras e situações
Brincar de circo
Brincar de bailarino
Brincar de mímico
Brincadeira do escultor e do barro
Brincadeira da “marionete”
Andar na corda como o equilibrista*
Exemplos de atividades da cultura
corporal do mundo adulto
Dança (balé, hip-hop, frevo, dança circular, etc.) ; Circo (trapezista, malabarista, equilibrista, etc.);
Mímica
1
2
3
4
Imagens retiradas da apresentação GOBBO, G. R. R. “O Percurso do Currículo no Município de Bauru na Educação Infantil e as perspectivas com a Base Nacional Comum Curricular durante Semana Municipal da Educação 2018, Secretaria Municipal da Educação, Prefeitura Municipal de Bauru, em 02/10/2018 – Fig. 1: EMEI Chapéuzinho Vermelho; Fig. 2: EMEI Valéria de Oliveira Asenjo; Fig. 3: EMEII Prof. Horácio Gonçalves Paula; Fig. 4: EMEI Pinóquio.
Criar e experimentar diferentes possibilidades de posições que o corpo pode assumir em suas formas – [“eu fiz uma estrela no ar quando pulei”; “eu fiquei no chão bem encolhido, igual uma bola”; “eu imitei uma bola quicando no chão”];
Descobrir as diferentes possibilidades para mudar os movimentos e criar formas: mudanças do corpo no espaço, na velocidade, no ritmo, na força –[“eu mexi os braços e as pernas igual a um robô (movimentos descontínuos no tempo e espaço)”; “eu mexi os braços em circulo bem devagar, igual à música lenta”; “eu pulei bem rápido igual à música de ritmo mais agitado”];
Avaliar os movimentos corporais – [“a cambalhota de costas é um movimento engraçado”; “saltar com o corpo bem retinho fica bonito”; “quando alguém anda na corda bamba a gente fica com ‘medo’”].
JOGO DESCRIÇÃO METAS INDIVIDUAIS
Espelho
Distribuir as crianças em duplas, frente a frente. Uma delas é espelho da outra. Imitar os movimentos do
competidor sem rir. Na repetição da brincadeira, os papeis se invertem.
Ampliar posições e ações corporais e suas dimensões: bonita; agradável, engraçada, suspense, medo, etc.; bem como imitar as
formas e ações do amigo; reconhecer e valorizar seus próprios limites, bem como
os limites do outro.
Percepção, apreciação e criação de imagem artística com ações corporais
OPERAÇÕES Movimentação expressiva (expressões facial e corporal, posturas e gestos);
movimentos interpretativo, estético e criativo; atividades rítmicas, sequências de ritmos, produção de ritmos com diferentes objetos e próprio corpo,
elaboração e execução de coreografias simples, danças tradicionais/populares.
É papel do professor propor situações para que a criança interaja com outras por meio de gestos, expressões corporais, brincadeiras de imitação e jogos expressivos;
É papel do professor possibilitar liberdade nas ações corporais à medida que a criança se apropria das atividades que lhe exijam controle, envolvimento, compreensão e ação.
Este material destaca os principais pontos do universo da Cultura Corporal em nosso Sistema de Ensino.
Para aprofundamento e orientação para o desenvolvimento de trabalhos pedagógicos estou à
disposição.
Prof. Dr. Flávio Ismael da Silva Oliveira
Coordenador de Área em Educação Física
Departamento de Planejamento, Projetos e Pesquisas Educacionais
Secretaria Municipal da Educação – Prefeitura Municipal de Bauru
Fone: 3234-4693
E-mail: flaviooliveira@bauru.sp.gov.br