Post on 30-Aug-2019
Capa: 1 A Voz do Poeta: 2 / Ecos Poéticos: 3 / Bocage: 4,11,12,13,15 / Rota Poética: 5 Cantinho dos Poetas 6 / Luz Poética: 7 / Faísca de Versos: 8 Tribuna do Vate: 9 / Contos e Poemas: 10 / Poetas da Nossa Terra: 14 / Ponto Final: 16
SUMÁRIO
EDITORIAL
«JANELA ABERTA AO MUNDO LUSÓFONO/UNIVERSAL»
Amora - Seixal - Setúbal - Portugal | Ano X | Boletim Mensal Nº 107 | Fevereiro 2019
www.confradesdapoesia.pt - Email: confradesdapoesia@gmail.com
«Este é o seu espaço cultural dedicado à poesia»
Deixamos ao critério dos autores a adesão ou não ao “Novo Acordo ortográfico”
FICHA TÉCNICA Boletim Mensal Online Propriedade: Pinhal Dias - Amora / Portugal | Revisão: Conceição Tomé A Direção: Pinhal Dias - Fundador Colaboradores: Adelina Velho da Palma | Albertino Galvão | Albino Moura | Alfredo Mendes | Anabela Dias | Arménio Correia | Anna Paes | Artur Gomes | Carlos
Alberto Varela | Carlos Bondoso | | Chico Bento | CMO | Conceição Tomé | Damásia Pestana | David Lopes | Filipe Papança | Filomena Camacho | Francisco Jordão |
Helena Moleiro | Hermilo Grave | João C. dos Santos | João da Palma | Joaquim Sustelo | Jorge Humberto | José Branquinho | José Carlos Primaz | José Jacinto | José Maria Caldeira Gonçalves | José Silva | Luís Eusébio | Luís Fernandes | Luiz Poeta | Magui | Maria Petronilho | Maria Procópio | Mário Pão-Mole | Mário J. Pinheiro |
Miraldino de Carvalho | Maria V. Afonso | Nelson Fontes | Nogueira Pardal / Paulo Taful / Pinhal Dias / Quim D’Abreu | Rosélia Martins / Santos Zoio | Silvais |
Teresa Primo | Tito Olívio | Vitalino Pinhal
CONFRADES DA POESIA
Para nós não existe concorrência. Existem parceiros de actividade!
Nesta edição colaboraram 54 poetas
Tribuna do Vate …. página 9
O BOLETIM Mensal Online (PDF) denominado "Confrades da Poesia" foi fundado com a incumbência de instituir um Núcleo de Poetas, facultando aos (Confrades / Lusófonos) o ensejo dum convívio fraternal e poético. Pretendemos ser uma "Janela Aberta ao Mundo Lusófono e outros países “; explanando e dando a conhecer esta ARTE SUBLIME, que pratica-mos e gostamos de invocar aos quatro cantos do Mundo, apelando à Fraternidade e Paz Universal. Subsistimos pelos nossos próprios meios e sem fins lucrativos. Com isto pretendemos enaltecer a Poesia Lusófona, no acréscimo da Poesia Universal e difundir as obras dos nossos estimados Confrades que gentilmente aderiram ao projecto "ONLINE" deste Boletim.
“Promovemos Paz” A Direcção
2
«A Voz do Poeta»
Confrades da Poesia - Boletim Nr 107 - Fevereiro 2019
Pedreiras de Borba
Corações pétreos, mais duros que as pedreiras,
Valores pátrios estão lá bem distantes
Em desfavor dos cidadãos que, confiantes,
Lhes facultaram os assentos nas cadeiras.
O mal redobra quando são cabeças ocas
Cheias de nada como os poços dos dois lados,
O coração nas mãos, nos pés, com mil cuidados,
E com razão, que a condução tem horas loucas.
Foi retirada tanta pedra até ao fundo
Em tal acção de desvario, que descamba
Para a loucura; segue estrada em corda bamba,
Olhar de cima vê crateras de outro mundo.
Mas não há olhos para ver o tão visível?
Não há vontades de evitar antes que tombe?
Cuidados mil não impediram hecatombe,
Carros tombaram no abismo. Foi horrível!
Uma tragédia que ao lugar levou um fado,
Fado corrido que lhe fez parar o cante.
Lugar de Borba, continues doravante
Mais pelo vinho que por pedras afamado.
Entre acontecimentos inimagináveis,
Não fosse caso grave e sério, dava riso
Pensar que a culpa foi do vinho, que o aviso
Não chegou muito claramente aos responsáveis.
Lauro Portugal - Lisboa
FRIO JANEIRO
Vai frio o janeiro, neste ano bem seco,
E, todos os anos, o inverno é pesado.
Não há neve, aqui, mas estou congelado
E tanto me encolho, que fico marreco.
Quem dera uma chuva, do lado do sul,
Que empurre pró norte este frio malvado!
Ai meu calorzinho, meu sol destapado,
Te mostra este céu, espelhado de azul!
Me doem os pobres, vestidos de pouco,
Na manta-cartão, qual galinha no choco,
Na dor solitária que seu fado encerra.
Janeiro vai frio. Quisera chovesse,
E a água da rua, correndo, varresse
A muita maldade, que existe na terra.
Tito Olívio - Faro
ROSAS E CRAVOS
*
Rosa:
Sou a mais linda flor
Que no jardim foi criada,
Sou a Rosa, sou amor
Tu, Cravo não vales nada!
*
Cravo:
Não sejas tão atrevida
Com esses piropos bravos,
Porque tu, sem mim na vida,
Não nascem Rosas e Cravos!
*
Ambos:
O Cravo gostou da Rosa
Algum tempo se passou
Ela, bonita e vaidosa,
Do Cravo se apaixonou!
*
Ambos:
Loucamente apaixonados
Neste país, Portugal,
Um dia foram casados,
O mais bonito casal!
*
João da Palma - Portimão
CIGANITA… EU CÁ NASCI
.
Olhei a pequenita cigana que se estava aproximar,
Com a sujita mão estendida, e tristeza no olhar,
Fazendo os gestos de quem estava com fominha…
Na esquina, ficou a cigana com duas já cresciditas,
Que se eram dela não sei, só vi que eram bonititas,
Mas precisando dum bom banho e roupa limpinha.
.
Apontou p’rá boquita no gesto de querer comer,
E eu logo fiquei sem jeito e sem saber o que fazer,
Olhando a criança que estava p’ra mim a olhar…
E pergunto: porque tudo isto está sucedendo…?
Porque as crianças estão nesta pobreza nascendo...?
E os pais, porque nada fazem para a vida mudar...?
… porque, estas crianças que p’ra nascer não pediram,
Caem logo no que a miséria tem de triste e profundo…
Pois, se no ventre materno a miséria já sentiram
Ainda mais a sentem, ao nascerem neste pobre mundo.
… e sentindo esta tristeza no coração a entrar,
Do saco das compras que tinha na mão,
Dei-lhe os bolos de que tanto gostava… mais o pão,
Restando-me as perguntas p’ra continuar a perguntar.
.
(J. Carlos) - Olhão da Restauração
O CASAL
Ele é gordo, ela muito lingrinhas,
porém em tudo o resto são iguais,
qualquer deles faz poses doutorais,
nenhum deles cumprimenta as vizinhas…
Ambos dizem suar as estopinhas
nos empregos, difíceis por demais,
e desdenham o dever dos casais
de gerar e educar criancinhas…
Às vezes ela levanta arraiais
mas regressa de rabo entre as perninhas
à míngua de alternativas reais…
Ele abre-lhe a porta sem fosquinhas
e torna aos relatórios sempre iguais
de sénior consultor pilha-galinhas…
Adelina Velho da Palma - Lisboa
“Uso prata e uso oiro
E uso o meu coração
P’ra alguns valho um tesoiro
P’ra outros nem um tostão”
Silvais – Alentejo
3 Confrades da Poesia - Boletim Nr 107 - Fevereiro 2019
«Ecos Poéticos»
Vamos ser mais tolerantes.
A persentir a alma do errante
para ser mais tolerante…
A nossa vista
os nossos ouvidos,
se forem banhados de humildade
aí sentimos o pular do nosso coração
a gerar mais felicidade…
A paciência é um dom que se adquire
embutida na esfera fraternal
“Não no deixa andar”,
mas sim a tolerar,
por uma réstia de frequência
numa fluidez de melhor vivência,
aliviando tal dor
onde habita a paz e o amor
Pinhal Dias (Lahnip) PT
A NOITE ACONTECEU
Vesti-me de fato e gravata
perfumei as ombreiras
dei brilho aos sapatos
comprei na esquina mais próxima
um arranjo de flores
corri que nem um louco
não respeitei os sinais
perdi-me na avenida
fez-se tarde
e chovia
a noite aconteceu
e não vi Maria
Carlos Bondoso (CFBB)
Alcochete
ALEIXO
Na minha mesa de cabeceira
tenho um livro sempre á beira,
que às vezes, sem canseira,
leio e releio a noite inteira.
Na minha mesa de cabeceira
enquanto os olhos não fecho,
leio os poemas do Aleixo,
que contêm a Filosofia inteira.
José Jacinto – Casal do Marco
PARA UMA ROMEIRA
Que tão bem sabe viver
E muito conhecer
De festas, é a primeira…
Com tão belo despertar,
É bela esta caminheira,
Esbelta no seu andar…
D’esta Terra da Feira,
Romarias vai conhecer,
É esse o seu amar…
A Nossa Senhora da Livração,
Entrega seu coração;
A Nossa Senhora d’Agonia,
Lá vai por um dia;
Ao Senhor dos Desamparados,
Votos, Lhe são dados:
«P’ra se afastar a dor,
Com muita Paz e Amor»!...
Carlos Alberto S Varela
CASV - Paços de Brandão
Eu vi na doce calma do poente
Eu vi na doce calma do poente
Esse clarão do sol que se escondia
Teus olhos indagando o que sentia
Pousavam já nos meus suavemente
Será que essa beleza era diferente
Um pôr-do-sol... ou esse olhar que vi?
Nesse esplendor dos dois, o que senti?
Se é que ali se sabe o que se sente...
Olhei: bola de fogo em horizonte...
Os teus olhos brilhando ali defronte
Tudo era deslumbrante... extasiava!
Rendia-me ao esplendor da Natureza
Via no teu olhar tanta beleza
Não sei em qual dos dois eu me encontrava...
Joaquim Sustelo - Odivelas
OUVIR E ESCUTAR
Ouvir e escutar indubitavelmente não são sinónimos.
Ouvir tem o significado de entender, perceber - no sentido da audição - captando sons sem lhes atribuir grande importância: ou-
vir bater a porta, o carro chegar, o cão ladrar…
Normalmente o que se ouve não tem grande relevância. A atenção é efémera e votada ao esquecimento.
Mais do que ouvir há que saber escutar.
Escutar é prestar atenção ao que se ouve.
Escutar requer muito mais que função auditiva.
Exige participação, envolvimento, habilidade…
Escutar é desenvolver a capacidade de saber interpretar a linguagem corporal, códigos, mensagens evasivas…
Quem escuta envolve-se, emotivamente, com o interlocutor. Medita no que está a ser ouvido. Guarda, na memória, toda a men-
sagem captada.
Filomena Gomes Camacho - Londres
É O FIM DO MUNDO!
Só o cego é que não vê
Que existe tal barafunda.
Nalguns canais da TV
Abunda quem dá a bunda.
Reputo, com estranheza,
Em nome dos ofendidos:
Os erros da Natureza
Não são pra ser exibidos!
Têm direito a viver,
Pois culpados não serão.
Mas deveria de haver
Uma maior discrição.
Quem emprega tal mistela
-Esta opinião é minha-
Come da mesma gamela,
É da mesma panelinha!
Não se anda em boa via,
Nem é de boa cultura,
Fazer-se a apologia
Do que é contranatura.
Hermilo Rogério - Paivas
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«BOCAGE»
Confrades da Poesia - Boletim Nr 107 - Fevereiro 2019
A NOITE E OS SONHOS
Todas as noites me deito
Contigo no pensamento
E mais voltas dou no leito
Que as voltas que dá o vento.
O outro lado da cama
Há muito que está vazio
Ninguém me fala nem chama
Porque secou o pavio.
A dormir dizem que falo
Coisas que ninguém entende
É a raiva que não calo
Pra bater em quem me ofende.
Os meus sonhos são mais loucos
Do que permite a loucura
Os fantasmas não são poucos
E a maleita não tem cura.
Montei o sol a cavalo
Puxei as rédeas a fundo
O astro não teve abalo
Cuspiu-me de volta ao Mundo.
Tito Olívio - Faro
PAZ E AMOR
Em cada linha curva do meu pensamento,
uma promessa de vida a despontar,
e na natureza morta
que me adorna o peito, um sombreado.
Uma cadência de instantes,
e de futuros por colher,
e o amor a renascer.
Ouvi as vozes dos anjos de pedra.
Quando me falaram de ti,
de como chegarias para me resgatar
à frieza mortuária das noites,
às horas vazias dos dias,
e fiz-me epígrafe e esperei.
Em cada cruz, uma crença.
E em cada letra capital
uma tempestade de anseios
cinzelados a fogo, e paixão,
até que do alto de um céu plúmbeo
de tristeza
te anunciaste, presente.
Em cada lágrima cristalina,
em cada suspiro do vento,
em cada folha ressequida, devolvida
aos dedos ressequidos dos Alamos,
numa primavera, rubra a germinar.
São as sementes plantadas no inverno,
que desprenham, as mais belas rosas,
e fazem dos corpos eterna profecia.
Mas é na fé, que já nos pertencia,
antes de nossos olhos se abrirem em flor
que jaz todo o mistério sideral
da vida imortal, de PAZ E AMOR!
Arménio Correia - Seixal
Suave flagrância
Suave flagrância
Uma melodia,
Águas cantantes
Salpicos de alegria...
Um silêncio quase sepulcral
Era o que existia.
No denso arvoredo
Minha alma se perdia,
A sombra do medo
Atrás de mim seguia.
Suave flagrância
Uma melodia.
Corria, corria, corria.
Damásia Pestana - Fernão Ferro
Um Sábado Sem Sol
Sábado, um pouco vago, comedido
Inerte a possibilidade de sonho
Este dia parece-me tristonho
Quero-o no entanto bem vivido.
Ergo ao Além um sábio pedido
Fora do cerco da tristeza me ponho
E a coragem que a mim mesmo imponho
Imprime-me um consolo desmedido.
De um tédio, outros dias foragida
Estarei em beleza divagando
Feliz, contente, exuberante a Vida.
Das emoções terei algum comando
E certa paz durável inserida.
A Aurea Mediocritas amando.
Maria Vitória Afonso - Cruz de Pau
Amora
O ESTRANHO BICHO-HOMEM
Os outros fumam e eu também quero fumar;
Os outros têm e também eu quero ter;
Os outros jogam e também eu quero jogar;
Os outros podem e também eu quero poder.
Os outros são bons e praticam o bem,
Dando comer e roupa aos sem-abrigo.
Eu não me meto nunca na vida de ninguém
E esse assunto já não é comigo!
Hermilo Grave - Paivas
Coração Vazio
Se as garras do amor
Deixam o coração ferido,
Não sente alegria ou dor
A vida perde o sentido.
Se o coração vive a chorar,
A vida perde o encanto,
Não há murmúrios no mar,
Nem há sussurros no vento.
Se o coração perde o sonhar,
As estrelas do firmamento,
Não elevam o pensamento,
E o céu deixa de ter ar.
Se o coração está vazio
Os sentidos entorpecem,
Os sonhos desaparecem,
E o mundo fica arredio!
São Tomé - Corroios
Ser amigo de verdade
é um bem adquirido
é um ser que nos é querido
e nos faz muito feliz
mas o velho ditado diz
não há amigos de verdade
e se nele houver falsidade
corta o mal pela raiz.
Vitalino Pinhal - Sesimbra
5
«Rota Poética»
Amora como te chamam
I
Amora como te chamam
É um nome muito antigo
Aonde a família do Gama
Teve orgulho de ter vivido
II
Amora tem um sapal
Que enche com a maré
É uma reserva natural
Que se pode andar a pé
III
Tens quintas de antiguidades
Pertenceram à monarquia
Amora a tua cidade
Tem uma grande freguesia
IV
Tens casas senhoriais
Foram de gente de bem
Muitas quintas e quintais
Hoje parecem terras de ninguém
V
Amora tem condições
Mereces a mais-valia
És cidade com brasões
Dos tempos de fidalguia
VI
Em Amora nesta cidade
A Atalaia é importante
Ali se canta em liberdade
Avante camarada avante
Miraldino de Carvalho
DE TI NÃO QUERO EU NADA
Quando quis, tu não quiseste
por ti andei a sofrer
por veres que me perdeste
tens inveja do meu viver
Tantas coisas me chamavas
fedelho, miúdo eu sei
o que pedia não davas
hoje queres, nada darei
Enfim o tempo passou
cansaste-te de caminhar
por veres que crescido sou
querias tu atrás voltar
Foi longo esse passeio
foi curta a caminhada
podes crer que não te odeio
mas de ti não quero nada
Refrão
Deixa-te estar sossegada
pois contigo não me iludo
agora davas-me tudo,
mas de ti não quero nada
De seguir-te me cansei
cansei-me do teu desprezo
agora estou bem preso
ao amor que encontrei.
Chico Bento
Dällikon - Zurique - Suíça
Portal da Europa
Portugal,
Porta de entrada, início ou fim,
De uma Europa entorpecida.
Portal de entrada e saída,
De quem não fica indiferente,
A um povo cordial e diligente.
….
Portugal,
Não te deixes naufragar,
Nas redes dos prepotentes,
Porque o teu povo singular,
De grandes feitos no mar,
Acolheu dentro dos teus portões,
Imigrantes de várias civilizações,
Que vieram de todos os quadrantes.
….
Portugal,
País de pequenas dimensões
Porém de grandeza pujante,
Na coragem dos teus heróis,
Marinheiros das frágeis caravelas,
Sem temerem mitos ou procelas,
Fizerem de ti um admirável gigante!
São Tomé – Corroios
A VIDA CAMINHA
Sou alma que habita meu corpo
Sei que o tempo é cruel,
Que a vida caminha
E que deverei ser indigno da graça.
Irei confrontar a promessa de eternidade
E soltar asas amarradas.
A estrada e o longe vão ficando mais perto.
A vida caminha na agonia do fim do dia
Sequência repetível da despedida
De cada hora do relógio.
Quanto mais longe no dia vou,
Mais perto da noite estou.
Tive berço, cobertor, lareira,
E sonhos proibidos
Sem queixume e sem voz.
No rugir do trovão o tatuar de desejos.
Em tempestade de fogo, de solitária orgia,
A vida, que dura o espaço de um suspiro,
Caminha pela rotina do ser noite e dia.
João Coelho dos Santos - Lisboa
Mensageiro da Paz
As palavras que eu escrevo
Sob o céu azul, nas horas certas
Vou dando a vós aos poetas,
Neste mundo de ódio e de calma
É claro que até me atrevo?
Escrever o que sinto na alma…
Porque o estado de espirito me diz,
Escreve pela união e paz Luís,
Neste mundo real…de ódio e de calma,
Sou o mensageiro que falta faz
Chegar por perto ou distante,
A paz que o mundo precisa tanto..
Luís Neves - Amora
É Natal
O dia amanheceu claro e frio,
É Dezembro, é Inverno, é Natal,
É este dia aos outros não igual
Porque é o dia Maior que já se viu.
É dia de lembrar quem nos partiu
E também do abraço universal,
Da criação do bem e não do mal.
De perdoar até quem nos traiu.
É dia da família e do menino
Que sendo embora assim tão pequenino
Dizem que só nasceu p’ra nos salvar.
Não salvo, mas saúdo os meus irmãos
A quem fraternamente estendo as mãos
E abraço, neste meu modo de abraçar.
Nogueira Pardal - Verdizela
Confrades da Poesia - Boletim Nr 107 - Fevereiro 2019
«Cantinho dos Poetas»
6
Tranquilamente …escrevo
Entusiasmo e extrema alegria
Elementos de boa escrita
Sendo esta uma pura fantasia
Passará muito bem, por erudita.
Que cantem com muito brilho e bonomia
Baladas e uma canção inaudita
Pois com elas chegaremos um dia
A atingir a poesia infinita.
Força, poetas desta nossa era
Escrevam pois com mais ou menos rima
Seja ela indelével primavera.
Tal qual como as aves em liberdade
Criem gostosamente uma obra-prima
Com muita beleza e sinceridade.
Amadeu Afonso – Cruz de Pau
Memórias do marujinho.
“Honrai a Pátria que ela vos contempla”
Foi a sortes, por esmola
marujinho alistado
cumprimento de escola
jaz…com honras de estado
Marujinho partiu em missão
numa réstia de saudades,
lá longe, mais sol e mais calor.
S.P.M. era um elo de alegria,
num vaivém de telegramas, que satisfazia,
que secavam as lágrimas
com palavras recebidas de amor…
Do marujinho ao marujão
encenado por um Almirante
e todos saberão…
Almirante que vive sonhando
escuta o marujinho cantando,
mas sai fora do enredo
e o que lhe apraz dizer:
- “Quem tem cu tem medo”
E o marujinho foi abraçado em segredo…
O Almirante na hora ficou afinadinho,
com as memórias do marujinho…
Pinhal Dias (Lahnip) Amora/PT
Amor Paz e Vida
Amor a Paz e a Vida
Ideia para sempre bela.
Muitos lutaram em vida.
Para morrerem por ela.
Podes tu sempre lutar.
Por cada ideal maior.
Ajuda o mundo a mudar.
Mas a mudar para melhor.
Faz sempre, no dia a dia.
Gestos com sinceridade.
E sentirás a alegria.
De viver com mais verdade.
Então temos de lutar.
E convencer o universo
Para as consciências mudar.
Com a força de cada verso
Que o sol no seu esplendor
Possa aquecer com verdade.
Quem luta por mais amor.
E uma melhor sociedade.
E se tu também não queres
Viver na Guerra no horror
Junta-te a mim se quiseres
Viver em paz e Amor
Artur Manuel Gomes - Amora
Só quem ama sabe do amor!
Porque me dizes que não sabes
se me amas o suficiente, p’ra ousar
o mesmo caminho, que este que
te quero ofertar, se te enleias
Nos meus braços, após a trovoada?
E aconchego teu corpo no meu corpo
sussurrando-te baixinho – chiu! Dorme,
Meu amor, sossega os teus medos!
E tu estremeces, e procuras meu
peito, onde repousar tua mão…
E vendo-te dormir em paz felicidade
é o meu nome, gravado na galeria.
Só quem ama sabe do amor, entre
um casal que se manifesta raríssima
intuição do estar presente e saber
que assim acontece, sem presunção.
Jorge Humberto - Santa-Iria-da-Azóia
Para Ti
Eu fui para ti
A brisa levemente perfumada
Que te preencheu a vida por momentos
e passou.
Uma papoila à beira do caminho
Que o seu belo sorriso te ofereceu
e murchou.
A música do encanto arrebatado e terno
Que deu asas aos sonhos que sonhaste
E se calou.
Mas tu para mim
Foste um rochedo duro esmagador
Que caiu
Não sei donde nem porquê
Mas que ficou.
Quim D’Abreu – Almada
De Palavra Em Palavra
Deslumbro-me com as palavras
Que encontro no caminho
As quais guardo em segredo
Só depois é que as escrevo.
Vão saindo uma a uma
Sem escolher hora e local
Como se fossem ensaiadas
Para mais um recital
Onde o principal actor
Tem papel fundamental.
São simplesmente palavras
Sim bem o sei que o são
Foram encontradas na alma
Saíram do coração.
Numa ânsia que desperta
Toda a minha atenção
No momento e hora certa
Que por fim se completam
Com carinho e paixão
De serem escritas por mim .
São feitiço dos meus olhos
As flores do meu jardim
Que a minha alma saciam
E me dão mais vida e cor.
Que me dão felicidade
Porque lhes dei liberdade
E lhes abri o caminho
Para que fossem voar
Tal e qual um passarinho
Sem destino de parar !
Fátima Monteiro
Vila Pouca de Aguiar
Confrades da Poesia - Boletim Nr 107 - Fevereiro 2019
7
«Luz Poética»
Assim seja
Que se abram
Todas as portas
Que se escancarem
Todas as janelas .
Que se estiquem todas as asas
Que se partam todas as grilhetas.
Que sejam navegáveis todos os rios
Todos os mares .
Que se envergonhem
Encolham e mirrem.
Que se emperrem todos os engulhos
Todos os escolhos .
Que atrofiam
Que tolhem
Os nossos caminhos
Os nossos passos.
E atrapalham as nossas vidas .
Para que possamos finalmente
Em terra caminhar, caminhar
Nos ares voar , voar
Livremente e sempre !
Carmindo Carvalho - Suíça
VESTIDA DE FLORES
Que alegria em todas estas Flores!
Viva! Venha bailar com plenitude
Nesta colorida festa de odores
Que trazem o perfume de juventude.
As Flores sempre vêm anunciar
Da Natureza, a ressurreição.
Sorrindo com o astro Sol a raiar,
Elas cantam do Amor bela canção.
Cantam horas e embelezam os dias...
Depois escondem sua frágil beleza,
Para que outras desabrochem em poesias...
E assim, obedecem a lei da Natureza.
Pra que nunca seja quebrada
Esta dança de cores vestida,
A Natureza fez uma bela grinalda
Com as flores que enfeitam a Vida!
Efigênia Coutinho Mallemont
Balneário Camboriú/BR
CANSAÇO
Este cansaço constante
Deste Viver do Nada ...
Causam um vazio insano
Um desapego
Um vaguear num mar
De revoltas águas paradas !...
Sinto-me vaguear no tempo
Vivendo sem estar presente
Andando ao sabor do vento
Já nem pensando no momento !...
Desisti .. de Sonhar !...
Como tudo era tao lindo
Os sonhos sempre sorrindo...
Hoje olho no tempo
Que loucura acreditar ...
Viver a sonhar ...
Sonhos sem realidade !..
Que aos poucos se vão
Vida sem futuro
Onde tudo é fugaz ...
Finalmente descobri
Que a Vida é Ilusão
Onde aos poucos todos se Vão !...
E eu neste cansaço constante
Vou aos poucos partindo
Sem forças ... desistindo
Da pouca força que sinto!...
Ficar farta desta Vida !...
MAGUI - Sesimbra
ESTE MEU CORAÇÃO
Quando meu coração parar…
Não deixarei de amar!
No meu coração… há sempre um lugar
Quando quero fechar o meu coração
Não posso!
Quando quero deixar
De sentir a desgraça…
Não! Não posso fechar o coração!
Quando quero viver em paz,
Quando penso no que tu me dás
Não posso fechar o coração!
Quando penso na pobreza
Quando quero ajudar o ser humano
Não! Não posso parar o coração!
Mas posso abrir a mão!
Quando penso que há lares sem pão
E passarinhos na gaiola…
Sem liberdade…
Não! Não posso abafar o grito!
Meu bendito coração!
Na minha alma há um conflito…
Quando penso na falsa caridade
E nas crianças indefesas…
E nas que pedem esmola, porta em porta…
Não! Minha alma não se conforta !
E meu coração se abre…
Não ! Não posso fechar o coração!
Meu coração tem cadeado!
É sempre um coração apaixonado!
Maria José Fraqueza
De Noite Ao Luar
Será mito, ou vocação?
Dar vida a muitas flores,
Dar sorte aos amores:
Oh Lua! És inspiração.
Poeta em qualquer idade
Maduro ou na mocidade
Lhe falas ao coração.
Hoje digo com verdade;
O quanto sinto a saudade
Dos tempos que já lá vão.
Na lua nova vejo a meninice.
Quarto crescente a juventude.
Na lua cheia a atitude;
Seja homem ou mulher
A conseguir o que quer.
Marcando a existência.
E logo vem a decadência
Com o quarto minguante,
Eis que chegou a velhice;
Passou a vida: num instante.
Maria de Jesus Procópio
Paivas/Amora
Desculpe
Ah!
Desculpe este ar de amar Este dom de doar.
Desculpe quando te ligo. E te falo de prazer
Quando te encho de afago
Desculpe este ar inocente Este jeito demente.
Esta volúpia em amar.
Desculpe quando te chamo
Te beijo
Te abraço Te aperto.
(É, que meu amor é tanto que não posso viver sem dizer:
Te amo.)
Desculpe se te sufoco,
Se te toco.
Se te deixo em foco. Desculpe se te amo tanto assim.
Anna Paes - Brasília
Esperança Natalícia
No princípio era o verbo.
O verbo estava junto do pai.
E o verbo fez-se carne.
Nascido do ventre de Maria
Arca Salvífica,
Ele é a paz,
A justiça,
A verdade,
O bem,
O amor.
Alegria beatífica
Surpresa magnífica
Espírito que se liberta
Igreja que nasce
Corpo místico
Esperança Natalícia.
Filipe Papança - Lisboa
Confrades da Poesia - Boletim Nr 107 - Fevereiro 2019
8
«Faísca de Versos»
“NÃO ME CALO, NEM ABALO”
Poeta, eu também não, eu não me calo!
Eu junto a minha voz, também à tua
Aqui, em qualquer lado e na rua,
Prometo nesta luta, acompanhá-lo!
Escrevo, às vezes canto e também falo,
A arma da caneta é uma pua…
Que fura c’o a verdade nua e crua…
Eu sempre gritarei, e não abalo!
Poeta, no silêncio dá um grito
Aclara sempre o dito por não dito
Defende a causa certa e a razão!
Faz uma rima forte à confiança,
Rima honestidade com esperança,
E mata com poesias, a corrupção!
João da Palma - Portimão
Ainda sobre CHARGES E GAMBUZINOS...
deixo-vos o meu pensamento ilustrado nestes versos:
Eu escrevo aquilo que eu sou!...
E não aquilo que querem que eu seja.
Alguns sonham ir aonde eu vou,
Outros não vão!... nem sequer por inveja!
Silvino Potêncio – Natal / Brasil
O estado da nação
Ouço dizer ao governo
que isto está a melhorar
vemos nós no dia a dia
só empresas a fechar
Julgo ser culpa do euro
a causa deste inferno
estamos no bom caminho
ouço dizer ao governo
Ó bom povo português
olhai que vos estão a tramar
quem mama é que vai dizendo
que isto está a melhorar
Para distrair o povo
lança o governo a fantasia
os politicos mais ricoos
vemos nós no dia a dia
Portugal teve mais crises
que conseguiu ultrapassar
mas vê-se com este governo
só empresas a fechar.
Chico Bento - Suíça
GOLD+GOLD=a m...
Dois ou três meses atrás
comentei com uma pessoa,
(e nem fui sequer mordaz),
ser os GOLD bem capaz
não cheirar a coisa boa...
Não sou bruxo nem profeta
mas confesso nem estranhei
ver gente ao governo afecta
nesta embrulhada da treta
agora a contas com a lei
Sempre achei inusitada
dos vistos a concessão...
e “matei” logo a charada
não vendo investir em nada
a não ser casa ou mansão
Nenhuma empresa montada
nenhum emprego criado...
int’ressa é “massa” lavada
meio milhão e mais nada
que o visto é logo passado
Puxou-se o fio à meada
mas falta agora saber
se esta tão grande embrulhada
chega a ser desembrulhada
como eu penso deva ser
Não me quero convencer!...
Mas será desta que vemos
a justiça não ceder
aos int’resses e ao poder
de quem todos nós sabemos?!
Esperemos para ver
se isto é só mera fumaça
que acaba por esvaecer
sem se chegar a saber
quem engendrou a trapaça
Se o que consta for verdade,
(eu cá por mim não duvido)...
se actue em conformidade
e que a lei, por piedade
não seja dura de ouvido
E puna, severamente,
mesmo que ostentem “galões”
todo o interveniente
nesta patranha indecente
enquadrando os figurões
Gold, gold, dá milhões!...
Vão à merda seus…
Abgalvão - Fernão Ferro
Sem rei nem roque
Cada verso é o que é
Esta verso foi aonde?
Foi pró mar e veio de lá
De mãozinhas a abanar.
Foi pró mar? Mas que gracinha!
O que é que foi lá fazer?
Foi ao mar pescar sardinhas
Para fazer uma açordinha.
Por favor! Que salgalhada.
Que pouca vergonha é esta!
Estes versos mais parecem
As inaptidões do Crato.
Escolas sem professores
Onde é que já se viu tal?
A não ser, a não ser.. ah,
Só se for em Portugal.
Airesplácido – Amadora
Embrulhos de protagonismo.
Há gente que governa este mundo Pelas sombras, dizem-se democráticos São corruptos por um saco sem fundo
Se entram na prisão!? Ficam dramáticos
Esses embrulhos de protagonismo Que adulteraram a economia
Esses governantes do cataclismo Banca rota!? A todos prometia!
Nas eleições… Todos eles prometem Amantes de si mesmo que arrefecem Fazem desmaiar o mundo platónico
Balança num peso e duas medidas Vil sociedade de classes perdidas
Onde são graduados p’lo Gin Tónico
Pinhal Dias (Lahnip) – Amora - PT
A ROSA E A LARANJA
Num país encantado, foi a rosa Eleita pelo povo p’ra mandar… Houve festa, foguetes pelo ar E chorou a laranja, invejosa!
A rosa, mais não fez do que roubar O ouro e toda a pedra preciosa!...
A nação veio em peso, furiosa Elegendo a laranja em seu lugar.
Mas o povo infeliz depressa viu
Que, mau grado seu esforço e a labuta, O novo governante não serviu…
Iniciou, então, mais uma luta,
Mas nem com essa luta conseguiu Correr de vez com os filhos da fruta!
Carlos Fragata - Sesimbra
Confrades da Poesia - Boletim Nr 107 - Fevereiro 2019
9
«Tribuna do Vate»
Confrades da Poesia - Boletim Nr 107 - Fevereiro 2019
Corações distantes
Ouço o teu chamar
Mas não consigo caminhar
Pela esteira de prata
Que a lua deixa no mar.
Mas estou sempre atento
Ao segredar do vento
E ouço o teu murmurar
Que num doce lamento
Me conta do teu penar
Vou buscar o meu bote
Envergar o meu capote
E remar, remar, remar
Até te conseguir achar
Espera por mim numa penha
E acena-me com o teu lenço
Não há mar que me detenha
Porque é a ti que pertenço
Se houver um contratempo
E na tempestade naufragar
Tens de pedir um desejo
E um beijo ao vento ofertar
Porque só a força de um beijo
Molhado em lágrimas de sal
Consegue vencer o temporal
...................................
Rogério Pires - Seixal
Vou declamar o mais belo
poema de amor
Vou depois gravá-lo
nas pétalas de uma flor
Para quando o vento as soprar
Todo o mundo poder escutar
......................
Rogério Pires
Os meus olhos vagueiam pela beira do tempo
Onde tu fitas o horizonte tentando ver.
Mas, meu amor, já devias saber
Que só eu vejo o sol. Só eu vejo o mar
Que guardas no teu olhar
Abres os lábios e eu
Sou o sopro que os vai beijar
Deixando-te o peito a palpitar.
Rogério Pires – Seixal
A Rosa
Tinha uma
rosa na mão
Veio uma menina
E pediu-ma
Eu de rosa na mão
Não dei
E chorei
Dou
Ou não dou
E dei.
Albino Moura - Almada
O secreto desejo
Em que vivo
No deserto de mim
Deixa chamar
Com um grito
A secreta ternura
Dos abraços amados
Albino Moura - Almada
Lugar íntimo
No respirar
Em silêncio
De lábios cerrados
No liberto desejo
E no lugar qu ficou
A intimidade perdida.
Albino Moura - Almada
Fez-se branco
Fez-se branco O olhar Puro Do teu Corpo. Albino Moura - Almada
10
«Contos e Poemas»
AFRICANDO-ME
Escrevo…
A arqueologia aponta África como um continente, ocupando um quinto da Terra.
No Continente Africano podemos notar a pluralidade de idiomas, sendo mais de mil as línguas faladas. Na
religião também é relevante a diversidade, assim como nos regimes políticos, atividades económicas e for-
mas de construções habitacionais.
Grande parte da História de África foi contada pelos seus colonizadores.
O narrador, de uma outra cultura, torna-se etnocêntrico e eurocêntrico – conceitos antropológicos.
O conceito etnocêntrico inculca, de forma subtil ou exacerbada, ideias de inferioridade racial e cultural. O
etnocentrismo dificulta a compreensão para o que é normal, sendo apenas diferente.
O eurocentrismo, por sua vez, é um sistema ideológico que realça a cultura europeia como a mais constitu-
tiva do mundo.
O continente Africano, foi dividido, pelos seus colonizadores, sem que estes tivessem levado em conta os
interesses ou característica culturais dos seus habitantes.
Povos da mesma etnia ficaram separados, por fronteiras, coabitando com os seus inimigos tradicionais.
Este é um dos problemas que persisti até os nossos dias.
Apesar de tudo o que se escreveu, África teve sempre a sua história, cultura, ciência, religião…
simbolizada por uma bem alicerçada hierarquia composta por reis, chefes…distinguindo-se, muitos deles,
como reinos de grande soberania e impérios do mais elevado poder!
Algo bastante relevante que gostaria de ressaltar, na Família Africana, sendo comum em toda a Africa,
apesar da divisão geográfica: a homogeneidade da Família!
A Família Africana não é apenas nuclear (pais e filhos) como no mundo ocidental. Esta é muito mais alar-
gada! É formada por um sem número de elementos que engloba os primos e todos os seus parentes, os
avós, sobrinhos, cunhados e seus parentes…
Filomena Gomes Camacho - Londres
Introito
Desbravamos a terra procurando
O que nos satisfaça nesta vida.
Uma causa maior, uma saída,
Passamos nosso tempo imaginando.
Procuramos a terra prometida
Vivemos nossa vida nos amando,
Em afagos de amor, mas até quando
Durará esta lida comedida.
Passando pela vida, nos perdemos,
Nossos sonhos alados se confundem
Com a semente agreste que trazemos
Nossas mentes pensantes de profetas,
Malhando-nos o corpo não iludem.
Gerando os heróis, homens poetas!
Arménio Correia - Seixal
Aquela rosa amarela
Hoje entrou-me na alma a poesia
Aproximei-me calma da roseira
Que para uma sólida alegria
A rosa amarela brotou fagueira.
Eu olhei para ela com ironia
Iria cortar essa flor primeira
E será que ela triste se sentiria?
Queria dá-la ao poeta de magia.
Não permaneças triste é para o Aires.
Um poeta sensível e plácido
Que tem paixão de rosas amarelas.
Quero que no jardim alegre paires
Não ponhas esse ar triste e talvez ácido
Dá-me muitas rosas, que eu quero vê-las.
Maria Vitória Afonso - Cruz de Pau
ESTRADA DA VIDA
*
Pela Estrada da Vida, caminhando,
Sei lá, eu já as pedras que pisei!
Pelas mesmas, às vezes tropecei,
Caindo e a seguir, me levantando!
*
Queria ser veloz, me acautelando
Por veredas sinuosas, eu passei!
Estreitas azinhagas, escusei…
Seguindo por atalhos, tropeçando!
*
E na Estrada da Vida, esta passada…
Mirando os contornos da Estrada,
Cá vou serenamente, por aqui!
*
Mudando de percurso, num senão…
Sou eu, que aqui estou, em Portimão,
Onde bons pavimentos, percorri!
*
João da Palma - Portimão
Confrades da Poesia - Boletim Nr 107 - Fevereiro 2019
11
«BOCAGE»
No Seixal se construiu
I
No seixal se construiu
Uma caravela de fama
Com ela se conseguiu
E a Índia se descobriu
O herói Vasco da Gama
II
Seixal terra de riqueza
De gente que ali viveu
Na quinta da marquesa
Aonde vivia a nobreza
E o dom que era o seu
III
Foi terra de fidalguia
Ficou a recordação
Ao lado da sua baía
Pouca gente ali vivia
Nos tempos que lá vão
IV
De frente à Arrentela
Do Seixal é freguesia
Viam-se barcos à vela
Uma imagem tão bela
Noutro tempo se vivia
V
Foi terra de pescadores
Da pesca do bacalhau
Também de navegadores
Hoje guarda os seus valores
Os modelos das suas naus
VI
Por isso a sua história
Não deve ser esquecida
Os seus tempos de glória
Escrita ficou na memória
De uma época já vivida
VII
Seixal é uma cidade
De grande população
Com a sua antiguidade
Tem vida de qualidade
Outros tempos já lá vão
Miraldino de Carvalho
Corroios
AMORA
Amora,
Que cora
Quando o Rio a beija,
Também sabe ser dura
Com quem não deseja.
Amora
Namora o Rio,
Que se deita no seu colo
E lhe rega o solo,
Mesmo vazio.
Amora,
Fruto silvestre,
Nunca precisou de mestre
Para aprender a ser doce
Ou ter amargura,
Nem antes nem agora,
Sua essência é Pura.
Amora
Está segura
Do seu valor,
Da sua imagem.
Amora,
“ Senhora”
Não quer Senhor
Quer homenagem.
Amora
É dona da sua Margem.
Amora
Não presta vassalagem.
Amora,
Não é só “predial”,
Amora é essencial.
Vale tanto como o Seixal.
Amora,
Capital,
Amora,
Municipal.
Amora É Fundamental.
José Manuel da Cruz Vaz
Pertenço Á Natureza
Sou filha da Natureza
Banhada pelo rei Sol
Beijada pelas luas de Verão
E chuvas de Inverno
As estrelas foram minhas companheiras
Ao meu primeiro vagido
Eu vim a este mundo
Tentar dar o que Deus me deu
Bondade, carinho, sabedoria
Sou as suas raízes
Na tristeza ou na alegria
É este o meu sentido…
Filha da Natureza
Do mar, das serras, do universo
Dos mistérios, da morte, e da vida
Que vivem dentro de mim
Que quero aprofundar
Para os outros entregar
Esse sentir que dá paz à alma
E quando sentir em pleno, esse bem-estar
O Sol vai reflectir mais esplendor
Junto à luz de Deus
Que vem derramar ao nosso mundo
Mais compreensão, mais ternura e muito amor
Ivone Mendes - Setúbal
ÉDIPO
Sempre ouvi dizer que isto de ser filho único não é lá
grande coisa, ainda por cima se se fica órfão na mais
tenra idade. Sei-o por experiência. Aconteceu-me aos
três anos e o mistério do assassínio ainda hoje permanece
insolúvel.
Clássico. Atiçador de fogão, crânio esfacelado, nem
vestígios nem provas.
Sonho muitas vezes com isso, cada vez é a maior clare-
za.
Esta noite tenho a certeza. Fui testemunha.
Ele, sentado a ler à lareira.
Por detrás, o meu Édipo gigante ergue a arma sem con-
templações.
Já está.
A minha mãe chora de cara lavada, mas a partir daquele
momento. Ficou só para mim.
Joaquim Evónio – (Saudoso Confrade)
Ó MAR
Sem fim!
És infinito mistério de alegria!
És fonte inesgotável!
Contraste/antagónico
Ás vezes trazes,
Outras levas,
Mas quantas vezes lá ficam?!
Vais?! …
Vens?! :::
És o bem?
És o mal?
Demasiado intrigante
Para um simples mortal…
Catarina Malanho Semedo
Amora
Quem VIVE em POESIA
-não tem disponibilidade
(para o resto…)
mas…
se TUDO É POESIA :
-Qual é
o resto ?
Santos Zoio. Paço de Arcos
No passado o Natal.
era vivido com humildade
aqui no Zambujal
e em todas terras em geral
não se exibia a vaidade.
Havia a noite do galo
muitos iam para a igreja
era para o povo um regalo
eu calar não me calo
já há muitos que o não deseja
Vitalino Pinhal - Sesimbra
Confrades da Poesia - Boletim Nr 107 - Fevereiro 2019
Desculpe
Ah!
Desculpe este ar de amar
Este dom de doar.
Desculpe quando te ligo.
E te falo de prazer
Quando te encho de afago
Desculpe este ar inocente
Este jeito demente.
Esta volúpia em amar.
Desculpe quando te chamo
Te beijo
Te abraço
Te aperto.
(É, que meu amor é tanto
que não posso viver sem dizer:
Te amo.)
Desculpe se te sufoco,
Se te toco.
Se te deixo em foco.
Desculpe se te amo tanto assim.
Anna Paes - Brasília
12
«BOCAGE»
Liberdade é só solidão
Se buscas a passagem
Que dá para a liberdade
O teu destino
Tens que a encontrar
dentro de ti
Ou na lanterna do Aladino
Se te sentes perdido
No ocaso deste mundo
Por tudo e nada
Ninguém se perde
Tudo é caminho
O mundo é apenas estrada
E se queres ser luz e farol
Pela tua voz pela tua mão
Tens que saber também
Se queres ser livre
Liberdade é só Solidão
Como começa a estrada
Deves viver a vida
Como quem dança
Faça o amor
O que fizer
Não faças Deus dum malmequer
Se queres beber com a gente
O cálice da vida
Faz-te vizinho
Tens que ter céu
Tens que ter Deus
Dentro do copo do teu vinho
Mas se queres ser luz e farol
Pela tua mão pela tua voz
Se queres ser livre
Tens que saber irmão
Liberdade é só Solidão
Se ouvires dizer que o vento
Leva para longe o verso
que penso e digo
Deixa levar, deixa dizer
O vento é o nosso melhor amigo
Mais que a filosofia
Mais do que liberdade
Com muito mais valor
Há uma valia
Uma verdade
O amor ainda é o melhor
Paco Bandeira - Elvas
ECOS DA PRIMAVERA
Há no teu olhar
Uma Primavera em flor,
Uma oferta d'amor,
Um intenso desejo d'amar.
Há no teu olhar
Andorinhas a caminho
De morarem no fofo ninho
Onde tu sonhas morar.
Há no teu olhar
Um brilho de diamantes,
Um futuro feito d'instantes
Que abrigam o sonho bom de o dar.
Há no teu olhar
Uma fonte jorrando prazer,
Onde só bebe quem souber
Entrar em ti por ele e, ficar.
Quim d’Abreu – Almada
MEU CÂNTICO DE AMOR
Fosse eu um rouxinol te cantaria,
embevecida, em meus trinados belos,
a mais alegre e excelsa melodia
que houvera, a festejar os nossos elos.
Porém, me falta a voz, p’la idolatria
à resposta encontrada aos meus apelos,
que mágica ou divina se diria,
p’los dons que nem ousava concebê-los.
E é tanta a festa a estrelejar no peito
que abafa qualquer hino de emoção,
sufocados a voz e o coração.
E o meu canto de amor assim calado,
explode no teu corpo ao ser beijado
p’las notas que componho em nosso leito!
Carmo Vasconcelos
Lisboa/Portugal
Elevação
Quando o Senhor contemplamos,
Nossa alma e ser elevamos.
Como é a Ele que amamos,
Olhos para Ele tenhamos!
CMO – Qtª do Conde
HOJE...
HOJE...
Dou graças a Deus
Por toda uma vida
já passada,
que me é querida!
Pela esta vida que vivo
no momento.
Cheguei até aqui
pra meu próprio
contentamento
Grato ao Céu
por tanta graça tida.
HOJE...
Sou o que sou.
Sou quem sou!
Valho pouco,
mas, consciente,
não desisto,
Não perco a esperança!
Luto cada dia
para ser melhor.
HOJE...
agradeço quanto recebi.
Sonho, ainda,
um mundo bem melhor!
Sem ambição desmedida...
usufruir justamente
da paz de espírito
Do saber útil!
Da inspiração maior.
HOJE...
quero viver com o próximo
em harmonia!
Dormir tranquilo
consciente do bem que fiz.
Ser solidário,
ajudando quem precisa!
Dedicação sem limites
que não cansa.
Dar alegria aos tristes
sem esperança!
Ser feliz com eles,
dizendo-lhes convicto:
-Estou aqui ao vosso lado
dia-a-dia.
JGRBranquinho
Quinta da Piedade
Confrades da Poesia - Boletim Nr 107 - Fevereiro 2019
13
«BOCAGE»
O Papel das mulheres na igreja
Depois de criar o homem,
Deus o olha com carinho!
Todo o animal tinha par,
Só Adão, estava sozinho.
Deus queria vê-lo feliz
E agiu sem mais demora;
Derramou sobre ele um sono
E formou-lhe uma adjutora,
Não da cabeça do homem,
Para não o governar,
Não foi feita dos seus pés
Para ele não a pisar.
Foi feita então do seu lado
P'ra poder ser amparada,
E perto do coração,
Para por ele ser amada.
Deus quer a mulher sujeita
Ao marido, como ao Senhor,
Como a igreja a Cristo,
Em união e amor.
Também ordena que o esposo,
Seja o chefe da família!
Jesus se submeteu ao pai
E obedeceu sem quezília.
Cristo é o cabeça do homem!
E o homem da mulher!
Deus o cabeça de Cristo,
São as Glórias que Deus quer.
Ambos têm seu valor,
Mas cumprem funções diferentes;
Há no papel das mulheres,
Aspectos muito abrangentes.
A mulher dentro da igreja
Vergonhoso é se falar!
Devem por causa dos anjos,
Um véu na cabeça usar.
Deus não permite mulheres
Pregando à congregação!
Desobedecem a Deus,
E caem em transgressão.
Pois Deus primeiro fez o homem,
E ele não foi iludido!
A mulher sendo enganada,
Fez o que era proibido.
Ambos têm o privilégio
Com o Senhor ter comunhão
Levando ao trono da Graça
O poder da oração.
Como mães é importante,
Os seus filhos ensinar,
No caminho do Senhor,
A ler a Bíblia e orar.
Ensinar outras mulheres,
Com espírito de humildade;
A serem fiéis em tudo,
Principalmente à Verdade.
Não deve ser maldizente,
Deve exercer o perdão;
Vestir-se decentemente,
Ter um carácter cristão.
Tanto homens como mulheres,
Têm um papel bem profundo:
Devem ser o sal da terra
E também a luz do mundo.
Anabela Dias - Paivas/Amora
Um lenço branco
Eu queria um lenço branco
Para dizer adeus
A um sorriso sepultado.
Depois voltar à vida
E beber o quotidiano
Sem tédio, nem solidão.
Sabendo que fenecias
Por que me sorriste assim
Fingindo a Eternidade?!
Maria Vitória Afonso
Cruz de Pau/Amora
Homem quem em dono se arvora
da mulher que desposou
não dignifica a que outrora
o gerou e amamentou
Abgalvão - Fernão Ferro
Noiva Solitária
era um lindo dia que despontava
naquela casa naquele cantinho
a linda menina bem se enfeitava
sonhando com seu novo ninho
seu terno coração enamorado
apenas sentia sonhos de amor
esperava seu principe encantado
na sua mão lindo ramo em flor
rodopiou ao compasso do piano
uma alegre melodia a seu gosto
vestiu o branco vestido de pano
lindo como aquele dia de Agosto
chegou a hora desejada de sair
ao encontro do bem amado seu
à porta da igreja estava a sorrir
entre abraços e beijos era o céu
seguiram para casa já casados
em busca do momento desejado
esperando abraços apertados
ele saira como se tinha enganado
olhando em redor não o enxergou
nem um beijo sequer lhe dera
olhando para o vestido que ficou
chorou lágrimas a dor a vencera
pobre noiva estava desesperada
como fora assim tão iludida
sonhar amor fora abandonada
perdera o amor da sua vida
navegando entre mil abrolhos
aquele amor sido seu primeiro
lamentava da vida os escolhos
aquele belo amor marinheiro.
Rosélia Martins – P.StºAdrião
“Eu gostava de morrer
Um dia no meio do mar
P’ra terra não me comer
E os peixes alimentar”
Silvais – Alentejo
Confrades da Poesia - Boletim Nr 107 - Fevereiro 2019
«POETAS DA NOSSA TERRA»
14
SEM RESPOSTA
Entrei dentro de mim, pra descansar
E pus-me a meditar na minha vida.
Será que foi plo sol por mim vivida
Ou pelo lado escuro do pecar?
Virei-me e revirei-me no repouso
E nem um voar de asa aconteceu.
Não foi a flor da alma, que morreu,
E não pergunto a Deus, que tal não ouso.
Então, gritei bem alto o desespero,
Silêncio desse nada, que não quero,
Ausência do saber, que o homem tem.
Então, tentei pedir, mas com bom modo,
Perdão por qualquer mal, ao mundo todo,
E não tive resposta de ninguém.
Tito Olívio - Faro
Ter amigos virtuais
Eu gosto e não rejeito.
Mas eu gosto muito mais
De ter amigos do peito.
Hermilo Rogério - Paivas
Perto da Madrugada
Uivam os ventos num recanto do jardim,
choro sozinha já perto da madrugada,
pois os castelos com as torres de marfim
foram visão, feneceram, hoje são nada.
Sonhos de outrora, doce cheiro de jasmim
ainda aflora minha face macerada,
mas indiferente passa o tempo...e por fim,
uma lágrima vai caindo envergonhada.
Por tudo aquilo que ao tempo foi cedido
fiquei perdida numa senda sem sentido,
e a alma desvalida me acompanha.
Choro em vão num sofrer despercebido
e no meu reino de quimeras já perdido
aos ventos lanço esta dor assim tamanha!
Natália Parelho Fernandes - Entroncamento
A SEMENTEIRA
Semeei tantos ventos
Nessa monção que por aí passou
Ventos alegres, ventos nossos
Que espero receber a sua colheita
Em passos rápidos e breves.
Nessa esperança vive sempre
Quem mais arrecadou.
Anabela Mestre – Cruz de Pau
QUERER
Quero-te Tanto
E o tempo passou ...
O Outono veio visitar-me ...
Trouxe apenas as folhas
Já envelhecidas caídas
Sem força ...
Perderam todo o Vigor !...
Quero-te Tanto
Que o Tanto foi passando !...
E o Querer esse ?...
Resolveu esconder -se
Tomou o tom Outonal ...
E com Leveza
Amarelado Querer
Vai envelhecendo no tempo...
Tempo que urge no Querer!...
Quero-te Tanto !...
Que não consigo mais
Querer parar o tempo !...
Esperando que um dia
Todo o meu Querer ...
Não se perca no tempo !...
E sem mais ...
Eu fico dizendo para Mim ...
Quero-te Tanto ...
Sem medida e sem Fim !...
MAGUI - Sesimbra
COISAS…
DO TEMPO QUE PASSA
Penso no tempo que passa… e não perdoa,
Em que muitas coisas sucederam… algumas á toa,
Mas todas formando uma vida de que fui gostando…
Muitas, deixaram-me boas recordações,
Outras houve que não passaram de meras ilusões,
Mas todas fazendo parte da vida que está passando.
Também muitas, muitas coisas, eu conheci,
Dalgumas muito gostei, outras houve que nem as vi,
Mas todas elas pertença do meu já longo caminho…
Algumas eram belas flores, apesar de pequeninas,
Outras eram grandes, só que eram ervas daninhas,
Mas todas, boas e más, serviram para compor o destino.
Hoje olho em frente, e já quase vejo o final da estrada,
E nela ainda vejo rochas que me obrigam à sua escalada,
Mas também outro céu azul, prometendo outro lugar…
E mesmo caminhando neste meu passo já arrastado,
Continuo olhando o que me rodeia… para todo o lado,
Para ver a beleza da vida, e dela, poder tudo disfrutar.
… e estas são coisas do tempo que está passando,
São sentimentos com lembranças para recordar,
São coisas do mundo… onde andamos caminhando.
José Carlos Primaz
(Olhão da Restauração)
Eterna Noite
É muito tarde já, e eu sinto a alma opressa
Sozinho no meu quarto aonde a solidão
Transforma sem demora, transforma sem perdão,
Minha vigília triste em noite mais espessa!
E as horas vão caindo; parece que não cessa
O aperto que tortura o meu pobre coração,
Que mansamente reza, a Deus, uma oração
Para que o dia venha e o sol nele apareça!
Para que, enfim, liberte de mim esta amargueza,
Que a solidão me traz em dor que dilacera
E a noite adensa mais em amargura fera!...
Mas ah! Eu sei que Deus não ouvirá a reza,
Que vai do peito meu em pedido bom, puro,
Pedir-lhe que um dia morra lá em Vale Escuro
Nelson Fontes Carvalho – Belverde
PAZ
A paz já não mora aqui
Houve alguém que a levou
E só a lembrança deixou
Num requinte de amor ausente.
Ficaram memórias
Ficou a carta por escrever,
Mas a paz,
Essa,
Já não mora aqui.
Prenúncios de tempos vindouros
Ausências cada vez
Mais tenazes
Porque o tempo avança
Na sua cupidez
E assim vai sendo
Cada vez mais
A paz não mora aqui.
Anabela Mestre – Cruz de Pau
Confrades da Poesia - Boletim Nr 107 - Fevereiro 2019
15
«BOCAGE»
Quota anual 2019 da Rádio Confrades da Poesia em Dia: Amadeu Afonso, Anabela Silvestre Gaspar; Filipe Papança;
Francisco Jordão; João Coelho dos Santos; João da Palma; Lúcia de Carvalho; Silvino Potêncio; Tito Olívio
Confrades da Poesia - Boletim Nr 107 - Fevereiro 2019
«Rádio Confrades da Poesia»
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“RCP” online desde 28/042017 http://www.radioconfradesdapoesia.comunidades.net/
RCP – RÁDIO CONFRADES DA POSIA
. / .
Enquanto você navega pela Internet poderá ser um fiel ouvinte e participativo da nossa RCP que é um espaço criado para o seu
entretenimento Musical e Poético, que estará online 24 horas por dia, sem fins lucrativos.
DJ - Pinhal Dias; fará semanalmente cinco emissões em directo online; poderá acrescer um especial directo...
«Ponto Final»
Feitura do Boletim
O Boletim será sempre colocado à disposição dos nossos leitores mensalmente!
Futuramente os Confrades enviarão os seus trabalhos em word até final do mês a decorrer.
A feitura do Boletim será a partir do dia 1 até ao dia 2, que corresponderá à data de saída...
Os seus poemas devem vir sempre identificados com o seu nome ou pseudónimo e localidade de onde escreve seu poema.
O Tema continua a ser Livre! Para sua orientação sugerimos que consulte as páginas das Efemérides e Normas no site dos Con-frades... Durante o ano corrente, é acrescido do “ESPECIAL NATAL “
http://www.confradesdapoesia.pt/normas.htm
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«A Direcção agradece a todos os que contribuíram
para a feitura deste Boletim».
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Confrades da Poesia - Boletim Nr 107 - Fevereiro 2019