Post on 26-Mar-2016
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Aeroporto de Guarapuava, funciona ou não?
Guarapuava está julgando mais processos do que recebendo
Guarapuava-PR, 2012 Ed. 07, ano 02
Ágora, ideias jornalísticas
p. 03
Estudantes de outras cidades, o que irão fazer depois de formados? p. 07
Município tem o maior índice de detentos escolarizados p. 15
Homens que assistem e gostam de novelas. E por que não? p. 19
Foto: Giovani Ciquelero
Ágorajornal
“Senhores passageiros, o aeroporto de Guarapuava está aberto para receber vocês. Boa estrutura e sem
filas, porém, nenhum check-in pode ser feito e os em-barques estão cancelados por tempo indeterminado,
devido a falta de linhas aéreas. Pelo menos, não há voos atrasados e nem clientes insatisfeitos. Obrigada pela atenção
e tenham uma boa viagem”. p. 05
Departamento de ComunicaçãoCoord. Prof. Edgard Melech
Jornal LaboratórioProf. Anderson Costa
Editora-chefe da ediçãoNathana D’Amico
RedaçãoAna Carolina Pereira, Bárbara Brandão, Ellen Rebello, Gabriela Titon, Giovani Ciquelero, Helena Krüger, Nathana D’Amico, Katrin Korpasch, Luciana Grande, Mario Raposo Junior, Poliana Kovalyk, Vinícius Comoti, Yorran Barone e Yarê Protzek
Tiragem: 500 exemplaresGrá� ca Unicentro Contato: (42) 3621-1088E-mail: jornalagora.unicentro@gmail.com Download das ediçõeswww.unicentro.br/agora e www.redesuldenoticias.com.br
O Jornal Laboratório Ágora é desenvolvido pelos acadêmicos do 4º ano de Jornalismo. Todos os textos são de responsabilidade dos autores e não re� etem a opinião da Unicentro.
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“EU SEMPRE FUI MUITO MAIS AFETA À ALEGRIA DO QUE A TRISTEZA. NUNCA CULTIVEI CANTEIROS DE
INFELICIDADE. DETESTO PERDER TEMPO SOFRENDO. O FOCO DA MINHA ATENÇÃO ESTÁ NOS BONS MOMENTOS.
ISSO NÃO É INDIFERENÇA ... É A CONSCIÊNCIA DA BREVIDADE DA VIDA!”
Ágora jornal
Lígia Guerra.
carta ao leitor
02
expediente
O sucesso segundo os medíocresNathana D’Amico
Olá, caro leitor. Quero começar a nossa conversa, nesta edição, fazendo a seguinte pergunta: sua vida está corrida? Está difícil encontrar alguém que diga que o ‘tempo está passando devagar’. Parece que ainda ontem as decorações natalinas estavam sendo retiradas para dar espaço ao ar de janeiro, que me inspirava a um novo ano. E, veja só, já pas-saram o dia dos pais, das mães, das crianças e os comerciantes se preparam novamente para o � m de ano. O fato é que, com tantos afazeres, parece que os dias voam.
Não é de se estranhar que tenha gente querendo comprar
tempo em nossos ‘classificados especiais’, afinal, se pudéssemos comprá-lo, por mais caro que fosse, nos esforçaríamos para adquirir essa joia preciosa. Em meio a tanta produção, evolu-ção e progresso, aquilo que é considerado banal e simples é deixado de lado.
Na área pro� ssional, por exemplo, não basta cursar o en-sino superior, para ter sucesso, é preciso Especializacao, Mestrado e Doutorado. Mas se você quiser se destacar no meio cientí� co, deve ser PHD e possuir várias especializações, de preferência na Europa, para causar aquele
“nossa, aí sim”. É bom também que você domine três idiomas no repertório intelectual. Mas para que consiga tal posição, é preciso começar cedo. Na universidade, ainda, é melhor fazer iniciação cienti� ca, estágios e ter alguns projetos de extensão no currículo. E quando você virar gente grande, na área familiar, o mais aconse-lhável é que não constitua família grande. Um � lho, e olha lá, é mais que su� ciente para quem deseja crescer na vida. Ainda, mantenha-se sempre afastado da família, não tenha tempo para a educação dos � lhos, as viagens de trabalho pelo mundo a fora
te farão esse favor. Esqueça essa história de tempo com qualidade com as pessoas que você gosta. Isso não pode, é bobagem. Não se preocupe com o próximo, senão você é chato. Lembre-se, a palavra ‘amor’ também não pode, mas ter depressão é algo normal. Assim, trabalhe exaustivamente para ter posses, ser admirado e reconheci-do. Mas imploro que não se esque-ça de compartilhar seu status no facebook, para que todos possam saber. E foi nele (facebook) que vi esses dias atrás um pensamento que me vale esse editorial: “Acho que estamos fazendo coisas demais para quem vai morrer”.
direito
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DE JANEIRO ATÉ AGOSTO DE 2012, A 1ª E 2ª VARAS RECEBERAM 3978 AÇÕES E JULGARAM 5581
Matéria e diagramação:Katrin Korpasch
Fórum de Guarapuava cumpre meta do TJ e julga mais processos do que recebe
O Juizado Especial Cível, Criminal e da Fazenda Pública da Comarca de Guarapuava tem cumprido a meta estabelecida pelo TJ (Tribunal de Justiça) para este ano, julgar mais processos que entram. Juntas, a 1ª e a 2ª varas julgaram 140,3% dos pro-cessos encaminhados até agosto deste ano. Este esforço está sendo feito para descongestionar a agi-lizar processos. De acordo com o juiz de direi-to Luiz Carlos Fortes Bitten-court, esse é um dos propósitos dos Juizados Especiais. “Essa foi a ideia na criação dos Jui-zados Especiais, facilitar o acesso das pessoas à justiça e agilizá-la, encurtar os procedimentos”.
Os Juizados Especiais foram criados por uma lei em 1995, e uni� cados recentemente. Eles re-presentam o que antigamente se chamava de Pequenas Causas. “Na verdade Pequenas Causas é uma terminologia ultrapassada, nem existe mais. Foram criados os Juizados Especiais, então hoje se-riam os Juizados Especiais Cíveis, Criminais e da Fazenda Pública”, explica Bittencourt. O Juizado Es-pecial Cível atua em ações de até 40 salários mínimos. “O que dá em
torno de R$ 25.000. Então, o que entra nos Juizados Especiais Cíveis depende deste valor, e em relação à matéria. Os exemplos mais comuns de ações aqui em Guarapuava é em relação à inserção indevida de pes-soas em cadastro de SCPC e Serasa. E o que se pede é para tirar o nome e também por danos morais. Além disso, há bastante discussão sobre taxas em contratos bancários, al-
gumas taxas que são cobradas e que o pessoal vem discutir, por exemplo, ta-xas de abertura de crédito, taxa de emissão de boleto”. Além destas ações, outras que são
comumente julgadas nos Juizados Especiais Cíveis são as de prejuízos causados por acidentes de trânsito, não entrega de mercadoria ou mer-cadoria com defeito, cobrança de serviço mal feito ou não realizado e cobrança de dívidas e alugueis. Arnaldo Pires é um exemplo des-tes casos, ele conta que procurou o Juizado por causa de uma dívi-da não paga. “O meu processo é sobre um equipamento que eu ti-nha na fazenda de um senhor. Ele o vendeu e não quis me passar o dinheiro. Pretendo fazer logo um acordo para que ele me pa-gue o que deve”.
ENTRE AS MAIORES CAUSAS DE AÇÕES ESTÃO COBRANÇA DE TAXAS BANCÁRIAS, DE EMISSSÃO DE BOLETOS, DÍVIDAS NÃO PAGAS E PREJUÍZOS CAUSADOS POR ACIDENTES DE TRÂNSITO
“ESSA FOI A IDEIA NA CRIAÇÃO DOS JUIZADOS ESPECIAIS, FACILITAR O ACESSO DAS PESSOAS À JUSTIÇA E AGILIZÁ-
LA, ENCURTAR OS PROCEDIMENTOS”
Fotos: Katrin
Korp
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De acordo com a lei, quem pode procurar os Juizados Espe-ciais Cíveis são pessoas físicas ca-pazes, microempresas, organiza-ções da sociedade civil de interesse público e sociedades de crédito ao microempreendedor. “Estas pes-soas ou organizações precisam ir à secretaria do Juizado, com os do-cumentos e as provas. No direito se precisa de provas, se alguém falou que celebrou um contrato, é neces-sário trazer o contrato e também a documentação. Então o funcio-nário do Juizado reduz a termo, e a data da audiência já é marcada”, explica o juiz. Os documentos ne-cessários por parte do reclamante são: RG, CPF ou CNPJ e compro-vante de residência. São requisi-tados também o nome e endere-ço completo e CPF ou CNPJ do reclamado. Neste Juizado apenas as ações acima de 20 salários mí-nimos precisam necessariamente de advogado. “Nos Juizados Es-peciais Cíveis as audiências são realizadas pelos juízes leigos, que são advogados designados para auxiliar, e por conciliadores, fun-cionários que ajudam as partes para entrar em acordo”. Se ocor-rer o acordo, o conciliador redige o documento, as partes assinam e o juiz de direito homologa a sen-
tença. Se o acordo não acontece o processo continua com uma nova audiência, na qual as partes e tes-temunhas serão ouvidas.
De forma muito semelhante procedem as ações no Juizado Especial da Fazenda Pública. Ele é responsável por julgar ações de até 40 salários mínimos propos-tas por qualquer pessoa física capaz, microempresa ou empresa de pequeno porte contra o esta-
do, o município e as autarquias, como Detran e Urbs Assim como nos Juizados Especiais Cíveis, os advogados são requisitados apenas nas ações de mais de 20 salários mínimos. As ações que podem ser julgadas por este Juizado compre-endem: multas ou penalidade por infração de trânsito, transferência de propriedade de veículos auto-motores, imposto sobre circulação de mercadorias e prestação de ser-viços e de transporte interestadual e intermunicipal e de comunica-
ção, imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana.
Os Juizados Especiais Crimi-nais atuam de forma ligeiramente diferente. Eles foram criados para julgar infrações de menor poten-cial ofensivo, nos quais a pena má-xima não superior a dois anos. As contravenções e crimes mais jul-gados nesses Juizados são vias de fato, perturbação do trabalho ou do sossego alheios, perturbação da
tranquilidade, importunação ofen-siva ao pudor, ameaça, dano, lesão corporal, ato obsceno e desobedi-ência. De acordo com o juiz Luiz Carlos Bittencourt, em Guarapua-va o que mais gera ações são carros com volume de som muito alto, principalmente nos � nais de sema-na. “Acontece muito aqui, nos fi-nais de semana é muito comum, e isso perturba a tranquilidade das pessoas”.
Os crimes ou contravenções chegam aos Juizados Especiais Cri-
minais de duas maneiras, através de uma autoridade policial, civil ou militar, que recebe a ocorrência, ou pelo relato direto ao Juizado do ofendido ou de seu representante. Os envolvidos são intimados para uma audiência preliminar, que de-pendendo da infração pode ocor-rer ou não. A audiência é condu-zida por um conciliador, que para evitar o processo criminal procura a conciliação entre as partes. Po-rém, se o acordo não ocorrer, é possível que se dê um prazo de seis meses para o ofendido decidir so-bre a representação, ou ocorre uma transação penal, na qual o infrator compromete-se a cumprir pro-posta do Ministério Público, ou, por � m, é oferecida denúncia pelo ministério público. Em busca de uma conciliação na audiência pre-liminar, está Audio Kavetski. “Meu carro está adesivado com a propa-ganda de um candidato às eleições deste ano, por isso um cinegra� sta estava � lmando-o. Eu não permiti essa � lmagem, nós discutimos e ele está falando que eu o agredi. Mas estou certo de que resolveremos isso ainda nesta primeira audiên-cia. Nas outras vezes em que estive aqui também � z acordos nas pri-meiras audiências, foi tudo resolvi-do rapidamente”.
DE ACORDO COM O JUIZ LUIZ CARLOS BITTENCOURT, EM GUARAPUAVA O QUE MAIS GERA AÇÕES SÃO CARROS COM VOLUME DE SOM MUITO ALTO, PRINCIPALMENTE NOS FINS DE SEMANA. “ACONTECE MUITO AQUI, NOS FINAIS DE SEMANA É MUITO COMUM, E ISSO PERTURBA A TRANQUILIDADE DAS PESSOAS”.
“ASSIM COMO NOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS, NOS CRIMINAIS, OS ADVOGADOS SÃO
REQUISITADOS APENAS NAS AÇÕES DE MAIS DE 20 SALÁRIOS MÍNIMOS”
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transporte
Quando se fala em aeroporto, logo imaginamos lotação, muvu-ca, pessoas chegando e partindo em pousos e decolagens constan-tes. É o que vemos na imprensa. Mas o aeroporto de Guarapuava se encontra longe desse panora-ma, sem � las, sem caos aéreo, sem passageiros, sem aviões.
Nunca havia visitado o aero-porto de Guarapuava, confesso, mas não foi difícil achá-lo. Loca-lizado na BR 277, KM 342, uma pequena entrada bem sinalizada, entre um posto de gasolina e uma mecânica, leva ao estacionamento do calmo e pacato aeroporto.
UM AEROPORTO ORGANIZADO, BOA ESTRUTURA E COM CONDIÇÕES DE OPERAR EM MAIOR ESCALA, NÃO FOSSE PELA FALTA DE LINHAS AÉREAS E PESSOAS
Matéria e diagramação:Giovani Ciquelero
Céu de brigadeiro, aeroporto de mosquito
Foto: Giovani CiqueleroIlustração: Matheus Coelho Lemos
Ao entrar, me deparo com uma estrutura muito boa. Há gui-chês, cadeiras e bancos, tudo lim-po e arrumado, o clima típico de uma sala de embarque, exceto pela falta de pessoas. Não há � la nem aviões onde embarcar.
Andei por toda a extensão da sala e, quando ia começar a se-gunda volta, uma simpática fun-cionária veio ao meu encontro. Muito receptiva e falante, Olinda foi como uma guia turística do aeroporto Tancredo � omas de Farias. Perguntada sobre a possi-bilidade de fotos e uma matéria sobre o local, veio a resposta um
A PISTA DO AEROPORTO MUNICIPAL POSSUI 1620 METROS DE COMPRIMENTO POR 30 METROS DE LARGURA, SENDO CONSIDERADA DE PORTE MÉDIO
pouco cautelosa: “tem que ver com o seu Beto”. Olinda ligou e marcou a entrevista com o administrador do aeroporto, Albert Symalia, que, por outros compromissos, ainda não havia chegado ao aeroporto.
Anunciado e autorizado, parti em direção ao pátio do aeroporto. “Só não entre na pista de pouso, porque a gente nunca sabe quan-do pode vir um avião”, me adver-tiu ela mais de uma vez. Obedeci meio descrente de que algum avião pousasse por ali, até queria ter essa sorte grande.
Sol escaldante de um inverno fora do comum, pouco vento, céu
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limpo e azul. O típico “céu de bri-gadeiro”. Expressão utilizada na aeronáutica para indicar as condi-ções climáticas que um brigadeiro, mais alta patente militar da Força Aérea, exige para viajar.
No pátio deserto, um belo jar-dim compõe o caminho entre a sala de embarque e onde os aviões são taxiados. Além disso, algumas escadas para aviação, um velho ca-minhão de abastecimento, alguns hangares particulares e uma tradi-cional biruta se encontram no local.
Horas de calmaria se passa-ram, a única movimentação na pista foi a chegada de mais um ca-minhão de abastecimento. O úni-co levantar voo observado era de uma família de quero-queros.
Já resignado por não avistar aviões para registrar, Olinda la-mentou comigo e contou que, pou-cos dias antes, um grande e bonito jato, de uma grande loja de depar-tamentos que está se instalando em Guarapuava, pousou na boa pista do aeroporto. Aeroporto este que chegou a ter linhas regulares ope-rando, inclusive de empresas re-nomadas, como a Tam, conforme relatou mais tarde Albert Simalya. As linhas permaneceram pouco tempo, uma de cada vez.
A última era da empresa NHT, com apenas uma linha, de Guarapuava até a capital. Mas durou só um ano. O alto preço da passagem (R$ 450) e horários confusos contribuíram para que
os poucos passageiros que prefe-rissem viajar pelo ar até Curitiba acabassem desistindo. Viajar de carro era mais em conta, tanto em tempo quanto em dinheiro.
Pela falta de demanda, a NHT, em vez de baixar os preços, prefe-riu fechar a linha. A empresa só se instalou na cidade após acordos com empresários e com a prefei-tura, pelos quais 400 passagens antecipadas foram compradas, con� denciou Simalya.
A pista tem 1620 metros de comprimento e 30 de largura. É considerada de porte médio, bem localizada e com boa qualidade de asfalto, mas somente para uso parti-cular e, mesmo assim, escassamen-te. “A nossa pista é muito elogiada
pelo pessoal que utiliza o aeroporto, inclusive o piloto do governador, que disse que a nossa é uma das melhores do Paraná”, relata o ad-ministrador orgulhoso. Assim com localização central no estado pode ser um atrativo para movimentar o aeroporto local, também é vilã, pois a proximidade com Curitiba torna os voos caros e os outros meios de transporte mais viáveis.
Para o futuro, Simalya tem na mira o aeroporto de Cascavel, com 10 linhas em operação, e a possibi-lidade de escalas em Guarapuava de voos a cidades como Curitiba e São Paulo. “As coisas devagarzinho vão acontecer, a aviação está crescendo e os preços caindo, a tendência é ra-mi� car pelos aeroportos menores” .
Fotos: Giovani Ciquelero
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enquete foi bem, foi mal
UM RESUMO DO MELHOR E DO PIOR DASÚLTIMAS SEMANAS
Saúde pública de GuarapuavaNa manhã do dia 05 de setembro, Antonio Pereira dos Santos, 92 anos, que, segundo a família, estava a cinco dias acordando de madrugada para tentar marcar uma consulta, não aguentou e faleceu na � la de espera, em frente ao posto de saúde Recanto Feliz.
O Consejug (Conselho de Cidadania, Ética e Justiça de Guarapuava) distri-buiu cerca de cinco mil cartilhas, para a campanha do voto consciente. Esse material teve por objetivo principal des-tacar a função dos agentes políticos. As cartilhas distribuídas para a população guarapuavana são gratuitas.
Cartilha para voto consciente
Alfabetização indígena
De acordo com o IBGE (Institu-to Brasileiro de Geogra� a e Es-tatística), 78,3% dos indígenas da região de Guarapuava são alfabetizados. Entretanto, a me-dia estadual é de 84,5% e ainda estima-se que menos de 0,5 % dos indígenas tenham acesso ao ensino superior no Estado.
RTF pretende abrir delegacia em Guarapuava
A Polícia Rodoviária Federal pretende abrir uma delegacia em Guarapuava, no início de 2013, com a intenção de ampliar o efetivo de � scalização na região. Atualmente a PRF conta com apenas um posto de � scalização no distrito do Guará.
O que os estudantes ‘de fora’ vão fazer depois que concluirem seus cursos?ENQUETE DO ÁGORA REVELA QUE A MAIORIA DOS ESTUDANTES QUE VEM DE OUTRAS CIDADES PRETENDEM FICAR EM GUARAPUAVA
Matéria e diagramação:Nathana D’Amico
Texto: Nathana D’Amico
Aí você decide fazer faculdade em outra cidade. Sai da casa dos pais, vai morar sozinho ou em re-públicas. Vários são os sentimentos que se misturam nesse período da vida. Alguns � cam super anima-dos, a� nal estão � cando indepen-dentes e descobrindo um mundo que antes só existia nos sonhos. Para outros, a nostalgia toma con-ta nos primeiros meses: a falta dos pais, dos amigos e de tudo que compunha a vida de estudante de ensino médio gera certa tristeza, mas que logo é deixada de lado.
Você passa quatro ou cinco anos desfrutando da vida de universitá-rio e de Guarapuava. Mas quando chega o último ano o bicho pega! Você acabou se apegando, ama essa cidade e não quer tudo acabe assim, tão cedo. Nesta fase, um ‘zilhão’ de dúvidas aparecem quanto ao seu fu-turo e você se pergunta: o que vou fazer agora? O Ágora perguntou aos estudantes do último período, que fazem faculdade longe de casa: o que você pretende fazer após o termino do seu curso? Veja alguns comentários abaixo.
Kaio Bernardo
Luís Gustavo Ribeiro Lima
Elton Gutoch Rosa
Pretendo continuar em Guarapuava,
preferencialmente para fazer mestrado...
Gosto de Guarapuava, mas ela não me oferece opções, nem de trabalho. Mesmo
assim, vou � car por aqui por mais uns dois ou três anos. Fiz amigos, quem também
vieram de fora, e temos algumas ideias. Se der certo, podemos acabar � cando por aqui
por tempo indeterminado.
Só sei que não quero � car em Guarapuava. A minha cidade já deu o que tinha que dar e Guarapuava
também. Agora é tentar caçar outro rumo e assim vai.
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fora de época
AS TEMPERATURAS MAIS QUENTES DURANTE O INVERNO FAZ COM QUE AS PESSOAS SAIAM DE CASA E INICIEM ATIVIDADES DE LAZER ANTES DA CHEGADA OFICIAL DO VERÃO
Matéria e diagramação:Ellen Rebello
Calor que aqui nunca se viu
Fotos: Ellen Rebello
Guarapuava teve um ‘verão an-tecipado’ em pleno inverno e as temperaturas foram lá em cima, fazendo aquele calorzinho que guarapuavano nenhum tá acostu-mado. Com o calor, muitas pesso-as aproveitaram os parques da ci-dade para o lazer e atividade física. Além de ser uma boa pedida para o calor, a iniciativa traz muitos be-nefícios para quem pratica: ajuda a manter o corpo em forma e ain-da, cuidar da saúde.
Esse é o caso de Henrique Del-gado, de 22 anos, que com os dias quentes viu no parque do lago uma boa opção de lazer: “Não tem como � car parado em casa, e com essa beleza que temos na cidade
� ca gostoso se exercitar enquanto vemos essa linda paisagem”.
Outra adepta a caminhadas ao ar livre é Rafaella Galvão, de 14 anos, que não � ca um dia sem se movi-mentar: “Durante os dias frios a gente exagera e come de tudo, como o calor chegou mais cedo, mais cedo voltamos a se mexer pra recuperar o estrago de tanta comilança. De se-gunda a sexta, � rme nas caminha-das pra ver o resultado até o verão”.
Apesar de toda atividade física é preciso lembrar que os exercícios não garantem um corpo saudável. Uma boa alimentação é fundamen-tal nesse processo: “O problema em procurar um corpo em forma é aliar a alimentação e os exercicios. Adoro
comer. Doces, massas, frutas, ver-duras, en� m, de tudo, mais pra per-der peso é preciso cortar boa parte ou toda guloseima e não tem sido nada fácil”, conta Rafaella.
Para Henrique uma estação mais quente favorece o lazer, co-midas leves e a pratica de exer-cicios: “No frio � camos em casa com preguiça, comendo mais e em maior quantidade. Com o calor te-mos vontade de sair, nem que seja pra dar uma voltinha. Aí já olha-mos os alimentos mais leves, que não nos façam cansar e nos sentir pesados. O tempo quente é tudo de bom, é só olhar ao redor e ver a quantidade de pessoas caminhan-do e brincando no parque”.
UM BELO FIM DE TARDE, DE TEMPERATURAS MAIS ALTAS, PEDE UM PASSEIO NO PARQUE DO LAGO
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páginas especiais
Fotos: Katrin
Korp
asch e dadart.com
Esta é uma das últimas edições do Ágora em 2012. Por isso trazemos a você, nosso
leitor, a proposta de algumas páginas diferentes do que as que geralmente
produzimos. Nessa editoria especial, a equipe do Ágora busca, entre outras coisas,
oferecer entretenimento e informação. Nas próximas páginas vocês verão uma
poesia dadaísta, seguindo as intruções de Tristan Tzara; um classi� cado universitário
com os produtos e serviços mais úteis e inusitados que possam lhes interessar; e por � m fake news, matéria que, como o
nome sugere, é falsa. E não se esqueça, os classi� cados são verdadeiros, a fake news
não (ou não?!).
Desconstruir
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dadaísmo
Poesia dada: non-sense, acaso e caos
Matéria e diagramação:
Katrin Korpasch
O movimento dadaísta, ou simplesmente dada, surgiu na Suíça em 1916.
Essa vanguarda artística formada por um grupo de escritores, poetas e
artistas plásticos pregava o non-sense em todas as suas criações. Eram
totalmente contrários às convenções e padrões de arte da época. Confu-
são, caos e falta de lógica são as principais características. Um dos dada-
ístas mais conhecidos foi Tristan Tzara. O poeta romeno nos dá a receita
de como fazer uma poesia no estilo dadaísta. A equipe do Ágora resol-
veu criar, seguindo os passos de Tzara, o nosso próprio poema dadaísta.
Con� ra as etapas e o poema pronto!
Pegue um jornal.
Pegue a tesoura.
Escolha no jornal um artigo do
tamanho que você deseja dar a
seu poema.
Recorte o artigo.
Recorte em seguida com atenção
algumas palavras que formam esse artigo e meta-as num
saco.
Agite suavemente.
Tire em seguida cada pedaço um após o outro.
Copie conscienciosamente na ordem em que elas são
tiradas do saco.
O poema se parecerá com você.
E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma sensi-
bilidade graciosa, ainda que incompreendido do público
Foto: arthistoryarch
ive.com
11
Fotos: Katrin K
orpasch
“MAS PROGRAMA PAÍSES A EXIGIRAM/ ALEMÃ, OCIDENTAIS DIREITO TEM VEIO PETRÓLEO PAÍS PERSA/ PRESIDENTE QUE AGRADECEU TEME NEGOCIAR/ DIZEM SEU DIALOGAR IRANIANO. NÃO DISPOSIÇÃO ELES FOGE/ QUEM É NUCLEAR DAS VERDADE” > FAZ ALGUM SENTIDO PRA VOCÊ?
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classifi cados
Classificados Universitários do Ágora
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hotmail.com
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Vende-se um Play 2 com 2 controles e 40 jogos. Tratar com
Macieli. Contato: 8815 2912; 9979 5894 ou 3035 8070
Eu gostaria de comprar TEMPO. Tempo para poder brincar mais com meu fi lho, tempo para poder namorar
mais com meu marido, tempo para poder me
aproximar da minha mãe, tempo para poder ajudá-la (minha mãe) nos serviços domésticos, tempo para
poder estudar pelo menos o necessário, tempo
pra me cuidar. Se alguém souber onde
vende, me avisa. Suellen R. Santos, 3º ano
História.
Vende-se um Fusca, motor 2.0, alternador eletrônico, freio a
disco, banco em couro, roda de liga leve 17. Som com 3 SUB 12 com potência de 8.000 watts.
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fake news Éssa é uma notícia falsa, apenas para en-tretenimento. Mas se fosse verdadeira, o que acharia? Envie-nos seu comentário.
AQUECIMENTO GLOBAL INTERFERE NO INVERNO DE GUARAPUAVA
Matéria: Giovani CiqueleroDiagramação: Katrin Korpasch
Inverno nunca mais
Um assunto que muito se debate nos últi mos anos é o pro-cesso de aquecimento pelo qual a Terra tem passado. Os moti vos que levaram as médias de tempe-raturas a subirem tanto são diver-gentes. A ação humana é colocada em xeque por muitos, devido a in-dustrialização e toda a exploração desenfreada dos recursos natu-rais, por outro lado muitos cre-ditam esse processo a uma fase natural pela qual passa o planeta.
Qualquer que seja o moti vo, o fato é que a temperatura no pla-neta está subindo, verões como nunca vistos e invernos cada vez mais brandos fazem parte do ce-nário enfrentado pela população mundial, que pouco pode fazer para amenizar a situação.
O aquecimento já alcançou nível preocupante, tanto que interferiu nas estações do ano. Segundo o Iprecetem (Instituto de Previsão Climática e Estu-
dos do Tempo e Meteorologia), aos poucos o inverno deixará de existir em todo o planeta, qua-dro que já foi registrado em ci-dades mais altas.
Localizada no terceiro planal-to paranaense, Guarapuava se encaixa nesse perfi l. A cidade, que sempre foi marcada pelas baixas temperaturas e ventos frios durante boa parte do ano, não registrou médias inferiores a 20° C no inverno desse ano.
Uma característi ca que sem-pre marcou a cidade, registrada várias vezes pela imprensa na-cional por marcar a temperatura mais baixa do Brasil ou por sofrer com geadas rigorosas, repenti na-mente deixa de existi r.
Carlos Carvalho, produtor de batatas, fi cou dividido com a no-vidade. De um lado, a produção da sua fazenda irá cair, devido ao grande calor e a necessidade de clima ameno para o desenvolvi-
O PLANETA TERRA VAI ESQUENTAR, A TEMPERATURA VAI SUBIR E GUARAPUAVA COM CERTEZA VAI SENTIR A DIFERENÇA
Fotos: sxc.hu
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mento do vegetal, mas por outro lado, Carvalho se mostrou sati s-feito. “Vou perder um pouco da produção, mas fi co feliz com o pa-tamar que a batata vai alcançar. Guarapuava agora será conhecida como a cidade da batata nas ma-térias de tv e não mais por causa do frio” comemorou.
Sheila Washington, dançarina, aprovou a mudança no clima da cidade. “Como dançarina de axé era difí cil aguentar o frio durante as apresentações, já que tenho que usar roupas curtas”. Sheila acredita que terá mais trabalho, já que o número de apresenta-ções deverá subir assim como o número de graus no termômetro.
Mas nem todos gostaram do fi m do inverno em Guarapuava. Leandro Povinholi, policial, mi-grou para a cidade em busca de frio e agora pensa em mudar de
ares novamente. “Pedi transfe-rência para cá por causa do frio e agora penso em pedir de novo, preciso do frio para viver melhor, não é só uma questão de gosto”, relata Povinholi que, devido a um problema de pele, não pode suar. Por isso, ele vive em lugares frios e usa roupas curtas, sendo conhecido na cidade como único policial que não usa calças.
Cienti stas e meteorologistas não têm uma previsão de até que ponto a temperatura irá au-mentar e até quando a população mundial sobreviverá. A curto pra-zo, a primeira medida tomada foi excluir o inverno das estações do ano, que passa a ter três, e no fu-turo pode ser composto somente por um grande e maçante verão.
Fotos: sxc.hu
BATATAS, PLANTAÇÕES DE BATATAS, DANÇARINAS DE AXÉ, POLICIAIS, METEOROLOGISTAS. TODO MUNDO VAI SENTIR AS CONSEQUÊNCIAS DO FIM DO FAMOSO INVERNO GUARAPUAVANO
fi m.
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educação
NO CENTRO DE REGIME SEMIABERTO DE GUARAPUAVA HÁ UM ESFORÇO SIGNIFICATIVO PARA O AVANÇO EDUCACIONAL E PROFISSIONAL DOS DETENTOS. CERCA DE 85% DELES ESTÃO ESCOLARIZADOS, O GRANDE DIFERENCIAL DESSA UNIDADE DAS DEMAIS NO PARANÁ: É A QUE MAIS ESCOLARIZA E TEM MAIS PESSOAS ESTUDANDO
Matéria e diagramação:Poliana Kovalyk
85% da população carcerária de Guarapuava é escolarizada
Foto: Poliana Kovalyk
O estudo dentro da unidade pe-nal é guiado pela Lei de Execução Penal que prevê o estudo como di-reito ao apenado no Brasil. Essa lei reconhece os direitos humanos dos presos e tem como principal obje-tivo sua ressocialização, por meio de assistência educacional, médica, jurídica, social, religiosa, material e trabalho remunerado. No Centro de
Regime Semiaberto de Guarapuava é assim. Talvez o grande diferen-cial do Crag seja essa relação mais intensa com a educação. Segundo a pedagoga do sistema, Nadia Gar-cias Sanches, cerca de 85% dos de-tentos encontram-se escolarizados e, dentre as unidades semiabertas do Paraná, é a que mais escolariza e possui mais pessoas estudando.
Desde fevereiro de 2007, o Crag desenvolve suas atividades de custó-dia, reinserção e reintegração social de presos em regime semiaberto, baseadas no tripé disciplina-edu-cação-trabalho. Para isso, os presos recebem acompanhamento de psi-cólogos, pedagogos e também têm acesso aos estudos, oportunidade essa que muitos não alcançariam
O CENTRO DE REGIME SEMIABERTO E A PENITENCIÁRIA INDUSTRIAL DE GUARAPUAVA ATENDEM JUNTOS, CERCA DE 500 ALUNOS
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fora dali. O trabalho desenvolvido se concentrou na alfabetização com o objetivo de proporcionar a possi-bilidade de inseri-los no mercado de trabalho através do estudo.
A pedagoga da unidade regio-nal, Maxcimira Zolinger Mendes, explicou que o Crag surgiu justa-mente para atender a demanda, vis-to que ao lado encontra-se a Peni-tenciária Industrial da cidade (PIG). Os presos saíam do regime fechado e tinham que ir para o semiaberto de Curitiba, foi aí que regionaliza-ram-se os semiabertos para atender a progressão do regime. “O regime prisional brasileiro é progressivo. Assim, o detento que é condenado ao regime fechado vai � car 1/6 nes-se sistema e depois vai ter a possi-bilidade de progredir para o regime semiaberto e depois para o aberto, ainda sob os efeitos da sua condena-ção”, comenta a pedagoga.
Educação para todosA Lei de Execução Penal (LEP)
garante que há uma remissão de pena pelo estudo. Dessa maneira, a cada três dias de estudo, um de pena é diminuído. Este um dia de remis-são da pena também vale para cada três dias trabalhados.
Com uma visão voltada ao cum-primento da LEP e ao tratamento humano dos sentenciados, dentro do regime semiaberto de Guara-puava promovem-se atividades de educação formal por meio do Ceeb-ja Nova Visão, que oferece o Ensi-no Fundamental e o Ensino Médio aos presos. Maxcimira explica que a maioria deles chega até a unidade penal com segunda e terceira série incompleto e lá dentro é que termi-nam seus estudos.
A pedagoga Vanessa Rodrigues explica que o trabalho desenvolvido é igual ao realizado em uma escola normal. A secretaria, direção, toda
a parte pedagógica, biblioteca, oito salas de aula na PIG e quatro no semiaberto, 17 professores, três pe-dagogas e três funcionários admi-nistrativos que atendem nos três períodos, para que aqueles que trabalham du-rante o dia pos-sam estudar no período noturno e vice-versa. “No Crag há um tra-balho de orien-tação pedagógica como de qual-quer outro Ce-ebja, desde orientação do aluno, do professor, com um único diferencial por ser dentro de um sistema pri-sional”. No total, são quase 500 de-
tentos que frequentam regulamente as aulas nas duas unidades, tanto no semiaberto como na penitenciária.
Além disso, se dentro da uni-dade não há escola-rização para aquele nível que o detento se encontra, então ele pode buscar esse es-tudo fora dali, como explicou Maxcimira. “Nós temos seis alu-nos cursando em ní-vel de pós-médio na rede estadual de en-sino, três estão cur-sando Segurança do Trabalho, um está
cursando Enfermagem, dois estão cursando Técnico em Informática. Nós temos treze que estão cursan-do o Ensino Médio concomitante
com o Pronatec, fazendo Técnico em Eletromecânica, Eletrotécnica e Logística”. E também há dez alu-nos que fazem o Ensino Superior dentro da unidade e um que faz fora, sendo a única do estado que possui convênio com instituição superior, segundo a pedagoga Na-dia Garcias Sanches.
A pedagoga Maxcimira a� rma ainda que muitos deles apenas tive-ram a oportunidade de estudar den-tro do regime. “Um dos apenados, que está cursando Segurança do Trabalho, frequentou o Ensino Fun-damental e o Ensino Médio dentro do sistema, então ele o vê não como um inimigo, mas como algo que pode o bene� ciar na mudança de comportamento e principalmente oportunizar o estudo”. Ela a� rmou que, dentro da unidade penal, a
A EDUCAÇÃO, QUE É UM DOS PILARES QUE COMPÕE O TRATAMENTO PENAL, TEM CONTRIBUÍDO DE FORMA SIGNIFICATIVA NA VIDA DOS DETENTOS
Foto: Poliana Kovalyk
“A GENTE ACREDITA QUE,
PARA HAVER UMA TRANSFORMAÇÃO NO SER HUMANO,
É SÓ ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO,
NÃO TEM OUTRO CAMINHO”
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educação é um dos fatores primor-diais, e que tem contribuído para a vida dos detentos de forma signi� -cativa. “O estudo é um dos pilares que compõe o tratamento penal e eles sabem aproveitar esse pilar para ressocialização ou até mesmo so-cialização, porque muitos deles não estavam nem inseridos na socieda-de, estavam à margem dela porque não tinham estudo nem formação. Com isso, o objetivo é que eles pos-sam sair da nossa unidade melhor quali� cados através do estudo e da formação técnica”.
Segundo Maxcimira, isso tam-bém tem contribuído na questão da empregabilidade, pois eles saem da prisão já com uma pro� ssão. “Nós temos muitos presos que � zeram cursos de capacitação e hoje estão empregados, tem suas famílias por conta daquela formação que eles re-ceberam. Nós sempre procuramos atrelar a formação pro� ssional ao interesse deles ou mesmo à condi-ção do mercado de trabalho daque-la região”. Isso também como uma forma de possibilitar que o detento tenha todas as condições de mudar de vida. O que todos acreditam é
na importância da educação nesse processo. “A escola tem contribuído todos esses anos em que � cou den-tro da PIG. É outra ideia de escola, é uma outra concepção de educação e é uma proposta desa� adora sim, mas vitoriosa, porque nós temos muitos alunos fora que deram con-tinuidade aos estudos e não volta-ram a reincidência, que é o princi-pal”, a� rmou Vanessa.
Eliel Earle Linhares, diretor do Ceebja Nova Visão, contou que esse tem sido o intuito dos pro� ssionais dentro da unidade desde o princí-pio. “Esse é o grande desa� o da esco-la. Eles não tiveram a possibilidade lá fora por n situações, mas o nosso objetivo aqui dentro é oferecer esco-larização, oportunidade que muitas
vezes ele não teve lá fora. Isso por-que a gente acredita que, para haver uma transformação no ser humano, é só através da educação, não tem outro caminho”. Mais do que esco-larizar, essas questões vão permear as discussões do professor, para que o regime devolva à sociedade cida-dãos conscientes de seus deveres e responsabilidades, como citou a pe-dagoga Vanessa Rodrigues. “A nossa obrigação é garantir a permanência e dar um signi� cado para os estudos e mostrar a nossa intencionalidade
como escola, de que a nossa função é dar estrutura, seja ela de re� exão, de compreensão de mundo pra que ele saia e veja que honestidade e criminalidade são diferentes e que a criminalidade não é um caminho que faça perpetuar a sua história enquanto ser construtor, um ser que contribui”, conclui o diretor.
Fotos: Arquivo Crag
O CENTRO DE REGIME SEMIABERTO FUNCIONA EM GUARAPUAVA DESDE 2007 E DESENVOLVE SUAS ATIVIDADES DE CUSTÓDIA, REINSERÇÃO E REINTEGRAÇÃO SOCIAL DE PRESOS EM REGIME SEMIABERTO, BASEADAS NO TRIPÉ: DISCIPLINA, EDUCAÇÃO E TRABALHO.
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FILME:UMA PROVA DE AMORDIRETOR:NICK CASSAVETESSara e Brian são informados que sua � lha sofre de leucemia. Assim, uma outra � lha é concebida em proveta para doar órgãos à irmã e prolongar seus anos de vida. Até que ela se negue a fazer isso.
FILME: O LIVRO DE ELIDIRETOR:ALBER E ALLEN HUGHESEli é um homem que vive peram-bulando há anos, até que conhece o líder de um vilarejo que procura por um livro que trará a ele o poder para governar as pessoas. Esse livro é a Bíblia, que está em posse de Eli.
LIVRO:ÁGUA PARA ELEFANTESAUTOR: SARA GRUENPor 70 anos Jacob nunca falou a ninguém sobre o período na sua juventude em que trabalhou num circo. O livro conta a história de Jacob e suas paixões.
LIVRO: A MENINA QUE ROU-BAVA LIVROSAUTOR: MARKUS ZUSAKNa época da Alemanha Nazista, Liesel encontra a morte três vezes, e nas três a garotinha conseguiu fugir. Impressionada, a ceifadora de almas decide contar sua trajetória.
xDe� nitivamente as músicas da Alanis Morissete nunca me atraíram muito, só conhecia vagamente as músicas que estouraram e � zeram sucesso. Por isso, antes de ouvir o novo trabalho da cantora, decidi relembrar algumas músicas antigas para fazer uma comparação com o novo álbum Havoc and Bright Lights, lançado em 2012.Depois de ouvir as antigas e comparar com as novas, percebi que Alanis não mudou nada, mesmo tendo lançado o último álbum há quatro anos, não quis arriscar e mexer no tipo de música que a levou ao sucesso. A grande maioria é for-mada por temas românticos e sobre relacionamentos, amores não correspondidos ou paixões arrasadoras, coisa que não combinará muito se a cantora, qua-se quarentona, lançar um novo álbum com as mesmas problemáticas adolescentes. Não me levem a mal, são músicas boas, mas eu as dividiria em: músicas para ouvir em salas de espera de consultório médico, músi-cas para algum momento de “fossa” no relacionamento ou alguma paixão platônica e, as mais animadas, em alguma viagem.
O novo álbum de Alanis Morissette, Havoc and Bright Lights, é uma alusão ao caos. As músicas são trabalhadas na ideia de recuperação dos vícios, estresses do dia a dia e depressão. As músicas são extreamente melancólicas, com temáticas românticas e carregada de canções com a temática de uma adolescência complicada e tensa. Um disco arris-cado na verdade, pois não há variação no estilo de trilhas do discos anteriores de Alanis, ou seja, para quem já conhece o estilo e pouco gosta, que é o meu caso, o disco acaba se tornando cansativo e chato de se ouvir. Além de canções um tanto depressivas, o novo álbum traz músicas com a vibração do início da carreira da canto-ra – como “Lens”, “Empathy”, “Numb” e “Receive” –, faixas mais re� exivas, como “Havoc”, “Win and Win”, e outras mais pops com elementos eletrônicos, caminho já trilhado em seus últimos discos. O dis-co retrata a relação com a fé,
o amor e com os amigos.
GIOVANI CIQUELERO ANA CAROLINA PEREIRA
GIOVANI
ANA
Havoc and Bright Lights é o oitavo álbum de estúdio da cantora e escri-tora canadense Alanis Morissete, com lançamento para o dia 22 de agosto de 2012. O álbum estreou em quinto lugar na Billboard 200, vendendo 33 mil cópias nos Estados Unidos e 82 mil cópias em todo mundo na primeira
semana de lançamento.
versus
indicações
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Quem disse que novela é papo de mulher?
HOMENS ASSISTEM A NOVELAS, SIM. DIFÍCIL É FAZÊ-LOS ASSUMIR
Matéria e diagramação: Ana Carolina Pereira
Quem acredita que nove-
la é assunto restrito às mu-
lheres, está muito enganado.
Homens noveleiros são cada
vez mais comuns, o difícil é
o universo masculino assu-
mir a preferência por uma
boa trama. Apesar de esta-
rem expostos a piadinhas,
alguns homens não ligam
e discutem o desempenho
dos personagens na trama
com naturalidade e, até, a er-
ros e acertos de um roteiro.
Um dos motivos que está
atraindo a atenção dos ho-
mens para as novelas são as
temáticas, que passaram a
ser mais interessantes para
eles. Como exemplo, tra-
mas que abordam o esporte,
como o futebol. Felipe da Sil-
va afirma que hoje em dia já
não vê isso com preconceito.
“Aquela ideia de que homem
não pode assistir novela não
existe mais”. Ele afirma que os
tempos são outros e, que, pra
não ficar de fora dos assuntos
atuais nas rodas de conversa
é preciso interagir, a começar
por assistir novelas. “Hoje em
dia, os homens, são modernos
e assistem as novelas junto
com suas esposas e não vejo
nenhum mal nisso”, comenta.
A grande maioria dos ho-
mens não assume porque ain-
da há muito preconceito e ma-
chismo na cultura brasileira.
Apesar do tabu que há entre
os fiéis noveleiros, os núme-
ros do Ibope esclarecem que,
só em 2010, 34,64% da audi-
ência do gênero foi compos-
ta por homens, conforme o
Painel Nacional de Televisão.
“Não há como negar, as
novelas brasileiras são boas”,
é o que afirma o estudante
Rafael Moraes, que parece
entretenimento
não se importar com as pia-
dinhas dos amigos. Ele conta
que tem a novela como heran-
ça de família. “Desde crianças
acompanhava os folhetins
com minha mãe, hoje em dia
acompanho as tramas ao lado
da minha namorada”, conta.
É certo que, as criticas e o
preconceito ainda escondem
muitos noveleiros de plantão.
Rafael deixa claro sua opi-
nião. “É uma visão ultrapas-
sada. Assistir novela não afeta
a masculinidade de ninguém”,
desabafa. E você, leitor? Já as-
sumiu o gosto pelos folhetins?
No Espaço Criativo, o Ágora trará exemplos de expressões culturais da cidade de Guarapuava e região. Além disso, será um mural para publicar e divulgar produções artísticas, como crônicas, contos, poesias e fotografias.
espaço criativo
Sergio Chaves dos Santos é acadêmico do 6º Período de Psicologia. As histórias em quadrinhos foram o incentivo principal para começar a traçar seus primeiros rabiscos quando criança. Atualmente, ele leva como um hobby nas horas vagas, e sua coleção é grande: possui retratos de pessoas, de personalidades, heróis do cinema e grandes pensadores da Psicologia.
Acervo esse que esteve em exposição durante a semana de estudos do seu curso.
Desenho artísticoTexto: Poliana Kovalyk