A Transcrição Fonológica

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A Transcrição Fonológica

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A TRANSCRIÇÃO FONOLÓGICA

“tia”['tiɐ]

['tʃiɐ]

Um fonema pode variar na sua realização. Aos vários sons que realizam o mesmo fonema damos o nome de variantes ou alofones.

A análise fonológica consiste em identificar os sons que constituem fonemas e como eles se organizam em um sistema linguístico, para verificar, por exemplo, as posições que os fonemas ocupam, se no início, no meio ou no final da sílaba, com que outros fonemas normalmente se agrupam etc.

Diversos processos fonológicos devem ser

verificados ao se realizar a transcrição fonológica, pois os sons exercem influência uns sobre os outros, fazendo surgir alterações no sistema fonológico.

/'tia/ - Na realização fonética, teríamos [t] ou [t] diante da vogal [i]. Na transcrição fonológica, transcrevemos o fonema /t/.

EXEMPLOS DE TRANSCRIÇÕES FONOLÓGICAS

OS PROCESSOS FONOLÓGICOSUm pouco de prática

NEUTRALIZAÇÃO

e — /S/

Os fonemas // e //, em final de sílaba, deixam de fazer oposição, pois ao substituirmos um pelo outro não identificamos alteração no plano do significado.

Significa que o traço que diferencia os fonemas, no caso o ponto de articulação (um é alveolar ([s]) e outro palatal ([]), deixa de atuar, ou seja, é neutralizado.

NEUTRALIZAÇÃO

NEUTRALIZAÇÃO: ARQUIFONEMA / S /

FONEMAS DISTINTOS - Em começo de palavra ou entre vogais : sapata / Zapata chá / já assa /asa/acha/aja  ARQUIFONEMA /S/ - Sem capacidade para distinguir significado, ou seja, são ambientes em que há neutralização entre os fonemas: em final de palavra: luz, ás. em final de sílaba, no interior da palavra: espadas.

NEUTRALIZAÇÃO[liv] - [livo] = / livU/

Para representar a neutralização de fonemas, utiliza-se, na transcrição fonológica, um arquifonema. Esse elemento corresponde ao resultado articulatório da neutralização, representando os traços distintivos comuns entre os fonemas. É geralmente representado por uma letra maiúscula.

O CONCEITO DE ARQUIFONEMA

/U/ - neutralização entre /o/ e /u. /I/ - neutralização entre /i/ e /e/./R/ - neutralização entre /ɾ/ e /R/./S/ - neutralização entre /s/, /z/, /N/ - neutralização entre /n/, /m/, /L/ - neutralização entre /l/ e /u/, que ao acompanhar vogal em sílaba é representado por /w/.

SÍMBOLOS PARA REPRESENTAR

ARQUIFONEMAS:

Para representar a neutralização de fonemas, utiliza-se, na transcrição fonológica, um arquifonema. Esse elemento corresponde ao resultado articulatório da neutralização, representando os traços distintivos comuns entre fonemas.

POR QUE USAR ARQUIFONEMAS?

OUTROS PROCESSOS FONOLÓGICOS

ASSIMILAÇÃO - um som torna-se semelhante a outro que está próximo a ele. Essa assimilação pode ser:

Parcial - a alteração da vogal temática em falei, em que o /a/ passa a /e/ por assimilar a característica de vogal fechada da vogal /i/ que lhe é vizinha.

Total - neste caso, o fonema assimilado se torna idêntico ao assimilador - perigo > /piigU/.

HARMONIZAÇÃO VOCÁLICA - nesse processo fonológico, uma vogal pretônica assimila as características da vogal da sílaba tônica.

Exemplo: /kostua/ passa a /kustua/.

METAFONIA - modificação do grau de abertura de uma vogal decorrente da influência da vogal ou semivogal que a seguem.

Exemplos: sogro/sogra; este/esta.

EPÊNTESE - acréscimo de fonema no interior da palavra. Há casos em que esse acréscimo resulta na formação de um ditongo, temos, então, o processo de ditongação.  Exemplos: boa, pronunciado [bowa]; mês, pronunciado [me]; digno, pronunciado [d].

AFÉRESE - queda de fonema no início do vocábulo. Exemplo: teve (por esteve).

SÍNCOPE - queda de fonema no interior do vocábulo.Exemplos: fósfro (por fósforo); abobra (por abóbora); xicra (por xícara).

APÓCOPE - queda de fonema no final do vocábulo.

Exemplo: dormi (por dormir).

NASALIZAÇÃO - uma vogal oral assimila a característica nasal de um som que lhe contíguo. É processo muito comum em português. Assim, palavras como cama e goma têm a vogal da sílaba tônica nasalizada. Em sílabas pretônicas, essa nasalização é variável, vide as realizações para o vocábulo gramática, com ou sem nasalização.

NASALIDADE – (puramente fonética) a não articulação da vogal nasal marca a variação dialetal e não causa diferença de significado. Exemplos: j[a]nela – j[ã]nela (nasaladas ou nasalizadas)

NASALIDADE ≠ NASALIZAÇÃO

NASALIZAÇÃO – (opõe-se a não-nasalização – de caráter fonológico). A vogal nasal ocorre, obrigatoriamente, em qualquer dialeto do português. Exemplos: ímã; santo. A não articulação da vogal nasal pode causar diferença de significado.Exemplos: lã/lá; mito/minto; manta/mata; bomba/boba.

A INTERPRETAÇÃO DAS VOGAIS NASAIS EM

PORTUGUÊS

mata/mantaseda/senda

lida/lindaboba/bombafuga/funga

A interpretação fonológica das vogais nasais em português tem sido sempre objeto de discussão por parte de linguistas.

PRIMEIRA HIPÓTESE:“As vogais nasais são entendidas como fonemas distintos das respectivas vogais não-nasais.”Interpretação mais difundida: alguns consideram a existência de vogais com característica nasal em oposição às suas correspondentes orais.

Em que consiste a oposição entre as formas?

SEGUNDA HIPÓTESE:“Para Mattoso Câmara, o que temos é a existência de uma vogal oral seguida de um elemento consonântico nasal, [m], [n] ou [], representado pelo arquifonema /N/, devido às variações determinadas pelo contexto em que ocorrem as vogais.”

Se as vogais nasais têm capacidade distintiva, pode-se dizer que há, em português, fonemas vocálicos orais e fonemas vocálicos nasais?

A vogal nasal é um fonema em português.

 

Vogal nasal é a combinação de 2 elementos: vogal + elemento nasal.

 

Teríamos em português 7 vogais orais e 5 nasais.

 

 

Segundo Mattoso Câmara,

a vogal nasal não é um fonema em português.

 

Vogal nasal é formada por um grupo de dois fonemas: vogal oral + elemento consonântico nasal.

Temos, em português, 7 vogais orais.

Quando a consoante nasal estiver travando sílaba e precedido por vogal realiza-se como:

 

[m] diante de consoante bilabial;

[n] nos demais ambientes.

Não pode haver vogal nasal porque não há o contraste como, por exemplo, em francês, em que há 3 diferentes ocorrências foneticamente:

  beau - ['bo] (vogal oral)

bon - ['bõ] (vogal nasal)

bonne - ['bon] (vogal oral + consoante nasal)

Observação:

Em nossas transcrições, consideraremos a existência de vogais nasais em oposição às vogais orais em português.

UM POUCO DE PRÁTICA

Qual arquifonema deve ser utilizado para representar o processo fonológicos no par ['bolo] e ['bolu]?

UM POUCO DE PRÁTICA

Qual arquifonema deve ser utilizado para representar o processo fonológicos no par ['bolo] e ['bolu]? /U/

/'bolU/ - Neste caso, podíamos ter uma pronúncia com o fonema /o/ ou /u/. Diante da neutralização, emprega-se o arquifonema /U/.

UM POUCO DE PRÁTICA

Indique o fenômeno presente no par cantando/cantano.

UM POUCO DE PRÁTICA

Os fonemas /n/ e /d/ são consoantes dentais. Por serem produzidas no mesmo ponto ou lugar de articulação, vão sofrer a assimilação.

Assimilação – é a força que tenta fazer com que

dois sons diferentes, mas com algum parentesco, se tornem iguais, semelhantes.

Vamos estudar a sílaba.

PRÓXIMA AULA