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7/28/2019 APARIO (1959) VERGLIO FERREIRA (1916-1996)
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APARIO(1959) VERGLIO FERREIRA (1916-1996)
A influncia da filosofia existencialista A existncia (existir ) precede a essncia ( ser ), ou seja o Homem
primeiro existe e s depois sabe quem . O acto de existir conduz descoberta do ser que existe em cada Homem;
Ausncia de determinismo: o Homem livre, o seu destino construdo por si mesmo, independentemente de qualquer foradivina ou de qualquer outra natureza;
O Homem responsvel por tudo o que faz, no s dos seus actos,mas dos que o rodeiam;
A perceo da realidade subjetiva, resulta da constatao daprpria condio humana;
A solido marca a existncia, a liberdade provoca a solido semDeus, sem valores, o Homem um ser s;
O Homem est condenado a explicar a Humanidade de acordo coma sua prpria viso da realidade, numa determinada poca;
Cabe ao ser humano encontrar razes para a vida, a morte e oabsurdo que esta representa.
Em Apario:
Alberto Soares toma conscincia de si, existindo; Descobriu e quer transmitir que o Homem livre e no se encontra
sujeito a nenhum tipo de determinismo, autor do seu Destino(no s responsvel dos seus actos, mas tambm dos praticadospelos outros);
A angstia e a solido que marcam as principais personagens daobra so prenncio da conscincia do absurdo da sua morte e daslimitaes da condio humana;
Questo sobre a possibilidade da construo da Cidade do
Homem, a cidade que Alberto Soares v quando dorme pela ltimavez na Casa do Alto. a cidade da sua imaginao, uma utopia.
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Estrutura da obra a aco
Estrutura fragmentada, na medida em que a sequncia narrativa quebrada por analepses (recuos no tempo, memrias) e catlises
(descries, reflexes); A escrita uma experincia que conduzir a uma descoberta: a
descoberta do eu realiza-se atravs do acto da escrita ultrapassaa condio individual para surgir como modelo da espcie humana(arqutipo);
Apresenta uma estrutura circular, abrindo e encerrando com amesma frase Sento-me aqui nesta sala vazia e relembro ,sendo o narrador a personagem principal, verificando-se umainterseco de tempos distintos (passado e presente);
Lua me Regresso ao tempo da infncia, no s de AlbertoSoares, mas da Humanidade;
A descoberta que Alberto Soares realiza em relao ao eu oespelho da vivncia humana ao longo dos sculos, funcionandocomo um arqutipo da Humanidade;
A linha circular representa a perpetuao do tempo, que no tem
princpio nem fim. Alberto Soares aceita a condio humana nemtodas as interrogaes tm resposta;
A cronologia substitui-se por uma ontologia: o perodo em queAlberto Soares vive em vora dilui-se para originar o tempo daespcie humana, na sua busca da verdade de existir.
o Tempos distintos: tempo da infncia (Beira) / perodopassado pelo Alberto Soares em vora;
o Espaos distintos: Beira (infncia) / Alentejo (incio daactividade profissional);
o Aco: ano letivo em vora (aco principal) / passado donarrador, as memrias (aco secundria);
o Realidade apresentada aos olhos do narrador e protagonistaAlberto Soares;
o Textos em itlico: o narrador situa-se num tempo presente;o Estrutura circular da narrativa.
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Aco
Aco principal: decorre em vora, durante um ano letivo, com aprimeira experincia profissional de Alberto Soares
o Chegada de Alberto Soares estao de vora e alojamentona penso do Machado;
o Incio da actividade profissional; o Encontro de Alberto com o Dr. Moura, jantar e apresentao
da famlia deste; o Chico convida Alberto Soares para expor as suas ideias numas
conferncias, ao qual este ltimo acede; o Alberto Soares d lies de Latim a Sofia; o Suicdio de Bailote; o Alberto Soares procura Chico para falar sobre as conferncias
e chama a ateno a Carolino; o O professor visita os Cerqueira (Ana e Alfredo); o Frias de Natal: Alberto Soares volta Beira; o Regressa a vora, toma conhecimento da relao de Sofia e
Carolino e do fim das lies de Latim; o Instala-se na Casa do Alto; o Morte de Cristina; o Carolino visita a Casa do Alto para matar Alberto; o O reitor convida o professor a abandonar vora para evitar
rumores pouco favorveis sua reputao; o Chico acusa Alberto de causar inquietao nas pessoas da
cidade; o Frias da Pscoa: viaja para a Beira; o Visita a Quinta da Boua; o Sofia encontra-se com Alberto na Casa do Alto; o Chico adoece e visitado por Alberto; o Recebe um telefonema estranho e annimo acusando-o de
algo que ainda desconhece; o Conhecimento da morte: assassinato de Sofia
Narrativa interrompida por analepses e catlises; Busca da prpria identidade;
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Inquietao pelo absurdo da morte (Mondego, pai); Constante preocupao com uma explicao para a
vida e morte.
Aco secundria : decorre na Beira, num tempo anterior ao quedecorre no Alentejo e no perodo de frias.
o O processo de construo do eu da personagem implicavrias aparies e decorre desde a sua infncia idadeadulta (processo evolutivo)
Aco fechada: acontecimentos vividos pelas
personagens (morte de Sofia); Aco aberta : reflexo do leitor para as interrogaes
essenciais que sempre inquietam o ser humano.
Aco trgica: insere-se na aco principal e relaciona-se com aideologia da obra. O assassnio de Sofia (tragdia), comoconsequncia da deturpao que Carolino realiza da mensagemtransmitida por Alberto Soares.
o Indcios de tragicidade: Caracterizao fsica de Sofia: sensualidade
pecaminosa, seduo carnal e diablica; Caracterizao psicolgica de Sofia: desafia as regras
sociais estabelecidas para inserir o seu prprio cdigode comportamento;
Descrio fsica de Carolino: falta de beleza e o rostocoberto de borbulhas vermelhas olhos azuis(anttese); aparncia incua e plcida (olhar) poucoatraente (figura);
Caracterizao psicolgica de Carolino: incapacidade dedescodificao objetiva da mensagem de AlbertoSoares confunde/su bstitui o acto de criao peloacto de destruio;
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Ideia de que o Homem est s, sem qualquer Deus quetrace a sua vida, destino ou morte.
Alberto Soares funciona como aquele quedesperta as outras personagens de um sonotranquilo (felicidade aparente) para umarealidade de interrogao, inquietao, quequebra a tranquilidade e provoca conflitos;
Morte de Cristina o paradigma da tragdia e oanncio de morte de Sofia;
Morte de Cristina inexplicvel (vtima inocente) sofrimento dos outros acontece de uma formatranquila;
Morte de Sofia, assassinada a punhal, porCarolino que reivindica para si a figura do Pai(Rei), ou seja, Deus prefere destruir em Sofiaaquela grandeza que o fazia sentir-se pequeno,humano, impotente confundiu o poder dacriao com o da destruio;
Dupla humilhao: Sofia (morte) e Alberto(tambm acusado indiretamente da morte deSofia);
Alberto Soares ousou tentar compreender omistrio da condio humana para resolver osseus anseios mais ntimos.
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Personagens
Alberto Soareso Nasceu junto Serra da Estrela; o Infncia vivida em comunho com a Natureza; o Morte do pai abandona a montanha para se radicar na
cidade (troca de espao ascensional por espao terreno); o vora o local do seu conflito interior e drama de existir
(smbolo do Inferno); o A sua autoexcluso do espao divino (montanha) leva-o a
abandonar a religio catlica e a humanizar a figura divina,substituindo-a pela sua;
o Castigado com o assassnio de Sofia pela nsia de ver a suadoutrina aceite pelos outros.
Sofia Mourao Relao dupla com a famlia:
1) O seu conhecimento intrnseco da verdade f-laquestionar os valores caducos e hipcritas defendidos
pelos pais e tomar conscincia da sua solido enquantoser condenado vida e morte;
2) Atitude protetora e expectante em relao irm maisnova vtima inocente do Destino.
o Poder de seduo; o Rebeldia e desafio: no cumpre as leis sociais estabelecidas; o A incapacidade de se entregar ao amor de uma forma
verdadeira torna- a um ser incompleto o Homem a ssconsigo mesmo no amadurece o suficiente para assumir asua liberdade.
Carolinoo Alcunha: Bexiguinha universo infernal: ignorncia, abismo,
luxria; o Incapaz de compreender a dimenso espiritual da mensagem
de Alberto indigno de ascender condio sobre -humana;
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o Assume um comportamento disfrico e louco que originar arevolta contra o seu criador (Alberto) e motivar o aniquilarda vida (de Sofia).
Espao
Espao fsicoo Microespao: Alentejo
Cidade vora (solido, silncio, descoberta do eu,tragdia);
Plancie Campo (refgio, aparies, palco dosuicdio de Bailote e da morte de Cristina).
Positivo: refgio, aparies, fecundidade daterra (Vida)
Negativo: mortes de Bailote e Cristina
Plancie Existncia
o Montanha Une cu e terra; Liga-se infncia do narrador.
o Casa do Alto: Afastamento dos outros e meditao; Harmonia e paz; Desejo humano de ascenso.
o Casa do Dr. Moura: Hermetismo e frio; Ordem socialmente estabelecida.
o Casa de Ana e de Alfredo:
Refgio e fecundidade da terra-me; Prodgio de vida.
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Espao socialo Hierarquizao social: a oposio entre trabalhadores do
campo e Doutores; o Tipo de convvio que se estabelece entre as pessoas; o Valores tradicionais (reitor); o Tradies populares (feira e carnaval no Redondo); o Personagens-tipo:
Manuel Pateta (alcolico, desprezado pelacomunidade);
Machado (falso e hipcrita, revela falsa moral); Reitor (defende educao retrgrada que inibe o
pensamento, esprito crtico e criatividade); Chico (engenheiro que se torna poltico); Madame (conservadorismo artificial das mulheres); Dr. Moura (detm poder cultural, econmico e
aceitao social); Bailote (explorado enquanto produz e desprezado
quando nada oferece).
Espao psicolgicoo Reflexes do narrador; o Monlogos do narrador; o Memria do narrador (as suas recordaes originam o acto
da escrita); o Canto de Sofia, no local da morte de Cristina.
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Tempo
Tempo diegtico / da histriao Marcos cronolgicos (dias, meses, anos); o Durante um ano letivo; o O passado filtrado pelo presente: quando o narrador narra
estes acontecimentos j os perceciona de forma diferente,pois vrios anos se passaram;
o Acontecimentos determinantes na construo do Homemque os relembra.
Tempo do discursoo Anacronias: o narrador no segue a ordem cronolgica pelo
qual os acontecimentos ocorreram (analepses, prolepses); o Anisocromia: relacionam-se com a durao do episdio
narrado e com o ritmo com que este apresentado: Catlises (reflexes e descries); Elipses (omisso de um perodo de tempo)
Dimenso simblica da obra
Smbolos solares (ligados vida, felicidade) smbolos noturnos(ligados morte, solido, sofrimento);
Montanha (serra), ligada ao passado, espao transcendente eintrospetivo plancie (vora), ligada ao presente, espao humano
de extrospeo, realizao do indivduo como um todo. Alberto Soares : metfora arquetipal do gnero humano, ou seja, o
percurso efetuado pelo narrador durante a sua vida o mesmoefetuado pela Humanidade.
Passado (infncia) montanha, neve, lua, esp elho narrador objecto e sujeito da revisitaoPresente
Plancie espao humano Msica harmonia do Homem
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Passado
Montanha
Neve Lua
Espelho
Vida / Morte
Presente
Plancie
Chuva Sol
Homem
Vida / Morte
Interseo simblica = Msica Transcendncia