Post on 07-Apr-2016
Apresenta:
Abelardo e HeloísaAbelardo e HeloísaTexto adaptado do livro Almas Gêmeasde Monica Buonfiglio
Ligue o Som
O romance entre Heloísa e o teólogo e filósofo Pedro Abelardo iniciou-se em Paris, no período entre o final da
Idade Média e o início da Renascença.
Heloísa, que já ouvira falar sobre Abelardo e se interessava por suas polêmicas teorias, tentara, inutilmente, aproximar-se dele por meio de seus
professores.
Reconhecido como um dos homens mais cultos de sua época, Abelardo havia sido recentemente convidado a lecionar na
Escola Catedral de Notre Dame, tornando-se, em pouco tempo, muito conhecido por admirar os filósofos não-cristãos,
numa época de forte poder da Igreja Católica .
Suas aulas tornam-se cada vez mais concorridas e alcançam umtriunfo sem precedentes.
Numa tarde, Heloísa saiu para passear com sua criada Sibyle, e aproximou-se de um grupo de estudantes reunidos em torno
de alguém . Seu chapéu foi levado pelo
vento, indo parar justamente nos pés
do jovem que era o centro das atenções, o mestre Abelardo. Ao escutar seu nome, o coração
de Heloísa disparou.
Ele apanhou o chapéu, e quando Heloísa se aproximou para pegá-lo, logo a reconheceu como Heloísa de Notre Dame,
convidando-a para juntar-se ao grupo.
Risos jocosos foram ouvidos, mas cessaram imediatamente quando o olhar dos dois pousaram um
sobre o outro.
Heloísa recolocou seu chapéu, fez uma reverência a Abelardo e retirou-se.
Desde esse encontro, porém, Heloísa não consegui mais
esquecer Abelardo.
Fingiu estar doente, dispensou seus antigos professores e
passou a interessar-se pelas obras de Platão e Ovídio, pelo
Cântico dos Cânticos, pela alquimia e pelo estudo dos filtros, essências e ervas.
Ela sabia que Abelardo seria atraído por suas atividades e
viria até ela.
Quando ficou sabendo dos estudos de Heloísa,
conforme previsto por ela, Abelardo imediatamente a
procurou.
Abelardo tornou-se amigo do cônego Fulbert de Notre Dame, tio e tutor de Heloísa, que logo o
aceitou como o mais novo professor de sua sobrinha, hospedando-o em sua casa, em troca das
aulas noturnas que ele lhe daria.
Em pouco tempo essas aulas passaram a ser ansiosamente aguardadas e, sem demora, contando com a confiança de Fulbert, passaram a ficar a sós.
Fulbert ia dormir, e a criada retirava-se discretamente para o quarto ao lado.
Em alguns meses, Abelardo e Heloísa conheciam-se muito bem, e só tinham paz quando estavam juntos.
Um dia, Abelardo tirou o cinto que prendi a túnica de Heloísa e os dois se amaram apaixonadamente.
A partir desse momento, Abelardo passou a desinteressar-se
de tudo, só pensando em Heloísa, e descuidando-se de suas obrigações como professor.
Os problemas começaram a surgir.
Primeiro, esse amor começou a esbarrar nos conceitos da época, quando os intelectuais, como Heloísa e
Abelardo, racionalizavam o amor, acreditando que os impulsos
sensuais deveriam ser reprimidos pelo intelecto.
Não havia lugar para o desejo, que era um componente muito forte no relacionamento dos dois,
originando um intenso conflito para ambos.
Ao mesmo tempo, Sibyle, a criada, adoecera, e uma outra serva que a substituíra encontrou uma carta
de Abelardo dirigida a Heloísa, e a entregou a Fulbert, que imediatamente expulsou Alberto.
No entanto isso não foi suficiente para separá-los.
Heloísa preparou poções para seu tio dormir e, com a ajuda da criada Sibyle, Abelardo foi conduzido ao porão,
local que passou a ser o ponto de encontro dos dois.
Uma noite, porém, alertado por outra criada, Fulbert acabou por descobri-los.
Heloísa foi espancada, e a casa passou a ser cuidadosamente vigiada.
Mesmo assim o amor de Abelardo e Heloísa não diminuiu, e eles passaram a se encontrar onde
pudessem, em sacristias, confessionários e catedrais, os únicos lugares que Heloísa podia freqüentar sem
acompanhantes a seu lado.
Heloísa acabou engravidando e para evitar um escândalo,
Abelardo levou-a à aldeia de Pallet, onde nascera . Deixou-a aos cuidados de sua irmã e voltou a Paris.
Entretanto, não agüentou a solidão que sentia longe de sua amada e resolveu falar com Fulbert, para pedir o seu
perdão e a mão de Heloísa em casamento.
Surpreendentemente, Fulbert o perdoou e concordou com o casamento. Ao receber as boas novas, Heloísa voltou a Paris,
deixando a criança com a irmã de Abelardo .
Sentia, no entanto, um prenúncio de tragédia .
Casaram-se no meio da noite, às pressas, numa pequena ala da Catedral de Notre Dame, sem nem
trocar alianças ou um beijo diante do sacerdote.
O sigilo do casamento não durou muito, e logo começaram a zombar de Heloísa e da educação que
Fulbert dera a ela .
Ofendido, Fulbert resolveu dar um fim àquilo tudo.
Contratou dois carrascos e pagou-os para invadirem o quarto de Abelardo durante a noite e arrancar-lhe o
membro viril. Após essa tragédia, Alberto e Heloísa jamais
voltaram a se falar.
Ela ingressou no convento de Santa Maria de Argenteul, em profundo estado de depressão, só
retornando à vida aos poucos, conforme as notícias de melhora de seu amado iam surgindo.
Para tentar amenizar a dor que sentiam pela falta um do outro, ambos passaram a dedicar-se exclusivamente
ao trabalho.
Abelardo construiu uma escola-mosteiro ao lado da escola-convento de Heloísa .
Viam-se diariamente, mas não se falavam nunca .
Apenas trocavam cartas apaixonadas.
Abelardo morreu em 1.142, com 63 anos.
Heloísa ergueu um grande sepulcro em sua homenagem e faleceu algum tempo depois, sendo, por iniciativa de suas alunas, sepultada ao lado de
Abelardo.
Conta-se que, ao abrirem a sepultura de Abelardo, para ali depositarem Heloísa, encontraram seu corpo ainda
intacto e de braços abertos,
como se estivesse guardando a chegada de sua amada.
"Fujo para longe de ti,"Fujo para longe de ti,evitando-te como a um inimigo,evitando-te como a um inimigo,
mas incessantemente mas incessantemente te procuro em meu pensamento. te procuro em meu pensamento.
Trago tua imagem em minha memória Trago tua imagem em minha memória e assim me traio e contradigo,e assim me traio e contradigo,
eu te odeio, eu te amo." eu te odeio, eu te amo."
( Carta de Abelardo a Heloísa.)( Carta de Abelardo a Heloísa.)
"É certo que quanto maior é a"É certo que quanto maior é a causa da dor, maior se fazcausa da dor, maior se faz a necessidade de para ela a necessidade de para ela encontrar consolo, e este encontrar consolo, e este
ninguém pode me dar, além de ti. ninguém pode me dar, além de ti. Tu és a causa de minha pena, Tu és a causa de minha pena,
e só tu podes me proporcionar conforto. e só tu podes me proporcionar conforto. Só tu tens o poder de me entristecer, Só tu tens o poder de me entristecer, de me fazer feliz ou trazer consolo." de me fazer feliz ou trazer consolo."
( Carta de Heloísa a Abelardo )( Carta de Heloísa a Abelardo )
Créditos:
Formatação: Flori Jane Texto enviado por: Luis Nei Jr.
Imagens:Getty Images
Digital Art de Serge Winck e outras, cuja origem
desconheço.