APOLOGÉTICA

Post on 16-Dec-2015

7 views 5 download

Transcript of APOLOGÉTICA

APOLOGTICAVOC UM EVANGLICO SUPERSTICIOSO?______________________________________________________________________________________________Ser um evanglico supersticioso estar fadado a uma vida crist neurtica e frustrada. Alm disso, uma tremenda contradio, porque as razes histricas e teolgicas do protestantismo sempre foram contra toda e qualquer manifestao supersticiosa. E no poderia ser diferente, j que a Bblia frontalmente contra todo tipo de supersticiosidade. Mesmo assim, o que mais existe hoje so evanglicos supersticiosos.

Ao lermos a Histria da Igreja, vemos que quando ocorreu a Reforma Protestante no sculo 16, uma das grandes bandeiras dos reformadores era o fim do misticismo medieval e da supersticiosidade religiosa. O protestantismo foi um dos grandes promotores do fim da superstio da Idade Mdia, que havia sido implantado por um catolicismo cada vez mais decadente. s reexaminarmos a Histria e veremos que, antes da Reforma, o mundo medieval era cheio de fantasmas, duendes, gnomos, demnios, anjos e santos. O povo era ignorante, extremamente supersticioso e no tinha acesso leitura. A prpria Igreja Catlica Romana alimentava e explorava isso. Foram os evanglicos que combateram tudo isso, inclusive apoiados por intelectuais da poca. Infelizmente, porm, h muitos grupos hoje que se dizem evanglicos, mas que parecem querer reeditar esse perodo negro da Histria. Exemplos de superstio evanglica hoje

Nos ltimos anos, tm surgido modismos que claramente chocam-se com as Sagradas Escrituras e significam um retrocesso na luta protestante. Muitos grupos que se dizem protestantes pregam e praticam coisas que envergonham o protestantismo.

Alguns casos de supersticiosidade entre evanglicos so menores, outros so mais graves. Alguns exemplos do primeiro tipo so deixar a Bblia aberta no Salmo 91 para afastar desgraas; utilizar a expresso T amarrado! de forma sria, como uma espcie de precauo espiritual; abrir a Bblia aleatoriamente para tirar um versculo que funcione como a orientao de Deus para tomarmos uma deciso; trocar a leitura sistemtica e regular da Bblia pela caixinha de promessas; reputar que a orao no monte tem mais eficcia do que a feita dentro do quarto ou na igreja; dormir empacotado para que Deus, ao nos visitar noite, no se entristea; e acreditar que objetos ou algum suvenir de Israel (pedrinhas, gua do Rio Jordo, folhas) tm algum poder especial.

Exemplos do segundo tipo so supersties que so exatamente uma volta teologia romanista da Idade Mdia. Se no, vejamos: No seria o uso de elementos como galhinho de arruda, sal grosso e copo d'gua na liturgia uma volta ao misticismo medieval, to condenado pelos reformadores? A teologia da maldio hereditria no seria um vilipndio doutrina da graa e uma superstio religiosa em sua essncia? E o que dizer do uso indiscriminado do leo da uno? E da angelolatria? E do modismo da batalha espiritual, interpretada de forma diferente do que diz a Bblia?

No caso da teologia da maldio hereditria, ela declara insuficiente a obra de Cristo na vida da pessoa, pois afirma que, depois de salvo por Jesus, o cristo deve desenterrar o seu passado e o de seus familiares para quebrar uma a uma todas as possveis maldies que acometeram seus antepassados e que ainda repousariam sobre ele, se no a libertao no ser completa. Alm de no ter base bblica (2Co 5.17), essa teologia defende um princpio quase reencarnacionista, estabelecendo um carma na vida da pessoa a partir de seus parentes.

Textos como o de xodo 20.5-6 no falam da extenso do juzo divino, mas da sua durao sempre que houver necessidade. Em outras palavras, sempre que houver necessidade de juzo, haver juzo. Os justos que so filhos de pais mpios no pagam pelo pecado dos pais (Rm 8.1). A responsabilidade pessoal (Ez 18.19-20 para ficar ainda mais claro, o ideal ler todo o captulo).

O uso indiscriminado do leo da uno antibblico. A nica aplicao possvel hoje est clarificada em Tiago 5.14. No tempo do Antigo Testamento, o leo tinha outras aplicaes, mas, no Novo Testamento, seu uso nas atividades religiosas da Igreja passa a ser muito especfico. O texto bblico claro: (1) deve-se ungir apenas as pessoas que esto enfermas, (2) esta uno com leo deve ser feita em nome do Senhor, (3) deve ser efetuada apenas pelos obreiros da igreja (4) e acompanhada de orao pela cura (Tg 5.14,15). Outro detalhe: no h nenhuma orientao bblica para que a uno seja feita exatamente sobre o lugar da enfermidade. Basta ungir o enfermo (Tg 5.14). A uno com qualquer outro propsito no vlida. Ou seja, ungir territrios, carros, casas, endemoninhado, etc, absolutamente antibblico.

No Velho Testamento, eram atividades comuns a uno com leo sobre pessoas por outros objetivos que no a cura (consagrao de reis, por exemplo) e a uno sobre objetos. Porm, no h nenhuma passagem do Novo Testamento que justifique o uso desses tipos de uno nos dias de hoje. Portanto, qualquer pessoa que se arvora a ungir as pessoas sem se enquadrar com o ensino bblico do Novo Testamento est errada.

Angelolatria

A angelolatria culto a anjos, e isso heresia (Cl 2.4,18-19; Ap 22.8-9). Porm, nos ltimos anos, o culto aos anjos se infiltrou fortemente na cultura popular e depois nas igrejas. Isso se deve, obviamente, forte onda do movimento Nova Era, que se ergueu no final do sculo 20.

Em 1993, quando os ensinos novaerenses estavam em alta, a revista Newsweek chegou a colocar em destaque em uma de suas edies uma matria intitulada: Anjos esto aparecendo em todos os lugares da Amrica. Essa matria foi um marco da angelomania que tomava conta dos Estados Unidos na poca. Na reportagem, pessoas de todas as partes do pas garantiam ver constantemente anjos, conversar com eles e at p-los em contato com outras pessoas. Era o auge da febre dos anjos.

Com essa onda, a Nova Era passou a popularizar a concepo de que a idia do Deus cristo estava falida. Para eles, o Deus dos cristos era duro e antiptico, enquanto os anjos eram dceis e simpticos. Assim, as pessoas passaram a conversar com seus anjos da guarda, a dirigir-lhes lacrimosas oraes e a atribuir qualquer sucesso na vida a esses seres, e no mais misericrdia divina.

A escritora norte-americana Sophy Burnham, adepta da Nova Era, foi uma das fomentadores dessa substituio de Deus pelos anjos na mente das pessoas. Em seu livro A book of angels, ela diz que a corrente popularidade dos anjos se deve ao fato de termos criado este conceito de Deus como punitivo, judicioso e ciumento, enquanto os anjos nunca o so. Eles so completamente compassivos. Em entrevista revista Time nos anos 90, Burnham afirmou ainda que para aqueles que se sentem sufocados facilmente por Deus e suas regras, os anjos so a concesso fcil, a ausncia de julgamento; so todos fofos e suspiros. E esto disponveis a todos, como aspirina.

Batalha espiritual

Essa febre, infelizmente, acabou atingindo tambm as igrejas. O escritor evanglico Ron Rhodes acredita que os primeiros indcios da angelomania no meio evanglico surgiram aps o sucesso, nos anos 70, do livro Anjos: agentes secretos de Deus, de Billy Granham. No que o livro do famoso evangelista trouxesse heresias em seu bojo, mas, nas palavras de Rhodes, muitos receberam um impactante direcionamento para esse fascinante assunto pela leitura do livro de Granham.

Segundo Rhodes, um dos mais fortes incentivadores da moda dos anjos no meio cristo foi, na verdade, o mega best-seller de fico Este mundo tenebroso, de Frank Peretti. Basta lembrar a exacerbao em torno do tema batalha espiritual aps o sucesso do livro. Seminrios e mais seminrios eram feitos sobre o assunto, e muitos deles foram os grandes criadores de modismos e conceitos absurdos sobre a vida crist e o mundo espiritual.

Especialmente no meio pentecostal, os anjos passaram a ganhar uma notoriedade que nunca deveriam ter. A doutrina bblica sobre os anjos, que esposada pelas igrejas pentecostais tradicionais, como a Assemblia de Deus, veementemente contra essa relevncia bizarra que se tem dado aos seres angelicais. No entanto, influenciados por novas igrejas (que por ainda no terem se cristalizado convivem, na sua maioria, com uma teologia inexata, sempre a caminho), muitos crentes acabam tornando-se angelomanacos. So aqueles que vem anjos a todo instante e no fazem nada sem a orientao angelical. Muitos afirmam ter audincias dirias com os arcanjos Gabriel ou Miguel!

A exacerbao da idia de batalha espiritual um dos modismos neopentecostais que promoveram os anjos a uma posio acima do normal. Esse modismo v demnios e anjos em tudo. Se a gua est muito quente, demnio; se est muito fria, demnio. Se o vento soprou forte pela janela, so seres celestiais. Arrepiou-se? Tem capiroto na rea!

Alm de ver agentes espirituais do bem e do mal em tudo, esse modismo tambm levou as pessoas a crer em um mundo espiritual que pode ser manipulado ao bel prazer do crente. Esquece-se da soberania de Deus e valoriza-se demais os seres criados. Essa distoro teolgica na verdade um retrocesso, pois lana as igrejas de volta teologia medieval anterior Reforma Protestante.

Como j afirmamos, a Reforma Protestante combateu a superstio da Idade Mdia, implementado por um catolicismo cada vez mais decadente. O mundo medieval, cheio de entidades, fantasmas, demnios, anjos e santos, era mentalmente carregado. Nesse mundo, Cristo era fraco, os demnios eram fortes e os anjos e santos importantes. Veio, ento, a Reforma e centralizou tudo na cruz de Cristo, que representa a vitria para todo o que cr e serve a Deus. Porm, infelizmente, muitos parecem querer reeditar esse hostil mundo csmico atravs de uma m interpretao do tema batalha espiritual.

O perfil dos angellatras

O apstolo Paulo, ao advertir os cristos em Colossos sobre os falsos ensinamentos, definiu bem o perfil dos angellatras: E digo isto para que ningum vos engane com palavras persuasivas (...) Ningum vos domine a seu belprazer, com pretexto de humildade e culto dos anjos, metendo-se em coisas que no viu; estando debalde inchado na sua carnal compreenso, e no ligado cabea, da qual todo o corpo, provido e organizado pelas juntas e ligaduras, vai crescendo em aumento de Deus, Cl 2.4,18-19.

Paulo afirma no texto supracitado que os falsos mestres ensinavam a necessidade de reverenciar e adorar os anjos, pois, segundo eles, os seres angelicais funcionariam como uma espcie de mediadores na comunho do crente com Deus. O apstolo rebate veementemente isso, lembrando que invocar anjos fazer com que estes tomem o lugar de Jesus, que o nico mediador entre Deus e os homens e, por isso, a nica e suficiente cabea da Igreja (v19).

Paulo tambm destaca que esses falsos mestres posam de humildes e santos, por causa dessa conversa de anjos, quando, muito pelo contrrio, encontram-se inchados na sua carnal compreenso. Ainda hoje, os angellatras se apresentam como pessoas avivadas, espirituais, santas, humildes, mas na verdade esto, como afirmou o apstolo, embriagados por uma compreenso carnal.

Essa histria de ver e conversar com anjos todo dia e o dia todo, se prostrar diante deles, ter audincias com arcanjos, ser secretariado por Gabriel ou Miguel e outras coisas do tipo no passa de uma grande tolice e blasfmia. Sim, blasfmia, porque valorizar mais a presena de anjos do que a do prprio Deus, se prostrar diante da criatura e no do Criador, e no poucas vezes atribuir curas, milagres e libertaes no a Deus, mas s criaturas angelicais, deixar de adorar a Deus e colocar os anjos no centro do culto.

A coisa est to cimentada que, em muitas reunies, lembrar que Deus est presente no ambiente de adorao no tem mais o menor significado, enquanto um simples H um anjo passeando neste recinto o suficiente para que o povo se arrepie, chore e celebre. O reflexo tambm se v nos hinos, onde quem cura, batiza no Esprito Santo e transforma vidas no mais Deus, mas os anjos. Quer ser curado? Receba o toque do anjo! Quer ser batizado? Deixa o anjo te tocar! Quer ser transformado? D lugar ao anjo de Deus na sua vida! Isso abominvel.

Razes de tanta superstio nas igrejas

A existncia de casos de superstio entre evanglicos resultante da ausncia de orientao bblica. Nas igrejas onde o povo recebe o ensino sistemtico e sadio da Palavra, raramente existe isso.

O resultado de tanta superstio nas igrejas uma quantidade cada vez mais crescente de crentes neurticos e/ou frustrados espiritualmente. O espao no permite, mas em meu livro Como vencer a frustrao espiritual (CPAD) detenho-me com mais vagar nesse assunto em alguns captulos. H muitas referncias histricas e bblicas tambm, inclusive sobre a questo dos anjos.

A Bblia condena a supersticiosidade

A Bblia, diferentemente de muitas obras religiosas do mundo, no baseada em supersties, mas a Palavra de Deus (2Tm 3.16-17).

A Arqueologia tem mostrado dia aps dia a veracidade da narrativa bblica, mostrando que tanto o Antigo quanto o Novo Testamentos no so depositrios de mitos. O Evangelho est enraizado em fatos histricos, no em mitos. Ele baseado no testemunho ocular de vrios homens, como enfatiza o apstolo Pedro: Porque no nos fizemos saber a virtude e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo seguindo fbulas artificialmente compostas, mas ns mesmos vimos a sua majestade (2Pe 1.16).

Alm disso, a Palavra de Deus condena veementemente a magia e a feitiaria, bem como a supersticiosidade. As fbulas, crendices e os falsos ensinos so combatidos nas Sagradas Escrituras (2Tm 4.1-4). A expresso grega traduzida por fbula nesse texto de 2 Timteo e em 1 Pedro mythos. Ela usada para descrever uma narrativa que, alm de fictcia, enganosa, sendo geralmente elaborada por um mestre falso com o objetivo de iludir.

Em 1 Timteo 1.4, Paulo exorta seu filho na f para que no se d a fbulas, neste caso uma referncia s lendas forosamente relacionadas a narrativas do Antigo Testamento. Elas aparecem descritas pelo mesmo apstolo em Tito 1.14 como fbulas judaicas.

Paulo ainda chega a ironizar a superstio judaica, chamando tais crenas sem fundamento de fbulas profanas e de velhas (1Tm 4.7). O apstolo estava querendo dizer a Timteo que, por no terem base bblica, por serem simplesmente invenes humanas, criaes que se tornaram populares para enganar o povo, eram mpias, s servindo mesmo para entreter as conversas de velhinhas caducas.

J no caso do texto de 2 Pedro 1.16, a referncia s histrias fabulosas, crenas e supersties criadas pelos primeiros mestres gnsticos, que para difundi-las se utilizaram da divulgao de evangelhos apcrifos por eles mesmos escritos. Enfim, a Bblia enftica contra a superstio.Portanto, fujamos de todo tipo de superstio. Que a nossa f seja absolutamente bblica!

--------------------------