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ANÁLISE TÉCNICA E ECONÔMICA DA APLICAÇÃO DE
GEOCÉLULAS PARA REFORÇO DE FUNDAÇÕES
DIRETAS: ESTUDO DE CASO
ALBA ROSILDA GOIS FILGUEIRA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
(MODALIDADE – ARTIGO CIENTÍFICO)
NATAL-RN
2016
U F R N
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
ALBA ROSILDA GOIS FILGUEIRA
ANÁLISE TÉCNICA E ECONÔMICA DA APLICAÇÃO DE
GEOCÉLULAS PARA REFORÇO DE FUNDAÇÕES
DIRETAS: ESTUDO DE CASO
Trabalho de Conclusão de Curso na modalidade
Artigo Científico, submetido ao Departamento
de Engenharia Civil da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do Título de
Bacharel em Engenharia Civil.
Orientador: Prof. Dra. Carina Maia Lins Costa
NATAL/RN, 01 DE JUNHO DE 2016
1
ANÁLISE TÉCNICA E ECONÔMICA DA APLICAÇÃO DE GEOCÉLULAS PARA
REFORÇO DE FUNDAÇÕES DIRETAS: ESTUDO DE CASO
Autor: Alba Rosilda Gois Filgueira1
Orientadora: Carina Maia Lins Costa2
A cada ano, a utilização de materiais geossintéticos cresce na indústria da construção civil. A
notoriedade desse material se dá pelas múltiplas funções que pode apresentar associada à fácil
instalação da maioria dos geossintéticos. Além das vantagens técnicas,os geossintéticos
normalmente apresentam vantagens econômicas em relação a soluções convencionais de
engenharia. Esse trabalho, portanto, teve por objetivo elaborar uma análise técnica e de custos
da aplicação de geocélulas para reforço de fundações diretas por meio de um estudo de caso.
O estudo teve como referência uma obra de execução de um estacionamento, localizada em
Natal-RN, para o qual foram executadas fundações diretas (sapatas).O trabalho foi dividido
em duas etapas principais. A primeira abrangeu a análise técnica para o dimensionamento da
fundação para duas diferentes situações: solo de fundação não reforçado e com reforço de
geocélula. A segunda compreendeu a análise econômica, no que se refere aos custos, dos dois
casos citados.Os resultados indicaram que, com a utilização da geocélula, o custo estimado
para a execução da fundação comsapatas mostrou-se aproximadamente 55% menor quando
comparado ao caso sem reforço.
Palavras-chave: geossintéticos, geocélulas, fundações diretas, sapatas.
TECHNICAL AND ECONOMICAL ANALYSIS OF GEOCELLS APPLICATION TO
THE REINFORCEMENT OF SHALLOW FOUNDATIONS: A CASE STUDY.
Each year, the application of geosynthetic materials grows in the construction industry. The
relevance of this material is due to its multiple functions, associated with its easy installation.
Besides the technical advantages, typically, the geosynthetics present economic advantages in
relation to conventional engineering solutions.This study, therefore, aimed at elaborating a
technical analysis and a cost analysis of the application of geocells to the reinforcement of
shallow foundations from a case history. The study had, as a reference, the building of a
parking lot located in Natal-RN, in which shallow foundations (footing) were used. The
research was divided in two main steps. The first one covered a technical analysis to the
design of foundations for two different situations: unreinforced foundation soil and geocell
reinforced soil. The second one included an economic analysis, with regard to the costs of
both mentioned situations. The results have shown that, with the use of geocells, the estimated
costs for the implementation of the footing have been found about 55% lower when compared
to the unreinforced case.
Keywords: geosynthetics, geocell, shallow foundation, footing.
1 - Universidade Federal do Rio Grande do Norte; Discente;
2- Universidade Federal do Rio Grande do Norte; Docente, Dra.
2
1INTRODUÇÃO
Atualmente há um notável avanço na indústria dos geossintéticos e, com isso, o
crescimento da engenharia geotécnica através de novas formas de projetar e construir.
Geotêxteis, geogrelhas, georredes e geomembramas foram os primeiros a surgirem no
mercado. Com o contínuo desenvolvimento da indústria, surgiu o sistema de confinamento
tridimensional do solo conhecido como geocélula.
Para a norma brasileira NBR 12553- Geossintéticos: Terminologia de 1997, a
geocélula é definida como o material com estrutura tridimensional aberta, constituída de
células interligadas, as quais confinam mecanicamente os materiais nelas inseridos, com
função predominante de controle de erosão e reforço.
A produção de geocélulas pela indústria serviu de catalisador para pesquisas com
geossintéticos. Estudos elaborados por Webster e Watkins (1977) e Websteer e Alford (1978)
confirmaram o potencial da geocélula como base de pátios de armazenamento e estrada sobre
solo de baixa capacidade, chegando-se a conclusão que, através da sua utilização, a espessura
de projetos de base poderia ser reduzida a 70% ou menos se comparado à situação sem
reforço.
O confinamento gerado pela geocélula é traduzido em um acréscimo de resistência ao
cisalhamento do solo de preenchimento evitando, por consequência, seu espalhamento lateral.
Através desse ganho de resistência, pode-se, com esse material, melhorar a capacidade de
carga do solo.
Para situações em que o solo não oferece condições naturais de suporte, a aplicação da
geocélula como reforço de fundação revela-se solução para o acréscimo de capacidade de
carga da fundação deste solo. Entretanto, além do ganho de resistência, os custos dessa
aplicação devem se mostrar vantajosos. Deste modo, o trabalho teve como objetivo a análise
técnica de engenharia e análise econômica da aplicação da geocélula, considerando-se a
execução de fundações diretas. Essas análises foram efetuadas mediante estudo de um caso de
obra localizada no bairro de Capim Macio, Natal -RN.
2 MÉTODO DE CÁLCULO PROPOSTO POR AVESANI (2013)
Desde que a geocélula passou a ser um material comercialmente produzido,
começaram a surgir metodologias de cálculos relacionadas ao sistema de confinamento
tridimensional do solo. No entanto,Avesani (2013) observou que os procedimentos
3
existentes,relacionados ao reforço do solo com geocélula, não promoviam uma adequada
aproximação se comparados a valores obtidos em ensaios. Deste modo, recentemente, esse
autor propôs o desenvolvimento de uma metodologia de cálculo aplicada à melhoria da
capacidade de carga da fundação de solos reforçados com geocélulas.
2.1 MECANISMOS DE RESISTÊNCIA
Diferente dos geossintéticos planares, que mobilizam a melhora da capacidade da
fundação devido aos efeitos de confinamento e de membrana, a geocélula, além de contar
com tais efeitos, possui outro mecanismo: o efeito laje.
O efeito membrana não foi utilizado neste método, visto que o aparecimento
significativo deste mecanismo se dá pela associação da geocélula com reforços planares.
2.2 EFEITO DO CONFINAMENTO
Segundo Avesani (2013), após aplicação do carregamento (Figura 1a), o formato
celular eleva as tensões confinantes em seu material de enchimento induzindo sua compressão
dentro das geocélulas,densificando o agregado. Há ainda a indução de tensões horizontais
entre o material e as paredes das células (Figura 1b) mobilizando uma resistência passiva,
além da tensão de interface entre os agregados e células (Figura 1c). Dessa maneira, o efeito
de confinamento contribui de duas formas: através da redução da deformabilidade do solo e
aumento de sua resistência; e da dissipação do carregamento através das tensões horizontais
nas células transmitidas a células adjacentes. Essa dissipação do carregamentoativa as
resistências cisalhantes na interface agregado/parede (KOERNER, 1994; PRESTO, 2008;
HUFENUS et al., 2006; ZANG et al., 2010) e as resistências passivas do solo confinado
(MANDAL; GUPTA, 1994).
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Figura 1- Esquema ilustrado do efeito do confinamento: a- aplicação de carregamento; b- indução de tensões
horizontais na célula; c- mobilização de tensões cisalhantes na interface agregado/parede da célula.
Fonte:Avesani (2013).
2.3 EFEITO LAJE
Este mecanismo pode ser traduzido como espraiamento ou efeito de dispersão das
tensões para a camada subjacente, por conta da estrutura tridimensional de células
interconectadas e preenchidas. Através do efeito laje, a carga transferida ao solo de fundação
atua em uma superfície maior, gerando menores valores de tensão na fundação.
2.4 MÉTODO DE CÁLCULO PROPOSTO
Utilizando os efeitos de confinamento e laje descritos, a formulação proposta, para que
a capacidade da fundação com solo reforçado de geocélula seja expressa, é dada por:
𝑝𝑟 = 𝑝𝑢 + 4 ℎ
𝑑𝐾𝑝tan δ e + (1 − e)p (1)
Sendo:
pr=capacidade de carga do solo reforçado com geocélula;
pu= capacidade de carga do solo de fundação (solo não reforçado);
h
d = razão de forma da geocélula. Altura da célula dividida pela sua largura;
𝐾 = 1 − 𝑠en;
= ângulo de atrito do solo
p = carregamento aplicado às sapatas;
𝛿= ângulo de atrito de interface entre o material de preenchimento e a parede da célula. Pode
ser adotado através de ensaios entre os dois materiais ou estimado como 2/3 do ângulo de
atrito interno do próprio material de enchimento (BUENO; VILAR, 2002);
𝑒= efeito de espraiamento.
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3 MATERIAIS E MÉTODOS
Neste trabalho, utilizou-se como referência uma obra de um estacionamento,
localizada no bairro de Capim Macio em Natal-RN, para a qual foram executadas fundações
diretas (sapatas quadradas). A Tabela 1 apresenta algumas características das sapatas
executadas, divididas em grupos, de acordo com as dimensões de suas bases. As cargas as
quais as fundações foram submetidas, a quantidade de sapatas e o dimensionamento das
armaduras também podem ser vistos na Tabela 1. Foram utilizadas barras de aço com 6,3 mm
de diâmetro para todos os grupos de sapatas. O perfil típico do subsolo local obtido mediante
sondagem Standard Penetration Test(SPT) pode ser observado na Figura 2.
Tabela 1- Especificações das sapatas.
Grupo Quantidade Dimensão B=L (m) Carga (kN) Espaç. (cm) Compri. barras (cm) Quant. barras
I 10 1,75 245,25 17,50 1,85 11
II 5 1,6 196,2 20,00 1,70 9
III 8 1,35 147,15 19,20 1,45 8
IV 6 1,95 294,3 16,20 2,05 13
V 10 2,1 343,35 15,00 2,20 15
VI 8 2,25 397,305 13,20 2,35 18 Fonte: elaborado pelo autor.
Figura 2- Perfil do subsolo.
Fonte: elaborado pelo autor.
O trabalho foi dividido em duas etapas principais. A primeira abrangeu a análise
técnica para o dimensionamento de fundações para duas diferentes situações: solo de
fundação não reforçado; e com reforço de geocélula. A segunda compreendeu a análise
econômica, no que se refere aos custos, dos dois casos citados. Ressalta-se que as sapatas
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executadas na obra (Tabela 1) foram dimensionadas considerando a aplicação de uma camada
de solo-cimento na base para reforço de solo de fundação. Para este estudo, elaboraram-se
duas maneiras hipotéticas distintas de se elevar a capacidade de carga: o aumento das
dimensões da base das sapatas e a aplicação de geocélulas como reforço no solo de fundação.
Na análise técnica, para o dimensionamento da fundação, optou-se pelo método de
Terzaghi(1943) para o cálculo da capacidade de carga da fundação com solo não reforçado e
pela metodologia de Avesani (2013) para encontrar o mesmo parâmetro na situação reforçada
com geocélula.A Tabela 2 mostra os parâmetros do solo adotados com base nas sondagens
SPT. O dimensionamento das armaduras foi realizado através do método das bielas.
Tabela 2 - Parâmetros de resistência do solo e peso específico.
Φ (°) 30
γ (KN/m³) 16
C 0
Parâmetros do solo
Fonte: elaborado pelo autor.
Na análise de custos, realizou-se um levantamento de quantitativos para os casos com
e sem reforço.
3.1 DIMENSIONAMENTO DA FUNDAÇÃO
3.1.1 Capacidade de carga para a situação sem geocélula
As sapatas sofreram alterações nas dimensões iniciais de sua base em relação ao
projeto executado (Tabela 1) para que o fator de segurança igual a três fosse atingido. As
novas dimensões estão dispostas na tabela a seguir. O número de sapatas, bem como a carga
aplicada a cada grupo não foram alterados.
Tabela 3- Especificações das sapatas
Grupo Dimensão B=L (m)
I 1,85
II 1,70
III 1,50
IV 2,00
V 2,15
VI 2,30 Fonte: elaborado pelo autor.
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3.1.2 Capacidade de carga para a situação com reforço
A geocélula selecionada (Figura 2) para a condição com reforço corresponde a uma
geocélula comercialmente disponível no mercado nacional, composta por 100% de
Polipropileno (PP). A Tabela 4 mostra algumas características das geocélula selecionada
nesse estudo. Escolheu-se a brita (nº 2 – 19 a 38 mm) como material de preenchimento da
geocélula a ser confinado. Adotou-se 35° como valor do ângulo de interface entre o material
de preenchimento e a parede da célula.
Figura 03-Geocélula de polipropileno selecionada para a obra
Fonte: https://encrypted-
tbn1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTLZJOYSgiuA_KGQvZYEAT7s2JgMmztvUoaiXN3DH4Rgt4AJbT8
Tabela 04- Características da geocélula.
Altura - h (m) 0,20
Largura - d (m) 0,18
Características da geocélula
Fonte: elaborado pelo autor.
3.2 DIMENSIONAMENTO DAS ARMADURAS
3.2.1 Situações sem e com geocélula
Considerou-se para o caso em estudo que as sapatassão todas rígidas e não sujeitas à
punção. Os pilares que descarregam nas sapatas apresentaram dimensões iguais para todos os
grupos, como mostrado na tabela abaixo.
Tabela 05- Características dos pilares.
Comprimento (y) 0,20
Largura (x) 0,40
Características dos pilares
Fonte: elaborado pelo autor.
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3.3 LEVANTAMENTO DE CUSTOS
3.3.1 Situações sem e com reforço
Os preços dos insumos foram retirados do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e
Índices da Construção Civil (SINAPI) de janeiro de 2016.
Para a geocélula, material não contido no SINAPI, o custo foi estabelecido para a
geocélula utilizada com base em informações fornecidas pelo fabricante, cujo valor foi de R$
20,00 por m2.
Para a condição sem reforço foram considerados os custos dos seguintes materiais:
madeira para as formas, concreto magro para regularização da base da sapata, concreto
usinado para o enchimento das formas e aço para as armaduras. Para o caso reforçado, além
dos materiais acima, também se avaliou o custo da geocélula e da brita.
Os custos com serviços para o caso não reforçado determinaram-se através das
atividades seguintes: escavação; reaterro; bota-fora; corte, instalação e retirada das formas de
madeira; corte, dobramento edisposição das armaduras; fabricação, lançamento e
adensamento do concreto. Para o caso reforçado, além dos serviços citados, incluiu-se o custo
de aplicação da geocélula e disposição da brita.
4. RESULTADOS
4.1 CAPACIDADE DE CARGA – DIMENSÕES DAS SAPATAS
As sapatascom geocélula apresentaram redução nas suas dimensões de base, se
comparadas às dimensões sem reforço. O quadro a seguir mostra a comparação entre as
dimensões das bases das sapatas com e sem reforço e sua redução em porcentagem. O valor
médio de redução foi igual de 52% aproximadamente.
Tabela 6 - Comparação das dimensões para sapatas com e sem reforço.
Grupo B=L (m) sem reforço B=L (m) geocél Redução das dimensões (%)
I 1,85 0,90 51,35
II 1,7 0,80 52,94
III 1,5 0,70 53,33
IV 2 1,00 50,00
V 2,15 1,05 51,16
VI 2,3 1,10 52,17 Fonte: elaborado pelo autor.
A redução das dimensões das bases das sapatas, do caso sem reforço para o caso
reforçado, se deu devido ao considerável aumento da capacidade de carga das fundações,
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conseguido através da aplicação da geocélula.A tabela abaixo mostra os valores de capacidade
de carga para cada condição.
Tabela 7- Comparação das capacidades de carga das condições com e sem reforço
Grupo Capac. carga sem reforço (kN/m²) Capac. carga com reforço (kN/m²)
I 218,97 317,06
II 214,50 307,85
III 208,55 305,75
IV 223,43 318,87
V 227,89 324,31
VI 232,36 329,91 Fonte: elaborado pelo autor.
4.2 DIMENSIONAMENTO DAS ARMADURAS
Foram estabelecidos diâmetros de cinco milímetros para todas as direções e situações
não reforçadas e com geocélulas, visando facilitar cálculos futuros de custo. As tabelas a
seguir são o resultado do dimensionamento das armaduras das sapatas com e sem geocélula
para as direções “x” (largura) e “y”(comprimento).
A soma do número de barras em cada direção para a condição com geocélula mostrou-
se maior quando comparada ao caso não reforçado. Todavia,a soma dos comprimentos das
barras revelou-se aproximadamente 46% maior para a situação não reforçada. Já os
comprimentos das barras são iguais nas direções “x” e “y” para uma mesma condição de
reforço, visto que se tratam de grupos de sapatas quadradas.
Tabela 8 - Detalhe do dimensionamento das armaduras para a direção "x" na condição sem reforço.
Grupo Bitola x (mm) Espaç. x (cm) Compr. da barra x (cm) Quant. Barras x
I 5 18,0 210 12
II 5 20,0 190 10
III 5 24,0 160 8
IV 5 16,0 230 14
V 5 15,0 250 16
VI 5 14,0 270 18
Sem reforço
Fonte: elaborado pelo autor.
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Tabela 9 - Detalhe do dimensionamento das armaduras para a direção "y" na condição sem reforço.
Grupo Bitola y (mm) Espaç. y (cm) Compr. da barra y (cm) Quant. Barras y
I 5 18,0 210 13
II 5 18,0 190 11
III 5 20,0 160 9
IV 5 14,0 230 16
V 5 14,0 250 17
VI 5 12,5 270 20
Sem reforço
Fonte: elaborado pelo autor.
Tabela 10 - Detalhe do dimensionamento das armaduras para a direção "x" na condição com geocélula.
Grupo Bitola x (mm) Espaç. x (cm) Compr. da barra x (cm) Quant. Barras x
I 5 9,5 130 13
II 5 11,0 100 10
III 5 13,0 80 7
IV 5 9,0 120 13
V 5 7,5 140 16
VI 5 7,0 140 17
Com geocélula
Fonte: elaborado pelo autor.
Tabela 11 - Detalhe do dimensionamento das armaduras para a direção "y" na condição com geocélula.
Grupo Bitola y (mm) Espaç. y (cm) Compr. da barra y (cm) Quant. Barras y
I 5 7,0 130 17
II 5 7,5 100 13
III 5 8,5 80 10
IV 5 7,0 120 16
V 5 6,0 140 20
VI 5 5,5 140 21
Com geocélula
Fonte: elaborado pelo autor.
4.3 LEVANTAMENTO DE CUSTOS
A Tabela 12 mostra os valores unitários dos serviços e dos materiais necessários à
execução das sapatas.
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Tabela 12-Descrição de preço unitário
Escavação Manual m³ 34,67
Concreto magro +
lançamento e
adensamento (e= 5cm)
m² 235,08
Concreto estrutural +
lançamento e
adensamento
m³ 345,63
Formas de madeira +
confeccção, colocação e
remoção
m² 40,28
Armadura + corte,
dobramento e colocaçãokg 4,90
Reaterro m³ 40,20
Brita m³ 65,00
Descrição UnidadePreço unitário -
R$ (SINAPI)
Fonte: elaborado pelo autor.
O custo do bota-fora foi realizado de maneira distinta dos demais. Para este serviço, o
valor analisado no SINAPI refere-se ao uso de caminhão basculante, o qual realizou a retirada
do solo. Um caminhão basculante de 5m³ tem custo de R$ 55,35 por hora de uso. Dessa
maneira, foram somados os volumes de bota-foras para cada condição e,a partir deste valor,
determinou-se a quantidade de caminhão necessária para a execução das fundações sem
reforço e reforçadas. A Tabela 13 mostra o volume de bota-fora para cada grupo de sapata e o
número de caminhões necessários para suprir essa demanda.
Tabela 13- Volumes de bota-fora.
Vbf (m³) sem reforço Vbf (m³) com geocélula
2,12 0,43
1,63 0,26
1,17 0,16
2,52 0,353,18 0,47
3,71 0,47
Soma 14,33 2,14
Nº caminhões 3 1
Volume de bota-
fora
Fonte: elaborado pelo autor.
O custo de todos os materiais e serviços analisados revelou-se menor para a
condição reforçada com geocélula.A economia gerada pelo concreto magro e usinadopode ser
12
entendida observando-se que seus custos acompanham a redução das dimensões das bases das
sapatas. Já os custos com escavação, reaterro e bota-fora foram reduzidos,pois as maiores
dimensões da base das sapatas geraram maior volume de solo.Os gastos referentes às
armaduras e formas mostraram-se menores, visto que o comprimento das barras e área das
formas são proporcionais às dimensões das bases das sapatas.
As Tabelas 14, 15 e 16 a seguir apresentam a comparação de custos de alguns
materiais e serviços utilizados nas condições descritas. Esses dados são referentes aos grupos
de sapatas, significando que, para a análise de um custo final(Tabela 17), mostra-se necessária
a multiplicação de cada grupo pelo número de sapatas correspondente (Tabela 1).
Tabela 14 - Comparação de custo com os insumos concreto e usinado.
Sem geocélula (R$) Com geocélula (R$)
I 589,10 149,57
II 439,70 88,97
III 295,56 56,15
IV 717,52 120,63
V 923,77 161,18
VI 1096,91 161,18
Concreto usinado Grupos
Fonte: elaborado pelo autor.
Tabela 15 - Comparação de custo com os insumos armadura.
Sem geocélula (R$) Com geocélula (R$)
I 39,40 29,27
II 29,94 17,26
III 20,41 10,21
IV 51,78 26,12
V 61,91 37,82
VI 77,00 39,92
Armadura Grupos
Fonte: elaborado pelo autor.
Tabela 16 -Comparaçãode custo com o serviço forma.
Sem geocélula (R$) Com geocélula (R$)
I 86,20 73,31
II 82,98 62,84
III 67,67 61,23
IV 103,92 71,70
V 108,76 82,17
VI 129,70 82,17
FormaGrupos
Fonte: elaborado pelo autor.
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Tabela 17 - Comparação dos custos totais dos grupos de sapatas para ambas as situações de reforço.
Grupo Sem geocélula (R$) Com geocélula (R$)
I 16277,34 8682,69
II 6866,21 3459,31
III 8944,08 4507,23
IV 10972,69 4719,28
V 21459,67 8959,51
VI 19180,36 7184,51
soma 83700,35 37512,53 Fonte: elaborado pelo autor.
Comparando-se a execução das sapatas sem reforço com as reforçadas, houve redução
média de custos totais de 55% para a segunda situação. Já se a relação for estabelecida para os
custos com concreto usinados, esta redução aumenta para aproximadamente 81%. A
economia menos expressiva deu-se para as formas de madeira. As áreas de forma obtiveram
valores próximos entre as condições com e sem reforço, dessa forma, a minimização de custo
mostrou-se próxima a 23%. As armaduras também não revelaram redução tão expressiva
(42%) quanto a do concreto, já que, apesar de diferentes dimensões, os diâmetros das barras
de aço dos casos com e sem geocélula foram considerados iguais.
5 CONCLUSÃO
Neste trabalho foi elaborada uma análise técnica e de custo da aplicação da geocélula
para reforço de fundações diretas. A execução de uma fundação direta emsapatasfoi analisada
em duas diferentes condições: sem reforço do solo, e com geocélula. Elaboraram-se cálculos
de capacidade de carga, dimensionamento de armadurae levantamento de quantitativos para
que a análise fosse possível.
Os resultados mostraram que a capacidade de carga da fundação aumentou
consideravelmente com o reforço com geocélula. As dimensões das bases das sapatas
mostraram-se, em média, 52% menores na condição com o geossintético. Ainda para o caso
com geocélula, houve uma redução média de custo para a execução de todas as sapatas perto
de 55%, em relação ao caso não reforçado. Houve redução de custos de todos os serviços e
materiais utilizados na condição reforçada.O concreto usinado representou a maior economia
gerada no caso reforçado (redução de 81%), reflexo da diminuição das dimensões da base das
sapatas. O somatório de barras, para a situação com geocélula, revelou-se maior se comparado
ao caso sem reforço. Porem, a soma dos comprimentos das barras apresentou um acréscimo
de aproximadamente 46% para a condição não reforçada.Os custos com forma foram os que
14
apresentaram menor economia para o caso com geocélula (aproximadamente 23%). Tal
evento sucedeu, pois as áreas de forma apresentaram valores próximos entre a condição sem
reforço e reforçada. A análise dos custos totais das sapatas evidenciou a economia e
viabilidade geradas pela utilização da geocélula.
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12553:1997:geossintéticos
- terminologia. Rio de Janeiro, 1997.
AVESANI, J.O.N. Desenvolvimento de uma metodologia de cálculo e simulações
numéricas aplicadas na melhoria da capacidade de carga de solos reforçados com
geocélula. 2013. 336 f.Tese (Doutorado em Geotecnia) – Universidade de São Paulo, São
Carlos, 2013.
BUENO, B. S.; VILAR, O. M. Mecânica dos solos. São Carlos: Escola de Engenharia de São
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HUFENUS, R. et al. Full-scale field test on geosynthetic reinforced unpaved roads on soft
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KOERNER, R. M. Designing with Geosynthetics, Englewood Cliffs, New Jersey, Prentice
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