Aeronave Fairchild-O Fairchild pousou no Brasil durante a Segunda Guerra Mundial como um herói dos...

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O Fairchild pousou no Brasil durante a Segunda Guerra Mundial como

um herói dos céus, entre as aeronave de instrução, vindo direto dos Es-

tados unidos e até chegou a ser fabricado por aqui e hoje é parte da his-

tória da nossa aviação

Esta matéria foi publicada na edição 4 da Aviação e Mercado

http://www.aviacaoemercado.com.br/

“Voar o Fairchild é sempre descobrir o que sentiam nossos heróis nos primórdios da

aviação” Cmte João D’Angelo’s

Texto Claudia Terra #cmdterra

A Força Aérea Brasileira (FAB) usou o Fairchid PT19 para instrução por ele ser tão potente

quanto os aviões de combate e atender plenamente essas exigências. Além disso, era uma

aeronave barata, com baixo custo de manutenção e, na época, considerada de fácil pilota-

gem. Era o grande sucesso entre as aeronaves e instrução dos Estados Unidos e tinha o ape-

lido de “Berço de Heróis”. ‘pilotar uma aeronave histórica é sempre descobrir o que sentiam

nossos heróis nos primórdios da aviação. Experiência incrível e indescritível. Traz a essência do

pilotar. A visibilidade é muito boa, levando-se em consideração que, literalmente pilotamos

com o vento no rosto. Pilotando no posto dianteiro tem uma visão privilegiada. No posto tra-

seiro a visibilidade vertical (abaixo), fica um pouco comprometida porque ficamos exatamente

sobre a asa, mas nada que comprometa a voo. Quanto à alavanca externa, essa é uma manive-

la que é colocada do lado esquerdo do motor para a partida. É isso mesmo, a partida é à mani-

vela’, explica Cmte João D’ Angelo´s, que acabou de assumir a presidência do Aeroclube de

Pirassununga-SP. Ele é suboficial da reserva e foi, por mais de 20 anos, Anjo da Guarda da Es-

quadrilha da Fumaça (Especialista em assentos ejetáveis). Após sair da Força Aérea, foi para a

aviação comercial, onde voou aeronaves como o ATR.

O PT 19 revolucionou a instrução de pilotos para a guerra. Esse monomotor biplace tinha al-

gumas características que ajudavam os novatos, com suas longas asas e o trem de pouso

mais espaçado, o que evitava acidentes durante os pousos. O seu sucesso foi imenso, levando

o fabricante americano a liberar a sua fabricação por outros fabricantes fora dos Estados Uni-

dos, entre eles o Brasil. Aqui ele passou a ser fabricado com nome de PT19 3FG com as asas

sempre na cor laranja , um padrão das aeronaves e instrução da época nos Estados Unidos e

que era mantida em outros países também. Eles eram na fabricados em uma antiga fábrica no

Galeão, no Rio de Janeiro, que chegou a produzir 232, além disso, o Brasil recebeu 170 aero-

naves PT19 direto dos Estados Unidos.

“Os PT-19 vieram ao Brasil como aeronaves militares importadas pela FAB em meados de

1943, com a finalidade de serem os treinadores primários da FAB. Em meados de 1960 come-

çaram a sair de serviço da FAB, quando então foram doados (por serem patrimônio da união)

aos aeroclubes e museus. Foram utilizados como treinadores pelos aeroclubes até as décadas

de1980 e 1990, quando foram sendo substituídos pelos CAP-4 e P56C Paulistinha. Passaram

então a serem utilizados por entusiastas para voos de lazer e desporto. A nossa aeronave de

prefixo PP-HQM está fora de voo desde 2001 por não possuirmos condições financeiras para

execução do boletim de manutenção, que é uma exigência da ANAC para colocá-la em condi-

ções de voo. E pelo fato de dessas aeronaves pertencerem à União, conforme contrato que

temos (Aeroclube/ União), elas só podem ser doadas a outros aeroclubes ou museus públicos”,

lamenta Tobias Chies, presidente do Aeroclube de Garibaldi-RS e Comte na Gol Linhas Aéreas

com 12 mil horas de voo. O Fairchild do clube está em um hangar aguardando um momento

para ser recuperado e voltar aos seus dias heróis dos céus, como várias outras aeronaves

clássicas pelo Brasil, na mesma situação.

Mas ainda há no Brasil alguns exemplares do Farchild em plena condição de voo e estão inte-

grando a frota, em alguns aeroclubes, e marcam presença em alguns eventos aéreos pelo

Brasil, como o PT26 da Classic Escola de Aviação, que e foi trazido ao Brasil de navio e aqui

restaurada. Essa aeronave está em ondições de voo, mas não é usada pela escola para instru-

ção. Temos também o Faischild PT19 3FG, uma das 170 aeronaves fabricadas no Brasil com

permissão dos Estados Unidos. O Aeroclube de Pirassununga-SP tem esse Farichild de fabri-

cação nacional, que esta em pela forma e nas suas cores clássicas com as longas asas laranjas,

dos auros tempos em que o PT19 era usado na instrução da FAB. “Entre os anos de 1942 e

1943, 170 essas aeronaves vieram voando dos EUA para o Brasil. Após isso, elas começaram a

ser produzidos na fábrica do Galeão no Rio de Janeiro, com a designação 3FG. O nosso PT-19

foi o terceiro a sair da fábrica aqui no Brasil e voou na Força Aérea Brasileira com a matricula

0357 até 1961. O nosso PT-19 passou por vários aeroclubes, sendo voado inclusive por Alberto

Bertelli. Em 1992 ele foi transferido do Aeroclube de São Carlos, depois para o Aeroclube de

Pirassununga, onde ele foi restaurado, em 1998. O Aeroclube de Pirassununga então, passou

por tempos difíceis nos anos de 2009/2010 e esse avião ficou no fundo do hangar até que um

grupo do aeroclube se mobilizou e o colocou em condições de voo novamente no ano de 2013.

Hoje nós mantemos o PT-19 através de um fundo de preservação e de doações. Ele está na

categoria histórica. A aeronave pode entrar nessa categoria se ela tiver sido produzida antes

de 1967 e tiver relevância histórica. Após isso, o propósito dela é ir para a exposição é por esse

motivo ela não pode dar instrução, por exemplo.

Mas, o nosso PT-19, no momento, não está equipado com rádio, o que dificulta levá-lo para

locais muito longe de Pirassununga, mas nos eventos da região nós geralmente estamos pre-

sentes. Sendo o maior, é claro, os Portões Abertos da Academia da Força Aérea! Mas ele esta

em perfeitas condições de voo . O PT-19 não faz voos panorâmicos como as outras aeronaves,

mas quem desejar fazer um voo em nosso Fairchild poderá fazê-lo mediante uma doação ao

fundo de preservação e para isso basta entrar em contato com o clube e agendar o voo. Inclu-

sive a pessoa recebe um certificado por ter contribuído para a sua preservação. O nosso aero-

clube tem outra aeronave antiga, um planador Olympia Meise, que está desmontado no mo-

mento.

Nossa intenção é colocar esse planador em condição de voo e incluí-lo na mesma categoria

que em está o PT-19”, explica Guilherme Luz, piloto privado e Assessor de Comunicação do

Aeroclube de Pirassununga-SP. Lembrando que, embora os Fairchilds naturalmente possam

realizar manobras mais radicais , o voo com a aeronave do Aeroclube de Pirassununga não

inclui acrobacia para evitar riscos de danos à aeronave, que deve ser preservada e somente

faz voos de demonstração, tranquilos. O tempo de duração do voo varia com o valor doado. O

valor mínimo para doação é cerca de 250 reais, com esse valor o doador ganha um voo de

15 mim. De acordo com Guilherme Luz, o fundo de preservação foi uma alternativa que o

aeroclube encontrou para preservar aeronave e que essa iniciativa é aprovada pela ANAC e

poderá ser usado outras aeronaves, como o planador antigo do clube que aguarda restaura-

ção. O fundo foi criado logo que o PT-19 voltou a voar, em 2013, uma iniciativa criativa para

preservar esse clássico da aviação. De acordo com Guilherme, com o sucesso do fundo, o ae-

roclube não precisa tirar dinheiro das outras áreas e transferir pra para a manutenção do

PT19, o fundo de preservação tem funcionado muito bem.

O Fairchild PT-19 é um monoplano de treinamento primário americano fabricado pela Fairchild

Aircraft. Essa aeronave serviu com as Forças Aéreas do Exército dos Estados Unidos durante a

Segunda Guerra Mundial. A variante final foi o PT-26, que usou o motor G-440-7. E, por conta

do seu sucesso no treinamento dos pilotos de guerra americanos, a demanda por essa ae-

ronave por outros países levou os Estados Unidos a permitir a fabricação do PT19 para a-

lém de suas fronteiras. As versões de fabricação canadense destas aeronaves foram chamadas

de Cornell.

A Aircraft Manufacturing Company foi fundada por Sherman Fairchild, em 1924, como Fair-

child Aviation Corporation, com sede em Farmingdale, Leste Farmingdale eNova Iorque. A em-

presa produziu a primeira aeronave com um cockpit completamente fechado e trem de pouso

hidráulico, a Fairchild FC. A Fairchild Aircraft de Longueuil, Quebec, Canadá era um fabricante

de aeronaves durante o período de 1920-1950, que serviu como uma subsidiária da empresa

Fairchild americana. A Fairchild Engine Company foi formada com a compra da Caminez Engine

Company em 1925. Em 1929, Sherman Fairchild adquiriu uma participação acionária majoritá-

ria na Kreider-Reisner Aircraft Company de Hagerstown, Maryland. A empresa mudou-se para

Hagerstown em 1931.

Em 1935, a Fairchild foi contratada pelo governo dos EUA para fazer fotografia aérea para pes-

quisa, no controle de erosão do solo e seus efeitos. A alta capacidade de desempenho a levou

a se tornar uma das mais populares aeronaves da época. O Fairchild 71, monoplano, foi um

dos três principais aviões usados por Richard E. Byrd ,entre 1928-1929, em uma expedição ao

Polo Sul. Essa aeronave foi utilizada para voos de teste e de reconhecimento.

Durante a Segunda Guerra Mundial, foi produzida aeronave Fairchild PT-19, PT-23, PT-26

(Cornell) e AT-21, C-82 Packet de transportes .O Fairchild AT-21Gunner, um treinador bimotor,

foi fabricado em uma antiga fábrica em Burlington, Carolina do Norte. Também,um grande

número do Fairchild 24 (C-61 / Argus) foram produzidos para as forças armadas (principalmen-

te como o Argus para a Royal Air Force) e continuou a produção após a guerra para o mercado

civil.

O Fairchild C-119, com cockpit coberto, era uma aeronave de transporte militar dos EUA de-

senvolvida a partir da II Guerra Mundial. O C-119 pode transportar carga, pessoas e equipa-

mentos mecanizados. O C-119 fez, em novembro, de 1947 seu primeiro voo. Parou de ser

produzido em 1955, quando mais de 1.100 C-119s tinham sido construídos para uso na força

aérea canadense e outros países.

Durante os anos 1950, a Fairchild era uma empresa subcontratada da Boeing para o B-52, para

fornecimento de fuselagem e de painéis laterais. Mais tarde foi construído o F-4 Phantom II,

aeronave militar. A associação da Aircrafit Fairchild com a Boeing continuaria até à década de

1980.

Em 1964, a empresa adquiriu a Hiller Aircraft, mudando seu nome para Fairchild Hiller e pas-

sou a produzir o FH-1100 até 1973, quando a divisão de helicóptero foi vendida para Stanley

Hiller. Em 1965 a empresa adquiriu a República Aviation Company.

Após a morte de seu fundador, a Fairchild mudou seu nome para Fairchild Industries, em 1971,

antes de comprar a Swearingen e da fabricação do Fairchild Swearingen Metroliner, um aviao

para transporte, que foi um de sucesso e conquistou o exército norte americano. Em 1971 a

empresa começou a desenvolver o A-10 Thunderbolt II. A empresa desenvolveu também o T-

46, avião instrutor para substituir os Cessna T-37 de instruição, mas esse não foi aceito pela

força aérea por causa de problemas de desempenho. Em 1996, a empresa foi renomeada Fair-

child Dornier e iniciou a produção do Dornier 328 em 1998 sob licença da DASA .

Em 2003 os ativos da Fairchild foram comprados pela M7 Aerospace e a nova empresa foi

transferida para San Antonio. Em 15 de dezembro, de 2010, a M7 foi comprada pela Elbit Sys-

tems. A Elbit Systems, fundada em 1996, com sede em Haifa, Israel, é uma empresa com des-

taque na produção e exportação de tecnologia militar, responsável, por exemplo, pela fabrica-

ção de veículos aéreos não tripulados, como drones, e de equipamentos para os carros de

combate Merkava. Em agosto de 2016, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica auto-

rizou a compra pela Elbit, da Mectron. A divisão de comunicação militar da Odebrecht estaria à

venda devido à crise financeira, na qual o grupo possivelmente estava envolvido nas investiga-

ções de corrupção da Operação Lava Jato da Polícia Federal, no Brasil.

Três versões foram produzidas do TPT 19, a última foi o PT-26. O custo e simplicidade das vá-

rias aeronaves PTs fizeram dessas as mais populares aeronaves no mercado após a guerra e

muitos ainda estão preservadas e são utilizados por proprietários privados e aeroclubes em

vários países. Foram aeronaves de inegável sucesso naqueles tempos.

Embora a política do exército tivesse uma tendência em favorecer o biplano para programas

de treinamento de piloto na Primeira Guerra Mundial, os treinadores de asa baixa da Fairchild

foram construídos em quase tão grande número como fora os biplanos Boeing-Stearman sen-

do amplamente utilizados em escolas de formação dos Estados Unidos e fora dele, como Brasil

e Canadá.

O Fairchild canadense, designado Cornell 10712 PT-26, fez seu primeiro voo em 29 de junho de

1943 e foi então, levado para a Royal Canadian Air Force como 10712 e designado para fazer

parte das atividades de treinamento de voos básicos. A aeronave Cornell 10712 foi uma das

cinco compradas a partir do excedente de guerra por Paul Durand e o seu filho Bob. Depois de

mais alguns proprietários em Quebec e Nova York, o Cornell 10712 foi adquirido pela Vintage

Wings, do Canadá e restaurada nas cores originais.

Atualmente há exemplares originais Fairchilds 19 e 26 em museus pelo planeta, além de mui-

tas réplicas e alguns originais que ainda estão em plenas condições de voos em vários países,

como aqui, onde temos a sorte de termos alguns exemplares desse clássico da aviação

mundial ativos para voos. O empenho e a dedicação de alguns clubes para preservar suas

aeronaves, seu acervo aéreo, merece reconhecimento, pois o sucesso nesse empreendimento

nem sempre fácil de se conseguir, mas sempre vale a pena usar a criatividade para consegui-

lo sempre e de modo honesto e justo. Que a iniciativa de sucesso do Aeroclube de Pirassu-

nunga inspire a outros clubes e que todos que considera importante preservar a história, nas

suas mais variadas formas, sempre apoiem iniciativa como a criação do fundo para preservar

uma aeronave clássica, que no caso do Fatichild PT19 é uma importante parte da história

aeronáutica nacional e mundial, que pode continuar a ser admirada pelos seus voos, pelo

som e designer exclusivo pelos céus do Brasil.