AMAL quer mobilidade mais eficiente até 2020 · AMAL quer mobilidade mais eficiente até 2020 P3....

Post on 19-Jul-2020

1 views 0 download

Transcript of AMAL quer mobilidade mais eficiente até 2020 · AMAL quer mobilidade mais eficiente até 2020 P3....

Autorizado pelos CTT a circular em invólucro fechado de plástico ou papel. Aut. Nº DE00342016RL/CCMS. Pode abrir-se para verificação postal.

Semanário Regional do Algarve

€1,30 | Quinta-feira, 27 outubro 2016 | Ano XLII #2032 | Diretor: Bruno Filipe Pires | barlavento.pt

Almargem alertapara «tsunamide contradições» P15

Museu dePortimão jásoma Amigos P6

Sara

Alv

es

«Ripper Tours»faz sucesso de arrepiar em AlbufeiraAté os mentores da ideia, Nelson Silva, 32 anos, e José Gonçalves, 29 anos, tiveram dúvidas. Fundar uma empresa de viagens turísticas numa antiga carrinha funerária, corria o sério risco de ser «uma aposta idio-ta ou uma ideia genial». Pode pare-cer difícil de acreditar, mas o suces-so tem sido tal que os irreverentes empreendedores já pensam em ex-pandir a frota. De festas de despedi-da de solteiro ou de casado (divór-cios) a aniversários, a «Ripper Tou-rs» é o último grito... P12

Lagos está a afirmar-se no mundodas coleçõesJunta de Freguesia de São Gonçalo repetiu o encontro de colecionismo e alargou o programa. Um vai e vem de curiosos percorreu o Armazém Regimental de Lagos para ver, tentar trocar ou comprar itens colecionáveis como selos, moedas, pacotes de açúcar, carrinhos e latas de bebidas, no sábado, dia 22. O espaço encheu e até foi o local de lançamento de um selo e carimbo de primeiro dia, num posto improvisado dos CTT. P14

Algarve deve acarinharidentidade universitária P8

AMAL quer mobilidade mais eficiente até 2020 P3

8 barlavento.pt | 27OUT2016 | Nº2032RegionAL

Faro e o Algarve têm de assumir uma identidade universitária

«Pergunto-me se alguém já se preocupou em saber o que é que um estudante que vive em Vila Real de Santo António ou em Albufeira tem de fazer para estar no campus de Gam-belas ou da Penha às 8h30 para as aulas?» A questão co-locada por António Branco du-rante um encontro com os jor-nalistas é pertinente, numa al-tura em que a AMAL – Comu-nidade Intermunicipal, assu-me o desafio de solucionar o quebra-cabeças da mobilida-de. E «se olharmos para a rea-lidade percebemos que numa população de 60 mil habitan-tes, a universidade movimen-ta cerca de 10 mil pessoas. É uma percentagem elevadíssi-ma. Isto configura claramen-te Faro como cidade universi-tária», identidade que o reitor desejava que «fosse mais as-sumida do que aquilo que é». E explicou porquê. «Os estu-dantes estrangeiros são quem mais nos manifesta estranhe-za por não terem ciclovias di-retas para os campi. Com este clima, com esta paisagem, com a qualidade que aqui en-contram, estranham como não é possível irem do centro de Faro para qualquer um dos campi em segurança? Como é possível que numa cidade, por onde passam 10 mil pessoas por dia nos dois campi e, cuja maioria não usa carro pró-prio, nós ainda não tenhamos sido capazes de sentar os res-ponsáveis, por exemplo, da CP, da EVA e empresas subsidiá-rias para articularem os horá-rios dos comboios com o dos autocarros urbanos?», voltou a frisar.

Questionado sobre a fal-ta de quartos para estudan-tes em Faro, já que muitos fo-

ram agora convertidos em Alojamento Local para o turis-mo, António Branco conside-rou que os «agentes ativos da cidade» devem perceber que podem transformar este pro-blema «numa oportunidade de negócio» com impacto po-sitivo na economia local.

A UAlg tem hoje 1200 alu-nos estrangeiros de 70 naciona-lidades que representam 15 por cento da população estudantil, e que colocam a academia algar-via na quarta posição no país em termos de proporcionali-dade. «Estamos a proporcio-nar a Faro uma oportunidade de ser uma cidade mais cosmo-polita, se quiser assumir ainda mais uma identidade universi-tária», considerou. Este raciocí-nio é também válido para o Al-garve, embora o reitor lamente que «a região, em aspetos muito básicos e evidentes, não conse-gue compreender a importân-cia que a sua universidade tem, nem a importância de dar qua-lidade» de vida à comunidade académica.

Dotação insuficienteTambém não foi surpresa para os jornalistas que o Orçamen-to de Estado (OE) para 2017 não agrada ao reitor. «Não posso deixar de dizer que a dotação da Universidade do Algarve é manifestamente in-satisfatória», sublinhou. Em 2010, «o ano de transição para a crise, tivemos cerca de 40 milhões de euros. Para 2017 vamos ter uma dotação de 33 milhões», esclareceu António Branco. «A aplicação do me-morando da troika implicou cortes em todo o sector públi-co. Isso já acabou, e portanto há a expectativa que nos vol-temos a aproximar de algu-

ma maneira de valores de do-tação que correspondam àqui-lo que o país e que a universi-dade precisam. Ainda estamos muito longe», disse.

Ainda assim, entre o ano letivo passado e o presente, houve um aumento de 2,5 por cento na dotação que serão «absorvidos por um dispositi-vo legal que nos obriga a repor os vencimentos a partir deste último trimestre» por inteiro.

Também as consequências do desinvestimento do Esta-do no ensino superior «são as mesmas que têm vindo a acon-tecer. Esta verba é insuficien-te para pagar despesas com pessoal» pois só cobre 75 por cento. O reitor soma as alter-nativas que tem para «tentar ir garantido algum equilíbrio orçamental. É muito simples. As propinas e o esforço das fa-mílias, as receitas de projetos que dependem das candida-turas que fizemos e que ainda assim não são aplicáveis às ne-cessidades básicas da univer-sidade. As prestações de servi-ços e pouco mais», enumerou.

«Não estamos a fazer in-vestimento quase nenhum, nem manutenção do patrimó-nio edificado. Vamos fazendo remendos. Não temos a possi-bilidade de renovar o equipa-mento tecnológico que vai fi-cando obsoleto. E vamos con-tinuar a pedir a todas as pes-soas que aqui trabalham ní-veis de contenção enorme».

«Serei tentado a dizer que em Portugal já nos habitua-mos à palavra crise. Já se nor-malizou. A consequência disto é percebermos até quando é que nós aguentamos, enquan-to coletivo, este nível de crise em que vivemos e em que es-tamos a normalizar coisas que não são muito normais», disse o reitor.

Bruno Filipe Pires | bruno.pires@barlavento.pt

As praxes, as contas da academia, a dotação orçamental e o curso de medicina foram alguns dos vários temas à mesa do «encontro com os media» que o reitor da Universidade do Algarve (UAlg) organizou na manhã de sexta-feira, 21 de outubro. Acima de todas as dificuldades, António Branco quer que Faro e a região entendam a importância da Universidade

Este ano, o aumento das impopulares propinas foi tra-vada pelo Conselho Geral. O impacto não foi trágico gra-ças ao «aumento muito signi-ficativo de estudantes inter-nacionais, que têm uma pro-pina diferenciada, mais cara, que ajudou a ultrapassar uma parte do problema». Entraram 185 novos alunos em full time para licenciaturas. Em rela-ção às contas do ano passado, nada ficará em dívida, e serão fechadas graças a «uma ginás-tica terrível».

Dinâmicas de procurae oferta«Não tenho a certeza ainda que haja alguma área condenada na Universidade do Algarve. É evidente que há um problema nas engenharias, que é nacio-nal» frisou, deixando claro que «não há nenhum curso com zero alunos. O curso de enge-nharia civil que tem sofrido sistematicamente esse proble-ma, está neste momento, a re-cuperar através dos estudantes estrangeiros». Para o reitor é uma prova «que a estratégia de internacionalização para a cap-tação de alunos para áreas em que há massa crítica instalada, equipamentos, professores, in-vestigação, mas com poucos alunos, pode vir a resultar». Ainda sobre a oferta formativa, António Branco explicou que o curso de Ciências do Mar, foi renovado e acreditado dando origem a uma nova licenciatu-ra em Gestão Marinha e Costei-ra. «Vemos aí uma oportunida-de de recuperar alunos numa área que é estratégica para a universidade, para a região, e para o país» Na verdade, o cur-so de Ciências do Mar estava a perder candidatos. «Uma ex-plicação sociológica interes-sante que ouvi, é que ao lon-go de muitos anos, o sector das pescas e de tudo o que está li-gado ao mar, foi um sector de grande pobreza no Algarve. E portanto, as famílias que en-tretanto ganharam condições para pôr os seus filhos a estu-dar, ainda associam esta área à pobreza. Foi uma ideia que os professores do ensino secun-dário passaram aos nossos. E repare, está a acontecer o mes-mo com a agronomia. Suspeito que poderá haver razões deste tipo. Há clara falta de engenhei-ros agrónomos e o desenvolvi-

mento agroalimentar no país, é aliás, um dos eixos da estra-tégia Portugal 2020. Mas não tem sido fácil convencer as fa-mílias que é uma profissão que não conduz à pobreza», expli-cou o reitor.

Medicina de boa saúdeO curso de medicina da Uni-versidade do Algarve, segun-do António Branco «está a correr muito bem». A contes-tação de que foi alvo no iní-cio «é como aquelas crian-ças que quando nascem têm de resistir aos virus e às bac-térias. Isso também dá a es-tas crianças uma força di-ferente em relação às que não têm que resistir a ata-ques externos», metaforizou. «Acho que essa história, esse tipo de pressões, já não têm nada a ver com o que acon-teceu no início, até porque já formámos muitos diplo-mados que estão nos hospi-tais. E portanto, já se come-ça a perceber que são médi-cos como os outros, com as mesmas qualificações e qua-lidades», rebateu. «Quando tomei posse disse aos meus colegas de Medicina que va-lorizássemos pouco a ques-

tão das pressões e valorizás-semos muito a formação dos médicos, porque eles seriam a demonstração concreta que esta escolha da Universi-dade do Algarve iria dar re-sultado. Temos médicos em internato e outros a fazer es-pecialidades e não há discri-minação nenhuma do nossos diplomados», garantiu.

Numa semana em que o ministro da Saúde sublinhou que o Algarve vai precisar de um hospital central univer-sitário, será esta declaração uma garantia que o curso está para ficar? «Temos tido mui-tos contactos e há uma estra-tégia política muito clara que retoma a ideia que esteve na base da criação do curso de Medicina», no Algarve, disse António Branco, que fala em «renovação da energia».

«Temos de dar vários sal-tos de qualidade. A colabora-ção com a administração do CHA é a melhor possível. Pela primeira vez, faz parte uma professora do nosso curso, e há uma ligação muito próxi-ma. Esse objetivo é desejável para o Algarve e para o país. Creio que temos condições para o atingir» no futuro.

Brun

o FI

lipe

Pire

s