Post on 09-Mar-2016
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prelúdio
o que escrevo é para os de consciência livre– provavelmente estes que me compreenderão,porém dedico também aos que buscam estaconsciência livre e sugiro que o façam sozinhos, porsi mesmos, que tornem fortes e autores de seucaminho
a melhor companhia para a leitura do que escrevo é a de si mesmo e nada mais... não há nenhuma intenção em minha escrita de compor alguma verdade - se você estiver lendo com esta intenção já digo de cara que não é o que encontrará aqui e que não é essa minha busca, tampouco minha caminhada
sugiro a escuta do silêncio, que se permita ler além das letras e a si mesmo; que não tire conclusões precipitadas, não tenha pressa em ler. e escreva você também o que pensa, sente e quer: seja sincero contigo, não queira me agradar, pois eu também não quero te agradar
crie teu caminho no caminhar, concorde ou discorde, desobedeça seus atos mais nocivos à si mesmo, aos atos de ceder a sua vontade, de se privar, de se viver no medo e na mentira hipócrita do homos-burocráticus
“as coisas que você possui acabam te possuindo”, “você não é o que você possui”, são frases que estão no ‘clube da luta’. voe com elas para adiante e jogue fora sua calça (aquela que já cansou de usar e nunca se sente bem), largue tua moral antes que ela te denuncie, esqueça seu celular numa esquina qualquer, mostre a sua cara, sem cenas
se permita a desobedecer, a agir em favor de si mesmo, mas conheça tua vontade... atente para a diferença entre fazer o que se quer fazer e fazer o que os outros querem que você faça – o que eles esperam de você, o que você espera de você?
não tente entender racionalmente o que é certo, verdadeiro, justo e bom. experimente viver o que surgir e permita que você mesmo avalie o que sentiu, se foi ‘bom’ ou ‘não’ depois. não permita que seja consumido pelas crenças que meios e as pessoas empurram a você.. tão simplistas e ordinárias, inconsistentes e refutáveis
não se cobre por ler isto - deixe jogado em qualquer canto, leia de vez em quando, poucas palavras, talvez uma página por mês – pois é por aí a leitura, é aos poucos que ela acontece, pois é aos poucos que a gente acontece... e não tome o que
esta escrito aqui como qualquer outro texto, pois ele não é um qualquer...
você está lendo um texto que alguém escreveu, uma pessoa dum ponto da terra. talvez o autor desse texto já esteja morto, ou não, quem sabe? e você? há quanto tempo você não lê com atenção, já parou para pensar nisso? sabe a experiência de vida de quem o escreveu? e a tua? há quanto tempo você não conversa com alguma pessoa que encontra em seu dia-a-dia – estou falando de conversar mesmo, não fofocar ou tagarelar? e quanto tempo para você mesmo?
por que não desburocratizar relações? descoisar pessoas? lembrar que a gente é gente e não computador, celular, roupa, carro ou textos decorados... temos história, valores e cultura – cada um de nós é uma estrela com sua particularidade indescritível e imensurável
viver a vida, o riso, a faca, o amor por si mesmo, pela vida, pelo sol e por cada partícula de ar que se respira. sentir a dor que também é real e saber que a gente vale muito mais do que qualquer coisa que a gente tenha
os espaços em branco são para serem apropriados: riscados, escritos, gritados, etc
o que passou
passou
e o que ficou
é o que estou me ligandoagora
quanto mais
vivencias diferentes
mais
diferentes possibilidades- outros caminhos
novos e diferentes
outros
quanto mais caminho
mais livre vou
para escolher comigoo que quero que permaneça
e o que quero mudar
chove, mas faz sol
estou me re-esticando
a minha estética
e à mim mesmo
sem números de nuvens
navegam sem ar
sem-tido se-cria
ao cho-car
casi vai
mas anda deva-gar
uma cerveja vale um momento
- uma pau-sa -pro amargo ficar doce
essa me custou R$ 2,20
quando escrevo
me mostro...
tinto riscos no papel
com partes de mim
minha escrita está
entre as coisas
entre eu e minhas vivências
entra em mim esai em fragmentos
o direito do que escrevo
assim como minha escolha
só cabe à mime a ninguém mais
ninguém melhor do que eu
para descrevê-lo
algumas células ficam
e outras continuam
cuidando da mitosee da meiose
a caneta transmite
e ascende
- passeios por fios -
e as palavras
coitadas delas
que nem sabem o que dizem
predadores e presas
parasitas sugadores de sangue
disfarçados de ajudantes inofensivos
utilizam-se de estratégias para a captura
de suas presas...
algumas das presas
procuram disfarces para se defender...restam os mais fortes
cada um desenvolve diferentes formas
para se defender de seus predadores
tentando garantir sua sobrevivência
alguns se unem em grupos
contra predadores comunscriam tribos e geram conflitos em relações
as diferenças nascem do sexo
e os conflitosdas relações entre os diferentes
trecho do corte
eu crio tu sente ele passanós andamos
eu confundo tu afundas ele mergulhanós nadamos
eu te cortotu me cortasele se cortanós quebramos
eu me colo tu te driblaseles se encontram nós observamos
eu me ligotu te esquecesele pulanós mudamos
eis o homem
que possui fraquezas
que o desapropria
as coisas não têm medo delas mesmas
as coisas são de ninguémhá coisas no ar para serem pescadas
muitas andam por aí
dum lado pro outro
algumas bem perto de mim
eu estou para-além deste texto
para cuspirpular
criar cultura
e ir além...
invento a vida
o olho, a morte
invento o tempo
o dia, a noite
invento o novo
que cria sentidos
invento o céu
e minha alegria
invento o vento
que leva as coisas
que um dia inventei
não temos pessoas
como temos uma mesa
uma bicicleta
um quadroou um litro de leite
as coisas ficam
à nossa espera
para usarmos
as pessoas
se usama elas mesmas
pois elas são
objetos delas
mesmase não de outras
estou sendo o que faço
tanto o que faço e escolho
quanto o que faço e não escolho
- os dois são eu
o que faço vai de acordo
com o que quero para mim
não desculpo minha sinceridade
é o que mais me representa
escrevo o que escrevo
não o que não escrevo
o que escrevo é para mim
o que não escrevo não é pra mim
é pra quem o faz
sou esse
e não me faço para te agradar
a sombra desenha na parede leve brisa
sons de automóveis passando crianças brincando
sol na cabeça sono
vontade de flutuar
arvores...
quem cria e quem estabelece os direitos de cada um?quem estabelece o que se fazere como se agir em cada situação?
a sociedade?a cultura?o governo?as empresas?a moral?o consumo?as leis?as pessoas?
quero ter uma consciência clara de meus direitos para ter força nessa disputa entre eue os que pretendem me guiar
as leis e regras são criações humanas portanto somos nós que temos o poder de re-criá-lastemos de nos posicionar como uma AMEAÇA ao que está postopara criar o nosso espaço
nós criamos cultura e a nós mesmos os que não criam repetemnão se posicionam, não se fazem
está escrito na constituiçãoque todo cidadão é titular de direitose ao estado, cabe promover, defender e prover esses direitos:várias micro-propostas podem se unirpor interesses comuns
a escrita é criadora
com ela se cria o que se quer escrever e o que se quer viver
cria, estabelece, destrói, re-estabelece desfaz e re-faz a vida
tudo é muito mais do que se vê as relações são assim mesmoum dia você está com uma pessoa e outro dia está com outrae não vai ser o que você acha mas o que sente
as pessoas se unempor partículas invisíveis de aproximações de cada um tendências e momentos; espaços, cores e sons..
o amor está aí no 'entre' um e outro
eu sou minha maior culpa,eu me cria e me estabeleço como estou sendo a ca da se gun doenquanto continuo sendo o que sou até que um diaeu resolva mudar algo
é simples - está muito clarosentindo consigo mesmo e rasgando os valores alheios de sentimentos prontos que aprendemos com os outros os certos e errados, todos os reprimidos e incentivados
desaprender para se ter de volta à si mesmo
aquilo que lhe foi negado - esquecido e negligenciado por todos esses anos... a existênciaos sentimentos mais puros o amor próprio e o ódioe até o sentimento de pazpor se ser o que se é e agir como sente
partindo disso, se des-fazer e se re-criar,sabendo que tudo é possível
percebendo a lidar com meu corpo:
o que convémo que não convémo que se compõe com ele o que tende a decompô-loo que aumenta sua força de ser o que a diminuio que aumenta a potência de agir o que a limita ou a enfraqueceo que resulta em sentimento de bem-estar o que resulta em sentimento de mal-estar
desdobrar minha potência de agir meu poder de afetarde ser causa direta de minhas ações
e não permanecer obedecendo a causas externaspadecendo delasestando sempre a mercê
quem vem?
os que lêem querem palavras bonitas, seqüências interessantes,pingos nos is,jogatinas de travessões,palcos de pontos de passos da vida muda
seja o que foro tempo fica em projetos que não se executam jetos, in-clusos, desprovidos de vidainclausos, tanta fobia!
cinto a-pertarpara se sentir o prazer quando soltar e você acha o que?pensa que sou masoquista? anarquista?sabe quando você quer cagar e alguém vem conversarnão dá pra conversar direito,parece que incomoda, atrapalha, irrita fica inquieto, da vontade de cagarmas a regra é fingir que não,a regra é não fazer o que se sente o tempo todo
aí vê-se o quanto a solidão é um amigo da solidão sentidaquando quero escrever não ha tempo quando ha tempo nem sempre quero maisdificilmente faz-se o que quer no momento em que deseja.as vivencias são falsificadas
trechos triais
a hora grita nos meus ouvidos e passa um pouco
já foi - já era - zé fini
o entorno - é um cara gordo dante - deve ser gigante, ou parecido com um elefante
paulo maluf - é um filho da puta
a polícia é uma piada o estado uma arrecadação e a vitrine quer nos atrair
a democracia ainda não chegou em pouso alegre o cristianismo, a moral e o conservadorismo
não deixam
o medo é ensinado como regra a submissão é como dever
e o direito... é um sujeito sufocado..
outras viagens outros lugares
outras possibilidades
é curto o caminho entre o nada e o tudo
<caminho estreito>
andando entre nuvens
bruno nobru
escritos entrenov. de 2007 e jan. de 2008 em pouso alegre, mgpor bruno carrascoe todas as paisagens
interprete-os como quiser
isso é problema seu
não meu
eque fique claro
que não sou só o que escrevo
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