Post on 08-Jan-2017
CRISTIELLE DE JESUS COSTA
ANÁLISE FILOGENÉTICA DE Atractantha McCLURE (POACEAE,
BAMBUSOIDEAE, BAMBUSEAE)
Dissertação apresentada à Universidade Federal
de Viçosa, como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação em Botânica, para
obtenção do título de Magister Scientiae.
VIÇOSA
MINAS GERAIS - BRASIL
2014
CRISTIELLE DE JESUS COSTA
ANÁLISE FILOGENÉTICA DE Atractantha McCLURE (POACEAE,
BAMBUSOIDEAE, BAMBUSEAE)
Dissertação apresentada à Universidade Federal
de Viçosa, como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação em Botânica, para
obtenção do título de Magister Scientiae.
APROVADA: 21 de fevereiro de 2014.
_________________________________ __________________________________
Profª. Ana Paula Fortuna Perez Profª. Rita Maria de Carvalho Okano
_______________________________
Profª. Ana Paula Santos Gonçalves
(Orientadora)
ii
À minha família, o maior presente que Deus
poderia ter me concedido nesta vida...
Dedico.
iii
Confia no Senhor e faze o bem; habitarás na
terra, e verdadeiramente será alimentado.
Deleita-te também no Senhor, e ele te concederá
o que deseja o teu coração.
Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele, e
ele tudo fará.
E ele fará sobressair a tua justiça como a luz, e
o teu juízo como o meio-dia.
(Salmo 37: 3-6)
iv
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus pelo milagre da vida e por renovar diariamente suas
forças e fé em mim, sem Tua misericórdia e amor eu nada seria.
A minha família, meus pais, Cida e Luiz, e aos meus irmãos, Milene e Cleiton, de
coração lhes agradeço pelo exemplo de honestidade, esforço e empenho, sem vocês eu não
seria o que sou hoje; o estímulo, amor, carinho e paciência de vocês foram imprescindíveis
para completar essa etapa.
Em especial a minha mãe, ainda não existem palavras que possam expressar a nossa
relação e a minha extrema gratidão por seu amor e companheirismo, sempre disposta a me
ouvir, aconselhar e me mostrar que para tudo há uma solução. Te amo.
Ao Programa de Pós-Graduação em Botânica, pela oportunidade de continuar
aprendendo e aprimorando meus conhecimentos.
Ao CNPq pela bolsa concedida; e ao Projeto Floresta Escola pelo auxílio financeiro
indispensáveis à execução deste trabalho.
A todos os professores, que passaram pela minha vida acadêmica e que contribuíram
com minha formação.
A minha orientadora, Ana Paula Santos Gonçalves, pela confiança em mim
depositada, pela compreensão e por todos os ensinamentos e incentivos ao longo desses dois
anos.
Aos membros da banca avaliadora, por aceitarem o convite em contribuir com esse
trabalho, em especial a professora Ana Paula Fortuna Perez, que tão gentilmente me auxiliou
com o alinhamento das sequências de DNA. Muito obrigada!
Aos professores Luiz Orlando e Wagner Otoni, que me receberam de portas abertas
em seus laboratórios; e aos colegas do Lab. de Filogeografia e Biologia Molecular que foram
minha bússola neste período de descobrimento, obrigada por serem sempre tão gentis,
pacientes e disponíveis.
v
A todos os colegas e funcionários do Laboratório de Sistemática, ressalvo-me a não
citar nomes pelo carinho que tenho por todos, obrigada pela amizade e por todos os momentos
compartilhados, que serão para sempre lembrados com muita saudade.
Ao pessoal da salinha da Pós-graduação, Mônica, Ronaldo, Anderson, José Martins,
Isla e Lívia, obrigada pela amizade, carinho e companheirismo. Com vocês compartilhei
momentos de ansiedade, tensão, esperança e alegria. Livinha, obrigada pelos conselhos,
carinho e cuidado fraternal; terei sempre um grande carinho por você!
Em especial, agradeço a Van Terra e ao Eric Hattori, que pacientemente
compartilharam comigo seus conhecimentos sobre programas de filogenia, quero que saibam
que suas ajudas me foram de grande valia.
A minha companheira de AP., Ceci, conterrânea de Djamas, que ao longo desses dois
anos se mostrou amiga e confidente, dando-me palavras de conforto e apoio. Obrigada por
aturar minhas loucuras e desesperos, e tornar nossa estadia em Viçosa muito mais prazerosa e
familiar.
As minhas grandes amigas, Bruna e Ana Angélica, que mesmo de longe sempre
estiveram torcendo por mim, obrigada pelo carinho, estímulo e amizade.
As duas grandes amigas que Viçosa me deu a oportunidade de encontrar, Karla e
Fabiene, obrigada por sempre estarem comigo compartilhando as dificuldades e alegrias desta
jornada. Caso a vida não nos permita dividir a mesma cidade, ainda assim as levarei em meu
coração.
Enfim, a todas as pessoas que direta ou indiretamente contribuíram para a conquista
dessa vitória.
vi
SUMÁRIO
RESUMO ................................................................................................................................. vii
ABSTRACT ............................................................................................................................ viii
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 1
2. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................................... 5
2.1 Amostragem dos táxons ....................................................................................................... 5
2.2 Estudos morfológicos ........................................................................................................... 7
2.3 Extração de DNA total ......................................................................................................... 9
2.4 Amplificação e sequenciamento de DNA .......................................................................... 10
2.5 Edição, montagem e alinhamento das sequências de DNA................................................ 13
2.5 Análises filogenéticas ......................................................................................................... 13
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................................... 15
3.1 Filogenia morfológica......................................................................................................... 15
3.2 Filogenia molecular ............................................................................................................ 21
3.2.1 Gene ndhF ............................................................................................................... 21
3.2.2 Espaçador intergênico trnD-trnT ............................................................................. 23
3.2.3 Espaçador intergênico trnT-trnL ............................................................................. 25
3.2.3 Análise dos dados combinados ................................................................................ 28
4. CONCLUSÕES .................................................................................................................... 33
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 34
vii
RESUMO
COSTA, Cristielle de Jesus, M.Sc., Universidade Federal de Viçosa, fevereiro de 2014. Análise filogenética do gênero Atractantha McClure (Poaceae, Bambusoideae, Bambuseae). Orientadora: Ana Paula Santos Gonçalves.
Atractantha McClure é um pequeno gênero de bambus lignificados pertencentes à subtribo
Arthrostylidiinae (Poaceae: Bambusoideae: Bambuseae), a qual compreende 13 gêneros. São
conhecidas seis espécies descritas, quatro delas endêmicas do estado da Bahia, uma espécie
amazônica e a última recentemente descrita para o estado do Espírito Santo. As espécies de
Atractantha podem ser reconhecidas vegetativamente por apresentarem colmo delgado, sólido
a oco, com pequenos canais de ar periféricos presentes em algumas espécies; complemento de
ramo com três ramos principais e fimbrias proeminentes nas folhas do colmo e ramos. O
presente trabalho teve por objetivo testar o monofiletismo do gênero Atractantha e suas
relações de afinidade com os demais gêneros de Arthrostylidiinae, por meio de análises
cladísticas de caracteres morfológicos e moleculares. Para tanto, foi delimitada uma
amostragem com um total de 29 espécies de Bambuseae. A análise morfológica foi realizada a
partir de uma matriz com 45 caracteres vegetativos e reprodutivos. Entretanto, a filogenia
morfológica resultou em um cladograma com baixa resolução, cuja topologia foi insuficiente
para inferir quaisquer relações de afinidade entre os táxons. Os estudos de filogenia molecular
foram realizados com base em três marcadores do DNA cloroplastídico: o gene ndhF e os
espaçadores intergênicos trnD-trnT e trnT-trnL. As sequências plastidiais foram obtidas a
partir de técnicas usuais de biologia molecular e do banco de dados GenBank. Com as
sequências alinhadas, foram analisados os marcadores separadamente e em combinação,
usando dois métodos de inferência filogenética, máxima parcimônia e Bayesiana, os quais
indicaram o monofiletismo das três subtribos amostradas e dos gêneros Alvimia, Merostachys,
Arthrostylidium, Guadua e Chusquea. No entanto, o gênero Atractantha mostrou-se
parafilético.
viii
ABSTRACT
COSTA, Cristielle de Jesus, M.Sc., Universidade Federal de Viçosa, February, 2014. Phylogenetic analysis of the genus Atractantha McClure (Poaceae, Bambusoideae, Bambuseae). Adviser: Ana Paula Santos Gonçalves.
Atractantha McClure is a small genus of woody bamboo belonging to subtribe
Arthrostylidiinae (Poaceae: Bambusoideae: Bambuseae), comprising 13 genera. Six described
species, four of them endemic to the state of Bahia, an Amazonian species and the last
recently described for the state of Espirito Santo are known. Atractantha species can be
recognized vegetatively by presenting slender stem, solid or hollow, with small peripheral air
channels present in some species; complement branch with three main branches and
prominent fimbriae leaves on stems and branches. The present study aimed to test the
monophyly of the genus Atractantha and its affinity relationships with other genera of
Arthrostylidiinae, through cladistic analyzes of morphological and molecular characters.
Therefore, it was bounded sampling with a total of 29 species of Bambuseae. Morphological
analysis was performed from a matrix with 45 vegetative and reproductive characters.
However, the morphological phylogeny resulted in a cladogram with low resolution, whose
topology was insufficient to infer any affinity relationships among taxa. The studies were
performed molecular phylogeny based on three DNA markers chloroplast: the ndhF gene and
intergenic spacers trnT-trnd and trnT-trnL. The plastid sequences were obtained from
standard techniques of molecular biology and the GenBank database. With the aligned
sequences, the markers were analyzed separately and in combination, using two methods of
phylogenetic inference, maximum parsimony and Bayesian, which indicated the monophyly
of the three subtribes and genera sampled Alvimia, Merostachys, Arthrostylidium, Guadua
and Chusquea. However, genus Atractantha proved paraphyletic.
1
1. INTRODUÇÃO
Poaceae é uma das maiores famílias de Angiospermas e o grupo de plantas mais
importante do ponto de vista econômico, o qual apresenta distribuição pantropical e
aproximadamente 10.000 espécies e cerca de 700 gêneros (GPWG, 2001). As gramíneas são
facilmente reconhecidas por sua morfologia vegetativa e floral características, e sua monofilia
tem sido sustentada tanto por caracteres morfológicos como por dados moleculares (GPWG,
2001). Esta extensa família foi dividida em seis subfamílias por Clayton & Renvoize (1986),
cinco por Judd et al. (1999) e atualmente são reconhecidas 12 subfamílias pelo GPWG
(2001).
A subfamília Bambusoideae Luerss., como tradicionalmente circunscrita, inclui um
grupo heterogêneo de gramíneas perenes, rizomatosas, as quais apresentam folhas largas,
pseudopecioladas, com clorênquima composto de células invaginantes e fusóides e flores com
três lodículas (CALDERÓN & SODERSTROM, 1973; CLARK, et al., 1995; ZHANG &
CLARK, 2000). Apresentam ampla distribuição geográfica ocorrendo entre 46º N - 47º S de
latitude e em altitudes desde o nível do mar até 4.000 metros, e representam a única linhagem
da família a se diversificar e se adaptar a habitats florestais, sendo componentes típicos de
florestas tropicais e subtropicais, onde ocorrem associadas à vegetação lenhosa (CALDERÓN
& SODERSTROM, 1980; CLARK, 1990; JUDZIEWICZ et al., 1999; ZHANG & CLARK,
2000).
A circunscrição desta subfamília tem sido bastante problemática, e o número de tribos
tem variado consideravelmente nas últimas décadas. Soderstrom & Ellis (1987) definiram um
"core" Bambusoideae composto por cinco tribos: Anomochloeae, Streptochaeteae,
Buergersiochloeae, Olyreae e Bambuseae. Clayton & Renvoize (1986) consideraram esta
subfamília composta por 14 tribos, enquanto que Watson & Dallwitz (1992) consideraram-na
composta por 15 tribos. Em quase todos os sistemas de classificação produzidos nas últimas
décadas o "core" de Soderstrom & Ellis (1987) foi incluído na subfamília Bambusoideae
(CLARK et al., 1995). Entretanto, diversos estudos baseados em evidências morfológicas e
macromoleculares demonstraram que este "core" é polifilético (CLARK et al., 1995;
SORENG & DAVIS, 1995; DUVALL & MORTON, 1996; GPWG, 2001).
2
De acordo com a circunscrição atual proposta por Sungkaew et al. (2009),
Bambusoideae compreende as tribos Bambuseae (bambus lignificados de clima tropical),
Olyreae (bambus herbáceos) e Arundinarieae (bambus lignificados de clima temperado).
Tanto a subfamília como as tribos que a compõe são sustentadas em diversas análises
morfológicas e moleculares como táxons monofiléticos (CLARK et al., 1995; GPWG, 2001;
SUNGKAEW et al., 2009; KELCHNER & BPG, 2013).
Bambusoideae é representada por aproximadamente 1.400 espécies descritas em 115
gêneros (BPG, 2012). Os bambus são encontrados em todos os continentes, exceto na Europa,
em elevações desde o nível do mar até cerca de 4.000 metros de altitude (Figura 1). No
mínimo 40% das espécies são endêmicas das Américas, e o Brasil representa o país do Novo
Mundo com maior diversidade, apresentando cerca de 34 gêneros e 234 espécies, das quais
aproximadamente 83% são endêmicas (KELCHNER & BPG, 2013; FILGUEIRAS &
SANTOS-GONÇALVES, 2004).
Figura 1: Distribuição mundial de bambus (Poaceae: Bambusoideae).
Fonte: Kelchner & BPG (2013).
Os bambus lignificados tropicais (tribo Bambuseae) formam dois clados principais, os
quais apresentam distribuições geográficas distintas e bem demarcadas, os lignificados
paleotropicais e os lignificados neotropicais; sendo reconhecidas nesse último sete subtribos
(TYRREL et al., 2012; KELCHNER & BPG, 2013).
A tribo Bambuseae é representada por espécies com colmo lignificado, folhas
diferenciadas em folhas do colmo e folhas dos ramos, ramificação vegetativa complexa,
folhas do colmo com lígula externa e lâmina foliar decídua, floração gregária com ciclos
ocorrendo a longos intervalos, flores bissexuais e número básico de cromossomos de x=12
3
(JUDZIEWICZ et al., 1999; ZHANG & CLARK, 2000; GPWG, 2001). Há registros de
bambus com intervalos reprodutivos que variam de 7 a 120 anos, com eventos de floração
gregária e monocárpica que levam à produção de sementes em massa e a morte de todas as
plantas parentais (KELCHNER & BPG, 2013; NADGAUDA et al., 1990). Devido a esse
padrão de floração, os bambus lignificados são geralmente encontrados em sua fase
vegetativa, dificultando assim a identificação de suas espécies.
Como definida pelo GPWG (2001), a tribo Bambuseae inclui sete subtribos, dentre as
quais Arthrostylidiinae, endêmica do Novo Mundo (JUDZIEWICZ et al., 1999). Essa
subtribo reúne 13 gêneros e 163 espécies que se caracterizam morfoanatomicamente por um
conjunto de caracteres: ocorrência de uma região discolor marginal ("striae") na face abaxial
da lâmina foliar das folhas dos ramos; margens da lâmina foliar com diferenças estruturais
acentuadas; estômatos ausentes ou pouco numerosos na epiderme adaxial da lâmina foliar;
esclerênquima intercostal e nervura mediana da lâmina da folha dos ramos reduzida; presença
de papilas refrativas e mesofilo com parênquima invaginante e células fusóides
(SODERSTROM & ELLIS, 1987; GPWG, 2001).
Atractantha McClure, o gênero aqui estudado, representa um pequeno grupo de
bambus lignificados neotropicais, taxonomicamente posicionado na subtribo
Arthrostylidiinae. Atractantha McClure distingue e destaca-se dos demais bambus
lignificados do Novo Mundo por serem escandentes, com rizomas do tipo paquimorfo, por
apresentarem colmos delgados, sólidos ou ocos, com canais periféricos de ar em algumas
espécies; complemento de ramo inerme, com três ramos principais e fimbrias proeminentes
nas folhas do colmo e ramos (JUDZIEWICZ, 1992; SANTOS-GONÇALVES et al., 2011).
Como atualmente circunscrito, o gênero compreende seis espécies, uma das quais
recentemente descrita por Santos-Gonçalves et al. (2011), Atractantha shepherdiana Santos-
Gonç., Filg. & L.G.Clark, a qual ocorre na região sudeste do Brasil, no estado do Espírito
Santo, em formações florestais conhecidas como restinga arbórea. As demais espécies, A.
aureolanata Judz., A. cardinalis Judz., A. falcata McClure e A. radiata McClure ocorrem ao
longo da Costa Atlântica no estado da Bahia (JUDZIEWICZ, 1992). Atractantha amazonica
Judz. & L.G. Clark ocorre no sudeste da Venezuela e no Estado do Amazonas - Brasil,
ocorrendo ao longo do Rio Negro e em florestas inundadas, conhecidas como Igapós
(McCLURE, 1973; SODERSTROM & ELLIS, 1987; JUDZIEWICZ et al., 1999; SANTOS-
GONÇALVES et al., 2011). Além da distribuição peculiar, A. amazonica é a única espécie
com espiguetas convencionais, ao passo que as demais espécies apresentam estruturas
4
reprodutivas conhecidas como pseudoespiguetas em suas inflorescências (JUDZIEWICZ,
1992).
Devido à versatilidade dos bambus, estes têm se tornado um grupo de plantas com
grande importância econômica e cultural, sendo utilizados na culinária (broto de bambu,
principalmente Bambusa vulgaris Schrad. ex J.C. Wendl. e Dendrocalamus asper Backer ex
K. Heyne), construção civil (Guadua angustifolia Kunth), fabricação de instrumentos
musicais e utensílios domésticos; no artesanato, paisagismo (Phyllostachys Siebold & Zucc.);
na produção de carvão, combustível, papel e tecidos; na irrigação e regeneração ambiental,
além de múltiplos usos em áreas rurais, inclusive como forrageira (JUDZIEWICZ et al.,
1999). Embora os bambus sejam utilizados de diversas formas, ainda assim seu potencial
econômico não foi totalmente explorado.
No Brasil, os estudos abordando as Bambusoideae são quase que exclusivamente de
cunho florístico e/ou taxonômico (BURMAN & FILGUEIRAS, 1993; SENDULSKY 1995,
1997; FILGUEIRAS, 1988; FILGUEIRAS & PEREIRA, 1998; SANTOS-GONÇALVES,
2000; OLIVEIRA, 2001; SANTOS-GONÇALVES, 2005; SANTOS-GONÇALVES et al.,
2011; VIANA, 2010).
Até o momento, os estudos de filogenia existentes não incluíram representantes de
Atractantha em um senso mais amplo. Assim, há apenas evidências de que este grupo seja
monofilético, as quais foram obtidas a partir de trabalhos direcionados à responder questões a
nível de subtribo, como a filogenia da subtribo Arthrostylidiinae (TYRREL et al., 2012).
Assim, os principais objetivos do presente estudo foram testar o monofiletismo do
gênero Atractantha e investigar suas relações de afinidades com os demais gêneros de bambus
neotropicais.
5
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Amostragem dos táxons
Um total de 29 espécies de Bambuseae foi analisado, sendo selecionadas de forma a
representar a diversidade morfológica existente nesta tribo (Tabela 1). Os táxons amostrados
representam todas as subtribos de bambus lenhosos neotropicais: Arthrostylidiinae,
Chusqueinae e Guaduinae. Todas as espécies do gênero Atractantha foram amostradas para a
filogenia molecular, exceto A. amazonica e A. falcata, que não foram recoletadas e para as
quais a extração de DNA a partir de material herborizado não foi bem sucedida. Uma espécie
do clado de bambus lenhosos paleotropicais, Bambusa vulgaris, foi escolhida como grupo
externo baseado nos resultados de estudos anteriores (CLARK et al., 2007; FISHER et al.,
2009; KELCHNER & BPG, 2013; TYRREL et al., 2012).
Foi realizada uma excursão na região litorânea da Bahia para coleta de material
botânico, visando o reconhecimento das espécies em seu hábitat e também o incremento das
coleções. Todas as amostras coletadas foram depositadas no Herbário da Universidade
Federal de Viçosa - VIC. Folhas foram armazenadas em sílica gel para preservar as amostras
para posterior extração de DNA (CHASE & HILLS, 1991).
6
Tabela 1. Número de acesso do GenBank e voucher das espécies utilizadas para as inferências filogenéticas a partir dos três marcadores do DNA cloroplastídico. Todos os vouchers foram depositados no Herbário VIC. Os taxa que não tiveram sucesso na amplificação de suas regiões são indicados por um traço (-).
Subtribo Táxon Acesso GenBank Voucher ndhF trnD-trnT trnT-trnL Arthrostylidiinae Soderstr. & R.P. Ellis Atractantha amazonica Judz. - Atractantha aureolanata Judz. JQ408536 JQ408494 JQ408595 Atractantha cardinalis Judz. JQ408537 JQ408635 JQ408596 Atractantha falcata McClure - Atractantha radiata McClure JQ408538 JQ408636 JQ408597 Atractantha shepherdiana Santos-Gonçalves, Filg. & Clark SG 510 Actinocladum verticillatum (Nees) McClure ex Soderstr. JQ408524 JQ408623 JQ408586 Alvimia auriculata Soderstr. & Londonõ JQ408525 JQ408624 JQ408587 Alvimia gracilis Soderstr. & Londonõ JQ408526 JQ408625 JQ408588 Arthrostylidium cubense Rupr. JQ408529 JQ408628 JQ408590 Arthrostylidium urbanii Pilg. JQ408534 JQ408632 JQ408594 Aulonemia amplissima (Nees) McClure JQ408539 JQ408637 JQ408598 Aulonemia queko Goudot JQ408543 JQ408641 JQ408600 Aulonemia ulei (Hack.) McClure & L.B. Sm. JQ408544 JQ408642 JQ408601 Colanthelia cingulata (McClure & L.B. Sm.) McClure JQ408545 JQ408643 JQ408602 Colanthelia intermedia (McClure & L.B. Sm.) McClure - JQ408645 JQ408604 - Colanthelia sp. nov. SG 566 Glaziophyton mirabile Franch. JQ408552 JQ408650 JQ408607 Merostachys ternata Ness JQ408555 JQ408653 JQ408610 Merostachys sp. SG 651 Rhipidocladum harmonicum (Parodi) McClure JQ408563 JQ408661 JQ408615
Bambusinae J.Presl
Bambusa vulgaris Schrad. ex J.C. Wendl. FJ643709 FJ643982 FJ644133
Chusqueinae Soderstr. & R.P. Ellis
Chusquea capituliflora Trin. SG 620
Chusquea ramosissima Lindm. SG 534
Chusquea sp. SG 652
Guaduinae Soderstr. & R.P. Ellis
Apoclada simplex McClure & L.B. Sm. JQ408527 JQ408626 JQ408589
Eremocaulon aureofimbriatum Soderstr. & Londonõ JQ408549 JQ408647 -
Guadua angustifolia Kunth FJ643714 FJ644003 FJ644154
Guadua tagoara (Ness) Kunth SG 605
7
2.2 Estudos cladísticos morfológicos
Os caracteres morfológicos foram escolhidos com base em estudos prévios (TYRREL
et al., 2012; CLARK et al., 2007) e em peculiaridades aos gêneros amostrados neste trabalho.
No total foram selecionados 44 caracteres (Tabela 2), sendo 32 vegetativos e 12 reprodutivos.
O estudo foi realizado a partir de exsicatas provenientes dos Herbários IBGE, BHCB, RB,
INPA, MBM, SP, VIC e B, consultas à literatura especializada e a base de dados do site
GrassBase (CLAYTON et al., 2006).
A matriz de caracteres morfológicos foi elaborada no software Nexus Data Editor
0.5.0 (PAGE, 2001). Tanto os caracteres binários como os multiestados foram tratados como
não ordenados. Para os táxons com caracteres inaplicáveis ou não observados, os dados foram
lançados como faltantes.
Tabela 2. Lista de caracteres e estados de caracteres morfológicos para análise cladística.
Colmos e nós
1. Hábito: 0 = ereto e arqueando-se no ápice; 1 = escandente; 2 = ereto; 3 = ereto a
escandente; 4 = ereto a decumbente; 5 = decumbente.
2. Entrenó: 0 = sólido; 1 = oco; 2 = sólido com canais de ar periféricos.
3. Padrão do comprimento do entrenó: 0 = todos iguais; 1 = L-s-s-s-L; 2 = L-s-s-s-s.
4. Padrão de ramificação: 0 = intravaginal; 1 = extravaginal; 2 = infravaginal.
5. Promontório: 0 = ausente; 1 = presente.
6. Gemas por nó no médio-colmo: 0 = única; 1 = múltiplas.
7. Forma da gema central: 0 = triangular; 1 = circular.
Folhas do colmo
8. “Cinto” (Girdle) 0 = ausente; 1 = presente.
9. Posição da lâmina foliar: 0 = ereta; 1 = reflexa.
10. Indumento da face abaxial da bainha: 0 = glabro; 1 = tricomas adpressos e escuros
presentes; 2 = escabro; 3 = apenas tricomas macios presentes.
11. Fimbrias no ápice da bainha: 0 = ausente; 1 = presente.
12. Fimbrias: 0 = lisas; 1 = onduladas.
8
13. Base das fimbrias: 0 = livres; 1 = fundidas.
14. Aurículas: 0 = ausente; 1 = presente.
15. Indumento das aurículas: 0 = glabra; 1 = fimbriada.
16. Cicatriz calosa na base da bainha: 0 = ausente; 1 = presente.
17. Extensão de uma das margens na base da bainha: 0 = ausente; 1 = presente.
18. Lígula interna: 0 = ausente; 1 = presente.
19. Lígula externa: 0 = ausente; 1 = presente.
20. Forma da base do complemento de ramo: 0 = “leque” (fan-shaped); 1 = outros formatos.
21. Dominâncias de ramos no complemento de ramo: 0 = subiguais (sem ramos dominantes);
1 = um ramo dominante; 2 = 2-5 ramos dominantes; 3 = 5-7 ramos dominantes.
22. Espinhos no ramos: 0 = ausente; 1 = presente.
Folhas dos ramos
23. Dimorfismo nas folhas dos ramos: 0 = ausente; 1 = presente.
24. Estria marginal na face abaxial da lâmina foliar: 0 = ausente; 1 = presente.
25. Folha tesselada: 0 = ausente; 1 = presente.
26. Lígula interna: 0 = ausente; 1 = presente.
27. Indumento da face abaxial da bainha: 0 = glabro; 1 = piloso.
28. Fimbrias do ápice da bainha: 0 = ausente; 1 = presente.
29. Fimbrias: 0 = lisas; 1 = onduladas.
30. Base das fimbrias: 0 = livres; 1 = fundidas.
31. Aurículas: 0 = ausente; 1 = presente.
32. Indumento das aurículas: 0 = glabro; 1 = fimbriado.
Sinflorescência
33. Forma: 0 = panícula; 1 = racemo; 2 = capitada.
34. Número de racemos na sinflorescência: 0 = um; 1 = dois ou mais.
35. Espiguetas secundas: 0 = ausente; 1 = presente.
Espigueta
36. Espigueta: 0 = convencional; 1 = pseudoespigueta.
37. Compressão da espigueta: 0 = arredondada; 1 = lateral; 2 = dorsal.
38. Número de glumas: 0 = ausente; 1 = duas; 2 = uma; 3 = várias; 4 = quatro.
39. Tamanho relativo das glumas: 0 = subiguais; 1 = fortemente desiguais.
40. Número de flósculos férteis por espigueta: 0 = um; 1 = mais de um flósculo.
9
41. Extensão da ráquila: 0 = ausente; 1 = presente.
Flor
42. Número de estames: 0 = três; 1 = seis; 2 = dois.
43. Número de estigmas: 0 = um; 1 = dois; 2 = três.
Fruto
44. Cariopse: 0 = típica; 1 = nucóide; 2 = bacóide.
2.3 Estudos cladísticos moleculares
2.3.1 Extração de DNA total
Para os estudos moleculares foi selecionado um acesso de cada espécie, sendo que sete
espécies foram obtidas de folhas estocadas em sílica gel, as demais tiveram suas sequências
obtidas diretamente no GenBank (Tabela 1).
O DNA genômico total foi extraído utilizando-se o kit comercial DNeasy Plant Mini
Kit (Qiagen, Valencia, USA) com protocolo modificado (TRIPLETT & CLARK, 2010) ou
segundo Doyle & Doyle (1987), conforme as seguintes modificações:
1. Aproximadamente 50 mg de folhas secas foram maceradas em nitrogênio líquido em
almofariz de porcelana até homogeneização. O macerado obtido foi transferido para
microtubos do tipo Eppendorf de 2,0 mL, sendo adicionados 800 mL de tampão de extração
2X CTAB pré-aquecido a 65ºC (acrescido de 1 μL de β-mercaptoetanol e 20 mg de PVP -
polivinilpirrolidona por mL de tampão).
2. Os tubos foram vortexizados e incubados em “banho-maria” a 65ºC por 30 minutos, sendo
agitados por inversão a cada 10 minutos. Em seguida as amostras foram esfriadas em gelo por
2 minutos.
3. Foram adicionados 750 μL de CIA (clorofórmio/álcool isoamílico 24:1) em cada tubo e
misturados por inversão por 50 vezes e procedeu-se a centrifugação por 15 minutos a 10.000
rpm.
10
4. O sobrenadante foi transferido para um novo tubo de 1,5 mL, com cuidado para evitar a
perturbação da interface, e em seguida repetido o passo 3 com o sobrenadante recuperado.
5. O sobrenadante foi cuidadosamente transferido para um novo tubo de 1,5 mL e adicionados
0,7 do seu volume de isopropanol gelado, e misturado por inversão gentilmente por 10 vezes.
6. Os tubos foram mantidos à centrifugação por 15 minutos a 10.000 rpm. O sobrenadante foi
descartado.
7. Adicionou-se 1 mL de etanol 70% no tubo contendo o precipitado; em seguida o tubo foi
centrifugado por 10 minutos a 10.000 rpm, sendo então descartado o álcool.
8. Repetiu-se o passo anterior usando etanol 90%; após o álcool ter sido descartado o tubo foi
mantido aberto e invertido sobre papel toalha para secagem do precipitado em temperatura
ambiente.
9. Após a secagem, o precipitado foi ressuspendido em até 50 μL de TE + RNase, ou apenas
em água deionizada/autoclavada e armazenado a -20ºC.
- Tampão de extração 2X CTAB: Pesou-se 2 g de CTAB, 8,18 g de NaCl, 0,74 g de EDTA,
1,57 g de Tris-HCl e 1 g de PVP. Os componentes foram dissolvidos em água
deionizada/autoclavada completando o volume para 100 mL. O pH foi ajustado para 8,0.
2.3.2 Amplificação e sequenciamento de DNA
O DNA total extraído de cada amostra foi amplificado por meio da reação da
polimerase em cadeia (PCR) usando o termociclador C1000 Touch Termal Cycler (Bio-Rad,
Hercules, CA, USA).
Para este trabalho foram utilizadas três regiões do DNA cloroplastídico (cpDNA): o
gene ndhF e os espaçadores intergênicos trnD-trnT e trnT-trnL. Tais regiões foram escolhidas
por serem amplamente empregadas em estudos filogenéticos com representantes de
Bambusoideae (FISHER et al., 2007; TRIPLETT & CLARK, 2010; TYRREL et al., 2012;
11
KELCHNER & BPG, 2013). As sequências dos primers e os parâmetros utilizados para a
amplificação e sequenciamento das três regiões cloroplastídicas encontram-se descritas na
tabela 3 (TRIPLETT & CLARK, 2010 modificado).
Cada reação de PCR foi processada utilizando-se um volume final de 30 μL, contendo:
2,5 μL de extrato de DNA; 14,6 μL de água destilada e autoclavada; 1,6 μL de cada primer
(concentração de 10 μM/ μL); 3,2 μL de deoxinucleotídeos trifosfatos - dNTPs (solução 2,5
μM de cada dNTP); 2,5 μL de solução tampão 10X PCR; 1,5 μL de magnésio (50 mM); 2,1
μL de solução de albumina de soro bovino - BSA (10mg/μL) e 0,4 μL de platinum Taq DNA
polimerase (5U/μL). Todos os reagentes utilizados foram da marca Invitrogen TM (Life
Technologies), exceto o BSA (Promega, Biotech).
Para a confirmação da amplificação, foi realizada uma corrida eletroforética com
voltagem constante de 90V por 30-40 min, onde 5 μL da reação foram aplicados juntamente
com 2 μL de tampão de carregamento e analisados por eletroforese em gel de agarose 1% e
tampão TBE 1X. Os fragmentos foram visualizados e comparados com o marcador molecular
1 Kb Plus DNA Ladder (Invitrogen TM, Life Technologies) em um transluminador de
ultravioleta (Loccus Biotecnologia).
A purificação do produto da PCR foi realizada com ExoSAP-IT (Affymetrix, Inc.)
utilizando as enzimas fosfatase alcalina de camarão (SAP) e exonuclease I (EXO), conforme
instruções do fabricante.
Após a purificação, as concentrações dos produtos de PCR foram estimadas
utilizando-se como referência o marcador de massa molecular Low DNA Mass Ladder
(Invitrogen TM, Life Technologies) e analisados por eletroforese em gel de agarose. Em
seguida, as amostras foram enviadas para sequenciamento na Macrogen (Coréia do Sul).
12
Tabela 3. Primers do DNA cloroplastídico e parâmetros utilizados para as reações de amplificação e sequenciamento baseados em Tyrrel & Clark (2010). Asterisco (*) indicam parâmetros de PCR modificados para este estudo. SEQ indica primers usados para reações de sequenciamento que diferem daqueles de reações de PCR.
Regiões Sequência do primer (5’-3’) Parâmetros das reações de PCR
ndhF 972F: GTCTCAATTGGGTTATATGATG
2110R:CCCCTAYATATTTGATACCTTCTCC
SEQ: 1318F: GATTAACTGCGTTTTATATGTTTCG
1603R: GCATAGTATTTCCCGTTTCATGAGG
*94ºC, 1 min; 30x (94ºC, 1 min 30 sec; 54ºC, 2
min; 72 ºC, 3 min); 72ºC, 10 min.
trnD-trnT trnD-for: ACCAATTGAACTACAATCCC
trnT-rev: CCCTTTTAACTCAGTGGTA
SEQ: trnY-rev: CTCTTTGCTTTGGATCTAG
trnE-for: GCCTCCTTGAAAGAGAGATG
*94ºC, 2 min; 35x (94ºC, 45 sec; 58ºC, 1 min; 72
ºC, 1 min 15 sec); 72ºC, 5 min.
trnT-trnL trnT-L F: CATTACAAATGCGATGCTCT
trnT-L R: TCTACCGATTTCGCCATATC
95ºC, 2 min; 35x (95ºC, 1 min; 48ºC, 10 sec;
+17ºC, 0.3ºC/sec; 65ºC, 5 min); 65ºC, 5 min.
13
2.3.3 Edição, montagem e alinhamento das sequências de DNA
As sequências de DNA foram editadas e montadas utilizando-se o programa
Sequencher 4.1.4 (Gene Codes Corporation). As sequências de todas as espécies foram então
alinhadas pelo programa Muscle versão 3.6 e posteriormente alinhadas manualmente no
programa BioEdit Sequence Alignment Editor versão 7.2.3 (HALL, 1999).
2.4 Análises filogenéticas
Tanto para análise de Máxima Parcimônia quanto para a Inferência Bayesiana, os
dados foram analisados individualmente, por loci, e em conjunto para averiguar a ocorrência
de possíveis incongruências entre as árvores geradas.
Análises de máxima parcimônia, tanto para os dados morfológicos como para os
moleculares foram conduzidas no programa PAUP versão 4.0b10 (SWOFFORD, 2002). As
análises constituíram de 1.000 replicações utilizando a busca heurística de sequências e o
rearranjo de ramos das árvores foi realizado pelo algoritmo TBR (Tree bisection and
reconnection). Para avaliar o suporte estatístico de cada nó dos cladogramas, valores de
bootstrap (FELSENSTEIN, 1985) foram estimados a partir de 10.000 réplicas e busca
heurística completa. Os níveis de homoplasia e sinapomorfia foram calculados usando índices
de consistência (IC), de retenção (IR) e de consistência rescalonado (RC). Os caracteres foram
tratados com o mesmo peso e os multiestados não ordenados.
Análises de Inferência Bayesiana foram realizadas usando o programa MrBayes
versão 3.1.2 (RONQUIST & HUELSENBECK, 2003). O MrModeltest v.1.1 (POSADA &
CRANDALL, 1998) foi utilizado para apontar o modelo evolutivo mais adequado para cada
conjunto de dados. O algoritmo Monte Carlo via Cadeia de Markov foi iniciado a partir de
uma árvore aleatória e processado por 10.000.000 de gerações, com árvores amostradas a
cada 1.000 gerações, sendo que 25% das amostras iniciais (burn in) coletadas foram
descartadas e as remanescentes foram utilizadas para determinar os valores de probabilidade
14
posterior (PP). O MrBayes realizou duas análises simultâneas iniciando a partir de diferentes
árvores randômicas (Nruns=2), cada uma com quatro cadeias de Markov (Nchains=4).
As árvores de Máxima Parcimônia e Inferência Bayesiana foram visualizadas e
editadas no programa FigTree v1.4.0 (http://tree.bio.ed.ac.uk/software/figtree/).
15
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Filogenia morfológica
A análise de máxima parcimônia da matriz dos dados morfológicos obtidos (Tabela 4)
resultou em 556 árvores, das quais foi gerada uma árvore de consenso estrito (Figura 2) com
145 passos. Dos 44 caracteres amostrados, 36 foram considerados informativos para a
parcimônia. Essa análise apresentou índice de consistência (IC) igual a 0,4, índice de
homoplasia (IH) igual a 0,6, índice de retenção (IR) igual a 0,63 e índice rescalonado (RC)
igual a 0,25.
O consenso estrito das árvores mais parcimoniosas resultou em uma baixa resolução
da filogenia do grupo como um todo, embora grande parte dos dados morfológicos
amostrados tenha sido considerado informativo sob o ponto de vista da parcimônia; entretanto
poucos clados formados apresentaram alta sustentação na análise de bootstrap.
Ressalta-se que, utilizando exclusivamente dados morfológicos, tanto as relações de
afinidades entre as três subtribos amostradas (Arthrostylidiinae, Guaduinae e Chusqueinae)
quanto entre os gêneros analisados ficaram não resolvidas. Estes resultados evidenciam que o
número de caracteres morfológicos amostrados neste trabalho mostrou-se insuficiente para
diferenciar tanto categorias taxonômicas superiores quanto inferiores; estudos anteriores de
filogenia morfológica da família Poaceae e de Bambusoideae (CLARK et al., 2007; GPWG,
2001), nos quais houve uma amostragem incluindo um maior número de caracteres,
proveniente tanto de morfologia externa, quanto de morfoanatomia foliar e anatomia,
apresentaram uma resolução moderada, sendo possível a separação das subtribos.
Embora três espécies de Atractantha, A. aureolanata, A. cardinalis e A. falcata,
tenham se agrupado em um pequeno clado (A) com suporte de bootstrap moderado (80%),
sendo sustentado principalmente pela presença de fimbrias e de indumento escabroso na face
abaxial da bainha das folhas do colmo em todas as três espécies, o gênero mostrou-se não-
monofilético.
16
Atractantha aureolanata e A. cardinalis formaram um clado (B) fracamente
sustentado por valor de bootstrap (66%), sendo que a característica presença de cicatriz calosa
na base da bainha nas folhas do colmo foi a responsável por unir tais espécies (Figura 2).
O clado C, formado por todas as espécies amostradas de Chusquea, C. capituliflora, C.
ramosissima e Chusquea sp. foi suportado como monofilético, com alto valor de bootstrap,
99%. O clado possui diversas sinapomorfias: padrão de ramificação infravaginal, gemas
múltiplas por nó no médio-colmo, gema central do médio-colmo circular, presença de quatro
glumas na espigueta e ausência de extensão da ráquila no flósculo fértil. Atualmente, a
monofilia de Chusquea é considerada robusta e bem sustentada na maioria das análises
morfológicas e moleculares, nas quais as características morfológicas citadas acima são
consideradas sinapomorfias para o clado (CLARK et al., 2007; FISHER et al., 2009).
De acordo com os resultados obtidos neste estudo, o gênero Guadua é monofilético,
com valor de bootstrap moderado (79%), tendo as duas espécies agrupadas no clado (D), por
apresentarem ramos armados, ou seja, dotados de espinhos.
O clado E, constituído por Merostachys mostrou-se monofilético com alto suporte de
bootstrap (91%), sendo suportado principalmente pela ocorrência de complemento de ramo
em forma de leque (“fan-shaped”).
17
Figura 2: Árvore de consenso estrito dos dados morfológicos a partir da Máxima Parcimônia. Os valores de bootstrap (> 50%) estão representados nos nós dos ramos.
18
Tabela 4. Matriz morfológica para as 29 espécies de Bambuseae amostradas. Ver tabela 2 para explorar os caracteres e os estados de caracteres. Símbolos utilizados: ? estado de caractere desconhecido ou não observado; - caractere não aplicável.
Caracteres
Espécies 0
1
0
2
0
3
0
4
0
5
0
6
0
7
0
8
0
9
1
0
1
1
1
2
1
3
1
4
1
5
1
6
1
7
1
8
1
9
2
0
2
1
2
2
2
3
2
4
2
5
2
6
2
7
2
8
2
9
3
0
3
1
3
2
3
3
3
4
3
5
3
6
3
7
3
8
3
9
4
0
4
1
4
2
4
3
4
4
4
5
Atractantha
amazonica
0 1 0 0 1 0 0 1 0 0 0 - - 0 - 0 0 1 0 1 2 0 0 1 0 1 1 0 1 0 0 0 - 1 0 0 0 0 1 0 0 1 1 0 ?
Atractantha
aureolanata
0 2 0 0 1 0 0 1 1 2 1 1 0 1 1 1 0 1 1 1 2 0 0 1 0 1 1 1 1 0 0 0 - 0 - - 1 0 0 - 0 1 1 0 0
Atractantha
cardinalis
0 2 0 0 1 0 0 1 1 2 1 1 0 0 - 1 1 1 1 1 2 0 0 1 0 1 1 1 1 0 0 0 - 0 - - 1 0 0 - 0 1 1 0 0
Atractantha
falcata
0 0 0 0 1 0 0 1 1 2 1 0 0 0 - ? ? 0 1 1 2 0 0 1 0 1 1 1 1 0 0 0 - 0 - - 1 0 0 - 0 1 1 0 ?
Atractantha
radiata
0 2 0 0 1 0 0 1 0 0 0 - - 0 - 0 0 0 0 1 2 0 0 1 0 1 1 0 1 1 0 0 - 2 - - 1 0 0 - 0 1 1 0 0
Atractantha
shepherdiana
0 1 0 0 1 0 0 1 1 0 1 1 0 0 - 0 0 1 0 1 2 0 0 1 0 1 1 0 1 0 0 0 - ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ?
Actinocladum
verticilatum
1 1 0 0 0 ? ? 1 1 0 1 0 1 1 1 0 0 1 1 0 0 0 1 1 0 1 1 0 1 0 1 1 1 0 - - 0 1 1 0 1 1 1 0 1
Alvimia
auriculata
0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 1 1 1 0 0 1 1 1 0 0 0 0 1 1 0 1 1 1 1 1 1 0 - - 1 0 1 0 1 1 0 0 2
Alvimia gracilis 0 0 0 0 1 0 0 1 0 3 0 - - 0 - 0 0 1 0 1 1 0 0 0 0 1 1 1 0 - - 0 - 0 - - 1 0 3 0 1 1 0 0 2
Apoclada
simplex
1 1 0 0 0 1 0 1 0 2 0 - - 0 - 0 0 1 0 1 2 0 0 0 0 1 1 0 1 0 0 0 - 1 1 0 0 1 0 - 1 1 1 0 0
Arthrostylidium
cubense
0 1 0 0 1 0 0 1 0 ? 0 - - ? ? 0 0 ? ? 0 1 0 0 ? 0 1 1 0 1 0 0 0 - 1 ? 0 0 1 1 0 1 1 1 0 0
Arthrostylidium
urbanii
0 1 0 0 1 0 0 1 1 3 ? ? ? ? ? 0 0 ? ? 0 1 0 0 0 0 1 1 1 1 1 0 0 - 1 ? 0 0 1 1 0 1 1 1 0 0
19
Aulonemia
amplissima
2 1 0 0 1 1 0 1 1 2 1 0 0 0 - 0 0 1 1 1 1 0 0 1 0 1 1 0 1 0 0 1 1 0 - - 0 1 1 0 1 1 1 0 0
Aulonemia queko 1 1 1 0 1 ? ? 1 1 0 1 0 0 0 - 0 0 1 0 1 1 0 0 1 0 1 1 0 1 1 0 0 1 0 - - 0 1 1 0 1 1 1 0 0
Aulonemia ulei 1 1 0 0 1 0 0 1 0 0 1 1 0 0 - 0 0 1 0 1 3 0 0 1 1 1 1 1 1 1 0 0 - 0 - - 0 1 1 0 1 1 1 0 0
Bambusa
vulgaris
1 0 0 1 0 0 0 1 0 1 1 0 0 1 1 0 0 1 0 1 1 0 0 1 0 1 1 1 0 - - 1 0 0 - - 1 1 1 0 1 0 2 1 0
Chusquea
capituliflora
0
0 0 2 1 1 1 1 0 2 0 - - 0 - 0 0 1 0 1 1 1 0 0 0 1 1 0 0 - - 0 - 2 - - 0 1 2 0 0 0 1 0 0
Chusquea
ramosissima
0 0 0 2 1 1 1 1 0 1 0 - - 0 - 0 0 1 0 1 1 0 0 0 0 1 1 0 0 - - 0 - 0 - - 0 1 2 0 0 0 0 ? 0
Chusquea sp. 0 0 0 2 1 1 1 1 0 1 0 - - 0 - 0 0 1 0 1 1 0 0 0 0 1 1 0 0 - - 0 - 0 - - 0 1 2 0 0 0 1 0 ?
Colanthelia
cingulata
0 1 0 0 1 ? ? 1 1 3 1 0 0 0 - 0 0 1 1 1 1 0 0 0 0 ? 1 0 1 0 0 1 1 0 - - 0 1 1 0 1 1 1 0 0
Colanthelia
intermedia
0 1 0 0 1 ? ? 1 1 3 1 0 0 0 - 0 0 1 1 1 1 0 0 0 0 0 1 1 1 0 0 0 - 0 - - 0 1 1 0 1 1 1 0 0
Colanthelia
itatiaiae
2 1 0 0 0 ? ? 0 0 3 1 0 0 1 1 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 1 1 1 1 0 0 1 1 0 - - 0 0 1 1 1 1 1 0 ?
Eremocaulon
aureofimbriatum
1 1 0 0 0 ? ? 1 0 1 1 1 0 1 1 0 0 1 1 1 1 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1 1 1 0 - - 1 1 3 0 1 1 2 0 0
Glaziophyton
mirabile
1 3 2 - 0 0 ? - 0 0 0 - - 0 - 0 0 1 0 1 - 0 0 1 1 1 0 0 1 0 0 0 - 0 - - 0 1 3 0 1 1 1 1 0
Guadua
angustifolia
1 1 0 0 0 ? ? 1 0 3 0 - - 0 - 0 0 1 1 1 1 1 0 0 0 1 1 1 0 - - 0 - 0 - - 1 1 1 0 1 1 2 1 0
Guadua tagoara 1 1 0 0 0 ? ? 1 0 3 0 - - 0 - 0 0 1 1 1 1 1 0 0 0 1 1 1 0 - - 0 - 2 - - 1 0 3 0 1 1 2 1 0
Merostachys sp. 1 1 0 0 0 0 0 1 1 3 1 0 0 0 - 0 0 1 1 0 0 0 0 1 0 1 1 1 1 0 0 1 1 1 ? 1 0 1 1 1 0 1 1 0 1
20
Merostachys
ternata
1 1 0 0 0 0 0 1 1 2 1 0 0 0 - 0 0 1 1 0 0 0 0 1 0 1 1 1 1 0 0 1 1 1 0 1 0 1 1 1 0 1 1 0 1
Rhipidocladum
harmonicum
1 1 0 0 0 0 0 1 0 3 0 - - 0 - 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 1 1 1 1 0 0 1 1 ? ? - 0 1 3 1 1 1 1 0 ?
21
3.2 Filogenia molecular
3.2.1 Gene ndhF
A análise de máxima parcimônia do gene ndhF resultou em 1.170 caracteres, dos quais
apenas 47 foram considerados informativos para a parcimônia. Foram obtidas 35 árvores
igualmente parcimoniosas, a partir das quais foi gerada uma árvore de consenso estrito com
124 passos, índice de consistência (IC) igual a 0,82, índice de homoplasia (IH) igual a 0,18,
índice de retenção igual (IR) a 0,87 e índice de consistência rescalonado (RC) igual a 0,72
(Tabela 5).
A árvore de consenso estrito apresentou clados com altos valores de bootstrap. Os
dados do ndhF apontam que todas as três subtribos analisadas, Arthrostylidiinae (A),
Guaduinae (G) e Chusqueinae (C), são monofiléticas (Figura 3). Sendo que Guaduinae e
Chusqueinae foram altamente sustentadas, com bootstrap de 100% e 98%, respectivamente.
Figura 3. Árvore de consenso estrito do gene ndhF a partir da Máxima Parcimônia. Os valores de bootstrap (> 50%) estão representados nos nós dos ramos.
22
Os resultados obtidos nesse estudo apontam que dentro de Arthrostylidiinae, foram
registradas várias linhagens moderadamente sustentadas. Parte das espécies de Atractantha
formou um grupo irmão com o gênero Alvimia (clado B), com suporte de 92% de bootstrap.
No entanto, o gênero Atractantha mostrou-se parafilético, visto que A. shepherdiana se
posicionou em um grupo formado pelas espécies de Merostachys e Actinocladum
verticillatum; porém, tal agrupamento foi fracamente sustentado pelo valor de bootstrap
(61%).
Merostachys demonstrou-se monofilético com alto suporte de bootstrap, de 99%. Os
gêneros Aulonemia e Colanthelia, que são referidos na literatura como supostamente
relacionados (TYRREL et al. 2012; JUDZIEWICZ et al., 1999), se agruparam em um
pequeno clado, com valor de bootstrap moderado de 86%.
Embora com baixo valor de bootstrap (72%), Arthrostylidium e Rhipidocladum
harmonicum formaram um clado dentro das Arthrostylidiinae. Na base desta subtribo,
Aulonemia ulei e Glaziophyton mirabile aparecem formando uma politomia.
Para proceder a análise de Inferência Bayesiana, o MrModeltest selecionou o modelo
de evolução molecular GTR+I+R (General Time Reversible plus Gamma) para as sequências
do gene ndhF, este modelo propõe que cada nucleotídeo tem uma taxa de substituição própria,
levando em consideração sua frequência e a discreta distribuição gamma, que prediz que os
sítios evoluem diretamente (YANG, 1994) (Tabela 6).
A árvore Bayesiana de consenso de maioria (Figura 4) gerada a partir do gene ndhF
apresentou praticamente a mesma topologia da Máxima Parcimônia. Assim, as três subtribos
de Bambuseae são altamente sustentadas, com probabilidade posterior de 1,00 e 0,99 em
Arthrostylidiinae.
Assim como na Máxima Parcimônia, as espécies dos gêneros Colanthelia e Aulonemia
(exceto A. ulei) se agruparam formando um clado (I), com probabilidade posterior de 1,00. A
inferência Bayesiana apresentou maior resolução neste clado, onde Colanthelia se revela
como parafilético, devido ao posicionamento de Colanthelia sp. nov. com as espécies de
Aulonemia.
23
Figura 4. Árvore Bayesiana de consenso de maioria do gene ndhF. Os valores de probabilidade posterior estão indicados nos nós dos ramos.
3.2.2 Espaçador intergênico trnD-trnT
A análise de máxima parcimônia do espaçador intergênico trnD-trnT resultou em
1.288 caracteres, dos quais apenas 38 foram considerados informativos para a parcimônia.
Foram obtidas 40 árvores igualmente parcimoniosas, a partir das quais foi gerada uma árvore
de consenso estrito com 120 passos, índice de consistência (IC) igual a 0,9, índice de
homoplasia (IH) igual a 0,1, índice de retenção igual (IR) a 0,86 e índice de consistência
rescalonado (RC) igual a 0,77 (Tabela 6).
Como pode ser observado na figura 5, a árvore de máxima parcimônia gerada a partir
do espaçador intergênico trnD-trnT apresentou baixa resolução e apenas as subtribos
Guaduinae e Chusqueinae foram sustentadas como grupos monofiléticos, com suporte de
bootstrap baixo para Guaduinae e alto para Chusqueinae, de 69% e 91%, respectivamente.
24
Assim como na análise a partir do marcador ndhF, Merostachys e Guadua
mantiveram-se como gêneros monofiléticos; e Arthrostylidium e Rhipidocladum novamente
se posicionaram em um mesmo clado, porém a maior resolução apresentada pelo trnD-trnT
revelou o gênero Arthrostylidium como monofilético. Mais uma vez o gênero Atractantha
mostrou-se parafilético.
Figura 5. Árvore de consenso estrito do espaçador intergênico trnD-trnT a partir da Máxima Parcimônia. Os valores de bootstrap (> 50%) estão representados nos nós dos ramos.
Para a construção da árvore Bayesiana, o modelo considerado mais adequado para o
trnD-trnT foi o de HKY+G (Hasegawa-Kishino-Yano plus Gamma), o qual considera as
diferenças entre as taxas de transcrição e transversão, assim como as diferenças quanto ao teor
de citosina e guanina (HASEGAWA, KISHINO & YANO, 1985).
25
Figura 6. Árvore Bayesiana de consenso de maioria do espaçador intergênico trnD-trnT. Os valores de probabilidade posterior estão indicados nos nós dos ramos.
A árvore Bayesiana de consenso gerada a partir do espaçador intergênico trnD-trnT,
assim como a obtida pelo método da parcimônia, apresentou apenas duas subtribos
monofiléticas, Guaduinae e Chusqueinae, com moderado e alto valor de probabilidade
posterior de 0,94 e 1,00, respectivamente (Figura 6).
No entanto, a subtribo Arthrostylidiinae mostrou-se parafilética, já que Atractantha
shepherdiana e Glaziophyton mirabile se posicionaram externamente ao restante da subtribo.
3.2.3 Espaçador intergênico trnT-trnL
A análise de máxima parcimônia do espaçador intergênico trnT-trnL resultou em 839
caracteres, dos quais somente 45 foram considerados informativos para a parcimônia. Foram
obtidas 100 árvores igualmente parcimoniosas, a partir das quais foi gerada uma árvore de
consenso estrito com 110 passos, índice de consistência (IC) igual a 0,86, índice de
26
homoplasia (IH) igual a 0,14, índice de retenção igual (IR) a 0,83 e índice de consistência
rescalonado (RC) igual a 0,72 (Figura 7).
Figura 7. Árvore de consenso estrito do espaçador intergênico trnT-trnL a partir da Máxima Parcimônia. Os valores de bootstrap (> 50%) estão representados nos nós dos ramos.
A análise de máxima parcimônia do espaçador trnT-trnL apresentou baixa resolução,
não sendo capaz de separar sequer os níveis taxonômicos superiores, como subtribos. Assim
como nas análises dos marcadores ndhF e trnD-trnT, alguns gêneros mantiveram sua
topologia como grupos monofiléticos, como Alvimia, Guadua e Merostachys, que exibiram
moderado a altos valores de bootstrap, 75%, 93% e 98%, respectivamente (Figura 7).
Para a análise Bayesiana, o MrModeltest selecionou o GTR+G (General Time
Reversible plus Gamma) como o modelo evolutivo mais adequado aos dados de sequência de
nucleotídeos do espaçador trnT-trnL (YANG, 1994).
A topologia da árvore Bayesiana se aproximou bastante da Máxima Parcimônia,
porém alguns clados apresentaram, nesta análise, suportes mais robustos: Colanthelia +
Aulonemia (probabilidade posterior de 1,00 X 73% de bootstrap da MP); Guadua e
27
Merostachys que se mantiveram como gêneros monofiléticos (probabilidade posterior de 1,00
cada).
Figura 8. Árvore Bayesiana de consenso de maioria do espaçador intergênico trnT-trnL. Os valores de probabilidade posterior estão indicados nos nós dos ramos.
Tabela 5. Sumário estatístico das árvores obtidas com análise a partir da análise de Máxima Parcimônia para os marcadores cloroplastídicos individuais e combinados para Bambuseae.
Dados Táxons analisados
Tamanho das sequências alinhadas
PIC1 IC2 IR3 IH 4 RC5
ndhF 26 1.170 47 0,82 0,18 0,18 0,72
trnD-trnT 27 1.228 38 0,90 0,86 0,10 0,77
trnT-trnL 26 839 45 0,86 0,83 0,14 0,72
Combinados 27 3.297 130 0,83 0,82 0,16 0,68
1 PIC: Caracteres parcimonio-informativos; 2 IC: Índice de consistência; 3 IR: Índice de retenção; 4 IH: Índice de homoplasia; 5 RC: índice de consistência rescalonado
28
3.2.3 Análise dos dados combinados
A análise de máxima parcimônia das regiões cloroplastídicas combinadas resultou em
3.297 caracteres, dos quais apenas 130 foram informativos para a parcimônia. Foram obtidas
199 árvores igualmente parcimoniosas, a partir das quais foi gerada uma árvore de consenso
estrito com 366 passos, índice de consistência (IC) igual a 0,83, índice de homoplasia (IH)
igual a 0,16, índice de retenção igual (IR) a 0,82 e índice de consistência rescalonado (RC)
igual a 0,68 (Tabela 5).
A análise de inferência Bayesiana produziu uma árvore (Figura 9) com topologia
similar a da MP.
O modelo selecionado pelo MrModeltest para os dados combinados foi GTR+I+R
(General Time Reversible plus Gamma).
Corroborando com estudos anteriores (CLARK et al., 2007; FISHER et al., 2009;
SUNGKAEW et al., 2009; TYRREL et al., 2012), em ambos os métodos de inferência
filogenética utilizados, as três subtribos amostradas: Arthrostylidiinae, Guaduinae e
Chusqueinae foram bem sustentadas como monofiléticas (71% BS, 0,99 PP; 100% BS, 1,00
PP; 96% BS, 1,00 PP, respectivamente).
Chusqueinae é uma subtribo bem sustentada como uma linhagem monofilética tanto
em estudos morfológicos quanto moleculares, sendo que todas as espécies amostradas
compartilham a presença de gemas múltiplas por nó, uma estrutura de espigueta uniforme
com quatro glumas e um flósculo fértil que falta a extensão da ráquila (CLARK et al., 2007;
FISHER et al., 2009; JUDZIEWICZ et al., 1999). Confirmando essa hipótese, neste estudo
tanto as análises morfológicas quanto as moleculares suportaram a monofilia de tal subtribo.
Chusqueinae é altamente sustentada como grupo irmão do clado Arthrostylidiinae +
Guaduinae (-- BS; 1,00 PP) (CLARK et al., 2007; SUNGKAEW et al., 2009; TYRREL et al.,
2012; KELCHNER & CLARK, 1997).
Em acordo com outros estudos (CLARK et al., 2007; TYRREL et al., 2012), também
foi registrada a monofilia da subtribo Guaduinae, que foi altamente sustentada na análise de
máxima parcimônia e na inferência Bayesiana (100% BS; 1,00 PP). O relacionamento irmão
entre as subtribos Guaduinae e Arthrostylidiinae foi bem sustentado (94% BS; 1,00 PP)
29
(CLARK et al., 2007; TYRREL et al., 2012; SUNGKAEW et al., 2009). O gênero Guadua
mostrou-se monofilético em ambas as análises, sendo altamente sustentado (100% BS, 1,00
PP).
Assim como em outras análises (TYRREL et al., 2012), os gêneros Apoclada e
Eremocaulon formaram um grupo irmão em um clado altamente sustentado (97% BS; 1.00
PP). Estes dois gêneros taxonomicamente posicionados na subtribo Guaduinae compartilham
a ausência de espinhos e faixas de tricomas infra e supra-nodal, características estas comuns
aos outros representantes de Guaduinae (LONDONÕ & CLARK, 2002).
Dentro de Arthrostylidiinae foram formados diversos clados, e diferentemente dos
resultados apresentados por estudos anteriores, Aulonemia ulei e Glaziophyton mirabile não
se posicionaram como grupo irmão no presente trabalho, mas sim como uma politomia na
base da subtribo, demonstrando que os três marcadores moleculares utilizados foram
insuficientes para resolver alguns clados supostamente relacionados (TYRREL et al., 2012).
Arthrostylidium e Rhipidocladum formaram um clado, moderadamente sustentado (84% BS,
1,00 PP), sendo que tal relação entre estes gêneros corroboram com os resultados obtidos por
Tyrrel e colaboradores (2012).
A análise combinada dos dados resultou na formação de um clado altamente
sustentado (98% BS; 1,00 PP), constituído por duas das três espécies de Aulonemia
amostradas neste estudo juntamente com as espécies de Colanthelia. A sinflorescência
paniculada e o padrão de ramificação das espécies de Colanthelia sugerem uma afinidade com
Aulonemia. Além de compartilharem características morfológicas e habitats semelhantes, não
há limites genéricos bem estabelecidos para estes táxons (SANTOS-GONÇALVES, com.
pess.). Estudos preliminares realizados (JUDZIEWICZ & CLARK, com. pess.) indicam que
Colanthelia poderá ser colocado como um subgênero de Aulonemia. Como pode ser
observado na figura 9, sem a inclusão das espécies de Colanthelia, o gênero Aulonemia forma
um grupo parafilético.
Outro agrupamento observado, composto por Merostachys, Atractantha shepherdiana
e Actinocladum verticillatum foi moderadamente sustentado como monofilético (54% BS;
1,00 PP). Actinocladum forma um grupo irmão com Merostachys + A. shepherdiana; os
gêneros Merostachys e Actinocladum compartilham um padrão de ramificação conhecido
como “fan-shaped” (onde os ramos desenvolvidos se assemelham a uma mão aberta) e fruto
30
do tipo nucóide. Ainda dentro deste grupo, o gênero Merostachys mostrou-se monofilético
(100% BS; 1,00 PP) e formou um grupo irmão com A. shepherdiana, porém com baixo
suporte (70% BS; 0,89 PP).
Apesar do baixo valor de sustentação, o posicionamento de Atractantha shepherdiana
deve ser mais bem investigado, uma vez que na maioria das análises individuais essa espécie
se posicionou com Merostachys. Além disso, há duvidas sobre o atual posicionamento de A.
shepherdiana, uma espécie conhecida apenas em estádio vegetativo, que inicialmente foi
taxonomicamente posicionada em Colanthelia por Santos-Gonçalves (2005), com base em
dados morfológicos (número de ramos no complemento de ramo). Posteriormente, outros
estudos (dados não publicados) morfoanatômicos (anatomia da lâmina foliar das folhas dos
ramos) e estudos moleculares preliminares forneceram subsídios para posicionar a referida
espécie em Atractantha (SANTOS-GONÇALVES et al., 2011). Desse modo, análises futuras
com base em outros marcadores moleculares poderão esclarecer o posicionamento ao nível de
gênero desta espécie.
Atractantha cardinalis, A. radiata e A. aureolanata formam um grupo irmão com
Alvimia, altamente sustentado (98% BS; 1,00 PP). Confirmando essa topologia, Atractantha e
Alvimia são relatados na literatura (JUDZIEWICZ et al., 1999) como proximamente
relacionados; as espécies de Alvimia apresentam cariopse bacóide, o que, do ponto de vista da
morfologia, é crucial para a manutenção da atual circunscrição do gênero. Além da
distribuição das espécies de Alvimia se sobrepor à área de ocorrência de Atractantha, na Costa
Atlântica no estado da Bahia (JUDZIEWICZ, 1992), as espécies desses gêneros compartilham
hábito escandente, similaridades na morfologia dos ramos e presença de pseudoespiguetas
(JUDZIEWICZ et al., 1999). Ressalta-se que A. radiata, espécie-tipo do gênero, no presente
estudo está agrupada com A. cardinalis e A. aureolanata, em um clado altamente sustentado
(90% BS; 1,00 PP).
Para uma melhor compreensão da evolução do grupo, esforços estão sendo feito para
que em trabalhos posteriores de filogenia da subtribo Arthrostylidiinae, A. amazonica seja
incluída nas análises, uma vez que esta difere de seus congêneres da Bahia por apresentar um
pequeno lúmen central no colmo; folhas do colmo com lâmina ereta e persistente e espiguetas
convencionais, características essas que a aproxima mais do gênero Arthrostylidium do que
propriamente com as demais espécies de Atractantha.
31
A topologia apresentada se mostrou robusta e bem sustentada, corroborando o
resultado de estudos que também utilizaram marcadores cloroplastídicos para resolver a
filogenia de bambus (FISHER et al., 2009; TYRREL et al., 2012; KELCHNER & BPG,
2013; SUNGKAEW et al., 2009). Apesar dos marcadores utilizados terem apresentado baixa
resolução interna nos clados, os mesmos foram suficientes para demonstrar a monofilia dos
grupos supragenéricos e dos gêneros: Alvimia, Merostachys, Arthrostylidium, Guadua e
Chusquea.
32
Figura 9. Árvore de consenso estrito inferida a partir do conjunto de dados combinados dos espaçadores intergênicos trnD-trnT, trnT-trnL e do gene ndhF do DNA cloroplastídico. Os números acima dos ramos são os valores de suporte de bootstrap (BS, > 50%) e os números abaixo dos ramos são os valores de probabilidade posterior (PP) da BI.
33
4. CONCLUSÕES
- Pode-se verificar que a partir do sequenciamento de três marcadores do DNA cloroplastídico
associados a uma amostragem mais ampla, que o gênero Atractantha é parafilético.
- Em conformidade com outros estudos foi registrada a monofilia das três subtribos de
bambus lignificados tropicais, Arthrostyliidinae, Chusqueinae e Guaduinae.
- Devido à baixa resolução obtida para o clado formado pelas espécies de Aulonemia e
Colanthelia, sugere-se para trabalhos posteriores um aumento no número de táxons
amostrados e de marcadores cloroplatídicos, para melhor investigar a filogenia desse grupo.
- Os resultados aqui apresentados sugerem que os gêneros Alvimia, Merostachys,
Arthrostylidium, Guadua e Chusquea são monofiléticos.
34
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BPG: Bamboo Phylogeny Group. An updated tribal and subtribal classification of the bamboos (Poaceae: Bambusoideae). In: GIELIS, J.; POTTERS, G. (Eds.). Proceedings of the 9th World Bamboo Congress. Antwerp, Belgium. 2012. p. 3-27.
BURMAN, A. G. & FILGUEIRAS, T. S. A review of the woody bamboo genera of Brazil (Gramineae:Bambusoideae:Bambuseae). Thaiszia, v. 3, p. 53-88. 1993.
CALDERON, C.E. & SODERSTROM, T.R. Morphological and anatomical considerations of the grass subfamily Bambusoideae based on the new genus Maclurolyra. Smithsonian Contributions to Botany, v. 11, p. 1-55. 1973.
CALDERÓN, C.E. & SODERSTROM, T.R. The Genera of Bambusoideae (Poaceae) of the American Continent: Keys and Comments. Smithsonian Contr. Bot., v. 44, p. 1-27. 1980.
CHASE, M.W. & HILLS, H.H. Silica gel: an ideal material for field preservation of leaf samples for DNA studies. Taxon, v. 40, p. 215-220. 1991.
CLARK, L.G. Diversity and Biogeography of Neotropical Bamboos (Poaceae: Bambusoideae). Acta bot. bras., v. 4, n. 1, p. 125-132. 1990.
CLARK, L.G., DRANSFIELD, S., TRIPLETT, J. & SÁNCHEZ-KEN, J.G. Phylogenetic relationships among the one-flowered, determinate genera of Bambuseae (Poaceae: Bambusoideae). Aliso, v. 23, p. 315-332. 2007.
CLARK, L.G.; ZHANG, W. & WENDEL, J.F. A phylogeny of the grass family (Poaceae) based on ndhF sequence data. Systematic Botany, v. 20, p. 436-460. 1995.
CLAYTON, D.K. & RENVOIZE, A. Genera Graminum: Grasses of the World. London: Her Majesty’s Stationery Office. 1986. p. 389.
35
CLAYTON, W.D., VORONTSOVA, M.S., HARMAN, K.T. AND WILLIAMSON, H. GrassBase - The Online World Grass Flora. 2006. Disponível em: <http://www.kew.org/data/grasses-db.html>. Acesso em: 28 nov. 2013.
DOYLE, J.J. & DOYLE, J. L. A rapid DNA isolation procedure for small quantities of fresh leaf tissue. Phytochemical Bulletin, v. 19, p. 11-15. 1987.
DUVALL, M.R. & MORTON, B.R. Molecular phylogenetics of Poaceae: An explanded analysis of rbcL sequence data. Molecular Phylogenetics and Evolution, v. 5, p. 352-358. 1996.
FELSENSTEIN, J. Confidence limits on phylogenies: an approach using the bootstrap. Evolution, v. 39, p. 783-791. 1985.
FILGUEIRAS, T. S. & PEREIRA, B. A. S. On the flowering of the Actinocladum verticillatum (Gramineae:Bambusoideae). Biotropica, v. 20, p. 164-166. 1988.
FILGUEIRAS, T. S. & SANTOS-GONÇALVES, A. P. A cheklist of the basal grasses and bamboos in Brazil. Bamboo Science and Culture, v. 18, n. 1, p. 7-18. 2004.
FILGUEIRAS, T. S. Bambus nativos do Distrito Federal, Brasil (Gramineae:Bambusoideae). Revista Brasileira de Botânica, v. 11, p. 47-66. 1988.
FISHER, A.E.; TRIPLETT, J.K.; HO, C.S.; SCHILLER, A.D.; OLTROGGE, K.A.; SCHRODER, E.S.; KELCHNER, S.A.; CLARK, L.G. Paraphyly in the bamboo subtribe Chusqueinae (Poaceae: Bambusoideae) and a revised infrageneric classification for Chusquea. Systematic Botany, v. 34, p. 673-683. 2009.
GPWG: Grass Phylogeny Working Group. Phylogeny and subfamilial classification on of the grasses. Ann. Missouri Bot. Gard., v. 88, p. 373-457. 2001.
HALL, T.A. BioEdit: a user-friendly biological sequence alignment editor and analysis program for Windows 95/98/NT. Nucleic Acids Symp Ser, v. 41, p. 95-98. 1999.
36
HASEGAWA, M.; KISHINO, H. & YANO, T. Dating the human-ape split by a molecular clock of mitochondrial DNA. J. Mol. Evol., v. 22, p. 160-174. 1985.
JUDD, W.S.; CAMPBELL, C.S.; KELLOG, E.A. & STVENS, P.F. Plant Systematic: A phylogenetic Approach. Massachusetts: Sinauer Associetes, Inc. Publishers, Sunderland. 1999. p. 464.
JUDZIEWICZ, E.J. A revision of Atractantha (Poaceae: Bambusoideae: Bambuseae). Annals of the Missouri Botanical Garden, v. 79, p. 160-183. 1992.
JUDZIEWICZ, E.J., CLARK, L.G., LONDOÑO, X., STERN, M.J. American Bamboos. Washington: Smithsonian Institution. 1999. p. 392.
KELCHNER, S.A. & BPG. Higher level phylogenetic relationships within the bamboos (Poaceae: Bambusoideae) based on five plastid markers. Molecular Phylogenetics and Evolution, v. 67, p. 404-413. 2013.
KELCHNER, S.A. & CLARK, L.G. Molecular evolution and phylogenetic utility of the rpl16 intron in Chusquea and the Bambusoideae (Poaceae). Molecular Phylogenetics and Evolution, v. 8, p. 385–397. 1997.
LONDONÕ, X. & CLARK, L.G. A revision of the Brazilian Bamboo Genus Eremocaulon (Poaceae: Bambusoideae: Guaduinae). Systematic Botany, v. 27, n. 4, p. 703-721. 2002.
McCLURE, F.A. Genera of Bamboos Native to the New World (Gramineae: Bambusoideae). Ed. SODERSTROM, T. Washington: Smithsonian Contributions to Botany, n. 9. 1973. p. 148.
NADGAUDA, R.S., PARASHARAMI, V.A. & MASCARENHAS, A.F. Precocious flowering and seeding behaviour in tissue-cultured bamboos. Nature, v. 344, p. 335-336. 1990.
OLIVEIRA, R. P. A tribo Olyreae (Poaceae: Bambusoideae) no Estado da Bahia, Brasil. Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana. 2001.
37
PAGE, R.D.M. NDE: Nexus Data Editor, versão 0.5.0. Disponível em: <http://taxonomy.zoology.gla.ac.uk/rod/NDE/nde.html>. Acesso em: 15 set. 2012.
POSADA, D. & CRANDALL, K.A. ModelTest: testing the model of DNA substitution. Bioinformatics, v. 14, p. 817–818. 1998.
RONQUIST, F. & HUELSENBECK, J.P. MRBAYES 3: Bayesian phylogenetic inference under mixed models. Bioinformatics, v. 19, p. 1572-1574. 2003.
SANTOS-GONÇALVES, A. P. Bambus (Bambusoideae s.l.: Poaceae), no Parque Estadual do Rio Doce, Minas Gerais, Brasil. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Viçosa, Viçosa. 2000.
SANTOS-GONÇALVES, A. P. Estudos taxonômicos e morfoanatômicos em Colanthelia (Poaceae:Bambusoideae:Bambuseae). Tese de doutorado. Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 2005.
SANTOS-GONÇALVES, A.P.; FILGUEIRAS, T.S. & CLARK, L.G. Atractantha shepherdiana, a New Species of Woody Bamboo (Poaceae: Bambusoideae: Bambuseae) from Brazil. Systematic Botany, v. 36, n. 2, p. 310-313. 2011.
SENDULSKY, T. Merostachys multiramea (Poaceae:Bambusoideae: Bambuseae) and similar species from Brazil. Novon, v. 5, n. 5, p. 76-96. 1995.
SENDULSKY, T. Twelve new species of Merostachys (Poaceae:Bambusoideae:Bambuseae) from Brazil. Novon, v. 7, n. 3, p. 285-307. 1997.
SODERSTROM, T. R. & ELLIS, R. P. The position of bamboo genera and allies in a system of grass classification. In: Grass Systematic Evolution, eds T.R. Soderstrom, K.W. Hilu, C.S. Campbell & M.E. Barkworth: Smithsonian Institution. 1987. p. 225-238.
SORENG, R.J. & DAVIS, J.I. Phylogenetic structure of the Poaceae: Results from morphology, molecules, and total evidence. American Jornal of Botany, v. 82, p. 163. 1995.
38
SUNGKAEW, S.; STAPLETON, C.M.A.; SALAMIN, N. & HODKINSON, T.R. Non-monophyly of the woody bamboos (Bambuseae; Poaceae): a multi-gene region phylogenetic analysis of Bambusoideae s.s. J Plant Res, v. 122, p. 95-108. 2009.
SWOFFORD, D.L. PAUP. Phylogenetic Analysis Using Parsimony (and other methods). Versão 4.0b10. Sinauer Associetes, Sunderland, Massachusetts. 2002.
TRIPLETT, J.K., CLARK, L.G. Phylogeny of the temperate woody bamboos (Poaceae: Bambusoideae) with an emphasis on Arundinaria and allies. Systematic Botany, v. 35, p. 102-120. 2010.
TYRREL, C.D.; SANTOS-GONÇALVES, A.P.; LONDONÕ, X. & CLARK, L.G. Molecular phylogeny of the arthrostylidioid bamboos (Poaceae: Bambusoideae: Bambuseae: Arthrostylidiinae) and new genus Didymogonyx. Molecular Phylogenetics and Evolution, v. 65, n. 1, p. 136-148. 2012.
VIANA, P. L. O gênero Aulonemia Goudot (Poaceae: Bambusoideae: Bambuseae) no Brasil. Tese de Doutorado. Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. 2010.
WATSON, L. & DALLWITZ, M. J. The grass genera of the world. Wallingford: C. A. B. International. 106p. 1992.
YANG, Z. Maximum likelihood phylogenetic estimation from DNA sequences with variable rates over sites: approximate methods. J Mol Evol, v. 39, p. 306-314. 1994.
ZHANG, W. & CLARK, L. Phylogeny and Classification of the Bambusoideae (Poaceae). In: Grass Systematics and Evolution, Eds. S.W.L. Jacobs & J. Everett (CSIRO:Melbourne). 2000. p. 35-41.