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A INSERÇÃO DA UNIVERSIDADE NA LÓGICA RACIONALIZADORA DO
CAPITAL : CASOS USP E UFRJ
Maria de Fátima de Paula
1- INTRODUÇÃO
Este trabalho trata do processo de modernização da universidade e da
consequente transformação do perfil da intelligentzia universitária, tomando como base
dois estudos de caso: a Universidade de São Paulo e a Universidade Federal do Rio de
Janeiro.1
O período enfocado pela pesquisa compreende as décadas de 70, 80 e 90,
com ênfase nas transformações ocorridas na universidade brasileira, pós-Reforma
Universitária de 1968, e na sua influência sobre a mudança do perfil da intelligentzia
investigada.
Foram selecionados para estudo a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas da USP e o Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ, uma vez que a
análise foi centrada na área de humanidades, e mais especificamente, na área de ciências
sociais.
Como técnicas ou instrumentos de coleta de dados foram utilizadas
entrevistas semi-estruturadas e análise documental.
Em grande medida, a atuação e a produção intelectuais, pós- década de 70,
serão orientadas segundo os critérios da burocratização e racionalização universitárias,
associados aos parâmetros do crescente processo de especialização científica. Este
último, no que se refere à área de ciências humanas, acentua-se nos anos 80, quando a
maioria da produção intelectual se concentrará nos departamentos universitários.
Partimos do pressuposto de que a transformação do perfil da intelligentzia
universitária investigada relaciona-se intimamente com a hegemonia do modelo norte-
americano de universidade, implantado com a Reforma Universitária de 68. Este novo
modelo substituiu os modelos clássicos alemão e francês de universidade, que exerceram
forte influência sobre a UFRJ e sobre a USP, até a década de 60. Em especial as
1 A Universidade de São Paulo e a Universidade Federal do Rio de Janeiro foram escolhidas por se destacarem pela sua tradição universitária e pela sua produção intelectual.
Faculdades de Filosofia e Ciências Sociais sofrerão profundas alterações com a
implantação e com a hegemonia do paradigma norte-americano. Com a reforma, essas
faculdades serão desmembradas em prol de uma busca constante e permanente de maior
racionalização para o sistema universitário, busca esta que será reatualizada nas décadas
de 80 e 90, com maior força. A busca quase que obsessiva de maior racionalização para
as universidades, sobretudo as públicas, tem levado à diluição das Faculdades de
Filosofia e de Ciências Sociais como locus privilegiado de resistência crítica, política e
cultural. Estas faculdades e os profissionais que nelas atuam têm se inserido cada vez
mais no processo de racionalização capitalista ou na lógica do capital, perdendo a sua
função tradicional de formação e transmissão de uma cultura livre e desinteressada.
2- A BUROCRATIZAÇÃO DA UNIVERSIDADE E DO TRABALHO
INTELECTUAL, PÓS-DÉCADA DE 70
A partir da década de 70, as universidades brasileiras tornaram-se instituições
complexas, na medida em que ampliaram consideravelmente o número de alunos, de
docentes e de funcionários, multiplicaram o número de funções e cargos administrativos,
assim como o número de instâncias e órgãos decisórios. Para atender às demandas sociais
de expansão do ensino superior, surgiram equipes especializadas em administração e uma
nova forma de racionalidade tomou conta da universidade: a burocrático-planificadora. O
controle dos processos, a administração dos recursos e a busca de uma “racionalização”
crescente para as instituições universitárias foram responsávies pelo surgimento de uma
racionalidade técnica na qual os fins se ajustam aos meios.
Após a Reforma de 68, houve um reforço do modelo burocrático, uma vez
que se manteve o sistema de dominação através do formalismo, da existência de normas e
regras escritas, da estrutura de poder hierárquica e da divisão horizontal e vertical do
trabalho nas universidades.2
Cabe ressaltar que o poder burocrático, para se exercer em toda a sua
plenitude, exige a interiorização das suas regras, tanto por parte dos dominados, quanto
2 Sobre uma comparação entre o antigo modelo de cátedra e o atual sistema departamental, no que se refere à questão da burocracia e do poder, consultar GRACIANI, Maria Stela Santos. O ensino superior no Brasil: a estrutura de poder na universidade em questão. 2.ed., Petrópolis : Vozes, 1984.
2
por parte dos dominantes. Neste sentido, com o processo de burocratização da
universidade, grande parte do corpo docente, independente da hierarquia ocupada no
meio universitário, aderiu aos pressupostos da modernização, aqui entendida como
processo correlato da “racionalização” que o capitalismo pretendeu imprimir na
universidade. Assim, uma parte considerável do corpo docente universitário, pós- década
de 70, aderiu à “mística modernizadora”. Os docentes que se identificam com a busca de
uma maior “racionalização” para as atividades universitárias perseguem incessantemente
os critérios do “rendimento”, da “produtividade” e da “eficácia” acadêmicos, critérios
estes determinados pela ideologia burguesa, que de tão arraigada e interiorizada, muitas
vezes sequer é percebida pelos agentes que a reproduzem no espaço universitário.3
Embora o processo de burocratização das universidades brasileiras coincida
com o seu processo de modernização, iniciado com a reforma de 68, esses processos não
foram acompanhados de uma maior racionalização real do sistema universitário. Na
medida em que as universidades se tornaram maiores e mais complexas, o seu processo
de burocratização não se deu de maneira totalmente racional e funcional. Ao contrário, as
tendências verificadas no sentido de uma maior diversificação das funções universitárias,
de uma divisão crescente do trabalho no interior das universidades, com consequente
ampliação do seu quadro docente, discente e de funcionários, articularam formas de
organização racional tipicamente burocráticas com processos de burocratização
anárquica. Esta burocratização anárquica, da maneira como tem ocorrido nas
universidades brasileiras, tem levado mesmo a uma irracionalidade nos domínios da
administração, da pesquisa, do ensino e da extensão. Neste sentido, o caráter
racionalizador buscado para a universidade, a partir sobretudo da reforma de 68, passa
mais pelo plano discursivo das medidas governamentais e legais do que por práticas
efetivas que possibilitem uma maior racionalização das instituições universitárias. Assim,
os processos de burocratização que marcam a transição da universidade tradicional para a
moderna podem ser entendidos mais à contra-luz do esquema weberiano do que
3 A esse respeito, vide: CHAUÍ, Marilena. “Ventos do progresso: a universidade administrada”. In: Descaminhos da educação pós-68. Cadernos de Debate, São Paulo : Brasiliense, n. 8, 1980, pp. 47 e 48 e da mesma autora: Cultura e democracia; o discurso competente e outras falas. 5. ed., São Paulo: Cortez, 1990.
3
propriamente se tomarmos a interpretação weberiana no seu sentido literal de
burocratização como sinônimo de racionalização.4
Tanto na USP quanto na UFRJ, a maior parte dos depoimentos dos
entrevistados apontam o processo crescente de burocratização destas instituições como
coincidente com o processo de reforma das mesmas, iniciado na década de 60. Pois foi
com a reforma dessas universidades que elas aumentaram de tamanho, se massificaram,
absorvendo um número elevado de alunos, funcionários e docentes, assim como criaram
mais instâncias e órgãos administrativos e acadêmicos, com a proliferação de um sistema
de controle interno do trabalho intelectual. Porém, nas duas instituições, o processo de
burocratização não foi acompanhado de uma racionalização crescente das atividades
universitárias, dando-se de forma anárquica e até mesmo um tanto irracional.
No caso da USP, grande parte dos entrevistados aponta a gestão do professor
José Goldemberg na Reitoria (1985-1989) como um marco importante do processo de
recrudescimento do espírito burocrático. Foi também a partir da gestão Goldemberg que
houve uma valorização exacerbada das atividades de extensão universitária, concebendo-
se a universidade como agência prestadora de serviços à sociedade. Ou seja, houve na
USP, a partir da segunda metade da década de 80, uma hipertrofia das técnicas que
simulam uma maior eficiência e racionalidade para a instituição, mas que concretamente
têm conduzido a universidade para um processo de burocratização anárquica que, no
limite, tem entrado em conflito com os valores propriamente acadêmicos, tais como o
ensino e a pesquisa.
Na verdade, além da instituição realizar um mecanismo de controle
burocrático muito grande sobre o trabalho intelectual, ela acaba também por produzir um
conformismo e uma identificação de certos professores em relação às práticas
burocráticas, ou seja, ela também produz o burocrata profissional, totalmente identificado
com a estrutura burocrática. “Cresceu muito na USP a aceitação passiva , a disciplina
passiva que Max Weber apontava como um dos traços do burocrata...aquele olhar de
4 Acerca da discussão de Max WEBER sobre a questão da burocracia e da racionalização empreendida à sociedade moderna pelo capitalismo, consultar, sobretudo: Ensaios de sociologia. 5. ed., Rio de Janeiro: Editora Guanabara S.A., 1982; Economia e sociedade; fundamentos da sociologia compreensiva. 3. ed., Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1994, volume 1; e A ética protestante e o espírito do capitalismo. 8. ed., São Paulo: Livraria Pioneira Editora, 1994.
4
dorminhoco, aquela coisa pastosa e cinzenta, e ao mesmo tempo paquidérmica, isso se
generalizou...”5
No caso da UFRJ, deu-se algo semelhante ao que ocorreu na USP, isto é, foi a
partir da segunda metade da década de 80, na gestão de Horácio Macedo na Reitoria, que
houve um aumento maior da burocracia na instituição, devido à admissão de milhares de
funcionários e à ênfase excessiva na questão da extensão universitária. Esta gestão foi
caracterizada por um populismo e um clientelismo exacerbados, que sem dúvida
exerceram forte influência sobre o processo de burocratização da UFRJ.
Na UFRJ, os professores entrevistados, em sua maioria, apontaram para uma
burocratização mais acentuada nos quadros do funcionalismo administrativo, com uma
quantidade considerável de funcionários despreparados para o desempenho de suas
respectivas funções. Além disto, o vínculo da universidade com o Governo Federal torna
a administração da mesma dependente, em grande parte, das decisões tomadas no âmbito
do poder Executivo. Neste sentido, a burocratização da instituição como um todo acaba
por afetar o trabalho propriamente acadêmico, isto é, as atividades de ensino e de
pesquisa.
Como processo estrutural de transformação, a burocratização das
universidades investigadas não se caracterizou pela tendência típica à racionalização e à
obediência impessoal das disposições legais. A constituição de sujeitos políticos, a
intervenção estatal, os interesses corporativos e de grupos pesaram de maneira decisiva e
tiveram uma influência significativa sobre os processos de burocratização das respectivas
instituições, ocasionando o que denominamos de burocracia anárquica, na medida em que
não conduziram, de fato, a uma maior racionalização dos sistemas universitários.
3- A USP E A UFRJ NO CONTEXTO DAS NOVAS POLÍTICAS DE
MODERNIZAÇÃO PARA A UNIVERSIDADE
Enfocaremos dois aspectos fundamentais que ilustram bastante bem a
inserção da USP e da UFRJ no contexto das novas políticas de modernização para as
universidades brasileiras, entendidas neste trabalho como mecanismos que inserem as
5 Depoimento de um renomado professor do Depto de Teoria Literária e Literatura Comparada da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH).
5
universidades na lógica racionalizadora do capital: a questão do processo de avaliação
deflagrado nestas instituições e a questão da prestação de serviços à sociedade, com
ênfase nos convênios ou parcerias entre as universidades investigadas e o setor produtivo.
3.1- A QUESTÃO DA AVALIAÇÃO NA USP E NA UFRJ
No Brasil, as discussões sobre avaliação tornaram-se acaloradas a partir da
segunda metade da década de 80, deflagradas com os documentos “Uma Nova Política
para a Educação Superior” e o Relatório GERES.6 Nos governos Collor e Fernando
Henrique Cardoso a questão da avaliação da e na universidade aparece como ponto
crucial das novas políticas para o ensino superior.7 Sem dúvida, estas iniciativas do poder
Executivo e do MEC têm exercido forte influência sobre a USP e a UFRJ.
No caso da USP, foi na gestão do Reitor José Goldemberg (1985-1989) que o
processo de avaliação no interior da universidade tomou corpo.
A Reitoria da USP decidiu reunir informações quantitativas sobre a atividade
dos departamentos e unidades, recolhendo dados sobre a produção dos seus docentes.8
Os critérios utilizados para avaliar a produção docente, além de meramente
quantitativos, contemplavam basicamente a produção publicada, não levando em conta as
demais atividades docentes, tais como aulas ministradas nos cursos de graduação e pós-
graduação, orientação de alunos, atividades de extensão universitária, etc. Além disto, os
critérios de “produtividade” adotados pela Reitoria da USP não levavam em
consideração, também, as especificidades das diversas áreas do conhecimento. Neste
sentido, desconsiderou-se que existem áreas em que se publica mais num curto prazo de
tempo, como medicina, agricultura e tecnológicas, enquanto em outras, como matemática
e humanidades, os trabalhos têm um longo período de maturação, e as facilidades de
publicação, em especial em revistas internacionais, são mais escassas do que nas demais
áreas.
6 Vide: Uma Nova Política para a Educação Superior. Brasília : MEC, 1985 e Relatório do Grupo Executivo para a Reformulação da Educação Superior. Brasília : MEC, 1986.7 Vide: Brasil: um projeto de reconstrução nacional. Brasília, 1991 (Presidente Fernando Collor) e Plano Diretor de Reforma do Aparelho de Estado. Brasília: MARE, 1995; Lei n° 9.394, de 20/12/1996 e Proposta do MEC de Anteprojeto de Autonomia Universitária. Brasília: MEC, 1996 (Governo FHC).8 GOLDEMBERG, José. “O impacto da avaliação na universidade”. In: DURHAM, Eunice R. & SCHWARTZMAN, Simon (orgs.). Avaliação do ensino superior. São Paulo: EDUSP, 1992.
6
Esse processo de avaliação da “produtividade” docente na USP atingiu seu
ápice com a publicação da famosa “lista dos improdutivos” pela Folha de São Paulo, em
fevereiro de 1988, definida pela Coordenadoria de Administração Geral da Reitoria como
“relação dos docentes sem produção científica em 1985 e 1986”.9
Existe uma mentalidade hegemônica na USP, na UFRJ e na maioria das
universidades brasileiras, que reduz a produção cultural aos critérios de uma
“produtividade” meramente quantitativa, mentalidade esta que representa uma
interiorização das novas propostas “racionalizadoras” provenientes do Executivo, do
MEC e dos seus assessores para as universidades. As universidades, sobretudo as
públicas, sentem-se na obrigação de mostrarem-se “produtivas”, “racionais”, “eficazes”,
pois são permanentemente acusadas de “irracionais”, “perdulárias”, “improdutivas”. No
reino da razão instrumental e da valorização dos aspectos meramente funcionais da
universidade, esquece-se que a universidade enquanto espaço de formação, pesquisa e
extensão já está cumprindo a sua missão social. Fazendo-se uma analogia da universidade
com as empresas e com o mercado capitalista de produção, exige-se delas que se
transformem em máquinas prestadoras de serviços à sociedade, ao Estado e ao setor
produtivo. Os professores universitários deixam de ser intelectuais críticos para
transformarem-se em funcionários do capital que prestam serviços à sociedade de
mercado. Assim, o tão procurado diálogo com a sociedade torna-se mais difícil, na
medida em que na busca de uma maior racionalização para as atividades universitárias,
reforçam-se os mecanismos de burocratização do ensino e da pesquisa.
Para dar prosseguimento aos processos de avaliação, a USP automatizou toda
a sua administração, inclusive a parte acadêmica, tendo como um dos objetivos a
produção de uma série de indicadores de desempenho que pudessem servir de base à
avaliação institucional. Os indicadores gerados pelo sistema têm sido publicados em um
Anuário Estatístico desde 1986. A cada ano, o número de indicadores tem sido ampliado.
Em 1987, uma fração de até 20% do orçamento de custeio e capital das unidades de
ensino e pesquisa foi alocada com base no número de publicações técnico-científicas e no
número de teses de mestrado e doutorado produzidas por docentes das respectivas
unidades. Deu-se grande ênfase à avaliação da produção técnico-científica medida pelo
9 Sobre esta questão, vide: “A lista dos improdutivos”. Folha de S. Paulo, São Paulo, p. a-17, 05/03/1988 e “Os improdutivos da USP”. Folha de S. Paulo, São Paulo, p. A-2, 21/02/1988.
7
número de trabalhos publicados, culminando com a alocação de parte dos recursos
orçamentários em função dessa “produção”. A resposta da comunidade acadêmica foi no
sentido de aumentar o número de publicações no período 1985-1988.10 Os principais itens
responsáveis pelo crescimento do número de publicações foram trabalhos publicados em
conferências, artigos publicados em jornais e resumos publicados em eventos
(congressos, simpósios, etc.).
Entretanto, podemos verificar que justamente no ano de 1988, quando se
atingiu o maior número de trabalhos publicados, o número de formados nos cursos de
graduação foi o menor do período compreendido entre 1982 e 1988. Como o número de
vagas oferecidas cresceu em 5% entre 1982 e 1985, era esperado ter-se um crescimento
dessa ordem no número de formados em 1988, porém, em relação a 1987, houve um
decréscimo de 14% no número de formados.11 O exemplo apresentado ilustra bastante
bem que uma avaliação produtivista e quantitativa baseada sobretudo no número de
publicações dos docentes não leva necessariamente a uma maior eficiência do sistema
universitário como um todo, devendo ser priorizados critérios que levem em conta
sobretudo a qualidade e a especificidade da podução acadêmica, segundo as diferentes
áreas do conhecimento.
Na UFRJ, as experiências de avaliação institucional só se iniciaram na década
de 90 e ainda estão em fase bastante incipiente. A maior tradição de avaliação nesta
instituição refere-se aos cursos de pós-graduação, sendo que a avaliação da pós-
graduação não nasceu da necessidade interna da universidade, mas como fruto de uma
demanda das agências financiadoras, como CNPq, CAPES e FINEP. A CAPES, principal
avaliadora dos cursos de pós-graduação, adota a metodologia de avaliação por pares
escolhidos entre professores/pesquisadores atuantes nos vários programas existentes no
país, efetuada por biênios, e tendo como indicadores a caracterização do corpo docente,
das atividades de pesquisa, da produção docente e discente, e da estrutura curricular e
fluxo de alunos.
Com relação aos cursos de graduação, poucos foram os esforços mais
sistemáticos e razoavelmente globalizantes utilizados pela UFRJ para a avaliação destes 10 Sobre esta questão, vide: GOLDEMBERG, José. “O impacto da avaliação na universidade”. In: Op. cit., 1992, pp. 91-104.11 WOLYNEC, E. “O uso de indicadores de desempenho para a avaliação institucional”. In: Op. cit., 1992, pp. 105-108.
8
cursos. Entre as experiências sistemáticas realizadas na avaliação dos cursos de
graduação, nos últimos anos, destaca-se a atuação da COOPERA12 - Comissão
Permanente de Avaliação.
A COOPERA iniciou, em 1992, um estudo voltado para a avaliação de cinco
cursos de centros diferentes da UFRJ, no qual foram montados instrumentos de avaliação
(questionários) e realizados, em parte, os trabalhos dos avaliadores externos, mas este
processo não prosseguiu. Foi somente a partir de novembro de 1994, com uma nova
composição, que a COOPERA reiniciou seus trabalhos dentro das diretrizes traçadas pelo
“Documento Básico para Avaliação das Universidades Brasileiras” do Programa de
Avaliação Institucional de Universidades Brasileiras (PAIUB).
O principal objetivo do projeto em curso de avaliação na UFRJ é a
verificação da eficácia das ações da universidade na sociedade brasileira, tendo como
corolário conhecer a instituição e subsidiar suas estratégias visando, sobretudo, à
eficiência em suas interações com a comunidade a que serve. Parte-se do princípio de que
a universidade deve interagir de forma imediata com a sociedade, visando uma maior
eficácia e otimização da relação universidade-sociedade. Nesse sentido, assume-se a
ideologia da universidade como prestadora de serviços para a sociedade, bem ao estilo
das “multiversidades” norte-americanas, estimulando-se várias práticas, tais como
convênios e parcerias com empresas públicas e privadas, e atividades de consultoria e
assessoria a órgãos da sociedade. Essas práticas são utilizadas como forma de captação de
recursos próprios e de complementação salarial, e de tornar a universidade mais visível e
conceituada perante a sociedade, e sobretudo, a mídia. Nessa ótica, a preocupação com as
demandas externas do Estado, do setor produtivo e da própria sociedade sobrepuja-se aos
objetivos propriamente acadêmicos de formação e pesquisa, que por si só justificam a
função social da universidade.
Tanto é, que na justificativa do projeto de avaliação da UFRJ, a Comissão
Permanente de Avaliação (COOPERA) enfatizou as questões vinculadas ao ambiente
externo à universidade. Dentre estas questões, destacamos as que se referem à captação
de recursos próprios, o juízo que a sociedade faz da universidade, a visibilidade perante a 12 A COOPERA é composta por dois membros de cada um dos seis Centros da UFRJ, tendo a sua maioria participado dos conselhos superiores da UFRJ. Os Centros que compõem a UFRJ são: Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza, Centro de Letras e Artes, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas, Centro de Ciências da Saúde e Centro de Tecnologia.
9
mídia (estratégias de marketing), o regime de parcerias e as relações da UFRJ com
instituições da sociedade civil.13
Da forma como vem sendo conduzido o processo de avaliação na UFRJ,
valoriza-se a competência acadêmica vinculada ao benefício direto para a sociedade
como formadora de recursos humanos e como fonte de conhecimento útil, sem mediação
entre a formação e o conhecimento produzidos pela universidade e a sua apropriação pela
sociedade. Este tipo de ideologia da universidade como prestadora de serviços à
sociedade, numa chave neoliberal, desenvolveu-se na USP um pouco antes, sobretudo a
partir da gestão Goldemberg na Reitoria.
3.2- AS PARCERIAS DA USP E DA UFRJ COM O SETOR PRODUTIVO
A ampliação dos processos de avaliação, a diminuição dos recursos
orçamentários para as universidades públicas (com a consequente privatização destas
instituições por dentro delas mesmas), e o estímulo às relações com o setor produtivo
constituem processos correlacionados, que indicam uma profunda alteração da concepção
clássica de universidade, atrelando-a às demandas externas do Estado, da sociedade e do
setor produtivo.
No caso da USP, embora a interação com o setor produtivo, na área
tecnológica, seja anterior à própria existência da universidade como instituição, somente
na década de 90 os convênios e/ou parcerias entre empresa e universidade começam a
tomar corpo.14 Embora não haja na USP um organismo executivo central que gerencie a
cooperação com as empresas, a CECAE - Coordenadoria Executiva de Cooperação
Universitária e de Atividades Especiais - “tem competência residual para abrir e
consolidar áreas novas de cooperação, potencializando os talentos e competências da
USP”.15 Isto é, a CECAE “tem por missão potencializar a contribuição institucional da
USP à sociedade. Desempenha papel estruturante na valorização da capacitação
13 COOPERA. Avaliação na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: UFRJ, 1995, pp. 19-23.14 A Escola Politécnica e a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz têm longa tradição de cooperação com os setores industriais e agrícolas, sendo que a sua criação antecede à fundação da USP em 1934. Sobre a experiência da USP em convênios e/ou parcerias com o setor produtivo, vide: PLONSKI, Guilherme Ary. “Cooperação empresa-universidade: antigos dilemas, novos desafios.” Revista USP; dossiê universidade-empresa. São Paulo: USP, n. 25, pp. 33-41, março/maio 1995. 15 Idem, ibidem, pp. 38-39.
10
disponível na universidade, canalizando-a em iniciativas voltadas ao delineamento e
implementação de soluções inovadoras para questões consideradas relevantes sob os
aspectos social e econômico.”16
A CECAE baseia a sua atuação no princípio da cooperação, mediante o
estabelecimento e cultivo de parcerias internas e externas. Em 1995, as contribuições
institucionais da USP à sociedade potencializadas pela CECAE resultaram da integração
das competências de cerca de 400 docentes, estudantes, servidores e colaboradores de
todos os campi da USP, às quais se agregaram apoios proporcionados por cerca de 70
organizações públicas e privadas. A CECAE/USP é um órgão da Reitoria da universidade
que mantém uma estreita articulação programática com a Pró-Reitoria de Cultura e
Extensão Universitária, para a qual funciona como “braço da extensão”. A CECAE visa
atender as demandas de distintos segmentos da sociedade, tais como o sistema
educacional, o tecido comunitário, o meio universitário e o setor empresarial.
No âmbito do seu Programa de Cooperação Universidade-Empresa, a
CECAE possui vários projetos. Dentre eles, destacamos o Projeto Disque-Tecnologia
USP, que facilita o acesso à capacitação tecnológica e gerencial existente na USP,
fornecendo consultas por telefone ou fax sobretudo a micro e pequenas empresas, por
estar mais consolidado que os demais e já possuir algum material passível de análise no
momento atual.
O Projeto Disque/Tecnologia da USP(DT/USP) é o primeiro serviço de
atendimento às micro e pequenas empresas criado no país para a solução de dúvidas
tecnológicas. As suas atividades iniciaram-se em fevereiro de 1991, em fase de teste, e,
oficialmente, em 18 de setembro de 1991.
As questões encaminhadas ao Disque-Tecnologia da USP são, de forma geral,
de tratamento simples e baixa complexidade tecnológica. Por estas características, desde
o início de seu funcionamento foi detectada a dificuldade em alguns casos de se
encontrarem pesquisadores universitários dispostos ou disponíveis para resolvê-las.
Objetivando facilitar o processo de atendimento a este tipo de consultas, o Disque-
Tecnologia articulou-se a empresas júniores formadas por alunos da USP. Assim, estas
empresas passaram a atender algumas consultas de caráter mais generalista. Com o
16 CECAE- objetivos e projetos. São Paulo: USP, 1996.
11
tempo, novas demandas foram sendo encaminhadas também para pós-graduandos,
técnicos, parceiros extra-USP, fornecedores de matéria-prima, além da própria equipe do
Disque-Tecnologia. Hoje, para a realização do trabalho de atendimento às empresas, o
DT/USP tem acordos formalizados com o Sindicato da Micro e Pequena Indústria do
Estado de São Paulo (SIMPI/SP), com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas do Estado de São Paulo (SEBRAE/SP), e parcerias informais múltiplas com
várias instituições. O projeto em questão possui uma atuação estruturada para a
divulgação de suas atividades na mídia, através de artigos em jornais e revistas, tais como
a revista “Pequenas Empresas - Grandes Negócios” e os jornais “Diário do Comércio &
Indústria” e “Diário Popular”, além do programa “Clip Tecnologia” na Rádio USP/FM e
de eventuais apesentações na TV, mecanismos de divulgação considerados eficientes
para alcançar os micro e pequenos empresários.
O que a USP e a CECAE pretendem com o Disque-Tecnologia “é a
investigação sobre os reais e imediatos problemas das micro e pequenas empresas,
visando formatar outras ações que não se resumam ao pronto atendimento, mas sempre
considerando este como ponto de partida”. Isto porque a quase totalidade da demanda
(95%) provém destas empresas ou de potenciais empreendedores que normalmente
buscam informação tecnológica antes da abertura do negócio. “Os problemas do
cotidiano das empresas e a procura por soluções contidas em tecnologias habituais,
aquelas amplamente dominadas e que não exigem novas pesquisas, representam cerca de
70% das consultas recebidas ao longo da existência do DT-USP”.17 Aqui cabe questionar
que retorno intelectual a universidade recebe com a prestação deste tipo de serviço, que
sequer exige o desenvolvimento de novas pesquisas por parte da instituição, revelando-se
com isto o imediatismo do empreendimento.
Segundo o documento citado:
“O modelo do DT/USP é por pretensão inovador, baseando-se no diálogo para identificar a melhor solução para a empresa/empreendedor. O afã é o de conhecer a demanda, para, em consequência, se proceder a oferta. Justamente sobre este aspecto é que está a inovação, pois a relação universidade/empresa até hoje desencadeada sempre se prendeu ao interesse mútuo da aproximação, sempre com oferta organizada pela primeira e nunca com o conhecimento da demanda - claro
17 Projeto Disque-Tecnologia USP. São Paulo, USP : CECAE: Programa de Cooperação Universidade-Empresa, 1997.
12
que o resultado não poderia ser satisfatório, recaindo no ‘academicismo’ os malogros do processo.”18
Esta afirmação sintetiza bastante bem o tipo de vínculo que tem sido
estabelecido na atualidade entre a universidade e o setor produtivo, em que este é que
determina o tipo de demanda e de prestação de serviços por parte da universidade, que
agora submete-se absolutamente às leis do mercado capitalista de produção.
No caso da UFRJ, a unidade com maior tradição no que se refere à interação
com o setor produtivo é a COPPE - Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em
Engenharia - criada em 1965.
A criação da COPPETEC em 1970 visou estimular uma maior cooperação
entre universidade e empresas. Trata-se de iniciativa pioneira, seja do ponto de vista da
captação de recursos, seja como meio para desenvolver a integração universidade-
empresa. Inúmeras demandas que os pesquisadores da COPPE recebiam em caráter
privado foram disciplinadas, centralizadas e integradas pela COPPETEC às atividades
acadêmicas.19
Na área de ciências humanas, a UFRJ instituiu uma iniciativa pioneira no que
se refere à prestação de serviços e ao intercâmbio com o setor produtivo: a Coordenação
de Programas e Projetos em Ciências Humanas (CPCH). Criada em 1991, a CPCH é uma
unidade integrada ao Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) da UFRJ, que tem
como objetivo promover a cooperação de pesquisadores, professores, técnicos e núcleos
de pesquisa do setor de humanas com empresas públicas e privadas. Sua atividade
consiste na prestação de serviços a empresas por intermédio de treinamentos, cursos,
seminários, pesquisas, consultorias, etc. Como unidade de prestação de serviços, a ação
da CPCH se constitui num “balcão técnico-científico” para identificação de demandas e
ofertas de serviços que diferentes usuários institucionais fazem à universidade,
executando projetos em função de demandas específicas dos interessados. Como unidade
de interface entre a universidade e a sociedade, a CPCH desenvolve atividades de
intercâmbio em fóruns nacionais e internacionais para a transferência de conhecimentos
em várias áreas, através de programas de cooperação técnico-científica com as unidades
18 Idem, ibidem, s./p.19 COPPE; 25 anos de pesquisa e pós-graduação em engenharia. Rio de Janeiro: UFRJ:COPPE, 1988.
de transferência de conhecimento de universidades e de instituições públicas e privadas
do país e do exterior.20
A CPCH, embora tenha sido criada em 1991, somente começou a executar
intercâmbios e parcerias a partir de 1992, quando recebeu o apoio financeiro da FINEP.
“É uma área sem referência em qualquer país da América Latina, da Europa e dos E.U.A.
Representa uma experência totalmente inovadora, sem similar no mundo todo, no âmbito
das ciências humanas. Representa um espaço de intercâmbio com o setor produtivo
diferenciado do academicismo da universidade, no que se refere à graduação, à pós-
graduação e à própria extensão.” A CPCH não tem vínculo com a extensão, pois
apresenta uma filosofia diferente dos projetos de extensão universitária. “Nosso objetivo
é faturar e atender às demandas do setor podutivo, sendo que a extensão da universidade
ocupa-se de programas comunitários sem fins lucrativos”.21 Além disto, “como a
universidade ainda não tem a mobilidade que o setor empresarial requer, se há uma
demanda que a universidade não é capaz de atender, vamos buscar algum setor fora dela
que possa suprir a demanda do setor produtivo, para atender o empresário.” Caberia
indagar que tipo de retorno intelectual a UFRJ recebe com este tipo de prestação de
serviços, que algumas vezes sequer envolve seus próprios pesquisadores e docentes. Do
ponto de vista do entrevistado, o retorno que a universidade recebe , “além do financeiro,
que é óbvio, é o envolvimento dos alunos com o mercado produtivo, a reciclagem do
corpo docente a partir dos imputs do setor produtivo, fora do tradicional academicismo, e
a possibilidade de mostrar a universidade para a comunidade de uma forma que ela nunca
foi mostrada, sendo uma poderosa ferramenta de marketing universitário.”22 Aqui sequer
as ciências humanas, que pela própria natureza do conhecimento que produzem,
estiveram à margem das parcerias com o setor produtivo, são preservadas, sendo envoltas
por uma visão mercadológica e imediatista de formação.
Até mesmo a área de ciências humanas e os profissionais universitários que
nela atuam, vinculados a uma tradição de cultura livre e desinteressada, têm aderido
crescentemente às demandas mercadológicas do capital. Isto é, tem diminuído cada vez
mais o grau de resistência das Faculdades de Filosofia e Ciências Sociais aos reclames do 20 Coordenação de Programas e Projetos em Ciências Humanas (CPCH); objetivos e serviços prestados. Rio de Janeiro, UFRJ: CFCH, 1995.21 Entrevista realizada com um dos gerentes-executivos da CPCH. 22 Idem, ibidem.
mercado e da cultura tecnológica que impera na atualidade, deixando de atuarem como
focos permanentes de crítica e de inconformismo, como eram até as décadas de 60 e 70.
Essas faculdades têm aderido cada vez mais às propostas de modernização que, no limite,
têm transformado a universidade num balcão de prestação de serviços às empresas
públicas e privadas. Isto pode ter relação com o fato das Faculdades de Filosofia e
Ciências Sociais estarem reagindo às constantes acusações que recebem de
“improdutivas”, “irracionais” e “inessenciais” pela adoção de uma postura modernizadora
que, no limite, tem-lhes retirado a força crítica. Tanto mais grave torna-se a crescente
adesão dessas faculdades à lógica racionalizadora do capital se partirmos do pressuposto
de que elas representam por excelência o núcleo crítico e integrador do conhecimento na
universidade.
No atual contexto onde tudo se reduz à mercadoria, “com a tranformação da
universidade numa grande organização de caráter racional, onde esta racionalidade de
caráter funcional, instrumental, ou formal, está subordinada à idéia de cálculo”,23 até
mesmo muitos dos antigos intelectuais críticos aderiram ao establishment. Esses
intelectuais perderam o distanciamento crítico tão necessário à reflexão filosófico-social,
transformando-se em funcionários do capital, do Estado e/ou da mídia. A intelectualidade
partiu para o mercado “para olhá-lo, segundo imagina, mas na verdade, para encontrar
um comprador.” A capacidade de apreender algo distante, a exigência de distanciamento
necessária à reflexão filosófico-crítica é hoje um olhar em extinção.24 Sem contar que os
novos intelectuais são cada vez mais seduzidos pelos apelos das agências de fomento à
pesquisa, do setor produtivo e da mídia, muitos dos quais tendo se transformado em
verdadeiros “intelectuais eletrônicos”, nas palavras de Beatriz Sarlo.25
Num mundo onde estamos imersos imediatamente no presente, não há muito
espaço para um olhar de distanciamento e de estranhamento, tão essencial à postura
crítico-reflexiva. Olhar este, que não implica no afastamento dos intelectuais das questões
23 CARDOSO, Irene de Arruda Ribeiro. “A modernização da universidade brasileira e a questão da avaliação.” In: MARTINS, Carlos Benedito (org). Ensino superior brasileiro; transformações e perspectivas. São Paulo: Brasiliense, 1989, p.124.24 A este respeito, vide BENJAMIN, Walter. Charles Baudelaire, um lírico no auge do capitalismo. São Paulo: Brasiliense, 1989 e do mesmo autor: Magia e técnica, arte e politica; ensaios sobre literatura e história da cultura. 5.ed., São Paulo: Brasiliense, 1993.25 Sobre esta questão, consultar: SARLO, Beatriz. Cenas da vida pós-moderna; intelectuais, arte e vídeo-cultura na Argentina. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 1997 (capítulo dedicado aos intelectuais, pp. 159-182).
públicas, mas ao contrário, implica no seu envolvimento tenso e crítico com os problemas
sociais. Num quadro em que se reafirma o fim das utopias e das ideologias, os novos
especialistas encarnam uma postura pragmática e imediatista diante de fragmentos de
realidades transitórias, instantâneas. A tecnificação da sociedade avança e o número de
especialistas ligados ao governo, à administração pública e à gestão do capital aumenta,
formando o bloco da autoridade intelectual, na atualidade.
O sentido clássico do engajamento intelectual se modifica significativamente,
assumindo uma entonação minimalista, colada aos interesses privados, de categoria e da
área de especialização profissional. O campo intelectual se despolitiza crescentemente em
função dos interesses de mercado. O papel crítico, tão característico das gerações
intelectuais que atuaram na universidade até fins da década de 60, tem se diluído em meio
à inserção da universidade na lógica racionalizadora do capital.
4- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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