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ACIDENTES OCUPACIONAIS COM MATERIAL BIOLÓGICO NO COTIDIANO DOS ACADÊMICOS DE ODONTOLOGIA E
CIRURGIÕES DENTISTAS
Bárbara Sezini Araujo Silva*
Cristiana Aparecida de Lima *
Maria Aparecida Garcia Sousa *
Nayana Pereira Zócoli *
Raquel Aparecida Vilela *
Elaine Toledo Pitanga Fernandes**
RESUMO
As condições de trabalho do ambiente odontológico fazem com que acadêmicos e cirurgiões dentistas estejam expostos a uma grande variedade de microorganismos presentes especialmente no sangue, na saliva e nas vias aéreas respiratórias dos pacientes. Este estudo teve como objetivo realizar uma revisão da literatura sobre os acidentes ocupacionais com materiais biológicos na prática odontológica. Após revisão da literatura observou-se que a prevalência dos acidentes ocupacionais envolvendo material biológico é elevada, sendo mais freqüente no gênero feminino. Os instrumentos pérfuro cortantes foram os mais envolvidos na ocorrência destes acidentes. Concluiu-se que a prevalência de acidentes ocupacionais envolvendo materiais biológicos é elevada, sendo os instrumentos pérfuro cortantes o mais envolvidos nos acidentes ocupacionais da prática odontológica, onde o uso de Equipamentos de Proteção Individual reduzem o risco de transmissão de infecção, porém não insenta acadêmicos e cirurgiões dentistas de serem acometidos pelos acidentes ocupacionais.
Palavras-chave: Acidentes ocupacionais. Biossegurança. Exposição a material biológico.
* Acadêmicas do 8º período do Curso de Odontologia da FACS/UNIVALE.
** Professora adjunta do Curso de Odontologia da FACS/UNIVALE/Doutora em Saúde
Coletiva.
2
INTRODUÇÃO
As exposições ocupacionais a materiais biológicos potencialmente
contaminados constituem um sério risco aos profissionais da área da saúde (BRASIL,
2006).
As condições de trabalho dos cirurgiões dentistas e acadêmicos de odontologia
fazem com que eles estejam expostos a uma grande variedade de microorganismos
presentes especialmente no sangue, na saliva e nas vias aéreas respiratórias dos
pacientes, favorecendo a ocorrência de exposições ocupacionais a material biológico
(GARCIA; BLANK, 2006; RIBEIRO; HAYASHIDA; MORIYA, 2007).
Considera-se risco biológico a probabilidade da ocorrência de um evento
adverso em virtude da presença de um agente biológico (BRASIL, 2006). Segundo
Theodoro et al. (2009), os cirurgiões dentistas estão entre os profissionais de saúde mais
expostos a acidentes, principalmente aqueles causados por materiais pérfuro cortantes e
fluídos biológicos.
O risco de exposição a material biológico é conhecido desde a década de 1930,
contudo tomavam-se poucas medidas visando evitar a transmissão de agentes
patogênicos. Na década de 1980, com o aparecimento da Síndrome da Imunodeficiência
Adquirida (AIDS), o temor do contato com seu agente etiológico, o HIV, acabou sendo
um motivador para a adoção de medidas de controle de infecção na prática odontológica
(BRASIL, 2000). A partir de então, as questões relativas ao controle de infecção e às
normas de biossegurança receberam maior atenção por parte dos profissionais da
odontologia. Passou haver maior preocupação com a transmissão de doenças do
profissional para seus familiares e pacientes, entre diferentes pacientes, e do paciente
para o profissional (GARCIA; BLANK, 2006).
A principal causa de acidentes ocupacionais entre profissionais da área da
saúde está relacionada ao uso de instrumentais pérfuro cortantes (CAIXETA;
BARBOSA-BRANCO, 2005). Na odontologia, os acidentes com exposição ocupacional
3
a material biológico são frequentes em decorrência do trabalho com esses instrumentos
em um campo de visão restrito e sujeito a movimentação do paciente (TEIXEIRA et al.,
2008; YOUNAI et al., 2001; RAMOS-GOMES et al., 1997).
Estas exposições podem ser reduzidas, senão eliminadas, com cuidados
específicos e aplicação de normas e rotinas de biossegurança como meios de prevenção.
(MASTROENI, 2004; BRASIL, 2006; SASAMOTO et al., 2010).
Diante do exposto, este estudo tem como objetivo realizar uma revisão da
literatura sobre os acidentes ocupacionais com materiais biológicos na prática
odontológica.
REVISÃO DA LITERATURA
Acidentes ocupacionais com materiais biológicos na prática odontológica
O atendimento odontológico abrange desde práticas simples, como o polimento
de uma restauração, até cirurgia em tecidos moles e ossos. As intervenções na cavidade
oral geram risco de contaminação ocupacional. A equipe odontológica está exposta à
uma variedade de microorganismos que podem transmitir doenças infecciosas
dependendo dos mecanismos de defesa local e sistêmica (AMARAL et al., 2005).
Os acidentes de trabalho são bastante frequentes em odontologia, já que existe
uma manipulação constante de objetos pontiagudos. Os instrumentos podem causar
ferimentos e abrasões nas mãos dos cirurgiões dentistas, e ainda, fragmentos dentários
ou líquidos podem ser projetados com consequente risco de lesão cutânea ou ocular. A
equipe odontológica está, então, sob constante risco de se contaminar por esses agentes
infecciosos (SANTOS; PELOGGIA, 2002).
Exposições acidentais com instrumento pérfuro cortante contendo material
biológico é o acidente ocupacional mais comum envolvendo profissionais da área da
saúde. A possibilidade do profissional acidentado adquirir uma infecção depende de
4
diversos fatores, como extensão da lesão, volume do fluído biológico presente, das
condições sistêmicas, das características dos microorganismos presentes, bem como das
condutas realizadas após a exposição (BROZOSKI et al., 2010).
Prevalência de acidentes ocupacionais envolvendo materiais biológicos na prática
odontológica
Objetivando detectar as características da ocorrência de acidentes com
instrumentos pérfuro cortantes, Cruz; Gasparetto (1999) realizaram um levantamento
com 122 acadêmicos do curso de Odontologia da Universidade Paranaense que
exerciam atividades clínicas. Verificaram que 45,9% dos acadêmicos estiveram
envolvidos com este tipo de acidentes. A distribuição por gênero mostrou que 20,5%
eram do gênero masculino e 25,4% do gênero feminino. Segundo este estudo, as regiões
do corpo mais atingidas foram a face palmar das mãos, com 29 registros de ocorrência e
o dorso das mãos, com 10 ocorrências.
Martins; Barreto; Rezende (2004) determinaram através de questionário auto
aplicável a prevalência de acidentes com instrumento pérfuro cortante entre cirurgiões
dentistas (n= 296) que residiam e trabalhavam em Montes Claros, MG, 2001. A
prevalência foi de 26% nos últimos seis meses e 75% durante a vida profissional. Na
análise univariada, os acidentes com instrumentos pérfuro cortantes nos últimos seis
meses do período verificado foram significativamente maiores entre os cirurgiões
dentistas mais jovens, com menor tempo de formatura e de trabalho na clínica, entre
aqueles que não utilizavam máscaras, não trabalhavam só no consultório particular,
executavam especialidades cruentas, não faziam pausa durante o atendimento e entre os
que alegaram atender clientela com nível socioeconômico baixo.
Garcia; Blank (2006) determinaram a prevalência de exposições ocupacionais a
material biológico ao longo da vida profissional e no ano anterior ao estudo por eles
realizado. Participaram do estudo 289 cirurgiões dentistas do município de
Florianópolis (Santa Catarina). Os dados foram coletados por meio de questionário auto
aplicável. A prevalência de exposição ocupacional durante a vida profissional foi 94,5%
5
e 39,1% no ano anterior ao estudo. Dentre os cirurgiões dentistas que relataram ter
sofrido exposição ocupacional no ano anterior, 60,7% e 39,3% indicaram ter sofrido
lesão percutânea e respingo, respectivamente. Nos cirurgiões dentistas, 88,1% dos
respingos atingiram os olhos, sendo 32,4% durante procedimentos de restauração,
21,6% durante profilaxia e 21,6% durante raspagem periodontal. Saliva sem sangue
visível foi o material biológico envolvido em 89,2% desses respingos.
Após avaliar a ocorrência de acidentes ocupacionais em cirurgiões dentistas
(76) do município de Araçatuba – São Paulo, Garbin et al. (2006) verificaram que 34%
dos entrevistados já haviam sofrido algum acidente na prática clínica. Destes, 73% era
do gênero feminino, atribuíram esse fato ao maior número de mulheres atuantes na
Odontologia. A maioria dos acidentes foram ocasionados por perfurações cutâneas
(84,6%), lesões oculares por fragmentos (30,8%), lesões oculares por agentes químicos
(7,7%) e irritações cutâneas (3,8%).
Em uma investigação, com o objetivo de analisar a ocorrência de acidentes
com material biológico entre acadêmicos (n=172) de um curso de Odontologia, Ribeiro;
Hayashida; Moriya (2007) verificaram que 70,9% dos participantes alegaram ter sofrido
exposição acidental com material biológico. Destes, a maioria (42,6%) era do quinto
ano de graduação, (60,7%) do gênero feminino e (69,7%) com idade entre 20 e 22 anos.
As regiões do corpo mais atingidas foram os olhos (53,3%), as mãos (51,6%) e os dedos
(45,9%).
Buscando identificar os riscos ocupacionais existentes durante o atendimento
clínico, Murofuse et al. (2008) realizaram um estudo a partir da observação de 61
acadêmicos e 49 cirurgiões dentistas da clínica odontológica da UNIOESTE (Cascavel
– Paraná). Dados adicionais foram coletados através de questionário semi-estruturado.
Os autores constataram que dentre os riscos ocupacionais mencionados pelos
participantes do estudo, o risco biológico foi o mais citado tanto por acadêmicos
(47,7%) como por cirurgiões dentistas (45,6%), seguido do risco de acidentes citado por
38,5% dos acadêmicos e 24,6% dos cirurgiões dentistas. O tipo de acidente mais
6
frequente foi com material biológico (88,9%) em função da manipulação de materiais
pérfuro cortantes.
Lima et al. (2008) identificaram a ocorrência de acidentes ocupacionais em
acadêmicos da graduação da Universidade Federal da Paraíba e verificaram que dos 168
acadêmicos do quinto ao décimo período participantes do estudo, 59,5% relataram ter
sofrido acidente ocupacional. Destes, 62% eram do gênero masculino. Os acidentes
superficiais foram citados por 101 acadêmicos e os percutâneos por 29.
Ao determinar a prevalência de acidentes com instrumentos pérfuro cortantes
entre cirurgiões dentistas de Santa Catarina que frequentaram curso de atualização
profissional na UFSC em 2005 (n=80), Teixeira et al. (2008) constataram que 74% dos
entrevistados já haviam sofrido algum acidente com tais instrumentos. Quando
relacionado o número de anos de formado à ocorrência ou não de acidentes, observou-se
que os entrevistados com mais de 10 anos de formado (62%) tiveram mais acidentes do
que os formados há menos de 10 anos. A ocorrência de acidentes foi relacionada com
mais frequência à prática clínica de dentística (59%) e cirurgia (34%), e dos 59 que já
sofreram algum acidente 13 relataram que já haviam sofrido acidentes com
instrumentos pérfuro cortantes em mais de uma especialidade.
Rodrigues et al. (2009) investigaram os acidentes ocupacionais ocorridos
durante os 10 primeiros anos do curso de Odontologia da Universidade de Fortaleza
(UNIFOR). Foi observado que 63,1% dos casos ocorreram na Clínica Multidisciplinar,
23,1% na Clínica Integrada, 8,8% nos laboratórios, 1,9% em casa, 1,25% no Centro
Cirúrgico, 1,25% na Central de Esterilização de Material e 0,6% durante o Estágio
Extramuro. Com relação ao acidentado, 90,6% das vítimas eram acadêmicos de
graduação e 3,8% cirurgiões dentistas.
Para verificar a prevalência de acidentes de trabalho em cirurgiões dentistas,
Theodoro et al. (2009) entrevistaram 87 profissionais acadêmicos dos Cursos de
Especialização da ABO-ES. Os resultados demonstraram alta prevalência de acidentes
7
de trabalho (55,25%). Destes, 81,3% ocorreram com materiais pérfuro cortantes, sendo
as mãos o local mais atingido (89,6%).
Orestes-Cardoso et al. (2009) realizaram um estudo com o objetivo de
identificar a prevalência de acidentes com pérfuro cortantes e as medidas profiláticas
pós-acidentes em duas Faculdades de Odontologia de Recife, Pernambuco, Brasil. A
amostra se constituiu de 300 acadêmicos do ciclo profissionalizante. Constatou-se que a
prevalência de acadêmicos acidentados nas duas instituições foi de 25,3%, com
percentuais mais elevados nos acadêmicos do 8° ao 10° período (35,3%).
Sasamoto et al. (2010) identificaram o perfil de acidentes com material
biológico em uma instituição de ensino odontológico. Os dados foram obtidos por meio
das fichas (n=71) de notificação de registro de acidentes com material biológico. Dentre
os acidentes notificados, 91,6% ocorreram em acadêmicos e 2,8% em cirurgiões
dentistas, sendo 64,8% em indivíduos do gênero feminino, atribuíram essa maior
prevalência em função ao número elevado de mulheres atuantes na profissão. A maioria
dos acidentes foi percutâneo (85%), seguido de respingos em mucosas (15%). A área
corporal mais atingida foram as mãos (80%). Os materiais biológicos envolvido na
maioria dos acidentes foram o sangue e a saliva (42,5%), seguido de saliva (12,5%) e
sangue (7,5%).
Causas de acidentes ocupacionais envolvendo materiais biológicos na prática
odontológica
A cavidade bucal, principal local de atuação dos cirurgiões dentistas abriga
mais de 20 diferentes gêneros de microorganismos, com cerca de 400 espécies de
bactérias já identificadas em um mesmo sítio. Outro aspecto que contribui para a
exposição acidental a material biológico potencialmente contaminado deve-se às
características peculiares da profissão, tais como o pequeno campo de visualização em
que atuam, os procedimentos invasivos que realizam, a utilização de instrumentos
pontiagudos e cortantes, de alta rotação e ultra-sônicos que favorecem a formação de
8
aerossóis e respingos, a grande proximidade física com o paciente ou ainda a
movimentação do paciente em momentos inesperados (BRASIL, 2000).
A manipulação incorreta dos utensílios odontológicos, ou o tratamento
inadequado dos dejetos após a consulta clínica, também podem facilitar a ocorrência de
acidentes com instrumentos pérfuro cortantes (BRASIL, 2006).
Segundo Farinassi (2007) outro fator relacionado à ocorrência de grande
número de acidentes ocupacionais relaciona-se diretamente ao uso incompleto do
Equipamento de Proteção Individual.
Estudiosos têm buscado evidenciar os motivos envolvidos na ocorrência de
acidentes ocupacionais na prática odontológica:
Desta forma, Cruz; Gasparetto (1999), em estudo com acadêmicos de
graduação do curso de Odontologia da Universidade Paranaense, observaram que os
acidentes com pérfuro cortantes se relacionaram, principalmente, aos procedimentos de
lavagem de instrumental (29,31%), raspagem periodontal (13,79%) e anestesia
(10,34%). O item relacionado ao motivo que favoreceu o acidente demonstrou que a
grande maioria decorreu da falta de atenção (59,17%), pressa (9,83%) e estresse
(4,91%). O instrumento mais envolvido nos acidentes foi a sonda exploradora (37,5%)
seguida da agulha de anestesia (33,3%).
No estudo de Garbin et al. (2006) envolvendo 76 cirurgiões dentistas do
município de Araçatuba, SP, Brasil, os entrevistados apresentaram como fatores
diretamente ligados às lesões: agulhas (36,9%), instrumental (36,9%), fragmentos
(8,0%) e 2,6% citaram outros objetos como: lâminas de bisturi, ácido, broca, lima,
banda ortodôntica, fórcepes, pedra montada. A maioria dos acidentes relatados ocorreu
durante o atendimento (80%) e 30,8% depois de concluído o atendimento.
Numa pesquisa com acadêmicos da graduação em Odontologia, Ribeiro;
Hayashida; Moriya, (2007) verificaram que quanto ao tipo do objeto causador do
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acidente com material biológico, os instrumentos restauradores (brocas e matriz) foram
os principais responsáveis (50%) seguidos de agulhas (42,6%) e instrumentos
periodontais (41,8%). Dos acidentes que ocorreram durante o atendimento ao paciente,
a maioria foi no momento em que se utilizava normalmente um instrumento, referido
por 67,2% acadêmicos, seguido de outras duas situações citadas igualmente por 19,7%
acadêmicos cuja exposição ocorreu quando se utilizava um instrumento com força e ao
transferir de um instrumento para o outro; além de 13,1% que se acidentaram ao inserir
a agulha no tecido e outros 3,3% ao remover a agulha. Também foram igualmente
apontadas por 10,6% dos acadêmicos as situações em que o acidente ocorreu ao colidir
com outra pessoa ou instrumento e quando o paciente se moveu. Após o atendimento do
paciente, grande parte dos acidentes ocorreu no momento em que realizavam a limpeza
do instrumental, situação registrada por 41% acadêmicos. Foram ainda apontadas por
11,5% acadêmicos, como circunstância do acidente, o momento em que desmontava
materiais como bisturi e caneta de alta rotação (equipamento para corte de dentina). As
demais circunstâncias investigadas foram assinaladas por um número bem menor: 7,4%
enquanto carregavam materiais nas mãos; 4,1% ao reencapar agulha e igualmente
indicadas por 3,3% alunos ao retirar a agulha da seringa carpule (seringa para anestesia
odontológica) e ao colidir com outra pessoa ou instrumentos.
Em outro estudo com acadêmicos (n=168) de graduação em Odontologia, Lima
et al. (2008) mostraram que a distração (24,2%), a pressa (18,9%) e a pouca experiência
foram as principais causas relatadas como desencadeadoras de acidentes. A agulha
anestésica (19,4%) e a sonda exploradora número 5 (16,4%) foram os instrumentais
mais citados relacionados à ocorrência dos acidentes.
Após análise de questionários aplicados a 80 cirurgiões dentistas no estado de
Santa Catarina, Teixeira et al. (2008) verificaram que os materiais e instrumentais que
mais causaram acidentes ocupacionais foram, respectivamente: brocas, agulhas
anestésicas, curetas, alavancas, lâminas de bisturi e limas de endodontia. Outros fatores
atribuídos foram: falta de atenção (71,9%), pressa (30,5%), uso incorreto dos
equipamentos de proteção (5,1%) e cansaço (3,4%).
10
Theodoro et al. (2009) realizaram um estudo transversal envolvendo 96
cirurgiões dentistas acadêmicos dos cursos de Especialização da Associação Brasileira
de Odontologia em Vitória- ES. Os resultados mostraram que a maioria dos acidentes
ocorreu com cirurgiões dentistas que declararam trabalhar mais de 8 horas diária
(66,7%) e que 29,2% ocorreu no momento da lavagem dos instrumentais, 25% nos
procedimentos de anestesias e 20% durante o reencapamento de agulhas. A principal
causa dos acidentes foi relacionada ao uso de material pérfuro cortante (81,3%).
Outro estudo transversal foi conduzido por Sasamoto et al. (2010)
considerando as fichas (n=71) de registro de acidentes com material biológico em uma
Instituição de Ensino Odontológico no período de março de 2002 a julho de 2008. A
causa de acidente com material biológico prevalente foi durante a execução de
procedimentos no reencape (22,5%) e manuseio (17,5%) de agulha anestésica e da
execução de procedimentos cirúrgicos (15,0%). Outro fator relevante na ocorrência de
acidentes foi o descarte e o manejo dos resíduos pérfuro cortantes.
De acordo com Brozoski et al. (2010) ao avaliar as causas dos acidentes
envolvendo materiais pérfuro cortantes em acadêmicos e cirurgiões dentistas no período
de 2000 a 2005 na Clínica Odontológica da Universidade São Paulo, foi constatado que
o maior número de acidentes ocorreu com agulhas hipodérmicas e gengivais
representando 63% dos casos, sendo que o reencape de agulha representou 4,7%.
Relação do uso de Equipamentos de Proteção Individual e os acidentes
ocupacionais na prática odontológica
O uso de procedimentos efetivos de controle de infecção e a observância das
precauções padrão no consultório odontológico são atitudes imprescindíveis na
prevenção da infecção cruzada no ambiente odontológico (FARINASSI, 2007).
As medidas de precauções padrão são um conjunto de medidas de controle de
infecção a serem adotadas universalmente, como forma eficaz de redução do risco
ocupacional e de transmissão de agentes infecciosos nos serviços de Saúde; foram
11
criadas para reduzir o risco de transmissão de patógenos através do sangue e fluídos
corporais e são indicadas para todos os pacientes, independentemente do diagnóstico e
em todas as situações de tratamento (BRASIL, 2004).
As precauções padrão auxiliam os profissionais nas condutas técnicas
adequadas, por enfatizarem a necessidade de tratar todos os pacientes em condições
biológicas seguras; ao mesmo tempo em que indicam, de forma precisa, o uso do
equipamento de proteção individual – EPI, gerando melhoria da qualidade da assistência
e redução dos custos (BRASIL, 2000).
Em Odontologia os cuidados devem ser tomados tanto em relação aos
profissionais prestadores de serviço como aos usuários do mesmo (RUSSO; RUSSO,
2001).
A utilização de todos os equipamentos de proteção individual- EPI e a
presença de critérios na manipulação de instrumentos e objetos contaminados
constituem a melhor alternativa afim de evitar o contágio, preservando a saúde dos
trabalhadores expostos (TEIXEIRA et al., 2008). Berti; Moimaz; Ayres (2003)
afirmaram que a utilização inadequada dos EPI's podem resultar em diversas doenças.
Garcia; Blank (2006) através de um estudo com 289 cirurgiões dentistas do
município de Florianópolis demonstraram a frequência do uso dos equipamentos de
proteção individual no momento das exposições ocupacionais. Os cirurgiões dentistas
que sofreram lesões percutâneas estavam usando luvas (n=59), óculos (n=43), máscara
(n=57), jaleco de mangas longas (n=26) e gorro (n=22). Com relação ao acidente
ocupacional envolvendo respingos, dos cirurgiões dentistas envolvidos, 42 usavam
luvas, 11 óculos, 40 máscaras, 19 jaleco de mangas longas e 14 usavam gorro. As partes
do corpo passíveis de proteção pelos equipamentos de proteção individual quando
houve um comprometimento do dedo e da mão, 49 cirurgiões dentistas usavam luvas no
momento do acidente ocupacional; no envolvimento do antebraço e braço 4 usavam
jaleco de mangas compridas; e quando a parte corporal envolvida foi os olhos, apenas
14 cirurgiões dentistas faziam o uso dos óculos de proteção.
12
Quanto ao uso de equipamento de proteção individual foi realizada uma
investigação envolvendo 172 acadêmicos, onde observou-se que os mesmos utilizaram
principalmente luvas de procedimento em 85,2% das exposições, jaleco em 80,3%,
gorro em 79,5% e máscara em 76,2% no momento da exposição. Os óculos de proteção
foram indicados como sendo utilizado em apenas 62,3% das exposições (RIBEIRO;
HAYASHIDA; MORIYA, 2007).
Em relação à prevalência ao uso rotineiro de equipamentos de proteção
individual em um estudo realizado por Teixeira et al. (2008) abrangendo 80 cirurgiões
dentistas, observou-se que 100% dos entrevistados relatam utilizar rotineiramente luvas
e máscaras, sendo que 96% utilizavam óculos, 97% jaleco, 52% gorro e 1% usavam
sobre-luva.
Murofuse et al. (2008) através de uma amostra do tipo não probabilística
composta por 61 acadêmicos e 27 cirurgiões dentistas mencionaram o uso do
equipamento de proteção individual, porém incompleto. Constataram que dos 27
cirurgiões dentistas apenas 1 usava calçado fechado, 22 gorro, 16 jaleco, 24 luva, 24
máscara e 21 usavam óculos. Já nos acadêmicos, 3 usavam calçado fechado, 52 gorro,
50 jaleco, 52 luva, 1 luva cirúrgica, 3 luva de borracha, 53 máscara e 48 usavam óculos.
Em um estudo com 87 cirurgiões dentistas de Especialização da Associação
Brasileira de Odontologia, em Vitória-ES, 12,5% relatam não usar equipamento de
proteção individual no momento do acidente (THEODORO et al., 2009).
DISCUSSÃO
Após revisão da literatura sobre acidentes ocupacionais com materiais
biológicos na prática odontológica verificou-se alta prevalência na ocorrência destes,
tanto em cirurgiões dentistas quanto acadêmicos. Esta prevalência variou de 45,6% a
94,5% conforme estudos de Cruz; Gasparetto (1999); Martins; Barreto; Rezende (2004);
Garbin et al. (2006); Garcia; Blank (2006); Ribeiro; Hayashida; Moriya (2007);
Murofuse et al. (2008); Lima et al. (2008); Teixeira et al. (2008). Segundo Brasil (2000)
13
este resultado pode ser atribuído às características peculiares da profissão, tais como o
pequeno campo de visualização em que atuam, os procedimentos invasivos que
realizam, utilização de instrumentos pontiagudos e cortantes, de alta rotação e ultra-
sônicos que favorecem a formação de aerossóis e respingos. A proximidade física com o
paciente ou ainda a movimentação repentina do mesmo também podem contribuir para
ocorrência dos referidos acidentes.
Observou-se a predominância do gênero feminino entre as vítimas de acidentes
com materiais biológicos conforme resultados dos estudos de Cruz; Gasparetto (1999);
Garbin et al. (2006); Ribeiro; Hayashida; Moriya (2007); Sasamoto et al. (2010). Garbin
et al. (2006) e Sasamoto et al. (2010) atribuiram este fato ao maior número de mulheres
atuantes na área da saúde, especialmente na odontologia. Diferentemente, o estudo de
Lima et al. (2008) mostrou maior ocorrência de acidentes no gênero masculino 62% e
os autores justificaram este achado em função das mulheres serem mais cuidadosas e
precavidas.
Em relação à área corporal mais atingida, os estudos realizados por Cruz;
Gasparetto (1999); Theodoro et al. (2009); Sasamoto et al. (2010); apontaram as mãos
como a área de maior prevalência. Acreditamos que isto aconteça pelo fato das mesmas
estarem diretamente relacionadas ao manuseio de instrumentos pérfuro cortantes
durante os atendimentos odontológicos. Entretanto, nos estudos de Garcia; Blank (2006)
e Ribeiro; Hayashida; Moriya (2007) os olhos foram os locais mais atingidos
possivelmente devido à negligência no uso de óculos de proteção.
Com relação aos motivos relacionados à ocorrência dos acidentes com material
biológico Cruz; Gasparetto (1999); Teixeira et al. (2008); Lima et al. (2008) corroboram
que a falta de atenção e a pressa são os principais responsáveis, seguidos do uso
incorreto dos equipamentos de biossegurança, estresse e cansaço.
Segundo Cruz; Gasparetto (1999); Theodoro et al. (2009) a maioria destes
acidentes ocorreu durante a lavagem dos instrumentais. De outra forma, Garbin et al.
(2006); Ribeiro; Hayashida; Moriya (2007) e Sasamoto et al. (2010) verificaram que a
14
maioria destes acidentes ocorreram durante o atendimento odontológico, principalmente
no momento da anestesia (reencape e manuseio da agulha anestésica) e da execução de
procedimentos cirúrgicos e restauradores. Acreditamos que estes resultados sejam
referentes à negligência no uso de alguns equipamentos de proteção individual - EPI's.
Sabe-se que a limpeza dos instrumentais quando realizada manualmente é uma
atividade de alto risco de acidente. Sendo assim, consideramos que a utilização de
equipamentos de proteção, como luvas grossas, é fundamental, para diminuição do
risco, bem como da transmissão de agentes infecciosos.
Theodoro et al. (2009) consideram que os instrumentos pérfuro cortantes são os
principais responsáveis pelos acidentes envolvendo material biológico. No entanto, não
há um consenso entre os pesquisadores sobre qual é o pérfuro cortante mais envolvido.
Sonda exploradora, agulhas, brocas e instrumentos periodontais aparecem como os mais
citados (CRUZ; GASPARETTO, 1999; GARBIN et al., 2006; RIBEIRO;
HAYASHIDA; MORIYA, 2007; TEIXEIRA et al., 2008; LIMA et al., 2008;
BROZOSKI et al., 2010). Entendemos possivelmente que devido às características
dos procedimentos odontológicos que exigem a manipulação constante destes
instrumentos num restrito campo de trabalho há um aumento no risco de acidentes
ocupacionais com material biológico.
Conforme Garcia; Blank (2006) o uso dos EPI's não isenta cirurgiões dentistas
e acadêmicos de serem acometidos por estes acidentes. Isso pode ser comprovado
através dos estudos realizados por Ribeiro; Hayshida; Moriya (2007); Murofuse et al.
(2008) e Teixeira et al. (2008), nos quais os participantes sofreram acidentes apesar de
estarem usando os referidos equipamentos. Corroboramos com esses autores que os
EPI's não impedem a ocorrência dos acidentes ocupacionais, entretanto se estes
ocorrerem, a interferência dos EPI's reduz a quantidade de material biológico inoculado,
podendo reduzir, igualmente, a possibilidade de aquisição de patógenos em alguns
casos.
15
CONCLUSÕES
Frente à literatura consultada pôde concluir que:
• Na prática odontológica a prevalência de acidentes ocupacionais
envolvendo material biológico é elevada.
• Os instrumentos pérfuro cortantes foram os mais envolvidos na
ocorrência de acidentes ocupacionais com material biológico.
• Observou-se a predominância do gênero feminino entre as vítimas de
acidentes com materiais biológicos.
• O uso dos Equipamentos de Proteção Individual são atitudes
imprescindíveis na prevenção da infecção cruzada no ambiente odontológico,
minimizando o risco de infecção, entretando, não isenta acadêmicos e cirurgiões
dentistas de serem acometidos por acidentes ocupacionais.
ABSTRACT
OCCUPATIONAL BIOLOGICAL MATERIAL IN DAILY LIFE OF DENTISTRY
ACADEMIC AND DENTAL SURGEONS
The working conditions of the environment make academic dentistry and dentists are exposed
to a wide variety of microorganisms especially in the blood, saliva and in airways of patients.
This study aimed to review the literature on occupational accidents with biological materials in
dental practice. After review of the literature showed that the prevalence of occupational
accidents involving biological material is high, being more frequent in females. The sharp
piercing instruments were the most involved in the occurrence of these accidents. It was
concluded that the prevalence of occupational accidents involving biological materials is high,
piercing and cutting instruments as involved in occupational accidents in dental practice,
where the use of Personal Protective Equipment to reduce the risk of transmission of infection,
but not exempting academic and dentists to be affected by these accidents. Key-words: Occupational Accidents. Biosafety. Exposure to Biological Material.
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