Alfabetização um desafio constante

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Apresentação sobre minha mudança de prática pedagógica a partir da conclusão do Curso PROFA.

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Alfabetizar: um desafio constante e

apaixonante!Roberta Trezza S. Souza

Professora da Rede Particular por 5 anosProfessora da Rede Municipal há 13 anos

Pedagogia e Especialização em Educação InfantilParticipação no Curso PROFA (Programa de Formação de Alfabetizadores)Participação em diversos Cursos de Formação Continuada promovidos pela

Secretaria de Educação

Receita de Alfabetização (Marlene Carvalho)

Ingredientes1 criança de 6 anos1 uniforme escolar

1 sala de aula decorada1 cartilha

Modo de PreparoPegue uma criança de 6 anos,

limpe bem, lave e enxágue com cuidado.

Enfie a criança dentro do uniforme e coloque-a

sentadinha na sala de aula (decorada com motivos

infantis).

Nas 8 primeiras semanas, sirva como alimentação exercícios de

prontidão.

Na 9ª semana, ponha a cartilha nas mãos da criança.

Atenção!!!Tome cuidado para que ela não se

contamine com o contato de livros, jornais, revistas e outros

materiais impressos.

Abra bem a boca da criança e faça com que ela engula as vogais. Depois de digeridas as vogais,

mande-a mastigar uma a uma as palavras da cartilha. Cada palavra deve ser mastigada no

mínimo sessenta vezes. Se houver dificuldade para engolir, separe as palavras em pedacinhos.

Mantenha a criança em banho-maria durante 4 meses, fazendo exercícios de cópia. Em seguida,

faça com que a criança engula algumas frases inteiras. Mexa com cuidado para não embolar!

Ao fim do 8º mês, espete a criança com um palito, ou melhor, aplique uma prova de leitura e verifique se ela

devolve pelo menos 70% das palavras e frases engolidas.Se isso

acontecer considere a criança

“Alfabetizada”! Enrole-a num bonito papel de presente

e despache-a para a série seguinte.

Se isso não acontecer se a criança não devolver o que lhe foi dado para engolir, recomece a receita

desde o início, isto é, volte aos exercícios de prontidão. Repita a receita quantas vezes for necessário. Se não der resultado, ao fim de 3 anos enrole a criança em um papel pardo e

coloque um rótulo:

ALUNO REPETENTE!

Assim eu fazia até cursar o PROFA...

E, apesar de trabalhar com turmas de 33 alunos, conseguia “alfabetizar” a maioria. Em média, ficavam 3 “reprovados” por ano.

No entanto, eu sentia que “faltava algo” e com muito esforço, estudo e dedicação fui descobrindo um nova forma de alfabetizar.

Tentarei, então mostrar através de exercícios práticos o que aprendi ao longo desta caminhada de 18 anos em sala de aula

"Aprendi muito com meus mestres, mais com meus companheiros e mais ainda com os

meus alunos." (Provérbio Judaico)

Metodologia Adotada

Parte das palavras ou textos e analisa seus componentes (frases, sílabas e letras) para, em seguida, recriar os textos;

A compreensão do significado dos textos é mais importante do que a memorização;

O aluno tem sempre um problema a resolver. Isso permite que ele coloque em jogo tudo o que sabe para descobrir o que não sabe.

Processo

Inicialmente o aluno escreve “do seu jeito” e vai progredindo até chegar às formas convencionais.

Utiliza a leitura e a interpretação de textos variados, jogos com letras, palavras e frases.

No início, predomina a letra bastão e, ao tempo certo, muda-se para a cursiva.

Sondagem Constante

O aluno recebe as atividades de acordo com a sua hipótese no momento. Respeita-se assim o processo individual de cada um.

Montamos um Portfólio do Desenvolvimento da Escrita, que nos dará subsídios para planejar as atividades e agrupamentos produtivos.

Materiais Trabalho intenso com os

nomes das crianças, destacando as letras iniciais e finais, atividades variadas com fichas, crachás e alfabeto móvel.

Contato com farto material escrito: revistas, jornais, cartazes, livros, jogos, rótulos, embalagens, textos do professor e dos alunos, músicas, poesias, parlendas, entre outros.

Observação e audição de atos de leitura e escrita.

O Professor é aquele que...

Intervém no momento certo do processo de aquisição da leitura e escrita da criança.

É um acolhedor, provocador e observador.

Avalia o aluno de acordo com seu processo individual, observando-o diariamente e não somente em datas especiais.

O Aluno...

Tem liberdade para desenhar, criar histórias, testar suas hipóteses, registrar suas ideias e interpretar as diversas formas da escrita.

É estimulado desde o início a sentir-se um leitor e produtor de textos

E após muito estudo... Aprendi uma nova receita!

Mas, não pensem que foi fácil... Foi necessário rever todos os meus conceitos, quebrar os meus paradigmas,

“brigar” com pais, direção, coordenadores e até, alguns colegas da escola.

E acima de tudo: ESTUDAR MUITO!!!!!!

Mas, tenho certeza que valeu a pena!!!

Alfabetização sem Receita Pegue uma criança de seis

anos mais ou menos, no estado em que estiver, suja ou limpa, e coloque-a numa sala de aula onde existam muitas coisas escritas para olhar, manusear e examinar.Sirva jornais velhos, revistas, embalagens, anúncios publicitários, latas de óleo vazias, caixas de sabão, sacolas de supermercado, enfim, tudo o que estiver entulhando os armários de sua casa ou escola e que tenha coisas escritas.Convide a criança para brincar e ler, adivinhando o que está escrito. Você vai descobrir que ela sabe muita coisa!

Converse com a criança, troque ideias sobre quem são vocês e as coisas que gostam ou não. Depois escreva no

quadro algumas coisas que forem ditas e leia para ela.Peça à criança que olhe as coisas escritas que existem por aí,

nas ruas, nas lojas, na televisão. Escreva algumas dessas coisas no quadro.

Deixe a criança cortar letras, palavras e frases dos jornais e revistas. Não esqueça de pedir para que ela limpe a sala depois, explicando que assim, a escola fica limpa.

Todos os dias leia em voz alta alguma coisa interessante: historinhas, poesia, notícia de jornal, anedota, letra de música, adivinhação, convite, mostre numa nota fiscal algo que você comprou, procure um nome na lista telefônica. Mostre também algumas coisas escritas que talvez a criança não conheça: dicionário, telegrama, carta, livro de receitas.Desafie a criança a pensar sobre a escrita e pense você também.

Quando a criança estiver tentando

escrever, deixe-a perguntar ou ajudar o

colega. Aceite a escrita da criança. Não se

apavore se a criança estiver “comendo

letras”. Até hoje não houve caso de

indigestão alfabética!

Invente sua própria cartilha, selecione palavras, frases e textos que tenham a ver com a realidade e interesse da criança. Monte “Álbuns temáticos” como o “Bichonário”, por exemplo. Use sua capacidade de observação, sua experiência e sua imaginação para ensinar a ler.

Leia e estude sempre!  

(Adaptado de: Carvalho, Marlene. Alfabetização sem receita e receita de alfabetização.

In: Carpe diem. Belo Horizonte,Centro de Aperfeiçoamento de Profissionais da Educação.

Ano IV, jan./fev. 1994.)

Agradeço a oportunidade de compartilhar com vocês, um pouquinho deste desafio apaixonante

que é a ALFABETIZAÇÃO!

Se precisarem, podem me contactar para

trocarmos ideias, pois, de fato, acredito que é

só assim que aprendemos!

roberta.trezza@gmail.com

Orkut: Roberta Trezza