Post on 11-Dec-2014
APOSTILA DE ANATOMIA HUMANA
Introdução à Anatomia Humana
Anatomia do Aparelho Locomotor
Os direitos autorais desta apostila
pertencem exclusivamente aos professores José Roberto Godoy e Márcio Oliveira. É terminantemente proibida a reprodução desta apostila em todo ou em partes sem autorização expressa (por escrito) dos autores. (Lei n. 9610/98 – Lei do Direito Autoral)
ORAÇÃO AO CADÁVER DESCONHECIDO
"Ao curvar-te com a lâmina rija de teu bisturi sobre o cadáver
desconhecido, lembra-te que este corpo nasceu do amor de duas
almas; cresceu embalado pela fé e esperança daquela que em seu
seio o agasalhou, sorriu e sonhou os mesmo sonhos das crianças e
dos jovens; por certo amou e foi amado e sentiu saudades dos outros
que partiram, acalentou um amanhã feliz e agora jaz na fria lousa,
sem que por ele tivesse derramado uma lágrima sequer, sem que
tivesse uma só prece. Seu nome só Deus o sabe; mas o destino
inexorável deu-lhe o poder e a grandeza de servir a humanidade que
por ele passou indiferente"
Karel Rokitansky (1876)
Ao cadáver, respeito e agradecimento
Introdução à Anatomia Humana
A lição de Anatomia do Dr. Nicolaes Tulp (1632)
Rembrandt Harmenszoon
Museu Mauritshuis (Haia)
“ A Anatomia se relaciona tanto com a medicina quanto com a arte e deve ser
considerada ciência e arte ”Prof. Liberato Di Dio
1. DEFINIÇÃO
A Anatomia é o ramo da biomorfologia, ou seja, da ciência que trata da
forma e arquitetura dos seres vivos, que estuda micro e macroscopicamente a
conformação e o desenvolvimento dos organismos. A Anatomia Humana
restringe-se ao estudo do corpo humano.
No passado, os termos Anatomia e Morfologia eram utilizados como
sinônimos, porém atualmente a anatomia humana, em sentido restrito, é o
ramo da biomorfologia que trata das estruturas em nível macroscópico, estando
as estruturas microscópicas sob a responsabilidade da Histologia e da Biologia
Celular.
O termo Anatomia, etimologicamente, tem origem Grega (anatomé):
Ana – distributivo, em partes; Tomé – corte, ou Temnein - cortar. A associação
das palavras significa dissecação.
Como sua origem indica, o estudo da Anatomia está largamente
baseado na dissecação, entretanto, campos de estudo mais recentes envolvem
o uso de métodos e técnicas que propiciam valioso suplemento à mesma.
2. CAMPOS DE ESTUDO DA ANATOMIA HUMANA
Como o seu nome indica, a Anatomia Humana limita-se ao estudo do
corpo humano. Porém, este pode ser estudado sob diferentes contextos, ou
campos de estudo da Anatomia.
2.1 Anatomia Sistêmica ou Sistemática
A Anatomia Sistêmica ou Sistemática compreende o estudo do corpo
humano como uma série de órgãos anatomicamente ou funcionalmente unidos,
desempenhando uma função em comum, ou com a mesma finalidade.
Essa organização está de acordo com a teoria celular descrita por
Schleiden em 1838 e Schwann em 1839, que afirma que a célula é a unidade
fundamental, morfo-funcional do corpo humano. Células unem-se para formar
Tecidos, que por sua vez se reúnem na conformação de Órgãos, que então se
agrupam em Sistemas. Muitas vezes dois ou mais Sistemas estão relacionados
de tal forma que podem ser descritos como uma unidade maior, denominada
Aparelho, como é o caso do Aparelho Locomotor, formado pelos Sistemas
Esquelético, Articular e Muscular.
Outros exemplos de sistemas do corpo humano são: Sistema nervoso,
Sistema Digestório, Sistema Respiratório e etc.
2.2 Anatomia Regional (Topográfica ou Cirúrgica)
A anatomia regional divide o corpo humano em regiões e nestas é feito
um estudo de suas estruturas e relações. Por exemplo, o corpo humano pode
ser dividido em Cabeça e Pescoço, Tórax, Abdome, Pelve, Dorso, Membro
Superior e Membro Inferior. Nesse caso, as estruturas de cada uma dessas
regiões são descritas separadamente das estruturas das demais, independente
das relações sistemáticas entre as mesmas.
Trata-se de um campo de estudo interessante ao cirurgião, afinal este
abordará a região específica da sua especialidade.
2.3 Anatomia Clínica ou Aplicada
Trata-se do estudo da anatomia com ênfase nos aspectos da estrutura,
função e patologia do corpo que são importantes no exercício das profissões
na área da saúde.
2.4 Anatomia de Superfície
A anatomia de superfície, muitas vezes referida como anatomia do
indivíduo vivo ou do vivente, estuda o corpo vivo em repouso ou em ação, cujo
principal objetivo é o reconhecimento de estruturas situadas sob a pele.
O estudo da anatomia de superfície pode ser feito com base em fotos
ou mesmo através da inspeção do indivíduo desnudo. Seu estudo traz grandes
benefícios à anatomia palpatória (descrito adiante) e é extremamente relevante
para fisioterapeutas, entre outros profissionais.
2.5 Anatomia Palpatória
Trata-se do estudo da anatomia com base na palpação das estruturas
superficiais e profundas, passíveis de serem identificadas sob a superfície da
pele.
Corresponde-se com a anatomia de superfície, sendo de grande
relevância na pratica da fisioterapia e outras áreas da saúde.
Existem autores que agrupam a anatomia de superfície e a anatomia
palpatória em um estudo comum, denominado anatomia do indivíduo vivo.
2.6 Anatomia do Desenvolvimento
Focaliza o desenvolvimento do corpo a partir do ovo fertilizado até a
forma adulta. Está associada a Embriologia Humana.
2.7 Anatomia Radiológica
Trata-se de um campo relativamente recente de estudo da anatomia,
em o corpo humano pode ser visualizado por meio de técnicas radiológicas,
como na identificação de estruturas em radiografias ou mesmo nos exames
mais modernos, como a tomografia computadorizada e a ressonância
magnética.
Este estudo permite o reconhecimento de estruturas tanto do cadáver,
quanto do vivente e é largamente utilizado na anatomia clínica.
2.8 Anatomia Comparada
A Anatomia Comparada estabelece comparações entre os aspectos
anatômicos de diferentes animais.
Pelo fato de as origens de vários animais serem semelhantes, o seu
estudo estabelece importantes relações funcionais entre os mesmos. É muito
relevante a sua contribuição no entendimento dos aspectos evolutivos dos
diferentes animais.
3. MÉTODOS DE ESTUDO DA ANATOMIA HUMANA
Apesar de largamente baseada na dissecação, como a etimologia do
seu nome indica, o estudo da anatomia humana envolve vários métodos, que
se correspondem com os seus campos de estudo:
Inspeção: análise através da visão, que pode ser de órgãos externos ou
internos.
Palpação: análise através do tato, que pode ser utilizada para medir a
pulsação, verificar tendões ou saliências ósseas, entre outras estruturas.
Percussão: análise através de batimentos digitais na superfície corporal,
que pode produzir sons audíveis, ajudando na determinação de órgãos
ou estruturas.
Ausculta: analisar ouvindo determinados órgãos em funcionamento (ex.
coração, intestino, pulmões).
Mensuração: Permite a avaliação da simetria corporal.
Dissecação: consiste na separação minuciosa dos diferentes órgãos
para uma melhor visualização.
Métodos de Estudo por Imagem: inclui os antigos e novos métodos de
obtenção de imagens do corpo humano: radiografias, ressonância
magnética, ultrassonografia, tomografia computadorizada e etc.
4. TERMINOLOGIA ANATÔMICA
A terminologia anatômica é o conjunto de termos utilizados para indicar
e descrever as partes do corpo humano. Trata-se da base da linguagem
técnica utilizada em Anatomia, Medicina, Odontologia, Fisioterapia e demais
ciências da saúde, bem como todas as ciências biológicas que tratam da
estrutura do homem. Pode ser dividida em terminologia anatômica geral e
especial.
No primeiro caso, compreende os termos gerais, que são relativamente
poucos, como a divisão do corpo humano, as suas principais regiões e os eixos
e planos que o limitam ou seccionam. Já a terminologia especial, compreende
cerca de seis mil nomes de todas as estruturas macroscópicas do corpo e suas
partes.
5. POSIÇÃO ANATÔMICA
Para estudar e indicar as partes do corpo humano, toma-se como
padrão ou modelo uma posição convencional, chamada posição anatômica
para descrição do indivíduo. Segue abaixo a descrição da posição anatômica:
Corpo ereto; Membros Superiores pendentes naturalmente, adjacentes
ao corpo, de cada lado do tronco e com as palmas das mãos voltadas para
frente; Membros Inferiores estendidos, unidos, com os pés juntos e acolados e
com as pontas dos dedos também dirigidos para diante; Olhar em direção ao
horizonte.
Esta posição é sempre utilizada como referência, podendo o indivíduo
estar sentado, deitado em qualquer dos decúbitos para dissecação, necropsia,
exame físico clínico, cirurgia, mas o observador deverá sempre descrevê-lo
imaginando-o na posição anatômica.
Posição Anatômica
Fonte: Van de Graaf, KENT. Anatomia Humana, 2003.
6. DIVISÃO DO CORPO HUMANO
O corpo humano pode ser dividido da seguinte maneira:
CABEÇA
PESCOÇO
TRONCO
MEMBROS
Cada uma dessas partes apresenta-se subdividida da forma abaixo:
- Cabeça
Crânio
Face
- Tronco
Tórax
Abdome
Pelve
Dorso
- Membros Superiores
Porção Fixa (raiz): Ombro
Porção Móvel: Braço, Antebraço e Mão
- Membros Inferiores
Porção Fixa (raiz): Quadril
Porção Móvel: Coxa, Perna e Pé
Entre o braço e o antebraço, encontra-se a articulação do cotovelo; entre
o antebraço e mão, encontra-se a articulação do punho.
Entre a coxa e a perna encontra-se o joelho; entre a perna e o pé
encontra-se o tornozelo.
Cada subdivisão apresenta ainda outras divisões e regiões de
importância topográfica:
- Cabeça
Fronte (Região Frontal)
Região Occipital (Occipúcio)
Têmpora (Região Temporal)
Região Mastóidea
Orelha
Região Zigomática
Crânio
Face: Olho, Bochecha, Nariz, Boca e Mento (Região Mentual)
- Pescoço
Região Cervical Posterior
- Tronco
Tórax: Peito (Região Peitoral), Região Mamária, Região
Inframamária e Axila (Fossa axilar).
Abdome: Região umbilical, Região Inguinal, Região Púbica.
Dorso: Região Lombar, Região Sacral.
- Membros Superiores
Cíngulo do Membro Superior
Região Cubital: Região Cubital Anterior (Fossa Cubital)
Palma da Mão (Face Volar)
Dorso da Mão
Eminência Tênar e Hipotenar
- Membros Inferiores:
Cíngulo do Membro Inferior
Região Glútea (Nádegas): Fenda Interglútea
Região Poplítea
Região Sural
Planta do Pé
Dorso do Pé
Principais Partes e Regiões do Corpo Humano
Fonte: Van de Graaf, KENT. Anatomia Humana, 2003.
7. TERMOS DE SITUAÇÃO, DIREÇÃO, RELAÇÃO E
COMPARAÇÃO
Para citas as estruturas do corpo humano, suas devidas partes e ainda
comparar a sua situação entre elas, torna-se necessário a utilização de termos
apropriados. Estes são:
TERMO SIGNIFICADO
Direito -
Esquerdo -
Anterior ou Ventral Situado na frente de; a frente do corpo
Posterior ou Dorsal Situado atrás de; a parte posterior do corpo
Superior ou Cranial Voltado para a cabeça; em posição relativamente alta
Inferior ou Caudal Afastado da cabeça; em posição relativamente baixa
Superficial ou Externo
Localizado próximo ou na superfície do corpo
Profundo ou InternoLocalizado mais afastado ou mais profundamente da superfície do corpo do que as estruturas superficiais
ProximalMais próximo de qualquer ponto de referência (raiz para membros), como a origem de um estrutura ou o centro do corpo
DistalAfastado de qualquer ponto de referência (raiz para membros), como a origem de um estrutura ou o centro do corpo
Médio Localizado entre uma estrutura proximal e outra distal
Medial Mais próximo da linha média do corpo humano
Lateral Mais afastado da linha média do corpo humano
Intermédio Situado entre uma estrutura medial e outra lateral
Homolateral ou Ipsilateral
Do mesmo lado
Contralateral Do lado oposto
Termos de Situação, Direção, Relação e Comparação
Fonte: Van de Graaf, KENT. Anatomia Humana, 2003.
8. PLANOS ANATÔMICOS DE SECÇÃO
Os planos anatômicos de secção são utilizados com o objetivo de
cortar o corpo humano em partes ou metades, de modo a possibilitar o estudo
de sua estrutura interna. Dentre eles, os mais importantes são:
Plano de Secção Sagital Mediano: divide o corpo humano em metades
direita e esquerda.
Plano de Secção Sagital ou Sagital Paramediano: divide o corpo
humano em partes direita e esquerda.
Plano de Secção Frontal ou Coronal: divide o corpo humano em partes
anterior e posterior.
Plano de Secção Transversal: divide o corpo humano em partes superior
e inferior.
Planos de Secção
Fonte: Van de Graaf, KENT. Anatomia Humana, 2003.
9. ORGANIZAÇÃO DO CORPO
9.1 Níveis Estruturais e Funcionais de Organização
- Nível de Célula
A célula é o componente estrutural e funcional básico da vida. Os
humanos são organismos multicelulares compostos de 60 a 1000 trilhõs de
células. É no nível celular microscópico que tais funções vitais como o
metabolismo, crescimento, irritabilidade(resposta a estímulos) reparo e
replicação são executadas.
As células são constituídas por átomos – particulas minúsculas que são
ligadas entre si para formar estruturas maiores chamadas moléculas. Certas
moléculas, por sua vez, são agrupadas em arranjos específicos para formar
estruturas funcionais menores chamadas organelas. Cada organela realiza
uma função específica dentro da célula.
- Nível de Tecido
Tecidos são camadas ou grupos de células semelhantes que executam
uma função comum. O corpo inteiro está composto de apenas quatro tipos
principais de tecido: epitelial, conjuntivo, nervoso e muscular.
- Nível de Órgão
Um órgão é um agregado de dois ou mais tipos de tecidos que
executam uma função específica. Os órgãos localizam-se ao longo do corpo e
variam grandemente em tamanho e função. Cada órgão geralmente tem um ou
mais tecidos primários e vários tecidos secundários. No estômago, por
exemplo, o tecido epitelial em seu interior é considerado o tecido primário
porque as funções básicas de secreção e absorção acontecem dentro desta
camada. Tecidos secundários do estômago são o tecido conjuntivo de
sustentação e os tecidos vascular, nervoso e muscular.
- Nível de Sistema
Os sistemas do corpo constituem o próximo nível de organização
estrutural. Um sistema do corpo consiste em vários órgãos que têm funções
semelhantes ou inter-relacionadas. Exemplos de sistemas são o sistema
circulatório, sistema nervoso, sistema digestório e sistema endócrino. Certos
órgãos podem servir a dois sistemas. O pâncreas, por exemplo, faz parte dos
sistemas endócrino e digestório; a faringe serve aos sistemas respiratório e
digestório.
Níveis Estruturais e Funcionais de Organização do Corpo Humano
Fonte: Van de Graaf, KENT. Anatomia Humana, 2003.
Embora o corpo seja o resultado da integração de todos os sistemas,
há alguns sistemas que, devido a relações mais íntimas no desenvolvimento,
situação, função e devido a fatores didáticos, podem ser associados ou
agrupados, caso em que recebem o nome de Aparelho.
9.2 Princípios Gerais de Construção do Corpo Humano
Pequenas diferenças, ainda que mínimas, são sempre notáveis entre
os indivíduos. Não há dois indivíduos perfeitamente idênticos.
Ao analisar a estrutura do corpo humano, reconhece-se que ela
obedece:
1 - Ao plano de organização dos vertebrados
2 - A um plano de construção característico da espécie Homo sapiens
3 - A um plano de constituição individual
Como vertebrado, o ser humano tem o corpo com a construção geral
que obedece aos princípios que se seguem:
- Simetria Bilateral (Antimeria)
O plano sagital mediano divide o corpo em metades semelhantes (não
idênticas), que são denominadas antímeros direito e esquerdo.
Do ponto de vista anatômico e fisiológico, não são perfeitamente
idênticas, como o nome indicaria, pois não há exata correspondência entre as
partes e órgãos dos antímeros direito e esquerdo.
- Metameria
O princípio da metameria é o do plano de construção de superposição
longitudinal. Ele reconhece um tipo de estrutura que mostra segmentos
semelhantes no corpo dispostos em série longitudinal, ou seja, superpostos no
sentido súpero-inferior.
A metameria pode ser bem demonstrada pela disposição das
vértebras, a série de nervos espinhais ou mesmo pelas costelas.
- Paquimeria
O princípio da paquimeria ou da tubulação, pode ser definido como o
plano básico de construção segundo o qual a porção axial (central) do corpo, é
formada por tubos longitudinais ou súpero-inferiores. Um tubo é posterior,
sendo largo na cabeça e estreito no tronco e o outro é anterior, estreito na
cabeça e largo no tronco. O tubo posterior é o neural e o tubo anterior é o
visceral. Eles correspondem ao paquímero posterior e ao paquímero anterior
respectivamente.
- Estratificação (Estratimeria)
Este princípio refere-se a um tipo geral de construção do corpo e de
suas partes, desde o nível macroscópico até o subcelular, segundo o qual as
estruturas estão dispostas concentricamente em estratos, camadas, telas,
túnicas.
- Segmentação
O princípio da segmentação ou da estrutura segmentar na construção
do corpo humano é observado no tipo de subdivisão dos órgãos de acordo com
a distribuição dos seus vasos, nervos e, quando houve, ductos, canais ou tubos
relacionados com sua função.
Em Anatomia e em Cirurgia, segmento é o território de um órgão que
possua irrigação e drenagem sanguínea independentes, separado dos demais
ou separável e removível cirurgicamente e que seja identificável
morfologicamente. O segmento desempenha a mesma função do órgão ao
qual pertence e embora seja reconhecível pela distribuição vascular sanguínea
e, quando for o caso, pela distribuição de seus tubos, canais ou ductos, seus
vasos linfáticos e nervos também se dispõem como satélites, acompanhando a
angio-arquitetura segmentar.
10. CONCEITOS GERAIS EM ANATOMIA HUMANA
10.1 Normalidade
O conceito de normalidade, ou de que um indivíduo é normal, pode ser
abordado sobre vários pontos de vista.
Em medicina, normal significa sadio. Em fisiologia, normal é a estrutura
que está mais bem dotada para desempenhar a sua função. Em morfologia,
por exemplo na Anatomia, são usados critérios estatísticos para definir o que é
normal.
10.2 Variação
Variação anatômica é um pequeno desvio do aspecto morfológico
normal de um órgão, ou desvio pormenor do plano geral de organização do
indivíduo, que não perturba a função.
O desvio pode ser representado por um aumento ou diminuição do
número normal de partes de um órgão, pela modificação da forma de um órgão
ou de relação entre os órgãos.
10.3 Anomalia
É a anormalidade, alteração fora da regra ou fora do comum, diferindo
do estado, da estrutura ou das condições normais. Pode implicar em
deformidade ou má formação.
Uma anomalia é, portanto, um desvio grave do padrão normal,
acompanhado de má função ou disfunção.
10.4 Monstruosidade
É uma anomalia tão acentuada que interfere com o desenvolvimento
do corpo, sendo incompatível com a vida.
Graças à medicina, especialmente à cirurgia, está sendo possível a
sobrevivência de fetos nascidos com monstruosidades que, com sucesso foram
transformadas, quando muito, em anomalias.
11. FATORES GERAIS E INDIVIDUAIS DE VARIAÇÃO
ANATÔMICA
As variações em pormenores do plano geral de construção do corpo
são características da espécie. Há também um plano constitucional que
diferencia um indivíduo do outro.
Essas pequenas modificações morfológicas não ocorrem ao acaso, eis
que podem ser produzidas por fatores gerais e individuais.
11.1 Fatores Gerais
- Idade
- Sexo
- Raça
- Biótipo
Há dois tipos extremos: longilíneo e brevelíneo. O longilíneo é alto e
magro, com as extremidades ou membros predominando sobre o tronco. O
indivíduo é mais desenvolvido longitudinalmente, como os jogadores de
basquete.
O brevelíneo é baixo e corpulento, com o tronco predominando sobre
as extremidades. O indivíduo é mais desenvolvimento transversalmente, como
os lutadores de sumô.
Existem indivíduos mediolíneos, que são aqueles que apresentam
características intermediárias às do longilíneo e do brevelíneo.
- Ambiente
- Biorritmos
- Gravidade
- Esporte
- Trabalho
11.2 Fatores Individuais
Os fatores individuais são aqueles restritos a cada pessoa. Refletem as
características individuais dos indivíduos.
As variações individuais extremas podem ser usadas para
identificação. A medicina legal, por exemplo, se beneficia das diferenças
individuais nas impressões digitais e daquelas que podem ser observadas em
radiografias, como das arcadas dentárias.
12. CAVIDADES DO CORPO
O corpo contém duas cavidades principais: a dorsal (posterior) e a
ventral (anterior). Cada uma dessas cavidades é limitada por membranas e
contém certa quantidade de fluido ao redor dos órgãos que se encontram
dentro das mesmas.
A cavidade dorsal tem duas subdivisões: a cavidade craniana, que
aloja o encéfalo, e a cavidade espinhal (vertebral), que contém a medula
espinhal. A cavidade espinhal comunica-se com a cavidade craniana através
do forame magno, uma larga abertura na face inferior do osso occipital.
A cavidade ventral também apresenta duas subdivisões. Elas são
separadas pelo músculo diafragma em cavidades torácica, superior, e
abdómino-pélvica, inferior. Cada uma dessas cavidades ainda é subdividida. A
cavidade torácica é dividida em cavidade pericárdica, que se encontra ao redor
do coração, e cavidades pleurais, direita e esquerda, onde se encontram os
pulmões.
A cavidade abdómino-pélvica é dividida, com propósitos descritivos, em
cavidade abdominal, superior, e cavidade pélvica ou pelve verdadeira, inferior,
por um plano imaginário, oblíquo, que passa através da margem superior da
sínfise púbica, anteriormente, e pelo promontório sacral, posteriormente.
A porção inferior da cavidade abdominal é limitada posteriormente pela
porção alargada dos ossos do quadril, mas sua parede anterior é formada pela
parede abdominal. Essa região expandida é chamada de falsa pelve.
Cavidades do Corpo – Vistas Anterior e Lateral
Fonte: Van de Graaf, KENT. Anatomia Humana, 2003.
Sistema Esquelético
“ A estabilidade e mobilidade do corpo humano dependem dos tecidos que formam o
Aparelho Locomotor ”Harris, 2002
1. INTRODUÇÃO AO APARELHO LOCOMOTOR
- ORTOPEDIA: É a ampla especialidade clínica e cirúrgica dedicada à
prevenção, investigação, diagnóstico e tratamento de moléstias e lesões que
acometem o Aparelho Locomotor.
Árvore Ortopédica
Extraída de um livro de Nicolas Andry do Século XVIII, tornou-se o símbolo
internacional da cirurgia ortopédica. Ilustra o conceito de uma jovem árvore
torta que, como uma jovem criança deformada, pode ser ajudada a crescer
ereta pela aplicação de forças apropriadas.
2. DEFINIÇÃO
É formado por um conjunto de estruturas branco-amareladas, vivas,
capazes de crescer, se adaptar e se reparar. O esqueleto humano é um
endoesqueleto, isto é, está colocado entre os tecidos moles do corpo.
- Osteologia: Em sentido restrito e etimológico, é o estudo dos ossos. Em
sentido mais amplo, inclui o estudo das formações intimamente ligadas ou
relacionadas com os ossos, formando o esqueleto.
- Esqueleto: Conjunto dos ossos e cartilagens que se interligam para formar o
arcabouço do corpo humano.
3. FUNÇÕES DO ESQUELETO
O sistema esquelético exerce algumas funções de extrema importância
para o corpo humano, como:
Sustentação: O esqueleto forma o arcabouço rijo ao qual os tecidos
moles e órgãos do corpo estão fixos. Os ossos do esqueleto suportam
uma massa de músculos e órgãos que podem pesar até cinco vezes
mais do que o seu próprio peso;
Proteção: O crânio e a coluna vertebral envolvem o encéfalo e a medula
espinhal; a caixa torácica protege o coração, os pulmões, os grandes
vasos, o fígado e o baço; a cintura pélvica protege as vísceras pélvicas;
Inserção de Músculos: Os ossos servem como ponto de apoio para
fixação da maioria dos músculos estriados esqueléticos. Nesta condição,
os músculos funcionam como alavancas que, ao se contraírem,
provocam o movimento das partes do corpo.
Hematopoese: O processo formador das células sanguíneas é
denominado hematopoese e ocorre no tecido chamado medula óssea
vermelha, localizado internamente em alguns ossos;
Armazenamento de minerais: A matriz inorgânica do ossos é
composta principalmente de minerais de cálcio e fósforo. Esses minerais
que ocupam aproximadamente dois terços do peso do osso, dão ao
mesmo sua dureza e força.
4. NÚMERO DE OSSOS
No indivíduo adulto, idade na qual se considera completado o
desenvolvimento orgânico, o número de ossos é de 206. Este número, todavia,
varia, se levarmos em consideração os seguintes fatores:
Fatores etários: Do nascimento à senilidade há uma diminuição do
número de ossos. Isto se deve ao fato de que, certos ossos, no recém
nascido, são formados de partes ósseas que se soldam durante o
desenvolvimento do indivíduo para constituir um osso único no adulto.
Assim, o osso frontal é formado por duas porções, separadas no plano
mediano. O osso do quadril, no feto, é separado em três partes - ílio,
ísquio e púbis, que posteriormente se soldam para formar um osso único
no adulto. Por outro lado, nos indivíduos muito idosos, há tendência para
a soldadura de dois ou mais ossos, levando a uma diminuição do seu
número total. Este processo, denominado sinostose, ocorre
principalmente entre os ossos do crânio, podendo transformar a
abóbada craniana em um único osso;
Fatores individuais: Em alguns indivíduos pode haver persistência da
divisão do osso frontal no adulto e ossos extranumerários podem
ocorrer, determinando variação no número de ossos;
Critérios de contagem: Alguns autores utilizam às vezes critérios muito
pessoais para fazer a contagem do número de ossos do esqueleto,
levando a variações no número final.
5. CLASSIFICAÇÃO DOS OSSOS
Há várias maneiras de se classificar os ossos, entretanto a
classificação mais difundida é aquela que leva em consideração a forma dos
ossos, classificando-os segundo a predominância de uma das dimensões -
comprimento, largura ou espessura - sobre as outras duas. Assim reconhecem-
se:
Ossos Longos
São ossos que apresentam um comprimento consideravelmente maior
que a largura e espessura. Exemplos típicos são os ossos do esqueleto
apendicular: fêmur, úmero, rádio, ulna, falanges.
Os ossos longos apresentam duas extremidades, denominadas
Epífises e um corpo, a Diáfise. Esta possui, no seu interior, uma cavidade –
Canal Medular – que aloja a medula óssea.
Nos ossos em que a ossificação ainda não se completou, é possível
observar entre a epífise e a diáfise um disco cartilaginoso – Cartilagem
Epifisária – relacionada ao crescimento dos ossos em comprimento.
Características dos Ossos Longos
Fonte: SPENCE – Anatomia Humana Básica, 1991
As extremidades superior ou proximal e inferior ou distal, expandidas,
da diáfise, são conhecidas como metáfise. É na metáfise que se encontra a
cartilagem epifisária do osso em crescimento.
Ossos Alongados
São ossos que, assim como os ossos longos, possuem comprimento
maior que largura e espessura, porém não apresentam canal medular. Um
exemplo de osso alongado é a costela.
Ossos Planos (Chatos ou Laminares)
São ossos que apresentam comprimento e largura equivalentes,
predominando muito sobre a espessura. Os ossos do crânio, assim como
escápula e osso do quadril são exemplos bem demonstrativos.
Ossos Curtos
São ossos que não possuem um eixo longo, apresentando
comprimento, largura e espessura equivalentes. São cubóides e localizam-se
em locais onde não se precisa de muito movimento, mas força. Os ossos do
carpo e tarso são os exemplos mais comuns.
Existem ossos que não podem ser classificados em nenhum dos tipos
descritos acima e são, por esta razão e por características que lhe são
peculiares, colocados dentro de uma das categorias seguintes:
Ossos Irregulares
São ossos de morfologia complexa, que não encontram nenhuma
correspondência em formas geométricas conhecidas. As vértebras e o osso
temporal são exemplos marcantes.
Ossos Pneumáticos
São ossos que apresentam uma ou mais cavidades, de volume
variável, contendo ar. Essas cavidades recebem o nome de seios. Os ossos
pneumáticos são: frontal, maxila, temporal, etmóide e esfenóide.
Ossos Sesamóides
São ossos que se desenvolvem na substância de certos tendões ou na
cápsula fibrosa que envolve as articulações. Estão mais relacionados com
músculos ou outros tecidos, que com outros ossos. A patela é o maior osso
sesamóide do corpo.
Ossos Suturais ou Fontanelares
Ossos Acessórios ou Supranumerários
São ossos que não estão presentes regularmente. Tais ossos são, em
geral, do tipo curto e encontrados principalmente nas mãos e nos pés. São
incluídos alguns ossos sesamóides e certas epífises não soldadas, no adulto.
São de alguma importância médico-legal pelo fato de que, quando vistos em
radiografias, podem ser confundidos com fraturas. Em geral estão presentes
bilateralmente.
Repare que há ossos que, dadas as suas peculiaridades morfológicas,
são classificados em mais de um grupo: o frontal, por exemplo, é um osso
laminar, mas também é pneumático.
6. ESTRUTURA DOS OSSOS
“ A resistência e rigidez óssea, em combinação com seu leve peso, dá aos
vertebrados sua mobilidade, destreza e força. ”
6.1 TIPOS DE SUBSTÂNCIA ÓSSEA (Ver figuras Características dos Ossos
Longos e Estrutura Microscópica do Osso)
O exame da superfície de corte do osso mostra que o tecido assume
duas formas - osso cortical ou compacto externo e osso trabecular interno ou
esponjoso. Embora os elementos constituintes sejam os mesmos nos dois tipos
de substância óssea, eles dispõem-se diferentemente conforme o tipo
considerado:
Substância óssea compacta: constituída de lamelas, concentricamente
arranjadas, que não tem espaço entre si. É um tipo mais denso e rijo.
Substância óssea esponjosa: constituídas de trabéculas
desorganizadas delimitando espaços intercomunicantes, onde se
encontra a medula óssea.
O osso cortical constitui cerca de 80% do esqueleto e circunda as
delicadas espículas ou placas de osso esponjoso com lamelas compactas. Nos
ossos longos, o osso cortical forma a diáfise cilíndrica que circunda uma
cavidade medular contendo pouco ou nenhum osso esponjoso. Nas metáfises
dos ossos longos, o osso cortical adelgaça-se e o osso esponjoso preenche a
cavidade medular.
Nos ossos planos não há presença do canal medular. Esse tipo de
osso é formado por osso esponjoso chamado díploe, que fica prensado entre
duas camadas superficiais de osso compacto.
Em virtude das diferenças em densidade e organização, blocos iguais
de osso cortical e esponjoso possuem propriedades mecânicas diferentes. Os
dois tipos de osso têm a mesma composição, mas o osso cortical é muito mais
denso. Visto que a resistência à compressão do osso é proporcional ao
quadrado da densidade, o osso cortical possui uma resistência compressiva
que pode ser, em ordem de magnitude, maior que a do osso trabecular ou
esponjoso.
6.2 ANATOMIA MACROSCÓPICA
Quando observado a olho nu, o osso apresenta:
Diáfise e epífises;
Metáfise;
Canal ou cavidade medular;
Cartilagem ou disco epifisário e linha epifisária.
6.3 PERIÓSTEO E ENDÓSTEO (Ver Figura Características dos Ossos
Longos)
Periósteo: é uma dupla camada de tecido conjuntivo fibroso que
recobre a superfície do osso. Não está presente nas superfícies das
articulações, onde o osso é recoberto por uma cartilagem articular. Sua
camada externa é fibrosa e suprida de vasos e nervos, alguns dos quais
penetrando o osso. A camada interna ou osteogênica contém células
capazes de formar cartilagem e osso.
Endósteo: É a fina camada de tecido conjuntivo que reveste o canal ou
cavidade medular.
6.4 ANATOMIA MICROSCÓPICA
Quando examinado sob microscópio, o osso compacto é visto como
sendo formado por muitos sistemas organizados de canais interconectados. A
unidade estrutural do osso compacto adulto é o sistema haversiano (osteônio).
Cada sistema haversiano tem um canal central – canal central do osteônio
(canal haversiano), que é rodeado por lamelas (camadas) concentricamente
arranjadas de osso. Pelo fato de o osteônio geralmente correr paralelamente
ao longo do eixo do osso, os canais aparecem em secção longitudinal como
longos tubos. Esta orientação do sistema haversiano contribui para a
capacidade do osso em resistir a forças compressivas. Localizadas entre as
lamelas adjacentes um osteônio estão diminutas cavidades chamadas lacunas.
Cada lacuna contém uma célula chamada osteócito. Todas as lacunas num
sistema harvesiano estão interconectadas por finíssimos canais denominadas
canalículos.
Cada canal central do sistema harvesiano contém pelo menos um
capilar sanguíneo, que proporciona uma fonte de nutrientes e um meio de
eliminação de resíduos dos osteócitos que estão alojados entre as lacunas. Os
nutrientes e resíduos somente podem difundir a curta distância através do
tecido fluido das lacunas e canalículos, seja para entrar ou sair do canal
harvesiano.
Após entrar no osteócito, os nutrientes provenientes dos vasos
sanguíneos são distribuídos para osteócitos adjacentes por meio dos
processos citoplasmáticos dentro dos canalículos. Os vasos sanguíneos que
alcançam os canais são provenientes de vasos maiores que se encontram
localizados ou na superfície do osso ou na cavidade medular. Os vasos
sanguíneos, bem como os vasos linfáticos e nervos, entram e saem da
cavidade medular por meio de canais nutrícios que perfuram o osso desde a
superfície e se comunicam com a cavidade medular. Os canais sanguíneos de
ambas as fontes alcançam os canais centrais dos osteônios através dos canais
perfurantes que correm perpendicularmente aos canais centrais dos osteônios
(antigos canais de Volkmann). Na superfície externa do osso, logo por baixo do
periósteo, são encontradas varias lamelas circunferenciais, que acompanham a
circunferência da diáfise, como que rodeando à distância um canal haversiano.
O osso esponjoso não mostra a organização que é característica do
osso compacto. Embora os osteócitos estejam alojados em lacunas e estas se
comuniquem através dos canalículos, como no osso compacto, as lamelas não
estão arranjadas em camadas concêntricas. Mais propriamente, elas estão
arranjadas em várias direções que correspondem às linhas de máxima pressão
ou tensão. Os capilares sanguíneos alcançam a vizinhança dos osteócitos
passando nos espaços da medula óssea entre a placas de osso formadas por
lamelas.
Estrutura Microscópica do Osso
Fonte: SPENCE – Anatomia Humana Básica, 1991
6.5 COMPOSIÇÃO DOS OSSOS
A substância intercelular (matriz) do osso é formada por dois
componentes principais: um arcabouço orgânico, um arcabouço inorgânico e o
líquido da matriz. O componente da matriz orgânica contribui com cerca de
70% do peso ósseo, embora possa contribuir com até 80%. As
macromoléculas inorgânicas contribuem com cerca de 20% do peso ósseo e a
água contribui com 8 a 10%. A matriz orgânica é formada predominantemente
de fibras colágenas. Os sais inorgânicos do osso são formados principalmente
de cálcio e fosfato.
A matriz orgânica dá forma ao osso e proporciona resistência tênsil -
isto é, podem resistir ao alongamento e à torção. O componente inorgânico
permite ao osso resistir à compressão. Esta combinação de fibras e sais
confere ao osso excepcional força sem torná-lo quebradiço.
A matriz orgânica é formada predominantemente de fibras colágenas.
Os sais inorgânicos do osso são formados principalmente de cálcio e fosfato.
6.6 MEDULA ÓSSEA
Antes do nascimento, a cavidade medular dos ossos longos e os
espaços entre as trabéculas estão preenchidos por tecido chamado de medula
óssea vermelha (rubra). Este tecido dá origem aos glóbulos vermelhos do
sangue e a certos glóbulos brancos. Da infância em diante, há uma diminuição
progressiva da quantidade de medula óssea formadora de células sangüíneas
e um aumento progressivo do acúmulo de gordura (medula óssea amarela ou
flava):
Fonte: GUYTON, A.. Tratado de Fisiologia Médica. 6ª ed. Rio de Janeiro, Ed. Interamericana,
1984.
7. CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DOS OSSOS
“ A estrutura e funcionamento normais do sistema musculoesquelético
dependem da formação e crescimento dos tecidos conjuntivos esqueléticos
específicos e do músculo, e da integração desses tecidos no sistema que
proporciona a estabilidade e mobilidade do corpo. ”
7.1 DESENVOLVIMENTO INICIAL DO OSSO
O osso se desenvolve a partir de membranas mesenquimatosas ou de
cartilagem. Embora o osso seja idêntico qualquer tecido que seja a sua origem,
no segundo tipo, a cartilagem precisa ser primeiramente removida, antes que
tecido ósseo possa ser depositado.
Ossificação intramembranosa: os ossos planos da abóbada craniana
e certos ossos faciais são formados pelo processo de ossificação
intramembranosa.
Crânio de um Recém-Nascido
demonstrando o processo de
Ossificação Intramembranosa
– Vista Lateral
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998.
Ossificação endocondral: a maioria dos ossos forma-se pela
ossificação de modelos de cartilagem que são formados nos estágios
primários do embrião. Os modelos de cartilagem lembram a forma do
futuro osso.
Etapas da Ossificação Endocondral
Fonte: Sobotta - Atlas Van de menselijke Anatomie, 2000.
7.2 AUMENTO DO OSSO EM COMPRIMENTO E DIÂMETRO (Ver figura
Etapas da Ossificação Endocondral)
Enquanto permanece a cartilagem epifisária, o osso pode aumentar em
comprimento. Esse processo ocorre quando as células cartilaginosas entram
em divisão e assim tendem a aumentar o tamanho do disco epifisário. Ao
mesmo tempo, o lado do disco voltado para a diáfise vai sendo substituído por
tecido ósseo.
Estas condições prevalecem até cerca de dez anos, quando a taxa de
crescimento da cartilagem diminui e é gradualmente alcançada pela ossificação
contínua do lado do disco epifisário voltado para a epífise. Perto dos 25 anos
nos homens e alguns anos mais cedo nas mulheres, a cartilagem do disco é
completamente substituída por osso, restando apenas uma linha epifisária para
marcar a sua localização primitiva. Quando isso ocorre, o osso não é mais
capaz de crescer em comprimento. Entretanto, ele retém a capacidade de
aumentar em diâmetro, processo que resulta da atividade das células
osteogênicas (capazes de formar osso) presentes na camada interna do
periósteo.
7.3 FATORES QUE AFETAM O DESENVOLVIMENTO DOS OSSOS
Um certo número de fatores pode influenciar grandemente o
desenvolvimento do osso. Entre os fatores mais importantes estão:
Pressão: o osso é um tecido vivo que é capaz de ajustar a sua
resistência proporcionalmente ao grau de pressão a que está sujeito.
Quantidade aumentada de matriz óssea é depositada no osso como
resposta a sujeição prolongada a cargas pesadas. Inversamente, se o
osso não está sujeito à pressão, os sais são retirados do osso.
Hormônios: os hormônios das glândulas paratireóides e tireóide têm
particular importância no desenvolvimento do osso. O aumento no nível
do hormônio da paratireóide – parato-hormônio – aumenta a reabsorção
de osso. O hormônio calcitonina da glândula tireóide tem um efeito
oposto ao do parato-hormônio. Qualquer remodelação de osso que
possa ocorrer, envolve a interação desses dois hormônios.
Nutrição: para que ocorra o desenvolvimento normal do osso, é
necessário seguir uma dieta que forneça ao corpo uma variedade de
substâncias essenciais. A vitamina D tem particular importância, pois é
necessária para a absorção apropriada de cálcio a partir do trato
gastrointestinal.
8. VARIAÇÕES
Os ossos variam de acordo com a raça, o sexo, a idade e de indivíduo
para indivíduo.
Os ossos nas mulheres são, comumente, mais leves e menores,
porque as mulheres são geralmente menores e o crescimento estaciona mais
cedo. As impressões musculares (acidentes ósseos) tendem a ser mais
pronunciadas nos ossos dos homens.
9. ASPECTOS MÉDICO-LEGAIS E ANTROPOLÓGICOS
Quando ossos ou fragmentos de ossos são encontrados, é às vezes
possível determinar primeiro se os ossos são humanos, ou então se são jovens
ou velhos, de homem ou de mulher. De maior valia na determinação do sexo,
na ordem de sua importância são: (1) a pelve e o sacro (2) o crânio (3) o
esterno (4) a atlas (5) os ossos longos.
10. DIVISÃO DO ESQUELETO
Os ossos do esqueleto humano podem ser agrupados no esqueleto
axial e no esqueleto apendicular.
Esqueleto Axial: consiste dos ossos que formam a cabeça, a coluna
vertebral e o tórax. Esta porção do esqueleto forma o eixo principal de
suporte do corpo e protege o sistema nervoso central e órgãos do tórax.
Esqueleto Apendicular: inclui os ossos dos membros superiores e
inferiores e os ossos pelos quais esses membros se articulam com o
esqueleto axial, isto é, as cinturas escapular e pélvica.
OSSOS INDIVIDUAIS DO ESQUELETO
1. ESQUELETO AXIAL
O esqueleto axial consiste dos ossos que formam a cabeça, a coluna
vertebral e o tórax. Esta porção do esqueleto forma o eixo principal de suporte
do corpo e protege o sistema nervoso central e os órgãos do tórax.
DISTRIBUIÇÃO DO NÚMERO DE OSSOS DO ESQUELETO AXIAL
SEGMENTO N.º DE OSSOS
Cabeça 29
Coluna Vertebral 26
Tórax(esterno e costelas) 25
Total 80
1. Cabeça
A cabeça é formada por 29 ossos, 11 dos quais são pares. Esta forma:
Uma caixa para o encéfalo;
Cavidades para os órgãos da sensibilidade especial (visão, audição,
equilíbrio, olfato e gustação);
Aberturas para a passagem de ar e alimento;
Os dentes para a mastigação.
Ossos que formam a Abóboda Craniana (Calvária)
Frontal
Parietais
Occipital
Ossos que formam a Base da Cavidade Craniana
Frontal
Etmóide
Esfenóide
Occipital
Temporais
Esqueleto da Face
Mandíbula
Maxilas
Zigomáticos
Nasais
Lacrimais
Palatinos
Conchas Nasais Inferiores
Vômer
Ossos que formam a Cavidade do Nariz
Etmóide
Vômer
Conchas nasais inferiores
Maxilas
Ossos que formam o Palato Ósseo
Maxilas
Palatinos
Ossos que formam a Órbita
- Teto da órbita: Frontal e Esfenóide (Asa Menor).
- Parte medial da órbita: Maxila, Lacrimal e Etmóide.
- Parede lateral da órbita: Zigomático e Esfenóide (Asa Maior).
- Assoalho da órbita: Maxila e Palatino.
Ossículos da Audição
Martelo
Bigorna
Estribo
Hióide
A cabeça óssea apresenta cerca de 85 forames, canais ou fissuras
normais, através dos quais passam nervos e vasos sangüíneos.
2. TÓRAX
O esqueleto do tórax é formado pelo esterno, pelas costelas e pelas
cartilagens costais. As vértebras torácicas formam a maior parte de sua porção
posterior.
Esterno
É um osso achatado e alongado que forma a porção mediana da
parede anterior do tórax. É composto de três partes: o manúbrio, o corpo e o
processo xifóide.
A porção superior do manúbrio articula-se com a extremidade medial de cada
clavícula. Suas margens laterais articulam-se com as cartilagens costais das
primeiras costelas e com parte das cartilagens costais das segundas costelas.
O corpo do esterno articula-se em suas margens laterais com as cartilagens
costais das segundas costelas (que também compartilham com o manúbrio)
até as sétimas costelas. O pequeno processo xifóide não se articula com
nenhuma costela. Ele serve como ponto de fixação de diversos ligamentos e
músculos, incluindo o músculo reto do abdome. A linha branca (alba), que
marca a linha mediana do abdome, também está fixada nele.
Costelas
São 12 pares de costelas. Os primeiros sete pares articulam-se
posteriormente com as vértebras torácicas e anteriormente com o esterno,
através das cartilagens costais. São denominadas costelas verdadeiras ou
vertebroesternais. Os restantes cinco pares são chamados de costelas falsas.
Os primeiros três pares de costelas falsas (ou seja, a oitava, nona e
décima costelas) têm suas cartilagens costais fixadas, com maior freqüência, a
cartilagem da costela situada acima delas, do que diretamente no esterno. São
as chamadas costelas vertebrocondrais. As cartilagens costais da décima-
primeira e décima-segunda costelas são curtas e não se articulam
anteriormente. Por esta razão também são chamadas costelas flutuantes ou
costelas vertebrais.
Cartilagens Costais
As cartilagens costais dão resistência ao tórax e servem de fixação
anterior para a maioria das costelas. Ao mesmo tempo, pelo fato de serem
cartilagens, conferem flexibilidade à caixa torácica para se expandir durante a
respiração.
3. COLUNA VERTEBRAL
A coluna vertebral é o principal eixo de suporte do corpo, provendo
fixação para a cabeça, para o tórax e para a cintura pélvica. Embora seja a
principal estrutura de suporte, sua construção é tal que permite que o tronco
tenha apreciável flexibilidade. Além disso, a coluna protege a medula espinhal,
enquanto dispõe de aberturas entre vértebras adjacentes para a passagem de
nervos espinhais.
A coluna vertebral embrionária consiste de 33 vértebras, que estão
separadas em 5 tipos diferentes, dependendo da região do corpo na qual se
encontram:
7 vértebras cervicais (C1 a C7)
12 vértebras torácicas (T1 a T12)
5 vértebras lombares (L1 a L5)
5 vértebras sacrais (S1 a S5)
3 a 4 vértebras coccígeas (CO1 a C03-CO4)
No adulto as vértebras sacrais unem-se em um único osso, sacro, e as
vértebras coccígeas fundem-se para formar o cóccix. Desta forma, a coluna
vertebral no adulto tem 26 ossos separados.
Curvaturas da Coluna Vertebral
Quando examinada de perfil, a coluna vertebral do recém-nascido tem
uma única curvatura, de convexidade posterior. Quando a criança começa a
levantar a cabeça, desenvolve-se uma curvatura cervical de convexidade
anterior. De maneira similar, uma curvatura lombar secundária desenvolve-se
quando a mesma começa a andar. Se a curvatura lombar anterior é excessiva,
é chamada lordose. Se a curvatura torácica, posterior – que permanece como
resquício da primeira curvatura do recém-nascido – é excessiva, é chamada
cifose (corcunda). A coluna vertebral é normalmente reta, sem qualquer
curvatura lateral. Se existe uma curvatura lateral, fala-se em escoliose.
Características de uma vértebra típica
Embora hajam diferenças entre as vértebras das várias regiões da
coluna vertebral, existem determinadas similaridades, de modo que é possível
descrever uma vértebra típica(padrão).
Uma vértebra típica tem um corpo anterior e espesso e um arco que se
origina na superfície posterior do corpo. Os corpos das vértebras adjacentes
estão separadas por um disco intervertebral. Cada arco da vértebra se une a
superfície posterior do corpo e envolve um forame vertebral. Os forames
vertebrais das vértebras adjacentes estão alinhados e formam um canal
vertebral, através do qual passa a medula espinhal. Processos transversos
estendem-se lateralmente de cada arco da vértebra. Projetando-se para a
região posterior do arco da vértebra, encontra-se um processo espinhoso
mediano. Projetando-se para cima, de cada lado do arco da vértebra,
encontram-se um par de processos articulares superiores e, para baixo, um par
de processos articulares inferiores. Os forames intervertebrais, através dos
quais passam os nervos espinhais, estão localizados lateralmente entre as
vértebras.
Diferenças regionais das vértebras
As vértebras de cada região apresentam características específicas
que acrescentam-se às da “vértebra típica” e que permitem que elas sejam
facilmente identificadas:
Vértebras Cervicais
Forames transversos: aberturas nos processos transversos que
permitem a passagem das artérias e veias vertebrais para e a partir do
encéfalo.
Processos espinhosos bifurcados: Os processos espinhosos das
vértebras cervicais têm a ponta dupla (com exceção da primeira e da
sétima).
Atlas (C1): a primeira vértebra cervical, que se articula com os côndilos
occipitais do crânio, não apresenta corpo nem processo espinhoso. Tem
a forma de um anel, constituído de arcos anterior e posterior.
Áxis(C2): a segunda vértebra cervical tem uma projeção vertical
chamada dente, que se origina na face superior de seu corpo. Este
processo funciona como um eixo ao redor do qual gira a atlas.
Vértebra Proeminente (C7): a sétima vértebra cervical, assim chamada
pelo seu longo processo espinhoso que se sobressai além das demais
outras vértebras cervicais, tornando-se um marco na contagem de
outros processos espinhosos. Seu processo espinhoso pode ou não ser
bifurcado.
Vértebras Torácicas
Processos espinhosos: são protuberâncias longas e afiladas que se
projetam agudamente para baixo. Esta inclinação não é tão marcante
nas vértebras torácicas mais baixas.
Facetas e semifacetas (Fóveas Costais): superfícies articulares para
as costelas no processo transverso e no corpo de todas as vértebras
torácicas.
Vértebras Lombares
Corpos: Mais largos e mais pesados que os corpos das vértebras de
outras regiões.
Processos espinhosos: Curtos e quadrados quando comparados com
os processos espinhosos de outras regiões.
2. ESQUELETO APENDICULAR
O esqueleto apendicular inclui os ossos dos membros superiores e
inferiores e os ossos pelos quais esses membros se articulam com o esqueleto
axial, isto é, as cinturas escapulas e pélvica.
DISTRIBUIÇÃO DO NÚMERO DE OSSOS DO ESQUELETO APENDICULAR
SEGMENTO N.º DE OSSOS
Cintura escapular 4
Membros superiores 60
Cintura Pélvica
Membros inferiores
2
60
Total 126
1. CINTURA ESCAPULAR (CÍNGULO DO MEMBRO SUPERIOR)
A cintura escapular está localizada sobre a parte superior do tórax e é
formada pela escápula e clavícula. Sua única união com o esqueleto axial está
no local onde a extremidade medial de cada clavícula articula-se com o
manúbrio do esterno. A extremidade lateral de cada clavícula articula-se com o
acrômio da escápula. As escápulas estão fixadas à parede posterior do tórax
por músculos, mas não fazem contato diretamente com as costelas, estando
separadas delas por outros músculos.
2. MEMBROS SUPERIORES
BRAÇO
Úmero: É o único osso do braço.
ANTEBRAÇO
Radio e Ulna: São os dois ossos paralelos do antebraço. Na posição
anatômica, a ulna é medial e o rádio é lateral.
MÃO
O esqueleto da mão consiste de ossos do carpo, osso do metacarpo e
falanges.
Carpo: há oito ossos no carpo que estão arranjados em duas fileiras de
quatro ossos cada uma. Os ossos da fileira proximal são o escafóide, o
semilunar, o piramidal e o pisiforme. Os da fileira distal são o trapézio, o
trapezóide, o capitato e o hamato (uncinado, ganchoso ou unciforme).
Metacarpo: cinco ossos do metacarpo formam o esqueleto da palma da
mão. No lugar de serem nomeados, eles são numerados da lateral para
a medial de I a V.
Falanges: o esqueleto dos dedos é formado pelas falanges. Elas são
numeradas de lateral para medial como os ossos do metacarpo. Cada
dedo contém três falanges: proximal, média e distal. O primeiro dedo
(polegar) é uma exceção, pois só tem as falanges proximal e distal.
3. CINTURA PÉLVICA
A cintura pélvica é formada por um par de ossos do quadril ou ossos
pélvicos (coxais). Os dois ossos do quadril estão firmemente fixados por
articulações posteriores ao osso sacro (articulação sacroilíaca) e um ao outro
por uma articulação anterior (sínfise púbica).
Cada osso do quadril é um osso único formado pela fusão de três
ossos embrionários separados: ílio(superior), ísquio(posterior) e púbis(anterior).
No osso adulto, esse nomes são mantidos para as respectivas partes. Na face
lateral do osso do quadril, onde as suas respectivas partes se encontram, há
uma reentrância em forma de taça chamada acetábulo. A cabeça do fêmur se
articula com o acetábulo. Abaixo do acetábulo está situado o largo forame
obturado.
Diferenças sexuais da pelve (Ver Roteiro de Imagens do Esqueleto)
Há várias diferenças estruturais entre as pelves masculina e feminina,
a maioria das quais estando relacionada com as funções de gestação e parto:
Diferenças Estruturais entre as Pelves Masculina e Feminina
Característica Pelve Feminina Pelve Masculina
Estrutura Geral Mais delicada Mais Maciça
Espinhas Ilíacas Anteriores Mais afastadas Mais próximas
Abertura Superior Larga, circular Forma de coração
Abertura InferiorMais larga; Os túberes
isquiáticos se encontram bastante afastados
Mais estreita
Arco púbico Obtuso (maior que 90º) Agudo (menor que 90º)
Forame obturado Triangular Oval
Acetábulo Mais anterior Mais lateral
4. MEMBROS INFERIORES
COXA
Fêmur: forma o esqueleto da coxa e é o mais longo osso do corpo.
PERNA
Tíbia e fíbula: o esqueleto da perna consiste em um forte osso medial, a
tíbia e um fino osso lateral, a fíbula.
PATELA
Protegendo a articulação do joelho, entre a coxa e a perna, encontra-se
a patela. É um osso sesamóide, o que significa que se forma no interior de
tendões e não está firmemente ancorada ao esqueleto.
Além de proteger o joelho, a patela melhora a ação de alavanca do
músculo quadríceps femoral, em cujo tendão está incluída.
PÉ
O esqueleto do pé consiste de ossos tarsais, metatarsais e falanges. A
porção proximal do pé, junto ao tornozelo, é formada pelos sete ossos tarsais:
tálus, calcâneo, navicular, cubóide e cuneiformes medial, lateral e intermédio.
Cinco ossos metatarsais formam a região intermediária do pé e são
numerados de I a V de medial para lateral.
O esqueleto dos dedos é semelhante ao das mãos, sendo formado por
14 falanges – três (proximal, média e distal) em cada dedo, exceto no dedo
maior (hálux), que não tem a falange média.
ANEXOS
ROTEIRO DE ESTUDO DOS ACIDENTES ÓSSEOS
Os acidentes ósseos são marcas nos ossos que representam pontos
de fixação de músculos esqueléticos e estruturas articulares.
TIPOS DE ACIDENTES ÓSSEOS
CRISTA: Uma linha óssea proeminente, aguçada.
CÔNDILO: Uma proeminência arredondada que se articula com outro osso.
EPICÔNDILO: Uma pequena projeção localizada acima ou no côndilo.
FACETA: Uma superfície articular lisa, quase achatada.
FISSURA: Uma passagem estreita como uma fenda.
FORAME: Um buraco; uma passagem através de um osso.
FOSSA: Uma depressão; muitas vezes usada como superfície articular; área côncava ou
deprimida.
FÓVEA: Uma cova; geralmente usada como ponto de fixação, mais do que para articulação.
CABEÇA: Geralmente a extremidade maior de uma osso longo; freqüentemente separada do
corpo por um colo estreitado.
LINHA: Uma pequena elevação linear.
MEATO: Um canal dentro de um osso.
PROCESSO: Uma proeminência ou projeção.
RAMO: Um longo braço ou processo que se projeta da parte principal de um osso.
ESPINHA: Uma projeção afilada.
PROCESSO ESPINHOSO: Parte que se projeta como uma espinha.
SULCO: Uma depressão linear.
TROCANTER: Um processo globoso grande.
TUBÉRCULO: Um nódulo ou pequeno processo arredondado.
TUBEROSIDADE: Um processo amplo, maior que um tubérculo.
PROTUBERÂNCIA: Uma projeção.
INCISURA: Reentrância na margem de um osso.
MALÉOLO: Processo arredondado.
SEIO: Ampla cavidade em um osso.
ROTEIRO DE ESTUDO DOS ACIDENTES ÓSSEOS
ESQUELETO AXIAL
1. CABEÇA
CRÂNIO
Frontal (1)
Parietal (2)
Occipital (1)
Temporal (2)
Etmóide (1)
Esfenóide (1)
FACE
Nasal (2)
Maxila (2)
Lacrimal (2)
Palatino (2)
Zigomático (2)
Concha nasal inferior(2)
Vômer(1)
Mandíbula(1)
OSSÍCULOS DA AUDIÇÃO
Martelo (2)
Bigorna (2)
Estribo (2)
HIÓIDE
Osso Frontal
- Face Externa
Glabela
Arco Superciliar
Margem supra-orbital
- Face Interna
Crista frontal
Osso Maxila
- Face Anterior
Margem infra-orbital
Espinha nasal anterior
Processo alveolar
Alvéolos dentais
Osso Mandíbula
- Corpo da mandíbula
Processo alveolar
Alvéolos dentais
Protuberância mental
- Ramo da mandíbula
Processo coronóide
Processo condilar
Incisura da mandíbula
Osso Esfenóide
- Asa maior
- Asa menor
- Corpo
Sulco pré-quiasmático
Sela turca
Fossa hipofisária
Dorso da sela
Osso Etmóide
- Lâmina crivosa
- Crista etmoidal (Galli)
- Lâmina perpendicular
* Conchas nasais superior e média
Osso Temporal
- Parte Petrosa
Processo mastóide
Processo estilóide
Meato acústico interno
- Parte Timpânica
- Meato acústico externo
- Parte Escamosa
Processo zigomático
* Canal carótico
* Forame jugular
Osso Occipital
- Forame magno
- Côndilo occipital
- Protuberância occipital externa
- Canal do hipoglosso
2. TÓRAX
- OSSO ESTERNO
- Manúbrio
Incisura jugular (fúrcula esternal)
Incisura clavicular
- Corpo
- Processo xifóide
- COSTELAS
Classificação das costelas
- Costelas Verdadeiras – I a VII
- Costelas Falsas – VIII a XII
Costelas Flutuantes – XI e XII
Características das costelas
- Cabeça da costela
- Colo da costela
- Corpo ou haste da costela
Tubérculo da costela
Ângulo da costela
Sulco da costela
3. COLUNA VERTEBRAL
- VÉRTEBRA PADRÃO (TÍPICA)
- Corpo da vértebra
- Arco da vértebra
Canal vertebral
Forame intervertebral
Forame vertebral
Processo espinhoso
Lâmina
Processo transverso
Pedículo
Processo articular superior
Processo articular inferior
- VÉRTEBRAS CERVICAIS (C1 a C7)
Características Gerais (Vértebras Típicas)
- Processo espinhoso bifurcado
- Forame Transverso
Vértebras Atípicas- Atlas (C1) - ausência de corpo vertebral
- Áxis (C2) - Processo odontóide (dente do áxis)
- Vértebra Proeminente (C7) – processo espinhoso proeminente, com ou sem bifurcação.
- VÉRTEBRAS TORÁCICAS (T1 a T12)
- Fóvea costal superior
- Fóvea costal inferior
- Fóvea costal no processo transverso
- Forame vertebral circular (oval)
- Processo espinhoso descendente
- VÉRTEBRAS LOMBARES (L1 a L5)
- Processo espinhoso curto e quadrado
- Corpo bem desenvolvido
- OSSO SACRO (S1 a S5)
- Base
Promontório
- Face pélvica
Linhas transversas
Forames sacrais anteriores
- Face dorsal
Crista sacral mediana
Forames sacrais posteriores
Canal sacral
Hiato sacral
- OSSO CÓCCIX (3 a 4 VÉRTEBRAS COCCÍGEAS)
ESQUELETO APENDICULAR
1. CINTURA ESCAPULAR E MEMBRO SUPERIOR
- OSSO ESCÁPULA
- Margens: superior, medial e lateral
- Ângulos: inferior, lateral e superior
- Face costal (anterior)
Fossa subescapular
- Face dorsal (posterior)
Espinha da escápula
Fossa supra-espinhal
Fossa infra-espinhal
- Acrômio
- Cavidade glenóide
- Tubérculo supra-glenoidal
- Tubérculo infra-glenoidal
- Colo da escápula
- Processo coracóide
- OSSO CLAVÍCULA
- Extremidade esternal
- Extremidade acromial
- Corpo da clavícula
- OSSO ÚMERO
- Cabeça do úmero
- Colo anatômico
- Colo cirúrgico
- Tubérculo maior
- Tubérculo menor
- Sulco intertubercular
- Corpo do úmero
Tuberosidade deltóidea
- Côndilo do úmero
Capítulo
Fossa radial
Tróclea
Fossa coronóide
Fossa do olécrano
- Epicôndilo medial
Sulco do nervo ulnar
- Epicôndilo lateral
- OSSO RÁDIO
- Cabeça do rádio
- Colo do rádio
- Tuberosidade do rádio
- Tubérculo dorsal
- Processo estilóide
- Face articular para o carpo
Incisura do osso escafóide
Incisura do osso semilunar
- OSSO ULNA
- Olécrano
- Incisura troclear
- Processo coronóide
- Cabeça da ulna
Processo estilóide
- OSSOS DO CARPO
- Fileira proximal: Escafóide, Semilunar, Piramidal, Pisiforme
- Fileira distal: Trapézio, Trapezóide, Capitato, Hamato
- OSSOS DO METARCARPO (I a V)
- Base
- Corpo
- Cabeça
- OSSOS DAS FALANGES
- Falange proximal
- Falange média
- Falange distal
2. CINTURA PÉLVICA E MEMBRO INFERIOR
- OSSO DO QUADRIL
- Acetábulo
- Forame obturado
- Osso ílio
Crista ilíaca
Espinha ilíaca ântero-superior
Espinha ilíaca ântero-inferior
Espinha ilíaca póstero-superior
Espinha ilíaca póstero-inferior
Fossa ilíaca
Face glútea
Face sacropélvica
Face auricular
- Osso ísquio
Túber isquiático
- Osso púbis
Face sinfisial
- OSSO FÊMUR
- Cabeça do fêmur
- Colo do fêmur
- Trocânter maior
Fossa trocantérica
- Trocânter menor
- Crista intertrocantérica
- Corpo do Fêmur
Tuberosidade glútea
Face poplítea
- Côndilo medial
Epicôndilo medial
Tubérculo adutor
- Côndilo lateral
Epicôndilo lateral
- Face patelar
- Fossa intercondilar
- OSSO PATELA
- Ápice
- Base
- Faces: Anterior e Articular
- OSSO TÍBIA
- Côndilo medial
- Côndilo lateral
Face articular fibular
- Eminência intercondilar
- Corpo da tíbia
Tuberosidade da tíbia
Crista anterior da tíbia
- Maléolo medial
Face articular do maléolo
- OSSO FÍBULA
- Cabeça da fíbula
- Maléolo lateral
Face articular do maléolo
- OSSOS DO TARSO
- Tálus
- Calcâneo
- Navicular
- Cubóide
- Cuneiforme medial
- Cuneiforme intermédio
- Cuneiforme lateral
- OSSOS DO METATARSO (I a V)
- Base
- Corpo
- Cabeça
- OSSOS DAS FALANGES
- Falange proximal
- Falange média
- Falange distal
ROTEIRO DE IDENTIFICAÇÃO DOS ACIDENTES ÓSSEOS
ESQUELETO AXIAL
1. CABEÇA
Crânio – Vista Anterior
Fonte: VAN DE GRAAF – Anatomia Humana, 2003.
Crânio – Vista Lateral
Fonte: VAN DE GRAAF – Anatomia Humana, 2003.
Crânio – Vista Posterior
Fonte: VAN DE GRAAF – Anatomia Humana, 2003.
Vista Inferior do Crânio – Mandíbula Retirada
Fonte: VAN DE GRAAF – Anatomia Humana, 2003.
Secção Transversal do Crânio – Vista Superior
Fonte: VAN DE GRAAF – Anatomia Humana, 2003.
Secção Sagital do Crânio – Vista Lateral Esquerda
Fonte: NETTER - Atlas
Interativo de Anatomia
Humana, 1998.
Ossículos da Audição
- Esquema
Fonte: SPENCE – Anatomia Humana Básica, 1991.
Hióide - Esquema
Fonte: SPENCE – Anatomia Humana Básica, 1991.
2. TÓRAX
Arcabouço Ósseo do Tórax – Vista Anterior
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998.
Arcabouço Ósseo do Tórax – Vista Posterior
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998.
Esterno, Cartilagens Costais e Costelas
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998.
Estrutura da Costela – Vista Posterior
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998.
3. COLUNA VERTEBRAL
Coluna Vertebral
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998.
Vértebras Cervicais Agrupadas – Vista Lateral Direita
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998.
Vértebras Cervicais C1 a C4 – Vista Posterior
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998.
Atlas e Áxis – Características Gerais
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998.
Vértebras Cervicais C4 e C7 – Características Gerais
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998.
Vértebra Torácica T6 – Vista Lateral Direita
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998.
Vértebra Torácica T6 – Vista Superior
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998.
Vértebras Torácicas Articuladas T7 a T9 – Vista Posterior
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998.
Vértebras Lombares Agrupadas - Vista Lateral Esquerda
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998.
Vértebra Lombar L2 – Vista Superior
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998.
Sacro e Cóccix – Face Pélvica (Anterior)
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998.
Sacro e Cóccix – Face Dorsal (Posterior)
Fonte: NETTER - Atlas
Interativo de Anatomia
Humana, 1998.
Sacro e Cóccix –
Secção Sagital
Mediana
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998.
ESQUELETO APENDICULAR
1. CINTURA ESCAPULAR E MEMBRO SUPERIOR
Escápula e Úmero – Vista Anterior
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998.
Escápula e Úmero – Vista Posterior
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998.
Rádio e Ulna em Supinação – Vista Anterior
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998.
Radio e Ulna em Pronação – Vista Anterior
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998.
Ossos do Cotovelo em Flexão de 90º - Vistas Lateral e Medial
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998.
Face Articular do Carpo e Secção Frontal do Rádio
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998.
Ossos do Carpo, Metacarpo e Falanges (Vista Anterior)
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998.
Ossos do Carpo, Metacarpo e Falanges (Posterior)
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998.
2. CINTURA PÉLVICA E MEMBRO INFERIOR
Pelve Masculina - Medidas
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998.
Pelve Feminina - Medidas
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998.
Pelve Feminina – Medidas (Secção Sagital Mediana)
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998.
Osso do Quadril Direito – Vista Lateral
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998.
Osso do Quadril Direito – Vista Medial
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998.
Fêmur Direito - Vista Anterior
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de
Anatomia Humana, 1998.
Fêmur Direito - Vista Posterior
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998.
Patela - Vistas Anterior e Posterior
Fonte: NETTER -
Atlas Interativo de
Anatomia Humana,
1998.
Tíbia e Fíbula - Vista Anterior
Fonte: NETTER - Atlas Interativo
de Anatomia Humana, 1998.
Tíbia e Fíbula - Vista Posterior
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998.
Ossos do Pé – Vista Dorsal
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998.
Ossos do Pé – Vista Plantar
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998.
Ossos do Pé – Vista Lateral
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998.
Ossos do Pé – Vista Medial
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998.
Sistema Articular
“ A estabilidade e mobilidade do corpo humano dependem dos tecidos que formam o
Aparelho Locomotor ”Harris, 2002
1. INTRODUÇÃO
As palavras articulação (latim artículo = junção entre ossos) e junta são
usadas como sinônimos para descrever um arranjo estrutural que une dois ou
mais ossos em seu ponto de encontro.
A articulação é a conexão entre quaisquer das partes rígidas (ossos ou
cartilagens) do esqueleto.
2. FUNÇÕES
Além de serem a união entre dois ou mais ossos, muitas articulações
permitem uma apreciável movimentação nessa união, além de facilitarem o
crescimento dos ossos que se interconectam.
A estrutura de uma articulação determina a direção e amplitude de
movimento que ela permite. Nem todas as articulações são flexíveis, contudo,
quando uma parte do corpo se movimenta, outras articulações permanecem
rígidas para estabilizar este e manter o equilíbrio. A atividade coordenada das
articulações permite os movimentos sinuosos, elegantes do ginasta ou da
dançarina de balé, da mesma maneira que permite todas as ações comuns
associadas com caminhar, comer, escrever e falar.
3. CLASSIFICAÇÃO DAS ARTICULAÇÕES
As articulações podem ser classificadas seguindo-se dois critérios:
De acordo com o tecido que conecta os ossos
De acordo com o movimento realizado pela articulação
Tipos de articulação
QUANTO AO TECIDO QUANTO AO MOVIMENTO
Fibrosa Sinartrose
Cartilaginosa Anfiartrose
Sinovial Diartrose
Antigamente as articulações eram classificadas como imóveis
(fibrosas), semi-móveis(cartilaginosas) e móveis(sinoviais). As articulações
fibrosas e cartilaginosas são estabelecidas pela continuidade dos ossos
circulantes através do tecido interposto. As articulações sinoviais se fazem por
contigüidade, já que uma cavidade separa os ossos circulantes:
Relação de Continuidade - Articulações entre os Ossos Planos do Crânio
Relação de Contigüidade - Articulação do Quadril
Fonte: Pesquisa do Autor, 2004.
4. ARTICULAÇÕES FIBROSAS OU SINARTROSES
Nesse tipo de articulação os ossos são mantidos juntos por tecido
conjuntivo fibroso.
Há muito pouco espaço entre as extremidades dos ossos, não sendo
permitido nenhum movimento apreciável. Devido a este fato são também
denominadas sinartroses (articulação imóvel). De fato, alguns movimentos de
“pequena amplitude” são realizados.
São divididas em:
4.1 SUTURAS
Nas suturas, as extremidades dos ossos têm interdigitações ou sulcos
que os mantêm íntima e firmemente unidos, com as fibras de conexão sendo
muito curtas, preenchendo a fenda de conexão entre os ossos. As suturas são
encontradas entre os ossos planos do crânio.
As suturas podem ser divididas em três tipos, de acordo com a forma
das extremidades de contato articular:
Suturas planas: as extremidades de contato entre os ossos são
retilíneas.
Ex. articulação internasal.
Suturas denteadas: as extremidades são em forma de dente ou de
serra.
Ex. articulação frontoparietal – sutura coronal; articulação interparietal – sutura
sagital; articulação occipitoparietal – sutura lambdóide.
Sutura escamosa: caracterizada por extremidades em forma de
escama ou bisel.
Ex. articulação têmporoparietal.
Uma sinostose é uma articulação do tipo sutura que está presente
durante o crescimento do crânio, mas que no adulto ossifica-se totalmente. O
osso frontal, por exemplo, durante a sua formação apresenta dois
componentes separados, mas a sua sutura desaparece na maioria dos
indivíduos quando o crânio completa o seu desenvolvimento.
Sinostose
Fonte: Adaptado de Sobotta - Atlas Van de menselijke Anatomie, 2000.
4.2 GONFOSES
As gonfoses são articulações que se caracterizam por uma superfície
em forma de pino e outra em forma de receptáculo.
Ex. articulações dentoalveolares (processos alveolares da mandíbula e maxila)
4.3 Esquindilese
É um tipo de articulação fibrosa em que uma superfície em forma de
crista de um osso (ex. corpo do esfenóide) se aloja em uma superfície em
forma de fenda de outro osso (fenda entre as asas do vômer).
Articulação entre o Vômer e o Corpo do Esfenóide – Articulação entre Processo
Alveolar da Maxila e os Alvéolos Dentais
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998.
4.4 SINDESMOSE
Nas sindesmoses os ossos estão um pouco mais afastados e
consequentemente as fibras de tecido fibroso que conectam os mesmos são
mais largas e maiores e geralmente referidas como ligamentos. Nas
sindesmoses os ossos não estão tão unidos como nas suturas, podendo assim
ocorrer algum movimento, melhor descritos como elasticidade, mas não
movimentos verdadeiros.
Ex. articulação tibiofibular distal; articulação tibiofibular média – membrana
interóssea da perna; articulação radioulnar média – membrana interóssea do
antebraço.
Membrana Interóssea do Antebraço – Vista Anterior
Fonte: Pesquisa do Autor, 2004.
5. ARTICULAÇÕES CARTILAGINOSAS OU ANFIARTROSES
Nesse tipo de articulação, os ossos estão mantidos unidos por tecido
cartilaginoso. Pelo fato de serem observados pequenos movimentos nessas
articulações (mais que nas articulações fibrosas), elas também são
classificadas como anfiartroses.
Podem ser divididas em:
5.1 Sincondroses
Os ossos de uma articulação desse tipo estão unidos por cartilagem
hialina. Muitas sincondroses são articulações temporárias, com os ossos
substituindo a cartilagem. Esta substituição ocorre entre as epífises e diáfises
dos ossos longos e entre certos ossos do crânio. As articulações
esternocostais (figura abaixo) são exemplos de sincondroses que muitas vezes
se mantém permanentes.
Ex. articulação manubrioesternal (figura abaixo); articulação xifoesternal (figura
abaixo); articulação esfeno-occipital; cartilagem epifisária.
Esterno e Cartilagens Costais – Vista Anterior
Fonte: Sobotta - Atlas Van de menselijke Anatomie, 2000.
O principal papel das suturas e das sincondroses é o de facilitar o
crescimento ósseo e não o de movimentação.
5.2 SÍNFISES
Nesse tipo de articulação as superfícies dos ossos estão cobertas por
uma fina camada de cartilagem hialina. Separando os ossos da articulação
encontram-se “coxins fibrocartilaginosos”, que são como discos compressíveis
que permitem à sínfise absorver choques.
Ex. articulação interpúbica – sínfise púbica (figura abaixo); articulação
intercorpovertebral – disco intervertebral.
Articulação
Interpúbica -
Sínfise Púbica
Fonte: Pesquisa do Autor, 2004.
6. ARTICULAÇÕES SINOVIAIS OU DIARTROSES
As articulações sinoviais são caracterizadas por serem livremente
móveis, sendo seu movimento limitado por ligamentos, músculos, tendões ou
ossos adjacentes. Pela sua liberdade de movimentos, são referidas como
diartroses (significa articulação móvel).
6.1 CARACTERÍSTICAS DAS ARTICULAÇÕES SINOVIAIS
As articulações sinoviais possuem cinco características que são típicas
de todas as articulações desse tipo:
Cápsula articular: é uma dupla membrana que envolve e encerra a
articulação. A sua camada mais externa é composta de tecido conjuntivo
fibroso denso, cujas fibras estão firmemente aderidas ao periósteo dos
ossos. Feixes paralelos de fibras na camada mais externa formam
ligamentos que fortalecem a articulação. A camada mais interna da
cápsula é conhecida como membrana sinovial.
A cápsula articular é bem suprida de fibras nervosas que não somente
fazem a percepção de uma possível dor, como também provêm informações
referentes ao movimento e posição da articulação.
Membrana sinovial: consiste de tecido conjuntivo frouxo, cuja
superfície interna é bem suprida de capilares. A membrana se apresenta
formada por dobras que se projetam na cavidade articular, revestindo
esta. Entretanto, não recobre as superfícies das cartilagens articulares
ou do disco articular. A membrana produz e secreta o líquido sinovial.
Líquido sinovial: é um líquido espesso produzido e secretado pela
membrana sinovial. É responsável pela lubrificação das superfícies
articulares e pela nutrição da cartilagem articular. De fato, o líquido
sinovial serve como um elemento amortecedor de peso na articulação,
desde que mantém as cartilagens articulares dos ossos que formam a
articulação separados, não permitindo que estes façam contato entre si.
Normalmente, somente é secretada a quantidade suficiente de líquido
para formar um delgado filme nas superfícies que se articulam. Em uma
articulação que é lesionada ou torna-se inflamada, entretanto, sua produção
pode ser estimulada e o excesso de fluido pode se acumular causando inchaço
e desconforto.
Cartilagem articular: é uma fina camada de cartilagem hialina que
cobre a superfície articular lisa dos ossos. No local onde se encontra,
não há presença de periósteo.
Cavidade articular: é o espaço articular, interior à cápsula e que é
preenchido por líquido sinovial.
Além dessas cinco características, algumas articulações sinoviais
possuem discos articulares, ou no caso do joelho, meniscos, de
fibrocartilagem, que se estendem para dentro da articulação a partir da
cápsula articular. A articulação têmporomandibular, a articulação
esternoclavicular e a articulação radioulnar distal contêm discos articulares.
Fonte: Adaptado de Sobotta - Atlas Van de menselijke Anatomie, 2000.
Em acréscimo ao fortalecimento proporcionado pelos ligamentos
formados na camada fibrosa da cápsula, vários músculos e seus tendões, que
atravessam as articulações, estabilizam-nas enquanto permitem que se
movam.
BOLSAS SINOVIAIS E BAINHAS DOS TENDÕES
As membranas sinoviais formam duas outras estruturas que, embora
não façam realmente parte das articulações sinoviais, estão freqüentemente
associadas a elas. São as bolsas sinoviais e as bainhas dos tendões. Ambas
estruturas contêm líquido sinovial e servem para reduzir o atrito durante o
movimento entre uma estrutura – como a pele, músculos, tendões ou
ligamentos – e o osso:
Bolsa Sinovial
Bainha do Tendão
Fonte: SPENCE, Alexander. Anatomia Humana Básica. 2.ed. São Paulo, Manole, 1991.
6.2 MOVIMENTOS DAS ARTICULAÇÕES SINOVIAIS
As articulações sinoviais, diferentemente das articulações fibrosas e
cartilaginosas, são classificadas como base no movimento que elas permitem.
Os movimentos gerais permitidos pelas articulações sinoviais podem ser
colocados em quatro grupos: deslizamento, movimentos angulares,
circundução e rotação. Além disso, diversas articulações sinoviais permitem
movimentos que são exclusivamente próprios delas. Estes movimentos são
considerados movimentos especiais.
TIPOS DE MOVIMENTOS
1. Deslizamento: é o tipo mais comum de movimento que pode ocorrem
em uma articulação sinovial. Neste movimento, as superfícies dos ossos
adjacentes movem-se para frente e para trás, uma contra a outra.
2. Movimentos angulares: são movimentos que aumentam ou diminuem
o ângulo entre dois ossos adjacentes. Há quatro tipos de movimentos
angulares:
Flexão: ocorre quando um osso é movimentado em um plano ântero-
posterior, em um trajeto que diminui o ângulo entre ele e o osso
adjacente. A coluna vertebral é flexionada quando se curva para frente.
A tração do calcanhar para cima, consequentemente abaixando a região
dos dedos do pé, é referida como flexão plantar.
Extensão: é o oposto à flexão, causando o aumento do ângulo entre os
ossos articulados. A hiperextensão é causada quando um segmento é
movimentado para além da sua posição ortostática, como no
encurvamento das costas para trás ou posicionamento dos membros
posteriormente, para trás do plano do corpo. A aproximação do dorso do
pé em direção à canela é freqüentemente considerada como uma
extensão do pé, mas é chamada dorsiflexão.
Abdução: quando uma parte do corpo, tal como um membro é
movimentada para longe da linha mediana do corpo, ocorre abdução. No
caso dos dedos da mão, a abdução envolve o movimento deles para
longe da linha mediana da mão. A abdução dos dedos do pé é verificada
pelo movimento deles para longe do eixo longitudinal do segundo dedo.
Adução: é o oposto da abdução e envolve o movimento de uma parte
do corpo em direção à linha média do mesmo. No caso dos dedos da
mão, o movimento se faz em direção à linha mediana da mão. A adução
dos dedos do pé é verificada pelo movimento deles em direção ao eixo
longitudinal do segundo dedo.
3. Circundução: o movimento articular conhecido como circundução
delineia um cone, onde a base é desenhada pelo movimento da parte
distal do osso e o ápice na cavidade articular. O movimento é uma
combinação seqüencial de flexão, abdução, extensão e adução. A
circundução é comum nas articulações do quadril e ombro, mas também
é possível em outras articulações.
4. Rotação: o movimento de um osso ao redor de um eixo central, sem
nenhum deslocamento desse eixo, é chamado rotação. Se a face
anterior de um osso se move para dentro, o movimento é chamado
rotação medial (interna). Quando a superfície anterior de um osso se
move para fora, ocorre rotação lateral (externa).
Supinação: o termo é utilizado para descrever a rotação do antebraço
para fora, fazendo com que a palma da mão fique posicionada
anteriormente e o rádio e ulna fiquem paralelos. Na posição anatômica,
o antebraço está supinado.
Pronação: o termo é utilizado para descrever a rotação do antebraço
para dentro, fazendo com que o rádio se posicione diagonalmente sobre
a ulna e as palmas das mãos fiquem para trás (posteriormente).
5. Movimentos especiais: algumas articulações permitem movimentos
especiais, que não podem ser descritos como nenhum dos movimentos
anteriormente mencionados. Esses movimentos são:
Elevação: é o movimento que ergue uma parte do corpo. É comumente
utilizado para fazer referência ao elevamento da escápula, como no
encolhimento dos ombros, ou à elevação da mandíbula, quando se
fecha a boca.
Depressão: é o movimento que abaixa uma parte do corpo. Este termo
é freqüentemente utilizado para fazer referência ao abaixamento da
escápula ou da mandíbula.
Inversão: Torcendo o pé de tal modo que a planta fique voltada para
dentro, como sua margem interna elevada.
Eversão: torcendo o pé de tal modo que a planta fique voltada para fora,
com sua margem externa elevada.
Protração: é o movimento que desloca uma parte do corpo (como a
mandíbula) para frente.
Retração: é o movimento que faz retornar a parte protraída para a
posição usual.
Principais Movimentos das Articulações Sinovais
Fonte: SPENCE, Alexander. Anatomia Humana Básica. 2.ed. São Paulo, Manole, 1991.
3. TIPOS DE ARTICULAÇÕES SINOVIAIS
Com base nos movimentos permitidos e na forma das superfícies
articulares envolvidas, é possível separar as articulações sinoviais em sete
tipos:
PLANAS
São formadas principalmente pela aposição de superfícies articulares
achatadas ou levemente encurvadas. Nestas articulações ocorrem
movimentos de deslizamento, que são possíveis em qualquer direção, sendo
limitados somente pelos ligamentos ou processos ósseos que rodeiam a
articulação. São exemplos: articulação radioulnar distal; articulação tibiofibular
proximal; articulação acromioclavicular; articulação sacroilíaca.
GÍNGLIMO OU DOBRADIÇA
Nas articulações do tipo gínglimo, as superfícies articulares têm uma
tal forma que únicos movimentos possíveis são a flexão e a extensão. São
exemplos as articulações úmero-ulnar, articulações interfalângicas e a
articulação do joelho.
Vários autores classificam a articulação do joelho como condilar, pelo
fato de permitir os movimentos de rotação interna e externa associados à sua
flexão, além das características morfológicas de uma articulação condilar
(descritos abaixo).
PIVÔ OU TROCÓIDE
O único movimento permitido em uma articulação desse tipo é a
rotação ao redor de um eixo longitudinal do osso. Exemplos são a rotação da
primeira vértebra cervical (atlas) ao redor do dente da segunda vértebra
cervical(áxis) – articulação atlanto-axial e as articulações proximais entre o
rádio e a ulna(radioulnar proximal).
ELIPSÓIDES
São articulações que possuem uma superfície articular côncava e
outra ligeiramente convexa. Assim, permitem movimento em dois planos
perpendiculares entre si. Podem ocorrer nestas articulações os movimentos de
flexão, extensão, abdução, adução e circundução. São exemplos as
articulações metacarpofalângica e radiocárpica.
SELARES
As articulações selares permitem os mesmos movimentos das
elipsóides: flexão, extensão, abdução, adução e circundução. A superfície
articular de cada osso é côncava em uma direção e convexa na outra. Desse
modo, elas se relacionam como duas selas cujas superfícies giraram 90 graus
e se colocaram uma contra a outra. São exemplos as articulações
calcaneocubóidea eo carpometacárpica do polegar.
Segundo vários autores, a única articulação selar verdadeira do corpo
é a articulação carpometacárpica do polegar.
ESFERÓIDES
As articulações esferóides são formadas por uma cabeça esférica de
um osso contrapondo-se a uma cavidade em forma de taça do outro. Além dos
movimentos de flexão, extensão, abdução e adução, as articulações
esferóides permitem a rotação interna e externa. São exemplos: articulação do
ombro (glenoumeral) e articulação do quadril (coxofemoral).
CONDILAR
São articulações caracterizadas por apresentarem as superfícies
articulares ovais, arredondadas. São exemplos: articulação do joelho;
articulação úmero-radial, articulação atlanto-occipital; articulação
têmporomandibular.
Estrutura e Função das Principais Articulações
Sinoviais
Fonte das imagens: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998.
1. ARTICULAÇÃO TÊMPOROMANDIBULAR (ATM)
A ATM é uma articulação sinovial do tipo condilar, constituída pelo
processo condilar da mandíbula e a fossa mandibular do osso temporal. Um
disco articular divide a cavidade articular em dois compartimentos, um superior
e outro inferior. A cápsula articular da ATM é frouxa e se fixa às margens da
área articular no osso temporal e em torno do colo da mandíbula. A parte
espessa da cápsula forma o ligamento lateral (temporomandibular), que reforça
a ATM lateralmente. Existem duas membranas sinoviais: uma reveste a
cápsula fibrosa superiormente ao disco e a outra reveste sua porção inferior.
Além do ligamento lateral, mais dois ligamentos unem a mandíbula ao crânio
(nenhum deles acrescenta muita força à articulação): ligamento
estilomandibular – que faz trajeto desde o processo estilóide do osso temporal
até o angula da mandíbula, e ligamento esfenomandibular – que tem percurso
desde a espinha do osso esfenóide até a língula da mandíbula.
Ligamentos da ATM – Vista Lateral
Os movimentos da mandíbula são: depressão, elevação (oclusão),
protusão (protração), retrusão (retração) e movimento lateral.
Quando a mandíbula é abaixada (deprimida) durante a abertura da
boca, a sua cabeça e o disco articular movem-se anteriormente na face
articular, até que a cabeça fique inferiormente ao tubérculo articular. Quando
ocorre esse deslizamento para frente, a cabeça da mandíbula roda na face
inferior do disco articular, permitindo a realização de movimentos simples como
mastigação ou trituração de pequeno alcance. Durante a protusão e a retrusão
da mandíbula, a cabeça e o disco articular deslizam anterior e posteriormente
na face articular do osso temporal, com as articulações em ambos os lados se
movimentando juntas.
ATM – Ação Articular
Os movimentos da ATM resultam da ação dos músculos mastigatórios.
2. COLUNA VERTEBRAL
As articulações entre as vértebras adjacentes são de dois tipos: uma
série de sínfises cartilaginosas entre os corpos das vértebras e uma série de
articulações sinoviais planas entre os processos articulares das vértebras. Um
certo número de ligamentos se estendem entre a atlas, a áxis e os ossos
occipitais e outros conectam as vértebras restantes num firme e flexível suporte
axial.
Os corpos das vértebras são mantidos juntos por discos intervertebrais
fibrosos. Cada disco é composto de uma firme porção exterior, chamada de
anel fibroso, e uma porção central mais mole, o núcleo pulposo:
Partes do Disco Intervertebral
Passando ao longo da superfície ventral dos corpos das vértebras
encontra-se o ligamento longitudinal anterior. Uma faixa semelhante de fibras,
chamada de ligamento longitudinal posterior, passa ao longo da superfície
dorsal dos corpos vertebrais. Ambos os ligamentos estendem-se desde a
segunda vértebra cervical até o sacro:
Ligamentos da Transição Atlanto-Occipital e Região Cervical – Vista Lateral
Direita
Ligamentos Vertebrais da Região Lombossacral – Vista Lateral Esquerda
Envolvendo a articulação sinovial de cada processo articular existe
uma cápsula articular fibrosa. Os arcos vertebrais estão conectados por quatro
grupos de ligamentos. O ligamento supra-espinal conecta as pontas dos
processos espinhosos; na região cervical, desde a sétima vértebra cervical até
a protuberância occipital externa, este ligamento se continua como ligamento
da nuca:
Ligamentos Craniocervicais Externos – Vista Lateral Direita
Os ligamentos interespinhais conectam processos espinhosos
adjacentes desde sua raiz até a ponta de cada processo.
Ligamentos Vertebrais da Região Lombar – Vista Lateral Esquerda
O forte e elástico ligamento amarelo ocorre entre as lâminas de
vértebras adjacentes:
Vista Anterior dos Ligamentos Amarelos Após a Retirada dos Corpos das
Vértebras
Os ligamentos intertransversários conectam os processos transversos
de vértebras adjacentes.
3. ARTICULAÇÕES CLAVICULARES
Cada clavícula cumpre a sua função de âncora através de duas
articulações sinoviais planas - medialmente com a porção lateral superior do
manúbrio do esterno e cartilagem costal da primeira costela (articulação
esternoclavicular) e lateralmente com o acrômio da escápula (articulação
acromioclavicular). Cada uma dessas articulações é completamente envolvida
por uma cápsula articular. Um disco articular separa a extremidade medial da
clavícula e o esterno, dividindo a articulação em duas porções, cada uma delas
revestidas por uma membrana sinovial. Às vezes encontra-se um disco
articular na articulação acromiociavicular.
Arcabouço Ósseo do Tórax – Vista Anterior
A articulação esternoclavicular é reforçada por quatro ligamentos. Os
ligamentos esternoclaviculares anterior e posterior cobrem as superfícies
anterior e posterior da articulação. As extremidades mediais das duas
clavículas são mantidas juntas por um ligamento interclavicular, uma faixa de
fibras que passa ao longo da margem superior do manúbrio do esterno. Um
ligamento costoclavicular corre para baixo a partir da face inferior de cada
clavícula perto de sua extremidade esternal até a face superior da cartilagem
costal da primeira costela.
Ligamentos das Articulações Esternoclaviculares
Dois ligamentos reforçam a articulação acromioclavicular. O ligamento
acromioclavicular estende-se entre a extremidade lateral da clavícula e o
acrômio da escápula. Com propósitos descritivos, este ligamento é às vezes
divivido em porções superior e inferior. O ligamento coracoclavicular passa
desde a face inferior da clavícula até o processo coracóide da escápula. Ele
está frequentemente separado em duas porções, conhecidas como ligamentos
trapezóide e conóide.
Articulação Esternoclavicular – Vista Anterior
Articulações Glenoumeral
e Acromioclavicular –
Vista Anterior
Articulação Glenoumeral – Vista Lateral
4. ARTICULAÇÃO DO OMBRO
Na articulação do ombro, a cabeça do úmero e recebida pela rasa
cavidade glenóide da escapula. A articulação é frouxamente construída, o que
permite movimentos extremamente livres, mas por isso mesmo é
freqüentemente deslocada. Ela está protegida acima pelo processo coracóide e
pelo acrômio da escapula (figuras acima).
Como todas as articulações sinoviais, a articulação do ombro é
envolvida por uma cápsula articular. Esta cápsula fixa-se na margem da
cavidade glenóide e estende-se para alem do colo anatômico do úmero. A
cápsula é reforçada anteriormente por dois ligamentos; o ligamento
coracoumeral, que se estende do processo coracóide até o tubérculo maior, e o
ligamento glenoumeral, que é dividido em porções superior, inferior e média. O
lábio glenoidal, uma borda de fibrocartilagem que rodeia a cavidade glenóide,
contribui de alguma forma para a estabilidade da articulação, aprofundando a
fossa (figuras acima).
5. ARTICULAÇÃO DO COTOVELO
A articulação do cotovelo é um gínglimo (dobradiça) onde a tróclea do
úmero é recebida pela incisura troclear da ulna. Intimamente associada com a
articulação do cotovelo há uma articulação condilar entre o capitulo do úmero e
a superfície superior da cabeça do rádio. Estas duas compartilham uma
cavidade articular comum e estão envolvidas por uma única cápsula articular
fibrosa.
Ligamentos da Articulação do Cotovelo – Vista Anterior
Espessamentos mediais e laterais da cápsula articular servem para
estabilizar a articulação do cotovelo. O espessamento medial, o ligamento
colateral da ulna, passa do epicôndilo medial do úmero para a superfície medial
da ulna entre o olecrano e o processo coronóide. O espessamento lateral, o
ligamento colateral do radio, passa do epicôndilo lateral do úmero para o
ligamento anular e para superfície lateral da ulna:
Articulação do Cotovelo – Vistas Anterior e Posterior
Ligamentos da Articulação do Cotovelo – Vistas Lateral e Medial
O ligamento anular e uma forte faixa de fibras na margem distal da
cápsula articular da articulação do cotovelo. O ligamento anular não reforça a
articulação do cotovelo em alto grau. Em vez disso, ele rodeia a cabeça e parte
superior do colo do radio e passa entre as margens anterior e posterior da
incisura troclear da ulna. Desta maneira, o rádio é mantido firmemente
encostado na ulna e ainda assim se permite rodar livremente, como ocorre
durante a pronação e a supinação.
Rádio e Ulna Direitos em Supinação e Pronação
6. ARTICULAÇÃO DO PUNHO
A articulação do punho é uma articulação elipsóide formada pela
extremidade distal do radio e o disco articular da extremidade distal da ulna
com os ossos escafóide, semilunar e piramidal.
A cápsula articular que envolve a articulação prende-se a extremidade
distal do rádio e da ulna e aos ossos carpais proximais. A articulação do punho
é reforçada lateralmente pelo ligamento colateral radial do carpo, que se
estende do processo estilóide do radio do rádio até os ossos escafóide e
trapézio. O ligamento colateral ulnar do carpo, suporta a articulação
medialmente, estendendo-se do processo estilóide da ulna ate os ossos
piramidal e pisiforme. A articulação do punho e ainda reforçada pelos
ligamentos radiocárpios palmar e dorsal. Estes ligamentos estendem-se das
extremidades distais do radio e ulna atá a fileira proximal dos ossos carpiais,
nas superfícies palmar e dorsal, respectivamente.
Ligamentos do Punho (Vista Anterior)
Ligamentos
do Punho
(Vista
Posterior)
7. ARTICULAÇÃO DO QUADRIL
A cabeça do fêmur aloja-se no profundo acetábulo do osso quadril,
tornando a articulação do quadril mais estável que a articulação do ombro. A
cápsula articular, que se estende da margem do acetábulo até o colo
anatômico do fêmur, envolve completamente a articulação. A cápsula é
reforçada anteriormente pelos ligamentos iliofemoral e pubofemoral. Na sua
superfície posterior, a cápsula é reforçada pelo ligamento isquiofemoral.
O acetábulo é rodeado por um bordo fibrocartilaginoso chamado lábio
do acetábulo. O lábio do acetábulo é incompleto na margem inferior, o que lhe
confere a forma de uma ferradura. Como o lábio glenoidal da articulação do
ombro, este lábio também aprofunda a cavidade articular. Um ligamento único
chamado de ligamento da cabeça do fêmur (ligamento redondo) estende-se
através da cavidade articular desde a fóvea da cabeça do fêmur até a incisura
da porção inferior do lábio do acetábulo. Pelo fato do ligamento da cabeça do
fêmur permanecer frouxo durante a maioria dos movimentos da articulação do
quadril, não se acredita que ele contribua significativamente para reforçar a
articulação.
Ligamentos da
Articulação do
Quadril – Vista
Anterior
Ligamentos da Articulação do Quadril – Vista Posterior
Articulação do Quadril – Vista Lateral com a Cavidade Articular Exposta
8. ARTICULAÇÃO DO JOELHO
A articulação do joelho é classificada como um gínglimo porque seus
movimentos são restritos, na maior parte, a flexão e a extensão pelos
ligamentos circundantes. Entretanto, tem a estrutura de uma articulação
condilar, com os côndilos do fêmur articulando-se com os côndilos levemente
côncavos da tíbia, e possibilitando movimentos funcionais de rotação interna e
externa quando o joelho está fletido. A superfície articular no côndilo medial do
fêmur é um pouco mais larga da frente para trás e menos encurvada do que a
superfície articular no côndilo lateral. Como conseqüência dessas diferenças
estruturais, a fase final da extensão completa da articulação do joelho envolve
principalmente movimentos do côndilo medial do fêmur sobre a tíbia. Isto faz
com que a tíbia sofra alguma rotação lateral (ou o fêmur sofra uma rotação
medial). Similarmente, a articulação extendida pode ser destravada por uma
leve rotação medial da tíbia antes que possa ocorrer a flexão da articulação do
joelho. Quando do joelho esta numa posição parcialmente flexionada, torna-se
mesmo possível sofrer mais rotação.
A articulação é completamente envolvida por uma cápsula articular que
e reforçada posteriormente pelo ligamento poplíteo obliquo e pelo ligamento
poplíteo arqueado. O primeiro é uma larga faixa achatada que está fixada
proximalmente à superfície posterior do fêmur logo acima da superfície articular
do côndilo lateral. Daqui estende-se para baixo e medialmente, para se fixar na
superfície posterior da cabeça da tíbia. O ligamento poplíteo arqueado passa
da superfície posterior do côndilo lateral do fêmur para o ápice da cabeça da
fíbula.
A articulação do joelho é estabilizada medialmente e lateralmente por
fortes ligamentos colaterais tibial e fibular, que se estendem dos côndilos do
fêmur para a tíbia e a fíbula. Os ligamentos colaterais limitam a amplitude da
rotação que e possível fazer na articulação do joelho. A articulação é reforçada
anteriormente pelo ligamento da patela, que se estende da patela a
tuberosidade da tíbia. Este ligamento é a continuação do tendão central do
músculo quadríceps femoral da região anterior da coxa.
Vista Posterior da Articulação do Joelho Após remoção da Musculatura
Joelho em Flexão – Vista Anterior
Joelho em Extensão – Vista Posterior
As superfícies superiores achatadas dos côndilos da tíbia, que são as
maiores superfícies que sustentam peso no corpo, são aprofundadas por
cartilagens em forma decrescente chamadas meniscos medial e lateral. Os
meniscos são fixados somente na sua margem externa e freqüentemente são
danificados ou tornam-se frouxos em lesões atléticas.
Meniscos – Vista Superior
Estabilidade adicional e aduzida a articulação do joelho pela presença
na cavidade articular de ligamentos cruzados anterior e posterior. Estes
ligamentos se estendem diagonalmente da superfície superior da tíbia a
extremidade distal do fêmur, entre os côndilos. São chamados cruzados porque
seus trajetos cruzam um com o outro. Por causa dos seus arranjos estruturais
peculiares, os ligamentos cruzados realizam muitas funções especializadas.
Quando o joelho esta um extensão, o ligamento cruzado anterior é esticado,
assim prevenindo a hiperextensão da articulação. Quando o joelho esta
flexionado, o ligamento cruzado posterior torna-se esticado, prevenindo a tíbia
de deslizar posteriormente.
Estrutura e Função dos Ligamentos Cruzados Anterior e Posterior
9. ARTICULAÇÃO DO TORNOZELO
A articulação do tornozelo é um gínglimo formado pela extremidade
distal da tíbia e seu maléolo medial, da fíbula e seu maléolo lateral e a face
superior convexa do tálus.
Uma cápsula articular envolve a articulação. No lado medial a cápsula
é reforçada pelo achatado e triangular ligamento colateral medial (ligamento
deltóide). Este ligamento se estende desde maléolo medial da tíbia até os
ossos navicular, tálus e calcâneo. A articulação é reforçada no lado lateral por
três ligamentos - o ligamento talofibular anterior, que passa anteriormente,
desde o maléolo da fíbula até o tálus; o ligamento talofibular posterior, que
passa posteriormente, desde o maléolo da fíbula até o tálus; e o ligamento
calcaneofibular, que corre inferiormente, desde o maléolo da fibula ate o
calcâneo.
Ligamentos da Articulação do Tornozelo – Vista Medial
Ligamentos da Articulação do Tornozelo – Vista Lateral
Sistema Muscular
“ A estabilidade e mobilidade do corpo humano dependem dos tecidos que formam o
Aparelho Locomotor ”Harris, 2002
1. INTRODUÇÃO
O sistema muscular é formado por um conjunto de estruturas que, ao
se contraírem voluntariamente, movimentam o esqueleto. Essas estruturas são
os mais de 600 músculos que constituem o corpo humano, cada um com uma
função específica, como mover um dedo, fechar as pálpebras ou flexionar o
joelho. Em sua totalidade, os músculos esqueléticos correspondem a
aproximadamente 40% do peso corpóreo.
As células musculares são especiais pelo fato de serem as células do
corpo que melhor exibem a propriedade de contratilidade – que lhes permite
encurtar-se e desenvolver tensão. Como resultado, as células musculares são
importantes em todas as atividades que envolvem o movimento de uma parte
do corpo.
Do latim, musculus, pequeno rato, diminutivo de mus, rato (do grego
mys). Os antigos anatomistas, ao adotar esse nome, indicavam a peculiar
semelhança do ventre muscular e seus tendões (ex. músculo bíceps braquial)
com a cabeça, o corpo e cauda de um rato.
2. TIPOS DE MÚSCULOS
O corpo humano contém três tipos de músculos: músculo estriado
esquelético, músculo estriado cardíaco e músculo liso ou visceral. Os músculos
podem ainda ser classificados em voluntário e involuntários, com base no
controle exercido sobre sua atividade.
2.1 Músculo Estriado Esquelético
Como o nome indica, a maioria dos músculos esqueléticos está fixada
aos ossos do esqueleto. As contrações desses músculos exercem força nos
ossos e então eles se movem. Conseqüentemente, o músculo esquelético é
responsável por atividades como andar e manipular objetos no meio externo.
Quando observadas microscopicamente, as células musculares
esqueléticas exibem bandas transversas alternadamente claras e escuras
dando-lhes um aspecto
estriado. Por esse motivo,
esses músculos são também
referidos como estriados.
Disposição do Músculo
Esquelético
Fonte: Sobotta - Atlas Van de menselijke Anatomie, 2000.
Os músculos esqueléticos são os únicos músculos voluntários do corpo
humano.
2.2 Músculo Liso ou Visceral
O músculo liso é assim chamado porque suas células não apresentam
as estriações que são evidentes nas células musculares esqueléticas. É
também referido como músculo visceral, porque é encontrado nas paredes das
vísceras ocas e tubulares, como o estômago, os intestinos e vasos sanguíneos.
É um músculo involuntário cujas contrações produzem o movimento de
materiais (como o alimento) através dos sistemas de órgãos do corpo.
Secção Frontal do Útero e Disposição da Musculatura Uterina
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998.
2.3 Músculo Estriado Cardíaco
Trata-se de um tipo especializado de músculo que forma a parede do
coração - miocárdio. É involuntário como o músculo liso e estriado, como o
músculo esquelético.
Coração Humano com Hipertrofia Ventricular (Notar o aspecto do Miocárdio
Esquerdo)
Fonte: Sobotta - Atlas Van de menselijke Anatomie, 2000.
O objeto de estudo do sistema muscular é a musculatura esquelética.
Portanto, define-se este como sendo formado por um conjunto de estruturas
(músculos esqueléticos) que, ao se contraírem voluntariamente, movimentam o
esqueleto.
3. FUNÇÕES
Os músculos realizam três funções principais:
- Movimento: A função mais evidente realizada pelos músculos esqueléticos é
a de movimentar o corpo ou parte do corpo, como ao andar, correr, escrever,
mastigar e deglutir. Até mesmo o bulbo do olho e os ossículos da audição
estão ligados a músculos esqueléticos que são responsáveis por vários
movimentos.
- Produção de Calor: A temperatura do corpo é mantida invariavelmente
constante. O metabolismo no interior das células libera calor como produto
final. Considerando que os músculos constituem até 40% do peso corporal e
que suas fibras estão em contínua atividade, eles são a principal fonte de calor
do corpo, que aumenta muito durante exercícios forçados.
- Postura e Sustentação do Corpo: O sistema esquelético proporciona um
arcabouço para o corpo, mas os músculos esqueléticos mantêm a postura,
estabilizam as articulações flexíveis e dão suporte a várias vísceras. Certos
músculos são músculos posturais ativos cuja função principal é atuar contra a
gravidade.
4. NÚMERO DE MÚSCULOS
Existem no organismo 327 pares de músculos esqueléticos. Os mais
recentes dados consignam que o número total de músculos varia entre 544 e
656, de acordo com os autores, pois há os que consideram músculo o que para
outros é um feixe de músculo. Há apenas cinco músculos ímpares e medianos.
5. ANATOMIA MACROSCÓPICA DOS MÚSCULOS
ESQUELÉTICOS
Quando se examina o músculo esquelético ao olho nu, observam-se
vários aspectos distintos de sua estrutura. Entre as características mais óbvias
estão a forma dos músculos (sua arquitetura básica), os envoltórios de tecido
conjuntivo e as fixações.
5.1 Arquitetura Padrão dos Músculos
Os músculos são formados por duas porções principais: o ventre
muscular e os tendões de fixação. O ventre muscular é a porção carnosa,
vermelha do músculo. É constituída por células musculares agrupadas em
feixes e apresenta forma e tamanho variáveis.
Os tendões de fixação são de cor branca brilhante e são constituídos
por tecido conjuntivo fibroso denso, resistente e praticamente inextensível.
Suas fibras apresentam-se entrelaçadas, de maneira a transmitir a tração da
contração de todo o músculo a todos os pontos de sua fixação.
Arquitetura Padrão do Músculo Esquelético
Fonte: Arquivo do autor, 2005.
5.2 Envoltórios de Tecido Conjuntivo
As fibras musculares que se contraem não seriam eficientes se elas
não atuassem como unidades isoladas. Cada fibra é ligada às fibras adjacentes
formando feixes, e os feixes são ligados a outros feixes. Com esta disposição,
a contração em uma área de um músculo atua em conjunto com fibras que se
contraem em outro lugar do músculo.
O tecido conjuntivo está estruturalmente organizado no interior do
músculo para proteger, fortalecer, ligar as fibras musculares em feixes e ligar
os feixes em músculos. As fibras individuais dos músculos esqueléticos estão
envolvidas por uma bainha fina de tecido conjuntivo chamada endomísio. O
endomísio liga fibras adjacentes em conjunto e contém vasos capilares e
terminações nervosas que servem o músculo. Outro tecido conjuntivo, os
perimísios, ligam grupos de fibras musculares reunidas em feixes chamados
fascículos. O perimísio contém vasos sanguíneos e fibras nervosas que servem
a vários fascículos. O músculo inteiro é coberto pelo epimísio, que por sua vez
é contínuo com um tendão.
Envoltórios de Tecido
Conjuntivo do Músculo
Esquelético
Fonte: SPENCE – Anatomia Humana Básica, 1991.
Fáscia é um tecido conjuntivo fibroso de espessura variável que
recobre o músculo e o liga à pele.
5.3 Fixações dos Músculos Esqueléticos
Os músculos esqueléticos estão ancorados ao esqueleto por extensões
do endomísio, perimísio e epimísio. Estes tecidos conjuntivos continuam-se
para além da extremidade do músculo e se fixam diretamente no periósteo do
osso, como freqüentemente se observa na fixação proximal do músculo, ou
podem se constituir em uma forte fixação fibrosa chamada tendão, que então
se torna contínuo com o periósteo do osso. Alguns tendões são muito curtos,
enquanto outros têm mais de 30cm de comprimento. Os tendões que assumem
a forma de bainhas delgadas e achatadas são chamados aponeuroses.
Fixação Muscular no Esqueleto
Fonte: SPENCE – Anatomia Humana Básica, 1991.
Aponeurose
Fonte: SPENCE – Anatomia Humana Básica, 1991.
6. ANATOMIA MICROSCÓPICA DOS MÚSCULOS ESQUELÉTICOS
Quando o músculo esquelético é examinado com a ajuda de um
microscópio, fica evidente que as fibras musculares têm uma estrutura
subcelular regular. As fibras musculares esqueléticas são células
multinucleadas com aproximadamente 10 a 100 micra de diâmetro e
freqüentemente com muitos centímetros de comprimento. Cada fibra contém
desde várias centenas até vários milhares de estruturas regularmente
dispostas, chamadas miofibrilas, que se estendem ao longo do comprimento da
célula. Quando grandemente aumentadas, as miofibrilas parecem ser estriadas
transversalmente, pela presença de faixas alternadamente claras e escuras. As
faixas escuras são chamadas bandas anisotrópicas, ou discos A; as faixas
claras são chamadas bandas isotrópicas, ou discos I. Atravessando o centro de
cada disco I encontra-se uma densa linha Z. As linhas Z dividem as miofibrilas
numa série de segmentos repetitivos chamados sarcômeros. No centro do
sarcômero, e conseqüentemente no centro do disco A, encontra-se uma região
um pouco menos densa, referida como estria H. Uma fina e escura estria M
atravessa o centro da estria H.
Um sarcômero é composto de dois tipos distintos de miofilamentos
orientados longitudinalmente: filamentos grossos e filamentos finos. Os
filamentos grossos são encontrados somente no disco A. A estria H do disco A
contém somente filamentos grossos. A estria M é formada por acoplamento
entre os filamentos grossos que assumem um arranjo paralelo. Os filamentos
delgados ocupam o disco I e parte do disco A exceto na zona ou estria H. Os
filamentos delgados estão fixados nas linhas Z. Na região do disco A, onde
filamentos grossos e delgados se sobrepõem, há um arranho hexagonal dos
filamentos delgados ao redor de um filamento grosso.
Anatomia Microscópica dos Músculos Esqueléticos
Fonte: Adaptado de Sobotta - Atlas Van de menselijke Anatomie, 2000
Composição dos Miofilamentos
Tanto os filamentos grossos como os delgados são compostos de
proteínas. Os filamentos grossos consistem principalmente de uma proteína
chamada miosina. Os filamentos delgados dos sarcômeros são compostos
principalmente pelas proteínas actina, tropomiosina e troponina.
Túbulos Transversos e Retículo Sarcoplasmático
Túbulos conhecidos como túbulos transversos (túbulos T) aprofundam-
se na fibra muscular esquelética a partir da membrana plasmática. Além disso,
uma rede membranosa, o retículo sarcoplasmático, estende-se através da fibra
e rodeia cada miofibrila. O retículo sarcoplasmático é o retículo endoplasmático
liso das células musculares. Elementos do retículo sarcoplasmático e do
sistema de túbulos- T estão dispostos juntos uns dos outros na junção dos
discos A e I dos sarcômeros. Nesses locais são formadas estruturas
constituídas de três túbulos (tríades).
Contração do Músculo Esquelético
Os músculos esqueléticos são músculos voluntários, que requerem
estimulação do sistema nervoso para se contrair. Os neurônios que suprem as
fibras musculares esqueléticas são chamados neurônios motores. As
terminações desses neurônios motores aproximam-se das membranas das
células musculares esqueléticas em pontos especializados chamados junções
neuromusculares (mioneurais).
Quando um impulso nervoso alcança uma junção neuromuscular, um
neurotransmissor químico chamado acetilcolina é liberado nas ramificações
terminais do neurônio. A acetilcolina causa mudança na permeabilidade da
membrana plasmática da célula muscular esquelética na junção neuromuscular
- uma mudança que resulta na geração de um impulso estimulador que se
espalha por toda a membrana plasmática. Da membrana plasmática, o impulso
passa ao longo dos túbulos T para o interior da célula. Transmitindo o impulso
nas áreas centrais da célula muscular de modo que todas as áreas da célula
recebam o impulso aproximadamente ao mesmo tempo, os túbulos T ajudam a
assegurar a resposta uniforme, coordenada, da célula. Como o impulso se
espalha através da célula pelos túbulos T, ele pode afetar o retículo
sarcoplasmático, já que, na área da tríade, os túbulos T e o retículo
sarcoplasmático estão intimamente aproximados um do outro. De fato, a
chegada do impulso estimulador resulta na liberação temporária de íons cálcio
do retículo, em locais chamados cisternas terminais. É a liberação de íons
cálcio do retículo sarcoplasmático que dá início aos eventos da contração
muscular.
A contração muscular requer energia. A energia é fornecida por um
composto chamado trifosfato de adenosina (ATP) - uma substância produzida
pelas células e largamente usada por elas numa variedade de processos que
requerem gasto de energia. Quando o ATP é quebrado em difosfato de
adenosina (ADP) e fosfato inorgânico, libera-se energia. É esta energia que é
usada para suprir as atividades celulares que requerem energia, tal como a
contração muscular.
A Unidade Motora
Eventos Envolvidos no
Processo de Contração
Muscular
Fonte: Brooks, G. & Cols.: “EXERCISE PHYSIOLOGY human bioenergetics and its
applications”. 2000.
7. CLASSIFICAÇÕES DOS MÚSCULOS
Os músculos podem ser classificados levando em conta alguns
critérios especiais, como a sua forma, origem, inserção, nº de ventres, ação e
função.
7.1 Classificação Quanto à Forma e Arranjo dos Feixes de Fibras
FIBRAS PARALELAS
Em alguns músculos, os fascículos correm paralelamente ao longo do
eixo do músculo, em forma de fita ou tira. Levando em conta o comprimento e a
largura dos mesmos, eles podem ser divididos em:
- Longos: São músculos que apresentam o comprimento maior do que a
largura. São músculos fusiformes.
- Largos: Sua largura predomina sobre o comprimento. São músculos de
forma retangular.
FIBRAS OBLÍQUAS
Nesse tipo de músculo, o tendão corre por todo o comprimento do
músculo e os fascículos se inserem nele diagonalmente. Esses músculos são
comumente referidos como peniformes, pois apresentem o formato de uma
pena. Podem ser:
- Unipenados ou Semipenados: os fascículos se inserem em apenas um dos
lados do tendão.
- Bipenados ou Penados: os fascículos se inserem em ambos os lados do
tendão.
- Multipenados: Os fascículos apresentam um arranjo complexo, que envolve
a convergência de vários feixes.
FIBRAS CIRCULARES
Nesse tipo de músculo, as fibras estão dispostas concentricamente em
torno de um orifício. São músculos que atuam como um esfíncter quando
contraídos.
Tipos de Músculos Quanto à Forma e Arranjo dos Feixes de Fibras
Esq./Dir.: Longo, Largo, Unipenado, Bipenado e Multipenado.
Fonte: Arquivo Pessoal do Autor, 2005.
Músculo de Aspecto Circular no Extremo Intestinal – Esfíncter Externo do Ânus
Secção Frontal
Fonte: SPENCE – Anatomia Humana Básica, 1991.
7.2 Classificação Quanto à Origem
São dados nomes específicos às fixações de ambas as extremidades
de um músculo esquelético: a origem é a extremidade menos móvel,
geralmente proximal do músculo. A inserção, pelo contrário, é a porção mais
móvel, geralmente distal do músculo. Os músculos são descritos como tendo
início na sua origem e terminando na sua inserção. Com exceção de alguns
músculos esfíncteres e da maior parte dos músculos da expressão facial, que
se inserem na pele da face, as articulações são localizadas entre a origem e
inserção dos músculos. Portanto, quando um músculo se contrai, ele se
encurta, usando a articulação com um pivô para puxar a inserção para mais
perto da origem.
Quanto à origem, os músculos podem ser classificados em:
- Bíceps: São aqueles músculos que possuem 2 origens, 2 ventres musculares
e apenas 1 tendão de inserção.
- Tríceps: São aqueles músculos que possuem 3 origens, 3 ventres e
novamente apenas 1 tendão de inserção.
- Quadríceps: Possui 4 origens, 4 ventres e 1 tendão de inserção.
7.3 Classificação Quanto à Inserção
Quanto à inserção, os músculos podem ser classificados em:
- Monocaudados ou Caudados: São aqueles músculos que apresentam
apenas 1 tendão de inserção. Trata-se do tipo mais comum, sendo encontrado
em todo o corpo.
- Bicaudados: São aqueles músculos que possuem 2 inserções.
- Policaudados ou Multicaudados: Apresentam mais de 2 inserções.
Exemplo de Músculo Caudado e Policaudado
Fonte: Arquivo Pessoal do Autor, 2005.
7.4 Classificação Quanto ao Nº. de Ventres
- Monogástrico: É aquele músculo que apresenta apenas 1 ventre muscular.
- Digástrico: São músculos que apresentam 2 ventres musculares.
- Poligástricos ou Multiventrais: Apresentam mais de 2 ventres musculares.
Exemplo de Músculo
Digástrico e Poligástrico
Fonte: Arquivo Pessoal do Autor, 2005.
7.5 Classificação Quanto à Ação Muscular
- Flexores
- Extensores
- Adutores
- Abdutores
- Pronadores
- Supinadores
- Rotadores
7.6 Classificação Funcional dos Músculos
- Agonista: Considerado o principal músculo na produção do movimento
articular ou na manutenção de uma postura. Contrai ativamente para produzir a
ação muscular.
- Antagonista: Músculo ou grupo muscular que domina a ação oposta à do
agonista. Alonga-se ou encurta-se passivamente para permitir que o
movimento ocorra.
- Sinergista: Contrai ao mesmo tempo que o agonista de modo a auxiliar a sua
função e excluir a ação indesejada do mesmo (ex. o músculo pronador redondo
impede a ação de supinação do bíceps braquial durante a flexão resistida do
cotovelo.
- Estabilizador: Quando um músculo sinergista atua imobilizando uma
articulação ou osso individual, ele é chamado de fixador.
ROTEIRO DE IDENTIFICAÇÃO DOS MÚSCULOS
Fonte das imagens: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998.
Parede Anterior do Abdome – Dissecação Superficial
Parede Anterior do Abdome – Dissecações Média e Profunda
Músculos do Dorso – Camada Superficial
Músculos do Ombro – Vista Posterior
Músculos do Ombro – Vista Anterior
Músculos do Ombro – Vista Posterior após a Retirada do Trapézio e Deltóide
Músculos do Braço – Vista Anterior da Camada Superficial
Músculos do Braço – Vista Anterior da Camada Profunda
Músculos do Antebraço – Vista Anterior da Camada Superficial
Músculos do Antebraço – Vista Posterior da Camada Superficial
Músculos da Coxa – Vista Anterior da Camada Superficial
Músculos da Coxa – Vista Anterior da Camada Profunda
Músculos do Quadril e Coxa – Vista Lateral
Músculos do Quadril e Coxa – Vista Posterior da Camada Superficial
Músculos do Quadril e Coxa - Vista Posterior da Camada Profunda
Músculos da Perna – Vista Anterior da Camada Superficial
Músculos da
Perna – Vista
Posterior da
Camada
Superficial
Músculos da Perna – Vista Posterior da Camada Profunda