Post on 13-Jun-2015
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o valor do desportoNum período em que só se fala em crise, surge um oásis onde se gere milhões.
Um mundo paralelo, detentor de um poder inigualável, numa economia em suposta recessão. Saiba quais os nomes dos novos multimilionários
Economia & Negócios · Sociedade · Turismo Arquitectura & Construção · Inovação & Desenvolvimento · Luxos · Desporto · Cultura & Lazer · Personalidades
ano ii · revista nº08 · set / out 2009
350 kwanzas · 4,50 usd · 3,25 euros
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ISSN 1647-3574
o sólido goliasO sector bancário é um dos protagonistas
do momento. O seu contributo para o
progresso tornaram a banca fundamental
para a expansão económica e social. Nesta
edição, descubra a força do gigante
casa do futuroDesign, conforto e qualidade. Eis os
critérios porque se pautam as habitações
do Século XXI. Um bom investimento para
quem deseja aliar a excelência à efi ciência.
Não perca as mais recentes inovações
novo roundUnião Económica e Monetária em África.
Sonho ou realidade? Países preparam
integração fi nanceira com a criação de
blocos regionais para se unir a Europa em
novas parcerias estratégicas
3 IN LOCO · ANGOLA’IN |
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revista bimestral nº08 - set/out 2009
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Tiragem10.000 exemplares—ISSN 1647-3574
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1 ANO 17,55 EUROS (10% DESCONTO)2 ANOS 31,20 EUROS (20% DESCONTO)
Desengane-se quem imagina África como um
conjunto de países afastados da realidade
mundial, longe da ‘movida’ desportiva, desco-
nhecedores das vantagens e existência de tele-
comunicações e da banca, conduzindo viaturas
obsoletas e espantando-se com os automó-
veis europeus. O continente, que Angola tanto
dignifi ca, servindo de exemplo para as nações
menos evoluídas, está a fervilhar de progresso
e os seus habitantes aproximam-se cada vez
mais dos cidadãos mundiais, adoptando as
suas marcas, estilos de vida e produtos.
Nesta edição, a Angola’in debruça-se sobre
a modernidade angolana e aborda a evolu-
ção dos sectores de actividade responsáveis
por incrementar a qualidade de vida. E fa-
lando em poder de compra, é inevitável fu-
gir a uma área que marca um estilo e uma
identidade que não fl utua ao sabor da crise.
É o mundo do desporto que merece a nos-
sa atenção. Todos se recordam das declara-
ções de Platini, que no fi nal da última época
apelava aos clubes para que fossem pruden-
tes na gestão dos seus recursos fi nanceiros.
Contudo, as recentes notícias provam que as
modalidades não se deixam afectar pela con-
tenção económica. As avultadas receitas ge-
radas pela publicidade, direitos televisivos,
bilheteiras, patrocínios e todo o merchandi-
sing envolvente revelam que o desporto gera
milhões e que são modalidades como a Fór-
mula 1, o ténis ou o golfe que se assumem
como as marcas mais valiosas. O futebol não
lidera o ranking, mas encontra-se no topo e
é certamente aquele que move mais segui- A Direcção
ECOS DO MUNDO OCIDENTALdores. A Angola’in apresenta-lhe um dossier
exclusivamente dedicado à matéria, em que
o mundo do desporto-rei, devido às recentes
transferências astronómicas como a de Cris-
tiano Ronaldo, merecem especial enfoque.
Na edição deste mês fazemos também o ba-
lanço da actividade do sector bancário, cuja
implementação no país tem sofrido profundas
evoluções, nomeadamente no que concerne ao
alargamento da rede a diversas zonas rurais e
municípios mais longínquos. O sucesso e cres-
cente procura da banca é refl exo do desenvol-
vimento económico e respectiva reconstrução
nacional, bem como da integração monetária
em África, onde já se fala inclusive na criação
de uma moeda única, à semelhança do que
aconteceu com o Euro na União Europeia.
A população angolana está cada vez mais cos-
mopolita e a procura de produtos bancários re-
fl ecte o aumento do poder de compra, que se
traduz na crescente demanda de automóveis
e das telecomunicações. A Angola’in analisa
a sociedade do século XXI e demonstra nes-
te número como os angolanos já não sabem
viver sem os telemóveis e como a constante
procura de viaturas novas e das marcas inter-
nacionais motivou a criação da primeira fábri-
ca nacional de produção automóvel. São sinais
dos tempos modernos e de uma população ca-
da vez mais próxima dos hábitos globais.
6 | ANGOLA’IN · SUMÁRIO
IN LOCO
EDITORIAL
INSIDE
MUNDO
‘áfrica negra’nigéria - retrato de uma potênciaOs africanos têm razões para sorrir. O continente tem--se afi rmado mundialmente e as medidas desenvolvi-das no âmbito do fomento económico e das condições de vida são evidentes. A Nigéria é uma das economias que tem merecido destaque. Apesar dos confl itos in-ternos, este país é uma das potências em ascensão. Compreenda o que faz da Nigéria um império
crédito ao carbonoO mercado do carbono merece destaque nesta edi-ção, uma vez que é um sector de actividade que co-meça a captar a atenção dos governantes. A emissão de gases poluentes é um facto. É fundamental regu-lar esta actividade e aplicar medidas que protejam o ambiente, numa altura em que o país está a crescer a um ritmo galopante e a poluição aumenta diaria-mente
ANGOLA IN PRESENTE
03 12 5010 18 56
SOCIEDADE
GRANDE ENTREVISTA
IN FOCO INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO
22 76
DESPORTO
vício dos telemóveisCom 7,5 milhões de utilizadores, o ‘assalto’ ao sector das telecomunicações não pára de crescer. Unitel e Movicel apostam na inovação para captar mais clientes. Marcas investem em novos modelos para combater a concorrência. Conheça as últimas novidades do mercado
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7 SUMÁRIO · ANGOLA’IN |
ECONOMIA & NEGÓCIOS
‘o sólido golias’Quase inexistente há 20 anos, o sector bancário sofreu um
forte impulso nos últimos anos. O fi nal da guerra e a es-
tabilidade económica permitiram novas apostas e a banca
encontrou as condições necessárias para fl orescer. A re-
construção nacional tem fomentado este sector, que recebe
um incremento de pedidos de crédito e de novos clientes.
Conheça as entidades mais poderosas e a sua expansão em
todo o território
pirâmide invertidaÍndia. O continente asiático tem-se assumido indiscutivel-
mente como uma economia em constante crescimento,
cujo poder económico começa a ser respeitado entre os gi-
gantes do mundo, como EUA e os grandes da Europa. A Ín-
dia é um desses exemplos de desenvolvimento e evolução
fi nanceira. A inovação, modernidade e franca expansão co-
meçam a dar cartas no panorama internacional
comunicar com êxito Conhecida mundialmente, a Nokia lidera e está na vanguar-
da na concepção de telemóveis, que aliam a tecnologia de
ponta a um design inovador. A Angola’in traça a evolução do
maior produtor de telefones sem fi os, cujos modelos con-
quistam pequenos e graúdos
TURISMO
jamaica e cambojaEsta edição sugere dois espaços distintos para passar as
suas férias. Para os que preferem climas tropicais, com
belas praias, temperaturas altas e população simpática e
descontraída, a Jamaica é a escolha certa. Os amantes de
circuitos culturais e que procuram conhecer melhor a his-
tória mundial encontram na Cidade Perdida de Angkor a
oportunidade de descobrir uma civilização ímpar e única
DESPORTO
patins vitoriososO desporto tem longa tradição. O hóquei em patins é uma
das modalidades com maior potencial, em que os masculi-
nos séniores se destacam pelos bons desempenhos a nível
nacional e internacional. O inédito sexto lugar alcançado no
último mundial revela o talento dos hoquistas, cujas pres-
tações da selecção fazem os grandes respeitá-la
ESTILOS
Lisete Pote, prestigiada estilista nacional, com provas da-
das em todo mundo, tendo realizado desfi les em países
como Portugal, Espanha, França, Suécia, Japão, Namíbia,
Benin e Moçambique, entre outros, é a mais recente aqui-
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INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO
império das quatro rodasA evolução do sector automóvel é a imagem do angolano moderno. Requintado e apaixonado por viaturas de elevado calibre, o homem actual não dispensa o carro e prefere as marcas internacionais, preterindo os automóveis usados. Esta edição faz o balanço do desenvolvimento deste mercado, num período em que arranca a primeira unidade fabril nacional para fazer face à procura
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sição da Angola’in para a rubrica Estilos. Admirada pelo seu
perfi l e carácter inovador e experiente promete fazer furor
com os seus conselhos de moda. A não perder!
CULTURA & LAZER
imagem vale mais que mil palavras O seu aparecimento acompanha a evolução da humanida-
de. As artes plásticas manifestam-se sob diversas formas,
tendo surgido nos primórdios das pinturas rupestres. Em
Angola, esta arte, que se caracteriza pela diversidade de
estilos, desenvolveu-se ao ritmo dos momentos históricos
que marcaram o país
PERSONALIDADES
angolano de alma e coração Apaixonado pelo movimento interventivo nacional e pela li-
teratura, Luandino Vieira é um dos escritores mais consa-
grados, que esteve ligado à fundação da União de Escritores
Angolanos. Nasceu em Portugal, mas cresceu em Angola.
Sempre reivindicou a condição de luandense e interveio na
libertação nacional
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10 | ANGOLA’IN · EDITORIAL
mbartolo@comunicare.pt
editorial
continente on-line
On-line com o mundo! A frase pode parecer, numa
primeira leitura, algo intangível, mas de facto é esse
o poder que as novas tecnologias oferecem aos seus
usuários nos dias de hoje. A dar passos largos no mun-
do da informação digital, África continua, no entanto,
a ser um info-excluído por força dos elevados preços
de acesso, ligações lentas e por
vezes estagnadas, que sofrem
ainda com os problemas ener-
géticos que afectam grande
parte dos países. Pouco mais
de 4% da população do conti-
nente pode aceder à Internet.
A difi culdade deste número
atingir os dois dígitos faz com
que os poucos utilizadores se-
jam obrigados a pagar taxas demasiado elevadas pa-
ra usufruírem de ligações demasiado lentas. Lentas
ou mesmo estagnadas, esperando pela boa vontade
da conhecida teimosia do sistema de electricidade de
grande parte dos países. Inúmeros projectos tentam
levar a cabo operações de conexão do continente à re-
de, mas os custos são normalmente uma barreira difí-
cil de derrubar. Agora, um consórcio de empresas que
planeia a instalação de uma ligação através de cabo
subaquático para ligar África à Europa recebeu o fi nan-
ciamento necessário para arrancar com o projecto. Es-
ta auto-estrada, onde o alcatrão cede lugar ao cabo de
fi bra óptica, com cerca de 10000 mil quilómetros, que
pretendem vinte e um países (Europa e Regiões Este,
Oeste e Sul de África), já começou a ser construída e
espera-se que entre em funcionamento até ao próxi-
mo ano. O fi nanciamento, no valor de 70.7 milhões de
dólares, foi atribuído por cinco instituições fi nanceiras
internacionais: a Corporação Financeira Internacional
(IFC) do Banco Mundial, o Banco Europeu de Investi-
mento, o Banco Africano para o Desenvolvimento, a
Agência Francesa para o Desenvolvimento e o Banco
Alemão para o Desenvolvimento. Um outro projecto,
denominado SEACOM, que ostenta um plano ainda
mais ambicioso garantiu também o seu fi nanciamen-
to. Com uma projecção de custos de 650 milhões de
dólares, esta ligação tem rota traçada para percorrer
o Quénia, Madagáscar, Moçambique e Tanzânia com
uma rede de banda larga internacional conectada com
a África do Sul, Índia e Europa, com conclusão prevista
para o início de 2010.
Três outros projectos desti-
nam-se a espalhar as liga-
ções de fi bra óptica por cerca
de 22 países por toda a Áfri-
ca Subsariana. Falando so-
bre o projecto que agora vai
ser fi nanciado, Lars Thunell,
vice-presidente executivo do
IFC, sector privado do Banco
Mundial dedicado aos em-
préstimos, sublinha que «os custos normais de
acesso à Internet na África Oriental são de 200 ou
300 dólares mensais, o que signifi ca que são dos
mais elevados do mundo». Expectativas para o pa-
norama deste sector depois de terminado o projec-
to? «Esperamos que os preços caiam cerca de dois
terços assim que este projecto esteja concluído e
que continuem a descer depois», afi rmou Thunell
recentemente. Para além da descida dos preços de
acesso, o outro objectivo assumido pelo consórcio
é fazer triplicar os subscritores, proporcionando o
acesso à Internet a cerca de um quarto dos africa-
nos - 250 milhões de pessoas. Lars Thunell não tem
quaisquer dúvidas relativamente à importância do
projecto: «este projecto vai transformar o panorama
das telecomunicações em África e vai ter um directo
e positivo impacto nos negócios da África Oriental»,
assegura. Depois de concluída uma primeira fase do
projecto, outros treze países serão também incluí-
dos na rede através ligações adicionais. Esses paí-
ses são o Botswana, Burundi, a República Central
do Congo, Chade, Etiópia, Lesoto, Malawi, Ruanda,
Suazilândia, Uganda, Zâmbia e Zimbabué. Sem dú-
vida, um projecto megalómano, há muito esperado
no continente!
Ligar África à Europa por fi bra óptica vai
transformar o panorama das telecomunicações no
continente e ter um impacto directo e positivo a nível
económico e social
SEGURANÇABANCOS COM SISTEMA DE VIDEOVIGILÂNCIAAs agências bancárias deverão ser aconselhadas a adoptar o
sistema de videovigilância, com vista a travar a onda de assal-
tos, em que os bancos são os principais visados. A decisão foi
tomada durante um encontro entre o Governo da Província
de Luanda, a Polícia Nacional e a Associação dos Bancos de
Angola. Luanda é a região onde se regista o maior número
de roubos, situação que tem gerado alguma instabilidade
entre os clientes das instituições. Desta forma, de acordo
com declarações de Domingos Francisco, governador para a
área económica de Luanda, “a implementação de um sis-
tema de videovigilância permitirá à polícia ter elementos
que permitam analisar e investigar”, sempre que se re-
gistar um assalto. Grande parte das dependências dos
bancos comerciais já tem este serviço instalado, pelo
que as autoridades recomendam que se aplique o dis-
positivo à medida que se proceda à expansão da re-
de bancária. Por outro lado, a polícia argumenta que a
maioria dos bancos assaltados não possuía sistemas
de vigilância.
Mais de duas dezenas de profi ssionais de
saúde cubanos vão deslocar-se para Angola,
ainda este ano, com o objectivo de reforçar
o sistema de saúde nacional. O intercâm-
bio surge no âmbito de um acordo assinado
entre os governos de Angola e Cuba. Actual-
mente, actuam no país cerca de 605 médicos
cubanos, dos quais 200 encontram-se a tra-
balhar em hospitais e unidades periféricas.
A notícia foi divulgada pelo ministro da Saú-
de, José Van-Dúnem, que preferiu não adian-
tar a data de chegada dos 239 profi ssionais.
Questionado acerca da carência de médicos
A Infrasat, empresa do grupo Angola Te-
lecom, dispõe de uma unidade móvel, que
permitirá assegurar as situações críticas e
pontuais, no que concerne às novas tecnolo-
gias de comunicação. O novo veículo, recen-
temente apresentado, dispõe de uma antena
móvel, capaz de funcionar com energia eléc-
trica ou gerador, de modo a poder atender
serviços de transmissão de voz, dados, inter-
INSIDE | patrícia alves tavares
12 | ANGOLA’IN · INSIDE
ao nível das províncias, o responsável admi-
tiu que os 2400 médicos existentes no país
correspondem a um “número bastante redu-
zido”, argumentando que está a ser feito tu-
do para ultrapassar esta difi culdade, uma vez
que existe apenas um médico para cada 10 mil
habitantes (OMS recomenda um profi ssional
para cada mil pessoas). “Os esforços consubs-
tanciam-se na criação de cinco faculdades de
medicina”, esclareceu. Van-Dúnem informou
ainda que “há um programa com Cuba”, no
sentido de trabalhar em conjunto “numa va-
cina contra a cólera”.
SAÚDE MÉDICOS CUBANOS VÃO REFORÇAR HOSPITAIS
INTERNETANGOLA TELECOM LANÇA A BANDA LARGAA empresa pública de telecomunicações e multimédia Angola Telecom
apresentou a sua mais recente oferta, o sistema de Internet com quatro
megas em banda larga, que se destina às pequenas e médias empre-
sas. Segundo João Avelino, presidente do conselho de administração,
o sistema permitirá resolver os problemas de acesso à Internet e da
qualidade telefónica. A tecnologia, denominada de “SuperNet ADSL”, é
um meio capaz de manipular o grande fl uxo de informação, que pode
ser usado por utilizadores que trabalhem com elevadas quantidades de
dados. A Internet em banda larga permite aos empresários usufruírem
de um serviço de alta velocidade, com consequências altamente favo-
ráveis para os negócios. O sistema baseia-se em ligações ADSL, pelo
que é possível usar a linha telefónica e aceder à Web em simultâneo.
net e vídeo, em situações de emergência ou
necessidades especiais. De acordo com o di-
rector executivo, Eduardo Continentino, o no-
vo dispositivo representa um grande avanço
para o país, uma vez que se apresenta como
uma solução alternativa para os problemas
de quebra da Internet, geralmente relaciona-
dos com a danifi cação de fi bras ópticas, que
podem afectar o funcionamento dos mais
variados serviços, nomeadamente a banca,
instituições de ensino e saúde, radiodifusão
e telefonia móvel e fi xa. No caso de uma fa-
lha na ligação web de uma empresa, a uni-
dade móvel (também apelidada de ‘antena
móvel’) pode garantir a normalização do ser-
viço, de forma célere e efi caz. A vantagem
do novo mecanismo consiste no facto de es-
te poder ser instalado em qualquer parte do
território nacional, inclusive onde não exis-
tem infra-estruturas físicas no âmbito das
novas tecnologias, resistindo a condições at-
mosféricas adversas.
TECNOLOGIA INFRASAT APRESENTA UNIDADE MÓVEL
14 | ANGOLA’IN · INSIDE
INSIDE
INVESTIMENTOSINOPEC QUER ADQUIRIR 20% DA MARATHONA empresa Sinopec, constituída pela China Petroleum & Chemical e pela CNOOC vai
pagar 1,3 mil milhões de dólares pela compra da participação em 20 por cento da Ma-
rathon Oil, no bloco 32 de Angola. O referido espaço petrolífero offshore de águas pro-
fundas é detido em cinco por cento pela Galp. A Marathon é actualmente a quarta
maior petrolífera dos Estados Unidos da América e vai manter uma posição de dez por
cento no bloco 32, onde já foram encontrados 12 poços de petróleo, facto que motivou
todos os parceiros da empresa norte-americana a disputar os seus 20 por cento. Para
tal, terão que igualar a oferta da Sinopec. A Galp é a companhia que detém a posição
mais pequena naquele bloco. A operadora do espaço é a Total, com 30 por cento, se-
guindo-se a Sonangol com 20 por cento. Este é já o quarto desinvestimento da Mara-
thon em termos de participação na exploração e produção de energia.
PETRÓLEOODEBRECHT DESCOBRE NOVA JAZIDAA construtora brasileira Odebrecht encontrou pe-
tróleo na costa angolana, revelando que a aposta
no sector do petróleo e gás tem sido bem sucedi-
da, alcançando assim o primeiro êxito. “Trata-se
de crude leve, de boa qualidade e foi encontrado
a uma profundidade de 4.725 metros, a 315 qui-
lómetros da costa de Luanda”, congratulou-se o
presidente da companhia, Miguel Gradin. O gru-
po brasileiro tem uma participação de 15 por cen-
to no consórcio operado pela Maersk OIl, que por
sua vez detém 50 por cento da empresa estatal
angolana Sonangol.
PRESIDÊNCIA DA OPEPCORTES NA PRODUÇÃOO actual presidente da Organização dos
Países Exportadores de Petróleo (OPEP)
e ministro angolano dos Petróleos, Bote-
lho de Vasconcelos garantiu que os mem-
bros da organização estão a cumprir com
os cortes de produção, estabelecidos pe-
lo cartel em Maio último. As reduções têm
oscilado entre 78 e 80 por cento, facto que
permitiu reduzir signifi cativamente a vo-
latilidade antes registada no mercado in-
ternacional do crude. Quanto às oscilações
de preços no âmbito internacional, Bote-
lho Vasconcelos lembrou que alguns dos
fundamentos do mercado ainda não estão
totalmente controlados, pelo que ainda
existe muito petróleo armazenado, con-
duzindo a algumas especulações do mer-
cado. O dirigente afi rmou ser urgente que
o sector petrolífero tenha em considera-
ção a vertente da responsabilidade social,
ou seja, o incentivo à criação de coopera-
tivas deve ser alargado a todas as provín-
cias, para que funcione como alavanca do
desenvolvimento económico do país.
DESENVOLVIMENTOCIMANGOLA AUMENTA PRODUÇÃOA Nova Cimangola pretende aumentar a sua
produção para um milhão e 200 mil toneladas
de cimento Portland. A meta será executada
ainda este ano. O referido acréscimo enquadra-
se no modelo de gestão que a empresa está
a implementar, que deverá ser efi ciente e efi -
caz. Em 2008, a fábrica produziu pouco mais
de um milhão de matéria-prima, ocupando 30
por cento da quota de mercado. O assessor do
organismo explicou que a produtora de cimen-
to tem apostado em manufacturar mais com
menos recursos, recorrendo a tecnologia anti-
ga. Quanto à necessidade de implantar novos
meios, como forma de aumentar a produtivida-
de, o responsável admitiu que essa opção con-
duziria à redução de mão-de-obra da empresa
de 842 para 200 trabalhadores. Aliás, a empre-
sa anunciou recentemente que está em curso
um processo de recrutamento para as áreas de
debilidade. A nova gestão da cimenteira englo-
ba a implementação de um plano de carreiras e
melhoria das condições sociais, com vista a re-
juvenescer e envolver todos os trabalhadores. A
Nova Cimangola compõe o conjunto de empre-
sas licenciadas pelo Ministério das Obras Públi-
cas, que estão autorizadas a importar cimento,
de acordo com as necessidades do mercado
nacional. No entanto, o organismo não encara
esta actividade como a melhor saída, centran-
do-se essencialmente na produção de cimento.
A fábrica labora desde 1957 e é constituída pe-
los accionistas da Ciminvest (49 por cento), da
Cimangola (40 por cento) e do Banco Africano
de Investimento (9,5 por cento).
INSIDE
16 | ANGOLA’IN · INSIDE
INOVAÇÃOGÁS DE COZINHA NO MERCADOA Sonangol colocou este ano 8.200 novas gar-
rafas de gás de cozinha no mercado. A pro-
víncia de Bié foi a maior benefi ciária, devido à
crescente procura do produto no mercado lo-
cal. De acordo com o delegado de vendas da
“Sonangol Distribuidora” no Bié, Manuel Nu-
nes, as botijas são comercializadas pelo preço
único de 12.200 Kwanzas, pelo que até ao mo-
mento já foram vendidas quatro mil garrafas.
A venda abrange todos os municípios do inte-
rior da província. Com esta medida, além de
satisfazer as necessidades dos consumidores,
será possível estender os serviços às restan-
tes localidades da região. O delegado explicou
que a transportação do produto também me-
lhorou nos últimos tempos, graças à requalifi -
cação dos troços rodoviários. MERCADOS BOLSA DE VALORES ARRANCA EM 2010Cruz Lima, coordenador da Comissão do Mercado de Capitais (CMC), adiantou que a Bol-
sa de Valores e Derivados de Angola (BVDA) vai arrancar no primeiro semestre de 2010.
O responsável assegurou que desde Julho estão a “ser criadas as condições necessárias
para o funcionamento da Bolsa”. O dirigente da CMC explicou que a abertura do referido
organismo é uma prioridade para o Primeiro-Ministro. “Estamos a cumprir as orienta-
ções do Governo”, ressalvou, recordando que “seria uma falha inaceitável e indesculpável
do programa governamental”, caso não contemplasse a criação da Bolsa de Valores. Sem
revelar os nomes e números das empresas que podem participar no futuro projecto, Cruz
Lima admitiu que as entidades petrolíferas, diamantíferas, cervejeiras, transportadoras
aéreas, energia, águas e telecomunicações “são indispensáveis para o mercado bolsista”.
O coordenador assegura ainda que o país dispõe de todas as potencialidades para se tor-
nar numa praça fi nanceira regional importante, esperando-se que no primeiro ano venha
assumir o quinto ou sétimo lugar no ranking dos mercados africanos.
AVIAÇÃOLUANDA E DUBAI COM LIGAÇÃO DIRECTAA partir de 25 de Outubro voos directos vão aproximar Dubai e Luanda. A notícia foi divulgada
pela companhia de aviação comercial ‘Emirates’, que assegurará o transporte dos passageiros.
A circulação entre os dois países decorrerá três vezes por semana (terça-feira, quarta-feira e do-
mingo). A nova linha insere-se no plano de extensão das ligações aéreas internacionais, nomea-
damente em África. O Boeing 777-300 é o avião que vai fazer o itinerário e dispõe de 364 lugares
divididos pelas classes Económica, Business e Primeira Classe.
JUSTIÇASISTEMA DOS PALOP NA INTERNETA ministra da Justiça de Angola, Guilher-
mina Prata, apresentou a base de dados
online, que contém informações sobre os
sistemas de justiça de todos os países
dos PALOP. O acesso ao portal baseia-se
em subscrições, que serão defi nidas de
acordo com a realidade fi nanceira de to-
dos os Estados. O mecanismo consta do
programa do Fundo Europeu de Desen-
volvimento (FED) e está orçado em 9,8
milhões de euros. A página Web terá co-
mo funções divulgar e facilitar o acesso à
legislação, jurisprudência e doutrina dos
órgãos de administração da Justiça des-
ses países. A gestão dos conteúdos fi ca
ao cargo de técnicos dos ministérios da
Justiça, que receberão formação especí-
fi ca. Os critérios de acesso ao portal de-
vem-se à necessidade de assegurar os
encargos fi nanceiros da manutenção do
site. A ideia da base de dados surgiu em
2003, mas a fase II do projecto apenas fi -
cou concluída este ano.
18 | ANGOLA’IN · MUNDO
| patrícia alves tavares
tecnologia
Mais de 2 mil milhões de internautas em 2013A Forrester Research, uma companhia independente especializada em estudos de mercado na
área da tecnologia, acredita que, em 2013, o número de internautas no mundo deverá chegar aos
2,2 mil milhões contra os actuais 1,5 milhões. De acordo com o estudo recentemente divulgado, 43
por cento desses novos utilizadores serão asiáticos, dos quais 17 por cento correspondem apenas
à China. “Apesar da desaceleração económica global, um número crescente de consumidores con-
verte-se anualmente à Internet”, esclarece a analista Zia Widger, que prevê um aumento de novos
cibernautas na ordem dos 45 por cento, entre 2008 e 2013. O continente asiático registará o maior
crescimento, enquanto a Europa rondará os 22 por cento e a América do Norte os 17 por cento. Por
seu lado, na América Latina as futuras conexões à Internet deverão manter-se nos 11 por cento. O
documento revela ainda que a China ultrapassará os Estados Unidos, que conjuntamente com os
restantes países industrializados registará uma fraca progressão nos próximos cinco anos.
literatura
Nasce a maior e-livraria do mundoA maior cadeia de livrarias do mundo, a Barnes &
Noble anunciou que vai criar a maior loja online
de livros electrónicos nos Estados Unidos. O es-
paço virtual albergará as obras digitalizadas pelo
Google. O projecto tem como fi nalidade facilitar
o acesso às diversas compilações, uma vez que o
presidente da marca, William Lynch acredita que
“os leitores devem ter acesso aos livros a partir
de qualquer dispositivo, a partir de qualquer lugar
e a qualquer momento”. A futura loja virtual será
considerada a maior livraria online de livros elec-
trónicos, em todo o mundo. No total, serão dis-
ponibilizados mais de 700 mil títulos, dos quais
meio milhão consiste em obras livres de direitos
de autor, oferecidas através do Google Books. As
obras digitais serão compatíveis com vários siste-
mas operativos e leitores electrónicos, bem como
os conhecidos telefones “inteligentes”. Contudo,
a empresa está a desenvolver uma parceria com
a britânica Plastic Logic, para criar um leitor que
possa competir com o Kindle e o Sony Reader.
efeméride
Homem rumo a Marte A 20 de Julho de 1969, o mundo parou para
ver Neil Armstrong a pisar a Lua pela primei-
ra vez. Por ocasião das comemorações da
data, Buzz Aldrin, o segundo homem a pôr
o pé no satélite da Terra falou sobre o futu-
ro da exploração do espaço extraterrestre.
Durante uma conferência comemorativa,
organizada pela Nasa, em Washington, os
sete astronautas pioneiros da Lua aponta-
ram Marte como a meta para o futuro. Al-
drin mostrou-se surpreendido pelo facto do
Homem ainda não ter alcançado Marte no fi -
nal da primeira década do século XXI. O as-
tronauta defende há muito a concretização
de uma viagem tripulada ao planeta vizinho
da Terra, argumentando que a solução para
reduzir o impacto dos custos e difi culdades
técnicas pode passar por uma expedição sem
regresso, com colonos espaciais dispostos a
não voltar à Terra. Por outro lado, o grupo de
veteranos criticou ainda o pouco investimen-
to fi nanceiro que os EUA têm conferido à ex-
ploração espacial.
MUNDO
internet
Google chega à LuaNo ano em que se comemoram os 40 anos da chegada do Homem à Lua, o Goo-
gle resolve assinalar a efeméride com o lançamento de uma ferramenta, que per-
mite ver imagens de satélite, fotografi as e vídeos das várias expedições da Nasa.
O novo serviço, intitulado Google Moon, faz parte do Google Earth, que consiste
numa aplicação para download gratuito e que tem como função permitir a visua-
lização de imagens da Terra, captadas por satélite. Esta nova ferramenta integra
ainda mapas geográfi cos e topológicos, informação sobre os muitos artefactos
humanos que foram à Lua e uma visita virtual conduzida por Buzz Aldrin e por Ja-
ck Schmitt, da missão Apolo 17. O Google Moon é produto de um acordo assinado
com a Nasa, em 2006.
19 MUNDO · ANGOLA’IN |
ambiente
Alterações climáticas afectam peixesOs peixes das águas europeias perderam metade da sua massa cor-
poral, em apenas algumas décadas, devido aos efeitos das alterações
climáticas. A conclusão é de um estudo do Cemagref, um instituto
especializado na gestão saudável das águas e dos territórios. Durante
o período em análise, os investigadores observaram as populações de
peixes nos rios europeus, no Mar do Norte e no Mar Báltico. O relatório
indica que os habitantes aquáticos perderam em média 50 por cento
da massa corporal, nos últimos 20 ou 30 anos. Isto verifi cou-se em
todas as espécies, sendo que os peixes das águas europeias perde-
ram cerca de 60 por cento. Os investigadores explicaram que as águas
quentes são habitadas por espécies mais pequenas e que o seu aque-
cimento afecta as migrações e os hábitos de reprodução dos animais.
Os impactos são “enormes”, uma vez que os peixes mais pequenos
têm menos crias e são presas mais fáceis para os predadores, tendo
consequências graves na cadeia alimentar e no ecossistema.
banca
Deutsche Bank investigadoO maior banco da Alemanha, o Deutsche Bank, pode ser
acusado de espionagem. Segundo a imprensa interna-
cional, a instituição corre o risco de ser investigada por
alegada espionagem de administradores, executivos de
topo e accionistas. Os jornais adiantam que dois altos
funcionários terão sido entretanto despedidos, por te-
rem tido responsabilidade nas acções de vigilância, que
a justiça pretende indagar. Aliás, um dos quadros demi-
tidos era responsável pelo departamento da seguran-
ça e outro pelas relações com os investidores. Ainda de
acordo com o Deutsche Bank, os procuradores alemães
estão a reunir a documentação necessária para verifi car
se existem bases para avançar com um processo criminal
contra o banco. “O Deutsche Bank foi, obviamente, lon-
ge de mais nas acções de espionagem”, frisou Wolfgang
Gerke, presidente do Centro Bávaro de Finanças de Muni-
que, em declarações à agência Bloomberg.
guantánamo
Fecho da prisão em risco de ser adiadoO relatório encomendado por Obama foi adiado por seis meses, levando os ana-
listas a acreditar que o encerramento da prisão de Guantánamo, marcado para Ja-
neiro, poderá não ser cumprido. O documento, encomendado pelo Presidente dos
Estados Unidos, é crucial para a avaliação daquela prisão militar norte-americana
e surgiu no âmbito dos esforços da nova Administração para encerrar aquele polé-
mico centro de detenção de suspeitos de terrorismo. A extensão do prazo está re-
lacionada com a necessidade de se fazer uma “análise o mais detalhada possível”
sobre a situação de Guantánamo, explicaram os conselheiros de Obama, ligados à
equipa encarregue de elaborar o relatório. Os mesmos garantem que o adiamento
por seis meses não provocará atrasos em relação à data estabelecida para o en-
cerramento da prisão de alta segurança. Até ao momento, o presidente americano
apenas tomou conhecimento do documento interno, que enumera as opções de
que a Casa Branca dispõe, nomeadamente julgar os suspeitos em tribunais cíveis
ou transferi-los para outros países. Já, os analistas encaram com alguma renitên-
cia o cumprimento dos prazos de encerramento.
internet
Brasil lidera TwitterUm estudo do Ibope Nielsen Online anunciou que o Brasil
assumiu o lugar de líder mundial ao nível da participação
no Twitter, tendo registado cinco milhões de utilizadores
nos últimos meses, representando um acréscimo de 71 por
cento em relação a Maio. O documento revela que o país
não tem o maior número de utilizadores do site, mas que é
a região com maior penetração da ferramenta web. Em se-
gundo lugar, fi caram os EUA e em terceiro o Reino Unido.
20 | ANGOLA’IN · MUNDO
honduras
EUA emitem avisoHilary Clinton, secretária de Esta-
do norte-americana ameaçou sus-
pender a ajuda às Honduras, caso as
negociações promovidas pelo pre-
sidente costa-riquenho Óscar Árias
falhem. De acordo com o porta-voz
do departamento, Philip Crowley, a
dirigente mostrou-se muito fi rme
na conversa telefónica com o pre-
sidente de facto das Honduras, Ro-
berto Micheletti, fi rmando assim a
posição dos EUA.
eua
Lulas invadem CalifórniaMilhares de lulas gigantes, que atacam seres
humanos, invadiram a costa de San Diego, na
Califórnia, estando a causar o pânico entre os
habitantes. As lula-de-humboldt frequentam
habitualmente as águas profundas do México
e são conhecidas por atacar os humanos. Es-
tas podem medir até 1,5 metros e pesar até 45
quilos. Os cientistas explicam que as lulas gi-
gantes podem ter saído do seu habitat natu-
ral devido à escassez de alimentos, provocado
pelo aquecimento global. Este facto pode es-
tar na origem da sua deslocação para a zona
costeira californiana. Não é a primeira vez que
as praias de San Diego são invadidas por lu-
las. A última vez foi em 2005, período em que
estes animais apareceram mortos na costa de
Orange County.
MUNDO
saúde
Obesidade pode tirar dez anos de vidaUm estudo, publicado na revista científi ca “Lancet”, analisou 900 mil pessoas durante 20 anos e provou
que a obesidade pode chegar a tirar até dez anos de vida. A investigação foi conduzida pela Universidade de
Oxford e analisou 57 estudos sobre o tema, que incidiram sobre as populações da Europa e da América do
Norte. “O excesso de peso diminui a esperança de vida. Em países como a Inglaterra ou os EUA, pesar um
terço a mais do que seria óptimo encurta o tempo de vida em cerca de três anos”, enuncia Gary Whitlock,
médico da referida faculdade e um dos autores do estudo. Das pessoas que participaram na investigação,
uma centena morreu durante as duas décadas de acompanhamento. Os estudiosos usaram o Índice de Mas-
sa Cultural (IMC) para defi nirem a obesidade, dividindo o peso de uma pessoa pelo quadrado da sua altura. A
população com um IMC entre 30 e 35 (o normal vai dos 18,5 aos 25) morreu três anos mais cedo do que aque-
les que tinham um peso normal. Os casos de obesidade severa viveram dez anos a menos, o mesmo tempo
que um fumador. Doenças cardiovasculares, diabetes, cancro e complicações relacionadas com os pulmões
foram as principais patologias associadas pelos investigadores à obesidade.
astronomia
Ásia assiste a eclipse Ásia, Japão e Pacífi co assistiram a um
eclipse total do sol, o mais longo do sé-
culo XXI, com duração superior a cinco
minutos. O fenómeno teve início no gol-
fo de Khambhat, a Norte de Bombaím
e moveu-se para Este, escurecendo pri-
meiro a Índia e depois o Nepal, Burma,
Bangladesh, Butão e China, respectiva-
mente. Prosseguiu para o Japão, tendo
sido visto pela última vez a partir da
ilha de Nikumaroro, no Kiribati. O eclip-
se durou cerca de quatro horas. O últi-
mo acontecimento idêntico ocorreu em
Agosto de 2008 e durou pouco mais de
dois minutos. A longa duração do eclip-
se permitiu aos cientistas estudar os
fenómenos solares. literatura
Fãs de Graham Greene podem terminar inéditoUm romance inacabado de Graham Greene (1904
– 1991) está a ser publicado numa revista norte-
americana, convidando os fãs de policiais a ter-
minar o enredo desta história, que data dos anos
20. “The Empty Chair” (“A cadeira vazia”) possui
apenas cinco capítulos concluídos e conta a histó-
ria de um assassinato misterioso. O enredo des-
ta obra faz recordar os misteriosos assassinatos
cometidos nas casas de campo, típicos de Agatha
Christie. O autor iniciou o livro em 1926, quando
tinha apenas 22 anos e foi encontrado no ano pas-
sado por François Gallix, um estudioso das obras
de Greene. O romance encontrava-se no Cen-
tro de Humanidades da Universidade do Texas e
corresponde ao ano mais importante na vida do
escritor, período em que atingiu o sucesso. “The
Strand Magazine” publica um capítulo por sema-
na e pondera lançar um concurso para completar
a história. Graham Greene é conhecido internacio-
nalmente pelas obras “O Condenado”, “O nosso
agente em Havana”, “O poder e a glória”, “O ame-
ricano tranquilo” e “Monsenhor Quixote”.
IN FOCO
22 | ANGOLA’IN · IN FOCO
| manuela bártolo
Com mais de 120 milhões de habitantes e uma densidade populacional de 131 habitantes/
quilómetro2, a Nigéria é um dos maiores produtores mundiais de petróleo e pode vir a defi nir-
se como uma das principais potências económicas da África Negra. Após o longo período de
instabilidade política, nos anos setenta, dá-se a explosão da sua economia, resultante da
abundância do petróleo na zona do Delta do Níger e na sua exploração acelerada provocada pelo
aumento elevado da procura mundial dessa matéria-prima. Hoje, o país é destino de grandes
fl uxos de imigração provenientes de todos os países da zona. No início dos anos 80 as crises
petrolíferas conduziram à queda dos preços e os estrangeiros em situação irregular são expulsos
do país, o que envolveu cerca de 2 milhões de pessoas, obrigadas a regressar por qualquer
meio para os territórios de origem. Mesmo assim, o país continua com uma grande densidade
populacional e um valor do rendimento médio por habitante reduzido, estando a concentração
das políticas económicas nas mãos dos grupos do poder, visto pelos organismos internacionais
como “corrupto”. A estrutura urbana é essencial e, além da gigantesca concentração urbanística
de Lagos, conta também com um grande número de cidades com 200 mil a 300 mil habitantes
que elevam a taxa de urbanização para os 50%. Números que não encontram representação
nas infra-estruturas e serviços, ainda bastante pobres. As perspectivas, no início do século XXI
são elevadas. Aqui fi ca o retrato actual de uma Nigéria de contrastes.
POLÍTICA Outro dos aspectos negativos apontados pe-
la população é a difi culdade em arranjar em-
prego e a escalada dos preços. Após a eleição
de Obasanjo em 1999, uma nova Constituição
foi aprovada que garante que haja eleições de
quatro em quatro anos. Obasanjo ganhou em
2003, muito embora as eleições tenham sido
consideradas falseadas. O PDP que está no
poder, fortaleceu a sua posição tanto na As-
sembleia Nacional, como nos 36 estados que
constituem a Nigéria, 31 dos quais têm gover-
nadores do partido do governo. Uma tenta-
tiva de amendar a Constituição para permitir
que o presidente se candidatasse ao terceiro
mandato foi reprovada em 2006. As eleições
presidenciais de 2007 permitiram a primeira
transferência de poder civil no país desde a
independência. Os três principais candidatos
presidenciais (todos muçulmanos do Norte),
refl ectiram a crença que o cargo de líder da
nação deve pertencer a um nortenho, depois
de Obasanjo ter estado no poder.
Atiku Abubakar candidatou-se pelo partido
do Congresso da Acção, mas foi impedido de o
fazer por acusações de corrupção que até hoje
nega. No entanto, o Supremo Tribunal decidiu
que a Comissão de Eleições não tem o poder
de impedir que nenhum candidato concorra
ao lugar. Contudo, um dos maiores progressos
políticos dos últimos oito anos é que o exér-
cito foi politicamente neutralizado. Quaisquer
generais com ambições políticas foram afas-
tados e outros têm estado num esquema de
rotação que os impede de se agarrarem ao po-
der. A nova geração de ofi ciais são profi ssio-
nais e, pela primeira vez em décadas, todos os
observadores concordam que um golpe militar
é pouco provável. A nível regional, a Nigéria é
o poder predominante no Oeste africano e es-
tiveram na origem da Comunidade Económi-
ca dos Estados da África Ocidental (ECOWAS),
através da qual tiveram um papel preponde-
rante na resolução de confl itos, principalmen-
te na Libéria e na Serra Leoa.
Num panorama mais alargado, o presidente
Obasanjo foi um dos principais fundadores da
Nova Parceria para o Desenvolvimento Africa-
no (NEPAD) e foi presidente da União Africana
em 2005/06, promovendo conversações de
paz com o Sudão. A Nigéria tem a aspiração
de ter um lugar permanente no Conselho de
Segurança da ONU.
ÁFRICA ‘NEGRA’
NIGÉRIAretrato de uma potência
23 IN FOCO · ANGOLA’IN |
Internacional ainda refere o país como um dos
países mais corruptos a nível mundial. Dados
ofi ciais dizem que metade dos lucros anuais de
crude estimados em 40 mil milhões de dólares,
são roubados ou desperdiçados.
Muitos nigerianos queixam-se que não tem havido pro-gressos nas infra-estruturas básicas como a luz, água e saneamento básico. Outro dos aspectos negativos apontados pela população é a difi culdade em arranjar emprego e a esca-lada dos preços
SOCIEDADE O país tem dos piores Índices de Desenvolvi-
mento do mundo: uma em cada cinco crian-
ças morre antes de chegar aos cinco anos.
Doze milhões de crianças não estão na escola
e há quase 2 milhões de orfãos devido ao ví-
rus do HIV/Sida. Mais de metade da popula-
ção (75 milhões de pessoas) vivem abaixo do
limiar de pobreza, num país onde a esperança
média de vida é de 47 anos. Após os progra-
mas de privatização introduzidos pelo Presi-
dente Obasanjo, os nigerianos ainda estão à
espera de um fornecimento de electricidade
efi caz, de uma rede de água potável, de ser-
viços de saneamento, de melhorias nos cami-
nhos de ferro, nas estradas e nos telefones.
A capital Abuja é a cidade mais cara da Ni-
géria, seguida de Port Harcourt, uma cidade
rica em petróleo, e pela maior cidade Lagos,
que é a capital comercial do país. Em Maio
de 2004, Obasanjo promoveu um programa
de reformas económicas chamado NEEDS
que pretendeu promover a disciplina fi scal,
a reforma dos serviços civis e bancários, bem
como o início de privatizações e transparên-
cia. Os direitos humanos melhoraram consi-
deravelmente desde 1999, ainda que o país
continue com a pena de morte. O governo
de Obasanjo estabeleceu um painel para in-
vestigar os abusos de direitos humanos nas
organizações militares e criou uma comissão
de direitos humanos. Há no país uma vasta
e activa sociedade civil. Os orgãos de comu-
nicação social são livres e independentes. No
entanto, ainda surgem informações de es-
pancamentos e execuções sumárias, que as
pessoas atribuem à má preparação das forças
de segurança.
Durante os dois mandatos do Presidente Olusegun Obasanjo, o país pagou quase na totalidade a dívida estrangeira de 35.9 mil milhões de dólares. Estima-se que restem 5 mil milhões
ECONOMIA A Nigéria é a grande potência económica do
Oeste africano, contribuindo com quase 50%
do PIB da região. Economicamente, o país es-
tá dependente do sector do petróleo e do gás.
Membro da Organização de Países Produtores
de Petróleo (OPEP), é o oitavo maior exporta-
dor mundial de crude. Os lucros da associação
nigeriana de gás, a NLNG (Nigerian Liquefi ed
Natural Gas Ltd) vão superar os lucros de petró-
leo nos próximos dez anos. Ainda que o crude
produzido precise de pouca refi nação, o país até
agora foi incapaz de construir as suas próprias
refi narias e trabalhar na produção de petróleo.
Os produtos refi nados são todos importados. O
aumento da criminalidade na região do Delta
do Niger lançou dúvidas se será possível haver
eleições nos estados de Rivers, Delta e Bayelsa.
No período de um ano (Abril de 2006 a Abril de
2007) mais de 100 trabalhadores estrangeiros
foram raptados, 70 dos quais em 2007. Os ata-
ques às plataformas de petróleo levaram a que
a Nigéria reduzisse 20% a 25% da sua produção
de crude. Uma das áreas em expansão é o sector
das telecomunicações. Há aproximadamente
1.25 milhões de linhas terrestres telefónicas no
país, enquanto o número de utilizadores de te-
lemóveis ascende os 30 milhões. Vários analis-
tas acreditam que o crescimento vai continuar,
com a Nigéria a ultrapassar a África do Sul como
o maior mercado africano deste sector. Durante
os dois mandatos do Presidente Olusegun Oba-
sanjo, o país pagou quase na totalidade a dívida
estrangeira de 35.9 mil milhões de dólares. Esti-
ma-se que restam 5 mil milhões. Após o acordo
com o Clube de Paris (instituição de crédito en-
tre governos) em 2005, a Nigéria liquidou 12.4
mil milhões de dólares da dívida. Está também
prestes a pagar 900 milhões de dólares ao Clu-
be de Londres (instituição de crédito privada), a
quem já tinha pago 1.4 mil milhões de dólares. O
outro credor é o Banco Mundial, que já afi rmou
publicamente que a forma como a Nigéria tem
liquidado a sua dívida de 2.07 mil milhões de dó-
lares é “muito boa”. No entanto, a Transparência
24 | ANGOLA’IN · IN FOCO
IN FOCO
A African Business, revista pan-africana publicada em Londres, coloca a Nigéria em terceiro lugar numa lista das empresas de países africanos mais cotadas no continente. Entre as 200 empresas mais cotadas de África, trinta são nigerianas. E as estatísticas regionais da revista para a África Ocidental são ainda mais reveladoras. Na classifi cação das 50 maiores empresas da África Ocidental estabelecida pela revista, a Nigéria tem 45 empresas
RELIGIÃO O país com mais população de África pas-
sou de um regime militar à democracia. No
entanto, a liberdade não permitiu alterar os
constantes cenários de violência religiosa e
étnica. De facto, a população nigeriana tem
fama de ser controversa, violenta e sobre ela
pairam alegações de manipulação e fraudes.
Os censos de 2006 decorreram de uma forma
geralmente pacífi ca, mas houve casos de vio-
lência - incluíndo mortes - e o crescimento de
tensões étnicas e políticas. Os censos incluem
questões sobre a educação, o emprego, rendi-
mento, tamanho da residência, fornecimento
de água, saneamento básico, tipo de combus-
tíveis usados, acesso a rádio, televisão e tele-
fones, mas na tentativa de impedir confl itos,
não inclui temas religiosos. Grupos religiosos
e étnicos mostraram preocupação quanto aos
resultados dos censos que incluíssem dados
religiosos, pois acreditavam que os mesmos
fossem afectar a sua posição na sociedade,
nos fundos governamentais e a infl uência po-
lítica que têm na sua região. Os muçulmanos
estão em maioria na grande parte dos esta-
dos do Norte, que adoptaram a lei islâmica,
também conhecida como Sharia. Os estados
de Kanu e Niger não são regulados segundo a
Sharia, mas são muitas vezes descritos como
sendo 50% cristãos e 50% muçulmanos. Os
estados do Centro do país também são uma
mistura de cristãos e muçulmanos, enquanto
os estados do Sul são na sua maioria cristãos
e animistas.
Um dos maiores progressos políticos dos últimos oito anos é que o exército foi politicamente neutralizado. Quaisquer generais com ambições políticas foram afastados e outros têm estado num esquema de rotação que os impede de se agarrarem ao poder. A nova geração de ofi ciais são profi ssionais e, pela primeira vez em décadas, todos os observadores concordam que um golpe militar é pouco provável
26 | ANGOLA’IN · ECONOMIA & NEGÓCIOS
ECONOMIA & NEGÓCIOS | manuela bártolo
união económica
e monetária
A integração económica
e política tem sido des-
de sempre um objectivo
para África e para o po-
vo africano. Esse é aliás o
maior desígnio da União
Africana (UA), em concílio com a promoção
da união no continente e a prevenção da dis-
persão dos países em campos rivais. O seu
papel na cooperação pan-africana e na eman-
cipação das nações tem sido exímio a todos
os níveis, sendo que um dos maiores desa-
fi os actuais é precisamente a integração mo-
netária e fi nanceira. A sua grande debilidade
tem criado obstáculos à convergência macro-
económica desejada no “continente negro”,
gerando também difi culdades para a concre-
tização das parcerias económicas defi nidas,
há cerca de um ano, na Cimeira Europa/Áfri-
ca. Esta é a conclusão contida num estudo
conjunto da Comissão Económica para Áfri-
ca (CEA), órgão das Nações Unidas, e UA, em
que são destacadas as difi culdades sentidas
nas políticas integradas dos diferentes blo-
cos regionais africanos. “Os países africanos
estão a passar por enormes problemas para
aplicar os critérios de convergência macroe-
conómica estabelecidos pelas comunidades
económicas regionais do continente”, lê-se no
documento, em que se sublinha também os
obstáculos que tais disparidades provocam
nas desejadas parcerias com os “27”.
Essa questão é uma das razões para os su-
cessivos avanços e recuos nas negociações
para as parcerias eco-
nómicas entre a Euro-
pa comunitária e os 54
Estados africanos, num
impasse desde o fi m da
cimeira que se realizou
em Lisboa em Dezembro de 2007. No estudo,
intitulado “Estado da Integração Regional em
África”, foram analisados os planos macroeco-
nómicos e fi nanceiros da Comunidade Econó-
mica e Monetária da África Central (CEMAC),
União Económica e Monetária Oeste-Africana
(UEMOA) e Comunidade de Desenvolvimento
da África Austral (SADC). Subjacente à cria-
ção da UA, o objectivo de integração regional
dos diferentes blocos tem “fracassado”, uma
vez que está ainda longe a harmonização, en-
quadrada num acordo comum, dos equilíbrios
orçamentais e da redução da infl ação e da dí-
vida pública. Nesse sentido, a segunda fase
do Centro Africano para as Políticas Comer-
ciais (CAPC) fi cou mandatado de identifi car
uma nova estratégia global, tendo como pano
de fundo a defi nição de critérios para a nego-
ciação de acordos comerciais regionais, como
as parcerias económicas com a UE e de livre
comércio com outras regiões ou blocos. Cabe
agora ao CAPC dar às comunidades económi-
A não integração monetária e fi nanceira do continente é responsável pelos sucessivos avanços e recuos nas negociações com vista às parcerias económicas entre a Europa co-munitária e os 54 Estados africanos
O objectivo de integração regional dos diferentes blocos tem “fracassado”, uma vez que está ainda longe a harmonização, enquadrada num acordo comum, dos equilíbrios orçamentais e da redução da infl ação e da dívida pública
‘novo round’
custo a exclusão da economia global, acertar o
passo com o resto do mundo, criar condições
de bem-estar económico, lançar as bases de
uma paz social alargada e promover a estabi-
lidade política tanto nacional, como regional.
Um desafi o enorme que África enfrenta atra-
vés de uma transformação progressiva para
uma economia aberta, dinâmica, autosusten-
tada e inserida de modo dinâmico na econo-
mia mundial. O salto na taxa de crescimento
económico do continente, de 1.4% no período
1990/1994, para 4%, em 1995 e 5% em 1997 é
o resultado desse esforço e sinal da seriedade
que muitos dos novos governantes africanos
põem na prossecução do seu objectivo de in-
tegrar África na economia mundial. O fl uxo de
capital privado estrangeiro captado por vários
países africanos - no valor de cerca de 12 bili-
ões de dólares - embora ainda muito aquém
do desejável, traduz também o sucesso já ob-
tido na execução de políticas económicas ade-
quadas e rigorosas e é igualmente um sinal de
confi ança, que reforça o optimismo em relação
ao futuro. Taxas de crescimento económico de
7%, 10% e 12% em alguns países do continen-
cas regionais a possibilidade de criar capaci-
dades comerciais integradas e outras globais
a todos os agentes económicos. Paralela-
mente, são apresentadas “recomendações”
para que os governos africanos integrem os
objectivos macroeconómicos nas suas estra-
tégias nacionais de desenvolvimento e que
“dêem prova de sentido de responsabilidade”
na elaboração dessas políticas, defi nindo as
suas próprias prioridades em matérias como
as taxas de câmbio e de juro e ainda a política
orçamental.
SÉCULO DA MUDANÇAReformas estruturais têm sido levadas a ca-
bo com relativo sucesso em diversos países do
continente. Políticas tendentes à liberalização
de mercados, à promoção do sector privado e
à transição para a economia de mercado es-
tão a ser implementadas um pouco por toda
a África, coadjuvados com a adopção de crité-
rios de rigor na gestão macroeconómica e na
criação de um ambiente favorável ao inves-
timento directo externo. A infraestruturação
económica do continente avança, designa-
damente nos domínios dos transportes, das
telecomunicações, da energia, água e sanea-
mento; atenção especial começa a ser dada à
ciência e tecnologia e à valorização dos recur-
sos humanos, na perspectiva da formação, da
promoção da saúde e da luta contra a pobreza;
a integração económica e fi nanceira consoli-
dou-se e aprofundou-se em algumas regiões.
O objectivo passou a ser o de evitar a todo o
te africano - comparáveis aos dos chamados
tigres da Ásia - retiram fundamento a pes-
simismos em relação à possibilidade do pro-
gresso em África: o sentimento crescente é o
de que também é possível obter bons resul-
tados económicos, e com eles, a prazo vencer
a pobreza. O que está a ser feito no Gana, no
Botsuana, no Uganda, no Burkina-Faso, em
Moçambique, em Cabo Verde e noutros paí-
ses africanos, engajados na modernização e
no desenvolvimento, é disso prova. O esforço
de renovação é tão grande que os países in-
dustrializados não podem deixar de o notar. A
evolução é encorajadora. Começam a existir,
cada vez mais, pólos de democracia no conti-
nente, com um certo nível de desenvolvimen-
to económico - como é o caso de Angola, que
exerce uma infl uência positiva, a um tempo
catalizadora e estabilizadora nos sistemas po-
líticos africanos e no desenvolvimento de Áfri-
ca. Reestruturação do Estado e do seu papel,
democratização, boa governação, desenvolvi-
mento dos recursos humanos, um ambiente
institucional, legal e social incentivador do in-
vestimento privado, gestão macroeconómica
rigorosa, infraestruturação, integração regio-
nal e uma conjuntura internacional favorável
ao investimento directo externo e a uma coo-
peração alargada que permita a transferência
de tecnologia e de saber-fazer são vias exequí-
veis, e nalguns casos, já em curso, que levarão
o continente africano a vencer, desta vez, o
grande desafi o do desenvolvimento. A boa vi-
zinhança e o diálogo re-
gional devem, por isso,
prevalecer, asseguran-
do um clima de esta-
bilidade e de distensão
permanentes. As difi -
culdades encontradas
são ainda relevantes,
mas é incontornável
que se está a proceder a avanços na moder-
nização do continente, pelo que a sua econo-
mia, encabeçada por diversos países, está a
integrar-se de uma forma dinâmica e susten-
tada na economia mundial.
27 ECONOMIA & NEGÓCIOS · ANGOLA’IN |
Começam a existir pólos de democracia no con-tinente, com um certo nível de desenvolvimento económico - como é o caso de Angola, que exer-ce uma infl uência positiva, a um tempo catali-zadora e estabilizadora nos sistemas políticos africanos e no desenvolvimento de África
28 | ANGOLA’IN · ECONOMIA & NEGÓCIOS
ECONOMIA & NEGÓCIOS | manuela bártolo
Nos últimos seis anos, têm-se vindo a verifi car progressos signifi cativos na economia
angolana, refl ectidos numa taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), pelo
quarto ano consecutivo na ordem dos dois dígitos, o que traduz uma das mais eleva-
das quando comparado com os restantes países da África Subsariana. Os drivers do de-
senvolvimento económico angolano assentam fundamentalmente, em três importantes
factores – político, económico e social. A estabilidade política e social desde 2002, as-
sociada a uma maior consciencialização e esforço de governação no sentido da criação
de uma economia sustentável, e a consolidação do processo democrático, com a con-
sequente estabilidade da gestão económica do país, como demonstrado nas recentes
eleições legislativas, foram sem dúvida os factores mais importantes para o crescimento
económico do país. A par disso, há a estabilidade macroeconómica e as suas naturais
consequências positivas, bem como o esforço de transparência e abertura da economia.
O aumento do peso de variáveis macroeconómicas internas no PIB como o consumo das
famílias e o investimento privado (interno e externo), em contraponto com a diminuição
da participação das despesas públicas totais foram também, segundo uma pesquisa ao
sector bancário em Angola, elaborado pela KPMG, decisivos neste progresso. Nesse sen-
tido, as políticas de dinamização da economia nacional, cada vez mais focalizadas no
sector não petrolífero, têm vindo a incrementar o desenvolvimento da capacidade pro-
dutiva angolana, em simultâneo com os benefícios marcados pela conjuntura internacio-
nal no que respeita ao preço de petróleo. Dados extremamentes satisfatórios para o país
que vê na evolução do sector bancário a construção de uma economia sólida e com maior
poder de infl uência quer no próprio continente, quer a nível mundial. gestão do tempo e
das atitudes. O que conta é ter mais tempo para dedicar às pessoas.
FINANCIAR O FUTURO O mercado fi nanceiro angolano, sobretudo
o bancário, cuja concorrência conta já com
16 bancos comerciais, tem vindo, à medida
do possível, a responder positivamente aos
novos desafi os do país ligados à reconstru-
ção e à modernização das infra-estruturas,
ao rubricar em 2007 com o Governo acordos
avaliados em USD mil milhões, para o fi nan-
ciamento de projectos estruturantes, visando
o desenvolvimento económico e social que
os angolanos tanto desejam. A estabilidade
política e macroeconómica, assim como a va-
lorização da moeda nacional (Kwanza) permi-
tiram com que, num espaço de tempo de dois
anos, quatro acordos fi nanceiros, visando fi -
nanciar vários projectos de infra-estruturas
em execução no país, fossem rubricados en-
tre o Governo angolano, representado pelo
Ministério das Finanças, e os sindicatos dos
16 bancos comerciais que operam no país. Es-
ses fi nanciamentos garantidos pela banca
nacional são empréstimos realizados através
da emissão de Obrigações do Tesouro. O pri-
meiro desta série de acordos está relacionado
com o fi nanciamento do projecto de aquisição
da nova frota de aeronaves da Taag, do qual
o sindicato de bancos nacionais (BAI, Besa e
BFA) concedeu pelo menos 250 milhões de
dólares. O segundo, rubricado em Dezembro
de 2006, está ligado à conclusão da segun-
da fase do projecto habitacional “Nova Vida”,
localizado a sul da cidade de Luanda, um em-
préstimo avaliado em 12,6 biliões de kwanzas,
equivalentes a 157 milhões de dólares norte-
americanos. O terceiro acordo, assinado em
Março do ano passado, entre o Governo e o
sindicato de bancos integrado pelo BFA, BPC
e BAI, está avaliado em 400 milhões de dó-
lares norte-americanos e visa fi nanciar obras
de investimentos públicos, no domínio da
construção de estradas via expressa Luanda/
Viana, Luanda/Cacuaco e Boavista/Samba,
pela marginal. Esse fi nanciamento contem-
pla também a construção das linhas de trans-
porte de energia eléctrica e as respectivas
subestações no percurso Capanda/Lucala/
Luanda (Viana). Atento ao crescimento dos
depósitos dos bancos comerciais, agora esti-
mados em mais de 10 mil milhões de dólares,
metade dos quais transformados já em cré-
dito, e a capacidade de liquidez destas insti-
tuições bancárias, o Executivo angolano fez,
pela quarta vez, em Outubro de 2007, recurso
à banca nacional, ao assinar o maior acordo fi -
nanceiro interno de todo os tempos, avaliado
em 3,5 biliões de dólares norte-americanos,
para dar sequência ao fi nanciamento de pro-
gramas de investimentos públicos, ligados às
MIA & NEGÓCIOS | manuela bártolo
FINO m
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BFA
dóla
sectorbancário
o sólidogolias
29 ECONOMIA & NEGÓCIOS · ANGOLA’IN |
obras de reconstrução nacional, em curso em
todo o território nacional. Por tratar-se de um
fi nanciamento bastante volumoso, os credo-
res decidiram disponibilizar o montante em
três tranches, num período de 36 meses, para
facilitar o planeamento dos rácios de liquidez
por parte dos bancos, de modo a acomodar
esta operação ao longo dos três anos. A pri-
meira tranche do fi nanciamento (um bilião de
dólares), cuja operação global é assegurada
80% pelo BAI e BESA, começou a ser dispo-
nibilizada no decurso de 2007 e tem um perí-
odo de reembolso de cinco anos. A segunda
tranche, avaliada num bilião e 500 milhões
de dólares, começou a ser disponibilizada no
exercício económico de 2008 e o terceiro pa-
cote, calculado num bilião, está disponível a
partir deste ano, indo o período de carência de
sete a nove anos. A disponibilização desses
valores, por parte das 16 unidades bancárias
comerciais, evidência, por um lado, que os
bancos acreditam no desenvolvimento eco-
nómico do país e nas políticas macroeconó-
micas, que têm vindo a ser implementadas
pelo Governo, por outro, mostra que há saú-
de fi nanceira e patrimonial da própria banca
nacional, medida pelos rácios estabelecidos
pela supervisão bancária com base nas regras
de Basileia. A dinâmica que o sector bancário
vem registando nos últimos anos, consubs-
tanciada numa concorrência agressiva entre
os operadores, no aumento dos depósitos e
créditos, está a permitir com que o Governo,
na execução e gestão da sua política econó-
mica, não faça apenas recurso a credores in-
ternacionais para fi nanciar grandes projectos
de investimentos públicos, quebrando deste
modo um ciclo que durava décadas. Os resul-
tados espectaculares que a banca tem vin-
do a obter nos três últimos anos, em função
da sua rentabilidade, mostram que as con-
tas bancárias da população estão a ser ope-
radas por instituições fi nanceiras efi cientes,
capazes de gerar lucros, em vez de prejuízos,
o que constitui um marco na histórica eco-
nómica de Angola. Graças a esses lucros, os
bancos angolanos dispõem agora de maiores
fundos próprios para alavancar o crescimen-
to das suas operações de crédito à econo-
mia sem o risco de incumprir com os rácios
prudenciais. A título de exemplo, o Banco In-
ternacional de Crédito (BIC), instituição fi nan-
ceira que iniciou a sua actividade em Maio de
2005, fechou o ano de 2007 com um bilião e
300 milhões de dólares de crédito disponibi-
lizado, enquanto o aprovado está cifrado em
USD um bilião e 600 milhões. Os fundos pró-
prios do banco estão calculados num valor
superior a USD 140 milhões. Assim, para trás
fi caram os “dias negros” em que os bancos
tinham problemas de liquidez e tesouraria,
hoje, fruto da estabilidade macroeconómi-
ca, empresários e particulares têm acredita-
do cada vez mais nas instituições bancárias,
pelo facto de nas suas operações comerciais
terem preferencialmente os bancos como
canais de intermediação, permitindo deste
modo que grande parte da massa monetária
que circula no circuito informal comece, pau-
latinamente, a entrar para o mercado formal.
Tendo em conta a necessidade de se fi nan-
ciar projectos de desenvolvimento a médio
e longo prazos, dois acontecimentos históri-
cos económicos foram assinaláveis em 2007:
o início das operações de fi nanciamento do
Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA),
constituído 100% por capitais do Estado, e o
começo das actividades do VTB-África, uma
instituição de capitais russos e angolanos,
cuja missão é fi nanciar grandes projectos, co-
mo a construção estradas, portos, aeroportos,
barragens, caminhos de ferro, entre outras in-
fra-estruturas. O BDA, criado em 2006, cons-
titui um instrumento privilegiado do Estado
para o fi nanciamento, nesta primeira fase,
do desenvolvimento da economia angolana,
especialmente os investimentos do sector
privado, ligados preferencialmente às cadeias
produtivas do milho, feijão, algodão e mate-
riais de construção civil. O banco, cuja missão
é fi nanciar o desenvolvimento de Angola, à
luz do Plano Nacional e da Estratégia de De-
senvolvimento de Longo Prazo, aprovou, em
Outubro de 2007, 31 projectos para a conces-
são de créditos, fruto de um trabalho acentu-
ado junto dos empreendedores das províncias
do Bengo, Benguela, Bié, Cabinda, Kwanza
Sul, Huíla e Huambo. No total, foram abran-
gidos por esses primeiros fi nanciamentos pe-
lo menos 157 benefi ciários, entre pequenos e
médios empresários e produtores, a título in-
dividual ou enquadrados em cooperativas de
produção, localizadas nas referidas regiões.
Entretanto, não obstante o seu carácter ain-
da relativamente embrionário, o sector ban-
cário angolano está a registar uma dinâmica
muito acentuada, visível num conjunto de
modifi cações profundas que abrangem, en-
tre outros aspectos, a entrada de vários novos
operadores, o lançamento de novos produtos
e serviços fi nanceiros, alterações signifi cativas
ao seu quadro legislativo e regulamentar e, por
último, as consequências decorrentes da polí-
NOVAS MEDIDASO Governo tem em curso várias medidas que visam a
estabilização das reservas obrigatórias em divisas nos bancos
comerciais. A iniciativa surge numa altura em que são apontadas
maiores difi culdades na concessão de crédito por parte dos
bancos devido ao aumento das suas reservas obrigatórias. O
aumento de 20 para 30% nas reservas obrigatórias dos bancos
comerciais é ainda apontado por vários economistas como a
principal razão para as recentes difi culdades em transferir dividas
para o exterior, especialmente dólares norte-americanos. O ministro das Finanças, Severim
de Morais, explicou que este cenário resultou da queda das receitas em divisas no país, que
ascendiam a 1,2 mil milhões de dólares por mês, quando o preço do barril de petróleo rondava
os 140 dólares em Julho de 2008, e que “de repente” baixaram para 400 milhões de dólares. Em
declarações à imprensa afi rmou: “é evidente que isso obrigou à tomada de medidas porque
as receitas quando caem abruptamente, as despesas não acompanham de imediato”, pelo
que “estas têm de ser reanalisadas e recontratadas”. Neste sentido, o Governo avançou com
diferentes acções como a redefi nição das reservas obrigatórias, permitindo que uma parte destas
seja feita em títulos de Tesouro de qualquer prazo. “É uma medida nova em relação à anterior.
Anteriormente só permitíamos que fossem títulos do tesouro de maturidade até um ano. Neste
momento, permitimos que os bancos cumpram parte das suas obrigações com as reservas
obrigatórias em títulos de Tesouro de qualquer maturidade, precisamente para incentivar e
dar mais confi ança ao sistema bancário”, salientou recentemente Severim de Morais. Quanto à
revisão do Orçamento Geral do Estado (OGE) para este ano, face à crise económica e fi nanceira
mundial, o ministro das Finanças antecipou que o Governo continua a fazer um “exercício
comedido”, por desconhecer o comportamento futuro da economia nos próximos anos. O novo
orçamento teve como referência o petróleo a 37 dólares o barril, quando o anterior colocava
essa mesma referência nos 55 dólares. O sector petrolífero contribui actualmente com mais de
50% do Produto Interno Bruto (PIB) do país
ECONOMIA & NEGÓCIOS
30 | ANGOLA’IN · ECONOMIA & NEGÓCIOS
tica de estabilização macroeconómica que tem
sido seguida pelo Governo angolano.
CRÉDITO À ECONOMIAFruto do crescimento, em 2006, dos depósitos
na ordem de 62%, o crédito à economia, so-
bretudo à indústria, à importação e à habita-
ção está a crescer muito, tendo este último um
impacto positivo para o crescimento do sector
imobiliário, com a consequente criação de no-
vos empregos. De acordo com um estudo sobre
o comportamento da banca angolana em 2007,
da empresa de consultoria Delloite, de Janeiro
a Junho desse ano, o crédito cresceu 30%, um
ritmo superior à evolução da base dos depósi-
tos. Com o alcance da paz em Abril de 2002,
Angola começou a trilhar irreversivelmente a
rota do desenvolvimento e tal desiderato de-
verá ser assegurado por um sistema bancário
nacional forte, capaz de dar resposta às neces-
sidades do mercado, facto sustentado pelos
indicadores dos quatro maiores bancos comer-
ciais do país (BPC, BIC, BAI e BFA), publicados
nos últimos estudos sobre a banca angolana.
Os estudos mostram que estas instituições e
outras estão a apoiar, à medida do possível, a
reconstrução das infra-estruturas, o relança-
mento da actividade produtiva e a expansão
da actividade comercial em todo o território.
Segundo estimativas do Banco Mundial, se
Angola manter, nos próximos tempos, a actu-
al tendência de crescimento na ordem de 18%
ao ano, até 2010 o Produto Interno Bruto (PIB)
poderá atingir os 100 mil milhões de dólares.
Se assim acontecer, o país estará muito pró-
ximo de alcançar a segunda maior economia
da África Subsahariana, a Nigéria. Para que tal
crescimento seja sustentável, a longo prazo,
é necessário que os 16 existentes no merca-
do (BPC, BAI, BIC, BFA, Besa, BDA, VTB-África,
Tota Angola, Millennium, BCI BCA, BNI, BANC,
Keve, BPA e Sol) alarguem os seus fi nancia-
mentos a projectos ligados ao ressurgimento
da indústria de aço, metalúrgicas, estaleiros
navais, agricultura, investigação científi ca, daí
a necessidade urgente de se diversifi car o cré-
dito para estas áreas de actividade.
BANCA AO PORMENORO crescimento exponencial dos bancos ango-
lanos nos últimos anos permite que existam
hoje operadores que, pela sua actual dimen-
são, estão próximos de fi gurar no ranking dos
1000 maiores bancos do mundo. O forte de-
senvolvimento operado pelo sector bancário,
aliado à actual crise fi nanceira global implica,
no entanto, maiores responsabilidades para a
gestão dos seus operadores ao nível da mo-
dernização das práticas bancárias e dos canais
de distribuição, considerada uma prioridade
em função da abertura próxima do mercado de
capitais no país.
Os valores dos activos do sector bancário, tal como se tem veri-fi cado nos últimos anos, con-tinuam a apresentar níveis de crescimento elevados
ACTIVOSNa análise à estrutura do activo, em termos
gerais, verifi ca-se o aumento dos pesos dos
activos de crédito (de 26% para 38%) e das
obrigações e títulos (de 22% para 26%) no to-
tal dos activos do sector. O aumento do crédito
concedido resulta do esforço de reconstrução
nacional, da revitalização de outros sectores
que não o petrolífero e do reforço da rede ha-
bitacional do país. O incremento do nível de
obrigações de tesouro dos bancos resulta, es-
sencialmente, das emissões de OT’s lideradas e
colocadas nas instituições de crédito angolana.
DEPÓSITOSO crescimento exponencial dos bancos an-
goEm 2007, o total de depósitos continuou a
apresentar um crescimento signifi cativo, na
ordem dos 45%, passando dos 617 biliões AKZ
para os 896 biliões AKZ (vs. crescimento de
cerca de 61% em 2006). Os depósitos à ordem,
no fi nal de 2007, representavam cerca de 80%
do total de depósitos, revelando um acréscimo
de 10 p.p. face a 2006, e totalizando cerca de
714 biliões AKZ. Já no que toca à estrutura dos
depósitos por moeda, assistiu-se a uma maior
confi ança dos clientes na moeda nacional, re-
sultado das políticas macroeconómicas de es-
tabilização do Kwanza por parte do governo,
tendo o peso dos mesmos aumentado para
41% em 2007.
Os depósitos angariados regis-taram um crescimento de 45%
Registou-se uma alteração nas quotas de
mercado, por depósitos, dos diversos operado-
res, face a 2006. Assim, o BFA, que liderava no
fi nal de 2006 com uma quota de 23%, seguido
do BAI (21%) e do BPC (20%), foi ultrapassado
por estes dois bancos em 2007. O BAI registou
uma quota de mercado de 24%, face aos 20%
apresentados pelo BPC e os 17% do BFA.
O BAI passou a liderar o ranking da banca por depósitos
Embora se tenha registado a entrada de dois no-
vos operadores no mercado em 2007, o grau de
concentração dos depósitos ainda permanece
elevado. Assim, os 4 primeiros bancos concen-
tram 74% do total dos depósitos, facto que re-
vela, contudo, uma maior dispersão face a 2006,
quando estes concentravam cerca de 76%.
CRÉDITONo ano de 2007, o total de crédito líquido con-
cedido pelo sector bancário manteve a ten-
dência de crescimento dos anos anteriores,
apresentando um incremento, face ao ano
transacto, de cerca de 83% (sem considerar os
activos de crédito do BDA).
O total do crédito vencido, apesar do cresci-
mento de 25%, em termos absolutos, apre-
senta, em termos relativos, um decréscimo
importante, o que é revelador da maior pru-
dência do sector na avaliação dos activos de
crédito (passou dos 3,69% de 2006 para os
3,30% em 2007).
O crédito líquido concedido re-gistou um crescimento de 83%
O crédito em moeda estrangeira representa-
va cerca de 69% do crédito concedido no fi nal
de 2007, versus os 70% registados em 2006.
Continua, desta forma, a verifi car-se um de-
sequilíbrio evidente entre o peso do Kwanza
no total dos depósitos angariados e do crédi-
to concedido pelo sector. Os bancos BFA, BPC,
BIC e BESA detêm, em conjunto, um peso bas-
tante signifi cativo de 73% sobre o total do
crédito, cabendo ao primeiro a liderança nes-
te indicador. O rácio de transformação (Crédito
Líquido sobre Depósitos Totais) manteve a sua
trajectória de crescimento, passando de 45%
para 56%. Este acréscimo, resulta, como an-
teriormente já tinha sido referido, da dinâmica
de reconstrução e revitalização do país, aliado
à maior confi ança do Estado na Banca Ango-
lana. Neste indicador em particular, realça-se
a performance dos operadores BNI, BMA, BFA,
BESA e BRK durante 2007.
O BNI apresenta o rácio de transformação mais elevado do sector
RENTABILIDADE E PRODUTIVIDADEEm 2007, o sector bancário angolano regis-
tou um crescimento positivo da sua rentabi-
lidade. Assim, em termos gerais, assiste-se a
uma evolução positiva do agregado ROE – lu-
cros líquidos do sector sobre capitais próprios
investidos, que em 2006 apresentava um rá-
cio de 26,96% e, em 2007, atingiu os 28,86%.
Este aumento resultou, essencialmente, do
acréscimo da actividade creditícia dos ban-
cos e da ligeira subida do spread de juros,
factores que se refl ectiram no maior peso da
margem fi nanceira sobre o produto bancário
(57% em 2007, vs. 49% em 2006). A rentabili-
dade dos activos médios (ROAA), de cerca de
3,08%, manteve-se
praticamente inalterada, refl exo do forte in-
vestimento dos operadores na expansão da
sua actividade. Numa análise por entidade
bancária, assistimos a uma liderança por par-
te do BIC, cujo ROE registou um acréscimo de
48% em 2006, para 52% em 2007, sendo se-
guido pelo BESA (47%) e pelo BNI (42%). Pe-
la negativa, destaca-se o decréscimo no seu
ROE operado pelo BFA, de 34% para 27%.
O ROE atingiu os 28,9%, em 2007
O spread de juros do sector registou uma li-
geira subida, passando de 5,63% em 2006
para 5,88% em 2007. No sector bancário an-
golano, o BFA e o BAI são os bancos que apre-
sentam o resultado antes de impostos (RAI)
mais elevado: USD 143 milhões e USD 114 mi-
lhões, respectivamente. A performance do
BAI permitiria colocar este banco na 16ª po-
sição do TOP 20 da África Subsariana, caso
tivesse sido incluído no estudo anual promo-
vido pela The Banker. No que toca à rentabi-
lidade dos activos totais (ROA), os 5 maiores
bancos angolanos apresentam rentabilidades
entre os 1,7% e 3,7%, demonstrativa da maior
rentabilidade do sector nacional, em compa-
ração com os bancos subsarianos listados no
ranking.
EFICIÊNCIA Em 2007, o cost-to-income do sector (o rácio
entre a soma dos gastos gerais administra-
tivos mais amortizações do exercício sobre o
produto bancário) apresentou uma melhoria
face a 2006, diminuindo de 46% para 42%.
Todavia, os valores destes rácios ainda se en-
contram distantes dos níveis de efi ciência da
banca internacional. A necessidade de reforço
dos sistemas de controlo interno e análise de
risco global das instituições de crédito, e o in-
vestimento essencial em canais alternativos
ao tradicional front-offi ce poderá, no curto
prazo, vir a agravar este indicador. No que res-
peita a este indicador, o banco BAI assumiu a
liderança do mercado, melhorando o seu grau
de efi ciência dos 40% para 27% em 2007, e
apesar do esforço empreendido na expansão
da sua rede de balcões. Em seguida fi guram
o BTA, o BNI e o BFA, com níveis de efi ciência
na ordem dos 29%, para o primeiro e de 31%
para os últimos dois operadores citados. Anali-
sando o rácio dos custos de transformação por
balcão, registou-se, em 2007, a um aumento
face ao ano anterior, passando o seu valor de
82 milhões de AKZ para os 88 milhões de AKZ.
Simultaneamente, verifi cou-se um melho-
ramento do índice de produtividade (produto
bancário sobre o número médio de emprega-
dos), o qual passou dos 10 milhões de AKZ pa-
ra os 12 milhões de AKZ em 2007. Analisando o
rácio cost-to-income do TOP 20 do The Banker
relativo à África Subsariana, conclui-se que o
nível de efi ciência da banca angolana em ter-
mos consolidados é excelente. *tica de estabi-
lização macroeconómica que tem sido seguida
pelo Governo angolano.
sabia que...Tendo em conta a necessidade de se fi nanciar projectos de desenvolvimento a médio e longo prazos, dois acontecimentos históricos económicos foram assinalá-
veis em 2007: o início das operações de fi nanciamento do Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA), constituído 100% por capitais do Estado, e o começo das
actividades do VTB-África, uma instituição de capitais russos e angolanos, cuja missão é fi nanciar grandes projectos, como a construção estradas, portos, aeropor-
tos, barragens, caminhos de ferro, entre outras infra-estruturas
posição
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n/a
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n/a
n/a
(...)
18
19
20
������������� ��������������� ������������ ����fonte: the banker e relatório dos bancos de angola
banco
Standard Bank Group (Stanbank)
Firstrand Banking Group
Nedbank
Investec
Intercontinental Bank Pic
Access Bank
United Bank for Africa
Zenith Bank
Oceanic Bank
First Bank of Nigeria
Guaranty Trust bank
Union Bank of Nigeria
BAI
Ecobank Transnational
Mauritius Commercial Bank
BFA
Platinium-Habib Bank
BPC
BIC
BESA
African Bank
Spring Bank
IBTC Chartered Bank
top 20 áfrica subsariana usd’000’000
país
África do Sul
África do Sul
África do Sul
África do Sul
Nigéria
Nigéria
Nigéria
Nigéria
Nigéria
Nigéria
Nigéria
Nigéria
Angola
Togo
Maurícias
Angola
Nigéria
Angola
Angola
Angola
África do Sul
Nigéria
Nigéria
activos
174.920
76.901
71.454
46.813
11.781
10.055
9.479
8.716
8.265
6.855
6.225
5.460
3.574
3.504
3.479
3.474
3.001
2.787
2.276
1.890
1.051
992
861
ano
1976
1991
1993
1993
1997
1999
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2006
2006
2007
2007
2007
2008
���������������������������fonte: bna e relatórios dos bancos
nota: o bda não foi sujeito a análise
banco
Banco de Poupança e Crédito, S.A.R.L.
Banco de Comércio e Indústria, S.A.R.L.
Banco Totta de Angola, S.A.
Banco de Fomento, S.A.R.L.
Banco Africano de Investimentos, S.A.
Banco Comercial Angolano, S.A.R.L.
Banco Sol, S.A.R.L.
Banco Espírito Santo Angola, S.A.R.L.
Banco Regional do Keve, S.A.
Novo Banco, S.A.
Banco Bic, S.A.
Banco Privado do Atlântico, S.A.
Banco Millennium Angola, S.A.
Banco de Negócios Internacional, S.A.
Banco de Desenvolvimento de Angola
Banco VTB - África, S.A.
Banco Angolano de Negócios e Comércio, S.A.
Finibanco Angola, S.A.
31 ECONOMIA & NEGÓCIOS · ANGOLA’IN |
ECONOMIA & NEGÓCIOS | manuela bártolo
32 | ANGOLA’IN · ECONOMIA & NEGÓCIOS
pirâmide invertida
INOVAÇÃO, COMPETIÇÃO E RIQUEZAApós dois anos de pesquisas e um investi-
mento de 6,9 milhões de dólares, o Massachu-
setts Institute of Technology (MIT), celebrado
centro de ensino e investigação norte-ameri-
cano, desenvolveu a prótese de pé e tornozelo
mais avançada do mundo. O modelo é equipa-
do com um pequeno motor e sensores eletró-
nicos que, entre outros avanços, reproduzem
de maneira espantosa o trabalho de músculos
e tendões. “É uma simulação quase perfeita
do andar humano”, afi rma Hugh Herr, chefe do
grupo de investigadores. “Não dá para notar
se a pessoa que utiliza a prótese está a man-
car.” O pé biónico do MIT deve chegar ao mer-
cado até ao fi nal deste ano, mas será acessível
a poucos. Cada prótese custará cerca de 25 mil
dólares, o que a torna uma possibilidade dis-
tante para 85% dos mais de 20 milhões de
pessoas no mundo que sofreram amputação
abaixo do joelho. A maioria dos mutilados vi-
ve em países pobres e perdeu parte dos mem-
bros inferiores em tragédias como guerras e
doenças. Para eles, a melhor opção disponí-
vel no mercado é uma prótese desenvolvida
por uma equipa de especialistas da cidade de
Jaipur, na região noroeste da Índia. Feito de
madeira, borracha vulcanizada e alumínio, o
produto evidentemente não tem o mesmo as-
pecto moderno e os recursos do equipamento
do MIT, mas funciona admiravelmente bem. O
Jaipur Foot, como foi baptizado, permite que o
usuário volte a andar, correr, conduzir, pedalar,
subir árvores e levar uma vida sem as limita-
ções de uma cadeira de rodas ou de um par de
muletas. Além disso, tem a grande vantagem
de custar apenas 40 dólares — o que signifi ca
que o dinheiro pago por uma prótese desen-
volvida pelo MIT compraria 625 unidades do
Jaipur Foot. “Este é um grande exemplo de co-
mo usar a criatividade para atender o mercado
de baixa renda”, afi rma o consultor indiano C.K.
Prahalad, professor de economia da Universi-
dade de Michigan, nos Estados Unidos, e autor
do livro ‘A Riqueza na Base da Pirâmide’. Cerca
de 90 mil unidades do Jaipur Foot são distri-
buídas actualmente por ano em países como
o Afeganistão, Angola e Camboja. As primei-
ras unidades foram desenvolvidas em 1968 e
até hoje, apesar das inúmeras tentativas de
concorrentes, ninguém conseguiu chegar a
um produto com a mesma relação custo/be-
nefício. A prótese surgiu de uma parceria entre
dois indianos, o médico Pramod Karan Sethi e
o artesão Ram Chandra. Os dois conheceram-
se nos anos 60 quando trabalhavam no Sawai
Man Singh Hospital, em Jaipur. Na época, Sethi
fazia parte de uma equipa que tentava desen-
volver um modelo de prótese com materiais
mais baratos, sem perda de resistência. Chan-
dra entrou na história por acaso. Certa vez, ao
levar o pneu da sua bicicleta para um conserto,
prestou atenção na borracha vulcanizada utili-
zada para tapar o buraco. Saiu de lá com a im-
pressão de que o material poderia ser útil aos
colegas do hospital que pesquisavam a nova
prótese. Sethi gostou da sugestão e os dois
passaram a trabalhar juntos. Enquanto o mé-
dico construiu as articulações da prótese, o ar-
tesão encarregou-se de dar forma estética ao
produto. O resultado foi a prótese adaptada às
necessidades de moradores de países pobres
— andar descalço, realizar trabalhos braçais,
caminhar e correr sobre pisos molhados — e re-
sistente para durar mais de cinco anos.
O sonho é da pirâmide social invertida, onde mais e mais pessoas tenham acesso a canais de crescimento e de qualidade de vida, para que possam promover o próprio sustento e dedicarem-se ao progresso das suas comunidades
Como a Índia se tornou uma referência mundial no desenvolvimento de produtos e serviços para a população mais pobre
33 ECONOMIA & NEGÓCIOS · ANGOLA’IN |
EM PROL DOS MAIS NECESSITADOSA mais famosa das inovações indianas não
tem fi ns lucrativos. O Jaipur Foot é distribuí-
do gratuitamente pela ONG indiana Bhagwan
Mahaveer Viklan Sahayata Samiti (BMVSS).
A entidade foi criada pelo economista D.R.
Mehta, que tomou contacto com o Jaipur Foot
em circunstâncias trágicas. Em 1969, sofreu
um grave acidente de carro e precisou de dois
anos e meio de fi sioterapia para não perder a
perna esquerda. Durante esse período, Mehta
acompanhou as agruras dos amputados que
precisavam de uma prótese e acabou a conhe-
cer o Jaipur Foot. “Era o único produto adap-
tado às necessidades dos indianos”, revela
Mehta à revista Exame. Nessa época, porém,
poucos tinham acesso ao invento. O hospital
que o desenvolveu doava o produto, mas ti-
nha capacidade de fabricar apenas 50 próte-
ses por ano. Mehta criou, em 1975, a BMVSS
com o objectivo de levar o Jaipur Foot a um
número muito maior de pessoas. Ao longo
de mais de três décadas de actuação, a ONG
já forneceu cerca de 1,2 milhão de próteses a
amputados de 25 países. Cerca de 40% do or-
çamento da BMVSS vem de repasses do Go-
verno, outros 15% de doações particulares e o
restante de empresas como a americana Dow
Chemical. Mehta, hoje com 72 anos, conti-
nua na administração da BMVSS, sediada em
Jaipur. Na véspera de completar 40 anos de
existência, o Jaipur Foot continua a ser aper-
feiçoado. Com a ajuda do Centro de Pesqui-
sa Espacial da Índia, a borracha vulcanizada
foi substituída por poliuretano (um polímero
orgânico com textura semelhante à da bor-
racha, mas muito mais leve) e no lugar das
articulações de metal foi adoptado um ma-
terial plástico igualmente articulado e resis-
tente. De 850 gramas, o Jaipur Foot passou
a pesar apenas 350 gramas. Mais recente-
mente, a Universidade Stanford, nos Estados
Unidos, contribuiu para a BMVSS através da
criação exclusiva para o produto de uma má-
quina de molde a vácuo de quatro mil dólares.
O equipamento industrializa uma etapa que
até hoje é feita manualmente, o que poderá
aumentar de 100 para 1 500 o número de am-
putados atendidos diariamente pela ONG. O
Jaipur Foot é uma tecnologia de domínio pú-
blico, quem sabe quantos milhões de dólares
ela não valeria se tivesse sido patenteada?
A ASCENSÃO DOS POBRESEsta prótese faz hoje parte de uma ampla ga-
leria de inovações indianas destinadas a um
público consumidor com pouco poder aquisi-
tivo. Não é por acaso que o país se tornou o
maior laboratório do mundo para o desenvol-
vimento desse tipo de produto e serviço. Se-
gundo um estudo recente do Banco Mundial,
o número de indianos abaixo do limiar míni-
mo de pobreza é de 456 milhões de pessoas
(o equivalente a 35,5% da sua população).
Esse contingente sobrevive com uma renda
média até 40 dólares por mês. Consideran-
do-se o restante da população, existem 390
milhões de habitantes com renda a rondar
os 100 dólares por mês. “Esse é um imenso
mercado consumidor que não pode ser igno-
rado”, diz Stuart Hart, professor de negócios
globais sustentáveis da Universidade de Mi-
chigan. Para incluir essas pessoas no mercado
de consumo, as empresas locais têm-se des-
dobrado. O Instituto de Ciências da Índia, em
parceria com a British Petroleum, criou, em
2006, o fogão Oorja (que signifi ca “energia”
no idioma hindu). Tradicionalmente, as cozi-
nhas indianas são equipadas com fogões que
utilizam lenha ou querosene, combustíveis
caros e que produzem muito fumo. O Oorja,
além do preço atraente (17 dólares), elimina o
problema do fumo utilizando apenas gás de
cozinha e biomassa. Desde o seu lançamento,
o fogão fl ex já vendeu cinco mil unidades em
distritos rurais. Em tese, são os mesmos con-
sumidores da Bomba d’Água de Bambu. Feito,
como o nome sugere, quase inteiramente de
bambu, o equipamento custa 40 dólares e é
desenvolvido para pequenos agricultores, que
utilizam dois pedais para puxar água deposi-
tada até sete metros abaixo do solo.
EXEMPLOS QUE TRIUNFAMUma das grandes vantagens dos indianos na
criação de produtos e serviços a preços mais
acessíveis é a oferta de mão-de-obra bara-
ta no país, mesmo em sectores qualifi cados,
como a medicina. Em diversas especialida-
des, os profi ssionais do país viraram sinóni-
mo de qualidade e honorários baratos. Por
causa disso, a Índia recebeu no ano passado
mais de 450 mil turistas estrangeiros em bus-
ca de serviços médicos. Uma das áreas mais
procuradas é a oftalmologia. Em todo o país,
são realizadas 3,6 milhões de cirurgias nessa
área por ano. Procedimentos como uma cirur-
gia às cataratas custam 45 dólares — 15 vezes
menos que o valor cobrado, por exemplo, nos
Estados Unidos. O mesmo princípio vale para
as cirurgias cardíacas. Uma operação de ponte
A Índia tornou-se o maior laboratório do mundo para o desenvolvimento de um conjunto de produtos e serviços presentes numa ampla galeria de inovações in-dianas destinadas a um público consumidor com pouco poder aquisitivo
Uma das grandes vantagens dos indianos é a oferta de mão-de-obra barata no país, mesmo em sectores qualifi ca-dos, como a medicina
ECONOMIA & NEGÓCIOS
34 | ANGOLA’IN · ECONOMIA & NEGÓCIOS
de safena na Índia custa sete mil dólares, con-
tra os cem mil dólares num hospital america-
no. A tradição de boa qualidade de ensino no
país também é uma vantagem no desenvol-
vimento de inovações. Centros de excelência,
como as universidades da cidade de Bangalo-
re, também conhecida como o Vale do Silício
indiano, tornaram-se nos últimos anos gran-
des incubadoras de patentes. Uma das últi-
mas criações surgidas por lá foi um telemóvel
popular de 15 dólares. Desenvolvido pela em-
presa local Spice, deve chegar ao mercado até
Dezembro. Para baixar o valor do produto, os
engenheiros da Spice eliminaram o visor, a me-
mória da agenda telefónica e outros recursos.
“Vendemos apenas o telefone, nada mais”, diz
Bhupendra Kumar Modi, presidente da Spice.
“Continuamos a pesquisar para baixar o preço
até 10 dólares num futuro próximo.” O poten-
cial de vendas do produto é enorme. Do 1,1 bi-
liões de indianos, estima-se que 870 milhões
ainda não tenham um telemóvel.
‘O que falta às empresas e instituições fi nanceiras é o ensino de como lidar com a chamada “base da pirâmi-de” económica e social’, C.K. Prahalad
RIQUEZA NA BASE DA PIRÂMIDECoimbatore Krishnao Prahalad, ou C.K. Praha-
lad como é conhecido, é um indiano de nas-
cimento, naturalizado americano, físico por
formação na Universidade de Madras (Che-
nai), que iniciou a sua carreira como gerente
da Union Carbide. Para complementar os seus
estudos formou-se PhD em Harvard, dedican-
do-se, desde então, à sua carreira académica,
tanto na Índia, como nos Estados Unidos. Ho-
je é professor titular de Estratégia Corporativa
do programa de MBA da Universidade de Mi-
chigan e também conselheiro do Governo in-
diano para o empreendedorismo. Sem dúvida
que C.K. Prahalad é um dos maiores pensado-
res do mundo dos negócios, além de ser um
dos mais infl uentes especialistas em estra-
tégia empresarial da actualidade. Consagra-
do internacionalmente pela sua inestimável
contribuição ao pensamento estratégico cor-
porativo, é considerado um dos dez maiores
especialistas em administração e negócios do
mundo. Consultor e membro do conselho de
administração de empresas de classe mun-
dial, tem entre os seus clientes companhias
como o Citigroup, Colgate Palmolive, Cargill,
Motorola, Whirlpool, Oracle, Philips e Unilever.
No seu livro - ‘A Riqueza na Base da Pirâmide’
- Prahalad demonstra um interesse profundo
pelas camadas que se encontram no estrato
mais baixo da sociedade, em função da sua
experiência e conhecimento da Índia. País pe-
lo qual viajou em função da sua consultoria e
na busca de uma solução para a pobreza no
mundo. C.K. Prahalad desafi a a ordem eco-
nómica ao propor a “base da pirâmide” como
um mercado potencial para qualquer compa-
nhia explorar, defendendo a ideia de que: “A
fonte real do mercado não são os consumi-
dores médios ou emergentes que surgem no
mundo, mas sim biliões de pobres que aspi-
ram uma oportunidade de entrar num merca-
do do qual sempre fi caram à margem.” Para
Prahlad o que falta às empresas e instituições
fi nanceiras é o ensino de como lidar com essa
chamada “base da pirâmide” económica e so-
exemplos de sucesso1. Prótese Jaipur Foot
Inventores – Ram Chandra Sharma e o médico Pramod Karan Sethi
Características – A prótese é feita de borracha, montada numa base de madeira e alumínio
Preço – 40 dólares
2. Fogão Flex
Inventores – British Petroleum e Instituto de Ciências da Índia
Características – A sua base é feita de cerâmica e funciona tanto a gás, como com biomassa
Preço – 17 dólares
3. Bomba d’água de Bambu
Inventores - Gunnar Barnes de Rangpur e Dinapjur Rural Service
Características – Ao invés de um motor, o equipamento vem com dois pedais acoplados
para o próprio agricultor fazer a força necessária para bombear a água
Preço - 40 dólares
cial. Há no mundo quatro biliões de pessoas
que vivem com cinco dólares por dia. Um terço
dessa população sobrevive com menos de um
dólar. Se as empresas, agindo em seu próprio
interesse, melhorarem a vida dessas pesso-
as, segundo Prahalad, estarão a abrir um gi-
gantesco mercado, ávido e capaz de consumir
produtos e serviços criados sobre medida para
essa parcela da humanidade. Para isso é preci-
so inovar, baixando custos e colocando na pra-
teleira aquilo que é alcançável por quem está
nesse estrato sócio-económico. No seu livro
mais recente – O Futuro da Competição -, es-
crito em parceria com Venkat Ramaswamy -
Prahalad desafi a a noção tradicional de valor e
de criação de valor. Para ele as empresas não
fazem o sufi ciente para aproveitar as oportu-
nidades que surgem com a globalização. Nes-
te novo mundo, o cliente é uma fi gura mais
pró-activa, logo as regras do jogo mudaram:
não basta apenas servir, é necessário criar um
valor real para o consumidor. Pois o conceito
de valor já é outro. Para isso, além de admitir
limitações, é necessário sair do que eles cha-
mam de “zona de conforto” para ingressar nas
novas “zonas de oportunidades”.
d t t t
ECONOMIA & NEGÓCIOS | manuela bártolo
36 | ANGOLA’IN · ECONOMIA & NEGÓCIOS
os gigantestambém caem?
A economia do Japão é um fl orescente complexo de indústria, comércio, fi nanças, agricultura
e todos os outros elementos de uma estrutura económica moderna. O país encontra-se num
avançado estágio de industrialização, suprida por um poderoso fl uxo de informação e uma
rede de transportes altamente desenvolvida. Um dos seus traços é a importante contribuição
da indústria e da prestação de serviços, tais como o transporte, do comércio grossista e reta-
lhista e dos bancos ao produto interno líquido do país, no qual os sectores primários, como a
agricultura e a pesca, têm hoje em dia uma quota menor. Outro dado relevante é a importância
relativa do comércio internacional na economia japonesa. O Japão é um país pouco dotado de
recursos naturais e que sustenta uma população de mais de 120 milhões de habitantes numa
área relativamente pequena. Contudo, apesar dessas condições restritivas e da devastação
do seu parque industrial durante a II Guerra Mundial, o país conseguiu não apenas reconstruir
a sua economia, mas também tornar-se uma das principais nações industrializadas do mun-
do. Ao mesmo tempo, o processo de rápida expansão industrial, junto com as mudanças nas
condições económicas japonesas e internacionais ocorridas nos últimos anos, criaram vários
problemas económicos que o país enfrenta hoje em dia.
O Japão é um país pouco dotado de recursos naturais e que sustenta uma população de mais de 120 milhões de habitantes numa área relativamente pequena
DIAS NEGROSLamentamos profundamente. A frase, profe-
rida pelo presidente da Yamato Life Insurance
Co., Takeo Nakazono, antes de fazer uma lon-
ga reverência diante das câmaras de televisão,
tratava-se do anúncio, à boa maneira oriental,
da primeira quebra de uma instituição fi nan-
ceira japonesa esmagada pela crise mundial de
crédito. A maior parte dos bancos e instituições
fi nanceiras no Japão evitou prejuízos mais gra-
ves até ao momento, situação diferente dos
seus pares americanos e europeus. A Yamato,
uma seguradora de porte médio e de capital
fechado, com aproximadamente 1000 empre-
gados e 1 trilião de ienes (US$ 10 biliões) em
apólices individuais de seguros parece ser um
caso atípico. Nakazono divulgou que o rombo
da seguradora é de 11 triliões de ienes (US$ 111
biliões) devido a uma descida rápida e drásti-
ca nos preços mundiais de acções provocada
pela crise, cuja alavanca foram as hipotecas
de alto risco nos EUA. A empresa vinha acti-
vamente a procurar retornos de investimentos
para cobrir altos custos operacionais, alocando
uma proporção relativamente alta dos seus in-
vestimentos em activos alternativos, incluin-
do fundos de hedge. A maior parte dos 170 mil
contratos individuais da Yamato serão prote-
gidos pela Life Insurance Corporation do Japão,
mas o dinheiro assegurado e os benefícios po-
dem ser cortados, informou um porta-voz da
Yamato. Ministros japoneses e participantes
do mercado disseram que a Yamato, que pro-
curou investimentos de alto risco, não é uma
empresa típica do sector de seguros do Japão e
que o colapso da companhia não signifi ca que
outras instituições fi nanceiras terão o mesmo
destino. A quebra da Yamato ocorreu a meio
de uma forte desvalorização da bolsa de Tó-
quio. O pânico dos investidores estrangeiros
em fuga fez com que esta registasse a maior
queda percentual num único dia. O índice Ni-
kkei, que agrupa, sobretudo, papéis da indús-
tria eletrónica, desceu 9,62%, para fechar no
nível mais baixo dos últimos cinco anos. Este
pânico foi também fortemente infl uenciado
pela bancarrota do primeiro fundo fi duciário
imobiliário do país cotado na bolsa, o New City
Residence Investment.
A participação directa do Estado nas actividades económicas é limitada, embora o controlo ofi cial e a sua infl uência sobre as empresas seja maior e mais intenso que na maioria dos países com economia de mercado
INTERVENÇÃO DO ESTADO NA ECONOMIAO Japão tem uma economia próspera e bem
desenvolvida, baseada principalmente em
produtos industriais e serviços. No entanto, o
seu sistema de gestão apresenta característi-
cas muito peculiares. Ainda que a participação
directa do Estado nas actividades económicas
seja limitada, o controlo ofi cial e a sua infl u-
ência sobre as empresas é maior e mais inten-
so que na maioria dos países com economia
de mercado. Esse controlo não se exerce por
meio de legislação ou acção administrativa,
mas pela orientação constante do sector pri-
vado e pela intervenção indirecta nas activi-
dades bancárias. Existem, também, várias
agências e departamentos estatais relacio-
nados com diversos aspectos da economia,
como exportações, importações, investimen-
tos e preços, assim como desenvolvimento
económico. O objectivo dos organismos ad-
ministrativos é interpretar todos os indicado-
res económicos e responder imediatamente
e com efi cácia às mudanças conjunturais.
A mais importante dessas instituições é a
Agência de Planeamento Económico, subme-
tida ao controlo directo do primeiro-minis-
tro, que tem a importante missão de dirigir
dia-a-dia o curso da economia nacional e o
planeamento a longo prazo. De maneira ge-
ral, esse sistema funciona satisfatoriamen-
te e sem crises nas relações entre Governo
e empresas, devido à excepcional autodisci-
plina dos empregados japoneses em relação
às autoridades e ao profundo conhecimento
do governo sobre as funções, necessidades e
problemas dos negócios. O ministro da Finan-
ças e o Banco do Japão exercem considerável
infl uência nas decisões sobre investimentos
de capital, devido à estreita interdependência
entre as empresas, os bancos comerciais e o
banco central. As Ferrovias Nacionais Japone-
sas são a única empresa estatal.
O grau de dependência entre o Banco do Japão, os bancos comerciais e a indústria é muito superior em relação aos demais países industrializados
FINANÇASO sistema fi nanceiro japonês apresenta al-
gumas peculiaridades se comparado a outros
países desenvolvidos. Em primeiro lugar, o
crédito bancário desempenha um papel pri-
mordial na acumulação de bens de capital.
Em segundo lugar, o grau de dependência
entre o banco central (Banco do Japão, criado
em 1882), os bancos comerciais e a indústria
INDÚSTRIAA característica mais notável do crescimen-
to económico do Japão após a II Guerra Mun-
dial foi a rápida industrialização. O “milagre
económico” japonês fi cou patente tanto no
crescimento quantitativo, como na qualida-
de e variedade dos produtos e no alto nível
tecnológico. O país alcançou, com os Estados
Unidos, a liderança da produção em quase to-
dos os sectores industriais. Uma das nações
mais industrializadas do mundo, é também
um dos maiores produtores de navios, auto-
móveis, fi bras e resinas sintéticas, papel, ci-
mento e aço, além de produtos eletrónicos de
alta precisão e equipamentos de telecomuni-
cações. O crescimento económico atribui-se
preços, tem permitido ao país exportar gran-
de parte dos seus produtos manufacturados
e equilibrar a balança comercial. Por outro la-
do, a expansão internacional das empresas
permitiu a ampliação do mercado nos países
consumidores de produtos japoneses, por
meio da construção ou compra de fábricas,
ou por associação com produtores desses pa-
íses. Essa estratégia observa-se claramente
no sector automóvel: as principais empresas
japonesas estabeleceram parcerias com gru-
pos noutros países.
TRANSPORTESAté ao fi m do século XIX, a maior parte dos
japoneses viajava a pé. A primeira ferrovia foi
EM ANÁLISEO PIB (Produto Interno Bruto) do Japão recuou, no último trimestre do ano passado, 12,7%,
sendo esta a maior queda percentual do PIB dos últimos 35 anos. Este é o resultado da pior crise
vivida no país desde o fi m da II Guerra Mundial (1939-1945), facto que coloca a segunda maior
economia do mundo --atrás apenas dos Estados Unidos-- num cenário de grave recessão. Duran-
te todo o ano de 2008, a economia japonesa caiu 0,7%, pela primeira vez em nove anos. Actual-
mente o país está aplicar um novo pacote de estímulo económico para combater a crise. Uma
ajuda que pode chegar a US$ 109 biliões. As medidas iniciadas pelo Governo prevêem o fi nan-
ciamento de grandes projectos públicos, como a reconstrução de aeroportos e outras obras de
infraestrutura, ao mesmo tempo que estimula o desenvolvimento de empresas com projectos
ecologicamente sustentáveis. Segundo vários analistas, a recuperação da economia japonesa só
chegará no último trimestre deste ano, altura em que estima um crescimento de 0,97% após seis
trimestres consecutivos de contracção. A pior recessão no Japão durou 36 meses, no início dos
anos 80, quando a economia do país foi atingida pelas consequências dos choques do petróleo
37 ECONOMIA & NEGÓCIOS · ANGOLA’IN |
é muito superior em relação aos demais pa-
íses industrializados. Tóquio é um dos mais
importantes centros fi nanceiros do mundo e
o seu mercado de acções equipara-se aos de
Londres e Nova Iorque.
principalmente ao rápido crescimento dos in-
vestimentos, à concentração da indústria em
grandes empresas e à cooperação entre Go-
verno e empresários. A sólida posição indus-
trial do Japão, tanto em qualidade, como em
ECONOMIA & NEGÓCIOS
38 | ANGOLA’IN · ECONOMIA & NEGÓCIOS
construída em 1872, entre Tóquio e Yokohama.
Na segunda metade do século XX, estabele-
ceram-se no Japão as ferrovias mais rápidas e
automatizadas do mundo e a quantidade de
veículos e camiões cresceu exponencialmente.
A rede de comunicações e os correios são de pri-
meira qualidade. O país possui uma das princi-
pais frotas mercantes do mundo e as suas linhas
aéreas chegam a todos os grandes aeroportos
internacionais. As zonas industriais -- Tóquio, a
área metropolitana de Osaka (que inclui Osaka,
Kobe e Kyoto) e a de Nagoya -- apresentam ex-
celente rede de transporte. Os principais portos
são Yokohama, Kobe, Nagoya, Kawasaki, Chiba,
Kita-Kyushu, Mizushima e Sakai.
NOVAS ELEIÇÕES A recente dissolução do parlamento japonês,
Dieta, e a convocação de novas eleições vão
modifi car as relações de forças políticas na Câ-
mara Baixa no Japão. Afectado pelas disputas
políticas nacionais e pelos problemas econó-
micos internacionais, o último Governo termi-
na antes de completar um ano. As difi culdades
que se apresentaram ao longo desse período
de governação, frustraram as expectativas de
que esse governo japonês pudesse ter boas re-
alizações. Havia expectativas optimistas em
relação ao mandato de Aso, pois era tido co-
mo um líder carismático e de opinião própria,
características que o aproximava do perfi l de
Junichiro Koizumi, que permaneceu no cargo
de primeiro-ministro por um período longo
- Abril de 2001 a Setembro de 2006 - e con-
seguiu bons resultados económicos. Os objec-
tivos imediatos do primeiro-ministro Aso era a
recuperação da dinâmica económica do país e,
com isso, buscar a revitalização do partido que
já apresentava popularidade decrescente. No
entanto, sabia-se que não seriam tarefas fá-
ceis, pois o seu partido (PLD) havia perdido a
maioria na Câmara Alta em 2007, ainda na ges-
tão de Shinzo Abe, sucessor de Koizumi. Essa
realidade tornara muito difícil a aprovação de
medidas pelo Governo, enfraquecendo a capa-
cidade de gestão de Aso. Em 2008, foi a crise
económica internacional, que teve o pedido de
concordata pelo quarto maior banco de inves-
timentos dos Estados Unidos, Lehman Bro-
thers, em meados de Setembro como um dos
seus ícones, que atingindo de maneira direc-
ta a economia japonesa
aprofundou as difi cul-
dades para o governo de
Aso. O PIB real do Japão
contraiu -3,6% no últi-
mo trimestre de 2008
e -3,8% no primeiro tri-
mestre de 2009, o que em termos anuais,
comparando com os mesmos períodos do ano
anterior, reduziram respectivamente -13,5% e
-14,2%. As exportações também foram afecta-
das. De acordo com os dados da Japan External
Trade Organization, a queda no primeiro tri-
mestre 2009 foi de –38,7%, comparadas com o
período homólogo. Esses factos antecederam
o início do Governo, mas o primeiro-ministro
Aso também contribui para o seu enfraqueci-
mento. Em razão dos fracos resultados eco-
nómicos, no início de 2009, a popularidade de
Aso estava ao redor de 10%. E o episódio de
embriaguês do Ministro das Finanças, Shoichi
Nakagawa, durante uma apresentação na en-
trevista colectiva do G-7, realizada em Roma
em Fevereiro, contribuiu para deteriorar a ima-
gem do gabinete. Desde a ascensão de Aso ao
cargo, a oposição reivindicava a dissolução da
Câmara Baixa e a convocação de eleições, por
causa da fraqueza do Governo e da baixa po-
pularidade. A esperança de Aso era de que as
medidas económicas pudessem surtir efeito e
fortalecer a sua posição para somente então
convocar novas eleições. O facto é que o Ja-
pão continuou a viver difi culdades económicas
e a baixa popularidade fortaleceu as pressões
dentro do PLD para que este deixasse o car-
go. Actualmente, o partido está diante de um
grande desafi o, que é conseguir manter a sua
representação na próxima eleição. Em Julho, de
acordo com a pesquisa do jornal Asahi Shim-
bun antes do anúncio da dissolução da Câma-
ra, o apoio da população ao PLD era de cerca de
20% e, de acordo com o mesmo estudo, a ex-
pectativa já era de que o Partido Democrático
do Japão iria aumentar a participação na Câma-
ra. A investigação realizada pelo jornal Mainichi
Shimbun, confi rmou essa posição da popula-
ção ao apresentar que 56% da opinião pública
japonesa deseja que o Partido Democrático do
Japão (PDJ) vença as próximas eleições. E, caso
Uma das nações mais industrializadas do mundo, é também um dos maiores produtores de navios, automóveis, fi bras e resinas sintéticas, papel, cimento e aço, além de produtos eletrónicos de alta precisão e equipamentos de telecomunicações
ocorra, a mudança na relação de forças políti-
cas no Japão, desta vez, pode ser mais dura-
doura do que aconteceu no inicio da década de
1990, quando a oposição chegou ao poder co-
mo Morihiro Hosokawa pelo Novo Partido do
Japão. O novo governo poderá ser benefi ciado
pela melhoria da economia internacional, cujos
resultados positivos começam a surgir e po-
derão infl uenciar positivamente a situação no
Japão. E possíveis bons resultados podem dar
maior popularidade ao novo ministro que será
eleito em Setembro. Caso o PDJ conquiste uma
maioria que permita eleger o primeiro-minis-
tro, terá também como ponto favorável a go-
vernabilidade derivada do facto de já possuir,
juntamente com partidos da sua coligação, 118
cadeiras, entre as 242 da Câmara Alta. Não é
uma maioria absoluta, mas é uma representa-
ção bem mais confortável que a do PLD com
81 assentos. Esses factos podem contribuir pa-
ra o início de um novo período na política ja-
ponesa. A possibilidade da oposição chegar ao
comando do poder político do Japão é real, con-
forme mostram as pesquisas já mencionadas.
Entretanto, a sua capacidade de se manter
como governo ainda é incerta. Alguns fatores
que contribuem para esse cepticismo são: a) a
identifi cação do PDJ como principal partido de
oposição é discutível, uma vez que a sua lide-
rança é formada por dissidentes do PLD. Yukio
Hatoyama, o actual presidente foi membro do
PLD até 1993; b) o próprio PDJ foi recentemen-
te atingido por escândalos. O presidente do
partido até Maio deste ano, Ichiro Ozawa, que
foi secretário geral do PLD em 1989, renunciou
por causa de denúncias que o acusavem de re-
ceber doações ilegais e que envolviam o seu
secretário; c) não deverão ocorrer grandes mu-
danças. Os actuais líderes do PDJ além de se-
rem dissidentes do PLD, não apresentaram até
ao momento propostas inéditas para o país. Is-
so poderá fazer com que a população frustre as
suas expectativas de transformação. O quadro
da política japonesa é, portanto, de expectati-
vas. Devemos provavelmente ver mudanças de
nomes, de lideranças no governo, no entanto,
reais transformações políticas não serão fac-
tos consumados mesmo com uma possível vi-
tória da oposição.
40 | ANGOLA’IN · ECONOMIA & NEGÓCIOS
ECONOMIA & NEGÓCIOS | manuela bártolo
o desafi oda liquidez
Os economistas podem falar sobre se esta crise
se compara à crise do início dos anos 80 do sé-
culo XX, mas, em Dezembro de 2008, o preço
do risco do crédito empresarial chegou ao ní-
vel mais alto desde a Grande Depressão, como
relata a história. Razão pela qual, uma crise de
liquidez pode ser actualmente uma via muito
mais rápida para a morte do que os desafi os
operacionais. E muitas das empresas moder-
nas enfrentam ambos os problemas. Com os
preços das acções a atingirem mínimos e o
apetite pelo risco a arruinar o mercado de ca-
pitais, onde podem as empresas satisfazer as
suas necessidades de capital? Para um futuro
imediato e previsível, terão de se virar para si
próprias. A importância da força fi nanceira e
da liquidez estratégica nos mercados de ho-
je não pode ser exagerada. Esta proporciona
uma força que impulsiona o valor da empre-
sa e ajuda a manter as operações, a aumentar
o poder de negociação, a melhorar a posição
competitiva e a apoiar o investimento durante
épocas mais turbulentas. Tudo isto sugere al-
guns imperativos fi nanceiros novos:
• Implementar um programa melhor de gestão de risco fi nanceiroAs empresas não conseguem lidar com a volatilidade da fl uidez do dinheiro imposta pelas maté-
rias-primas, pelas divisas e pelas fl utuações nas taxas de juro. Mas poucas empresas dedicaram
atenção sufi ciente a quantifi car, analisar e gerir a sua exposição líquida. Muitos gestores fi nan-
ceiros não compreendem totalmente as suas exposições, acreditam que já estão naturalmente
precavidas, acham que a precaução é demasiado dispendiosa ou relegam a precaução para o
mundo da “engenharia fi nanceira”. Isso tem de mudar.
• Desenvolver ou comprar liquidez estratégicaRelacionado com a gestão de risco está a concepção de uma estrutura de capital. Durante anos,
as empresas com boas classifi cações de crédito e com grandes quantidades de capital eram al-
vos preferenciais de banqueiros de investimento que defendiam os programas de reaquisição de
acções e de aumento de dívidas. Mas agora o capital é um bem estratégico. As empresas líde-
res de mercado estão a reter o capital, a vender bens inactivos e a cortar nos créditos bancários.
Estão a explorar outros veículos para uma liquidez secundária: linhas de crédito de apoio, fi nan-
ciamentos, vendas “leaseback” (vendas seguidas de locação) e mais contractos fl exíveis de com-
pras e outsourcing. As empresas estão a inverter a tendência dos programas de compras para
programas e dividendos de reaquisições. Também há um aumento nos métodos criativos para
reduzir a pressão e aumentar a força fi nanceira.
• Gerir o portefólio empresarial pelo valor e não pelo desempenhoQuando avaliam as unidades de negócio, a maioria das empresas ainda confi a nas métricas tra-
dicionais de desempenho fi nanceiro, como as margens, as receitas de operação e o retorno do
capital investido. Presume-se que estes são os parâmetros do valor. Mas, na verdade, este de-
sempenho já se refl ecte nos valores de mercado dos bens e estas métricas são inapropriadas
para as decisões relacionadas com o portefólio. Em vez disso, devem tomar decisões com base
No início de 2008, os empréstimos empresariais dirigiam-se para um ano recorde. Mas entretanto o mercado parou. Consegue explicar porquê?‘Uma crise de liquidez pode ser actualmente uma via muito mais rápida para a morte do que os desafi os operacionais’
no valor das receitas esperadas (fl uxos de fundo reduzidos ou FFR) contra o valor que obteriam
se eliminassem a unidade. A abordagem convencional de vender “cães” (unidades que crescem
pouco e têm poucos retornos) e de adquirir “estrelas” (unidades que crescem muito e rendem
muito) pode ser a estratégia mais dispendiosa, principalmente em época de crise. Mantenham
os bens, em vez disso, quando acreditam que o FFR é maior do que os resultados líquidos de
uma venda.
• Controlar as fontes de valorHoje em dia, mais do que nunca, as estratégias falham na altura da execução e não por causa da
visão. A execução da qualidade exige que inúmeras decisões económicas e com base nos valores
sejam tomadas em todos os níveis da empresa – incluindo integrações, disposições, encerra-
mentos, outsourcing, promoções, alterações nos preços e proposições de valor. Estas decisões
dependem de uma base abrangente de factores económicos, mas a maior parte dos sistemas de
informação permanece concentrada na entrega de dados para as necessidades das entidades le-
gais. Se um painel signifi cativo de clientes, produtos e unidades em stock permanece um sonho
por realizar na sua empresa, está na hora de acordar e começar a usá-lo.
• Mover na direcção do crescimento, principalmente em mercados emergentesOs lucros empresariais tornaram-se cada vez mais dependentes da procura externa, com os lucros
internacionais a serem actualmente responsáveis por quase um terço dos lucros empresariais. A
sua estratégia global deve ter como base capacidades distintas desenvolvidas deliberadamente:
através de esforços internos orgânicos, de aquisições escolhidas para as capacidades que serão
obtidas através delas ou de acordos de colaboração.
• Avaliar as defesas contra aquisições. Os preços das acções actuais criam uma janela de oportunidade para os compradoresIsso faz com que os executivos se assegurem de que têm o tempo necessário para conceber e
executar uma resposta a um pedido de aquisição. Uma auditoria às defesas cobre quatro tópicos
básicos: estado geral e leis de aquisições empresariais, estrutura das políticas e da administra-
ção da empresa, processos de votação dos accionistas e preparação para uma aquisição (incluin-
do estratégias para evitar aquisições indesejadas) dentro das estruturas de gestão da empresa.
41 ECONOMIA & NEGÓCIOS · ANGOLA’IN |
Com os preços das acções a atingirem mínimos e o apetite pelo risco a arruinar o mercado de capitais, onde podem as empresas satisfazer as suas necessidades de capital?
COMPREENDER O FENÓMENOActualmente é cada vez mais importante
compreender a defi nição de “crise de liquidez”.
Senão vejamos, a tarefa clássica dos bancos é
atrair depósitos e fazer empréstimos, que di-
ferem numa característica fundamental - a du-
ração ou maturidade. Num depósito à ordem,
eu empresto ao banco a curto prazo, podendo
levantar o dinheiro a qualquer momento, mas
quando o banco me empresta dinheiro para eu
comprar, por exemplo, uma casa, só vai rece-
ber a 30 anos. O banco consegue transformar
curto em longo pazo aproveitando-se de duas
regularidades estatísticas. Primeiro, por cada
levantamento costuma haver um novo depó-
sito. Mesmo que eu deposite 100 euros hoje e
os levante amanhã para pagar uns sapatos, o
dono da sapataria vai depositar esses 100 eu-
ros amanhã no banco, para por sua vez pagar
ao fornecedor que os volta a depositar, e por aí
adiante. Por isso, embora cada depósito indi-
vidual seja a curto prazo, a sua sucessão per-
mite um fi nanciamento regular. Segundo, só
uma percentagem pequena dos depósitos é
levantada cada dia, pelo que basta ao banco
guardar em caixa essa percentagem para sa-
tisfazer as suas obrigações. O restante pode
ser emprestado. O risco é que estas regulari-
dades falhem. Imagine que circula um rumor
que o banco vai falir. Então, vou correr para o
balcão para tentar ser o primeiro a levantar o
meu depósito enquanto há dinheiro em caixa
e guardo-o fora do sistema bancário. A primei-
ra regularidade falha, pois o dinheiro que sai
não volta a entrar nos bancos. Porque todos
pensam o mesmo e correm para o banco para
fechar as suas contas, a segunda regularidade
também falha. Ocorre uma crise de liquidez e,
sem nenhuma intervenção, o banco vai a fa-
lência. Os bancos centrais tentam evitar es-
tas crises, emprestando dinheiro aos bancos
a curto prazo (“injectando liquidez”) na espe-
rança que entretanto as pessoas se acalmem.
Viremo-nos agora para a crise recente nos
mercados fi nanceiros. Nos últimos 20 anos,
tornou-se comum reunir e vender carteiras
com muitas hipotecas, conferindo direito ao
seu fl uxo de pagamentos (MBS para ‘mort-
gage-backed securities’). Tornou-se também
comum comprar várias MBS ou outros acti-
vos como obrigações e créditos a empresas,
rearranjar os seus componentes em diferen-
tes pacotes e revendê-los como novos títu-
los (CDO ou ‘collateralized debt obligations’).
O risco destes pacotes era avaliado por ‘ra-
ting agencies’ e transaccionados num merca-
do normalmente muito activo. Durante Julho,
descobriu-se que algumas hipotecas de alto
ECONOMIA & NEGÓCIOS
42 | ANGOLA’IN · ECONOMIA & NEGÓCIOS
risco estavam a dar prejuízo, pelo que as su-
as MBS caíram em valor. Algumas empresas
neste (pequeno) mercado faliram, mas havia
muitos mais investidores com CDO supor-
tados pelas MBS. Muitos, sobretudo ‘hedge
funds’, investiam com dinheiro emprestado
dando CDO como garantia. Porque a garantia
desceu de valor, eles tentaram vender os CDO,
mas porque toda a gente os queria vender e
quase ninguém os queria comprar, o merca-
do dos CDO praticamente fechou. Por sua vez,
dentro dos bancos existem fundos (SIV para
‘structured investment vehicles’) que ven-
dem CDO a curto prazo e investem a longo
prazo. Quando o mercado de CDO fechou, cor-
reram para a casa-mãe para se refi nanciarem.
Foi como se milhares de depositantes apare-
cessem à porta, gerando a crise de liquidez e
a intervenção dos bancos centrais que saltou
para as notícias. Os principais SIV com proble-
mas eram alemães, pelo que a intervenção do
BCE foi enorme, mas é nos EUA que estão
muitos dos investidores apoiados em CDO.
O desafi o para a Reserva Federal é por isso
enorme. Por um lado, a macroeconomia su-
gere uma manutenção das taxas de juro. Por
outro lado, os mercados fi nanceiros esperam
que as taxas caiam 0,5% para restabelecer a
calma e reactivar o mercado dos CDO. Manter
as taxas pode levar a falências em catadupa
e causar uma crise fi nanceira; descê-las deve
aquecer a economia e gerar infl ação.
As empresas não conseguem lidar com a volatilidade da fl uidez do dinheiro imposta pelas matérias-primas
TURBULÊNCIA DOS MERCADOSO mercado internacional passa pelo maior
desafi o das últimas décadas, com perspecti-
va de uma recessão prolongada em boa parte
do mundo, temor quanto à saúde das insti-
tuições fi nanceiras e forte queda nas bolsas.
Neste contexto pouco animador, um dos prin-
cipais elementos é a crise de liquidez que as-
sola o mercado. Mas você sabe exactamente
o que isso signifi ca? Antes de aprofundar es-
te conceito, é importante conhecer um pouco
melhor qual o papel das instituições fi nancei-
ras, pois é na percepção da fragilidade destas
que reside boa parte do problema actual.
INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRAEm poucas palavras, os bancos são responsá-
veis pela intermediação fi nanceira dentro do
mercado fi nanceiro moderno. Isso signifi ca que
são os bancos que captam recursos junto a uma
parte do mercado (poupadores) e repassam es-
te dinheiro a quem necessita destes recursos
(tomadores). Sempre que você deixa o seu di-
nheiro na conta corrente ou investe num CDB
de banco, você está suprindo a instituição com
recursos. Após captar o seu dinheiro (e de todos
os outros poupadores que são seus clientes), a
tarefa do banco é repassar estes recursos para
os tomadores, que podem ser pessoas físicas,
empresas, governos ou outros bancos, a uma
taxa de juro superior àquela na qual foi feita a
captação. Portanto, de forma simplifi cada, fi ca
claro o papel central do sistema fi nanceiro: fa-
zer com que o dinheiro circule na economia.
FLUXO INTERROMPIDOA crise de liquidez ocorre quando este fl uxo de
circulação dos recursos na economia é interrom-
pido ou severamente reduzido. Num ambiente
conturbado como o actual, muitos bancos mos-
tram-se receosos em repassar os recursos, te-
mendo que o tomador não tenha condições
de repagar a dívida. Caso o tomador seja uma
pessoa física, isso signifi ca que ele pode não
ter recursos para consumir ou pagar o seu en-
dividamento. Para as empresas, uma redução
do fl uxo pode reduzir o seu capital de gestão,
comprimir os seus investimentos ou criar pro-
blemas na hora de pagar outras dívidas já exis-
tentes. Mas o que acontece quando o tomador
é outro banco?
BANCOS E BANCOSA resposta depende muito da situação e con-
dição de cada banco. Por exemplo, os bancos
comerciais, que possuem forte actividade jun-
to do sector retalhista têm como fonte prin-
cipal de captação pessoas físicas e empresas,
sem precisar de recorrer a outros bancos para
obter recursos. Numa situação como a actual,
eles acabam a sofrer menos, pois boa parte
da sua captação não é afectada. Mas, para os
bancos que não têm uma base de captação
junto ao retalho, como os chamados bancos
de investimento, a situação pode ser muito
diferente. Essas instituições não têm uma
base de captação de recursos diversifi cada,
dependendo de recursos de grandes clientes
ou mesmo de outros bancos, no que é cha-
mado de mercado interbancário. Em situa-
ções onde existe temor em relação à saúde
de algumas instituições fi nanceiras, os ban-
cos que têm recursos a seu dispor reduzem
ou interrompem o fl uxo para bancos vistos
como potenciais problemas. Foi exactamen-
te o que aconteceu com o banco de investi-
mentos norte-americano Lehman Brothers,
que foi à falência após ter as suas linhas de
crédito (boa parte das quais provenientes de
outras instituições fi nanceiras) cortadas, de
forma que não teve mais condições de cum-
prir com as suas obrigações. Portanto, em
cenários como este a desconfi ança acaba a
tornar-se um facto: se um banco é visto como
potencial problema, o crédito (principalmente
de grandes clientes e outros bancos) é rapida-
mente cortado ou reduzido e a questão foge
do controlo.
43 ECONOMIA & NEGÓCIOS · ANGOLA’IN |
TAXAS INTERBANCÁRIASE A CRISE DE LIQUIDEZE como saber se existe uma crise de liquidez?
Simples! Basta analisar as taxas de juros co-
bradas no mercado interbancário, ou seja, nas
transacções entre bancos. Actualmente as
taxas encontram-se em patamares historica-
mente elevados, evidenciando que os recur-
sos disponíveis para instituições fi nanceiras,
estejam elas com problemas ou não, são es-
cassos. Esta crise de liquidez, que pode ser
traduzida como falta de recursos disponíveis
no sistema, explica muito do que tem ocorri-
do no mercado actualmente. A crise de liqui-
dez também contribui para a queda da bolsa
de valores, na medida em que diminui a quan-
tidade de recursos disponíveis para comprar
acções e também acaba reduzindo as opções
daqueles que necessitam de recursos, mas
têm açcões em carteira. Esta é a situação,
por exemplo, de investidores como os hedge
funds, que tomam dinheiro emprestado para
investir. Com o crédito mais caro ou mesmo
interrompido, a única opção disponível é gerar
caixa através da venda de activos, no caso as
acções em seu poder. Portanto, mesmo com
preços baixos não resta outra opção.
ANGOLA A RAIO-XA auditora e consultora KPMG Angola alertou,
recentemente, as instituições que operam no
mercado angolano para os “perigos” das es-
tratégias exclusivamente orientadas para o
crescimento. “A crise que se vive actualmente
nos mercados fi nanceiros internacionais de-
verá servir de alerta para as instituições que
actuam no mercado angolano relativamente
aos perigos que se escondem por detrás de
estratégias exclusivamente orientadas para o
crescimento”, frisa a KPMG, no relatório “De-
safi os da gestão de risco em Angola”. A con-
sultoria reconhece que “a conjuntura de paz
e estabilidade social e política que se vive em
Angola vem criar as condições necessárias pa-
ra a continuação ou mesmo aceleração do es-
forço de reconstrução e modernização do país,
não sendo difícil perspectivar o crescimento
da economia como um processo irreversível”.
“A rapidez e a magnitude das transformações
que estão a acontecer no país irão traduzir-
se no aumento das necessidades da socie-
dade e do tecido empresarial angolano e na
elevação do seu nível de exigência e sofi sti-
cação, tornando imprescindível a existência
de um sector fi nanceiro competitivo e prepa-
rado para responder às solicitações cada vez
mais complexas dos seus clientes”, aponta
o relatório. A KPMG considera que o merca-
do fi nanceiro angolano enfrenta dois grandes
desafi os: “potencializar o seu crescimento, ti-
rando partido das oportunidades oferecidas
pelo dinamismo da economia”, e “conseguir
gerir de forma efi ciente os riscos subjacentes
a um processo de transformação acelerado”.
No texto, a consultoria defi ne como “crucial
a convergência de esforços entre as entida-
des governamentais, órgãos de regulação e os
próprios agentes que operam no mercado, no
sentido de dotar o país das infra-estruturas e
dos instrumentos indispensáveis à moderni-
zação do sector fi nanceiro”. Contudo, o docu-
mento frisa que “a ausência de instrumentos
modernos de mitigação de risco de crédito,
de mercado, operacional e de liquidez, pode-
rá constituir um sério obstáculo ao crescimen-
to da área”. “Os problemas relacionados com
o registo de propriedade e a protecção jurídi-
ca dos direitos dos credores têm contribuído
para limitar a utilização de garantias como
instrumento essencial de mitigação do risco”,
acrescenta. A consultoria exalta a anunciada
abertura, em curto prazo, do mercado angola-
no de capitais, mas afi rma que a dualidade de
moeda que caracteriza o sistema fi nanceiro
angolano “expõe as instituições fi nanceiras às
fl utuações do dólar norte-americano, impli-
cando a necessidade de adopção de mecanis-
mos efi cazes de gestão de risco cambial”. Por
fi m, o estudo diz que “as defi ciências ao nível
das infra-estruturas continua expondo as ins-
tituições a quebras de serviço originadas por
falhas no fornecimento de energia, problemas
no sistema de informática e de comunicação,
ou falta de água”.
Hoje em dia, mais do que nunca, as estratégias falham na altura da execução e não por causa da falta de visão
A ausência de instrumentos modernos de mitigação de risco de crédito, de mercado, operacional e de liquidez, poderá cons-tituir um sério obstáculo ao crescimento da área fi nanceira
44 | ANGOLA’IN · ECONOMIA & NEGÓCIOS
ECONOMIA & NEGÓCIOS IN(TO) BUSINESS | manuela bártolo
comunicar com êxito PESSOAS REAISUma velha e sábia frase diz que o homem não
é uma ilha. Metaforicamente, defende a ideia
de que ninguém vive isolado. No mundo con-
temporâneo, ir contra essa realidade é quase
uma missão impossível: mais de seis biliões
de pessoas povoam a Terra e as formas de se
comunicar são incontáveis. A básica, e acre-
dito que a mais utilizada, é a fala. Aliás, esta
deve ser também a mais antiga. Se os docu-
mentários da BBC estiverem correctos, desde
os primórdios que os nossos antepassados se
comunicavam através de grunhidos, que em
todo caso são sons que provêm da boca, logo,
se não forem, podem ser equiparados à fala.
Falar é bom, porém exige um certo treino, isto
porque actualmente o exercício deste acto se
desmembra em vários meios de comunicação,
como o telefone, por exemplo. Este aparelho
tem favorecido ao longo das últimas déca-
das a comunicação, permitindo ter a reacção
do interlocutor em tempo real, facto que len-
tamente produziu uma transformação no
mundo. A escrita é também uma forma de co-
municação por excelência. Nela a comunicação
fl ui plenamente e aspectos subjectivos, como
a voz desagradável ou os problemas de dic-
ção, se esvaem. Paralelamente, exige-se mais
do conhecimento do que da habilidade de se
comunicar e é aí que vejo a grande vantagem
da escrita: expõe, de forma crua, as reais ca-
pacidades intelectuais de cada um. Evidente
que não se pode determinar o potencial das
pessoas simplesmente com base na sua ca-
pacidade de escrita, mas que este é um bom
ponto de partida para tal isso é. Fora as van-
tagens já mencionadas, na escrita tem-se to-
da a calma do mundo para pensar, repensar,
retifi car erros, enfi m, fazer uma análise crítica
e rígida sobre o que se deseja transmitir aos
demais. As possibilidades de erros e gafes ca-
em drasticamente (embora ainda existam).
Comunicar é, por isso, uma actividade que to-
dos nós fazemos, todos os dias, mas que ain-
da assim, merece atenção especial. O que é,
em regra, simples, pode vir a ser uma arte - a
arte de se comunicar. Quem não fi ca fascinado
com um palestrante que consegue envolver a
plateia e passar, de maneira leve e quase su-
bliminar, a sua mensagem? Ou então, quem
não fi ca espantado com uma declaração, vin-
da de quem menos se espera, e de maneira
tão bem arranjada que chega a ser desconcer-
tante? São inúmeras as possibilidades, e elas
só existem, felizmente, porque o homem não
é uma ilha.
Comunicar é uma actividade que todos nós fazemos, todos os dias, mas que ainda assim, merece especial atenção. O que é, em regra, simples, pode vir a ser uma arte - a arte de se comunicar. E a Nokia sabe-o bem
MENTES SEM FRONTEIRASComo vimos, a comunicação está intimamen-
te associada ao ser humano, seja ela no modo
visual, verbal ou corporal. Entretanto, exis-
te uma forma de linguagem que está em as-
censão nos dias actuais – a publicidade que
permite a propagação de princípios, ideias, co-
nhecimentos ou teorias; ela é a arte e técnica
de planear, conceber, criar, executar e veicular
mensagens geralmente de caráter informati-
vo e persuasivo, por parte da marca identifi -
cada. Compreendo que esse género não tem
apenas como objectivo a venda dos seus pro-
dutos, visa também a venda de comporta-
mentos, de qualidade de vida que, na maioria
das vezes, fi ca implícita, mas que tem valor
igual ou superior à estratégia de venda dos
produtos. Com as práticas de persuasão po-
45 ECONOMIA & NEGÓCIOS · ANGOLA’IN |
tencializadas nos últimos anos, a publicidade
alcançou um nível elevado de refi nação na so-
ciedade de massas do século XX e tornou-se
uma arma poderosa. Hoje ela protagoniza a
mobilização de forças físicas, intelectuais ou
morais, para vencer uma resistência ou difi -
culdade, para atingir algum fi m, orientando
convicções, atitudes ou acções de um gran-
de número de pessoas para certo objectivo,
criando no público uma imagem positiva ou
negativa de certo fenómeno (ideia, facto, mo-
vimento ou pessoa), induzindo dessa forma a
um comportamento desejado. A Nokia perce-
beu estes pressupostos desde cedo, motivo
pelo qual a sua publicidade exerce sempre um
carácter infl uenciador no quotidiano do seu
público. Sendo ela uma empresa na área das
telecomunicações, utiliza de forma primorosa
as palavras, as imagens e os sons como es-
tratégias de persuasão. Com o esforço siste-
mático de irradiar ideias e comportamentos,
a publicidade da marca revela que a evolução
tecnológica está a um nível bastante avança-
do, impondo um pensamento sem fronteiras,
em que são transpostos os limites e as barrei-
ras à nossa forma de…comunicar. Os resulta-
dos positivos da marca têm sido construídos a
partir de uma matéria-prima básica, que ha-
bita em noções rudimentares conscientes e
inconscientes presentes na totalidade da po-
pulação – a de que ninguém vive sem comu-
nicar. Todas as pessoas têm necessidade de
partilhar. A Nokia tem como estratégia prin-
cipal ajudar as pessoas a darem resposta a
essa necessidade, fazendo com que estas se
sintam mais perto de tudo o que para elas é
importante. A empresa centra-se no objectivo
de oferecer aos seus utilizadores uma tecno-
logia humana, isto é uma tecnologia intuiti-
va, com uma forma de utilização agradável
e uma qualidade estética elevada. A mesma
defende a ideia de que vivemos numa era em
que a conectividade se está a tornar realmen-
te ubíqua. A indústria das comunicações está
em constante mudança e a internet está no
centro desta transformação. Razão pela qual,
actualmente, este é o grande desafi o para a
Nokia.
O carácter decisivo do sector torna, ainda mais relevante e preocupante uma questão: a da acessibilidade, ou seja, a questão da “fractura digital”. Algo a que a empresa está atenta ao democratizar, cada vez mais, os seus serviços
ÍCONE GLOBALA Nokia é um verdadeiro ícone global. Os nú-
meros deste gigante mundial assustam: a ca-
da três meses vende mais de 100 milhões de
telemóveis em todo o mundo (mais do que a
Motorola, Samsung e Sony-Ericsson juntas),
ao ritmo de 13 unidades por segundo; tem
participação de mercado de 38,7% nas ven-
das globais e lança mais de 50 novos modelos
de telemóveis por ano. Além disso, a marca
apareceu em quinto lugar na lista das marcas
globais mais valiosas de 2007, (divulgada pela
revista BusinessWeek), sendo também a 20ª
empresa mais admirada do mundo, segundo
a lista deste ano da revista norte-americana
Fortune. Nada menos que um bilião de pesso-
as em todo o mundo têm hoje um telemóvel
da Nokia. Isso é mais do que qualquer fabri-
cante de bens de consumo, de qualquer sec-
tor e em qualquer época jamais conseguiu até
hoje. A sua liderança é incontestável e pode
ser traduzida pelo slogan da empresa: Con-
necting People. Com sede localizada em Es-
poo, região metropolitana de Helsínquia, é a
maior fabricante mundial de telemóveis, es-
tando actualmente presente em 185 países a
nível mundial. A empresa conta com mais de
DADOS CORPORATIVOS
• Origem: Finlândia
• Fundação: 1865
• Fundador: Fredrik Idestam
• Sede mundial: Espoo, Finlândia
• Proprietário da marca: Nokia Corporation
• Capital aberto: Sim (1915)
• Chairman: Jorma Ollila
• CEO & Presidente: Olli-Pekka Kallasvuo
• Facturação: €50.7 biliões (2008)
• Lucro: €3.98 biliões (2008)
• Valor de mercado: €30.7 biliões (Fevereiro/2009)
• Valor da marca: US$ 35.94 biliões (2008)
• Lojas-Conceito: 10
• Clientes: 1 bilião
• Vendas: 430 milhões telemóveis/ano
• Presença global: 185 países
• Funcionários: 128.000
• Segmento: Telecomunicações
• Principais produtos: Telemóveis, sistemas de co-
municação, computadores
• Outros negócios: Vertu (marca de telemóveis de
luxo), Navteq
• Principal slogan: Connecting People
Jorma Ollila
46 | ANGOLA’IN · ECONOMIA & NEGÓCIOS
ECONOMIA & NEGÓCIOS IN(TO) BUSINESS
128 mil funcionários, sendo que 1/3 dos mes-
mos trabalha em exclusivo na área da investi-
gação e desenvolvimento. Esta é, aliás, uma
aposta forte da empresa, que possui nove la-
boratórios de pesquisa espalhados em seis
países. As 11 fábricas da marca estão sedea-
das em nove países diferentes (Brasil, China,
Finlândia, Alemanha, Hungria, México, Coreia,
Roménia, Reino Unido e Índia), sendo que o
grupo é formado por duas unidades de negó-
cio - Nokia Networks (Nokia Redes) e Nokia
Mobile Phones (Telemóveis), detendo tam-
bém uma organização separada denominada
Nokia Ventures Organization e o Nokia Rese-
arch Center (Centro de Investigação). A em-
presa ainda possui uma unidade de luxo que
fabrica telemóveis com a marca VERTU. A
Nokia tem 350 mil pontos de venda em todo
o mundo, entre as lojas das operadoras, redes
de retalho tradicionais e as suas próprias lo-
jas. Desde a sua criação até hoje, a empresa
foi responsável pelo fabrico de um terço dos
telemóveis existentes no mundo. Em cada
seis habitantes do planeta, um possui um te-
lemóveil Nokia.
Os números deste gigante assustam: a cada três meses vende mais de 100 milhões de telemóveis em todo o mundo. Desde a sua criação até hoje, a empresa foi responsável pelo fabrico de um terço dos telemóveis existentes no mundo. Em cada seis habitantes do planeta, um possui um telemóvel Nokia
CENTRO DE INVESTIGAÇÃO Um dos principais motivos do enorme sucesso
da Nokia pode ser creditado no seu moderno
Centro de Pesquisa e Design e no investimento
anual de US$ 7.7 biliões nessa área. Localizado
na cidade de Espoo, região metropolitana de
Helsínquia, abriga uma equipa composta por
mais de 200 designers (quantos exactamente
é segredo), oriundos de mais de 45 nacionali-
dades. Diariamente, os designers usam blogs
para comunicarem com usuários e “futuris-
tas” são empregados para traçar cenários. In-
vestiga-se, no momento, a comunicação por
hologramas e a confecção de telefones com
materiais biodegradáveis. Eventuais cho-
ques culturais com a ala formal da empre-
sa são amortecidos pelos valores defendidos
pela Nokia. Todos os funcionários são iguais.
O vice-presidente e o estagiário fazem as re-
feições na mesma cantina. Usar piercing ou
sandálias havaianas, tudo bem. Cada um tem
liberdade para ser como realmente é. A Nokia
tem hoje dois centros de design global: o da
matriz e um outro, localizado em Londres. Há
também estúdios nos principais mercados da
empresa no mundo e “oásis de desenho” em
lugares que os designers considerem inspira-
dores, como o Rio de Janeiro.
O QUE É O NOKIA TRENDS?É uma plataforma de marketing baseada em arte multimédia e música avançada para estimu-
lar as novas formas de consumo de informação a partir de meios eletrónicos, não só tradicio-
nais, mas sobretudo os móveis. A plataforma é permeada por eventos para trazer ao público
em geral o que é tendência, equilibrando o novo e o consagrado. Desde que foi criado no Brasil,
em 2004, o Nokia Trends já atraiu quase 270 mil pessoas em eventos realizados em São Paulo
e no Rio de Janeiro, com apresentações de bandas e Dj’s, como Fatboy Slim, LCD Soundsystem
e Laurent Garnier, Chemical Brothers, Human League e Asian Dub Foundation. A plataforma
foi exportada para Argentina e mais recentemente para o México
A visão da Nokia é a de um mundo em que todos possam estar ligados entre si (Connecting People)
O GÉNIO POR DETRÁS DA MARCA Desde que assumiu a liderança da empresa, o
novo presidente mundial da Nokia, Olli-Pekka
Kallasvuo, conhecido simplesmente por OPK,
vive sob a sombra de Jorma Ollila, uma fi gu-
ra histórica na NOKIA. Como CEO, de 1990 a
2006, comandou a transição da empresa do
seu pior momento para a sua época de gló-
ria. Sucedeu a Kari Kairamo, responsável pela
trágica gestão da empresa nos anos 80. Uma
época de expansão indiscriminada para novos
campos, principalmente por meio de aquisi-
ções. O resultado da dispersão de receitas foi
a maior crise da história da empresa, que cul-
minou com o suicídio de Kairamo, em 1988,
e com a venda das unidades de televisores e
computadores pessoais. Coube a Jorma Olli-
la, corajosamente, estreitar o foco em tele-
comunicações, uma área então defi citária na
empresa. Essa decisão temerária deu origem
à Nokia que hoje se conhece. O seu sucesso
naturalmente chamou a atenção do mundo
corporativo e o seu “passe” acabou parcial-
mente comprado, no ano passado, pela Shell.
Desde então, acumula os cargos de presiden-
te dos conselhos de administração das duas
empresas.
A revolução digital tem um potencial para acelerar o acesso daqueles que têm tradicionalmente sido excluídos do saber, da informação e dos mercados.
só para gurus!A empresa lançou recentemente um pro-
grama para reconhecer e afi liar os usu-
ários que conhecem melhor a marca. O
Nokia Guru reunirá consumidores que
possuem conhecimento sobre as soluções
da empresa. O objectivo de cada guru será
actuar como frente de relacionamento da
marca nas plataformas de comunicações
social global (Orkut, fóruns, e-groups,
Yahoo respostas, Twitter, blog pessoal,
etc). Esta troca de experiências com ou-
tros consumidores será recompensada.
Após ter a solicitação aprovada, o guru re-
ceberá um selo que será usado no seu blog
pessoal, site, comunidade ou fórum para
servir de identidade. A cada solução apon-
tada, dúvida resolvida ou suporte dado
são contabilizados 100 pontos. Todos os
meses, os três primeiros vencedores são
premiados com aparelhos e acessórios
Nokia. Desta forma, a gigante fi nlandesa
tenta criar uma comunidade de contactos
ainda maior em torno dos seus produtos,
estimulando os usuários a ajudarem-se
uns aos outros e a produzirem conteúdos
espontâneos sobre a marca
48 | ANGOLA’IN · ECONOMIA & NEGÓCIOS
ECONOMIA & NEGÓCIOS IN(TO) BUSINESS
O VALOR Segundo a consultora britânica InterBrand,
somente a marca Nokia está avaliada em
US$ 35.94 biliões, ocupando a posição de
número 5 no ranking das marcas mais valio-
sas do mundo. Além disso, a Nokia é a 88ª
maior empresa do mundo de acordo com a
Fortune 500 de 2008
Os três “C” da inclusão:Conectabilidade - quem não se pode conectar está excluído da Sociedade de Informação;Capacidade – é preciso poder compreender a informação;Conteúdos – a maioria dos con-teúdos são escritos em inglês
EMPRESA DO FUTURO A mudança da Nokia em direcção à web coin-
cide rigorosamente com a ascensão de OPK à
presidência da empresa, em Junho de 2006. O
mesmo deu início a uma frenética temporada
de aquisições de empresas de internet. Já em
Agosto, investiu US$ 60 milhões na compra
da distribuidora de música on-line Loudeye.
Na sequência, adquiriu a Gate5, uma peque-
na empresa alemã de software de navegação
com GPS. O ataque foi retomado no ano se-
guinte, em Julho, com a compra do Twango,
um pequeno site de partilha de fotos e víde-
os. Criado em 2004 por cinco ex-executivos da
Microsoft, o portal tinha somente dez funcio-
nários, mas, apesar de pequeno, era possivel-
mente o único realmente multimédia do seu
sector. A mais recente aquisição foi a da ame-
ricana Avvenu, especializada em partilha de
arquivos. Como uma espécie de cereja nesse
bolo de parcerias, a Nokia assinou um acordo
com a Microsoft para que versões de serviços
como Hotmail e Messenger sejam carregados
nos aparelhos da sua Série 60 de telemóveis
inteligentes. Também anunciou uma parce-
ria com a Universal Music, que permitirá aos
clientes da empresa o downdload gratuito e
ilimitado de músicas pelo período de um ano.
Ao todo a Nokia já gastou mais de US$ 10 bi-
liões em aquisições de empresas de tecnolo-
gia e Internet. Porém a mais nova aposta da
empresa atende pelo nome de Ovi (porta em
fi nlandês). Trata-se de um portal onde fi ca-
rão hospedados uma infi nidade de produtos
como álbum de fotos, música, biblioteca de
livros, etc, capazes de se comunicar com o te-
lemóvel, o laptop e o computador pessoal do
usuário. Basta arrastar os ícones com o mou-
se. O acesso é totalmente gratuito, usando
uma única senha.
LOJAS-CONCEITO A empresa decidiu, em 2005, abrir algumas
das chamadas Lojas-Conceito em determina-
dos países para que o usuário pudesse “de-
gustar” toda a linha de produtos e acessórios,
tirar dúvidas sobre o seu funcionamento e,
claro, comprá-los. A estratégia era gerar uma
experiência de mobilidade com os produtos e
serviços da Nokia. A primeira delas foi aber-
ta em Moscovo e hoje já existem outras lojas-
conceito da marca em Londres, Helsínquia,
Nova Iorque, Cidade do México e Shangai.
Neste tipo de loja, o consumidor tem acesso
a demonstrações de experiência móvel, en-
globando música, navegação, vídeo, imagens,
Internet e jogos. Cada aparelho em demons-
tração está conectado à Internet por uma rede
WiFi e equipado com acessórios, como caixas
de som, fones de ouvido, telas de LCD, im-
pressoras fotográfi cas e laptops. Uma área da
loja é dedicada a palestras, cursos, eventos e
capacitação personalizados.
49 ECONOMIA & NEGÓCIOS · ANGOLA’IN |
sabia que… A Nokia é a maior empresa da Finlândia, responsável por um terço
do valor de mercado da Bolsa de Valores de Helsínquia, correspon-
dente a cerca de 3.5% do PIB e quase um quarto das exportações do
país. No ano passado, pela primeira vez na história, a facturação da
empresa superou o orçamento nacional do país
A HISTÓRIAA história da Nokia começou em 1865, quan-
do o engenheiro de mineração Fredrik Ides-
tam fundou uma fábrica de celulose na cidade
de Tampere, no sudoeste da Finlândia, logo
transferida para o município vizinho de Nokia e
baptizada Nokia Wood Mills, localizada às mar-
gens do rio com o mesmo nome. A partir daí,
a empresa teve um crescimento meteórico, e
pouco depois da I Guerra Mundial, a empresa
fundiu-se com a Finnish Cable Works, fabri-
cante local de telefones e cabos telegráfi cos,
fundada em 1898. Era o embrião do que, em
1967, se transformaria na Nokia Corporation,
um conglomerado produtor de papel, bicicle-
quem inventou o telefone?Alexander Graham Bell (1847-1922), físico
escocês, realizou a primeira experiência com
o telefone em 1876 na Filadélfi a, Estados Uni-
dos. Nesse mesmo ano por intermédio do seu
advogado, solicitou a patente do invento que
chamou de “telefone eléctrico falante”. Após
patentear o invento, Bell apresentou-o nu-
ma exposição na Filadélfi a. O invento gerou
muita curiosidade e interesse e fez com que
Graham Bell fosse premiado. Antes dele, ou-
tros inventores tentaram transmitir a voz hu-
mana via electricidade, porém sem sucesso.
No telefone primitivo, havia uma manivela
que ao ser girada produzia a corrente necessá-
ria para a sinalização na central. A invenção
de Graham Bell evoluiu tanto que hoje po-
demos comunicar com pessoas em qualquer
lugar do mundo, estando as mesmas num
lugar fi xo ou em deslocação (via telemóvel).
Razão pela qual, o telefone ajuda a aproximar
pessoas e minimizar distâncias. Ideia a que a
Nokia se associou através do seu célebre slo-
gan “Connecting People”
curiosidade De onde vem o nome Nokia? Na verdade esse
é o nome de um pequeno mamífero que habi-
ta a região na qual estão localizados o rio e a
cidade onde está a sede principal da empresa
tas, pneus, botas de borracha, computadores,
cabos, televisores e dezenas de outros itens.
Os primeiros passos para uma grande mudan-
ça nos rumos da empresa tiveram início na
década de 60, com o nascimento do departa-
mento de electrónica da Nokia que tinha como
principal objectivo pesquisar rádiotransmissão.
A tecnologia da empresa para comunicação via
rádio foi aproveitada, a partir da década de 80,
para o desenvolvimento de telefones sem fi o.
O pioneiro foi o Mobira Senator, lançado em
1982, como equipamento para automóveis,
que pesava 9,8 quilos. Cinco anos depois, saiu
o Mobira Cityman 900, para muitos, o primeiro
telefone realmente portátil: pesava 800 gra-
mas e custava o equivalente a US$ 6.150 nos
dias de hoje. Nas décadas seguintes, os produ-
tos de infra-estrutura dos telefones móveis e
de telecomunicações chegaram aos mercados
internacionais, e nos anos 90, a Nokia já era
uma das líderes mundiais em tecnologia de
comunicação digital (em 1998 vendeu cerca de
40 milhões de telefones celulares, tornando-
se a empresa número 1 no mundo nessa cate-
goria, ultrapassando a Motorola). Observando
o mercado agora, é fácil esquecer que a Nokia
nem sempre foi dominante. Em meados dos
anos 90, a Motorola dava as cartas no merca-
do, desfrutando o enorme sucesso do telemó-
vel StarTac. Silenciosamente, porém, a Nokia
iniciava a sua ofensiva, adicionando elementos
inovadores de design aos telefones, na forma
de capas substituíveis e diferentes ringtones
(toques). Mais importante, começou a operar à
escala global, lançando mais modelos num nú-
mero cada vez maior de países. Os fi nlandeses
apostaram cedo no desenvolvimento de pla-
taformas básicas para celulares, a partir das
quais é possível produzir variações de produtos
com grande economia de escala. Actualmente
a NOKIA, além de ser um gigante, está a mu-
dar a forma como as pessoas se comunicam.
As suas próximas apostas foram apresenta-
das, no fi nal de 2007, aos mercados, a come-
çar pelo europeu: a loja virtual de música Nokia
Music Store, os novos jogos para telemóvel da
série N-Gage e a linha de aparelhos que nave-
gam na Internet criados para concorrer com o
iPhone da Apple. E ainda provoca a poderosa
empresa americana: “Quando eles lançaram o
iPhone, conseguiram uma publicidade sensa-
cional, tudo para vender 270 mil aparelhos em
dois dias”, diz o inglês Mark Selby, vice-presi-
dente mundial de vendas da empresa. “Isso é
mais ou menos o número de telemóveis que
vendemos em seis horas”. Há poucas compa-
nhias com a marca, o alcance e a tecnologia
necessários para liderar a convergência digital.
A Nokia é uma delas.
A febredo telefoneportátilO telemóvel entrou no mercado nacional no início desta década e a adesão foi tão intensa, que este pequeno aparelho, que permite contactar com os outros em qualquer ponto do país ou do mundo, já faz parte do dia-a-dia dos angolanos. Com 7,5 milhões de utilizadores, Angola é um dos países africanos com maior potencial de crescimento na procura das comunicações móveis.
Ninguém dispensa o uso do telemóvel e pou-
cos imaginam a sua vida sem ele. Em 2006,
apenas em Luanda, 25 por cento dos seus
habitantes, com mais de 15 anos já possuía
telemóvel e 80 por cento manifestava inte-
resse em adquiri-lo, a curto prazo. Esse dese-
jo concretizou-se e, em três anos, o número
de vendas aumentou 600 por cento, ou seja,
em cada cem habitantes, 44 utilizam o tele-
móvel e um em cada cem possui telefone fi -
xo. As estatísticas revelam que até Dezembro
de 2009, estes números deverão crescer.
A Unitel, unidade internacional da Portugal
Telecom, é a maior operadora nacional, com
cinco milhões de utilizadores. Os restantes
2,5 milhões de usuários são clientes da Mo-
vicel. De acordo com as declarações do direc-
tor do Instituto Nacional das Comunicações
(Inacom), Domingos Pedro António, actual-
mente existem 7,5 milhões de angolanos que
não dispensam o telemóvel. O crescimento
foi tão extraordinário que apenas em 2005,
o número de habitantes rendidos ao pequeno
aparelho eram pouco mais que um milhão. No
âmbito das comunicações fi xas também se
regista um acréscimo signifi cativo. Em 2005,
os clientes do telefone fi xo eram cerca de 94
mil. Hoje, a “Angola Telecom”, empresa esta-
tal que controla a rede básica de telecomu-
nicações nacionais, atende mais de cem mil
clientes. Em 16 milhões de habitantes, 200
mil possuem rede fi xa. O presidente da Ina-
com classifi ca como positiva a evolução dos
serviços de comunicações no país, pois veri-
fi ca-se uma “crescente tendência de adesão
dos cidadãos”.
UNITEL É LÍDERParticipada pela Sonangol e Portugal Tele-
com, a Unitel é a principal operadora móvel,
detentora do maior número de clientes. Fun-
dada em 1998, começou a operar no merca-
do em 2001. No último ano, a empresa deu
inicio a uma acção de rejuvenescimento dos
seus quadros, de forma a garantir o seu de-
senvolvimento sustentado. O recrutamento
de jovens estudantes e licenciados tem sido
uma das medidas, permitindo alcançar os 70
por cento de colaboradores com menos de 30
anos. O ritmo de crescimento da operadora 92
tem sido constante e consolidado, pelo que
em 2007 possuía três milhões de clientes, su-
bindo para quatro milhões em 2008 e cinco
milhões até ao início do primeiro semestre
50 | ANGOLA’IN · SOCIEDADE
| patrícia alves tavares SOCIEDADE
51 SOCIEDADE · ANGOLA’IN |
Top das marcas mais
comercializadas
1. Nokia
2. Motorolla
3. LG
4. Samsung
5. Alcatel
6. Siemens
7. Sony Ericson
8. ZTE
9. Huawei
10. HTC
deste ano. O volume de negócios da entida-
de é proporcional ao crescimento de clien-
tes, o que levou a operadora a anunciar que
o seu novo plano de investimento, que ron-
da os dois biliões de dólares, será repartido
entre a criação de novas infra-estruturas e de
novos serviços, bem como na formação e re-
crutamento. Para os próximos tempos, está
em curso um plano para cobrir os 168 municí-
pios do país, de forma faseada. Aliás, a maior
operadora angolana vai investir 1,2 milhões
de euros nos próximos quatro anos para me-
lhorar as infra-estruturas e expandir a sua
rede, que deverá cobrir todo o território até
2012. A pensar no CAN, a Unitel volta a estar
na vanguarda e lança o serviço de televisão
no telemóvel, dispondo três canais nacionais,
que aderiram ao projecto: a TPA 1 e 2 e a TV
Zimbo. Os clientes da operadora 92, que pos-
suem aparelhos 3G, podem ver televisão em
tempo-real, tendo a possibilidade de assistir
aos jogos do CAN em qualquer ponto do país
e a partir do telefone móvel. “Isto constitui
um facto inédito no mundo das telecomuni-
cações em Angola”, salientou o director de
investimentos internacionais da Unitel, Hen-
riques da Silva. Durante a última edição da
Filda, a operadora apresentou ainda o portal
Wap, que dá a possibilidade de fazer down-
loads de música e imagens, dando a opor-
tunidade a “outras empresas que produzem
conteúdos de participarem no projecto”.
A pensar no CAN, a Unitel lança o serviço de televisão no telemóvel, dispondo de três canais nacionais: a TPA 1 e 2 e a TV Zimbo
MOVICEL APOSTA NA INOVAÇÃODistinguiu-se ao tornar-se na primeira opera-
dora africana a instalar nos seus produtos o
sistema CDMA (Acesso Múltiplo por Divisão
de Código) com tecnologia de Terceira Gera-
ção (3G). A operar no mercado nacional des-
de 2002, a Movicel lançou em 2007 o 3G, que
permitiu aos clientes transmitir dados a alta
velocidade, à semelhança do que ocorre no es-
trangeiro. A nova tecnologia permitiu ainda
atender um maior número de utilizadores na
mesma faixa de frequência, oferecendo trans-
missão de voz e dados à velocidade de banda
larga. No mesmo ano, a empresa lançou-se no
mercado das telecomunicações, ao apresen-
números
› 7,5 milhões de utilizadores de telemóvel
› 5 milhões de clientes são da Unitel
› 2,5 milhões de clientes são da Movicel
› 200 mil usuários da rede de telefone fi xo
› 5,7 mil milhões de dólares em vendas
de telemóveis, em 2015
› 600 por cento foi o aumento registado
nas vendas (2006-09)
FONTE: INACOM, UNITEL E MOVICEL
tar o novo conceito de acesso à Internet, atra-
vés da Banda Larga, o Movinet. A operadora 91
tem-se evidenciado ao nível dos preços, uma
vez que foi a pioneira a comercializar telemó-
veis a custos abaixo de valores equivalentes a
cem dólares americanos. A Movicel assumiu-
se no mercado através das campanhas Kila-
pi e Gingongo, do serviço ‘Liga-me’ e o ‘Saldo
Móvel’. Recentemente, a operadora esteve
presente na Filda/ 2009, onde anunciou os
novos produtos, de modo a proporcionar no-
vas opções de comunicações aos usuários.
Recorde-se que a instituição foi comprada em
2008 pela ZTE, que é o segundo maior fabri-
cante de equipamentos de telecomunicações
móveis na China. A pensar já na próxima déca-
da, a empresa lançou o “Cartão Taco 50 UTT”,
o “Plano Movinet no Telemóvel”, a “Movinet
Zone”, o “Roaming Movicel no Mundo” e os
pacotes de “Mensagens Escritas”. O evento
serviu ainda para demonstrar os telemóveis
de terceira geração, que estarão brevemente
no mercado. Este ano, a facturação global de
todos serviços da Movicel é de mais de 300
milhões de dólares americanos.
A Movicel assumiu-se no mer-cado através das campanhas Kilapi e Gingongo, do serviço ‘Liga-me’ e o ‘Saldo Móvel’
‘BOOM’ A PARTIR DE 2010O mercado das comunicações móveis sofrerá
um impulso já no próximo ano. O valor do mer-
cado deverá quadruplicar até 2015. Quem é o
diz é um estudo da consultora Frost & Sullivan,
que adianta ainda que não é só o consumo que
vai crescer. A concorrência também deverá au-
mentar, com a provável atribuição de uma ter-
ceira licença móvel, em 2010. “Este facto vai
aumentar o nível de concorrência entre os ope-
radores e os revendedores de serviços”, desta-
ca a analista Sílvia Venter. A consultora refere
igualmente que Moçambique deverá sofrer o
mesmo impacto tecnológico, encontrando-se
a par de Angola, em termos de explosão ao ní-
vel de construção de infra-estruturas, desde
as estradas até às telecomunicações. A em-
presa Frost & Sullivan prevê que o volume de
vendas nacional poderá ascender dos 1,26 mil
milhões de dólares (em 2008) aos 5,7 mil mi-
lhões de dólares, em 2015. “Este mercado vai
ter signifi cativos níveis de crescimento nos
próximos sete anos, bem como melhorias das
infra-estruturas, que vão colocar o país como
um dos mais desenvolvidos de África”, corro-
bora a analista.
A concorrência também deverá aumentar, com a provável atribuição de uma terceira licença móvel, em 2010
SOCIEDADE
governo aposta na tecnologiaO plano de acção governamental para este ano dá especial enfoque à área das novas tecnologias, tendo como princi-pais objectivos ampliar o acesso da popu-lação aos serviços de telecomunicações de qualidade e modernizar a rede básica em todas as regiões. Para tal, o ministé-rio das Telecomunicações tem como me-tas a implementação de 2,64 milhões de terminais da rede fi xa e seis milhões de terminais da rede móvel. Por outro lado, pretende alcançar 370 mil subscritores de Internet e conquistar uma taxa de te-ledensidade fi xa de seis por cento e mó-vel de 42 por cento
Unitel • 3G
• Roaming no estrangeiro (117 países)
• MMS
• Pacotes avançados 3G
• Serviço Wap
• Televisão no telemóvel
• Participação no primeiro satélite angolano e cobertura do país em
fi bra óptica
Movicel • 3G
• Movinet (acesso à Web em banda larga,115 países)
• Liga-me’
• ‘Saldo Móvel’
• Cartão Taco 50 utt
• Plano Movinet no telemóvel
• Movinet zone
• Roaming Movicel
SERVIÇOS U NITEL E MOVICEL
COMBATER A FRAUDEApesar das seis operadoras de rede fi xa (An-
gola Telecom, O Mundo Startel, a MSTelecom,
a Nexus e a Wezacom), esta tem baixa ade-
são, sobretudo quando comparada com a mó-
vel que tem tido um crescimento acelerado.
Esta última gera maior preocupação, devido
às constantes denúncias de fraude no sector.
Assim, a empresa de telecomunicações e mul-
timédia Angola Telecom está empenhada em
liderar o combate à fraude, para tentar evitar
as incalculáveis perdas fi nanceiras a que tem
assistido, por causa dos ‘piratas’ não identifi -
cados que se apoderam das infra-estruturas e
redes, com o intuito de prestarem serviços por
conta própria. A companhia está a criar meca-
nismos tecnológicos, que lhe permitam detec-
tar fraudes na rede. A outra medida prende-se
com a criação de uma associação nacional de
luta contra o fenómeno, que coloca a rentabi-
lidade do sector em risco. Por outro lado, está
a ser estudada a implementação de um gru-
po regional de combate anti-fraude para con-
trolar e desmantelar os grupos prevaricadores
e para que se proceda à troca de informação
entre os respectivos membros. Uma nova le-
gislação é outra das soluções propostas pela
entidade, apelando a que se altere a actual lei
que não regula os crimes contra as telecomu-
nicações. O administrador da Angola Telecom
afi rma que a maioria dos usurpadores da re-
de, que benefi ciam dos serviços sem pagar e
vendem chamadas, é proveniente do Senegal,
Mali, Índia, Portugal e RD Congo, que actuam
na província de Luanda.
APOSTA NAS TECNOLOGIASO desenvolvimento será sustentado pelo in-
vestimento de empresas internacionais em
Angola, contribuindo para um aumento da
procura de vários tipos de serviços, particular-
mente na área das telecomunicações. Este ano
a Angola Telecom adjudicou à empresa chinesa
ZTE o projecto de expansão e modernização da
rede de telecomunicações da zona leste. O in-
vestimento estatal de 102 milhões de dólares
abrange as províncias de Malanje, Zaire, Bié,
Moxico, Cuando, Cubango e Lundas Norte e Sul.
A data de conclusão está marcada para 2010.
O plano abarca a instalação de novas redes de
acesso de cobre e sem fi os (3276 quilómetros
de fi bra óptica e seis mil linhas telefónicas),
permitindo a instalação de 1392 linhas VSAT,
761 de Internet em banda larga (ADSL) e de 13
mil linhas fi xas sem fi o (CDMA).
Angola será dotada de rede de fi bra óptica, que deverá estar operacional em todas as capitais do país dentro de três anos
SATÉLITE EM 2012Angola será dotada de rede de fi bra óptica, que
deverá estar operacional em todas as capitais
do país dentro de três anos. Empenhado em
não perder o comboio do progresso tecnológi-
co, o ministro da Telecomunicações e Tecno-
logia de Informação, José da Rocha, anunciou
que o Governo está a unir esforços no senti-
do de interligar o país através da nova rede. A
fi bra óptica consiste num meio de transmis-
são, que utiliza o sinal através de uma rede de
telecomunicações de alta tecnologia de nova
geração. Para o mesmo ano, está prevista a
construção do primeiro satélite do país. O pro-
jecto conta com a participação da Unitel, que
pretende depender cada vez menos desta in-
fra-estrutura. O acordo para o primeiro saté-
lite nacional foi assinado recentemente entre
Angola e Rússia e compreende um emprésti-
mo de 213,5 milhões de euros.
52 | ANGOLA’IN · SOCIEDADE
A cólera pode ocorrer em cidades, que apre-
sentem uma estrutura efi caz de tratamento
de águas e esgotos. No entanto, geralmen-
te afecta os habitantes das regiões caren-
tes, onde o saneamento básico é inadequado
ou simplesmente não existe. Os riscos de
contrair a doença são menores para quem
mora em zonas detentoras de estações de
tratamento de águas residuais, que estão
mais vulneráveis à ingestão de alimentos, que
podem chegar contaminados da origem, algo
que exige cuidados higiénicos na sua prepara-
ção. Quando uma cidade não possui as infra-
estruturas adequadas, o contágio pode dar-se
através da ingestão de água imprópria.
EPIDEMIA MUNDIALA doença é responsável por seis pandemias
entre 1817 e 1923. A actual faz subir o número
para sete e desencadeou-se na Indonésia, em
1961, causada pelo biótipo El Tor. Entretanto,
Águas arriscadasÉ uma das infecções que mais mata nos países subdesenvolvidos, nomeadamente africanos. As crianças são as mais vulneráveis a uma bactéria que se transmite essencialmente através da ingestão de água ou alimentos contaminados. As defi cientes infra-estruturas existentes no continente são as principais responsáveis da cólera. Em Angola, o pior já passou, apesar de desde Janeiro terem registado mais de mil casos. A melhoria das condições de vida tem contribuído para uma redução da incidência do vírus.
alastrou-se a outros países na Ásia, Médio
Oriente, África (70 por cento dos casos de-
tectados mundialmente) e Europa, acaban-
do por atingir a América do Sul, em 1991. No
ano seguinte, na Índia o vírus sofreu uma
mutação, em que o V. cholerae O139 atingiu o
Paquistão, o Bangladesh e a China. Já no caso
do Brasil, a cólera surgiu na região amazó-
nica, registando-se actualmente casos em
todas as zonas do país. Os países africanos,
devido às parcas condições de higiene, resul-
tantes dos confl itos, guerras e atraso no de-
senvolvimento sócio-económico, são as mais
atingidas. Recorde-se recentemente o ata-
que de cólera que tem dizimado centenas de
vidas no Zimbabué. A bactéria é endémica
em vários países e esporadicamente ocorrem
surtos, devido às inadequadas ou inexisten-
tes infra-estruturas de saneamento básico. A
probabilidade de transmissão também varia
dentro de um país, em que podem existir
diferentes graus de risco entre regiões e dife-
rentes bairros de uma cidade.
ZIMBABUÉ E MOÇAMBIQUE EM RISCOCatorze milhões de habitantes lutam com to-
das as armas para travar o fl agelo da cólera,
que afecta a zona da África Austral. O Zimba-
bué é o mais afectado, que se vê confrontado
com uma epidemia que teve início em Agosto
de 2008 e já fez mais de vinte mil vítimas e
infectou outras tantas. A rápida propagação
deve-se à reduzida capacidade das autorida-
des zimbabueanas para combater o surto e
ao facto da maioria da população continuar
a beber água imprópria e não ter cuidados de
higiene. Apesar dos últimos números aponta-
rem que o pico já passou, está a alastrar-se
para países vizinhos. O Governo moçambica-
no divulgou recentemente que apenas entre
Janeiro e Março, a doença matou 112 pessoas,
contaminando 12.262 habitantes. As zonas de
Cabo Delgado e Nampula são as mais afecta-
das. Actualmente, as autoridades sanitárias
actuam em duas frentes: evitar ao máximo os
óbitos e intensifi car as acções de prevenção.
CHEIAS LANÇARAM O PÂNICOAté Junho deste ano, as autoridades sanitá-
rias angolanas registaram 1.250 casos de cóle-
ra em todo o país, tendo ocorrido 35 óbitos. De
acordo com informações do Centro de Proces-
54 | ANGOLA’IN · SOCIEDADE
SOCIEDADE | patrícia alves tavares
55 SOCIEDADE · ANGOLA’IN |
Cólera em Números
Caso angolano:
2009 › 1250 casos e 35 óbitos
(dados até Junho)
2008 › 10.540 casos e 249 óbitos
2007 › 18.390 casos e 515 óbitos
2006 › 67.256 casos e 2.773 óbitos
Fonte: CPDE da Direcção Nacional de Saúde Pública
o que é a cólera?É uma doença causada pelo vibrião colérico (Vibrio Cholerae), uma bactéria que se mul-
tiplica rapidamente no intestino humano, produzido uma toxina que provoca diarreia in-
tensa. O vírus afecta apenas os seres humanos e a transmissão ocorre através da ingestão de
água ou alimentos contaminados. Na maioria dos casos, a infecção é assintomática (cerca
de 90 por cento) e caracteriza-se por diarreias de pequena intensidade. Em algumas situa-
ções, pode ocorrer diarreia aquosa profusa de instalação súbita, que é a mais fatal.
quais os sintomas?O período de incubação da doença é de cerca de cinco dias. A partir daí, surgem os primei-
ros sintomas, que se manifestam através de diarreias. As perdas sem reposição de água dão
lugar a vómitos, cólicas, aumento da frequência cardíaca, choque e insufi ciência renal.
quais os riscos?A cólera é uma doença de transmissão fecal-oral. A propagação directa entre pessoas é mí-
nima. O principal risco é através da água e alimentos contaminados, nomeadamente, por
fezes de pessoas infectadas, com ou sem sintomas. A taxa de ataque da cólera, mesmo em
grandes epidemias, raramente ultrapassa os dois por cento da população.
como se previne?Existe uma vacina, que só é recomendada em casos muito especiais. Tem uma efi cácia de
cerca de 50 por cento e a sua duração protectora não ultrapassa os seis meses.
samento de Dados Epidemiológicos (CPDE) da
Direcção Nacional de Saúde Pública, tem-se
assistido a uma diminuição acentuada do nú-
mero de casos em Angola, uma vez que em
igual período de 2008, as estatísticas aponta-
vam já para cinco mil casos e 125 mortes, cau-
sadas pela bactéria. As cheias que atingiram
o país no início do ano ainda fi zeram temer o
pior. A zona do Cunene foi a mais fustigada,
levando a Protecção Civil a recear um aumento
dos casos de cólera. O Ministério da Saúde e
a Cruz Vermelha tomaram as medidas neces-
sárias, enviando para o local medicamentos,
material e equipas médicas. Porém, o cenário
não se concretizou e o alerta de epidemia não
passou disso mesmo. Ainda segundo a aná-
lise dos anos anteriores, ao longo de 2008, o
país teve 10.540 casos de cólera e 249 óbitos.
Os números indicam que de facto o fl agelo
que atinge a maioria da sociedade angolana
tem sofrido uma recessão ao longo dos últi-
mos anos. Para tal, tem contribuído em gran-
de escala a resposta adequada das unidades
de saúde face aos surtos e ao melhoramento
das actividades de vigilância epidemiológica.
EVOLUÇÃO FAVORÁVELA mobilização social, através das campanhas
de informação e educação para a saúde são
um dos factores que têm contribuído para o
controlo da doença e decréscimo do grau de
incidência. Por outro lado, a distribuição de
água potável às comunidades, que se encon-
tram em zonas de difícil acesso, bem como de
medicamentos às unidades de saúde (inclusi-
ve as mais longínquas) tem sido decisiva no
combate à cólera. A distribuição de água potá-
vel, efectuada por camiões cisternas, perten-
centes à administração municipal da Maianga,
tem tido um peso importante na redução de
novos focos da doença, especialmente na área
de circunscrição. Para Maria José, chefe da re-
partição da saúde em Luanda, a implementa-
ção do poder local e a criação de bases para a
distribuição de água aos munícipes são decisi-
vos na erradicação da epidemia.EMPENHO POR UMA CAUSAMarcelina da Costa, responsável pelo centro
de cólera do Hospital Central do Bié, anunciou
que a unidade tem apostado em palestras
nas zonas rurais para motivar a população
local a redobrar os cuidados na prevenção da
doença. No primeiro semestre deste ano, no
Bié apareceram dois casos em toda a provín-
cia, o que levou a responsável a enaltecer o
empenho da Direcção Provincial de Saúde e
do Hospital Central, responsáveis pelo abas-
tecimento antecipado de medicamentos e
pela colaboração na execução das actividades
do centro. Em Huíla, a Repartição Municipal
de Saúde está a oferecer às famílias litros de
lixívia para desinfectarem as águas, incenti-
vando ainda os benefi ciários a participarem
numa acção de sensibilização e formação so-
bre as causas da doença e o modo de preven-
ção e respectiva contenção. A acção englobou
ainda a distribuição de água potável, recipien-
tes para conservação de 20 litros da mesma e
pacotes de soro de hidratação. Estas ofertas
contaram com a colaboração da Unicef, Cruz
Vermelha e Direcção Provincial das Águas.
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| ANGOLA’IN · GRANDE ENTREVISTA56
GRANDE ENTREVISTA
a voz da diásporaNaturais de Luanda, Pétio, Eurice, Druvaldo e Esperança são quatro jovens talentos, iguais a tantos outros, que acalentam o desejo de um dia regressar a Angola e contribuir para o progresso do seu país. Integram a Associação de Estudantes Angolanos em Portugal, núcleo do Porto, e encontram-se actualmente a frequentar o Ensino Superior. Num discurso directo, exclusivo para a Angola’in, desvendam certezas e tecem comentários sobre a nova geração de mwangolés que se destaca diariamente além-fronteiras. Palavras sentidas, no fogo de uma conversa que se estendeu tardiamente, por entre risos e confi ssões marcadas pela saudade da terra. Uma nova diáspora nasce hoje para dar voz ao angolano do futuro. Como se diz em Quimbundo: “Malembe, malembe” (devagar se vai ao longe!).
ESTÓRIAS DO PASSADO, IMPULSOS PARA O FUTURO
NOVA GERAÇÃOPétio Juarez – ‘Os nossos pais cresceram
no período do colonialismo e posteriormente
num clima de instabilidade do próprio país.
Seguindo esse raciocínio, é natural que, pelas
difi culdades que passaram, não tenham tido
a possibilidade de perceber e aprender aquilo
que a nossa geração tem oportunidade de fa-
zer e alcançar. Hoje em dia, os jovens angola-
nos valorizam a paz porque foi uma conquista
dos nossos pais. Parte do que somos hoje é
aquilo que eles sonharam e queriam ser, caso
tivessem tido a capacidade de estudar como
nós temos actualmente. Tenho a certeza que
se tivessem tido essa oportunidade fariam
aquilo que nós hoje nos predispomos fazer.
Em termos de geração a nossa é diferente,
mas se formos a analisar sentimos, porque o
tempo é cíclico, que os jovens actuais voltam a
ser aquilo que os nossos pais eram. Talvez por
isso não sei se haverá assim tanta diferença
ou se pelo contrário vivemos com uma capa.
Sentimos, cada vez mais, um apelo à cultura
angolana, que considero importante não per-
der. O país muda, mas deve manter intacta a
sua própria identidade e é isso que a maioria
dos jovens sente’.
Druvaldo Teixeira – ‘É importante qualquer
cidadão conhecer a sua identidade, saber de
onde veio, onde está, como chegou a esse mo-
mento e para onde vai e é nesse sentido que
digo que é fundamental olhar para o passado.
É enriquecedor qualquer pessoa reconhecer os
motivos que fi zeram a sua História’.
‘Para um país ter estabilidade tem de cumprir ao máximo os princípios e os direitos democráticos’
ALÉM-FRONTEIRASPétio Juarez – ‘Considero que ainda temos
muitos passos a dar enquanto país. Fala-
mos em Angola como uma importante nação
emergente a nível mundial, mas essa análise é
realizada tendo em conta, muitas vezes, ape-
nas os factores económicos. A meu ver, por
exemplo, só se estão a criar agora as condi-
ções necessárias para a redistribuição do ren-
dimento, para a educação da população, etc.
| manuela bártolo
Da esquerda para a direita: Esperança Cafumana, Pétio Penelas de Barros, Eurice dos Santos, Druvaldo Teixeira
GRANDE ENTREVISTA · ANGOLA’IN | 57
Desenvolvimento não é só ter crescimento,
um PIB elevado, um Superávit todos os anos,
é sim fundamental ter essa riqueza distribuí-
da. Angola, que é um país como se sabe com
poucos anos de paz, só agora é que vai come-
çar a dar os primeiros passos. Existem provín-
cias que sofreram demasiado com a guerra
e as pessoas sabem que demora. O contex-
to diz tudo. As diferenças sociais preocupam
todos os angolanos. Neste momento, toda a
sociedade, governantes ou não, está a dar o
melhor de si para desenvolver o país em ter-
mos de educação, saneamento básico e saú-
de, sectores que têm de estar minimamente
salvaguardados para que o país comece a dar
passos fi rmes para o desenvolvimento. As
eleições são, por exemplo, cruciais para esse
progresso porque não vale a pena termos leis
e a nível internacional as pessoas pensarem
que Angola tem uma governação fraca, sobre
a qual pairam dúvidas, porque não segue os
requisitos de transparência. A meu ver, é im-
portante termos um Governo fi rme para po-
dermos dar os passos que nós achamos fortes
e vindouros, razão pela qual haver eleições é
fundamental. Caso contrário, até podemos
caminhar e progredir, mas sempre com a má
imagem da comunidade internacional. Para
crescermos temos de partir dos pontos mais
básicos, como as eleições, no caso do ano pas-
sado as legislativas, este ano as presidenciais.
Para um país ter estabilidade tem de cumprir
ao máximo tudo aquilo que puder como os
princípios e os direitos democráticos. Angola
sempre serviu de exemplo para o mundo por-
que mesmo a viver durante décadas um clima
de instabilidade, o país nunca mostrou aquilo
que se passava nas suas 18 províncias e como
se sabe ocorreram muitos desastres, sobretu-
do ao nível ferroviário e viário. Foi um país pra-
ticamente destruído, se formos a comparar
com o Afeganistão ou o Iraque, mas que nun-
ca deixou transparecer para o exterior. Essa
posição não se tratou de uma mera questão
de orgulho. Apenas eu, assim como muitos
angolanos, achamos que não se deve estar
constantemente a mostrar tudo que é de mau
de Angola. É importante mostrar também o
que o país tem de bom, visto que, mesmo em
clima de guerra e sofrimento, tínhamos coisas
de que nos orgulhávamos. Senão vejamos,
mesmo no período de maior instabilidade, o
país, dentro do contexto africano, sempre foi
considerado um oásis para os estrangeiros.
Angola, por exemplo, não tem nenhum requi-
sito para se tirar um visto de entrada em que
venha escrito “vai, mas apenas sob a sua res-
ponsabilidade”. Angola sempre, mesmo com
a guerra, soube acolher e manter a segurança
para as pessoas que chegam ao país’.
‘O meu objectivo não é ganhar dinheiro, mas sim dar o contributo ao país, do qual espero uma remuneração justa’
FORMAÇÃO E EMPREGO
DENTRO DE PORTASPétio Juarez – ‘Hoje em dia Angola precisa,
cada vez mais, de quadros formados em di-
ferentes áreas. Para se aceder a uma melhor
qualidade de vida é preciso, sem dúvida algu-
A Associação de Estudantes Angolanos em Portugal no Porto é uma instituição sem fi ns lucra-
tivos que acolhe as várias gerações de jovens que passam pela cidade. O seu maior objectivo é
promover a cultura angolana no exterior, bem prestar apoio em diferentes níveis ao associado.
Actualmente, existem três tipos de associados: o extraordinário, o ordinário e o honorário. To-
dos devem reconhecer os seus direitos e deveres e apoiar o bom funcionamento dos vários de-
partamentos da associação. Um dos principais é o Departamento Académico e de Acção Social,
que ajuda o jovem estudante a traçar linhas directas para atingir as metas a que se propôs. Nes-
se sentido, este organismo disponibiliza informação ao nível da formação profi ssional, cursos
superiores, estágios de acesso a empresas e workshops, assim como convida os jovens associa-
dos a participar em diversos convívios culturais. A instituição oferece ainda um espaço lúdico
e cultural, que facilita o acesso à internet, livros, jornais e revistas do país e promove acções de
apoio junto daqueles que carecem de explicações. Este grupo pretende tornar-se cada vez mais
dinâmico, tornando-se uma referência na cidade para todos os jovens angolanos
ma, formação. No entanto, um dos factores
que considero mais importantes é o princípio
de rigor e equidade no acesso aos cargos das
empresas em Angola. É natural que tenha-
mos de estar abertos à concorrência das ou-
tras pessoas. Não devemos ser nacionalistas,
nem pôr isso muito patente, o que nós deve-
mos fazer é contribuir para o crescimento do
país, assim como todas as outras nacionali-
dades. Falando, por exemplo, em objectivos, o
meu objectivo não é ganhar dinheiro, mas sim
dar o contributo ao país, do qual, por sua vez,
espero uma remuneração certa e justa. Se eu
voltar a Angola com o objectivo de só ganhar
dinheiro, sinceramente não estarei a lutar pe-
lo seu desenvolvimento. É importante, a meu
| ANGOLA’IN · GRANDE ENTREVISTA58
GRANDE ENTREVISTA
ver, existir um sentimento de utilidade. Qua-
se todos queremos regressar ao país e ter um
papel importante a desenvolver. Sair de Ango-
la não é um privilégio, mas uma necessidade
que nós tínhamos’.
Eurice Dos Santos – ‘Tenho visto Luan-
da a mudar lentamente através de estradas
em melhor estado, prédios em construção de
maior qualidade, etc, e cada dia que passa is-
so é mais visível. É importante que esse de-
senvolvimento seja realizado por angolanos,
daí considerar necessária a questão da ango-
lanização dos quadros nas empresas’.
Druvaldo Teixeira – ‘Angola precisa de qua-
dros com qualifi cações. O país está-se a de-
senvolver e não há progresso apenas com
mão-de-obra desqualifi cada. Façamos um
breve exercício. Analisemos o facto de Luan-
da ser uma das cidades mais caras do mundo.
Bem sei que é uma fase do mercado, pela qual
o país está inevitavelmente a passar. Em con-
tabilidade costuma-se falar em justo valor que
é quando duas pessoas conhecedoras de um
bem sabem mais ou menos o valor do mesmo
e estão dispostas a negociar por determinado
preço. Agora, em relação aos preços pratica-
dos na capital, isso deve-se também um pou-
co à falta de formação das pessoas. Existem
muitas pessoas em Luanda que não têm essa
formação e não têm a capacidade de analisar
a situação, pelo que é isso que está a deses-
tabilizar o mercado e tem levado consecuti-
vamente à especulação imobiliária. Mas essa
especulação também tem o seu lado bom
porque hoje em dia já se vêem empresas dos
mais variados países e não só de Portugal a
irem para Angola à procura de quadros ango-
lanos para integrar nos seus quadros porque
fi ca bastante inviável ter de pagar despesas
de arrendamento e de habitação para manter
lá expatriados. Para subtrair nos custos, nem
tudo que aparentemente é mau o é na tota-
lidade. Acredito, por isso, que esta tendência
é passageira porque a situação irá concerteza
estabilizar’.
ÍCONES INTEMPORAIS
ONTEM, HOJE E SEMPREPétio Juarez – ‘Um ícone angolano é o José
Eduardo dos Santos. Quando falo de Angola
não estou a pensar logo nele, mas não gosto
de o esquecer porque ele conduziu o país des-
de sempre e acho que, se não o tivesse guiado
da forma que o fez, talvez muitos jovens da
minha geração nem sequer estariam aqui. Ou-
tra fi gura que admiro é o Bonga, pois as suas
músicas fazem-me regressar à terra. É a meu
ver um cantor de raiz, que não esquece as su-
as tradições e cultura. Considero importante
conciliarmos as nossas raízes à modernidade,
pois se esquecermos aquilo que é nosso e im-
plantarmos só o que é estrangeiro estaríamos
a perder a identidade angolana. Acho que vi-
vemos num concílio de cultura, mas os jovens
hoje em dia estão a perder um pouco isso. A
globalização torna as pessoas mais individu-
alistas e esquecem o que é viver em conjun-
to e sociedade. Angola, por exemplo, defende
muito em termos culturais a tradição da fa-
mília. Para nós o mais velho é um ancião e é
muito importante. Na comuna em que se vive,
para tomarmos alguma decisão temos de o
consultar. Na modernidade são os nosso pais
e respeitamos muito a sua opinião. Realidade
que hoje se tem vindo a perder’.
Eurice Dos Santos – ‘A ilha de Luanda e a
música de Rui Mingas são para mim dois íco-
nes importantes do país. Aqueles que me fa-
zem sonhar e querer sempre regressar’.
Esperança Cafumana – ‘Agostinho Neto e
os seus poemas. Para mim são muito cativan-
tes e descrevem na perfeição o que é se sentir
angolano’.
Druvaldo Teixeira – ‘Pepetela, sem dúvida.
Um ilustre representante angolano, prémio
da lusofonia, que permite encontrar parte de
Angola em todos os seus livros’.
raio-x
• Pétio Juarez Penelas de Barros, 28 anos,ISPGAYA (Instituto Superior Politécnico Gaya), estudante do curso de Engenharia Informática e presidente da Associação de Estudantes Angolanos em Portugal no Porto;
• Eurice Luís Carvalho Dos Santos, Uni-versidade Lusíada do Porto, estudante do 3º ano do curso de Arquitectura;
• Druvaldo Fernando dos Santos Teixei-ra, 20 anos, ISCAP (Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Por-to), estudante do curso de Contabilidade e Gestão;
• Esperança Cafumana Lourenço, Uni-versidade Lusófona do Porto, estudante do curso de Gestão
60 | ANGOLA’IN · FOTO REPORTAGEM
FOTO REPORTAGEM
São os homens e mulheres de amanhã. A sua persistência, sonhos e vontade de vencer são o retrato da Angola do futuro. A juventude é sinal de expectativa para os anciãos, que almejam uma vida melhor para estes rostos infantis, repletos de determinação. Do desejo de conseguir uma vida melhor e de luta por um país cada vez mais justo, mais cosmopolita, mais desenvolvido e mais igualitário. A eles cabe fazer ainda melhor que os seus antepassados, defendendo e honrando as suas raízes e culturas ancestrais. Às crianças de hoje e futuros dirigentes dos destinos do seu povo cabe a missão de continuar a batalha pela modernização e crescimento da sua pátria. Aos jovens cabe fazer ainda melhor que os seus progenitores. A alegria da meninice é um bom sinal. É símbolo de uma vida mais confortável, onde a escola faz parte desta viagem e o acesso a bens que os pais não tiveram é uma realidade constante. Afi nal é com instrução e com uma infância saudável que se formam aqueles que vão escrever as linhas da história, que se antevê optimista e recheada de acções dignas de registo.
fotografi as - Ana Rita Rodrigues - www.lightfragments.com
Geração da esperança
| manuela bártolo
66 | ANGOLA’IN · TURISMO
TURISMO
por terras de
bob marleyÉ um destino fantástico para qualquer época do ano. Belas praias, sol constante e muito reggae são a imagem de marca da Jamaica. As belezas naturais, o ambiente descontraído e os sabores exóticos compõem o cenário deste país idílico. As estações do ano são virtualmente inexistentes e as temperaturas máximas diurnas junto à costa rondam os 27-30ºC.
Em pleno mar das Caraíbas surge o paraí-
so na terra. A Jamaica é uma nação insular
a 145 km de Cuba e a 190 km das ilhas His-
paniola. É considerada o terceiro país angló-
fono mais populoso da América. A Jamaica
inventou o conceito de turismo de luxo em
países pobres. Com praias perfeitas e mon-
tanhas verdes, a ilha foi dividida em resorts
de luxo, auto-sufi cientes, que se encontram
distribuídos ao longo da costa, de modo a
isolar os turistas dos pontos conturbados da
região. Ao entrar na ilha, depara-se com um
dos países mais exóticos do planeta, em que
o movimento-religião-fi losofi a do rastafa-
rianismo fez surgir uma cultura singular, que
ultrapassa o próprio reggae. O destino mais
requisitado pelos viajantes independentes
é a região de Porto António, onde as praias
convivem com a fl oresta densa, excelente
em termos de possibilidades de ecoturismo.
MOTIVOS NÃO FALTAMPraia, música, sorrisos, paisagens coloridas e o
espírito descontraído são os pontos fortes da
terra do reggae. Além da cultura do golfe, da
história e da natureza, o turista depara-se com
as singularidades da cultura jamaicana, produ-
to do cruzamento de diversas nacionalidades
e origens. A terceira maior ilha das Caraíbas
é um dos pontos turísticos mais procurados.
Montanhosa e banhada por muitos rios, as
suas principais atracções são as magnífi cas
praias. Ocho Rios é um porto de mar e cidade
de férias, que recebe grandes cruzeiros, onde
se assiste a uma forte procura das excursões
rumo às cascatas e quedas de água. O clima
é quente. Mesmo na zona das Montanhas, as
temperaturas geralmente não descem abaixo
dos 20ºC. Se pretende visitar esta zona ou a
costa leste deve ter em conta a chamada épo-
ca das chuvas, que vai de Maio a Novembro.
Contudo, a chuva cai apenas por curtos perí-
odos (normalmente ao fi nal do dia), pelo que
deverá encontrar sol durante a maior parte da
visita. No entanto, os visitantes não devem
esquecer que este período coincide com a tem-
porada dos furacões, que varrem a ilha nesta
altura do ano. A região é muito procurada de
Dezembro a Abril, nomeadamente nas sema-
nas do Natal e da Páscoa.
KINGSTONÉ a capital e maior cidade do país e alberga o
centro da vida cultural local. Os inúmeros te-
atros apresentam um calendário contínuo de
actuações e o National Gallery detém a maior
colecção de arte jamaicana. Kingston é indu-
bitavelmente o centro do comércio e cultura
| patrícia alves tavares
SÍMBOLOS NACIONAIS
Ave símbolo: Colibri
Fruta nacional: Ackee
Árvore nacional: Blue Mahoe
Flor nacional: Guayaco
Cerveja: Red Stripe
Rum: Appleton Gold
nacional. A cidade merece ser visitada pelo
seu dinamismo e especialmente pelas festi-
vidades anuais. Se a vislumbrar a partir das
montanhas, a localidade apresenta-se atra-
vés das encostas de subúrbios verdejantes e
do esplendoroso porto natural. O centro his-
tórico aparece a norte da zona ribeirinha, on-
de encontrará os grandes hotéis e edifícios de
escritórios. A parte nova da capital desenvol-
veu-se a norte da referida área. A antiga casa
do cantor Bob Marley, em New Kingston, con-
vertida em museu, é a maior atracção da zo-
na urbana. O local coloca ao dispor dos fãs o
quarto do cantor, com a sua guitarra em for-
ma de estrela à cabeceira, onde pode ver os
buracos das balas cravadas nas paredes (fruto
da tentativa de assassinato em 1976) e conhe-
cer a árvore onde o cantor se sentava a fumar
erva e a compor. A área ribeirinha de Kingston,
que ainda espera pelas obras de restauro, é
conhecida pela feira de artesanato das docas.
Na zona sul, situam-se os hotéis económicos
e os restaurantes indianos, chineses e ame-
ricanos. A música reggae ouve-se ao virar de
cada esquina.
MONTEGO BAYA cidade piscatória mais conhecida da Jamai-
ca recebe constantemente no seu porto uma
multidão de turistas, que percorrem as ruas
estreitas da região em busca das praias cin-
tilantes, dos campos de golfe e das casas
históricas. Localizada no extremo noroeste
da ilha, a região é famosa pelos vendedo-
res ambulantes e pelos admiráveis edifícios
“Georgeanos” de pedra, que coabitam har-
moniosamente com as casas de madeira.
Apesar das melhores praias estarem restritas
aos luxuosos estabelecimentos hoteleiros,
os turistas têm ao seu dispor todo o género
de desportos náuticos. Montego Bay é o lo-
cal ideal para quem procura férias repletas de
animação nocturna. As lojas e mercados lo-
tados de bugigangas atraem os turistas, que
encontram nesta pequena cidade estâncias
de luxo, que lhe proporcionam dias calmos
sob a luz do sol.
NEGRILFica a 84 km a oeste de Montego Bay e é uma
estância turística essencialmente de ‘massas’.
Nos últimos anos teve um crescimento feno-
menal, sendo muito procurada pelos adeptos
do conceito “férias ao sol” na Jamaica. Porém,
o facto de Negril ser um dos locais mais atra-
sados, permite ao turista estabelecer contacto
privilegiado com os habitantes locais, pois en-
contra os artesãos a esculpir madeira na praia,
barracas de venda de refeições saudáveis em
pleno areal e será saudado afavelmente pelos
moradores. As praias são de perder de vista e
o pôr-do-sol é fenomenal. O litoral da estância
foi a primeira área natural a receber a designa-
ção de zona protegida, que abrange um par-
que marítimo, os pântanos do Great Morass e
as fl orestas circundantes.
OCHO RIOSInsere-se num fundo vale, rodeado de encos-
tas verdejantes e de frente para a larga praia
Turtle e a baía protegida por recifes de co-
ral. Ocho Rios é muito popular pelos navios
de cruzeiro, que anualmente transportam
400.000 pessoas, que invadem as artérias
da cidade. Os que preferem ambientes mais
calmos e sossegados encontram a leste da re-
gião praias mais pacatas. No interior da locali-
dade, a uns 5 km no fundo de um desfi ladeiro
escavado por um antigo curso de água, encon-
tra Vala Fern. Encoberta por densas árvores,
a zona possui pela manhã uma luminosidade
subaquática. A 3 km da cidade encontra-se a
maior atracção de Ocho Rios: as cataratas do
rio Dun. A multidão de estrangeiros acumula-
se no local, fazendo fi las que percorrem os 180
metros até à praia, por entre as múltiplas cas-
catas e piscinas naturais. É impossível evitar
a confusão, pelo que se desejar experimen-
tar a refrescante água, proveniente das que-
das sombreadas pela alta fl oresta, terá que
se juntar inevitavelmente à multidão e es-
perar pacientemente pela vez. A menos de 2
km desta área, surge uma fabulosa e restrita
praia, banhada pelas Laughing Waters.
LONG BAYNa parte nordeste da ilha, surge uma das
mais impressionantes paisagens jamaicanas,
que forma uma baía em meia-lua, (com 1,5 km
de comprimento) com areia de tons rosados,
profundas águas azul turquesa e suaves bri-
sas. A autêntica Long Bay é um dos melho-
res locais para a prática do surf. Contudo, os
banhistas devem ter cuidado com as corren-
tes. A região dispõe de canoas de pesca, que
podem ser alugadas para passeio. Os turistas
que procuram desfrutar de um período de la-
ser na vila piscatória, intocada pelo turismo
de massas, optam por Long Bay, onde encon-
A NÃO PERDEREm Kingston, o National Galery e o Instituto da Jamaica estão no topo da agenda de qualquer
turista. A galeria é um prédio moderno, que exibe uma colecção de quadros e esculturas de
artistas jamaicanos. Porém, se a intenção é comprar pinturas ou mapas antigos, a Livraria e
Galeria Bolívar são os espaços apropriados. Os museus Arqueológico, Marítimo e da Ciência e
a Casa da Moeda são pontos de passagem obrigatórios. O Museu Bob Marley merece destaque
em qualquer programação. Para quem aprecia cozinha internacional num ambiente elegante
e com um serviço impecável, o Blue Mountain Inn, em Kingston é a escolha certa. O restauran-
te Jarde Garden é um bom local para os amantes da comida chinesa. Em Montego Bay, o Coral
Cliff apresenta-lhe todas as especialidades da cozinha jamaicana. Se passar por Negril, não dei-
xe de experimentar o Country Restaurant. A capital é ainda o espaço de eleição para comprar
bom artesanato e rum. A loja Things Jamaican é a mais procurada. Em Montego Bay, as roupas
do mercado Old Fort Craft Park fazem as delícias dos visitantes
elo
sti-
das
ra-
s e
is-
on-
de
ol-
asa
TURISMO
tram um rústico parque de campismo e caba-
nas de madeira. Para lá chegar, a maioria dos
forasteiros apanham os autocarros que partem
de Porto António. Na região existe um bar-res-
taurante de praia e uma infi ndável panóplia de
locais em que o peixe e mariscos secos são a
especialidade.
ALIGATOR PONDIsolada do resto da ilha, esta povoação encon-
tra-se edifi cada entre uma baía azul e dunas de
areia, no fundo de um vale entalado entre ravi-
nas inclinadas. A rua principal é animada pela
vida rural, em que as mulheres rumam à praia
todas as manhãs para recolher o peixe acabado
de pescar. Em Aligator Pond, os turistas procu-
ram os Sandy Cays, os famosos bancos de areia
que emergem das águas a cerca de 32 km da
costa e são excelentes para a prática de mer-
gulho. Na ilha, existe um autocarro privado que
faz o percurso entre Kingston e Aligator Pond.
TREASURE BEACHEste é o nome dado a quatro enseadas que
se estendem por alguns quilómetros a sul de
Starve Gut Bay, na costa sul da Jamaica. Os pe-
quenos penhascos isolam as numerosas praias
de areia cor de coral, cenários idílicos para umas
férias românticas. A região é pouco frequenta-
da por turistas e os desportos náuticos ainda
não são praticados na ilha, apesar das suas ex-
celentes condições. Porém, vale a pena conhe-
cê-la, especialmente se procuram uma zona
mais sossegada para relaxar. A possibilidade de
ver as tartarugas marinhas a nadar até à mar-
gem é uma das atracções da ilha. Esta zona da
costa recebe os caminhantes que seguem os
caminhos usados pelos pescadores.
LEQUE DE MÚLTIPLAS ATRACÇÕESA Jamaica tem muito mais que praias para ofe-
recer. Os adeptos das caminhadas levariam
semanas a explorar o emaranhado de per-
cursos que existem na região, sobretudo nas
Montanhas Azuis. A luxuriante Terra das Co-
pas é ainda pouco explorada, mas perfeita pa-
ra os caminhantes mais experientes. Passear
a cavalo é outra possibilidade para explorar a
Jamaica, pelo que a maioria das estâncias tu-
rísticas possuem estábulos e organizam excur-
sões no interior do país. Os desportistas têm
ao seu dispor dez campos de golfe e uma costa
norte com excelentes condições de mergulho.
Os tesouros nacionais vão desde os recifes de
pouca profundidade às grutas a poucos metros
da costa. Muitas instâncias têm embarcações
de vela ligeiras, iates e pequenos barcos de cru-
zeiro para aluguer.
informações geraisÁrea: 10.990 km2
Capital: Kingston
Língua Ofi cial: Inglês
(entre si os jamaicanos falam patois, que é uma mistura de espanhol,
inglês e dialecto africano)
Moeda: Dólar Jamaicano (geralmente aceitam dólares americanos)
As principais redes de cartões de crédito e traveler’s checks são aceites
na Jamaica.
Pode trocar-se dinheiro em bancos, cambistas autorizados ou hotéis
Preço médio por refeição: 2 a 5 USD
Preço médio por refeição em restaurante: 10 a 20 USD
Fuso Horário: UTC menos 6 horas
A temporada alta situa-se entre Dezembro e Abril. Em Maio e Junho, o
clima é igualmente agradável e os preços são mais baixos
como chegarA entrada principal do país é através de Miami. A American Airlines tem onze voos diários. Três chegam a Montego Bay e os restantes a Kingston. Para conhecer toda a ilha, o ideal será alugar um carro. A circulação faz-se pela esquerda, tal como em Inglaterra. Os cidadãos não precisam de visto, mas necessitam exibir o passaporte
o que evitar • Drogas (inclusive a marijuana, que apesar de fazer parte da cultura
da Jamaica, é proibida por lei desde 1913)
• Frequentar lugares ermos ou escuros, sem a companhia de um guia
confi ável
• Ir à praia sem protector solar
• Pimenta na comida
• Estradas à noite
• Perder a paciência
68 | ANGOLA’IN · TURISMO
70 | ANGOLA’IN · TURISMO
TURISMO
a cidade perdidade angkor
TRAGÉDIA E EVOCAÇÃO DIVINAEnigmática, Angkor foi o palco do colapso de
uma das maiores civilizações da história do
Camboja. Só a partir do século XIX é que os ar-
queólogos conseguiram traduzir as inscrições
em sânscrito dos templos e descobrir a verda-
deira história dos reis que os ergueram. Entre
os séculos V e XV, o reino Khmer era o mais po-
deroso da região, controlando todo o sudeste
asiático, desde Mianmar até ao Vietname. Con-
siderado o maior complexo urbano do mundo
pré-industrial, a cidade, que albergava mais de
750 mil habitantes, entrou em declínio em fi nais
do século XV. Ninguém sabe apontar com exac-
tidão as causas da queda do império mais po-
deroso da Indochina. A cidade de Angkor fi cou
inacessível por duas décadas. Oculta pela densa
selva, coube a um naturalista francês, que visi-
tou as ruínas de Angkor, seguindo as indicações
dos relatos de um missionário, a missão de co-
locar a cidade perdida no mapa. Henri Mouhot
publicou os seus desenhos e diários, dando as-
sim a conhecer a região ao resto do mundo. A
terra perdida merece e precisa de pelo menos
três dias para ser explorada. O melhor meio pa-
ra fazê-lo é recorrer ao meio de transporte pre-
ferido dos asiáticos – a bicicleta. A região é ultra
plana, pelo que é impossível perder-se. Além do
mais, os cambojanos estão sempre dispostos a
dar informações aos visitantes.
Entre as ruínas do Império Khmer ergue-se Angkor, a cidade que dominou a região do Camboja até ao século XV. Classifi cada de Património Mundial pela Unesco, a região alberga mais de mil templos. Cerca de um milhão de turistas visitam anualmente os famosos monumentos, encobertos pelas fl orestas do norte do Grande Lago. O ponto de partida é Siem Rep.
| patrícia alves tavares
PROTEGIDA PELA UNESCODesde 1991, a UNESCO tem desenvolvido um pla-
no para preservar e desenvolver os sítios histó-
ricos de Angkor. Principal atracção turística do
Camboja, a cidade difi cilmente sairá da memória
de quem a visita. As esculturas, que sobrevivem
a séculos de deterioração e de guerras, represen-
tam o ritmo de vida em Angkor. Os baixos-rele-
vos nas fachadas dos templos captam a atenção
dos turistas, ávidos por descobrir o quotidiano
da civilização Khmer. Além dos acontecimentos
do dia-a-dia, os monumentos relatam cenas de
guerra, através das imagens desgastadas e es-
culpidas nas paredes. Actualmente, existem cer-
ca de 1,3 milhões de inscrições nos templos de
Angkor.
ANGKOR WATÉ o maior monumento religioso do mundo. Edi-
fi cado para honrar a divindade hindu Vishnu, foi
construído em menos de 40 anos e constitui um
símbolo nacional, marcando presença na bandeira
nacional. O templo budista é a principal atracção
turística, constituindo um dos principais emble-
mas do Camboja. Construído pelo rei Suryavar-
man II, no início do século XII, sob a designação
de monumento central, é o templo maior e me-
lhor preservado. É o único que assume um im-
portante signifi cado religioso. Inicialmente hindu
e posteriormente budista, Angkor Wat é o ponto
máximo do estilo clássico da arquitectura Khmer.
O seu desenho representa o Monte Meru, a casa
dos deuses da mitologia hindu.
SABIA QUE...Angkor Wat foi fi nalista no concurso de eleição das sete maravi-
lhas do mundo, promovido pela UNESCO. O principal monumento
de Angkor é conhecido pela sua imponência e geometria sagrada
PHNOM BAKHENG: Erguido sobre uma colina, foi construído em 900 d.C.. Foi o
primeiro templo a nascer em Angkor e o seu construtor, Yasovarman I, foi responsável pela
abertura do canal, que alterou o curso do rio Siem Reap, redireccionando-o para o sul até ao
Baray Leste.
PRASAT KRAVAN: Edifi cado em 921 d.C., o templo é incomum devido à sua fi la de
cinco torres de tijolo em baixo-relevo. Prasat Kravan nasceu pelas mãos dos funcionários do
alto tribunal.
PHIMEANAKAS: Data de cerca de 910/ 1100 e é uma pirâmide única, feita em ro-
chas densas. A torre é lendária, bem como o local onde o rei Khmer tinha encontros com a
deusa serpente, que aparecia sob a forma de mulher.
TA KEO: Homenageia a divindade hindu Shiva. É o templo mais massivo do seu perío-
do, que data de 1000 d.C.. Ta Keo possui cinco torres e foi construído em arenito.
PREAH KHAN: Criado em 1191, o Preah Khan constitui um labirinto de pavilhões,
salas e capelas. O templo foi erguido pelo budista Jayavarman VII, para homenagear a me-
mória do seu pai.
BAYON: Nasceu entre os fi nais do século XII e inícios do século XIII. Os seus murais em
baixo-relevo imortalizam as batalhas conquistadas e descrevem a vida comum do rei Khmer
71 TURISMO · ANGOLA’IN |
Belos templos, tribos nas montanhas, ilhas cercadas de águas límpidas, be-
las praias e populações hospitaleiras esperam os visitantes do Camboja. A
cidade de Angkor é o destino de destaque, pela sua cultura milenar, misticis-
mo e história. Visto do ar, o monumento erguido há tantos séculos aparece e
desaparece como uma alucinação. A região perdida de Angkor, actualmente
em ruínas, é habitada essencialmente por agricultores de arroz, que man-
têm vivos e intocáveis a panóplia de espaços. A jóia da coroa é o templo de
Angkor Wat. O governo do Khmer Rouge foi deposto há mais de 20 anos
pelas tropas vietnamitas. Actualmente, a impressionante região arqueoló-
gica de Angkor permite aos visitantes compreender a trajectória dos grandes
imperadores. Considerada uma das maravilhas turísticas do Sudeste Asiá-
tico, a cidade atrai a curiosidade de historiadores, arqueólogos e cientistas.
Entre as casas, construídas ao estilo Khmer, surge o templo Banteay Samre.
Localizado entre o “grande lago”, o Tonle Sap e a serra que se ergue a norte,
ladeada pelos montes Kulen, o templo foi restaurado na década de 40. As
muralhas que o ladeiam simbolizam o oceano à volta do monte Meru, a mí-
tica morada dos deuses do hinduísmo. Banteay Samre é apenas um dos mil
santuários existentes na cidade de Angkor. Muitos visitantes comparam a
escala e dimensão destas construções às pirâmides egípcias.
ESPÍRITOS DIVINOSAs principais marcas da geração de reis Khmer
são os templos, erguidos para contemplar as
divindades hindus. No apogeu deste império
nasceu uma religião, que sobrevive até ho-
je, sendo a mais praticada no Camboja: o bu-
dismo. Os visitantes encontram nesta cidade
uma panóplia de templos e esculturas, criadas
com fi ns específi cos e diversos. Os seguidores
do hinduísmo e budismo ergueram espaços de
culto para as suas divindades. Os reis Khmer
consideravam-se semidivinos e veneravam os
espíritos da natureza, os Neak Ta. Ao conhe-
cer Angkor, descobrirá que embora o budismo
seja a religião ofi cial, o hinduísmo ainda per-
dura e o seu maior símbolo resiste numa está-
tua, que representa a divindade hindu, a cobra
d’água com várias cabeças, que é conhecida
entre os locais como naga e que tem como
função proteger Buda. Quem passa pela ci-
dade perdida, não pode deixar de descobrir as
belas entidades femininas, mundialmente co-
nhecidas como apsaras. Os muros de Angkor
possuem cerca de 1,7 mil apsaras esculpidas.
Os gestos das entidades constituem a inspi-
ração para a dança tradicional cambojana.
nota: angkorDesignado de Património Mundial (UNESCO), o complexo de ruínas está inserido no meio das fl orestas do norte do Gran-de Lago. Cerca de um milhão de turistas visitam Angkor, um dos mais importantes locais arqueológicos da Ásia. São mais de 400 km2 de ruínas das capitais do Império Khmer
TEMPLOSPARA VISITAR: Supõe-se que os mais de mil quilóme-
tros quadrados da antiga cidade perdida
escondam mil santuários. Até ao mo-
mento, foram encontrados 50. Os mais
conhecidos e procurados pelos turistas
são os seguintes:
o que deve saber sobre o camboja:• A população é de cerca de 12 milhões
• A capital é Phnom Penh
• O país faz fronteira com a Tailândia,
o Vietname e o Laos
• O idioma ofi cial é o Kmer
• Nos centros turísticos fala-se o inglês
indicações para conhecer angkorMelhor época para visitar: os meses de De-
zembro a Janeiro são os mais agradáveis para
visitar o país.
O que levar: água mineral, máquina de fi l-
mar ou fotográfi ca, boné, protector solar e
calçado apropriado para caminhar.
Imperdível: a arquitectura colonial france-
sa da capital, Phnom Penh. Nos restaurantes,
encontra o peixe apanhado no rio Mekong
em todas as ementas.
ARQUITECTURA & CONSTRUÇÃO | patrícia alves tavares
A ideia de criar uma modelo habitacional que
revolucione o mercado angolano e se adapte
às necessidades nacionais partiu da associa-
ção portuguesa AIMMP, que se encontra no
país a desenvolver três acções de grande en-
vergadura. Por um lado, há que dar continui-
dade ao plano de instalação das indústrias do
sector nas várias províncias (orçado em 100
milhões de euros). Os restantes objectivos
nucleares dizem respeito ao desejo de intro-
duzir, em colaboração com diversas empresas
associadas, o projecto “Casa de Sonho”, que
foi recentemente abordado na Export Home
e será erguido no próximo certame dedicado
à construção civil para que os visitantes pos-
sam conhecer integralmente as residências
do futuro. De 15 a 18 de Outubro, a AIMMP
mostra na sétima edição da Constrói Angola
o protótipo da casa que faz parte do imaginá-
rio de cada família. Construído pela Modular
System, o espaço, que será dado a conhecer
ao público no maior evento associado ao mer-
cado imobiliário nacional, foi equipado por di-
versas empresas, que acederam ao convite da
AIMMP e da sua marca Associative Design. As
características únicas são apenas uma das no-
vidades de um projecto que tem como intui-
to introduzir no ramo da construção civil uma
nova génese residencial, que tenha em consi-
deração a efi ciência energética e a preocupa-
ção com a salvaguarda dos recursos naturais
e redução da emissão de poluentes, visto que
o país começa a registar elevados índices de
poluição, sendo urgente regular este ramo de
actividade.
NOVA GERAÇÃO RESIDENCIALApós a passagem por Milão e Nova Iorque, a
marca empresarial Associative Design esco-
lhe Angola para expor o conceito inovador de
edifi car residências, que se adaptem às novas
exigências da sociedade moderna. Dezoito em-
presas associaram-se à AIMMP para desenvol-
ver um produto, concebido de raiz em Portugal.
O facto de estar em curso a implementação de
seis fábricas de produção de madeira nas pro-
víncias nacionais é uma mais-valia, uma vez
que o novo modelo habitacional proposto pe-
la empresa poderá, no futuro, recorrer a ma-
téria-prima nacional. Totalmente decorada,
equipada e pronta a habitar, a casa que todos
‘casa de sonho’ ao pormenor
Ocupa 386 m2 e está
totalmente decorada, equipada
e pronta a habitar.
Possui:
• Quatro suites
• Cinco casas de banho
• Duas salas de estar
• Uma sala de jantar
• Uma piscina
• Um jacuzzi
• Um jardim
Casa doFuturo
72 | ANGOLA’IN · ARQUITECTURA & CONSTRUÇÃO
O nome do projecto diz tudo. Chama-se “Casa de Sonho” e foi dada a conhecer ao público na Export Home Angola, onde foi feita a ante-visão de um plano habitacional, que está a ser desenvolvido pela As-sociação de Indústrias de Madeira e Mobiliário de Portugal (AIMMP), que pretende desta forma incutir o conceito da qualidade e inovação aliados ao design moderno, de modo a dinamizar o mercado da cons-trução civil. As residências do futuro, que se adaptam às exigências ambientais, de efi ciência e sustentabilidade, serão apresentadas ofi -cialmente na Constrói.
73 ARQUITECTURA & CONSTRUÇÃO · ANGOLA’IN |
export home antevê projecto inovadorA AIMMP, representada pela secretária-geral Maria Fernando Carmo e por elementos da Associação Empresarial de Portugal (AEP), participou
na Export Home, que decorreu em Luanda entre 30 de Julho e 2 de Agosto. O protocolo celebrado entre a AEP e FIL (Feira Internacional de Lu-
anda) tem como fi nalidade promover iniciativas, que permitam às empresas portuguesas aceder ao mercado angolano, que se assume como
destino preferencial, devido ao programa de criação de um milhão de casas até 2012. O certame permitiu aos visitantes antever o inovador e im-
ponente plano da AIMMP. “Estamos a falar de um projecto de grande impacto, que não só vai juntar empresas da Fileira Casa, mas também de
sectores que lhe são complementares. Só podemos avançar que tudo o que um angolano necessita e sonha vai encontrar no espaço que estamos
a preparar na Constrói”, avançou Maria Fernanda Carmo
REQUALIFICAÇÃO ATRAI NOVOS PROJECTOS
A associação portuguesa pretende investir
100 milhões de euros na concretização de
um plano encomendado pelo Ministério da
Indústria, em Outubro de 2008. O projecto
consiste na criação de seis fábricas (uma de
aglomerados de madeira, outra de pavimen-
tos, duas de mobiliário e duas de carpinta-
ria) e de um centro de formação profi ssional.
A iniciativa vai gerar 720 postos de traba-
lho directos e dois mil indirectos. A AIMMP
propõe-se desta forma a assumir o desafi o de
criar uma indústria de transformação fl ores-
tal semelhante à portuguesa, num período
de 15 anos (e que em Portugal demorou 35
anos)
idealizam ocupa 386 metros quadrados e dis-
põe de quatro suites, cinco casas de banho,
duas salas de estar, uma sala de jantar, uma
piscina, um jacuzzi e jardim. No cômputo geral,
serão utilizados cerca de 30 módulos para con-
cretizar o projecto, que conta com uma vasta
equipa, composta por empresas de decoração
de interiores e de concepção de produtos e sis-
temas para a construção.
AMIGOS DO AMBIENTEPainéis solares, espaços reservados para com-
bustão, reciclagem e electrodomésticos que
economizam energia são algumas das fun-
cionalidades que compõem a “Casa de Sonho”
e fazem deste projecto habitacional uma es-
trutura auto-sustentável. A empreitada está
ao cargo da empresa Modular System, que
recorre a um sistema construtivo modular
em madeira, que parte da sua justaposição
para alcançar diversas confi gurações, que se
adaptam às necessidades de cada utilizador.
Os edifícios são integralmente desenvolvidos
em Portugal e apresentam um reduzido im-
pacto ambiental, devido à utilização de mate-
riais naturais e recicláveis, em que se aposta
nas energias renováveis e no reaproveitamen-
to dos recursos naturais. Ao projecto associa-
ram-se múltiplas marcas portuguesas, que
têm como responsabilidade equipar a “Ca-
sa de Sonho” com todas as infra-estruturas,
design e decoração, essenciais para tornar o
espaço habitável. Aliás, a eco-efi ciência e ges-
tão ambiental incorporam as preocupações da
AIMMP, cuja fi losofi a da empresa tem como
objectivos a redução do consumo de recursos
e seus impactos na natureza, bem como o au-
mento do valor dos produtos e serviços. As
residências que a entidade pretende erguer
deverão ter em atenção a redução da inten-
sidade energética de bens e serviços, a dimi-
nuição da dispersão tóxica, a promoção da
reciclabilidade dos materiais e a maximização
do uso sustentável dos recursos renováveis,
aumentando a durabilidade dos produtos.
IMPORTÂNCIA DA SUSTENTABILIDADEOs seus componentes são acessíveis para a
maioria das bolsas, uma vez que a aplicação
das técnicas de design industrial na arquitec-
tura habitacional contribui para o fabrico em
série das matérias, permitindo a redução dos
custos de produção. Os materiais usados são
de elevada qualidade, pautando-se pela dura-
bilidade aliada ao conforto. Não obstante, os
preços da “Casa de Sonho” ainda não foram
divulgados, pelo que só devem ser conheci-
dos durante a edição da Constrói. Certo é que
é necessário ter poder de compra para adqui-
rir estas residências, já que as funcionalidades
e equipamentos com que estão dotadas são
dispendiosos. Apesar de se tratar de um in-
vestimento caro para muitos, esta tipologia
permite a muitas famílias poupar a médio e
longo prazo. Uma casa que está provida com
energias renováveis e com infra-estruturas
que permitem a poupança energética acarreta
inúmeros benefícios em termos económicos e
ambientais. Desta forma, o investimento ini-
cial compensa e, apesar dos custos iniciais, a
“Casa de Sonho” traz a possibilidade de pou-
pança durante o dia-a-dia, em que as despesas
com os materiais renováveis são compensa-
das pela sua maior durabilidade em detrimen-
to de outros mais baratos e mais poluentes.
O novo conceito proposto nas habitações do
futuro é determinante para o desenvolvi-
mento nacional, que começa a ter em conta
as necessidades de preservar recursos vitais e
perecíveis e de reduzir os níveis de poluição e
impactos ambientais. A evolução das cidades
será mais sustentável caso as residências te-
nham em consideração as problemáticas diá-
rias e exigências da sociedade actual.
ARQUITECTURA & CONSTRUÇÃO
74 | ANGOLA’IN · ARQUITECTURA & CONSTRUÇÃO
| patrícia alves tavares BREVES
INAD clarifi cou maior área de estradasMais de nove milhões de metros quadrados de bermas de estradas e da faixa do aeroporto Albano Machado, na província de Huambo, foram cla-
rifi cados apenas no primeiro semestre de 2009. A acção esteve a cargo do Instituto Nacional de Desminagem (INAD) e segundo o responsável lo-
cal, Victor Jorge, os trabalhos foram concretizados através dos métodos de desminagem manual e mecanizada (Hitachi). As operações permitiram
recolher 52 minas anti-pessoal, três minas anti-tanque, 307 engenhos explosivos e 96 munições. O técnico explicou que a maioria das áreas con-
cluídas se inseriram nos projectos de fi bra óptica, levados a cabo pela empresa de telecomunicações Angola Telecom. Vítor Jorge recordou que no
referido período foram desenvolvidas actividades de pesquisa e levantamento nas zonas de reserva fundiária do governo, nas localidades de Los-
sambo, Canhama e S. José-Canjaia, na sede dos municípios de Huambo e Caála. Estão igualmente em curso os trabalhos de desminagem do novo
traçado das torres de alta tensão Belém do Huambo-Chinguari (Bié) e o acompanhamento da reabilitação do Caminho-de-Ferro de Benguela.
Isenção de impostos favorecereconstruçãoAntónio Lapa, director comercial da empresa FERMAT, defende que
a isenção de impostos aduaneiros e de consumo sobre os materiais
de construção civil vai contribuir para a dinamização do processo de
requalifi cação das infra-estruturas nacionais. A referida medida foi
aprovada recentemente em Conselho de Ministros e mereceu elo-
gios por parte do responsável, que admitiu que a acessibilidade dos
materiais terá como benefi cio a minimização dos custos de cons-
trução das residências sociais. O consumidor também é afectado
por esta medida, cuja inexistência de carga fi scal permitirá ven-
der mais barato. Além das vantagens para privados e empresas,
a iniciativa, segundo António Lapa, favorece “aqueles que estarão
integrados no processo de construção de habitações para as po-
pulações de baixa e média renda”. De acordo com o empresário, o
processo contribuirá para a evolução da economia nacional, através
da redução dos preços de construção, que se traduzirão mais com-
petitivos. A FERMAT está implementada no mercado angolano há
18 anos, trabalhando no ramo da venda de artigos como máquinas,
ferragens, cerâmicas, sanitários, andaimes, prumos, cofragens, ci-
mento, massas de reboque, tintas, entre outros.
Cem mil lotes para construirO Governo pretende doar até ao fi nal deste ano cem mil lotes de terra aos
cidadãos nacionais, que se destinam à construção de residências em todo
o território. A iniciativa insere-se no programa de fomento habitacional. O
anúncio foi proferido pelo ministro do Urbanismo e Habitação, José Ferreira,
que explicou que 50 por cento das referidas áreas já se encontram total-
mente urbanizadas nas 18 províncias. O responsável preferiu não avançar a
data da entrega dos lotes. No entanto, avançou que o projecto se enquadra
no programa de construção de um milhão de casas nos próximos quatro
anos (lançado em 2008). O ministro aproveitou o momento para confi rmar
que a iniciativa decorre a bom ritmo, contando com a colaboração das direc-
ções provinciais, que têm actuado essencialmente nos espaços destinados
à criação de residências de baixa, média e alta renda. José Ferreira apontou a
acção do governo da Huíla como exemplo a seguir, pois nos últimos seis me-
ses a execução do processo tem sido rápida. Por seu lado, Isaac dos Anjos,
governador da Huíla anunciou que foram identifi cados 25 701 hectares, o
que permitirá atribuir 135 mil lotes às populações dos 14 municípios, estan-
do prevista a construção de habitações para todos os estratos sociais, fábri-
cas, hospitais, escolas, universidades, indústrias e outras infra-estruturas.
“A província da Huíla tem condições propícias para que este projecto decorra
sem sobressaltos. Depois de Luanda, a província é a segunda em termos de
densidade populacional. Por isso, é preciso que canalizemos com urgência
os projectos que aqui forem direccionados”, fi nalizou.
76 | ANGOLA’IN · INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO
Os executivos devem estar atentos às potencialidades que as no-vas políticas ambientais propiciam aos seus negócios
As alterações climáticas são diferentes de to-
dos os outros desafi os ecológicos ou de saú-
de pública que as democracias alguma vez
enfrentaram. A escala do problema ao longo
do tempo e espaço, as suas causas versáteis
e complexas, o enorme custo de o abordar (e
o custo ainda maior de o ignorar) – tudo is-
so desafi a a nossa intuição. E esta enorme
complexidade irá confrontar os executivos à
medida que estes começarem a contemplar
o que as realidades das políticas climáticas
signifi carão para os seus negócios. Muita
da discussão actual entre os líderes empre-
sariais e políticos envolve pormenores sobre
como aplicar um sistema de ‘cap and trade’
com base no mercado. Isto, claro, é o esque-
ma em que os reguladores defi nem limites
de emissões e um sistema de créditos que
permite às empresas cumprirem esses limi-
tes – criando assim um incentivo para que es-
tas encontrem as formas mais efi cientes de
reduzirem emissões pelos custos mais bai-
xos. É claro que a maioria dos governos vai
acabar por se convencer principalmente, ou
até exclusivamente, neste tipo de aborda-
gem concentrada no mercado e isso propor-
cionará um contexto nacional e global para
a acção empresarial sobre as alterações cli-
máticas. Mas o ‘cap and trade’ por si só será
insufi ciente, por duas razões. Primeiro, ten-
do em conta as tecnologias actuais, o preço
dos créditos de CO2 precisaria primeiro de su-
bir a níveis politicamente insustentáveis para
atingir as reduções de emissões que a maio-
ria dos cientistas acredita serem necessárias
para evitar danos irreparáveis no ambiente.
Segundo, muitas das medidas mais podero-
sas para reduzir as emissões envolvem infra-
estruturas novas, padrões técnicos novos,
planeamento regional e pesquisas básicas
– domínios nos quais os preços e os merca-
dos, por si, são inadequados. A natureza das
alterações climáticas, assim como as realida-
des do comportamento económico e político,
tornam mais provável que no fi nal seja usada
uma abordagem reguladora com várias fren-
tes – incorporando, mas não se limitando a,
abordagens baseadas no mercado. Apesar de
ser impossível prever exactamente que for-
ma terá este conjunto de políticas públicas e
privadas, as possibilidades mais realistas es-
tão hoje em enfoque. Infelizmente, algumas
empresas, ao planearem um futuro “pós-car-
bono”, estão a apostar em estratégias que
apenas compensariam em cenários mais ex-
tremos (e pouco prováveis). A tecnologia de
fi xação de carbono actualmente disponível,
por exemplo, faz sentido apenas quando os
preços dos créditos de CO2 estão extrema-
mente altos; o desenvolvimento de fábricas
convencionais a carvão só funcionaria fi nan-
ceiramente se não existissem limites de CO2.
Uma avaliação lúcida aos pontos fortes e aos
limites de um sistema ‘cap and trade’ suge-
re uma via estratégica mais evolutiva para os
produtores energéticos e industriais.
A regulação do carbono será inesperadamente complexa e os líderes empresariais terão de planear a sua abordagem de modo adequado
CUSTOS E COMPLEXIDADESAs alterações climáticas são uma questão
inerentemente complicada para se compre-
ender. Primeiro há a amplitude do proble-
ma. Sob os cenários “do costume”, em que as
emissões de carbono continuam a subir (ou
até a estabilizar), calcula-se que o custo total
INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO | manuela bártolo
Mercado de emissõescomo motor de progresso
económico créditoao carbono
77 INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO · ANGOLA’IN |
dos danos relacionados com as alterações cli-
máticas ao longo dos próximos dois séculos
seja “equivalente a uma redução média no
consumo global per capita de pelo menos 5%,
agora e para sempre” e 20% nos países mais
vulneráveis (a fonte destes cálculos está no
relatório de 2007 de Nicholas Stern intitula-
do The Economics of Climate Change e publi-
cado pela Cambridge University Press). Estes
custos podem ser mitigados, mas apenas se
as emissões do sector energético forem cor-
tadas em 60 a 75% e sejam realizados cortes
extensivos nas emissões dos transportes.
Até as melhores abordagens podem exigir bi-
liões de euros na sua implementação. Para a
maioria das pessoas, estes números são tão
grandes que acabam por perder signifi cado.
O problema na forma de abordar as altera-
ções climáticas é igualmente intrigante, em
parte graças à cadeia difusa de causalidade e
aos atrasos envolvidos. As emissões que en-
tram na atmosfera hoje podem ter impactos
insignifi cantes a curto prazo, mas contribuir
directamente para níveis perigosos de gases
com efeito de estufa (GEE) daqui a cem anos
ou mais. As melhores respostas tecnológicas
ainda não estão disponíveis comercialmente
e por isso não sabemos quanto vai custar a
sua implementação. E a variedade de activi-
dades humanas que resultam em emissões
apresenta os seus próprios desafi os.
As questões de igualdade, co-mo por exemplo se as nações pobres deverão pagar ou se as incertezas actuais justifi cam que paguem as futuras gera-ções, abundam
A chuva ácida foi reduzida signifi cativamente
com o ‘cap and trade’, mas foi principalmen-
te causada pelas emissões de dióxido de en-
xofre e de óxido nitroso, ambas de centrais
eléctricas alimentadas a carvão; as emissões
de GEE vêm de várias actividades e sectores
da economia. Nenhuma fonte única de car-
bono atmosférico representa mais de 30 ou
40% do total. Em vez disso, o único consen-
so actual sobre soluções parece ser que não
há uma fórmula mágica. E, claro, toda a dis-
cussão está a ter lugar numa altura em que
temos uma ciência imperfeita que se desen-
volve rapidamente e ao mesmo tempo pers-
pectivas muito partidárias. As questões da
equidade (como por exemplo se as nações
ricas ou pobres deverão pagar ou se as in-
certezas actuais justifi cam que paguem as
futuras gerações) abundam. Os esforços pa-
ra estabelecer taxas de juro apropriadas pa-
ra uma análise custo/benefício de políticas
alternativas acabam enredados no que pare-
cem ser contradições irreconciliáveis. Apesar
das muitas complexidades desta questão, o
apoio público a acções que combatam as al-
terações climáticas é vasto e está a crescer.
Muitas nações já adoptaram limites obriga-
tórios às emissões de CO2; o mesmo fi zeram
muitos estados, cidades e empresas no mun-
do industrializado. O debate sobre o sistema
‘cap and trade’ em particular está a passar do
“Devemos fazê-lo?” para as múltiplas ques-
tões que envolvem o “Como fazê-lo?”. E aqui,
mais uma vez, há desacordos: em relação à
percentagem dos direitos às emissões que
devem ser dadas às empresas em oposição
à percentagem que deve ser leiloada; em re-
lação à velocidade e severidade das reduções
nas emissões; em relação ao uso apropriado
dos procedimentos por parte dos governos.
Em geral, estes debates reduzem-se a uma
questão de distribuição: se os pormenores da
distribuição devem ser defi nidos para favo-
recerem geografi as em particular (áreas de-
pendentes do carvão versus áreas receptivas
a moinhos de vento), sectores em particular
(produtores que precisam de mais energia
versus sectores de serviços) ou tipos de em-
presas em particular (empresas de energia
eléctrica com grandes portefólios nucleares
e renováveis versus empresas com mais uni-
dades movidas a carvão). Contudo, a qualida-
de acalorada destes debates pode obscurecer
uma questão mais fundamental relacionada
com a natureza dos próprios mercados.
No mundo real, o esquema de troca de emissões da União Europeia passou por uma vo-latilidade. Os impostos sobre o carbono são vistos em geral co-mo um fracasso político
OLHAR SOBRE ÁFRICAO comércio de carbono pode-
se converter numa garantia de
segurança alimentar em África,
se a comunidade internacional
reconhecer que a agricultura
sustentável e a preservação das
fl orestas contribuem para minimizar
a mudança climática. O continente
é responsável por apenas 3,8% da
concentração de gases causadores
do efeito de estufa, mas será a região
mais prejudicada do planeta. A
África deve utilizar o comércio de
carbono para conseguir a segurança
alimentar em risco. No contexto do
mercado de carbono estabelecido
no Protocolo de Quioto, as empresas
que superam os seus limites de
emissões de GEE podem investir em
projectos limpos, enquanto ganham
tempo para reduzir a sua própria
contaminação. É aí que entram os
pequenos agricultores africanos. Se
forem reconhecidas a importância do
cultivo sustentável e a preservação
das fl orestas, os contaminantes
dos países ricos poderão comprar
créditos de carbono aos camponeses
deste continente. Dessa forma, o
mercado global de carbono cresce.
78 | ANGOLA’IN · INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO
INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO
AS OMISSÕES NO MERCADO DE EMISSÕESWinston Churchill afi rmou que a democracia
era o pior sistema político, exceptuando to-
dos os outros. Pode dizer-se algo semelhante
sobre o uso dos mercados de ‘cap and trade’
para reduzir os gases com efeito de estufa.
Os mercados podem ser imperfeitos e estar
incompletos, mas todas as alternativas (pe-
lo menos individualmente) são piores. A re-
gulamentação clássica de “ordem e controlo”
pode ser inefi ciente e provavelmente intragá-
vel em termos políticos. Os impostos sobre
o carbono são vistos em geral como um fra-
casso político pelo menos nos Estados Uni-
dos. E fi car de braços cruzados, pelo menos
a nível empresarial ou nacional, é uma pro-
posta demasiado arriscada. Como referido
anteriormente, os regimes ‘cap and trade’ fo-
ram aplicados com grande sucesso na regu-
lação da chuva ácida, com início em 1989. Os
regimes reguladores existentes na Europa,
no nordeste dos EUA e na Califórnia estão a
usar abordagens semelhantes. Os benefícios
destes regimes com base em mercados, em
comparação com mandados quantitativos ou
tecnológicos, são bem conhecidos. Os mer-
cados criam sinais de preços que permitem
que milhões de escolhas descoordenadas se-
jam direccionadas para a redução do carbono,
apresentando ao mesmo tempo inovações
tecnológicas e empresariais, sem a neces-
sidade de um controlo centralizado. Mas as
desvantagens da utilização de mercados na
redução de emissões não podem ser ignora-
das. Primeiro, e antes de mais, como mostrou
um inquérito recente da Booz & Company aos
consumidores dos EUA, muitas pessoas não
estão preparadas para os preços que teriam
de pagar pela energia com um regime ‘cap
and trade’. Não surpreende assim que no cen-
tro e sul dos EUA, onde o preço da electricida-
de permaneceu igual ou caiu em termos reais
no espaço de duas décadas e onde o apoio po-
lítico à abordagem às alterações climáticas é
baixo, as pessoas se mostrem relutantes pe-
rante a ideia de um aumento nos impostos.
Mas os inquiridos que são ambientalmente
e socialmente progressivos de locais como o
nordeste e o noroeste dos EUA também não
se sentem inclinados a pagar um preço mais
alto pela electricidade ou pelo combustível
para transportes, mesmo depois de fi carem
a saber que isso iria refl ectir a necessidade
de reduzir as emissões de carbono. Em vez
disso, a pesquisa mostrou que os consumi-
dores dos EUA e de todas as cores políticas
acreditam que os outros (nomeadamente os
grandes negócios) deveriam desembolsar os
custos. Isto sugere que as tentativas de im-
pingir o aumento nos preços aos consumido-
res para reduzir as alterações climáticas seria
politicamente insustentável, talvez até redu-
zindo a boa vontade geral que actualmente
apoia as acções contra as alterações climá-
ticas. Infelizmente, os preços da energia sob
a maioria dos sistemas ‘cap and trade’ e dos
sistemas de trocas não serão sufi cientemen-
te altos para fazer com que os consumidores
dêem os passos necessários para mitigarem
as alterações climáticas. E as provas suge-
rem que, não importa quão altos fi quem os
preços da energia, mesmo assim serão moti-
vadores insufi cientes por si só. Por exemplo,
muitas pessoas continuam sem aproveitar o
isolamento das suas casas, a climatização (a
modifi cação de edifícios para os tornar me-
nos vulneráveis ao calor, frio e humidade) e
outras oportunidades para melhorar a efi ci-
ência energética, apesar de essas soluções
serem economicamente atractivas aos pre-
ços actuais. O hábito, a ignorância e a incon-
veniência servem como barreiras resistentes
à mudança de comportamento, independen-
temente dos incentivos. Outra falha dos sis-
tema ‘cap and trade’ é a sua dependência por
incentivos pecuniários – os quais têm um his-
torial pobre na infl uência de certos tipos de
comportamentos humanos. Vejamos os mi-
lhões de pessoas que decidem dar sangue,
fazer trabalho militar voluntário em tempos
de guerra, perder algum tempo com as co-
munidades locais e separar voluntariamente
todas as semanas o lixo reciclável. A sensa-
ção de auto-satisfação ou a aprovação ou a
recriminação social podem funcionar onde
os mercados não funcionam – ou onde es-
tes são vistos como socialmente inapropria-
dos. O mesmo parece acontecer no caso das
atitudes populares em relação às alterações
climáticas. Cerca de 80% dos inquiridos pe-
la Booz & Company afi rmou que pagaria um
preço substancialmente mais alto pelas su-
as próprias soluções renováveis, mas que não
pagaria uma pequena percentagem dessa
quantia por um preço mais alto na energia.
Por exemplo, a maioria dos inquiridos revelou
que preferia instalar um painel solar em casa
do que pagar um ligeiro aumento na conta da
electricidade para refl ectir o custo da redução
no carbono. Por fi m, como a crise no sector
sabia que…O sistema ‘cap & trade’ funciona como algo similar a um mercado de créditos de car-
bono. O governo estabelece limites de emissão; quem se mantiver abaixo do limite
pode vender créditos; quem precisar emitir acima do limite terá de comprar créditos.
Esta é uma opção para sistemas ambientalmente mais desgastantes, como, por exem-
plo, os EUA, que tem prevista a tributação das emissões ou a proibição de emissão
acima de determinados patamares. O ‘cap and trade’ não deixa de ser controverso,
mas tem vindo a encontrar cada vez mais adeptos, inclusive entre ambientalistas
80 | ANGOLA’IN · INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO80 | ANGOLA’IN · INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO
INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO
fi nanceiro da segunda metade de 2008 nos
relembrou, os mercados livres nem sempre
dirigem as pessoas a escolhas ideais ou apro-
priadas. Nos mercados energéticos em geral,
a capacidade dos preços para fornecerem in-
formações úteis é comprometida pelas falhas
temporais e pela enorme escala dos investi-
mentos, típicos neste sector de capital inten-
sivo. As simulações recentes levadas a cabo
pela Booz & Company sobre as possíveis im-
plicações de um regulamento climático para
o sector eléctrico dos EUA (com executivos lí-
deres de empresas de utilitários e de petró-
leo e gás e outros participantes) sublinharam
esta questão. Tal como no mundo real, até os
peritos mais experientes falharam na previ-
são das consequências das escolhas uns dos
outros. O resultado foi uma onda geral de de-
sinvestimento e depois um excesso de inves-
timento na nova geração de energias, com o
preço das emissões a subir a níveis muito al-
tos antes de caírem e chegarem quase a ze-
ro. No mundo real, o esquema de troca de
emissões da União Europeia passou por uma
volatilidade semelhante. Este padrão pode
facilmente reaparecer no mercado de ‘cap
and trade’ dos EUA.
Muitas nações já adoptaram li-mites obrigatórios às emissões de CO2; o mesmo fi zeram mui-tos estados, cidades e empresas no mundo industrializado
O QUE PODEM FAZER OS LÍDERESPOLÍTICOS?No fi nal, a natureza multifacetada das alte-
rações climáticas e as mudanças exigidas no
comportamento e no investimento necessá-
rio para lidar com elas fazem com que qual-
quer abordagem que dependa apenas do
programa ‘cap and trade’ seja problemática.
O que podem então fazer os líderes políticos?
Em vez de colocarem um peso excessivo em
cima das frágeis instituições de mercado, vão
acrescentar outros instrumentos políticos
veneráveis ao sistema ‘cap and trade’. Algu-
mas iniciativas para as alterações climáticas
já seguem a abordagem denominada “cin-
to e suspensórios” (em que há mais de uma
abordagem para o mesmo problema). Por
exemplo, o Global Warming Solutions Act da
Califórnia, de 2006, estabeleceu um progra-
ma de referência para as alterações climáti-
cas que junta os mecanismos reguladores
e de mercado com o objectivo de reduzir as
emissões de GEE para apenas 20% dos níveis
de 1990 em 2050. Como os transportes con-
tribuem 39% para as emissões brutas de GEE,
esse sector tornou-se um alvo importante. A
Califórnia usa uma mistura de políticas, in-
cluindo a efi ciência de veículos e padrões de
quilometragem, mandatos para níveis bai-
xos de carbono nos combustíveis para trans-
portes e uma transição de gasolina e gasóleo
para combustíveis alternativos e renováveis.
Além disso, o estado oferece 90 milhões de
euros todos os anos em concessões, emprés-
timos rotativos, garantias de empréstimos e
outras medidas para desenvolver e usar tec-
nologias automóveis e combustíveis. A Cali-
fórnia também quer aumentar a produção de
electricidade a partir de recursos renováveis
em 33% até 2020, através de uma combina-
ção de padrões para edifícios e aplicações e
programas fornecidos por empresas públicas,
governos locais, organizações comunitárias
e o sector privado. Formaram-se subgrupos
Climate Action Team em sectores como a
agricultura, silvicultura e energia para iden-
tifi carem e analisarem medidas de forma a
reduzir as emissões. O uso de terras e as polí-
ticas agrícolas também estão incluídas neste
portefólio robusto. Do outro lado do Atlânti-
co, o governo alemão implementou um plano
semelhante para uma redução de 40% nas
emissões de GEE do país até 2020. O plano,
que afecta sectores como o da agricultura e
transportes, também exige que a electricida-
de produzida na Alemanha a partir de fontes
renováveis seja de 25% a 30% em 2020 (o pa-
ís já tem a percentagem mais alta de capaci-
dade eólica instalada no mundo). Além disso,
o governo vai implementar um pacote de po-
líticas de redução de emissões, assim como
14 novas leis e regulamentos concebidos pa-
ra encorajar os negócios que conservam ener-
gia. E ao dar centenas de milhões de euros
em subsídios para encorajar os proprietários
de edifícios e de casas a instalarem sistemas
de aquecimento efi cientes, o governo alemão
espera aumentar a efi ciência energética dos
edifícios. Tendo em conta a novidade, com-
plexidade e escala do desafi o, os governos
irão indubitavelmente passar por várias abor-
dagens. Contudo, ao longo do tempo acaba-
rão por gravitar na direcção de políticas que
refl ectem as realidades subjacentes da redu-
ção de emissões, das políticas nacionais e lo-
cais e da economia. Isso quase de certeza que
signifi ca, no fundo, que a paisagem regulado-
ra irá refl ectir estes três princípios gerais:
O debate sobre o sistema ‘cap and trade’ em particular está a passar do “Devemos fazê-lo?” para as múltiplas questões que envolvem o “Como fazê-lo?”
Tome notaOs mercados de carbono são um
mecanismo previsto no Protocolo
de Quioto da Convenção das Nações
Unidas sobre Mudança Climática,
segundo o qual países e empresas,
especialmente do sector da energia,
podem adquirir o direito de emitir
gases de efeito estufa em troca
de fi nanciamento de projectos
que minimizem o fenómeno
81 INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO · ANGOLA’IN | 81 INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO · ANGOLA’IN |
FAZER APOSTAS ACERTADASSe as políticas públicas forem desenvolvidas
desta forma, então o caminho é claro para
os líderes empresariais no sector energéti-
co e industrial. Não vale a pena apostar em
projectos que só compensam com um preço
muito alto de CO2. Por exemplo, com as tec-
nologias actuais, a fi xação de carbono só é
fi nanceiramente viável se o preço do CO2 se
mantiver aproximadamente acima dos 50
euros por tonelada. Por outro lado, uma es-
tratégia de status quo que dependa da “li-
berdade” das emissões de carbono (como a
estratégia da geração que dependia tradi-
cionalmente do carvão) também é arriscada.
As maiores oportunidades para investimento
serão as transformações holísticas em infra-
estruturas urbanas ou regionais onde os sis-
temas de energia, transportes, saneamento
e telecomunicações são vistos como estando
interligados e o desenvolvimento fi nanceiro,
de construções e tecnológico e o design so-
cial são concebidos em uníssono. Muitas das
discussões sobre a soluções baseadas em
mercados são demasiado optimistas ou de-
masiado pessimistas. Essas discussões igno-
ram ou subvalorizam os custos ou insistem
que os custos são demasiado grandes para
qualquer acção. A melhor resposta empresa-
rial envolve uma análise aos pontos fortes e
aos limites das opções disponíveis, à luz da
complexidade do ambiente regulador, políti-
co e social emergente. Idealizar um mundo no
qual a sociedade usa várias ferramentas para
abordar o problema das alterações climáticas
(incluindo padrões, programas de pesquisa,
subsídios e interdições, além dos mercados
de carbono) abre uma vaga muito maior de
oportunidades novas do que as estratégias
limitadas (apesar de meritórias) que actual-
mente são seguidas. O carvão limpo, a gera-
ção renovável e afi ns são apenas a ponta do
icebergue “pós-carbono”. São as acções sob a
superfície (mudanças comportamentais, efi -
ciências, inovação incremental, concepção de
infra-estruturas e boas práticas de gestão)
que acabarão por ter o impacto maior.
1.soluções “low-cost” As fontes mais acessíveis para a redução das emissões de GEE são, de longe, a melhoria
da efi ciência energética e programas de conservação de terrenos e refl orestação; foi essa
a experiência de dezenas de empresas e de governos de todo o mundo. No passado, as op-
ções mais bonitas e com custos mais altos, como o solar fotovoltaico e as tecnologias de
“carvão limpo”, receberam mais atenção e fundos. Isso vai mudar à medida que os acordos
de custo/benefício favorecem essas medidas como padrões de efi ciência para edifícios e
produtos electrónicos. A automatização também ajudará a reduzir as barreiras comporta-
mentais ao proporcionar maiores poupanças através da efi ciência energética. Por exemplo,
as tecnologias avançadas de controlo, juntamente com os dados sobre preços em tempo
real e as trocas de informações possibilitadas por sistemas de redes inteligentes, farão com
que os aparelhos “decidam” quando reduzir a carga como uma função das condições da re-
de geral de electricidade (o que por sua vez incorpora os preços do carbono). A opção mais
acessível para reduzir emissões em termos de custos irá muitas vezes variar consoante a
geografi a e o estado do desenvolvimento económico local. Um estudo de 2008 do World
Wildlife Fund e da Booz & Company revelou que as fontes mais signifi cativas de emissão
mudam bastante ao longo do ciclo de vida de uma cidade ou região. Durante as primeiras
fases do desenvolvimento económico, a maior redução acontece na concepção de novas
infra-estruturas para transportes e comunicações de forma a apoiar uma habitação densa
e uma banda larga (a ligação à internet pode reduzir as viagens para o trabalho e outras via-
gens e possibilita um uso mais inteligente de energia dentro dos edifícios). Para as cidades
mais estabelecidas com um crescimento mais lento, as fontes mais efi cazes de redução de
emissões são as alterações no fornecimento de electricidade e a efi ciência energética.
2.mercados aerodinâmicosA concepção de mercados de emissões de carbono ainda está em desenvolvimento. Uma
das tendências mais importantes, por exemplo, é o movimento para incorporar “compen-
sações” como as fl orestas, as quais têm um papel enorme na redução de CO2 mas nem
sempre são aceites como viáveis num programa de trocas. Outro desenvolvimento provável
será a criação de mecanismos que reduzam a volatilidade dos preços. Por exemplo, certos
líderes podem aplicar nas alterações climáticas alguns dos princípios que William Hogan,
professor em Harvard, propôs para o controlo dos mercados de electricidade.
3.um compromisso a longo prazoAté agora, os governantes de muitos países, incluindo dos EUA, não forneceram as condi-
ções estáveis e a longo prazo para que as novas tecnologias fl orescessem. No coração da
redução de GEE estarão escolhas corporativas sobre quais os projectos a apoiar, os quais
envolvem biliões de euros e várias décadas para implementar. Infelizmente, as empresas
que querem investir em tecnologias limpas enfrentaram uma paisagem reguladora impre-
visível e inconstante. Os subsídios param e começam. As leis mudam. Sem um compro-
misso correspondente por parte dos seus homólogos políticos, os líderes empresarias não
conseguem prometer o capital necessário para transformar o sector ao longo do tempo.
Comparemos o destino do sector da energia eólica dos EUA com o do sector da energia
solar fotovoltaica no Japão e Europa. Nos EUA, o investimento na energia eólica tem de-
pendido de um “crédito fi scal de produção” fornecido pelo governo, o qual foi oferecido e
retirado numa série de “pára e arranca” ao longo dos últimos anos. Mas o mecanismo pa-
ra subsidiar o sector da energia solar fotovoltaica no Japão, Alemanha e noutros locais foi
explicitamente concebido para durar. Os subsídios diminuíram de uma forma lenta e cui-
dadosamente planeada, criando assim incentivos para os produtores fornecerem a preços
reduzidos através do aumento de escala, aprendizagem e inovação. A resultante melhoria
nos custos e o crescimento do sector seguiram-se previsivelmente. Nos EUA, a mudança
na regulamentação contribuiu para um aumento drástico no custo dos projectos, enquanto
que em França, um ambiente regulador mais estável possibilitou um crescimento rápido e
custos de projecto mais baixos.
82 | ANGOLA’IN · INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO
sabia que...
O BMW X6, orçado em cerca de USD
120 mil, foi fabricado de acordo com as
estradas, o combustível e o clima angolano
82 | ANGOLA’IN · INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO
INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO
É a outra face da recuperação fi nan-ceira. Apesar das estradas débeis e das reduzidas infra-estruturas rodoviá-rias, os automóveis proliferam no país, mostrando que este nicho de mercado é um mundo de possibilidades para os investidores, uma vez que as condições de produção automóvel são ainda mui-to imberbes e a procura de viaturas de gama alta fez disparar as importações. As empresas de renome internacional aproveitam para explorar este sector al-tamente lucrativo e que pode funcionar como alavanca do desenvolvimento in-terno, numa altura em que se procura diversifi car a produção nacional.
O sector automóvel tem um largo mercado
de clientes e uma infi nidade de potencialida-
des. Nos últimos anos, tem assumido um pa-
pel preponderante, fazendo parte dos hábitos
do angolano do século XXI. A actividade vive
essencialmente das importações, em que as
marcas de reconhecida qualidade estão im-
plantadas no país há alguns anos e têm di-
fi culdades em responder à crescente procura,
que aumenta anualmente. A nível nacional, a
impériodas quatrorodas
vertente de produção interna avança timida-
mente e começa a dar os primeiros passos,
com a entrada em funcionamento da primei-
ra grande fábrica. A elevada procura deste
produto, tão apreciado pelos angolanos, tem
levado os fabricantes internacionais a investir
no território nacional, onde é mais fácil res-
ponder às necessidades dos clientes. Com
uma produção forte, será possível responder
com rapidez e efi ciência aos pedidos, melho-
rar o serviço pós-venda e de distribuição de
peças. Além do mais, o país encaminha-se
para a concretização da meta de combate à
pobreza, através da criação de postos de tra-
balho. O crescimento da economia angolana
proporciona novas oportunidades de negó-
cios e permite a consolidação de segmentos,
que ao longo dos anos de guerra enfrentaram
difi culdades de afi rmação no país. Porém, ac-
tualmente estes sectores registam elevadas
taxas de crescimento. É o caso do ramo au-
tomóvel, que exemplifi ca o ‘boom’ económico
que se tem verifi cado na nação africana. No
âmbito da reconstrução nacional, o Executi-
vo de José Eduardo dos Santos procura apoiar
todas as áreas, para levar a bom porto a po-
lítica de recuperação da produção nacional,
reduzindo a excessiva dependência da activi-
dade petrolífera e diamantífera e relançando
a economia nacional, através de reequilíbrio
da balança comercial (reduzir as importações
e fomentar as exportações).
O crescimento da economia angolana proporciona novas oportunidades de negócios
CRESCIMENTO CONSOLIDADOA importância estratégica do sector contribui
para que este se assuma como intervenien-
te directo, possibilitando a concretização de
bons negócios. Nos últimos quatro anos, a
área cresceu 60 por cento. Com importações
anuais que ultrapassam as cem mil viatu-
ras, a evolução deste ramo tem acompanha-
do o desenvolvimento fi nanceiro. Relatórios
da especialidade referem que entre 2005 e
2006, o segmento, representado pelas con-
cessionárias, cresceu em média 59 por cen-
to. No ano seguinte subiu para 79 por cento
e em 2008 evoluiu cerca de 32 por cento. No
último ano, a marca Toyota de Angola foi lí-
der de vendas, escoando quase duas mil via-
turas. O segundo concessionário que mais
| patrícia alves tavares
83 INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO · ANGOLA’IN | 83 INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO · ANGOLA’IN |
vendeu foi a Cosal, representante da marca
Hyundai, seguindo-se a Angolauto e a Luso-
landa, ambas embaixadoras da Suzuki. Os
angolanos são apaixonados pelos automó-
veis, tendo preferência pelos carros das me-
lhores marcas internacionais, que oferecem
inovação tecnológica e conforto. Também
o mercado de importadores paralelos, se-
gundo a Associação dos Concessionários de
Transportes Rodoviários, tem assistido a um
acréscimo na procura de viaturas pesadas,
nomeadamente jipes e carrinhas, em que a
preferência vai para os produtos chineses,
que custam entre 20 e 24 mil dólares. Ape-
sar dos elevados preços do combustível, o fo-
mento do poder de compra e a possibilidade
de adquirir crédito automóvel junto da banca
são as bases do desenvolvimento do sector.
A mudança de atitude e cultura dos clientes
tem desencadeado a procura de viaturas no-
vas. Os modelos adaptados ao clima e às ca-
racterísticas do país têm sido responsáveis
por esta opção, levando os angolanos a pre-
terir os carros usados. Por outro lado, a dura-
bilidade e o facto de as viaturas chegarem ao
país completas (evitando-se o roubo de pe-
ças) também pesam na escolha. Aliás, a pro-
cura de automóveis novos é tão intensa, que
as concessionárias, representantes ofi ciais
das marcas mais vendidas, não conseguem
satisfazer todos os pedidos. Em média os
clientes esperam dois meses para receberem
os modelos dos seus sonhos, devido às cons-
tantes rupturas de stock. A demanda exces-
siva tem originado algumas complicações ao
nível do serviço pós-venda, situação que tem
merecido a atenção dos representantes das
marcas, que têm apostado na melhoria das
infra-estruturas e respectivos serviços.
A marca Toyota de Angola foi líder de vendas, escoando quase duas mil viaturas
PRIMEIRA UNIDADE FABRILO projecto foi aprovado em Julho e vem dar
um novo fulgor ao sector, que se aventura
no mercado, com produtos ‘made in Ango-
la’. A implementação da nova infra-estrutu-
ra vai criar na economia angolana um valor
acrescentado médio anual na ordem dos Usd
18.520.530. A fábrica de automóveis CSG, im-
plantada no município de Viana (Luanda), vai
produzir viaturas de todo o género, desde je-
eps e carrinhas até autocarros de pequeno,
médio e grande porte, bem como acessórios.
A fábrica, no valor de 21,4 milhões de euros,
surge no âmbito de uma iniciativa da Agên-
cia Nacional de Investimento Privado (ANIP).
Com aptidão para fabricar dez mil automó-
veis de vários modelos por ano, terá capaci-
dade para produzir 32 mil carros por ano até
2016. A infra-estrutura, cujo projecto de in-
vestimento privado foi entretanto aprovado,
terá ainda a função de comercializar e alugar
veículos. O plano tem como objectivo insta-
BMW VENDEU 1,5 MILHÕES DE CARROS
A marca alemã tem fechado os
últimos anos com saldo positivo e
tem como meta a curto prazo tornar-
se num dos líderes do mercado
angolano na venda de viaturas. Para
tal, abriu em 2008 uma representação
ofi cial da marca em Luanda, para
comemorar os resultados do último
ano, em que registou um volume de
vendas na ordem do milhão e meio
de automóveis. O espaço BMW em
Angola está dotado de uma ofi cina
de apoio equipada com tecnologia
de última geração e de uma loja de
venda de peças, num investimento de
12 milhões de dólares. O fabricante
alemão inaugurou no mesmo local
um estaleiro e um centro de formação,
que desde então tem dotado os jovens
angolanos das capacidades técnicas
necessárias para trabalhar no ramo.
Recorde-se que a marca entre 2007 e
2008 registou um volume de negócios
de 56 milhões de euros
lar postos de venda a nível nacional e inter-
nacional, bem como dar assistência e adaptar
automóveis. No total, serão criados 680 pos-
tos de trabalho directos em diferentes espe-
cialidades, 510 dos quais para funcionários
angolanos. Os promotores do projecto são
as empresas britânicas Pearkbright Interna-
tional Limited (cinco por cento do capital so-
cial) e a Powerquest International Limited (95
por cento do capital). Cada viatura deverá ter
um preço médio de 26 mil dólares, sendo que
o mais barato custará 24 mil e o mais caro
32 mil dólares. No fi nal de 2009, os primei-
ros automóveis fabricados em território an-
golano deverão chegar ao mercado nacional.
Nesse âmbito, 45 profi ssionais já receberam
formação em vários domínios da mecânica,
na China. O responsável pelas Vendas e Ma-
rketing da CSG Angola, Wu Hu Ming, afi rmou
recentemente que o mercado se revela bas-
tante favorável para os investidores, visto
que a unidade industrial ainda não arrancou e
já estão encomendadas 2.800 viaturas, o que
ultrapassa a produção de um mês, estimada
em 2.500 automóveis. A fábrica será dotada
de tecnologia japonesa.
Com competência para fabricar dez mil automóveis de vários modelos por ano, a CSG terá capacidade para produzir 32 mil carros por ano até 2016
ANGOLA, SÍMBOLO DE CONFIANÇAA crise fi nanceira internacional tem abalado
a confi ança dos consumidores e investidores,
que arriscam menos. O mercado angolano, por
seu lado, garante confi ança, devido à estabili-
dade económica dos últimos anos. Essa situ-
ação refl ecte-se no sector automóvel, levando
as companhias internacionais a optar pelo
mercado africano, especialmente o angolano,
para alargar a sua área de actuação, encon-
trando no país estabilidade e uma forte pro-
cura de automóveis, fruto das melhorias da
qualidade de vida das populações. De facto,
a dinamização do sector tem incentivado os
84 | ANGOLA’IN · INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO84 | ANGOLA’IN · INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO
INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO | patrícia alves tavares
investidores a estabelecerem parcerias, enca-
rando Angola como parceiro económico, com
um sector cheio de potencialidades por explo-
rar. A indústria de automóveis joga um papel
fundamental no desenvolvimento económico,
especialmente num momento em que se in-
veste nas estradas, situação que tem levado
as entidades a adaptarem as viaturas às ruas,
com resultados animadores.
CHINA LIDERA MERCADO ANGOLANOJá em 2006, o país asiático exportava mil ve-
ículos de passageiros para Angola, movimen-
tando valores na ordem dos 10,6 milhões de
euros. O projecto partiu do governo chinês e
marcou a sua entrada no mercado de exporta-
ção de carros para Angola, criando uma equipa
específi ca para o efeito. A primeira acção fi cou
a cargo da Dongfeng Nissan, que produziu pela
primeira vez veículos completos e montados,
direccionados para o exterior. A empresa, fruto
da parceria entre a Dongfeng Motors e a japo-
nesa Nissan, aumentou entretanto a unidade
de produção para fazer face às exigências do
mercado angolano. Conhecidos por serem os
mais avançados tecnologicamente e sempre
na vanguarda, os chineses estão em força no
mercado angolano. Em 2008, a Hipogest ar-
rancou com as negociações para a entrada de
uma terceira marca chinesa no ramo automó-
vel, para juntar-se à BYD e Jin Bei.
CARRO ELÉCTRICO CHINÊS EM 2009Hipólito Pires, importador exclusivo
da BYD Auto para Portugal e Angola
está confi ante no desenvolvimento
dos modelos híbridos e eléctricos do
construtor chinês BYD, acreditando que
as novas viaturas, menos poluentes,
devem ser comercializadas na Europa
ainda este ano. O responsável da
Hipogest acredita que a empresa chinesa
tem capacidade para substituir os
híbridos eléctricos a gasolina e tornar-
se num dos sistemas mais efi cientes do
mundo. A aposta deste gestor centra-se
no lançamento das marcas chinesas em
Angola, uma vez que os lóbis franceses e
alemães limitam a homologação destes
veículos em Portugal. O gestor é ainda
importador da BMW e está a negociar a
entrada de uma terceira marca chinesa,
no mercado nacional
APRENDIZAGEM NACIONALA formação de quadros tem sido uma das
metas das grandes marcas, que se concen-
tram essencialmente em Luanda, o maior
mercado consumidor. Segundo os operado-
res, há falta de técnicos, nomeadamente
mecânicos e electricistas. As novas fábricas
e ofi cinas representam o fomento do mer-
cado de trabalho. No caso do Ingombota, os
cursos profi ssionais básicos de electricidade
e mecânico-auto são os mais procurados. A
preferência por estas áreas revela a impor-
tância e peso que este sector tem vindo a
assumir. A BMW também arranca este ano
com um centro de ensino, que formará téc-
nicos informáticos, mecânicos, pintores e
manobradores de equipamentos. “A Sada-
sa investe não só em infra-estruturas, mas
também no homem. Angola é um país gran-
de pelo que precisa de uma academia para a
formação de técnicos para atender as neces-
sidades da BMW em Luanda e noutras cida-
des, para onde iremos expandir brevemente”,
afi rmou recentemente o gestor da marca. A
implementação da produção nacional pode
contribuir para empregar jovens, que quan-
do terminam os cursos de aprendizagem não
conseguem montar a sua ofi cina, devido à
falta de espaço e de ferramentas, que são
muito dispendiosas.
A BMW arranca este ano com um centro de formação, que formará técnicos informáticos, mecânicos, pintores e manobradores de equipamentos
93 DESPORTO · ANGOLA’IN | 93 INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO · ANGOLA’IN | fábrica de vidros do kikoloestrada n’gola kilwange · kikolo, luanda - angola · tel 222 391 711 · fax 222 392 499v
VIDRO... É FVK FÁBRICA DE VIDRO DO KIKOLO
86 | ANGOLA’IN · DESPORTO
raio xTIGER WOODS É O MAIS RENTÁVELO desportista individual mais cotado é o jogador de golfe Tiger Woods, que ocupa o 11º lugar do ranking, encontrando-se à frente da cotada Liga dos Campeões da UEFA. O atleta deverá subir no ranking nos próximos anos, graças aos lucros provenientes do desenho de novos campos de golfe no mundo inteiro, o que representa uma verdadeira mina de ouro para os mais cotados jogadores de golfe da actualidade
| patrícia alves tavares DESPORTO
Num período em que a crise fi nanceira mun-
dial é tema de conversa diária, existe um sec-
tor da economia que não parece sofrer dos
males internacionais, representando um nicho
de mercado que vive num tempo e realidade
próprios, onde as transferências milionárias
fazem corar os mais cépticos. Veja-se o caso
do futebol, cujo mercado das transferências
foi notícia na imprensa mundial. Apenas o Re-
al Madrid investiu cerca de 200 milhões de eu-
Há crise no desporto?O marketing é ferramenta essencial para o sucesso do desporto. O poder das marcas, que investem nos atletas e clubes, as receitas publicitárias, de merchandising e direitos televisivos, os patrocínios e prémios são os motores de todos os sectores de negócio e o desporto não é excepção. Estes factores são decisivos para manter a máquina em funcionamento. Mas o marketing desportivo não se resume apenas ao futebol. Movimenta todas as modalidades, em que a Fórmula 1, o ténis e o golfe geram lucros, que ultrapassam o imaginável.
ros para renovar a equipa para a época 2009/
2010. Contudo, se os valores movimentados
neste meio são considerados para além do ra-
zoável, o futebol europeu não é a marca des-
portiva mais valiosa. A Sport Magazine revelou
recentemente que a Fórmula 1 é, em valor, uma
das competições e modalidades com maior va-
lor comercial do mundo. A National Footeball
League (futebol americano) ocupa o ranking
da lista, com 3,2 biliões de euros. Seguem-se
quanto vale alonso?Os milhares de fãs compram tudo o que ele vende, o
que leva as marcas a seguir Alonso para todo o lado.
Marcas que investem em Fernando Alonso:
Silestone (fabricante de superfícies de quartzo): 2.000.000 €
Bridgestone (Fabricante de pneus): 8.900.000 €
Renault (fabricante de automóveis): 100.700.000 €
Total (gasolina e lubrifi cantes): 23.240.000 €
Viceroy (relógios): 2.000.000 €
Universia (portal sobre universidades): 380.000 €
Puma (roupa desportiva): 1.230.000 €
ING (banco): 41.800.000 €
Mutua Madrileña (Seguros): 4.640.000 €
Pepe Jeans (roupa jovem): 6.200.000 €
Unicef: 0 €
a Major League Baseball (Liga de Basquetebol
americana) com 2,8 biliões de euros e a NBA
(Liga de Basquetebol), com 2,4 biliões de eu-
ros. A Fórmula 1 vale 1,7 biliões de euros.
f1 perderá milhões
Se a FOTA abandonar o campeonato, a F1 perde 2,2 biliões de dólares em investimento,
o que representa metade do total das receitas obtidas em 2008. Os valores dos contratos
televisivos podem passar para metade das quantias actuais, que chegam aos 550 milhões
de dólares. De facto, as próprias equipas ao dividirem-se fi cam a perder, devido à quebra
potencial das audiências televisivas. Se a FOTA fugir com todo o valor comercial da
disciplina para outra série, equipas como a BMW-Sauber, Brawn, Ferrari, McLaren,
Red Bull e Renault podem estar de saída. “Estas equipas também gastam grandes
montantes em alojamento e publicidade nas pistas. Por isso, a sua partida terá outros
impactos nas receitas”, revela o relatório da Fórmula Money, citado pela Reuters
por outro lado, que no Estoril Open, o lucro da
bilheteira corresponde apenas a dez por cento
da receita global. O restante é assumido pe-
los direitos de transmissão televisiva e pelos
patrocínios da empresa de telecomunicações
PT e do banco BES. Em termos de desportistas
individuais, é no golfe que surgem os atletas
mundiais mais caros. A modalidade surge no
topo, graças a Tiger Woods.
PARTICULARIDADES DESPORTIVASOs adeptos são factor determinante e a es-
tratégia de gestão da marca tem que estar
adaptada à realidade de cada país, aos valores
de cada clube e às necessidades dos seus se-
guidores. Esta é a opinião da maior referência
mundial nesta matéria, William Sutton. O es-
pecialista não tem dúvidas de que o marketing
desportivo é diferente de tudo, pois lida com
a imprevisibilidade e as emoções das pesso-
as, o que traz proveitos. O segredo está em
concentrar-se nas extensões do produto, en-
carando as novas tecnologias e as crianças co-
mo aliados de peso na defi nição do marketing
de uma modalidade. William Sutton defende
que o desporto será “um negócio de entrete-
nimento”, pois “devido à situação económica
que se vive, será mais visto como um negócio,
porque tem de fazer economicamente senti-
do para os investidores e patrocinadores”. Em
entrevista à revista ‘Marketeer’, o gestor en-
tende que o bom profi ssional de marketing
desportivo é o bom observador. “Se visitar a
página da internet dos Phoenix Suns, uma
equipa da NBA, vai ver um balneário virtual,
onde é possível encontrar diferentes tipos de
produtos e ao clicar sobre esses produtos na-
vega directamente para a respectiva página
(ex. McDonalds, Coca-Cola, etc.) e pode com-
prar o bilhete para o jogo já com uma bebida
ou jantar incluído e depois no estádio é mui-
to prático para utilizar. Com isso, ganham mi-
lhões de dólares. Viram uma oportunidade de
ganhar dinheiro e aproveitaram-na”, exempli-
fi cou. A inclusão das mulheres no mundo do
desporto é igualmente uma oportunidade de
mercado, uma vez que estas se interessam
por diferentes partes do produto.
‘MARCA’ FERRARI SUPERA FÓRMULA 1As grandes escudeiras como a Ferrari ou a
McLaren investem anualmente 450 milhões
de euros e pilotos de topo, como Fernando
Alonso ou Kimi Räikkönen ganham 30 milhões
de euros por época. Os patrocinadores também
investem quantias exorbitantes, uma vez que
este campeonato está no topo das audiências
televisivas internacionais, com uma base de
fãs cada vez mais transversal em todo o mun-
do. O retorno para os patrocinadores é bastan-
te lucrativo. As estimativas realizadas no início
da temporada da F1 revelam que a competição
de alto nível é um mercado rentável. Analisan-
do o valor de cada equipa no actual campeona-
to do ponto de vista comercial e patrimonial,
ou seja, os pilotos e respectivos contratos, os
preços dos patrocínios que angaria e o impacto
dos direitos de transmissão televisiva, a Fer-
rari ocupa o topo da lista, com 550 milhões de
euros. Seguem-se a McLaren (400 milhões
de euros), a Renault (280 ME), a BMW (230
ME), a Toyota (225 ME) e a Williams (220 ME).
Curiosamente, as equipas menos valiosas, em
termos comerciais, dominam actualmente as
corridas, pelo que o seu valor patrimonial é
agora superior. De acordo com a revista britâni-
ca Sports Pro, a Ferrari é a sétima propriedade
desportiva mais valiosa do mundo, com uma
avaliação de 1,5 biliões de dólares. Aliás, a mar-
ca de Maranello vale ainda mais que a própria
modalidade onde está inserida (F1) e que os
‘reis’ do futebol, o Manchester United e o Real
Madrid. A venda de Cristiano Ronaldo por 94
milhões de euros ao Real Madrid fez agitar os
mercados, mas em termos de retorno mediá-
tico global nenhuma marca, equipa, competi-
ção ou jogador de futebol consegue suplantar
a NASCAR e a Ferrari. O investimento de 250
mil dólares realizado para o GP da Austrália por
Richard Branson na Brawn GP permitiu à mar-
ca Virgin um retorno de dez milhões de dólares
em cobertura televisiva, relativamente a esse
evento. A publicação “Sports Pro” calculou que
a Brawn ocupou 42.38 minutos da transmis-
são televisiva durante a qualifi cação e a cor-
rida e que durante esse período os logótipos
da Virgin estiveram ‘em exibição’ durante 8.56
minutos. Daí em diante, o contrato de 250 mil
dólares por corrida tem sido um negócio das
arábias para Branson, patrão da Virgin. À pro-
cura de um patrocinador principal, encontra-se
a USF1, que tem tentado seduzir o You Tube,
uma marca com ‘alto perfi l’ e capacidade fi -
nanceira para o desenvolvimento do projecto
da pequena equipa norte-americana.
A venda de Cristiano Ronaldo por 94 milhões de euros ao Real Madrid fez agitar os mercados, mas em termos de retorno mediático global nenhuma marca, equipa, competição ou jogador de futebol consegue suplantar a NASCAR e a Ferrari
ELITES VALIOSASSe o FIFA World Cup é o campeonato mais va-
lioso, em termos de acontecimentos anuais, o
torneio de ténis de Wimbledon surge em pri-
meiro no ranking geral, avaliado em 900 mi-
lhões de dólares. Os tenistas também possuem
cotações altas. De uma maneira geral, um jo-
gador não participa em mais de vinte torneios
anuais, apesar de se organizar mais de 60. Os
melhores atletas são os mais disputados e,
curiosamente, os que jogam menos. Tenistas
como Federer disputam obrigatoriamente os
torneios essenciais. Os restantes não são ne-
cessários e obviamente têm cotações. João
Lagos, mentor e responsável do Estoril Open,
em Portugal, conseguiu trazer a vedeta inter-
nacional ao último evento (em 2008) e reco-
nhece que não é fácil requisitar os tenistas de
topo. Tal implica um bom cachet e muita habi-
lidade. Conseguir a participação de Federer nu-
ma das competições fora do círculo obrigatório
custa entre meio milhão e um milhão de eu-
ros. No caso do Estoril Open, como não podia
aumentar o cachet, João Lagos propôs que dez
por cento do mesmo fosse para uma funda-
ção que o atleta possui para ajudar crianças na
África do Sul. O responsável do evento admite,
87 DESPORTO · ANGOLA’IN |
| patrícia alves tavares DESPORTO
“Um espectáculo desportivo tem caracterís-
ticas únicas como a inconsistência e a im-
previsibilidade. São características que não
existem em mais nenhum sector. Não se quer
que um carro seja imprevisível, não quere-
mos ir ao teatro ver o Hamlet e que toda a
gente morra no fi m, enquanto num evento
desportivo, um jogador pode marcar um go-
lo, na próxima semana pode marcar quatro
e na próxima talvez não marque nenhum”,
afi rmou recentemente William Sutton. Não
é a marca comercial mais valiosa do mundo,
mas encontra-se no “top ten” e desperta o
maior interesse da população. É a modalida-
de que ocupa maior tempo de antena na co-
municação social. O futebol vale 1,2 biliões de
euros, a Liga dos Campeões movimenta 787
milhões e os Jogos Olímpicos valem 744 mi-
lhões de euros. A importância patrimonial re-
Bola de ‘ouro’ A transferência mais cara da história do futebol agitou os mercados e a sociedade. Cristiano Ronaldo vale 94 milhões de euros e é o jogador mais valioso do mundo. A injecção de dinheiro fresco por parte do Real Madrid e do Manchester City fez correr muita tinta, suscitando comentários por parte dos analistas de futebol, que consideram exageradas as quantias investidas pelos clubes, numa altura em que a crise faz tremer todos os sectores da economia e Michel Platini aconselhou prudência nos investimentos. Enquanto as formações regionais e com menos poder económico se vêm em difi culdades para pagar aos atletas e assegurar a permanência, os grandes da Europa demonstram que nem tudo vai mal no futebol.
vela que o futebol é mais que um desporto,
é sobretudo um negócio, bastante rentável
para todos os envolvidos. O Manchester Uni-
ted, o Real Madrid e o Barcelona são os mais
valiosos. Analisando o estudo anual, efectua-
do pela consultora Brand Finance, as três for-
mações valem no seu conjunto mil milhões
de euros, onde o clube inglês lidera com 386
milhões de euros. A avaliação, realizada com
base nas receitas oriundas da venda dos bi-
lhetes, do merchandising, dos patrocínios e
direitos televisivos, defi ne os Red Devils co-
mo uma marca “extremamente forte”. O va-
lor da equipa cresceu em 77 milhões de euros
relativamente ao ano anterior. Embora as du-
as marcas mais valiosas sejam espanholas,
a Liga Inglesa é a mais representada na lista
dos 20 mais importantes do mundo, contan-
do com sete clubes. As ligas alemã e italiana
surgem na lista com quatro equipas cada, en-
quanto França e Espanha têm apenas duas.
MARCA DE QUALIDADEO valor da marca (brand) de um clube é ac-
tualmente o seu maior activo. Símbolo de
grandeza desportiva e fi nanceira, a marca
desperta o interessa das grandes empresas,
que estão sempre dispostas a apostar o seu
capital em mercados que lhes gerem retorno
através da publicidade. O relatório da Brand
Finance, “Most Valuable European Football
Brands 2008” mostra que dos 20 clubes ava-
liados em 2.940 milhões de euros, cerca de
51 por cento desse mesmo valor diz respei-
to aos cinco primeiros lugares. O actual cam-
peão europeu, Manchester United lidera a
tabela, em que a marca “Man U” é conhecida
à escala global. A transferência de Cristiano
2. quais os clubes com maiores receitas?
Deloitte - Football Money League 2008
CLUBE BILHETEIRA DIREITOS TV COMÉRCIO TOTAL
1. Real Madrid CF 82.2 132.4 136.4 351.0
2. Manchester United FC 137.5 91.3 86.4 315.2
3. FC Barcelona 88.6 106.7 94.8 290.1
4. Chelsea FC 110.7 88.5 83.8 283.0
5. Arsenal FC 134.6 65.8 63.5 263.9
6. AC Milan 28.6 153.6 45.0 227.2
7. FC Bayern Munchen 54.9 61.2 107.2 223.3
8. Liverpool FC 57.1 77.5 64.3 198.9
9. FC Internazionale 29.8 128.0 37.2 195.0
10. AS Roma 24.0 54.0 29.1 157.6
Valores em milhões de euros
1. as 10 marcas desportivas mais valiosas
O Valor das Marcas dos Clubes Europeus 2009
CLUBE PAÍS VALOR
1. Manchester United Inglaterra 372.000.000 €
2. Real Madrid Espanha 339.000.000 €
3. Barcelona Espanha 300.000.000 €
4. Bayern Munich Alemanha 279.000.000 €
5. Arsenal Inglaterra 227.000.000 €
6. Chelsea Inglaterra 203.000.000 €
7. AC Milan Itália 174.000.000 €
8. Liverpool Inglaterra 153.000.000 €
9. Inter Milan Itália 113.000.000 €
10. Juventus Itália 105.000.000 €
Fonte: Brand Finance
88 | ANGOLA’IN · DESPORTO
Ronaldo para o Real Madrid pode alterar o
‘ranking’, recolocando a formação espanhola
na liderança. “Se o estudo fosse feito no fi nal
do ano, é natural que o Real Madrid altere a
sua posição”, pois “os jogadores levam todo
um conjunto de merchandising atrás”, expli-
cou Pedro Tavares da Brand Finance. O Real
Madrid é a segunda marca de futebol mais
valiosa, com um património de 352 milhões
de euros (mais 34 milhões que em 2008). A
terceira posição é ocupada pelo Barcelona,
com uma avaliação de 312 milhões. As três
marcas distinguem-se por serem as únicas
avaliadas com o ‘rating’ AAA. A gestão da
marca desportiva é baseada em investimen-
tos, que têm como retorno avultadas recei-
tas. No caso do futebol, o valor dos adeptos
é uma mais-valia para engrossar os lucros da
marca, uma vez que a venda dos bilhetes pa-
ra os espectáculos desportivos é uma fon-
te de dinheiro. A sondagem da Sport+Markt
aponta o Barcelona como sendo a forma-
ção detentora de maior número de adeptos,
com cerca de 50,3 milhões. Os clubes espa-
nhóis são os que detêm mais seguidores,
com 103,5 milhões contra os 99,2 milhões
das equipas inglesas. A competição inglesa
registou ainda um crescimento recorde das
receitas da Premier League. Comparativa-
mente com o ano anterior, os clubes da liga
inglesa arrecadaram 953 milhões de euros,
o que permitiu investir mais na aquisição de
jogadores. O campeão da primeira divisão, o
Manchester United foi o clube que mais ga-
nhou, com mais de 61 milhões de euros pro-
venientes dos direitos televisivos. O papel
da televisão ganha particular enfoque quan-
do se trata do mercado internacional. A Ásia
e o Médio Oriente são os principais consumi-
dores de futebol europeu, cujo acréscimo da
procura tem tido benefícios elevados para as
ligas e respectivos clubes.
CONTRATAÇÕES MILIONÁRIASNo marketing desportivo, não são apenas as
SAD e os clubes que lucram. Os jogadores são
peça-chave nesta estrutura de aquisição de lu-
cros. Bons salários e um nível de vida muito aci-
ma da média ocupam os sonhos da maioria dos
jogadores, que sonham chegar à liga inglesa ou
espanhola. Os africanos não são excepção. To-
dos desejam atingir o patamar de Manucho,
que assinou pelo Valladolid após uma época no
gigante inglês Manchester United. O angola-
no é o ídolo dos jogadores nacionais, que mes-
mo quando chegam ao campeonato português
(que para eles simboliza um salto signifi cativo
na carreira) têm como meta profi ssional e pes-
soal alcançar as maiores marcas desportivas do
mundo. As compras “astronómicas” de Cristia-
no Ronaldo, Kaká e Benzema pelo Real Madrid
revelam que as opções de marketing permitem
obter lucros, que duplicam de ano para ano. Por
outro lado, estas movimentações impulsionam
indirectamente todo o mercado, incluindo os
clubes mais pequenos. Veja-se o caso da com-
pra de Benzama, cujos 35 ME cobrados pelo O.
Lyon permitiram ao clube francês comprar ao
Futebol Clube do Porto o Lisandro Lopez (24
ME) e Cissoko (15 ME).
‘RIFAR’ O CLUBEA constante necessidade de obtenção de recei-
tas para suportar os gastos do clube, incita os
directores de marketing a procurarem constan-
temente alternativas inovadoras para vende-
rem os espaços de publicidade. O sistema de
rifas é um método inovador de venda de espa-
ço publicitário e é já utilizado por alguns clubes,
com resultados favoráveis. O sistema funciona
em diversas formas:
1) o clube quer vender o direito de naming do
estádio (avaliado em um milhão de euros) por
uma época. Para tal, divide o valor pretendido
por 50 bilhetes de rifa, no valor de 20 mil euros
cada, convidando empresas potencialmente
interessadas em patrocinar o clube a comprar
as que desejar. A entidade sorteada associará o
seu nome e marca ao nome do estádio (méto-
do da Liga de Rugby Inglesa);
2) pode, à semelhança da Liga de Futebol Ame-
ricano, criar objectivos para a aquisição de rifas,
em que a empresa ao comprar dez mil bilhetes
ou lugares anuais ganha um bilhete de rifa para
o sorteio anual do direito de naming do estádio;
3) por último, o clube pode usar este método
para encontrar um patrocínio para a camisola
do clube, colocando ao dispor dos interessados
100 rifas ao preço de dez mil euros cada. O pri-
meiro prémio consiste em estampar a marca
da empresa nas camisolas do clube nos jogos
efectuados em casa, o segundo prémio vale o
patrocínio nas camisolas em jogos fora e o ter-
ceiro prémio equivale a um placar publicitário
de destaque no estádio.
NOVAS TECNOLOGIAS AO SERVIÇODO FUTEBOLAtento à evolução tecnológica, o marketing
desportivo encontra-se na vanguarda. O “Blue-
tooth Marketing” é o mais recente gerador de
dinheiro, que já é explorado pelos clubes brasi-
leiros e ingleses. O sistema caracteriza-se pe-
la instalação de uma rede de comunicação nos
estádios, que envia aos adeptos durante o jogo
uma mensagem, pedindo autorização prévia
para downloads de imagens, vídeos e mensa-
gens. As receitas provêm das empresas que
desejam anunciar através deste sistema. Esti-
ma-se que cerca de 1/3 dos clubes ingleses e
brasileiros instalaram o mecanismo, cujos va-
lores são negociados através da empresa de-
tentora dos direitos, que vendem o sistema
bluetooth em pacotes de publicidade, em que
o clube recebe 25 por cento da receita dessa
venda. Este dispositivo pode render entre 150 e
300 mil euros por época, só em jogos da liga.
3. as 10 maiores transferências do futebol mundial
JOGADOR PAÍ S POS VENDEDOR COMPRADOR ANO VALOR
1. Cristiano Ronaldo POR A Manchester United Real Madrid 2009 94.000.000 €
2. Zinedine Zidane FRA M Juventus Real Madrid 2001 73.500.000 €
3. Ricardo Kaká BRA A AC Milan Real Madrid 2009 65.000.000 €
4. Luí s Figo POR M Barcelona Real Madrid 2000 61.500.000 €
5. Hernan Crespo ARG A Parma Lazio 2000 51.200.000 €
6. Gianluigi Buffon ITA G Parma Juventus 2001 46.800.000 €
7. Rio Ferdinand ING D Leeds United Manchester United 2002 46.000.000 €
8. Christian Vieri ITA A Lazio Internazionale 1999 45.300.000 €
9. Andriy Shevchenko UCR A AC Milan Chelsea 2006 45.000.000 €
10. Gaizka Mendieta ESP M Valencia Lazio Roma 2001 44.900.000 €
89 DESPORTO · ANGOLA’IN |
90 | ANGOLA’IN · DESPORTO
À LUPA
O hóquei em patins é um desporto colec-
tivo, praticado em recintos fechados, em
que os atletas rolam sobre patins e usam
um stick para conduzir a bola. A equipa
é formada por cinco jogadores (quatro
em campo e um guarda-redes). O orga-
nismo máximo, que tutela a modalidade
é o Comité Internacional de Hóquei em
Patins (CIRH). A nível europeu, o Comi-
té Europeu (CERH) é responsável por to-
das as provas existentes no continente.
Os principais campeonatos, em termos
de selecções masculinas e femininas,
são o Campeonato do Mundo de Hóquei
em Patins e o Campeonato Europeu de
Hóquei em Patins
DESPORTO
A recente prestação dos atletas nacionais no
39º campeonato do mundo é produto do esfor-
ço e dedicação dos responsáveis e praticantes
do hóquei em patins. Em Vigo e Pontevedra,
os hoquistas derrotaram a veterana selecção
italiana, ascendendo assim à sexta posição, a
melhor de sempre em competições do géne-
ro. No último Mundial, os palancas não foram
além do oitavo lugar. A formação comandada
por Miguel Umbert Riera já tinha impressio-
nado os seus adversários no torneio interna-
cional de Blanes (Espanha), que antecedeu o
Mundial. O cinco nacional derrotou a França e
a congénere da Áustria e apenas não passou à
fase seguinte, devido ao gol average, em que
os franceses foram superiores.
NAÇÃO EMERGENTEFoi no Egipto que a modalidade deu os primei-
ros passos, existindo registos de que na França,
na Idade Média, existia um desporto conheci-
do por Hoquet, que provavelmente deu origem
à denominação inglesa Hockey. Já a patinagem
aparece representada nas gravuras do século
PATINS VITORIOSOSO fomento do hóquei em patins enquanto desporto de sucesso é aposta ganha. A prová-lo está o sexto lugar alcançado pela selecção sénior masculina no último mundial. O resultado é inédito e prova que a evolução da modalidade é uma realidade e os bons resultados revelam que o país tem capacidade para disputar os títulos internacionais com os melhores do mundo.
XII e o primeiro patim de rodas foi divulgado
pelo belga Joseph Merlin. A primeira prova or-
ganizada data de 1905 e coube a Inglaterra a
vitória do primeiro campeonato europeu (1926)
e do mundo (1936). Actualmente, o hóquei em
patins é praticado em mais de 60 países e tem
como principais potências Portugal, Espanha,
Itália e Argentina. Nos últimos anos, tem cres-
cido exponencialmente em regiões como a
França, Suíça, Brasil, Angola, Moçambique, Es-
tados Unidos e China. As previsões para o fu-
turo são de que a modalidade vai crescer ainda
mais (sobretudo nas áreas emergentes), tanto
ao nível masculino como feminino, esperan-
do-se que volte a integrar os Jogos Olímpicos,
como já aconteceu em 1992, nos Olímpicos de
Barcelona, mas não conseguiu a denominação
de modalidade olímpica.
RECONHECIMENTO INTERNACIONALAngola acolheu em 2006 o Campeonato do
Mundo de Clubes, alcançando a desejada visi-
bilidade internacional. O evento foi criado em
2005 e o país foi escolhido pelos responsáveis
| patrícia alves tavares
mundiais para albergar a prova, como forma
de fomentar o desenvolvimento deste despor-
to. O evento, reconhecido pelo Comité Interna-
91 DESPORTO · ANGOLA’IN |
cional de Hóquei em Patins (CIRH), escolheu
pela primeira vez e ofi cialmente qual o melhor
clube do mundo. O pavilhão da Cidadela, em
Luanda, foi o palco escolhido para a realização
do campeonato, cuja ideia surgiu após o suces-
so do Torneio de San Juan, em 2004. A prova
ditou a eleição do AS Bassano Hockey 54 co-
mo o melhor do mundo. O evento repete-se de
dois em dois anos. A referida competição re-
conheceu o mérito do desporto nacional. Aliás,
esse foi um dos principais motivos que leva-
ram a CIRH a seleccionar a FAP para coordenar
a primeira edição. A opção foi tomada tendo
em conta o desejo de expandir a modalidade
no continente africano, pelo que o projecto de
levar os melhores clubes do planeta a África
funcionou como “motor” do desenvolvimento
da modalidade. Angola é o país do continente
onde o hóquei em patins está mais amplifi ca-
do, apresentando excelentes condições para a
sua prática. Essa realidade é comprovada pela
participação dos “Palancas Negras” nos cam-
peonatos continentais, internacionais e na Ta-
ça das Nações de Montreux.
VERBAS LIMITAM DESEMPENHOA situação económica da Federação Angolana
de Patinagem (FAP) é o principal entrave ao de-
senvolvimento das modalidades relacionadas
com a patinagem, especialmente no que con-
cerne ao hóquei em patins. Aliás, a débil estru-
tura fi nanceira do organismo colocou em risco a
participação do cinco angolano no campeonato
do Mundo, por falta de verba para suportar as
despesas de preparação. A entidade é tutelada
pelo Ministério da Juventude e Desportos e de-
pende exclusivamente do seu apoio, pelo que
o atraso na disponibilização das quantias dei-
xou o grupo em difi culdades, provocando algu-
ma instabilidade emocional. Contudo, a estadia
da equipa em Espanha contou com a colabo-
ração de alguns patrocínios e empresários, que
se mostraram solidários e ajudaram a pagar as
despesas da formação. A situação gerou algu-
ma controvérsia, uma vez que o orçamento pa-
ra esta modalidade estava confi rmado desde
Fevereiro, levando o presidente da FAP, Carlos
Alberto Jaime a afi rmar que não entende “por-
que o hóquei não tem o mesmo tratamento
que as outras modalidades”.
RELANÇAR COMPETIÇÃO FEMININAÉ um dos handicaps da modalidade. Enquanto
os seniores masculinos surpreendem nos cam-
peonatos internacionais e são encarados como
adversários temíveis e os juniores revelam que
o futuro do hóquei em patins angolano tem
qualidade para evoluir, a equipa ao nível dos
femininos está muito aquém das potenciali-
dades. A última vez que as atletas represen-
TREINADORES ESPANHÓIS EM GRANDE NOS PALOPDetentores de longa tradição no hóquei em patins, os espa-
nhóis são os técnicos preferidos por países como Angola e
Moçambique, que se encontram em ascensão nesta moda-
lidade. No caso nacional, Miguel Umbert Riera substituiu o
português Fernando Fallé no comando da equipa, prometendo
dar seguimento ao trabalho que tem sido desenvolvido nos
últimos anos. O actual técnico foi seleccionador espanhol e
tem como principal qualidade o desenvolvimento de jogado-
res jovens, tendo inclusive formado os actuais bicampeões
do Mundo, em juniores. Em Moçambique, a escolha recaiu
no catalão Josep Maria Barbera, treinador que tem apoiado o
seleccionador Pedro Pimental. O ex-seleccionador da Cata-
lunha, Jordi Campos é o comandante da selecção brasilei-
ra que, tal como os “Palancas Negras”, possui jogadores com
elevadas capacidades técnicas e que têm crescido ao longo
dos últimos mundiais. A par dos angolanos são excelentes
candidatos a lugar de destaque nas competições mundiais,
necessitando apenas de adquirir maior consistência técnica
sabia que
A Juventude de Viana ocupa a 18ª posição
no ranking mundial de títulos em
hóqueis em patins, com nove conquistas
(1 Campeonato Africano de Clubes, 3
Campeonatos de Angola, 3 Taças de
Angola, 2 Supertaças de Angola)
taram o país no estrangeiro foi no Mundial de
1994, em Portugal. A partir daí, a modalidade
caiu um pouco no esquecimento e pouco ou
nada foi feito em prol da formação feminina.
O presidente da Associação Provincial de Lu-
anda de Patinagem (APLP), Hirondino Garcia,
tem-se mostrado preocupado com a situação
e defende a necessidade de reactivar a moda-
lidade na classe feminina, de modo a oferecer
maiores opções desportivas à mulher angola-
na. O responsável lamenta o actual estado do
sector e tem solicitado que os clubes e res-
pectivas entidades desportivas desenvolvam
acções que visem a melhoria da modalidade,
de modo a que possa voltar a marcar presença
nas competições internacionais. A associação
luandense tem inclusive procurado implemen-
tar junto dos fi liados (clubes e núcleos) acções
de sensibilização para o desenvolvimento da
vertente feminina. O dirigente lembrou ainda
os vários clubes que se encontravam em ex-
pansão na década de 90 e que actualmente
estão praticamente desaparecidos, pelo que
é fundamental auxiliar essas entidades, para
que possam relançar-se nas competições e as-
sim, promover ainda mais o hóquei em patins
nos campos mundiais.
92 | ANGOLA’IN · DESPORTO
| patrícia alves tavares DESPORTO
“Vamoslutarparaganhar”
Em 2008, saltou para as capas dos jornais ao sagrar-se goleador do Girabola, ao serviço do Petro de Luanda. Facto que lhe abriu as portas do campeonato europeu. Santana alcançou o sonho de menino e estreou-se como avançado no campeonato português. O número 14 do Vitória de Guimarães confessou à Angola’in os seus projectos e a paixão pela terra natal.
Quando surgiu o interesse pelo futebol?Desde miúdo sempre gostei de jogar à bola,
mas não tinha muito interesse em ser jogador
profi ssional. Gostava apenas de assistir. Quan-
do tinha 11/ 13 anos comecei a treinar ginástica
no Petro. Entretanto, deixei a modalidade e fui
praticar futebol. Porém, desisti e inscrevi-me no
Karaté e só em 1998/ 99 despertou o bichinho.
Foi nessa altura que encarou o futebol mais a sério?Sim, comecei a ver os jogos do Mundial de 98 e
a partir de 2000 comecei a treinar nos juvenis.
Em 2002, fi z a minha primeira estreia na equipa
sénior. Porém, em 2003, chegou um treinador
holandês, que me dispensou, alegando que eu
era muito miúdo, preferindo os jogadores mais
velhos. Por isso, fui para o Sagrada Esperança
ganhar experiência. Em 2005, o Petro pediu-me
para voltar e assinei contrato por dois anos.
PERFILNome: José da Silva Santana Carlos
Clube: Vitória Sport Clube de Guimarães
Posição: Avançado
Percurso:2002 - Petro de Luanda
2003/ 05 - Sagrada Esperança
2006/ 08 - Petro de Luanda
2008/ 09 - Vitória
CURIOSIDADES
Um jogador: Thierry Henry
Um treinador: Bernardino Pedroto
Um fi lme: “Á procura de um milagre”
Um restaurante: “Karibe”
Um prato: Muamba de galinha
Uma bebida: Sumo de manga
Uma música: Kuduro, Kizomba
Um cantor: Bruno
Uma cantora: Ari
Uma qualidade: Sincero
Um defeito: Teimoso
Excentricidade: Conhecer o planeta
Herói: Pais
Como chegou ao Guimarães?No fi nal do último ano, começaram a surgir
equipas interessadas em mim. Esperei pela
decisão do clube, que chegou a acordo com a
direcção do Vitória de Guimarães. Sempre quis
jogar fora e chegar a um clube maior.
O que espera do futuro?Gostava de evoluir ainda mais. Tenho muito pa-
ra aprender com os outros colegas. Há sempre
o sonho de jogar no Arsenal, no Manchester, no
Liverpool, no Porto ou no Benfi ca. Para já é ir
trabalhando e suando a camisola.
Gostava de voltar a Angola?Se tudo correr bem, acabo a carreira no meu país.
O futebol português é diferente doangolano?É um pouco diferente. Em Angola é mais con-
tacto físico, aqui é mais exigente. Na mínima
coisa, há falta.
Qual o signifi cado do CAN?O CAN é excelente para o nosso país. Em ter-
mos de economia e negócios, é muito bom, es-
pecialmente para a reconstrução nacional. Por
outro lado, o país está a fazer tudo para prepa-
rar um bom evento e a população está alegre,
pois é a primeira vez que organizam o CAN. Vai
colocar Angola no mundo.
A selecção está motivada?Jogamos em casa e sei que os adeptos vão exi-
gir muito. Vamos lutar para ganhar, mas sa-
bemos que existem equipas complicadas, tal
como a Nigéria e o Senegal, que são difíceis de
bater. Mas o grupo está empenhado, há espí-
rito de equipa e é motivante saber que o CAN
é no nosso país, pois sabemos que o povo vai
estar presente e a dar força.
O que lhe parece a escolha de Manuel José?Costumo ver alguns jogos dele pela televisão.
Conhece bem o campeonato africano, treinou
um dos grandes, o Al Ahly e é muito bom trei-
nador. É uma boa escolha.
Como analisa a formação dos jovens?Tem evoluído muito. Ainda é diferente do que
se faz aqui, mas a formação é muito boa. A mo-
dalidade tem crescido e nota-se a diferença.
Há muitos talentos por explorar?Sim. Actualmente, os clubes europeus estão
muito atentos. Existem em Angola excelentes
jogadores, com capacidades para triunfar nos
campeonatos europeus. Além disso, também
há bons treinadores, que já jogaram na Europa
e estão a dar boa formação.
Que características são necessárias para se triunfar?Aconselho os jovens atletas a que lutem como
eu lutei, para que consigam realizar os seus so-
nhos. É preciso ter muita disciplina, trabalhar e
fazer muitos sacrifícios. Tem que suar a cami-
sola. Se fi carem relaxados não alcançam nada.
competição feminina
Mais mulheres no desportoA Associação dos Comités Nacionais Olímpicos de África (ACNOA) pretende incentivar todas as mulheres, residentes no continente, a praticarem
desporto. A ideia foi lançada pela vice-presidente, Teresa Quarta, que ambiciona aumentar o número de atletas, de forma a alcançar uma partici-
pação regular do sector feminino nas provas internacionais. A angolana apresentou o plano da nova direcção da ACNOA durante uma conferência
de imprensa, em Luanda, que se destinou a divulgar as “linhas de força” para os próximos quatro anos de mandato. A responsável revelou que
durante esse período vai desenvolver uma base de dados, onde será possível encontrar informações concretas sobre a mulher e a sua participa-
ção no desporto africano, para que seja possível adaptar o regulamento jurídico às exigências do sector.
94 | ANGOLA’IN · DESPORTO
DESPORTO | patrícia alves tavares BREVES
can 2010
Um milhão de dólares para a selecçãoFernando Teles, presidente do Conselho de Administração do Ban-
co Internacional de Crédito (BIC), anunciou que a instituição pre-
tende oferecer um milhão de dólares americanos, caso a selecção
nacional de futebol vença o CAN2010. O responsável esclareceu
que a iniciativa tem como fi nalidade incentivar os jogadores e a
equipa técnica, para que se empenhem e esforcem por obter um
bom resultado na 27ª edição da Taça Africana das Nações, que de-
correrá em território angolano, de 10 a 31 de Janeiro. O presidente
do BIC convidou as outras empresas a aderirem à iniciativa, como
forma de apoiar os “Palancas Negras”. Além do prémio pela con-
quista do troféu, o banco garante ainda 250 mil dólares para o caso
da equipa fi car em segundo lugar e 50 mil por cada vitória. Dez mil
dólares serão o valor oferecido por cada golo marcado (o benefi -
ciário é o jogador marcador) e para o melhor jogador angolano em
campo (no fi nal de em cada encontro). Os prémios anunciados por
Fernando Teles sofrem um acréscimo se Angola for apurada para
a fi nal. Nesse caso, cada golo marcado no último jogo vale 25 dó-
lares para o autor. O BIC desenvolveu uma campanha semelhante
aquando a participação da selecção nacional no Mundial da Alema-
nha de 2006, premiando monetariamente os atletas. A estrutura
bancária opera em Angola desde 2005.
automobilismo
Angolanos são sensação do circuitointernacionalJosé Carlos Madaleno e João Carvalho fi zeram recentemente a sua
estreia internacional no Circuito da Boavista (Jornada do Campeona-
to de Portugal de Circuitos/ PTCC), no Porto. A dupla foi a grande
surpresa da prova, ao alcançar o 9º e 10º lugar em PTCC, respectiva-
mente, obtendo assim excelentes prestações. O bom resultado, lo-
go na estreia mundial (“top ten”), augura um futuro risonho para o
desporto automóvel angolano, que começa a evidenciar-se e a apre-
sentar-se com pilotos, capazes de desafi ar os mais experientes nas
lides internacionais. Os dois automobilistas integram pela primeira
vez a equipa portuguesa Veloso Motosport, uma das mais conceitua-
das em território luso. Apesar de não possuírem currículo internacio-
nal, José Madaleno e João Carvalho detêm uma carreira de prestígio
a nível nacional, onde competem há vários anos e têm conseguido
bons resultados nas provas reservadas a carros de turismo. Repre-
sentantes do desporto automóvel africano nas pistas de renome, os
pilotos angolanos provam que a modalidade está a renascer e tem
capacidade para evoluir e dar cartas nos circuitos mundiais. Em dia
de estreia internacional, José Madaleno, o mais experiente, explicou
que “em Angola, neste momento, vive-se um momento de ascensão
no desporto motorizado e esta [participação no Circuito da Boavista]
foi uma forma de mostrarmos ao mundo que nós também estamos
cá”. O atleta já tinha competido em Portugal, em 2006, ao participar
no rally Lisboa-Dakar, fazendo dupla com o português Luís Ferreira
e em 2008 na mesma prova. Os resultados dos pilotos nacionais em
terras lusas revelam que o desenvolvimento da formação de talen-
tos é aposta ganha, visível nas prestações ao nível dos campeonatos
nacionais e continentais.
96 | ANGOLA’IN · LUXOS
LUXOS | patrícia alves tavares
CHEVROLET CAMARO SS
A Chevrolet apresenta o seu novo Camaro, que está disponível nos EUA, devendo
chegar em breve à Europa. Disponível nas monitorizações V6 de 3,6 litros e V8 de 6,2
litros, este veículo apresenta potências entre os 304 e 426 cavalos. A nova geração
do muscle car norte-americano vem desafi ar a hegemonia do Mustang e do Dodge
Challenger
97 LUXOS · ANGOLA’IN |
PORSCHE GEMBALLA GT
A empresa alemã Gemballa, especializada na preparação de modelos Porsche apresenta-se com o novo modelo GT, que
se caracteriza pelas alterações na redução do peso e num ligeiro aumento da potência em relação ao original Porsche
Carrera GT. A pensar nos amantes da velocidade, o difusor inferior e a enorme entrada de ar sob o tejadilho que alimenta
o propulsor V10 são detalhes que captam a atenção.
98 | ANGOLA’IN · LUXOS
LUXOS
HUMMER HXO todo-o-terreno foi concebido por três jovens designers da General Motors e apresenta uma visão do futuro do
design da Hummer. O HX Concept está equipado com uma monitorização que recorre a combustível E85 FlexFuel
e propicia uma experiência de condução ao ar livre, devido aos painéis removíveis do tejadilho, que permite a rápida
reconversão do veículo fechado para uma pick-up descapotável
47 ECONOMIA & NEGÓCIOS · ANGOLA’IN |
no epicentro da comunicação
NA NOSSA COMPANHIA, NÃO PRECISA DE TEMER AS RÉPLICAS. COMUNICARE, ONDE QUER QUE ESTEJA, ESTAMOS CONSIGO.
COMUNICARE - Comunicação e imagem | Rua do Senhor, 592 - 1º Frente | 4460-417 Sra. da Hora - Portugal | T: +351 229 544 259 | F: +351 229 520 369 | E: geral@comunicare.pt
100 | ANGOLA’IN · LUXOS
ALPINESTARS CR LEATHER JACKETEste casaco em pele de elevada qualidade está disponível em
três cores. Altamente resistente, este artigo possui protecções
amovíveis e foi concebido especialmente para as necessidades
do desporto motorizado, estando certifi cado pela CE.
SHIBUYA SHOESInspirado nas tendências juvenis do Japão, estes sapatos foram
concebidos a pensar no estilo dos motociclistas cosmopolitas,
recorrendo ao design da roupa de basquetebol. Confortáveis e
modernos estes sapatos são à prova de água.
MP-2 GLOVESAltamente versáteis, estas luvas adaptam-se a todas as per-
formances. Mesmo que conduza uma scooter ou uma moto de
elevada cilindrada, a MP2 é a escolha mais confortável, que ga-
rante elevada protecção.
HONDA CB1000RCom design inovador e futurista, a nova Hon-
da promete muita emoção, cuja potência atrai
os amantes da linha CB da marca. Com tra-
çados modernos, esta mota tem capacidade
para 17 litros de combustível e o assento do
piloto tem 828 mm de altura, com uma po-
sição mais adiantada para privilegiar a pilota-
gem desportiva.
LUXOS
el em
cções
dades
oram
olo itas,
102 | ANGOLA’IN · LUXOS
LUXOS
Samsung YP-S2
PEBBLE MP3 Ecrã táctil e bluetooth, a novidade da Samsung tem
as seguintes dimensões: 42X40X16, fazendo deste
leitor de mp3 um dos aparelhos mais
pequenos da marca. Os botões
estão na traseira do dispo-
sitivo, onde encontra o
volume e as teclas de
Play/ Pause.
Withings WiFi Body ScaleBalança de 32 por 32, com 2,3 centímetros pode ser confi gurada de forma a enviar automaticamente a evo-
lução do seu peso para o seu iPhone, bastando-lhe fazer download do dispositivo na loja virtual. Diariamente
receberá gráfi cos da evolução da sua massa corporal.
SSOOLLIIOO MMGG CCHHAARGGERProduzida a pensar nos aventureiros, este carregador
combina duas tecnologias num único produto, isto é,
efi cientes painéis solares e uma bateria de alta capaci-
dade, que permite recolher e armazenar energia. Com-
patível com a maioria dos iPhone, iPod e MP3.
HTC HeroO novo telemóvel da HTC surge
com algumas novidades em
relação aos modelos anterio-
res (Magic Touch e HTC Dream):
é mais quadrado e fi no que o
seu antecessor, de interface
mais atractivo e substitui os
headphones mini USB pelos 3,5
mm, mais fáceis de encontrar.
Ec
a
v
103 LUXOS · ANGOLA’IN |
Sony XEL-1 LED TVA nova TV da Sony possui apenas 17 polegadas. Com
apenas alguns milímetros de espessura, a sua qualida-
de não tem comparação, devido à taxa de contraste de
1.000.000:1. Cores intensas e portabilidade são outras
das características.
MERIDIAN DSP7200Adaptados para todos os ambientes, desde os mais pequenos ao
Home Theater, os altifalantes da Meridian são os primeiros a incluir
os novos SpeakerLink input/ output e são capazes de corrigir as fa-
lhas na gravação de CD’s e DVD’s, melhorando a sua qualidade.
DDDEELLLDDeesskkttooppp SStttuddiio
HHyyybriid
MMiccroosofft AArcc MMouuseeO seu design revolucionário combina o conforto de um mouse de
desktop e a facilidade de transporte de um mouse de um portátil. Es-
te pode ser dobrado e existe nas cores preto, vermelho e branco.
O seu design pequeno e ul-
tracompacto conferem um
estilo único a este desktop,
que usa tecnologia móvel
da Intel, o que garante
um óptimo desempenho
e boa efi ciência. As suas
dimensões são cerca de 80
por cento menores que um
computador normal.
104 | ANGOLA’IN · LUXOS
IWCAquatimer
Bvlgari Assioma Tourbillon
LUXOS
HUBLOT One Million $ Black Caviar
Poderia chamar-se ‘relógio de um milhão de dóla-
res’, uma vez que esta peça única custa de facto o
preço que surge na sua designação. Os engenheiros
da Hublot e da Bunter despenderam 2.000 horas na
concepção do engaste totalmente invisível e com-
posto exclusivamente por 544 diamantes negros.
Original, este magnífi co relógio representa a fusão
perfeita entre a relojoaria e a joalharia, combinando
tradição e tecnologia
A escolha ideal para homens conservadores e de
bom gosto. O modelo, à semelhança de todos
os relógios da marca, é de edição limitada a 500
exemplares, produzidos em aço e platina. É um
modelo atractivo, cujo design e característicos
sugerem os elementos aquáticos e marinhos, sendo
óptimo para usar durante o mergulho.
Esta bela obra-prima é feita em platina
e o seu mostrador de cristal não sofre
riscos. A edição é limitada, estando
disponíveis no mercado apenas 20
relógios deste modelo, que mostra
mais do que as horas ou data. É uma
peça única, que revela um estilo de vida
luxuoso.
Wolf-Peter Schwarz
Global LightwatchÉ o relógio perfeito para os amantes de
desporto e viagens de aventura. A peça
disponibiliza automaticamente o fuso –
horário das várias cidades do mundo, como
Tóquio, Nova Iorque ou Londres, sem ser
necessário fazer ajustes, uma vez que o
ponteiro desloca-se para o local onde está,
possuindo no mostrador as 24 horas do dia.
ESTILOS
106 | ANGOLA’IN · ESTILOS106 | ANGOLA’IN · ESTILOS
Foi com enorme satisfação que aceitei o desa-
fi o da Angola’in para, no decorrer das próximas
edições, apresentar um conjunto de propostas
de Moda, que possam ir ao encontro das ex-
pectativas e desejos dos nossos leitores. Para
este número sugiro a prestigiada marca Hugo
Boss, conceituada no mercado internacional e
com um representante em Angola, situado na
rua Rainha Ginga, Luanda.
Lisete Pote - lpote@comunicare.pt eleg
ânci
a e
glam
ou
r
107 ESTILOS · ANGOLA’IN | 107 ESTILOS · ANGOLA’IN |
A colecção que tenho o prazer de vos apresentar representa uma conjuga-ção de três estilos: Executivo, Sport Urbana e Desportiva. A primeira é ca-racterizada pelas cores cinzas e azuis escuros em contraste com as camisas em rosa de várias estampas e grava-das nos mesmos tons. A Sport Urbana é composta maioritariamente pelas co-res rosa vivo, branco e lilás, enquanto a Desportiva é a mais indicada para a maioria das gangas, fazendo um con-traponto com o vermelho, azul escuro branco em conjugação com alguns pó-los em tons vivos.
108 | ANGOLA’IN · ESTILOS
A marca é subdividida em dois conceitos, adequados às exigên-cias do homem moderno – a Boss, que é detentora de uma linha só-bria e clássica, e a Hugo, jovem e actual, dirigida a um público masculino que querendo manter o glamour, gosta de se sentir des-contraído e a par das últimas ten-dências de moda.
Ambas são um complemento, pois representam a superação daquele que todos os dias se esforça para ser o melhor. Combinam a força das linhas clássicas, especial para homens que já chegaram ao topo da pirâmide de status, com a su-avidade e energia de tecidos que permitem a mais alta perfomance e sucesso pessoal.
ESTILOS
ESTILOS
110 | ANGOLA’IN · ESTILOS
diesel
Only The Brave é a mais recente novidade da
diesel. composto por notas de
limão e espumantes, aromas
frescos, âmbar e tons de
cedro, esta fragrância é a
opção segura para uma saída
nocturna. é um perfume
masculino e moderno, com tons
de couro.
jean paul gautier
Le Maleideal para homens clássicos, que gostam
de se afi rmar. este perfume possui notas
de menta, artemísia, bergamota, lavanda,
canela, fl or de laranjeira, sândalo,
baunilha, cedro e âmbar.
ralph lauren
Exxploorerr as suas notas combinam frutas
exóticas, gengibre, fl or de laranjeira,
almíscar, musgo de carvalho, vetiver
e sândalo.
hugo boss
in Motion a pensar nos homens desportivos, a
sugestão da boss apresenta um tom
oriental amadeirado. possui notas de
bergamota, folhas de violeta, cardamomo,
noz-moscada, pimenta rosa, almíscar,
sândalo, canela e vetiver.
| manuela bártolo
carolina herrera
212 o 212 sexy men é a escolha ideal para
homens arrojados e que gostam de
deixar a sua marca por onde passam.
a fragrância apresenta notas de
mandarina, folhas de bambu, lavanda
francesa e almíscar suave.
s
,
ralph lauren
mandarina, folhas de bambu, lavanda
francesa e almíscar suave.
sean john
Unforgivable Men é o produto certo para o
homem dinâmico e moderno.
é um perfume fresco,
companheiro ideal para
todas as tendências e
causas. reinventa o estilo
masculino com luxo clássico,
misturando química e
sentimento.
LIVING
112 | ANGOLA’IN · LIVING
Tailored DesignNão é uma questão de moda. Não é acessível
à maioria. Não é certamente do conhecimen-
to geral. O tailored design (ou o que em por-
tuguês poderia ser traduzido como desenhado
por medida) é o luxo absoluto a que só algu-
mas carteiras podem aceder.
É um sector do design que sempre existiu, e
que de algum modo terá sido ele próprio um
precursor da produção do design em massa.
Existente nas diversas vertentes do design,
interessa-nos debruçar sobre as que envol-
vem a nossa área. Nomeadamente o design de
equipamento, o design de mobiliário, de ilumi-
nação e das restantes actividades afectas ao
design de interiores.
Com a democratização do design e o apare-
cimento de marcas com elevados padrões de
qualidade (quer de criatividade, quer de maté-
ria prima) e com produção maciça de milhares,
para não dizer milhões de exemplares vendi-
dos em todo o mundo, perdeu-se nas últimas
décadas a noção de tailored design. Os compo-
nentes de um projecto passaram a ser esco-
lhidos a partir da oferta existente no mercado,
diminuindo drasticamente o que de facto é
desenvolvido especifi camente para o trabalho
em mãos. Sendo apenas desenhado de raiz o
que inevitavelmente não pode deixar de o ser,
tal como cortinados. E mesmo estes já exis-
tem prêt-à-porter!
Um projecto de interiores passou a ser quase
um grande jogo de puzzle, que consiste mais
em coordenar as peças certas para um espaço,
do que em criar peças personalizadas e especí-
fi cas para um determinado cliente. Nada dis-
to é errado. Existem actualmente muito mais
edifi cações e melhores condições de vida, o
que leva a que dentro das suas possibilidades
os seus ocupantes procurem valorizar os es-
paços. Apenas demonstra que um percentual
muito maior de pessoas são sensíveis a esta
área e recorrem aos serviços de profi ssionais.
Só que, por uma questão de custos, os pro-
jectos fi cam na sua grande maioria por uma
abordagem mais aligeirada e massifi cada. Pe-
lo design prêt-à-porter, em grande escala.
No entanto, todas a grandes marcas de de-
sign desenvolvem peças por encomenda, com
especifi cações próprias, para além da colec-
ção que apresentam regularmente ao gran-
de público. Desengane-se quem pensar que a
criação de peças únicas e personalizadas está
directamente associada a algum tipo de arte-
sanato ou de produção menor. E tudo pode ser
personalizado e desenvolvido. Desde um so-
fá com medidas ergonómicas adequadas ao
cliente, até ao papel de paredes ou ao servi-
ço de jantar. Os custos deste tipo de produção
personalizada é que o tornam tão exclusivista
e inacessível ao público em geral. Contudo, são
estes os projectos que se tornam intemporais
e são referência a vários níveis, justifi cando
largamente o investimento realizado.
João Paulo Jardim - jpjardim@comunicare.ptJ J jpj
| joão paulo jardim
ecí-
is-
ais
, o
des
es-
ual
sta
ais.
ro-
ERCUISPresente desde o início do Séc. XX nos melhores hotéis da Ri-
viera, nos casinos europeus e nos navios de luxo que cruzavam
os oceanos, esta marca de artigos em prata de origem francesa
levou o seu nome aos quatro cantos do mundo. Continuando
ainda hoje a acompanhar os turistas das classes privilegiadas
tanto em aviões de luxo como em iates privados, a Ercuis é por
si só um símbolo de elegância e de prestígio.
Contando actualmente com linhas específi cas para diversos fi ns,
podemos em todos os seus produtos encontrar a mesma preo-
cupação com a qualidade associada ao desempenho que tornam
esta marca também uma referência ao nível do design.
QX
114 | ANGOLA’IN · LIVING
CASA MOURA
Com algumas décadas de existência, a Casa Moura tornou-se um mar-
co na decoração de interiores e um exemplo de serviço com elevados
padrões de qualidade. Sediada em Portugal e especializada em soft
furnishing, desenvolve todo o tipo de projectos de interiores, desde
espaços particulares privados até grandes obras públicas. Conta com
várias obras internacionais de renome no seu curriculum e está actual-
mente a laborar com projectos de grande envergadura em Angola.
WRX
LIVING
116 | ANGOLA’IN · LIVING
LIVING
ISABEL PADRÃO
Uma artista portuguesa, uma cidadã do mundo. Nasceu no norte de
Portugal no início dos anos 60 e formou-se em Artes Plásticas pela
Faculdade de Belas Artes do Porto. O seu imaginário policromático re-
fl ecte a sua forte personalidade e a sua vivência, as suas viagens pelo
mundo, tanto a destinos exóticos como a grandes metrópoles. O seu
local de residência poderia ser qualquer ponto do globo, ou até fora
deste. Já não é um potencial valor do mundo das artes. É, sem dúvi-
da alguma, um investimento mais do que garantido. Expõe individual-
mente desde 1987 e é detentora de diversos prémios.
QUX
VINHOS & CA.
118 | ANGOLA’IN · VINHOS & CA.
DONA MARIAVinho Regional Alentejano 2005Este vinho tinto, de aspecto límpido e cor violácea viva, é oriundo da região
alentejana. Apresenta um complexo aroma de frutos vermelhos tostados, sugerindo
essencialmente frutos silvestres. Este sabor rico apresenta-se como persistente,
equilibrado e com uma óptima estrutura que lhe confere uma boa longevidade.
Deve servir-se entre os 17 e 18ºC, de preferência uma hora após a abertura.
QUINTA DE PANCASGrande EscolhaSingular, complexo e elegante, este néctar apresenta notas de
minerais, amêndoas, pimenta e chocolate, inseridas num fundo
elegante de frutos vermelhos e vegetais frescos. Caracterizado
pela enorme frescura, é recomendado para carnes assadas e
pratos de caça, servindo-se à temperatura de 18ºC.
PRIMAVERA BAIRRADA
O aroma frutado a frutos vermelhos
maduros, com notas de amora, framboesa
e especiarias é a essência deste vinho
de cor granada. Combina a suavidade de
Castelão, o corpo e persistência de Braga e
a elegância de Tinta Roriz.
AAhos
esa
nho
de
a e
riz.
| patrícia alves tavares
Este vin
alenteja
essenci
equilibr
Deve se
119 VINHOS & CA. · ANGOLA’IN |
VIÑA MAIPO Cabernet Sauvignon/Merlot
Oriundo das castas Sauvignon e Merlot, este néctar tinto de intenso
rubi com tonalidades violetas possui um aroma a frutos cristalizados e
ameixas vermelhas, com notas de chocolate. Na boca revela toda a sua
essência, revelando bom corpo e taninos harmoniosos.
CONVENTUAL Vinho TintoEste néctar caracteriza-se pela sua intensa cor rubi. Apresenta um
conjunto de aromas complexos, com notas de frutos vermelhos maduros.
O sabor destaca-se pela frescura, surgindo como um produto bem
equilibrado e com um fi nal com boa fruta e persistente.
VIÑA MAIPO CHILEReserva Cabernet Sauvignon
Este vinho resulta da combinação das antigas técnicas de
vinifi cação do Chile. Oriundo da região de Maipo, o Viña Maipo
Chile, reserva da Cabernet Sauvignon, é bem estruturado e
possui um belo fi nal. A sua cor rubi intensa revela os aromas
de frutos vermelhos, cerejas e ameixas pretas. A estes sabores
junta-se um toque de carvalho tostado, conferindo-lhe
elegância e notas de chocolate e aromas.
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VINHOS & CA.
| ANGOLA’IN · VINHOS & CA.120
ALVARINHO - VERDE 2007Límpido e citrino, este néctar é a escolha certa para
acompanhar peixes e mariscos, nomeadamente ostras e aves.
No aroma apresenta-se como elegante, com notas fl orais,
citrinas e nuances de frutos tropicais. No paladar, é frutado,
possuindo volume e uma acidez bastante equilibrada, com
fi nal prolongado. Deve servir-se entre 10 e 12ºC.
EVEL DOURO GRANDE ESCOLHAEste vinho apresenta uma cor rubi intensa. Os aromas são
potenciados pela madeira nova, assumindo-se com uma mistura
de taninos redondos e madeira bem integrada, tornando-o
muito encorpado. A prova é caracterizada por sabores a frutos
pretos, apresentando um longo fi nal. Ideal para carnes e queijos
fortes, este néctar é servido à temperatura de cave.
MONTE VELHO BRANCOAromático e frutado, este vinho branco possui um aspecto cristalino e uma cor citrina
ligeiramente aloirada. De sabor intenso, elegante e equilibrado, é uma boa escolha para
uma panóplia de refeições, desde peixes grelhados e mariscos a queijos fortes e até à
simplicidade da cozinha vegetariana. A temperatura ideal para consumo oscila entre 10 e
12ºC, proporcionando múltiplos prazeres degustativos.
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121 VINHOS & CA. · ANGOLA’IN |
CASAL GARCIA ROSÉExcelente opção para aperitivo ou para acompanhar saladas
leves ou entradas. Óptimo para ambientes jovens, este vinho
possui uma cor rosada e um aspecto límpido, ligeiramente
efervescente. Bastante fresco, é um produto frutado, em que no
nariz sobressaem notas de framboesa e morango, com um fi nal
harmonioso e persistência suave. Serve-se entre os 8 e 10ºC.
QUINTA DO PORTAL BRANCOVinho de cor citrino, é constituído por uma excelente intensidade
aromática, que apresenta aromas bem defi nidos de frutos
tropicais e notas fl orais. De frescura impar e aromas únicos, é
estruturado na boca com boa e fi na acidez, deixando um fi nal
fresco e longo.
HERDADE ESPORÃO ESPUMANTEAroma fi no, mineral e complexo com notas de bolacha e avelãs, este espumante de aspecto
límpido caracteriza-se pela aparência de bolha e cordão médios. No paladar, apresenta-se como
equilibrado, seco e fresco. Na boca é frutado com alguma intensidade, rico e bem estruturado.
Ideal para refeições tipo fois-gras e peixe fumado, bem como para acompanhar frutos secos.
Deve servir-se entre os 7 e 10ºC.
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tropic
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fresco
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equilibrado
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Deve servir-
VINHOS & CA.
122 | ANGOLA’IN · VINHOS & CA.
À CONVERSA COM… Martim Guedes, Director de Marketing da Quinta da Aveleda | manuela bártolo
APOSTA NOS VINHOS ‘PREMIUM’A viver uma nova fase de expansão, com investimentos signifi cativos
patentes num crescimento notável no mercado internacional, a Quinta
da Aveleda tem-se imposto como uma das três maiores empresas vi-
tivinícolas portuguesas, sendo também uma das mais rentáveis e efi -
cientes do país. Desde sempre dedicada aos vinhos verdes, nos quais é
líder de mercado, a Aveleda exporta para mais de noventa países, sen-
do que os seus principais mercados (EUA, França, Alemanha, Canadá,
Brasil e Angola) protagonizam metade da sua produção, dignifi cando,
assim, os vinhos portugueses e o vinho verde em particular. As suas
marcas principais são o Casal Garcia, Aveleda Fonte, Quinta da Aveleda,
Charamba, Follies e Adega Velha, provenientes das mais famosas regi-
ões demarcadas do Norte de Portugal – Região Demarcada dos Vinhos
Verdes, Região Demarcada do Douro e Região Demarcada da Bairrada.
A Aveleda tem procurado ao longo dos últimos anos criar sempre uma
relação de confi ança com os seus consumidores através da garantia de
qualidade que cada um espera encontrar, fortalecendo desta forma os
laços de união que estabelece com todos os amantes dos seus vinhos.
Este é aliás o seu maior segredo, pois a marca defende um vinho de
conquista, aquele que fi deliza os velhos e angaria os novos clientes de
uma forma consistente e intemporal, de geração em geração. A Quinta
da Aveleda almeja alcançar a glória e o sucesso, tornando-se o vinho de
eleição do século XXI, que conduz os seus consumidores numa viagem
pelos sentidos, proporcionando uma experiência mágica e sublime.
Hino à Alegria!CASAL GARCIA FAZ A FESTA!Esta é a frase-chave da campanha publicitá-ria que marca a diferença entre o vinho Casal Garcia e os seus mais directos concorrentes no mercado angolano. Nenhum outro seduz tanto! O segredo é simples: ideias fortes e ape-lativas que conquistam o cliente pela emoção, mas sobretudo pelo sabor suave e frutado de que é detentor em exclusivo. De carácter jo-vem, fresco e leve, Casal Garcia tem-se tornado companheiro indispensável da boa disposição. Ideal para acompanhar pratos de peixe, maris-co, saladas ou pratos de gastronomia oriental, é o protagonista principal de uma fi losofi a de vida marcada pela descontracção e bem-estar. Dirigido a um segmento jovem, essencialmen-te feminino, consagrou-se, em 2007, como o maior exportador da alegria capaz de unir cul-turas, sendo consumido em mais de 60 países, espalhados por todo mundo, que Angola tem a honra de integrar. 2008 foi, no entanto, o ano que deu um tom rosado ao ‘verde’ Casal Garcia. Nasceu o novo Casal Garcia Rosé! O mais re-cente vinho tem ainda mais alegria associada à frescura, agora também com notas de morango e framboesa. Apesar do seu recente lançamento em Angola, a qualidade do vinho Casal Garcia Rosé já é reconhecida no país.
123 VINHOS & CA. · ANGOLA’IN |
curiosidade
UMA HISTÓRIA DE SUCESSO QUE COMEÇOU EM 1939O aparecimento da marca Casal Garcia data
de 1939, sendo já para a época um vinho ino-
vador, marcado pelas novas técnicas utiliza-
das pelo enólogo francês Eugène Hélisse. O
nome Casal Garcia advém do nome de uma
das parcelas da propriedade que ainda hoje é
conhecida por este mesmo nome e na qual se
continua a produzir uvas utilizadas na pro-
dução do vinho Casal Garcia. A imagem de
Casal Garcia manteve-se sempre fi el às suas
origens. O seu rótulo representa uma renda
antiga da família e simboliza a ligação à his-
tória da Aveleda e à tradição. Por isso mesmo
o brazão da família Guedes está também pre-
sente neste rótulo.
MARCA DE ELEIÇÃOProprietária do emblemático vinho Casal Garcia,
a Quinta da Aveleda está presente no mercado
angolano essencialmente através desta marca
de renome internacional. Martim Guedes, direc-
tor de marketing da empresa, considera Angola
“um mercado em franca expansão e de enorme
potencial”, que tem vindo a acolher os vinhos da
companhia há mais de 50 anos sempre com for-
tes índices de crescimento, revelando-se, cada
vez mais, um país de consumidores exigentes.
“Em ano de crise, este é o mercado que nos tem
proporcionado o maior crescimento. Temos ven-
das 50% acima do ano anterior, o que nos moti-
va a investir no país a vários níveis, procurando
incentivar sobretudo uma maior proximidade
através, por exemplo, da formação de novos
escanções”, refere. De salientar, que as ven-
das em Angola atingiram um valor próximo de
um milhão de euros em 2008. Razão pela qual,
a aposta actual passa por “dar continuidade ao
trabalho de divulgação publicitária que tem si-
do implementado, sobretudo através da marca
Casal Garcia”, uma vez que “acreditamos que a
importância deste mercado vai crescer substan-
cialmente num futuro próximo e que, por esse
motivo, se justifi cam os avultados investimen-
tos que temos vindo a realizar no país”. Opera-
ções de charme com o objectivo de “capitalizar a
marca”, assentes essencialmente em acções de
formação, comunicação e merchandising realiza-
das em associação com parceiros locais, que per-
mitem explorar melhor o seu mercado de eleição
– “o público jovem, dos quais se destaca o femini-
no, aquele com maior propensão para o consumo
de vinhos verdes. O sucesso tem sido evidente,
facto que permitiu à empresa avançar com a en-
trada no mercado do Casal Garcia Rosé. “Uma
novidade com cerca de um ano, que tem tido
uma boa adesão, fruto de um trabalho de base
de qualidade, cujo maior desafi o foi a adaptação
ao mercado, indo ao encontro das expectativas
do consumidor nacional”, conclui. Igualmente co-
mercializados em Angola, encontram-se o vinho
tinto Charamba, os vinhos da gama Follies (cinco
vinhos de castas diferentes, dirigidos a um seg-
mento alto) e a aguardente Adega Velha, pre-
mium no mercado.
124
VINHOS & CA.
| ANGOLA’IN · VINHOS & CA.
REFEIÇÃO LEVE REPLETA DE SABORES EXÓTICOS
| chakall
Quem imaginaria que o ananás e os coentros
combinam? A verdade é que estes ingredien-
tes funcionam na perfeição quando usados na
mesma refeição. Aliás, esta receita revela que
não existem dúvidas de que podem ser mui-
to felizes juntos. A ementa que vos apresen-
to foi criada em exclusivo para os leitores da
Angola’in e integra o meu próximo livro, que
vai sair em Portugal entre os meses de No-
vembro e Dezembro. O conceito do meu Car-
paccio de ananás com coentros baseia-se na
ideia de uma refeição digestiva, refrescante e
ao mesmo tempo acessível, pois é muito fá-
cil de preparar. Esta receita também pode ser
confeccionada com papaia (em vez do ananás)
e essa fruta faz-me recordar justamente An-
gola. Utilizando o ananás ou a papaia, este
menu é uma óptima escolha para um dia ame-
no, em que as refeições leves e pouco calóri-
cas são as mais apreciadas. Simples e prática,
esta receita permite-lhe preparar um almoço
rápido, altamente saboroso e com produtos
nacionais, cuja diversidade gastronómica é re-
conhecida mundialmente. Em 1999, tive a sor-
te de passar duas semanas numa missão em
Cabinda, onde cuidaram muito bem de mim e
descobri as árvores de mamão. Por isso, à tar-
de, no fi nal desta deliciosa refeição, o ideal se-
rá sair de casa e ir até junto do mar de Cabinda
e comer um mamão fresco.
125 VINHOS & CA. · ANGOLA’IN | VVINVINVINV
Apresento-vos o meu Carpaccio de ananás com coentros
ingredientes:
• ½ Ananás• 100 g de açúcar• 20 ml de água• 2 colheres de coentros picados• 1 ramo de canela• 1 limão (raspas)• Bagas de pimenta rosa
modo de preparação:
Corte o ananás em fatias fi nas (de preferência utilize máquina apropriada para cortar a fruta, caso pos-
sua) e reserve. De seguida, faça uma calda com os restantes ingredientes. Após a sua conclusão, mergu-
lhe as fatias de ananás na calda, onde deverão repousar apenas por um minuto. Depois retire e disponha
num prato. Regue o ananás com o preparado anterior (calda) e decore no fi nal com coentros frescos e
pimenta rosa.
Se desejarem enviar as vossas receitas ou comentários a este ou outros pratos,
escrevam para eu@chakall.com
esento-vos o meu
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RECONHECIMENTO ALÉM-FRONTEIRASDois artistas plásticos angolanos tiveram a oportunidade de apresentar os seus trabalhos numa exposição colectiva de pinturas e esculturas, em Israel. Tomás Ana “Etona” e Sozinho Lopes estiveram presentes na Feira Contemporânea de Artes Plásticas do Estado de Jerusalém, que decorreu no último mês. A participação neste evento permitiu aos artistas mostrar ao Médio Oriente o que se produz em termos culturais em Angola, através da mostra de vinte esculturas e dez pinturas. “Etona” salientou que as obras expostas representam questões sociais e os desenvolvimentos que têm ocorrido a nível nacional, em áreas como o desporto e economia. “É uma oportunidade que temos para exibir Angola em termos de arte”, fi nalizou
Imagem vale mais que mil palavrasAs artes plásticas existem desde os primórdios da
humanidade, sendo ferramentas indispensáveis pa-
ra descortinar o percurso de todos os habitantes. A
pintura e a escultura representam o que melhor se
faz em Angola, em termos artísticos. As duas áreas
têm um longo historial e descrevem a evolução da
sociedade, fazendo parte das tradições e rituais mais
remotos. A nível nacional, a década de 80 e 90 fi -
cou marcada pela afi rmação dos artistas, que actual-
mente são reconhecidos internacionalmente, sendo
merecidamente galardoados.
CULTURA & LAZER | patrícia alves tavares
As belas-artes ou artes plásticas surgiram na
pré-história e são responsáveis pela compre-
ensão da cultura e evolução dos antepassa-
dos. São formações expressivas, que recorrem
a técnicas de produção, que manipulam os
materiais para construir formas e imagens
que revelem uma concepção estética e poéti-
ca de um dado período. A sua evolução acom-
panha o desenvolvimento da espécie humana,
pelo que hoje em dia o sector alberga uma pa-
nóplia de meios. São o caso das artes visuais,
do desenho, da pintura, da gravura, da escul-
tura, da fotografi a e da arquitectura.
TRÊS MARCOS IMPORTANTESQuando se fala de artes plásticas em Angola
é necessário delimitar três momentos distin-
tos da sua evolução, em termos históricos e
de individualidades. O período mais longínquo
da história da arte, caracterizado pelas primei-
ras manifestações culturais, remete para os
126 | ANGOLA’IN · CULTURA & LAZER
artistas anónimos, que deixaram o seu contri-
buto através de imagens pictóricas em fontes
arqueológicas como as grutas de Citundo, Ulo
e Caningiri. Os escultores dessa época legaram
às gerações mais novas os testemunhos da ac-
tual memória e identidade cultural, assumin-
do-se como fonte de inspiração para muitos
criadores do século XXI. Os anos que antece-
dem a independência nacional correspondem a
outro marco do desenvolvimento artístico, em
que as produções de cariz nacionalista eram as
mais comuns, bem como os temas relaciona-
dos com o quotidiano da população, retratada
por artistas oriundos de outras culturas. No en-
tanto, é no pós-independência que os criadores
angolanos, detentores de formação académica
específi ca na área, criam um novo movimento
artístico, baseado na formação e descoberta
dos novos valores. Com a explosão cultural da
década de 70, os protagonistas angolanos con-
taram com o apoio de artistas de todo o mun-
do, empenhados na campanha pela autonomia do
país. Devido à agitação política, a arte nacional deste
período manifesta-se em murais e cartazes públicos
de grandes dimensões. Os murais do Hospital Militar
de Luanda e as paredes externas da sede da União dos
Escritores Angolanos são exemplos dos anos conturba-
dos. Assim, hoje em dia as artes plásticas nacionais as-
sumem um lugar de destaque em África e no mundo,
em que os artistas aparecem associados a eventos de
reconhecida qualidade.
ENTRADA NO MERCADO INTERNACIONALA partir da década de 80, a pintura e a escultura na-
cional deram o salto para a internacionalização, com
os primeiros artistas a deslocarem-se a países co-
mo Cuba, Brasil, Portugal, França, Hungria, Suécia e
Noruega (entre outros), para apresentarem os seus
trabalhos. O reconhecimento do talento angolano
tornou-se visível através dos prémios arrecadados
pela qualidade técnica e maestria das obras. Contu-
do, no referido período, devido ao eclodir da guerra,
a maioria dos talentos nacionais refugiaram-se nou-
tros países, como foi o caso de António Olé (EUA), Al-
vim (Bélgica), Viteix (França), Eleutério Sanches, Raul
Endipwo, José Rodrigues, Vaz de Carvalho e Dília Fra-
guito (Portugal). O anos 80 simbolizaram o início da
carreira de muitos jovens artistas, que actualmente
são os grandes ícones das artes plásticas angolanas,
como João Inglês, Tirso Amaral, Jorge Gumbe, Pululu,
Zan Andrade, Helga Gambôa, entre outros.
A Escola Média de Artes Plásticas, na década de 90,
permitiu consolidar a cultura angolana, impulsionan-
do a formação de técnicos médios vocacionados pa-
ra o ensino, indústria gráfi ca e desenvolvimento de
actividades artísticas. Coube igualmente a este or-
ganismo, em parceria com o Ministério da Cultura, a
organização de exposições e a criação de prémios, co-
mo os do Banco de Fomento e Exterior e o da Cidade
Luanda em Artes Plásticas, que abrange os sectores
da pintura, gravura, escultura e tecelagem.
A partir da década de 80, a pintura e a escultura nacional deram o salto para a internacionalização
z de Carvalho e Dília Fra-
simbolizaram o início da
tistas, que actualmente
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entre outros.
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127 CULTURA & LAZER · ANGOLA’IN |
SÍMBOLO NACIONAL
Constitui o emblema do sector artístico angolano. O Pensador, representado pela fi gura
de um ancião, com a face ligeiramente inclinada para baixo, é considerado um símbolo
da cultura nacional. O autor desta obra é anónimo e a peça adquire especial relevo devido
ao equilíbrio perfeito entre os gestos, a expressão calma, tranquila, serena e harmónica.
A escultura retrata ainda tensões, ritmos e movimentos, que remetem para a Escola
Cokwe. Aliás, em Angola existem oito regiões representativas das escolas de artes tradi-
cionais, que simbolizam o nascimento das artes plásticas enquanto expressão artística.
As escolas do Kikongo, Yaka, Cokwe, Umbundo, Kimbundo, Mbali, Ngangela e Lwena
distinguem-se entre si, de acordo com a etnia e localização geográfi ca
ETONANatural do Zaire, Etona ini-
ciou a sua actividade em
1970, após a conclusão do
curso médio de Artes Plás-
ticas no Instituto Nacional
de Formação Artística e Cul-
tural. Especializou-se em es-
cultura monumental e novas
tecnologias, em Portugal, e
é autor de mais de 30 expo-
sições individuais e 27 co-
lectivas, em Angola e no es-
trangeiro. Em 2005, recebeu
o terceiro prémio Internacio-
nal, em Granada (Espanha),
o terceiro prémio de Art for
Global Development (EUA)
e foi condecorado por José
Eduardo dos Santos, com a
Medalha da Ordem de Mérito
Civil do 1º Grau, em Ouro
perfi l
SOZINHO LOPESOriundo do Uíge, Sozinho
concluiu, em 2003, o curso
médio de artes plásticas, no
Instituto Nacional de Forma-
ção Artística (INFA) e, desde
então, tem participado em
diversas colecções institucio-
nais e particulares. Em 2006,
recebeu a menção honrosa
do Prémio Cidade de Luanda
e foi distinguido no concurso
“Desenho na Areia”, promo-
vido por uma petrolífera no-
rueguesa. Em 2008, recebeu
o prémio Cidade de Luanda
em Pintura
INSPIRAÇÃO MODERNAOs artistas plásticos nacionais partilham uma carac-
terística interessante. Tanto os profi ssionais do pas-
sado, como os do presente recorrem frequentemente
à ligação às suas raízes para desenvolverem as obras,
focando constantemente o seu referencial cultural
e os sentimentos da população angolana. Os traba-
lhos plásticos angolanos voltam-se essencialmente
para as telas, gravuras, baixos-relevos em latão, es-
culturas e estatuária artesanal. Nos últimos anos, a
promoção da paz contribuiu decisivamente para as-
segurar um padrão de qualidade às artes nacionais
e, por outro lado, fomentou o interesse dos mais no-
vos pelas múltiplas formas de expressão artística.
São muitos os jovens que procuram formação profi s-
sional na área, seja de nível médio ou superior. Os
investimentos no sector e a experiência e sensibilida-
de dos profi ssionais de renome auguram um futuro
de sucesso para este campo de actividade, em que
o número de talentos não pára de crescer. É o caso
de nomes como Venâncio, Sozinho Lopes, Ngola, Hil-
dbrando ou Álvaro Macieira, cujas obras podem ser
apreciadas nas principais galerias da capital.
Os trabalhos plásticos angolanos voltam-se para as telas, gravuras, baixos-relevos em latão, esculturas e estatuária artesanal
128 | ANGOLA’IN · CULTURA & LAZER
CULTURA & LAZER BREVES | patrícia alves tavares
dança
Bié carece de incentivosCândida da Silva, governadora da pro-
víncia de Bié, apelou a todos os jovens
para que utilizem a dança para recupe-
rar os valores culturais, numa alusão
ao esquecimento de certos costumes,
incluindo a dança tradicional. Assim,
defende que é urgente recuperar es-
ses hábitos, pelo que o Governo local
está disponível para apoiar a concre-
tização de actividades culturais, pro-
movidas pelos grupos regionais, com
o intuito de relançar a província, que
se encontra estagnada ao nível ar-
tístico. A directora provincial da Cul-
tura, Alcida Camatali, por seu lado,
referiu que ao valorizar as danças, a
população está a criar condições para
preservar os costumes das regiões e
fomentar o intercâmbio entre as múl-
tiplas localidades.
literatura
Escritor lança disco O primeiro disco de poesia do escri-
tor Francisco Ngola é lançado a 20 de
Setembro. Intitulado “O Sabor da Po-
esia Cristã”, o álbum é composto por
12 poemas escritos e declamados pelo
artista. Numa primeira fase serão co-
locados no mercado cinco mil exempla-
res do CD, que foi gravado em Luanda
e contou com o apoio do conhecido
poeta Fridolin Kamolakamwe. Segun-
do Francisco Ngola, o disco resulta de
vários anos de investigação e retrata
o povo angolano. O escritor nasceu
em Malanje e desde cedo que se inte-
ressou pela poesia, sendo membro da
Brigada Jovem de Literatura de Ango-
la desde os 12 anos.
cultura
Direitos de autor discutidosPinto Baptista, director nacional dos Direitos de Autor e Co-
nexos, defendeu recentemente que a protecção da criação
artística é fundamental para estimular e favorecer a acti-
vidade criadora, permitindo a difusão de ideias e o acesso
do público às obras intelectuais, de forma regulamentada.
O responsável admitiu que, em muitos casos, os criadores
não estão actualizados, nem conhecem os seus direitos.
Para tal, assegurou que o organismo que tutela tem-se es-
forçado no âmbito de sensibilizar a sociedade para as viola-
ções dos direitos de autor, que ocorrem diariamente. “Até
agora, os resultados não são visíveis porque o plágio, a fo-
tocópia, a reprodução de imagem e som são feitos de for-
ma impune”, lembrou. O director revelou que a questão da
salvaguarda dos direitos de autor tem sido muito discuti-
da. O responsável apelou assim para que os criadores recor-
ram ao seu direito de exigir a menção do seu nome, sempre
que as obras passem para o domínio público.
moda
Pango propõe Conselho de Moda A agência de consultoria, moda e eventos Pango sugeriu
a criação de um “Conselho de Moda Angolana”. O desafi o
foi lançado aos agentes profi ssionais de moda, para que
o organismo esteja a funcionar até ao fi nal deste ano. O
intuito de criar uma entidade específi ca prende-se com a
necessidade de impulsionar a organização, o profi ssiona-
lismo e a criatividade artística de quem trabalha no meio.
A agência defende que o Conselho de Moda será determi-
nante na internacionalização da indústria e do mercado de
sector angolano, sendo decisiva no combate à inefi ciência
da indústria de produtos têxteis, artigos e acessórios de
moda. O Conselho de Moda, a ser criado, será composto por
todos os agentes acreditados e terá como principal missão
promover este sector em todos os domínios entre 2010 e
2025. À semelhança do que se faz a nível internacional, no-
meadamente nas grandes capitais da moda, a organização
teria ainda a função de acreditar todos os agentes, super-
visionar e promover o intercâmbio técnico-profi ssional, en-
tre outras questões.
teatro
Apelar à preservação do patrimónioOs actores do grupo “Enigma-Teatro” sensibilizaram os habitantes da Maianga
para a necessidade de salvaguardar os bens públicos, combatendo a delinquên-
cia juvenil. A mensagem foi transmitida através de uma peça de teatro, que
procurou informar a população acerca dos cuidados a terem com o lixo, ape-
lando ao respeito pelos símbolos nacionais, sinais de trânsito e à erradicação
das construções anárquicas. As pe-
ças contam com o apoio do governo
provincial luandense, que recorre as-
sim à vertente social do teatro para
apelar ao civismo.
130 | ANGOLA’IN · PERSONALIDADES
PERSONALIDADES | patrícia alves tavares
Angolano de alma e coração
Interveniente activo no movimento de liber-
tação nacional, Luandino Vieira é reconhecido
pela qualidade da sua escrita e pelo contribu-
to dado para o nascimento da República Po-
pular de Angola. Aliás, a literatura e a paixão
pelo movimento interventivo social andaram
sempre ligados na vida do Prémio Camões
(2006), que possui uma vasta obra (onde se
inclui poesia), parte dela concebida durante os
períodos em que esteve preso. José Luandino
Vieira nasceu na Lagoa do Furadouro, em Por-
tugal, em 1935. O escritor foi viver para Ango-
la com três anos, onde passou toda a infância
e juventude. Para homenagear a cidade onde
cresceu, adoptou o nome de Luandino, tendo
reivindicado sempre a condição de luandense.
Pertencente à geração angolana da “Cultu-
ra” entre 1957 e 1963, foi um dos fundadores
da União de Escritores Angolanos (1975), as-
sumindo a função de secretário-geral desde
a abertura da entidade até à década de 80.
Desempenhou o mesmo cargo (como adjun-
to) na Associação de Escritores Afro-asiáticos,
de 1979 a 1984, tornando-se posteriormente
secretário-geral da mesma até Dezembro de
1989. Em termos literários, a escrita de Luan-
dino Vieira é original, recorrendo à linguagem
crioula e subversiva para conferir maior rea-
lismo às suas personagens, enriquecendo-as
e conferindo-lhes a expressão viva e colorida
das pessoas e lugares que retrata. Em 1961
ganhou o Prémio Sociedade Cultural de Ango-
la e, em 1963, foi distinguido com o galardão
da Associação de Naturais de Angola. Da vasta
obra do ícone dos escritores africanos, desta-
cam-se os livros “A Vida Verdadeira de Domin-
gos Xavier” (traduzido em várias línguas e
que foi adaptada pelo fi lme “Sambizanga”,
rea lizado por Sarah Maldoror) e
“Luuanda”. Esta
última obra, além
de ter sido tra-
duzida em vários
idiomas, valeu- lhe
o Prémio Literário
angolano “Mota
Veiga”, em 1964 e
o Grande Prémio de
Novelística da So-
ciedade Portugue-
sa de Escritores, em
1965, causando algu-
ma polémica, devi-
do à violenta reacção
do regime ditatorial
que existia na altura
em Portugal, o Esta-
do Novo. A sua obra de
narrativas “Vidas Novas” tem um cunho im-
portante, uma vez que foi concebido no pavi-
lhão prisional da PIDE, em Luanda, em 1962.
Por outro lado, a compilação foi apresentada
no concurso literário da Casa dos Estudantes
do Império, em Lisboa, acabando por receber o
Prémio “João Dias”, atribuído por um júri com-
posto por personalidades do mundo literário
português, como Urbano Tavares Rodrigues,
Orlando da Costa, Lília da Fonseca, Noémia de
Sousa e Carlos Ervedosa.
“Conheci rios.
Primevos, primitivos rios, entes passados do mundo,
lodosas torrentes de desumano sangue nas veias dos homens.
Minha alma escorre funda como a água desses rios.”
José Luandino Vieira, in O Livro dos Rios
PERCURSO ATRIBULADOLuandino Vieira teve várias profi ssões até ser
preso em 1959, sendo depois libertado. Em
1961 foi novamente detido e condenado a 14
anos de prisão. Em 1964 foi transferido pa-
ra o campo de concentração do Tarrafal (Ca-
bo Verde), onde após oito anos de clausura
foi libertado, em regime de residência vigia-
da em Lisboa. Durante este período, escreveu
a maior parte da sua obra, que foi publicada
em 1972, depois de sair da prisão.
Após a independência angolana,
desempenhou múltiplos cargos,
entre os quais a direcção do De-
partamento de Orientação Revo-
lucionária do MPLA (até 1979), a
organização e direcção da Televi-
são Popular de Angola (de 1975 a
1978) e do Instituto Angolano de
Cinema (1979 a 1984). O colapso
das primeiras eleições em 1992
e o início da guerra civil, levou
o escritor a decidir abandonar a
vida pública, dedicando-se em
exclusivo à literatura, nomea-
damente infantil.
obras publicadas› A Cidade e a Infância› Luuanda
› Vidas Novas
› Velhas Estórias
› João Vêncio: os seus amores
› A Vida Verdadeira de Domingos Xavier
› Nós, os de Makulusu
› No Antigamente, na Vida
› Macandumba
› O Livro dos Rios
› Lourentinho, Dona Antónia de Sousa & Eu
› Nosso Musseque
› A Guerra dos Fazedores de Chuva com os
Caçadores de Nuvens, (infantil)
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Um mundo paralelo, detentor de um poder inigualável, numa economia em suposta recessão. Saiba quais os nomes dos novos multimilionários
Economia & Negócios · Sociedade · Turismo Arquitectura & Construção · Inovação & Desenvolvimento · Luxos · Desporto · Cultura & Lazer · Personalidades
ano ii · revista nº08 · set / out 2009
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ISSN 1647-3574
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