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1-1

Introdução ao Magnetismo

Alberto Passos Guimarães

Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas

IV Escola Brasileira de MagnetismoSão Carlos, 24/11/2003

apguima@cbpf.br

1-2

RoteiroParte I

1. O fenômeno do magnetismo2. Momento angular e magnetização3. Momentos magnéticos localizados

Parte II

4. Magnetismo em metais5. A curva de magnetização6. Mecânica estatística e magnetismo7. Magnetismo e dimensionalidade8. Unidades

1-3

Parte I

1-4

Cientistas dizem que fim de semana será de muitas alterações na atmosfera

Meteorologistas finlandeses anunciaram que a Terra foi atingida ontem à noite por novas tempestades solares. O fenômeno confundiu satélites e provocou auroras boreais até o sul dos Estados Unidos. A previsão dos cientistas é de que o fim de semana será de muitas alterações na atmosfera. As tempestades solares são causadas pelo encontro de partículas eletricamente carregadas do sol com o campo magnético da Terra. Suspeita-se que, em outubro, elas teriam sido responsáveis por um blecaute que prejudicou 50 mil pessoas na Suécia.

Jornal NacionalJornal Nacional21/11/2003

1-5

Manchas solares e campos magnéticos

Imagens do Sol em 20/11/03: 1) Imagem com 612 nm, 2) Campos magnéticos

1-6

Escalas dos fenômenos magnéticos

Sistemas físicos com dimensões muito diferentes apresentam propriedades magnéticas

Galáxia M51: as barras indicam direção e intensidade do campo magnético

Elétron

1-7

Escala dos campos magnéticos

10-1210-1010-810-610-410-2100 102 104 106 1081010

galá

xia

cora

ção

ímãs

per

man

ente

s

mai

or c

ampo

exp

erim

enta

l

estre

las

de n

êutro

ns

cam

po n

o nú

cleo

do

Fe

Terra

cére

bro

Campo magnético (T)Os campos magnéticos observados no Universo variam numa ampla escala

1-8

Magnetismo e corrente elétrica

Linhas de força do campo devido a fios transportando corrente, visualizadas com limalha de ferro (M. Faraday (Phil. Trans. (1852))

1-9

Gravação magnética

A gravação magnética é uma das mais importantes aplicações práticas do magnetismo

Densidade dobrou a cada 2 anos desde os 1950s!

1-10

Magnetismo e seres vivos

Bactérias magnetotáticasapresentam pequenos cristais magnéticos

Tipos de cristais encontrados em bactérias

1-11

Portadores e interação no magnetismo

•O magnetismo da matéria surge essencialmente dos elétrons, que contribuem com dois termos: orbital e de spin.

•Os sistemas relevantes para o magnetismo são aqueles nos quais existem a) átomos com camadas eletrônicas incompletas, b) elétrons de condução.

•A ordem magnética surge da interação de troca (ou intercâmbio), interação de origem eletrostática.

1-12

1. O fenômeno do magnetismoUm campo magnético existe quando um objeto com carga elétrica q e velocidade v sofre a ação de uma força (Força de Lorentz) dada por:

BvF ×= q

A Lei de Ampère relaciona a densidade total de correntes Jtcom o campo B:

trot JB 0 µ=

Uma corrente i que circula num circuito de área A produz um dipolo magnético de momento m:

n é o vetor unitário da direção perpendicular à área A.

nm ˆiA=

1-13

A magnetização M é dada pela soma de momentos de dipolo, dividida pelo volume V:

∑=i

i V/mM

O momento de um elemento de volume é

dzdydxMdm =

Podemos associar uma corrente i’ a m

i'dxdydmA'im == ;

Mdzi'Mdvdm =→=

dyM'J

'dA'i

dydz'i

===A corrente i’ (figura) por unidade de área:

1-14

A componente x da densidade de corrente fica

dyM

dyM'J x

21 +−=

Como

)dyy(MM);y(MM +== 21

yM

yM'J z

x ∂∂

=∂∂

=dy

)dyy(Mdy)y(M'J x

++−=

zM

yM'J yz

x ∂

∂−

∂∂

=Repetindo o procedimento para a componente My obtemos outro termo:

1-15

Juntando as componentes x, y, z, resulta

MJ rot' =

O campo B resulta das correntes usuais i e das correntes i’(amperianas)

Aplicando a Lei de Ampère:

)'(rot JJB +µ= 0 Eliminando J’

µ= MBJ

0

rot

Finalmente, a relação entre B, H e M

( )MHB +µ= 0 (µ0 = 4π×10-7 H m-1)

1-16

Se M é proporcional a H num dado meio,

HB µ=

e µ é a permeabilidade do meio.

A permeabilidade relativa µr é definida em relação à permeabilidadedo vácuo µ0

0µµ=µ /r

A suscetibilidade é definida por

H/M=χ

Com

χ+=µ 1rH/B=µ

1-17

Campo de desmagnetização

É o campo que surge da descontinuidade de M. O campo H total é

MHHHH dd N−=−= 00

1/3-Esfera

02Cilindro longo

0,042Cilindro(l/d=5)

0,272Cilindro(l/d=1)

02Plano

1zPlano

NdDireçãoForma

No caso geral, Hd varia de ponto a ponto e Nd é um tensor. No caso de amostra elipsoidal e isotrópica, Nd é o fator de desmagnetização

1-18

2. Momento angular e magnetização

Uma carga –e percorrendo umcírculo com freqüência angularω tem momento magnético µ: 22

222 rererI ω

πωππµ −

=−

==

O momento angular (nesse caso, orbital) é

vL emr×=

A relação entre momento angular e magnético é portanto

Lµeme

2−

=

1-19

Se escrevermos o momento em função domomento angular total J=L+S, teremos

Jµ hγ= (γ - razão giromagnética)

1gfator ou =µγ= B/hpuro orbitalangular momento 2 em/e−=γ

2gfator ou =µγ= B/hpurospin deangular momento em/e−=γ

eB m

e2

h=µ Bohr) de(magneton T J10279 -124−×=µ ,B

Um elétron que só tenha momento angular de spin (γ=-e/me )tem um momento magnético igual a 1 magneton de Bohr

1-20

Classificação geral dos materiais quanto ao magnetismo

•Diamagnéticos: repelidos por uma região de campo mais intenso

•Paramagnéticos: atraídos por uma região de campo mais intenso

•Ferromagnéticos: fortemente atraídos por uma região de campo mais intenso

Diamagnéticos: χ< 0: tipicamente χ ~ -10-6 µ r<1 Paramagnéticos: χ > 0: tipicamente χ ~ 10-5 µ r>1Ferromagnéticos:χ>> 0: tipicamente χ ~ 104 µ r >>1

1-21

Um elétron num campo magnéticotem energia dada por

BmgE sBM µ=⋅−= Bµ 21 /ms ±=

A hamiltoniana de um átomo com Z elétrons é dada por

∑=

+=

Z

ii

e

i Vmp

1

2

0 2H

Na presença de um campo B

BSAp⋅µ+

+

+=∑

=B

Z

ii

e

i gVm

]e[1

22

2H

1-22

Com o campo B ligado ao potencial vetor A por

2 r;rot ×

==BAAB

Usando

LBprBrBp h⋅=×⋅=×⋅ ∑∑ ii

Z

ii

Z

ii

Resulta

( )22

1

2

82 ∑∑ ×+⋅+µ+

+=

=

Z

ieB

Z

ii

e

i

me)g(V

mp rBBLSH

1-23

3. Momentos magnéticos localizados

DiamagnetismoO diamagnetismo é um efeito observado em qualquer amostra. Noscasos em que não há paramagnetismo ou ferromagnetismo, ele épredominante. O diamagnetismo pode ser ilustrado classicamente empregando a Lei de Lenz, mas de fato é um efeito quântico.

O diamagnetismo resulta do último termo da hamiltonianaacima. Com o campo B paralelo a z, (B x r)=B(-y, x, 0)

)yx(B)r( ii2222 +=×B

A variação da energia com a presença do campo é

∑ >+<=∆Z

iii

e

|)yx(|mBeE 00

822

22

1-24

∑ ><=∆Z

ii

e

|r|mBeE 00

122

22

A magnetização pode ser calculada da energia livre F (vide Parte II)

∑ ><−=∂∆∂

−=∂∂

−=Z

ii

e

rmBNe

BE

VN

BFM 2

2

6

A suscetibilidade diamagnética fica portanto

∑ ><µ

−==χZ

ii

e

rm

NeH/M 202

6

1-25

Diamagnetismo: exemplo

Diamagnetismo: levitação de uma rã (Geim 1996)

1-26

Momento atômico totalz

m’

m

mJ

mS

mL

z

S

L

J

Dois termos do momento magnético

Sµ BS µ2−=Lµ BL µ−=

Como os fatores g são diferentes, o momento magnético total não tem a direção do momento angular total µ, que pode ser escrito:

'µµµ += J

A parte paralela a J é escrita

Jµ BJ gµ−=

1-27

Da figura, pode se obter

||2

||||

JJS

JJLµ ⋅−

⋅−= BBJ µµ

Usando

)(21 222 LSJ −+=⋅JS)(

21 222 SLJ −+=⋅JL e

ResultaJµ BJ gµ−=

Com

)1(2)1()1()1(1

++−+++

+=JJ

LLSSJJg )1(|| += JJg BJ µµe

g - fator de Landé

1-28

Paramagnetismo

A interação de um momento µJ com um campo B é dada por

Bµ ⋅−= JH

Com energias

BMgE JBM µ=

As probabilidades de ocupação dos estados rotulados por J são

∑ −

−=

JM

J

J

)kT/Eexp()kT/Eexp(

)M(PM

MJ

1-29

Para o caso J=1/2, as energias são

BEBE

B

B

µ−=µ+=

1

2

As frações de elétrons com spin -1/2 e +1/2 são

kT/BkT/B

kT/B

BB

B

eee

NN

µ−µ

µ

+=1

kT/BkT/B

kT/B

BB

B

eee

NN

µ−µ

µ−

+=2

21 NNN +=

A magnetização é

)NN(V

)NN(V

M BBB 212111

−µ=µ−µ=

kT/Bx Bµ=Ou, substituindo x:

xx

xx

BkT/BkT/B

kT/BkT/B

B eeeeN

VeeeeN

VM

BB

BB

µ−µ

µ−µ

+−

µ=+−

µ=11

1-30

µµ=µ=kTBtghn)x(tghnM B

BB

No caso geral, para J qualquer, a magnetização é

)x(JBngM JBµ=

Onde BJ(x) é a função de Brillouin:

)xJ

(ghcotJ

]x)J

[(ghcot)J

()x(BJ 21

21

211

211 −++=

Como x para J qualquer é igual a

kT/JBgx Bµ=Nas situações em que

1<<µ

=kTJBgx B

1-31

ou seja, alta temperatura ou baixo campo, pode se aproximar

...xx

)x(ghcot ++=3

1

xJ

J)x(BJ 31+

A magnetização fica

kTB)J(JngnM Bz

J 3122 +µ

>≈µ<= )x(JBg JBzJ µ>=µ<de

E a suscetibilidade

TC

BM

HM

=∂∂

µ=∂∂

=χ 0

)J(JngC B 1220 +µµ=Com C dado por

C é constante de Curie

1-32

Paramagnetismo: exemplo

Momento magnético de sais de Gd, Fe e Cr, em função de B/T α x.

1-33

Ferromagnetismo

Paramagnetismo:

>µ<= zJnM)x(JBg JB

zJ µ>=µ< kT/JBgx Bµ=

Ferromagnetismo: além do campo aplicado B, temos um campomédio Bm devido aos outros momentos magnéticos. No caso mais simples (campo molecular) Bm é proporcional à magnetização.

kT/)BB(Jg'x mB +µ=

)'x(JBngnMB JBzJm µλ>=µ<λ=λ= Eq. 2-1

Eq. 2-2kT/nJg'x zJB >µ<λµ=Para B=0, x’ fica:

1-34

Da Eq. 2-1

)'x(JBg JBzJ µ>=µ<

Da Eq. 2-2

kT/nJg'xzJB

zJ >µ<λµ>=µ< Eq. 2-3

Para se obter a curva de momento versus campo énecessário resolver o sistema de equações acima.

1-35

Podemos calcular a temperatura para a qual a magnetização se anula – a temperatura de Curie.

Para pequenos valores de x’

'xJ

J)'x(BJ 31+

≈ kT/nJg'x zJB >µ<λµ=com

Substituindo na expressão do momento magnético

'xJ

JJg)'x(BJg BJBzJ 3

1 +µ≈µ>=µ<

Usando a Eq. 2-3

kT/nJg'x'x

JJJg

BB λµ

=+

µ3

1

Resolvendo para T:

k)J(JngT B

C 3122 +λµ

= TC é a temperatura de Curie

1-36

Ferromagnetismo: exemplo

Magnetização e 1/suscetibilidade do Gd metálico

2-37

Resumo – Parte I

1. O magnetismo está presente em todas as escalas de tamanho e em muitos fenômenos naturais

2. Os materiais devem suas propriedades magnéticas essencialmente aos momentos orbital e de spin dos elétrons. A ordem magnética se deve a uma interação eletrostática (troca).

3. O campo B é devido à soma dos efeitos de H e de M

( )MHB +µ= 0

4. A classificação mais ampla de materiais é: diamagnéticos, paramagnéticos e ferromagnéticos

5. O paramagnetismo pode ser descrito de forma semi-clássica (Brillouin) e o ferromagnetismo pode ser descrito com modelo de campo molecular (Weiss)

2-38

Parte II

2-39

4. Magnetismo em metais

Os momentos magnéticos nos metais não são dados por númerosinteiros de magnetons de Bohr

-0.105-0.28-0.21Momento 4s

0.6201.992.39Momento 3d

0.6161.7152.216Momento total

NiCoFe

(Wohlfarth 1980)

2-40

Formação de bandas ou faixas

Energias disponíveis para os elétrons do Fe metálico versus separação entre átomos.

2-41

Paramagnetismoelétrons livres

≠0

do gás de

Densidade N(E) para B=0 e B

212

3

2

24 EhmV)E(N e

π=

Elétrons livres contidos num volume V têm estados disponíveis de energia E dados pela densidade de estados N(E):

2-42

Integrando sobre todos os estados ocupados até a energia máxima (EF) achamos o número total de elétrons N:

2323

20

243

8 /F

eEE

hmVVdE)E(NN F

π

π== ∫

Número de elétrons por unidade de volume

V/Nn =Número de elétrons com spin para cima e para baixo

dE)E(ndE)BE(nnBEE

B BBFF

B∫∫

µ+

µ−↑ =µ+=02

121

dE)E(ndE)BE(nnBEE

B BBFF

B∫∫

µ−

µ↓ =µ−=02

121

2-43

Magnetização do gás de elétrons

Magnetização:

)nn(M B ↓↑ −µ=

dE)E(ndE)E(n)nn(MBE

BE

BBBF

BF

∫∫ µ−

µ+

↓↑ +µ=−µ=0

021

dE)E(nBE

BEBBF

BF∫

µ+

µ−µ=

21

Para µBB/ EF pequeno a integral é igual ao integrando no ponto EF vezes 2 µBB, e M fica

)E(nBM FB 2µ=

2-44

O critério de Stoner

Interação entre a magnetização do gás e o campo molecular:

21

21

21 22 )nn()nn()nn(E BBBm ↓↑↓↑↓↑ −λµ−=−λµ−µ−=⋅−= BM

)nnn( ↓↑−λµ−= 421 22

B

O termo que envolve n↑n↓ é

↓↑= nUnE 2 2BU λµ=com

2-45

Variação da energia magnética de B=0 para B≠0

22

21

4122 )nn(UnUnUnEm ↓↑↓↑ −−=−=∆

Variação da energia cinética

E)nn(Ek δ−=∆ ↓↑21

Variação total da energia

E)nn()nn(UEEE kmT δ−+−−=∆+∆=∆ ↓↑↓↑ 21

21 2

2-46

Usando

)nn(E)E(n F ↓↑ −=δ

Obtemos

[ ] )]E(Un[)E(Un)nn(

)E(UnU)nn(E F

FFT −

−=−−−=∆ ↓↑

↓↑ 12

1121 2

2

Donde

0M para mínimo é 01 =∆→>− TF E)]E(Un[Se

0M para mínimo é 01 ≠∆→<− TF E)]E(Un[Se

Finalmente

01 <− )E(Un FCritério de Stoner

2-47

Modelo Stoner

Campo total agindo sobre os elétrons (hipótese de campo molecular)

MBBB ext λ+== ↓↑

Com Bext=0

)nn(MBB B ↓↑↓↑ −λµ=λ==

Bn)nn('k

BBµ−θ

−= ↓↑↓↑

kn' B

2µλ=θ

As energias das sub-bandas no campo molecular são

n)nn('k

EE k↓↑

−θ−=

n)nn('k

EE k↓↑

−θ+=e

2-48

Introduzindo a função de Fermi-Dirac f(E) para dar conta da variação da ocupação dos estados com T,

11

+µ−=

]kT/)Eexp[()E(f

os números de elétrons com spin para cima e para baixo ficam

dE)n/)nn('kBE(f)E(nn B∫∞

↓↑↑ −θ−µ−=0 02

1

dE)n/)nn('kBE(f)E(nn B∫∞

↓↑↓ −θ−µ+=0 02

1

EscrevendoBn/Mn/)nn( µ=−=ζ ↓↑

Obtemos para o número total de elétrons

µ+ζθ−

+

µ+ζθ

=

kT'kF

kT'kF

EkTn

/

F

23

43

2-49

Finalmente, a partir do número de elétrons com spin para cima e para baixo, obtemos a magnetização no modelo Stoner

µ+ζθ−

µ+ζθ

µ=

kT'kF

kT'kF

EkTnM

/

FB

23

43

Curvas de M(T/TC) calculadas numericamente para diferentes valores do parâmetro de campo molecular λ (ou θ’).

2-50

5. A Curva de Magnetização

O registro da magnetização M fazendo variar H de +Hmax até-Hmax e de volta até +Hmax, é chamado ciclo de histerese.

GAm-1ODMrRetentividade(remanência)

OeAm-1OEHCCoercividade(força coerciva)

CGSSIGrandeza

2-51

O processo de magnetização

Curva de magnetização virgem: três regiões, caracterizadas por diferentes mecanismos físicos:

1) aumento da magnetização por deslocamento reversível de paredes de domínios,

2) magnetização por deslocamentos irreversíveis das paredes, e

3) rotação da magnetização (reversível e irreversível).

2-52

Materiais Magnéticos de Uso Prático

MateriaisMagnéticos

Maciosaços baixo carbono

ligas ferro-silícioligas ferro-cobalto ligas níquel-ferro

amorfos nanocristalinos ferritas macias

Materiais Magnéticos

MateriaisMagnéticos

DurosalnicoSmCo5

Sm(CoCuFeZr)7Nd2Fe14BR2Fe17N3

ferritas duras

MateriaisMagnéticos

Intermediários

γ-Fe2O3CrO2

Co-γ-Fe2O3ferrita de bário

Hc<103 Am-1 Hc>104 Am-1

2-53

Coercividade e anisotropia de alguns materiais

2-54

6. Mecânica Estatística e Magnetismo

magB

magB

EBE

EBE

−=µ−=

+=µ+=

1

2Energia de um spin ½ nocampo B

A energia total do sistema de N spins é

magmagmag

N

ii E)p(E)NN(ENEE −=−−==∑ 111 N/Np 1=

O número total de arranjos dos N spins é dado pelo peso estatístico

!!!

)NN(NN)N(

111 −=Ω

2-55

Podemos definir o grau de desordem de um sistema pela entropia S

Ω= lnkS

Substituindo a expressão de Ω, obtemos para a entropia S

!!!

)NN(NNlnk)N(S

111 −=

A temperatura é definida pela derivada (E é a energia)

TES

V

1=

∂∂

Podemos expandir o fatorial usando a fórmula de Stirling

NNlnNNln −≈!

2-56

A entropia S fica então

)]NNln()NN(NlnNNlnN[k)N(S 11111 −−−−=

Usando a definição de temperatura

−=

∂∂

∂∂

=magEN

NNlnkEN

N)N(S

T 211

1

11

1

1

Depois de uma manipulação algébrica, obtemos a fração de elétrons com spin para cima, o mesmo resultado obtido na Seção 3, usando a função de Boltzmann

xx

x

eee

NNp −+

== 1

2-57

O denominador é a função de partição Z

xx eeZ −+=Cuja forma mais geral é

∑∑ β−− ==m

E

m

kT/E mm eeZ com

A energia livre F pode ser definida a partir de Z

kT/1=β

ZlnkTF −=

Para um sistema cuja magnetização tem valores Mm, interagindo com um campo B, a função de partição Z é

∑ −β−=m

)BM( meZ

2-58

A soma é feita sobre os estados m. A magnetização M (média térmica) é calculada usando Z:

BZlnkt

BZ

ZeM

ZM

m

)BM(m

m

∂∂

=∂∂

β== ∑ −β− 11

Substituindo a expressão

ZlnkTS −=

Chegamos ao resultado da média térmica de M:

BSM∂∂

−=

2-59

7. Magnetismo e Dimensionalidade

As propriedades magnéticas das amostras dependem da sua dimensionalidade, isto é, se estas se apresentam como um sólido de três dimensões, ou se, ex., apresentam-se como um filme fino (bidimensional). Nas amostras não volumosas, uma ou mais das suas dimensões podem ter grandeza mesoscópica ou nanoscópica. A dependência com dimensionalidade é especialmente importante quando as dimensões menores se aproximam das dimensões dos domínios, ou mais além, quando são da ordem das dimensões atômicas.

Segundo a dimensionalidade, as amostras são

a) granulares (quase zero-dimensionais);b) nanofios (unidimensionais);c) filmes finos (bidimensionais);d) volumosas ou massivas (tridimensionais).

2-60

Momentos magnéticos e dimensionalidade

Momentos magnéticos de Ni e Fe em µB:

2,272,963,34,0Fe0,560,681,12,0NiTrêsDoisUmZeroD

Momentos magnéticos de Ni e Fe em µB para diferentes dimensões: zero (átomo livre), um (cadeia de átomos), dois (filme) e três (volume) (Song e Ketterson 1992).

2-61

TC de filmes ultra-finos

Razão entre as temperaturas de ordenamento magnético (TC) de filmes ultra-finos e TC dos correspondentes materiais massivos, em função da espessura, medida em número de monocamadas atômicas. (Gradman 1993).

2-62

8. Unidades

Unidades de base: metro (m), quilograma (kg), segundo (s), ampère (A), kelvin (K), mol (mol) e candela (cd).

O ampère é a unidade básica de corrente elétrica. É a corrente que ao percorrer dois condutores paralelos de comprimento infinito e seção reta desprezível, separados por uma distância de 1 m no vácuo, produz entre eles uma força de 2×10-7 N por metro de comprimento.

Unidades derivadas de interesse, que têm um nome especial:

weber (Wb): fluxo magnéticohenry (H): indutância (equivalente a Wb A-1)tesla (T): densidade de fluxo magnético (equiv. a Wb m-2)

2-63

O campo H (intensidade de campo magnético) não tem uma unidade com nome específico; é medido em ampères por metro (A m-1).

A indução magnética ou densidade de fluxo magnético B (ou simplesmente `campo B’) é medida em tesla (T).

No vácuo, B (tesla) e H (ampère por metro) se relacionam por um fator µ0=4π×10-7 H m-1 (permeabilidade magnética do vácuo):

HB 0µ=

2-64

Relação entre SI e CGSRelação entre algumas grandezas nos dois sistemas:

CGS

SI

411

πχ+=µχ+=µ

r

rCGSSI 4πχ=χ

(SI) 0 )( MHB +µ=

(CGS) 4 MHB π+=

Relação entre algumas unidades

kg T J 1 gemu 1

mA 80 mA 410 Oe 1

T 10 1

1-1-1-

1-1-3

-4

=

≈π

=

=G

2-65

Resumo – Parte II

1. O magnetismo dos metais pode ser descrito por um modelo de elétrons itinerantes; no ferromagnetismo o modelo de Stoner usa um campo molecular

2. O critério de Stoner dá a condição para existir ferromagnetismo

3. A forma da curva de histerese reflete a ação de processos reversíveis e irreversíveis. Dessa curva se extraem a coercividade e a retentividade

01 <− )E(Un F

4. Da expressão da entropia de um sistema podemos extrair sua magnetização

5. A dimensionalidade das amostras afeta seu magnetismoBSM∂∂

−=

2-66

Grupos de Magnetismo no Brasil

Grupo de Magnetismo do CBPF (LABMAG)

Armando Y. TakeuchiElis SinneckerFlavio GarciaGeraldo CernicchiaroIvan S. OliveiraLuiz C. SampaioRoberto SarthourAlberto P. Guimarães

(Baseado em S.M. Rezende (2000))www.cbpf.br/~labmag

2-67

Fim

Bibliografia

S. Blundell, Magnetism in Condensed Matter, Oxford (2001).A.P. Guimarães, Magnetism and Magnetic Resonance in Solids, Wiley (1998).