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FORMAÇÃO PERMANENTE – LESTE II
Belo Horizonte – MG - 25 -28 de Agosto de 2014
A pastoral presbiteral e a
fidelidade no ministério
"Corramos com perseverança
com os olhos fixos em Jesus" (Hb
12, 1-2). Pe. Jésus Benedito dos Santos
(pejesus@yahoo.com.br)
No texto de Jo 21, 1-23, está aquilo que deve ser a
centralidade da Pastoral Presbiteral e a inspiração
para a sua organização, isto é, a escuta de Jesus, o
tomar a refeição em comum e a partilha. Neste
texto está o símbolo da ceia em comum, símbolo
fundamental da comunidade cristã. Comer juntos,
intercambiar, participar da mesma mesa, eis o que
deve sempre acontecer entre os presbíteros como
presbitério e entre eles e o bispo titular.
A Pastoral Presbiteral é como uma estaca na diocese,
cuida dos cuidadores, é eixo da pastoral. É um espaço
importante para injetar ânimo ao clero e ao povo. Ela
chega, muitas vezes, onde o bispo não consegue
chegar... A ação da Pastoral presbiteral deverá atingir o
coração do padre... até mesmo do padre "fio
desencapado“, que tem muitos... é o corpo a corpo, é
com paciência, diálogo, escuta que vamos ajudar uns
aos outros, vamos curar as dores, as crises. Tudo isso
com humanidade.
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As dioceses e Conferências Episcopais
desenvolvam uma pastoral presbiteral
que privilegie a espiritualidade
específica e a formação permanente dos
sacerdotes
A Pastoral Presbiteral seja implementada
nas dioceses, através de um trabalho
sistemático e organizado, com a formação
de equipes e a elaboração de um plano. O
bispo, com o seu presbitério, cuide para a
vida e o ministério dos presbíteros sejam
animados pela fraternidade presbiteral e
pela caridade pastoral (DFPIB, 378)
Trabalhamos melhor quando estimulados
por nossos superiores. É difícil não sermos
desajeitados numa reunião onde sabemos
que as pessoas nos consideram inaptos.
Isto torna compreensível o processo
segundo o qual os indivíduos preferem ligar-
se a outras pessoas que sustentem as suas
autointerpretações (Peter Berger)
O presbítero católico tem a missão de cuidar do povo de Deus,
cuidar das pessoas na caminhada de fé, nas horas de
provações, tristezas e angústias. Ele passa horas e horas a
ouvir a partilha dos problemas de outros. Leva-lhes o conforto
da palavra de Deus, dos sacramentos, da fé. Mas ele não está
imune aos problemas físicos, emocionais e espirituais, não está
livre das crises existenciais, dos desgastes da vida, das
turbulências do cotidiano, da angústia, da solidão, do silêncio,
do fracasso, das noites do espírito! Embora ele seja, muitas
vezes, um herói, sente a própria fraqueza e, como qualquer
outro ser humano, tem necessidade de conforto, de presença,
de cuidados.
A Pastoral Presbiteral é o cuidadoso
acompanhamento pessoal e comunitário,
integral e orgânico da igreja particular aos
seus presbíteros, devendo neles estimular a
alegria de serem discípulos missionário de
Jesus Cristo, servidores do povo, segundo o
Exemplo do Bom Pastor (Diretrizes para a
Formação dos Presbíteros da Igreja no Brasil,
368)
A Pastoral Presbiteral é uma ferramenta nas
mãos dos bispos e dos presbíteros após o
Concílio Vaticano II. Ela tem como grande
objetivo o cuidado dos presbíteros em todas as
dimensões: humano-afetiva, pastoral,
intelectual e espiritual. Ela quer ser um lugar de
escuta e de fala, um modo dos presbíteros se
organizarem para cuidar de si mesmos.
A Pastoral Presbiteral é um espaço de
integração e de intercâmbio, levando o
presbítero a cultivar a alegria e o prazer de ser
presbítero, superando obstáculos e
dificuldades. Ela tem como objetivo
proporcionar ao presbítero condições para sua
própria realização humana e vocacional,
ajudando-o em sua configuração com Cristo
Bom Pastor.
A Pastoral Presbiteral é uma proposta contra a
correnteza do individualismo e do hedonismo
reinante em nossa sociedade.
A pastoral presbiteral é uma forma do
presbítero deixar-se amar - Muitos presbíteros
ainda acham que isso é perca de tempo, que
cuidar das finanças, cuidar da paróquia é mais
importante do que participar da Pastoral
Presbiteral.
“O primeiro cuidado da pastoral presbiteral é
motivar os presbíteros a serem como Jesus
Cristo, o Bom-Pastor, vivendo e agindo como
Ele, possibilitando uma maturação pessoal de
modo que possam dedicar-se plenamente ao
ministério de pastores que Deus e a igreja lhes
confiam em prol das comunidades (Diretrizes
para a Formação dos Presbíteros da Igreja no
Brasil, 369)
Podemos dizer que seu grande objetivo é
sustentar o presbítero católico em sua
vocação presbiteral. Desta forma,
participar da Pastoral Presbiteral é abrir-
se para a perseverança na missão e no
seguimento de Jesus Cristo.
a) Capacitar o presbítero para tomar decisões
responsáveis e duradoras;
b) Incentivar experiências de vida fraterna entre os
presbíteros e, especialmente, formar
comunidades presbiterais nas dioceses
c) Cultivar uma verdadeira espiritualidade
presbiteral que dê sentido e vigor ao agir
pastoral dos presbíteros – Espiritualidade
madura garante fecundidade, gratuidade e
autenticidade no ministério presbiteral
d) Deve promover a espiritualidade da caridade pastoral,
da fraternidade e da solidariedade no discernimento das
exigências do Reino de Deus
e) Atenta ao processo de constante conversão e à busca
por recriar a missão, a pastoral presbiteral estimule o
presbítero a investir na formação intelectual
f) Ajudar o presbítero, enquanto servidor do Povo de
Deus, a fortalecer-se em sua espiritualidade, crescendo
no amor pelos pobres
g) Entusiasmar todo presbítero para participar com
entusiasmo da Pastoral Presbiteral
h) Colaborar na formação dos futuros presbíteros – Junto com o
bispo deve ajudar na escolha dos formadores e trabalhar juntos
com eles na formação dos futuros padres (DFPIB, 381) –
Critérios para a escolha dos formadores: Espírito de fé e
testemunho de vida; fidelidade ao Magistério eclesial;
experiência pastoral; espírito de comunhão e disposição para o
trabalho em equipe; maturidade humana e equilíbrio psíquico;
capacidade de amar e ser amado; disponibilidade de ouvir e
dialogar; atitude positiva e crítica diante da cultura atual
(DFPIB, 382) – Valorize os organismos como Pio Brasileiro, OSIB
e OSLAM (DFPIB, 386-387)
A pastoral presbiteral deve beber nas fontes
da Palavra de Deus e dos sacramentos,
especialmente da Eucaristia e Confissão, na
oração pessoal e comunitária, na Liturgia
das Horas, na devoção Mariana, na leitura
espiritual, na direção espiritual, na vida em
comunidade e no serviço aos pobres e
sofredores
A dimensão pastoral-missionária
constitui o eixo integrador da vida do
presbítero, levando-o à consciência de
ser presbítero numa Igreja em estado
permanente de missão
A Pastoral Presbiteral desloca o acento
da pergunta da identidade e
espiritualidade com acento em quem
sou, para a questão de: Com quem ando?
Com quem sou? De quem sou? Para
quem sou? - Jo 1,6-19
Despertar para o avanço da consciência do “pertencimento ao
presbitério” - Esta consciência de pertencimento a um
presbítero leva-o a agir com mais responsabilidade e estar mais
atento ao espírito de comunhão. O trabalho em equipe, a
revisão de vida, o senso eclesial, o apoio mútuo, o cultivo da
amizade, as fraternidades, os momentos de partilhas, as
celebrações em comum, a vida partilhada de oração, o respeito
e o reconhecimento mútuo, a fraternidade com o bispo local
são traços a serem permanentemente trabalhados dentro desta
tomada de consciência do pertencimento a um presbitério. É a
consciência de que não há presbítero sem presbitério.
A Pastoral Presbiteral se apresenta como um novo
pentecostes para os presbíteros católicos. Podemos
dizer que a Pastoral Presbiteral, como novo
pentecostes, vem trazendo mudanças entre os
presbíteros católicos na questão da fraternidade
presbiteral, na questão da humanização, na vivência
da afetividade, nas relações com os bispos ou
superiores, no reencantamento com a missão e na
formação permanente.
Não basta ser presbítero, é necessário viver como
presbítero. Sobre a fraternidade presbiteral, os
encontros entre os presbíteros católicos têm sido um
verdadeiro presente para a Igreja do Brasil. Eles estão
ajudando a moldar uma comunhão maior entre os
presbíteros, moldando uma espiritualidade e identidade
presbiteral de acordo com as orientações do Concílio
Vaticano II e da caminha da Igreja local. Através da
Pastoral Presbiteral vai crescendo a colegialidade
presbiteral e os presbíteros começam a saborear a
fraternidade que brota do sacramento da Ordem.
Na fraternidade presbiteral o presbítero
aprende a respeitar o outro com suas
diferenças, fazendo crescer o amor. A falsa
amizade entre os presbíteros minam a vida
presbiteral, a alegria de viver e destroem as
relações fraternas. A fraternidade presbiteral
trabalhada pela Pastoral Presbiteral quer ajuda
a vencer essas questões entres os presbíteros.
A fraternidade presbiteral não deve se
resumir em encontros, mas em avançar
para acolher o outro tal como o outro é;
avançar para a partilha da vida; avançar
para a partilha financeira dos bens
econômicos – Transferência de caixa no
entorno da paróquia e entre as paróquias
O presbítero que não aceita fazer parte
da pastoral presbiteral, de certa forma,
pode estar assinalando seu orgulho
próprio, ou fechamento, ou falta de
consciência que só será reconhecido
como discípulos do Senhor se tiver amor
uns pelos outros (Jo 13,35).
Evoluir para que ambos possam falar e
escutar um ao outro, que as distâncias
sejam encurtadas e que haja um clima de
harmonia e confiança entre ambos é algo
que a Pastoral Presbiteral pode e deve
trabalhar. Viver uma fraternidade com o
bispo é algo muito saudável para o
presbitério.
Um dos quesitos da Pastoral Presbiteral é
proporcionar o bem-estar do novo presbítero
católico. Muitos de nossos presbíteros mais
velhos relatam as dificuldades e penúrias com
que exerceram seus ministérios. Os
presbíteros, para servirem as comunidades a
eles confiadas, utilizavam, para sua locomoção:
cavalo, bicicleta, moto, carro, canoa, trem ou,
até mesmo, o deslocamento a pé.
Não há como falar de fidelidade presbiteral
a não ser em comunhão Trinitária. O
presbítero vem da Trindade, vive da
Trindade e vai para a Trindade - O
clericalismo e individualismo presbiteral
peca teológica e pastoralmente diante do
ministério Trinitário.
A Pastoral Presbiteral é uma forma humanizadora do
presbítero:
- Na questão do cuidado com a saúde;
- Na questão da aposentadoria;
- Na questão da cidadania;
- Na questão do acompanhamento psicológico;
- Na dimensão relacional (fraquezas, ciúmes,
fechamentos e intrigas).
A espiritualidade presbiteral, trabalhada pela Pastoral
Presbiteral, deve poder tocar nestas questões básicas,
que entravam a fraternidade presbiteral.
A Pastoral Presbiteral, na linha da humanização
das relações presbiterais, deve trabalhar,
também, para que diminua a discriminação
entre os presbíteros, evitando a discriminação
por cor, estudo, posição, função, título,
antipatia etc. Assim, a Pastoral Presbiteral
deve ser um espaço de maior humanização nas
relações presbiterais, evitando as ironias, o
desprezo e as divisões entre eles.
Ainda, na questão da humanização dos presbíteros católicos,
sabemos que muitos deles perderam seu amor pela
humanidade e, com isso, acabam amando mais o poder, a
ostentação, o luxo, as aparências, os primeiros lugares e o
tradicionalismo. Muitos até ocupam cargos representativos
dentro da hierarquia da Igreja Católica, mas não são mais
capazes de se compadecerem dos pobres, dos injustiçados,
outros estão agarrados ao tradicionalismo, outros ao poder ou
ao luxo e outros estão fechados à mudança de época em que
vivemos. Com isso, acabam entrando na lógica do mundo ou
não contribuindo para que o mundo seja melhor, seja a casa de
Deus. Reverter essa questão exige conversão.
Fruto da Pastoral Presbiteral
Fruto da Pastoral Presbiteral é o
incentivo para os presbíteros não
formarem somente um grupo de
trabalho, mas uma verdadeira
comunidade.
Cuidar da Pastoral Presbiteral
Cuidar da Pastoral Presbiteral é cuidar
para que os presbíteros possam dar o
melhor de si mesmos, sendo amigos de
Jesus Cristo e irmãos entre si.
A Pastoral Presbiteral quer ser um lugar e um
espaço de cuidado dos presbíteros, possibilitando-
os ser capazes de se colocar como ponte entre o
passado e o futuro, entre a tradição e os valores do
mundo moderno, entre a tradição e o terror das
transformações, favorecendo o clima de partilha, de
união e fraternidade deles entre si e com o bispo.
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A Pastoral Presbiteral se apresenta assim como
um sinal dos tempos, sendo um convite a
sentar-se à mesa juntos, discutir os projetos e
repropor um novo modo de seguimento de
Jesus Cristo, baseado no amor (Jo 21, 1-23).
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A espinha dorsal do cuidado presbiteral, numa diaconia de
seguimento de Jesus Cristo, manifesta-se: no cultivar a
bondade, tendo no coração os mesmos sentimentos de Cristo;
em se deixar guiar pelo Espírito Santo, acolhendo as pessoas
como dons de Deus; em ter serenidade para ouvir com atenção
e abertura de coração os sinais dos tempos; manifesta-se em
buscar restaurar o primeiro amor, servir a Deus na pessoa dos
irmãos e irmãs, cultivar a gratuidade, formar grupos de
crescimento, ter abertura para incorporar o ‘novo’, buscar
auxílio para superar as dificuldades, acolher os peregrinos.
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