Post on 06-Nov-2018
1
Vitória (ES), Maio de 2015
Análise de Competitividade do Setor das Indústrias do
Vestuário do Estado do Espírito Santo
2
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ............................................................................................................... 4
1. ESTRUTURA DAS CADEIAS DE VALOR TÊXTIL E DE CALÇADOS ................... 6
1.1 Cadeia de valor da Indústria Têxtil, de Confecções e Calçados - produção de
fibras naturais e sintéticas, fiação, tecelagem e acabamento, confecções. .............. 6
1.2 Cadeia de valor da Indústria de Calçados. ............................................................... 7
1.3 Posicionamento Estratégico na Cadeia de Valor das Indústrias Têxtil, de
Confecção e de Calçado ........................................................................................... 7
2. PANORAMA DAS INDÚSTRIAS TÊXTIL, CONFECÇÕES E DE CALÇADOS
NO MUNDO .............................................................................................................. 9
3. PAINÉL DE INDICADORES DE MONITORAMENTO DA COMPETITIVIDADE .... 11
3.1 Brasil ....................................................................................................................... 11
3.1.1 Número de empresas e empregados ...................................................................... 11
3.1.2 Faturamento do Setor ............................................................................................. 12
3.1.3 Produção e Varejo .................................................................................................. 12
3.1.4 Valor da Transformação Industrial .......................................................................... 14
3.1.5 Segmentos de Produtos por porte de empresas ..................................................... 14
3.1.6 Produção Indústria Calçadista ................................................................................ 15
3.1.7 Balança Comercial Brasil ........................................................................................ 16
3.2 Espírito Santo .......................................................................................................... 19
3.2.1 Número de Empresas e Empregos ......................................................................... 19
3.2.2 Número de Empresas por porte .............................................................................. 20
3.2.3 Faturamento do setor do vestuário ......................................................................... 21
3.2.4 Volume de Vendas do setor do vestuário ............................................................... 21
3.2.5 Horas Trabalhadas do setor do vestuário ............................................................... 22
3.2.6 Massa Salarial do setor do vestuário ...................................................................... 22
3.2.7 Produtividade do setor do vestuário ........................................................................ 23
3.2.8 Custo do Trabalho do setor do vestuário ................................................................ 23
3.2.9 Custo do Trabalho do setor do vestuário ................................................................ 24
3.2.10 Balança Comercial – Espírito Santo ........................................................................ 24
4. PERCEPÇÃO EMPRESARIAL DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA DO
VESTUÁRIO NO ES ............................................................................................... 26
4.4 Fatores externos à empresa que impactam a competitividade (ambiente
macroeconômico, disponibilidade e tipo de crédito, custo de financiamentos,
infraestrutura econômica, infraestrutura técnica, científica e educacional e
tributária), dentre outros. ......................................................................................... 28
4.5 Análise dos instrumentos de incentivo à competitividade existentes (Compete,
isenções fiscais e outros). ....................................................................................... 29
4.6 Propostas para o aumento da competitividade ....................................................... 29
3
5. MONITORAMENTO DO DESEMPENHO DAS EMPRESAS SIGNATÁRIAS
DO CONTRATO DE COMPETITIVIDADE DO SETOR DO VESTUÁRIO DO
ES ........................................................................................................................... 31
5.1 Caracterização das empresas ................................................................................. 31
5.2 Perfil da mão de obra .............................................................................................. 32
5.3 Perfil do mercado interno e externo ........................................................................ 33
5.4 Desempenho das empresas ................................................................................... 34
5.5 Fatores associados à competitividade .................................................................... 37
5.6 Inovação ................................................................................................................. 37
6. ESTRATÉGIAS PARA O DESENVOLVIMENTO DAS INDÚSTRIAS DO
VESTUÁRIO NO ES ............................................................................................... 40
6.1 O futuro da cadeia têxtil e de confecção ................................................................. 41
7. CONCLUSÃO ......................................................................................................... 43
8. REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 44
4
APRESENTAÇÃO
O Sesi/Senai/ES por meio de sua Gerência Executiva de Economia Criativa, e do Ideies
(Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo) é responsável
pelo apoio à Federação das Indústrias do Espírito Santo - FINDES em questões
estratégicas voltadas para as áreas de competitividade e de defesa de interesses da
indústria capixaba, além das ações referentes aos assuntos legislativos, ao
desenvolvimento regional do Espírito Santo e ao crescimento das micros, pequenas e
médias empresas.
A entidade atua na estruturação de informações técnicas de interesse da indústria
capixaba, com foco em inteligência competitiva, como este estudo, que tem o objetivo de
atender contrapartida do Contrato de Competitividade firmado entre os Sindicatos das
Indústrias do Vestuário, Têxtil e de Calçados e o Governo do Estado do Espírito Santo, de
enviar à SEDES anualmente a análise da competitividade dos setores industriais
contemplados.
A Análise de Competitividade dos Setores do Vestuário, Têxtil e de Calçados do
Espírito Santo 2015 tem como foco a formação de um panorama do setor que permita a
avaliação e o monitoramento da sua capacidade de competir em âmbitos local, nacional e
internacional. Inicialmente, para contextualizar a cadeia global de valor do vestuário, fez-
se um breve levantamento a cerca da conjuntura mundial e das características estruturais
desta cadeia, apontando os diversos níveis de ganhos qualitativos de valor ao longo das
diversas etapas do processo produtivo global.
Para acompanhar sistematicamente os níveis de competitividade foi elencado um
conjunto de indicadores econômicos capazes de refletir os níveis de desempenho e de
concorrência dos setores estudados e que, por sua disponibilidade, podem ser
acompanhados ao longo do tempo. Expostos em painel, estes indicadores serão, a partir
de agora, monitorados anualmente facilitando a análise crítica da variação da capacidade
concorrencial e de sustentabilidade da indústria. As variáveis que formam o “Painel de
Indicadores de Monitoramento da Competitividade Setorial” referem-se à produção,
consumo, mix de produtos, valor da transformação, crescimento do número de empresas
e empregos e ao resultado da balança comercial.
Em complementação à analise do desempenho medido pelos indicadores selecionados,
promoveu-se fóruns de discussão dos setores industriais por meio da realização de
grupos focais com os empresários e representantes de entidades de promoção do
desenvolvimento industrial no estado. Desta pesquisa qualitativa originou-se a análise de
“Percepção empresarial da competitividade da indústria do vestuário no ES.” Os
fatores de competitividade, internos às empresas, que orientaram a discussão e que
serão abordados nesta análise foram: Alianças Estratégicas, Capital Humano,
Confiabilidade, Conhecimento, Custo, Fatores Culturais, Flexibilidade, Inovação,
Qualidade, Rapidez, Relacionamento com Clientes, Responsabilidade Social, Sistemas
de Controle, Técnicas de Produção e Tecnologias da Informação e Comunicação. Dentre
5
os fatores externos ou sistêmicos, foram analisadas questões referentes ao ambiente
macroeconômico, à disponibilidade e tipo de crédito, ao custo de financiamentos, à
infraestrutura econômica, infraestrutura técnica, científica e educacional e à tributária. A
proposta foi solicitar ao empresariado uma avaliação da conjuntura atual do setor, as
perspectivas de desempenho em 2015.
Este documento também é composto por um “Diagnóstico empresarial para subsídio
ao contrato de competitividade do setor de vestuário do ES” que buscou identificar as
ações e resultados do conjunto das empresas signatárias do Compete. Para tanto
levantou informações relacionadas ao desempenho econômico e de mercado, à
manutenção e/ou criação de novos empregos, à qualificação profissional, investimentos
em inovação e tecnologia, em saúde e segurança do trabalhador e ações de
sustentabilidade socioambiental.
Por fim, são apresentadas as estratégias adotadas para garantir à capacidade de
competir no longo prazo, por meio de análises prospectivas que consideraram de forma
integrada as questões de mercado e tecnologia, além de sinalizar tendências e questões
relevantes para a formulação e implementação de um Plano Estratégico Setorial com
finalidade de aumentar a competitividade do setor de Têxtil e de Confecção no Brasil num
período de tempo de 15 anos.
6
1. ESTRUTURA DAS CADEIAS DE VALOR TÊXTIL E DE CALÇADOS
O processo de produção na indústria têxtil e de calçados é um processo seqüencial, em
que as diversas etapas se articulam de forma mecânica. Essa articulação mecânica
possibilita inúmeras combinações das várias etapas de produção numa mesma planta
industrial ou em várias unidades fabris.
A estrutura da cadeia de valor, desse setor, é do tipo buyer-driven, na qual empresas de
varejo ou marcas reconhecidas são responsáveis pelo desenvolvimento e pela
comercialização dos produtos, mas não os fabricam. A principal fonte dos lucros não está
na escala de produção, mas na capacidade de produzir valor por meio de pesquisa,
design, vendas, marketing e serviços financeiros, bem como da articulação de sua rede
global de fornecedores e traders.
1.1 Cadeia de valor da Indústria Têxtil, de Confecções e Calçados - produção
de fibras naturais e sintéticas, fiação, tecelagem e acabamento,
confecções.
A fabricação de produtos têxteis envolve, basicamente, as etapas de produção de fibras,
fiação, tecelagem, acabamento e confecção, conforme figura 1. Dependendo da matéria-
prima utilizada, depara-se com processos produtivos muito diferentes com máquinas e
equipamentos específicos. As fibras podem ser classificadas em químicas e naturais. As
naturais são obtidas a partir da agropecuária e as químicas, a partir da indústria
petroquímica. O algodão (57,8%) e o poliéster (24,3%) são as duas principais matérias
primas utilizadas pela indústria representando 82,1% do consumo total de fibras.
Figura 1: Cadeia produtiva e distribuição do setor têxtil e de confecções
Fonte: ABIT
7
1.2 Cadeia de valor da Indústria de Calçados.
A interação da indústria calçadista com seus fornecedores depende do tipo do calçado
produzido, classificado, em geral, em quatro grupos principais de acordo com o material
de confecção do cabedal1: injetados, sintéticos, couro e têxtil. Os calçados injetados
(principalmente de PVC) são produzidos em fábricas que necessitam de pouca mão de
obra, dado que saem praticamente prontos das máquinas, com cabedal e solado unidos.
Já nos calçados sintéticos, de couro e têxtil, que precisam unir o cabedal ao solado, o
processo de produção é dividido entre modelagem, corte, costura, montagem e
acabamento (figura 2).
Figura 2: Cadeia produtiva do setor de couro e calçados
1.3 Posicionamento Estratégico na Cadeia de Valor das Indústrias Têxtil, de
Confecção e de Calçado
A inserção dos países e regiões nos diferentes níveis da cadeia global de valor está
associada ao conjunto de funções exercidas pelas empresas por meio de seus contratos
de fornecimento de produção. Cruz-Moreira e Fleury (2003) sistematizaram uma tipologia
de modernização industrial que possibilita o entendimento da hierarquia nas atividades
1 O cabedal protege a parte superior do pé e o solado protege a sola do pé e dá equilíbrio ao calçado.
Fonte: Bradesco / Elaboração: Ideies
8
que as empresas subcontratadas podem assumir dentro da cadeia de valor. Segundo os
autores, “estes estágios são como “posições” que podem ser ocupadas pelas empresas
participantes das cadeias produtivas, e que podem ser atingidas por diversos caminhos
ou trajetórias, não necessariamente nessa ordem”. Também é necessário ressaltar a
possibilidade de posições intermediárias ou transitórias, nas quais “as empresas realizam
atividades características de vários estágios” (2003). A trajetória para melhor
posicionamento na cadeia de valor segue a hierarquia apresentada abaixo (figura 3):
Figura 03 – Trajetória de posicionamento estratégico na cadeia de valor.
Os países que competem no mercado mundial pelo menor custo de produção,
principalmente com base no fator trabalho, têm plantas do tipo OEA. Os países que
desenvolvem mais competências, principalmente a capacidade de gestão da cadeia de
fornecedores, inserem-se como parceiros globais no modelo OEM e ODM. Já os países
que investem em design, qualidade, desenvolvimento de produto e marketing conseguem
atuar no mercado global como OBM.
As empresas precisam estar alinhadas às diferentes dinâmicas que envolvem a
competição nos mercados locais e nas cadeias globais de produção, que requerem
esforços significativos de marketing, desenvolvimento de produtos e gestão da cadeia de
suprimentos. No setor de vestuário e calçados, coexiste, entretanto, um grande volume de
empresas que não possuem marca forte e tão pouco capacidade de realizar P&D como
forma de diferenciação, atuando no mercado de forma subcontratada pelas empresas de
marca ou grandes varejistas. Essas empresas apresentam como vantagem competitiva a
liderança de custo, buscando a permanência e o crescimento no mercado por meio de
instrumentos de controle dos preços finais. Outras empresas se concentram, ainda, na
atividade de design, marketing e comercialização subcontratando a produção.
OEA - Original equipment Assembly Faccionistas ou Maquiladoras
OEM - Original equipment manufacturer Fornecedores de pacotes completos
ODM - Original design Manufacturer Fornecedores de pacotes completos com design próprio
OBM - Original brand Manufacturer - Fornecedores de pacotes completos com marca própria
GB - Global buyers – Compradores Globais
9
2. PANORAMA DAS INDÚSTRIAS TÊXTIL, CONFECÇÕES E DE CALÇADOS NO
MUNDO
Setores Têxtil e de Confecção no Mundo
O mercado têxtil e de confecção mundial é dos mais dinâmicos, realizando lançamentos no mínimo a cada quatro vezes no ano. Em 2010, o consumo per capta mundial de fibras era de 11,6 kg/habitante.
O mapa da produção mundial começou a mudar na década de 80, saindo dos EUA, Europa e Japão para países emergentes da Ásia e, mais recentemente, Leste Europeu, Norte da África e Caribe.
A produção mundial de vestuário foi estimada em aproximadamente 47,7 milhões de toneladas para o ano de 2012, considerando-se apenas os artigos fabricados dentro de padrões industriais de produção (tabela 1).
Atualmente, a Ásia é responsável por 73% dos volumes totais produzidos no mundo, com destaque, por ordem, para: China, Índia, Paquistão, Coreia do Sul, Taiwan, Indonésia, Malásia, Tailândia e Bangladesh.
Em 2012 o Brasil ocupava a 4ª posição no ranking de produção mundial, com participação de 2,5%, ficando atrás, somente, da China, Índia e Paquistão. Todavia, a força chinesa no setor de vestuário é incomparável. Afinal, o país, sozinho, detém quase 50% da produção. (gráfico 1).
Enquanto a produção de têxteis e confeccionados cresceu 34% na última década, o crescimento do comércio mundial aumentou 83%, atingindo US$ 648,6 bilhões em 2010.
Segundo dados apresentados pelo setor calçadista, a China lidera o ranking de produção, seguido por Índia e Brasil. Em 2013, o consumo estimado ficou em aproximadamente 17bilhões de pares (tabela 2).
Tabela 1: Projeção de Mercado
Evolução da produção mundial de vestuário
Ano Produção
(em 1.000 toneladas) Evolução (%)
2008 40.194 100,0%
2009 40.258 100,2%
2010 45.647 113,6%
2011 47.829 119,0%
2012 47.653 118,6%
Fonte: IEMI
10
Gráfico 1: Ranking países produtores
Tabela 2: Mercado Global de Calçados
China 11.353 EUA 2.326 China 8.667 China 2.796
Índia 2.480 Japão 603 Vietnã 490 EUA 2.389
Brasil 899 Alemanha 570 Indonésia 344 Índia 2.309
Vietnã 799 Reino Unido 482 Italia 220 Brasil 815
Indonésia 695 França 465 Brasil 123 Japão 688
Subtotal 16.226 Subtotal 4.446 Subtotal 9.844 Subtotal 8.997
Outros 3.656 Outros 5.128 Outros 2.157 outros 8.458
Total 19.882 Total 9.574 Total 12.001 Total 17.455
Produção Importação Exportação Consumo
MERCADO GLOBAL DE CALÇADOS em 2013 - Milhões de Pares
Fonte: Abicalçados
Fonte: IEMI
11
3. PAINÉL DE INDICADORES DE MONITORAMENTO DA COMPETITIVIDADE
3.1 Brasil
3.1.1 Número de empresas e empregados
Gráfico 2: Evolução do número de empresas (CNPJ) e empregos no Brasil e Distribuição das
empresas por porte
Utilizando o critério de classificação do IBGE como critério de classificação do porte das indústrias
pelo número de empregados (tabela 3), o setor reúne mais de 84 mil empresas, das quais
mais de 97,7% são confecções de micro e pequeno porte, em todo o território nacional e
emprega cerca de 1,4 milhão de brasileiros, sendo que 75% são funcionários do
segmento de confecção, mulheres em sua maior parte (gráfico 2).
Tabela 3: Classificação do porte por número de empregados
Porte N° de empregados
Micro com até 19 empregados
Pequena de 20 a 99 empregados
Média 100 a 499
Grande mais de 500 empregados
Fonte: IBGE
12
3.1.2 Faturamento do Setor
Gráfico 3: Evolução Faturamento do Setor do Vestuário
Em 2012, o setor têxtil e de confecção faturou US$ 56,7 bilhões, contra US$ 67 bilhões
em 2011. Sinal de que vem perdendo competitividade (gráfico 3).
3.1.3 Produção e Varejo
Gráfico 4: Produção x Varejo setor Vestuário
Desde o início da crise internacional em 2008 a produção de artigos do vestuário e têxtil
tem apresentado queda (-16% e -24% respectivamente), em contrapartida o varejo tem
aumentado significativamente no mesmo período chegando ao acumulado 2008-2014 de
20% (gráfico 4).
13
Gráfico 5: Produção Física Industrial Brasileira
Produção Acumulada no Período em % (Base: Mesmo período anterior)
Em 2014 houve queda de 4,3% na Indústria de Transformação, queda de 6,4% no
segmento Têxtil e queda de 3,2% no Vestuário. (Base: Igual período do ano anterior)
(gráfico 5).
Gráfico 6: Vendas no Varejo setor Vestuário e calçados
No ano de 2014 em relação a 2013, o volume de vendas caiu 1,1% e a Receita Nominal
cresceu 3,4% (gráfico 6).
14
3.1.4 Valor da Transformação Industrial
Gráfico 7: Transformação Industrial setor Vestuário
A participação do valor da transformação em 2012 (%) se manteve o mesmo (2,3%) em relação 2011 (gráfico 7).
3.1.5 Segmentos de Produtos por porte de empresas
Gráfico 8: Distribuição das empresas por porte, segundo por segmentos - (%)
Fonte: ABIT
Fonte: Rais /MTE 2013 Elaboração: Ideies/ Sistema Findes
11
.10
6,1
12
.05
1,1
14
.76
2,2
17
.32
8,6
20
.92
1,4
22
.15
8,5
1,9 1,7 2,2 2,1 2,3 2,3
0,0
10.000,0
20.000,0
30.000,0
2007 2008 2009 2010 2011 2012
Valor da Transformação Industrial: Brasil Vestuário
R$ milhões
Part. No VTI total (%)
Fonte: PIA Empresa/ IBGE Elaboração: Ideies/ Sistema Findes
15
No ano de 2014 em relação a 2013 houve uma queda no número de indústrias do
setor calçadista em todos os portes e a um aumento nas indústrias têxteis e de
confecções (gráfico 8), conforme o critério de classificação do IBGE (tabela 3, pag. 11).
3.1.6 Produção Indústria Calçadista
Tabela 4: Evolução de produção, investimentos do setor de calçados
Gráfico 9: Mercado Interno de calçados (em milhões de pares)
A produção do setor calçadista obtém um crescimento ao longo dos anos, sendo que em
2013 obteve 4% em volume e 1,3% em valor em relação a 2012, assim como os
investimentos do setor que cresceu 2,5% em 2013 (tabela 4, gráfico 9).
(milhões de pares) 2011 2012 2013 % 12/11 % 13/12
Produção 819 864 899 5,5% 4,0%
Produção (US$) 12.995 12.227 12.387 -5,9% 1,3%
Investimentos (US$) 267 277 284 3,9% 2,5%
Indústria de Calçados no Brasil
Fonte: IBGE Elaboração: Abicalçados
16
Gráfico 10: Empresas e empregos do setor de Calçados no Brasil
As empresas e empregos obtiveram uma queda de 2,5% e 1,7% respectivamente em
2013 em relação a 2012 (gráfico 10).
3.1.7 Balança Comercial Brasil
Gráfico 11: Importações Brasileiras de Vestuário
As importações brasileiras do setor de vestuário possui um aumento constante desde o
ano de 2005, conforme apresentado no gráfico 11, chegando ao crescimento de 8,6% no
ano de 2014.
Fonte: Aliceweb Elaborado por: Ideies/Findes
17
Gráfico 12: Exportações Brasileiras de Vestuário
As exportações reagiram no ano de 2014 (19%), após uma queda que impactou o setor
em 2013 (-36,7%) (em tons) (gráfico 12).
Gráfico 13: Balança Comercial - BR
Em 2014 as importações tiveram um aumento de 97% nos últimos 5 anos, sendo que as
exportações no mesmo período cresce somente 6,1% (gráfico 13).
Fonte: Aliceweb Elaborado por: Ideies/Findes
Fonte: Aliceweb Elaborado por: Ideies/Findes
18
Gráfico 14: Exportações Brasileiras de calçados (em US$ milhões)
Gráfico 15: Importância setor de calçados nas exportações (%)
Câmbio desfavorável, custos em alta e concorrência chinesa afetam as exportações de
calçados no Brasil (gráfico 14). Em crise, o setor de calçados perde espaço nas
exportações brasileiras (gráfico 15), com o mercado interno absorvendo a produção
nacional.
Fonte: Abicalçados
Fonte: Aliceweb Elaborado por: Ideies/Findes
19
3.2 Espírito Santo
3.2.1 Número de Empresas e Empregos
Gráfico 16: Evolução do número de empresas (CNPJ) no Espírito Santo
Gráfico 17: Evolução do número de empregos (CNPJ) no Espírito Santo
O número de empresas do setor no estado teve uma ligeira queda em 2013 (4,7%) em
relação a 2012 (gráfico 16), mantendo-se o número de empregos (gráfico 17).
Fonte: Rais /MTE 2013 Elaboração: Ideies/ Sistema Findes
Fonte: Rais /MTE 2013 Elaboração: Ideies/ Sistema Findes
20
Gráfico 18: Saldo de Empregos: Indústria Têxtil e Vestuário
O saldo de empregos com apresenta pequena queda em relação a 2013, mas observa-se
uma redução desde 2011 no estado (gráfico 18).
3.2.2 Número de Empresas por porte
Gráfico 19: Número de empresas por porte no Espírito Santo no setor do Vestuário
O setor reúne mais de 1,3 mil empresas, das quais mais de 98% são confecções de micro
e pequeno porte, conforme o critério de classificação do IBGE (tabela 3, pag. 11). Em todos os
segmentos sofrem retração, com exceção do segmento de calçados que tem um aumento
de 31% (gráfico 19).
Fonte: Rais /MTE 2013 Elaboração: Ideies/ Sistema Findes
21
3.2.3 Faturamento do setor do vestuário
Gráfico 20: Faturamento Total : Indústria de Confecções
Variação real acumulada no ano em relação ao ano anterior (%)
Em 2014, o setor têxtil e de confecção teve um aumento no faturamento na ordem de 4,4% em relação a 2013, enquanto o Brasil caiu 4% (gráfico 20).
3.2.4 Volume de Vendas do setor do vestuário
Gráfico 21: Volume de Venda no Comércio de Tecidos, Vestuário e Calçados
Índice acumulado no ano em relação ao ano anterior (%)
O valor das vendas ao comércio cresce 3,2% no estado com retração de 1,1% no total Brasil (gráfico 21).
22
3.2.5 Horas Trabalhadas do setor do vestuário
Gráfico 22: Horas Trabalhadas: Indústria de Confecções
Variação real acumulada no ano em relação ao ano anterior (%)
Quanto à mão de obra, o estado teve uma redução nas horas trabalhadas em 2,6% em relação a 2013 (gráfico 22).
3.2.6 Massa Salarial do setor do vestuário
Gráfico 23: Massa Salarial: Indústria de Confecções Variação real acumulada no ano em relação ao ano anterior (%)
Massa salarial aumentou em 6,8% contra uma retração de 1,9% no mercado nacional
(gráfico 23).
23
3.2.7 Produtividade do setor do vestuário
Gráfico 24: Produtividade Industrial: Indústria de Confecções
Variação real acumulada no ano em relação ao ano anterior (%)
A produtividade do setor no estado cresceu 7,2% em relação a 2013, contra 2,4% do total
Brasil (gráfico 24).
3.2.8 Custo do Trabalho do setor do vestuário
Gráfico 25: Custo do Trabalho: Indústria de Confecções Variação real acumulada no ano em relação ao ano anterior (%)
Apesar do custo do trabalho ter tido um aumento em 2013 (4,1%), em 2014 sofreu uma
pequena retração (gráfico 25).
24
3.2.9 Custo do Trabalho do setor do vestuário
Gráfico 26: Valor da Transformação Industrial: Espírito Santo Vestuário
O setor representa cerca de 1,1% do valor total da produção da indústria de transformação
do estado (gráfico 26).
3.2.10 Balança Comercial – Espírito Santo
Gráfico 27: Balança comercial ES
Fonte: Aliceweb Elaborado por: Ideies/Findes
25
As importações no Espírito Santo caem 13% no ano de 2014, voltando ao patamar de
2011. As exportações do setor de vestuário são inexpressivas, conforme pode ser
observado no gráfico 27.
Tabela 5: Importação/Exportação no Espírito Santo em 2014 (US$ FOB) – Top 10 países
Tabela 6: Representatividade dos países nas Exportações/Importações no Espírito Santo (US$ FOB)
As importações são predominantemente da Ásia, com destaque para a China, Taiwan,
Coréia do Sul e Índia (tabela 5 e 6).
China 520.150.252 Arábia Saudita 822.315
Taiwan (Formosa) 34.337.484 Equador 667.533
Coreia do Sul 18.061.667 Bolívia 480.700
Índia 12.629.802 Peru 437.905
Itália 11.815.740 Colômbia 401.456
Vietnã 10.806.930 Angola 331.584
Bangladesh 10.736.215 Paraguai 317.633
Indonésia 9.775.220 Estados Unidos 313.480
Paquistão 7.608.458 Chile 183.662
Países Baixos (Holanda) 6.025.296 Israel 163.927
Tunísia 5.288.969 Emirados Árabes Unidos 128.230
Hong Kong 5.175.610 Cingapura 106.213
França 3.905.156 Costa Rica 102.968
Japão 3.869.118 Nova Zelândia 100.046
Equador 3.571.806 Uruguai 65.734
Peru 3.550.054 Rússia 61.245
Tailândia 2.780.573 Moçambique 61.055
Estados Unidos 2.047.781 Líbia 55.579
Romênia 2.036.748 Suriname 54.300
Portugal 1.903.383 Maurício 46.359
Importação Exportação
Fonte: Aliceweb Elaborado por: Ideies/Findes
Fonte: Aliceweb Elaborado por: Ideies/Findes
Exportação Importação
País 2010 2011 2012 2013 2014 País 2010 2011 2012 2013 2014
Arábia Saudita 6,5% 7,7% 6,4% 4,0% 15,4% China 76,1% 76,6% 78,3% 77,7% 75,6%
Equador 0,5% 3,3% 52,5% 12,0% 12,5% Taiwan (Formosa) 5,6% 5,4% 3,0% 3,6% 5,0%
Bolívia 29,8% 27,7% 11,6% 25,9% 9,0% Coreia do Sul 2,6% 1,7% 1,8% 2,4% 2,6%
Peru 0,1% 0,0% 1,8% 3,7% 8,2% Índia 2,0% 2,1% 2,0% 1,9% 1,8%
Colômbia 11,4% 14,6% 2,4% 5,7% 7,5% Itália 2,0% 2,8% 3,3% 2,4% 1,7%
Angola 6,1% 4,4% 1,4% 4,8% 6,2% Vietnã 0,8% 0,6% 1,0% 0,9% 1,6%
Paraguai 5,5% 4,1% 1,7% 3,3% 5,9% Bangladesh 0,3% 0,4% 0,7% 1,3% 1,6%
Estados Unidos 17,1% 6,3% 2,2% 8,0% 5,9% Indonésia 1,4% 1,2% 1,2% 1,2% 1,4%
Chile 0,9% 0,9% 4,1% 3,2% 3,4% Paquistão 0,2% 0,1% 0,3% 0,5% 1,1%
Israel 0,0% 0,9% 0,0% 0,0% 3,1% Países Baixos 0,1% 0,2% 0,4% 0,3% 0,9%
26
4. PERCEPÇÃO EMPRESARIAL DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA DO
VESTUÁRIO NO ES
4.1 Mecanismos de concorrência do setor do vestuário e calçados.
Pequenas Empresas:
- Grande concentração de pequenas empresas voltando-se para nichos de mercado cada
vez mais segmentados.
- Utilizam a gestão criativa para ganhar espaço no mercado sem os grandes
investimentos em pesquisa e desenvolvimento
- Buscam a diversificação e criam nichos específicos.
- Redes sociais fomentam o crescimento das pequenas empresas e até a informalidade
do setor, pois muitos são assalariados do próprio negócio.
“Tem o nicho dos pequenos negócios, no qual a maioria das vezes produzem o
seu autoral. Produz dentro de casa, posta no facebook, e sobrevive daquilo ali.
Tem criatividade, atuação regional e consegue o seu próprio salário com as
vendas.”
Concorrência:
- Bastante acirrada e com Necessidade de diferenciação de produto
- Empresas buscam a segmentação e regionalização da produção, sendo a exclusividade
um ponto de destaque.
“Buscamos a diferença através do design, mas continuamos olhando de perto a
ótica do preço, pois o nosso produto tem que está acessível para o nosso
público.”
Novos Modelos de Negócios:
- Grandes cadeias de lojas varejistas estão contratando a capacidade produtiva ociosa de
empresas locais, aportando recursos para ampliação de plantas produtivas.
- Empresas locais como fornecedores de pacotes completos que compreende desde o
recebimento das especificações sobre o produto, desenvolvimento das especificações
sobre o processo de produção, gerenciamento, compras, logística e entrega o produto
acabado com a marca do cliente.
- Adoção deste modelo devido ao alto preço internacional e a dificuldade da China em
atender a demanda.
- Indústria local é considerada mais organizada, comprometida e de maior confiabilidade
diante de outros polos industriais no país, o que torna um diferencial competitivo.
27
4.2 Mercados a que se direcionam os produtos da cadeia produtiva
Mercado Consumidor:
- Vendas concentradas no mercado nacional.
- Setor de calçados, além do mercado nacional tem uma pequena parte da sua
produção voltada para exportações. A dificuldade de investimento em marca afastou o
setor de confecção do mercado internacional, restringindo as exportações apenas nos
segmentos de moda praia e lingeries.
“No passado já vendi para Portugal, Costa Rica, Bolívia. Para vender para
estes países tem que investir muito em branding...”
4.3 Posição atual da indústria no mercado – doméstico ou internacional – desempenho, vantagens e desvantagens competitivas.
Posicionamento das Indústrias no mercado:
- Indústria posicionada de forma mediana quanto ao mercado interno.
- Menos competitiva que as indústrias do sul do Brasil, que possuem técnicas de
produção mais avançadas.
- Mais competitiva que o nordeste, que possui baixo conteúdo tecnológico, mão de obra
barata e com pouca qualificação em relação ao estado.
Investimentos no Setor:
- Várias empresas com os processos produtivos sucateados.
- Alta competitividade e falta de investimento no parque fabril.
- Diminuição da capacidade produtiva, o que inviabiliza grandes investimentos no setor.
Escoamento Produção:
- Produção confeccionada no estado é escoada para várias regiões devido ao
posicionamento geográfico estratégico.
- Modelo de produção private label2 que acaba indiretamente sendo distribuída para todo
o território nacional.
“O estado é considerado um local estratégico para escoamento da produção.
As lojas de varejo produzem aqui e vendem para todo o Brasil. Somos um
ponto central para a distribuição para todo Brasil, desta forma podemos nos
considerar geograficamente bem estratégicos.”
2Private Label - produção de mercadorias para marcas de terceiros, atendendo todas as exigências e especificações de
cada cliente atendendo clientes nacionais e internacionais de acordo com suas necessidades e especificações técnicas.
28
Vantagens Competitivas setor de calçados:
- Utilização do couro como sua principal matéria-prima que trás nobreza ao calçado e
agrega valor ao produto final.
- Produtos importados, principalmente da China, são confeccionados com materiais
sintéticos.
Desvantagens Competitivas setor de calçados:
- Produção brasileira de calçados está distribuída principalmente em polos, localizados
nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste do país.
- O estado conta com dois grandes players o que não favorece a gestão da cadeia
produtiva, conforme encontrado nos grandes polos calçadistas.
“Há setores que precisam ter uma cadeia em seu entorno: fornecedores de
matéria-prima, maquinário, mão de obra, o setor calçadista no ES não tem.”
4.4 Fatores externos à empresa que impactam a competitividade (ambiente
macroeconômico, disponibilidade e tipo de crédito, custo de
financiamentos, infraestrutura econômica, infraestrutura técnica, científica
e educacional e tributária), dentre outros.
Ambiente Macroeconômico: - Concorrência com os países asiáticos é indiscutível.
- Grandes lojas de departamento possuem em seus estoques produtos importados
agregam valor com a “nacionalização” das peças comercializadas.
- Grande pulverização do setor de vestuário que não se consegue medir a concorrência
do setor, seja ela através da indústria informal ou por produtos importados que entram no
país sem controle.
Melhores Práticas:
- Benchmarking entre os empresários pode gerar aprendizados e oportunidades de
melhoria nos processos produtivos.
- Articulação com fornecedores onde são estabelecidas relações estratégicas que
auxiliam a formação da cadeia, chegando a fixar parcerias para formação de mão de
obra.
- Falta de cultura quanto à gestão organizacional reflete a dificuldade de adoção de
controles mais efetivos que buscam a melhoria contínua dos processos produtivos.
“As parcerias com os fornecedores existem sim, chegando até a promover
treinamentos para a mão de obra...”
Impactos ao Setor:
- Dificuldade em adquirir linhas de financiamento pelas faltas de garantias e pelo corte de
crédito.
29
- O Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes), não favorece o crescimento
das indústrias do segmento de confecções por ser muito burocrático e com altas taxas de
juros.
“É preciso ter garantias para os financiamentos e elas não existem para o
setor. A tendência é que este cenário piore, pois os bancos estão cortando o
crédito.”
- Falta de aperfeiçoamento tecnológico é uma barreira para o setor.
- Custo da mão de obra ainda constitui fator determinante da competitividade.
“Nós somos a mão de obra artesanal da indústria. Não existe hoje, tecnologia
que produza roupas sem mão de obra. O que o equipamento com mais
tecnologia traz de benefício para a indústria é a diminuição da operação e
economia de energia.”
- Questões ligadas à legislação trabalhista tem grande impacto no setor, pois gera um
grande número de empregos com geração de pouca receita.
- Altos encargos trabalhistas e exigências que as empresas devem cumprir para se
adequar à legislação.
4.5 Análise dos instrumentos de incentivo à competitividade existentes
(Compete, isenções fiscais e outros).
Instrumentos de Incentivo:
- Sem o COMPETE/ES as empresas não teriam sobrevivido, pois o beneficio coloca o
estado em posição próxima aos estados mais competitivos.
- Sem o beneficio somente as microempresas sobreviveriam.
“O que mantém a minha empresa hoje é o COMPETE. Sem o incentivo minha
empresa não sobreviveria.”
“Sem o COMPETE o setor acaba, ficariam somente as microempresas.”
- Fundo Inovamoda foi um vetor para o desenvolvimento do setor auxiliando no fomento
de ideias que impulsionou a indústria, com a geração de produtos inovadores e trazendo
oportunidade de aplicação de recursos em áreas não exploradas anteriormente, como
comunicação, branding, design e ecodesign.
4.6 Propostas para o aumento da competitividade
As principais propostas indicadas pelos empresários para o aumento da competitividade
do estão descritas a seguir.
30
- Implementação de melhoria de processo nas empresas para aumento de produtividade
e ganho em participação de mercado;
- Aperfeiçoamento da mão de obra constante, em função da característica artesanal do
setor que está sempre com grande rotatividade de pessoal;
- Busca pela formação de profissionais da moda com visão estratégica, que une
inteligência de mercado, branding e comercialização.
“Se buscarmos lojas de departamentos, como por exemplo, a Zara, eles estão
sempre enxergando dois a três anos na frente. Eles são muito rápidos na
execução. Trabalhar o planejamento, pesquisa e o desenvolvimento que é
bastante demorado.”
- Oportunidade de aproveitamento de nichos de mercado que não interessam as grandes
redes.
- Investir em design para agregar valor às coleções e consequentemente criar nos
consumidores uma visão de produtos diferenciados, a tal ponto que os mesmos paguem a
mais por esses produtos.
31
5. MONITORAMENTO DO DESEMPENHO DAS EMPRESAS SIGNATÁRIAS DO
CONTRATO DE COMPETITIVIDADE DO SETOR DO VESTUÁRIO DO ES
A análise apresentada neste estudo possui como fonte a pesquisa quantitativa, elaborada e
realizada pelo Ideies. A coleta de dados foi realizada por meio de questionário eletrônico no mês
de abril 2015, junto às empresas que participam do Contrato de Competitividade firmado entre o
Governo do Estado e o Setor das Indústrias de Moagem de Calcário e Mármore do Espírito Santo.
Salienta-se que os valores apresentados divergem dos dados da Receita Estadual do Espírito
Santo, visto que a pesquisa não atingiu a totalidade do setor, entretanto, acompanha a tendência.
A amostra da pesquisa foi constituída por 43 (três) unidades produtivas.
5.1 Caracterização das empresas
As empresas quando questionadas sobre a produção, responderam que os ramos das
principais das atividades são confecção moda masculina e confecção moda feminina, que
correspondem a 51,1%, respectivamente. (gráfico 28)
Gráfico 28: Ramo principal atividade
4,4%
15,6% 4,4%
51,1%
2,2% 6,7%
51,1%
11,1%
20,0%
6,7% calçadista moda feminina
calçadista moda infantil/bebê
calçadista moda masculina
confecção moda feminina
confecção moda infantil
confecção moda íntima
confecção moda masculina
confecção moda praia
confecção moda street wear/ surf wear/ moda jovem
outros
Fonte: Pesquisa do Setor do Vestuário/Ideies
32
5.2 Perfil da mão de obra
Em 2014, quanto ao número de empregados com carteira assinada, as empresas
pesquisadas contavam com 4860 pessoas registradas, resultado 3,3% superior ao ano de
2013. (gráfico 29)
Gráfico 29: Empregados
Em relação à escolaridade dos empregados dessas empresas, observou-se a
predominância do nível médio (54,5%). Já os níveis fundamental e superior representam
28% e 8,4% respectivamente. (gráfico 30)
As empresas quando questionadas sobre o que falta no seu quadro de pessoal,
afirmaram que há carência de costureiras, cortador, estilistas/designer, e modelista.
(gráfico 31)
Gráfico 30: Escolaridade dos empregados Gráfico 31: Falta de pessoal
4.068
4.705
4.860
2012 2013 2014
Empregados
3,3% 15,7%
Fonte: Pesquisa do Setor do Vestuário/Ideies
Fonte: Pesquisa do Setor do Vestuário/Ideies
33
5.3 Perfil do mercado interno e externo
Em relação às vendas de seus produtos, 47% das empresas realizam-nas por meio de
seus representantes, 26% em lojas multimarcas e 16% em lojas próprias. (gráfico 32).
Referente ao destino das vendas (gráfico 33), 83% das empresas pesquisadas vendem
para o Espírito Santo e outros estados, 9% vendem somente para o Espírito Santo e
outros 9% vendem para outros países.
Gráfico 32: Vendas da produção Gráfico 33: Destino das vendas
As empresas quando questionadas quais os estados concorrem com o Espírito Santo no
seu ramo de atuação, apresentaram São Paulo (36%) como o principal estado
concorrente. (gráfico 34)
Quando questionadas quais os países mais concorrem com o Espírito Santo, as
empresas apontaram a China (82%) como principal país concorrente. (gráfico 35)
Gráfico 34: Estados concorrentes Gráfico 35: Países concorrentes
Fonte: Pesquisa do Setor do Vestuário/Ideies
Fonte: Pesquisa do Setor do Vestuário/Ideies
34
5.4 Desempenho das empresas
O resultado do faturamento agregado das empresas pesquisadas apresentou crescimento
de 16,3% quando comparado ao ano de 2012. (gráfico 36)
Gráfico 36: Faturamento (R$)
Gráfico 37: Faturamento em relação ao ano anterior
Para 48,8% das empresas pesquisadas o
faturamento cresceu quando comparado ao ano
de 2013, 37,2% das empresas reduziram e 9,3%
das empresas permaneceram inalteradas. (gráfico
37)
555.989.368
607.491.451
646.687.466
2012 2013 2014
Faturamento real
9,3%
6,5%
Fonte: Pesquisa do Setor do Vestuário/Ideies
Fonte: Pesquisa do Setor do Vestuário/Ideies
35
Quanto à justificativa para o crescimento do faturamento, 31% das empresas
pesquisadas, responderam que foi proveniente do aumento das vendas, 16% afirmaram
que o aumento foi em virtude dos incentivos tributários e fiscais e 19% foi em decorrência
do fortalecimento da marca. (gráfico 38)
Gráfico 38: Justificativa do crescimento faturamento
Quando questionadas sobre o custo total, 86% das empresas apresentaram crescimento
em comparação ao ano anterior (gráfico 39). O crescimento foi justificado pela elevação
do custo de mão de obra e elevação do custo de matéria prima, ambos com 29% e 25%
respectivamente. (gráfico 40).
Gráfico 39: Aumento do custo total Gráfico 40: Justificativa do aumento do custo total
Fonte: Pesquisa do Setor do Vestuário/Ideies
Fonte: Pesquisa do Setor do Vestuário/Ideies
36
O gráfico 41 apresenta o resultado do ICMS apurado no ano de 2014 que, em relação a
2012, apresentou redução de 4,1%.
Gráfico 41: Recolhimento de ICMS
As empresas pesquisadas apresentaram um crescimento de 12% na produtividade em
2013 (gráfico 42), quando comparado ao ano anterior. A quantidade produzida apresentou
um crescimento de 17% quando comparado à produção de 2012.
Gráfico 42: Produtividade
Fonte: Pesquisa do Setor do Vestuário/Ideies
Fonte: Pesquisa do Setor do Vestuário/Ideies
37
5.5 Fatores associados à competitividade
O gráfico 43, a seguir, apresenta os fatores que contribuem para a competitividade do
setor do vestuário. O design do produto e a marca são os fatores de maior importância
para o aumento da competitividade.
Gráfico 43: Fatores de competitividade
5.6 Inovação
Desde 2012 o setor do vestuário beneficia-se com o Fundo de Inovação da Moda
Capixaba, que se trata de uma das contrapartidas do Contrato de Competitividade. O
Fundo é um instrumento fiscal capaz de proporcionar maior competitividade à indústria
local, direcionando recursos financeiros para apoio a projetos que concorram para o
desenvolvimento tecnológico, inovação, competitividade e meio ambiente.
Para 51% das empresas do setor consideram a inovação tem alto impacto na satisfação
dos clientes, seguido de 41% dos respondentes como fator de alto impacto para o
aumento do faturamento, conforme o gráfico 44.
Fonte: Pesquisa do Setor do Vestuário/Ideies
38
Gráfico 44: Fatores de inovação
As empresas do setor têm investido em inovação: em 2014, 88% das empresas
desenvolveram novos produtos (gráfico 45). Quando questionadas o percentual investido
em inovação, as empresas responderam que 38% investiram entre 0,1 a 5% e outros 38%
relataram que investiram entre 5,1% a 10% (gráfico 46).
Gráfico 45: Desenvolvimento de novos produtos Gráfico 46: Valor em % investidos em inovação
Fonte: Pesquisa do Setor do Vestuário/Ideies
39
Quanto a certificações, registros ou direitos de propriedade, 68% das empresas possuem
registro de marca. (gráfico 47)
Gráfico 47: Certificações, registros e direito de propriedade
Fonte: Pesquisa do Setor do Vestuário/Ideies
40
6. ESTRATÉGIAS PARA O DESENVOLVIMENTO DAS INDÚSTRIAS DO
VESTUÁRIO NO ES
Estudos feitos pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) apontam uma
série de perspectivas setoriais bem como comentários, recomendações e contribuições
de especialistas do setor. O Estudo Prospectivo Setorial da cadeia Têxtil e Confecção
brasileira (2010) apresentou uma série de análises prospectivas que consideraram de
forma integrada as questões de mercado e tecnologia, além de sinalizar tendências e
questões relevantes para a formulação e implementação de um Plano Estratégico Setorial
com finalidade de aumentar a competitividade do setor de Têxtil e de Confecção no Brasil
num período de tempo de 15 anos.
Foram definidas estratégias que proporcionem a geração de valor para os produtos do
setor T&C brasileiro, com desdobramentos em cada uma das dimensões analisadas,
conforme apresentado no diagrama-resumo a seguir.
De acordo com a figura 4, observa-se que a busca por tecnologias que tragam inovação
para o setor será a principal estratégia para se conseguir trazer dinamismo e novas
oportunidades para o setor. No mapa estratégico proposto como visão de futuro (figura 5),
pode-se observar algumas das principais competências que deverão ser desenvolvidas
pelo setor para que a globalização seja bem-sucedida.
Figura 4: Diagrama de Estratégia
Fonte: ABDI
41
Figura 5: Mapa estratégico propositivo para a cadeia de valor do setor
6.1 O futuro da cadeia têxtil e de confecção
A visão de futuro da cadeia têxtil e de confecção foi sintetizada no estudo feito pela ABID
em um esquema de cadeia de valor (figura 6). Foi enfatizado o papel de impulsionador de
transformações que deverá ser desempenhado pelos consumidores na nova estrutura.
Caracterizada pela inovação e pela capacidade criativa, a nova cadeia do futuro tem
apoio institucional para a pesquisa e o desenvolvimento, fundamentada no conhecimento
do mercado e no fortalecimento das marcas. Convivem estruturas de produção em massa
com estruturas voltadas para nichos especializados e exigentes. Sua integração com
outros setores lhe permite ampliar o escopo de participação, criando novas oportunidades
de negócios para novos empreendedores.
Integradas com o grande e o pequeno varejo, as experiências com o consumo alimentam
uma indústria criativa e ágil. A digitalização de informações do consumidor, pela difusão
do uso de body-scanners3 em shoppings, propiciará novos perfis de varejistas de marcas
que se concentrarão na geração de experiências para clientes cativos, reduzindo suas
equipes de venda e seus espaços de estoque. Grandes varejistas integrados com
3 Body-scanners - aparelhos que emitem ondas de radiofrequência que formam um perfeito modelo em 3D da pessoa escaneada.
Fonte: ABDI
42
produtores permitirão a intensificação de estratégias de lean manufacturing4 ao longo da
cadeia de valor.
A ênfase em pesquisa e desenvolvimento em tecnologias de produtos e processos nos
negócios de fabricação de estruturas têxteis (fibras, fios e tecidos) aliado a estudos de
melhoria contínua levarão o setor a ter iniciativas empresariais mais ágeis, inovadoras e
fundadas em tecnologia de ponta, intensivas em P&D.
A liderança do design sustentável na fabricação de produtos encontrou unanimidade entre
os especialistas. Reuso e Disposição foram conceitos incorporados na relação entre o
design sustentável e o consumo consciente.
Figura 6 A Cadeia de Valor T&C brasileira em 2023
4 Lean Manufacturing, ou Manufatura Enxuta está baseada no Sistema Toyota de Produção e surgiu no Japão, na fábrica de
automóveis Toyota. A base do Lean está na eliminação de desperdícios sob o ponto de vista do cliente final. Assim, dentro de um processo produtivo, é necessário definir o que é valor, isto é, o que o cliente está disposto a pagar no produto final. A análise visa descobrir os processos que realmente agregam valor para o produto final.
43
7. CONCLUSÃO
Podemos afirmar que para sobreviver na economia do conhecimento, o setor T&C
brasileiro dependerá da agilidade de sua indústria de produzir inovações, de desenvolver
os processos mais avançados, flexíveis e eficientes no uso de recursos, e de concentrar
suas estruturas e operações de negócio na evolução constante das necessidades de seus
consumidores. A pesquisa e inovação assumem papel essencial neste desafio.
Sob esses aspectos, adiar o desenvolvimento sustentável de um sistema de inovações
intensivas em conhecimento poderá prolongar ou criar estados de estagnação tão ou
mais nocivos à competitividade das empresas brasileiras do que os estados de
obsolescência enfrentados no passado, quando a brusca modernização tecnológica dos
sistemas de produção provocou o desaparecimento de empresas e empregos.
Diante deste cenário, podemos afirmar que o setor passa por um momento de transição e
a busca constante de novos modelos de negócios para se adequar aos desafios da
economia global e da globalização de nossa sociedade de consumo deve fazer parte do
estímulo diário dos empresários do setor.
44
8. REFERÊNCIAS
Estudo Prospectivo Setorial – Têxtil e Confecção - Série Cadernos da Indústria ABDI, Volume XVIII. Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). Brasília – 2010 http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2014/09/1508819-apos-crise-setor-calcadista-mira-o-mercado-interno-e-tenta-se-diversificar.shtml acessado em 10/05/2015. http://www.couromoda.com/noticias/ler/o-cenario-mundial-do-calcado-e-as-oportunidades-para-o-brasil acessado em 14/05/2015. BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Secretária do
Comércio Exterior. Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior via Internet:
ALICEWEB
Cruz-Moreira, J.R (2003). Industrial Upgranding nas cadeias produtivas globais: reflexões
a partir ds indústrias têxtil e do vestuário de Honduras e do Brasil. Tese de Doutorado.
2003. 228p. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Departamento de
Engenharia de Produção. São Paulo.
Pavitt, K. (1984). Sectoral patterns of technical change: towards a taxonomy and a theory.
Research Policy, 13(6), 343-373.
Porter, M. E. (1996). Estratégia competitiva. Rio de Janeiro: Campus.