Post on 07-Jan-2017
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E ECONÔMICAS
INSTITUTO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
•.
A INDÚSTRIA TÊXTIL BRASILEIRA:
DESEMPENHO, AMEAÇAS E OPORTUNIDADES
Autor: Gustavo Henrique Wanderley de Azevedo
Orientador: Prof. Claudio R. Contador
Rio de Janeiro
1 997
Mestre em AdmiJÚstração
11
A INDÚSTRIA TÊXTIL BRASILEIRA:
DESEMPENHO, AMEAÇAS E OPORTUNIDADES
Gustavo Henrique Wanderley de Azevedo
Dissertação submetida ao corpo docente do Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre.
Aprovada por:
ce���!t"IAJ Prof. Claudio R. Contador - Pr sidente da Banca
(COPPEAD I U.F.R.J.)
Prof. Agr / �e Souza Bethlem
(co'Zl� U.F.RJ.)
Rio de Janeiro
1997
Azevedo, Gustavo Henrique Wanderley de.
A indústria têxtil brasileira: desempenho,
ameaças e oportunidades.
Gustavo Henrique Wanderley de Azevedo. Rio
de Janeiro: COPPEAD, 1 997.
vii, 88p. il
Dissertação - Universidade Federal do Rio
de Janeiro, COPPEAD.
1 .lndústria Têxtil. 2.Tese (Mestr. -
COPPEAD I U.F.R.J.). I. Título
111
IV
AGRADECIMENTOS
Neste momento, não podia deixar de lembrar e mencionar as pessoas que muito me ajudaram.
Pela paciência, material fornecido, dúvidas tiradas e, principalmente, pela amizade agradeço ao grande amigo Dr. Marcelo Demier Portela.
Pelos conselhos valiosos, acréscimos impagáveis de conhecimento e experiência agradeço ao meu ilustre orientador Professor Claudio R. Contador.
Não poderia esquecer, de forma alguma, de agradecer a meus pais por todo incentivo e atenção destinados ao longo destes meses.
Finalizando, agradeço especialmente á minha esposa Renata por sua compreensão pelas diversas horas que tivemos nos fins-de-semana, por força das circunstâncias, de ficarmos separados.
v
RESUMO DA DISSERTAÇÃO APRESENTADA À COPPEAD / U.F.RJ. COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÀRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS (M. Sc.)
A INDÚSTRIA TÊXTIL BRASILEIRA:
DESEMPENHO, AMEAÇAS E OPORTUNIDADES
GUSTAVO HENRIQUE WANDERLEY de AZEVEDO
Março / 1 997
ORlENT ADOR: Prof CLAUDIO R. CONTADOR
PROGRAMA: ADMINISTRAÇÃO
O presente trabalho objetiva uma análise sobre a indústria têxtil brasileira, particularmente, quanto à sua viabilidade, principalmente, após o desembarque maciço de produtos oriundos da Àsia. Serà feito, em princípio, um levantamento das caracteristicas do setor têxtil ressaltando os aspectos mais relevantes, finalizando esta primeira parte com as perspectivas, sob uma ótica qualitativa.
Finalmente, à luz da Estatística e da Econometria, num período de doze anos, corroboramos, quantitativamente, as previsões feitas na primeira parte, mostrando que a indústria têxtil é viàvel, é importante e, principalmente, que fatores externos -macroeconômicos - alicerçam o ingresso desta indústria numa fase de prosperidade.
VI
ABSTRACT OF THESIS PRESENTED TO COPPEAD / U.F.R.J. AS PARTIAL FULFILLMENT FOR THE DEGREE OF MASTER OF SCIENCE (M. Se.)
A INDÚSTRIA TÊXTIL BRASILEIRA:
DESEMPENHO, AMEAÇAS E OPORTUNIDADES
GUSTAVO HENRIQUE WANDERLEY de AZEVEDO
Março / 1997
CHAIRMAN : Prof CLAUDIO R. CONTADOR
DEP ARTMENT: ADMINISTRATION
This dissertation analysis the Brazilian textil industry, esseneially in relation to its viability, speeially after the entranee of asiatie produets. We present a survey of the earaeteristies belonging to the textil seetor, emphasizing the more relevant aspeets. In the end of this first part, the analisys will foeus the developing perspeetives, qualitatively.
Finally, through the Statisties and Eeonometry, we analised a twelve years period, quantitatively, ratifYing the forecasts done at the first part, showing that the Brazilian textil industry is viable and important, and, partieularly, there are . external faetors -maeroeconomies - that establish the entranee of this kind of industry in an prosperous phase.
VII
SUMÁRIO
I INTRODUÇÃO I
Módulo I 2
2 HISTÓRICO 2
3 CARACTERÍSTICAS GERAIS DO SETOR NO BRASIL 7
3. I Mão - de - Obra 7
3.2 Parque Industrial 9
3.2.1 Fiação 9
3.2.2 Tecelagem 11
3.2.3 Malharia 13
3.2.4 Acabamento (Beneficiamento) 16
3.2.5 Confecções 17
3.3 Processo Produtivo 22
3.4 Tipos de Fibras 25
3.4 Consumo de Fibras 41
3.5 Participação no Produto Interno Brasileiro 44
4 COMÉRCIO EXTERIOR 47
4.1 Histórico 47
4.2 Conseqüências 57
5 CONTRA - ATAQUE 60
6 ESTIMULA OU EXTINGUE ? 63
7 PERSPECTIVAS 71
Módulo II 75
8 A V ALIAÇÃO ECONOMÉTRICA 75
9 CONCLUSÃO 84
10 BIBLIOGRAFIA 85
1
1 INTRO DUÇÃO
Durante muitas décadas a indústria têxtil brasileira viveu sob o protecionismo do
governo, isto é, preocupava-se apenas com produção ao invés de produtividade, pois não
sentia-se ameaçada por outras nações. Contudo, no começo dos anos 90, com a irreversível
globalização da economia, as distâncias foram encurtadas, foi-se quebrando muros e
construindo-se pontes, porém, a luta por novos mercados consumidores fez com que o
mundo presenciasse um darwinismo empresarial violentíssimo, ou seja, quem não estivesse
mais preparado, melhor adaptado, para viver numa era extremamente competitiva, com
certeza, sucumbiria.
A queda das barreiras tarifárias, que durante os anos de 1994 e 1995 variou de 70%
para 20%, causou muitos danos no parque têxtil brasileiro, principalmente, em função da
invasão oriental, particularmente, chinesa, no que tange aos produtos confeccionados. Ora,
a manutenção de tarifas é compreensível quando o argumento refere-se a uma indústria
incipiente que busca ganhar ffilego para modernizar-se, todavia, há ocasiões em que uma
indústria torna-se preguiçosa e vagarosa para atingir um nível de produtividade
internacionalmente competitivo, por esconder-se sob o escudo da proteção tarifária.
O que se buscará investigar nessa dissertação é se a indústria nacional é digna de tal
protecionismo, ou seja, se realmente é competitiva, se é rentável, se precisa de um pouco
mais de tempo para brigar de igual para igual, enfim, se apenas está sofrendo uma
concorrência desleal por parte dos asiáticos. Finalmente, tentar-se-á fazer uma previsão, à
luz de variáveis setoriais e macroeconômicas, via regressões múltiplas, se a indústria têxtil,
efetivamente, não está condenada ao desaparecimento.
2
Módulo I
2 HISTÓRICO
Neste módulo buscar-se-á traçar brevemente o perfil do setor têxtil, à luz do tempo,
e identificar a concentração industrial no território brasileiro, como, também, os alicerces
dessa indústria.
o setor têxtil é um dos segmentos mais tradicionais da economia brasileira (instalou
se no País no final do século XIX), empregador intensivo de mão-de-obra, sendo, também,
um dos setores mais pulverizados em termos de concentração empresarial, ou seja, não há
oligopólios, monopólios ou qualquer tipo de cartel, pois operavam no Brasil, pelo menos
até 1995, aproximadamente, 4.700 indústrias têxteis (segundo o Instituto de Estudos e
Marketing Industrial- I.E.M.I.- em 1 989 eram 5.3 1 9)1 e 1 7.000 confecções2 Estas
indústrias segmentavam-se em micros (até 50 funcionários), pequenas (entre 5 1 e 200),
médias (entre 201 e 500) e grandes (acima de 500), da seguinte forma:
Número de Empresas por Porte
Anos Micros Pequenas Médias Grandes Totais
1 984 2. 1 27 1 . 787 981 201 5.096
1988 1 . 226 1 .916 1 .236 230 4.608
1 990 553 1 . 524 1 .956 324 4.357
1991 550 1 .646 1 .789 271 4.256
1 992 70S 1 .229 1 .474 101 3.509
1 993 660 1 . 326 1 .608 107 3.701
Fonte: I.E.M.I.
1 BERGAMASCO. Cláudia. Moda c indústria têxtil - um universo de vaidades e contradições, Gazeta Mercantil, São Paulo, 30/04/96, p. 01-12.
2 Informações obtidas através de um estudo feito pela Coopers & Lybrand, tendo usado como fontes o
I.E.M.I e o B.N.D.E.S.
6.000
5.000
4.000
3.000
2.
I NÚMERO DE E MPRESAS POR PORTE I
o (]) (]) .....
3
• Grande
o Média
• Pequena
EiI Micro
Fonte: tEM
Apesar de terem crescido sob a égide governamental, o que se observa é que
sobrevivem no mercado empresas tecnologicamente atrasadas (a grande maioria) com
aquelas, em número muito reduzido, que sofreram um processo mais acentuado de
modernização, particulannente as exportadoras, se adaptando, portanto, a uma nova
conjuntura de competitividade internacional.
A indústria têxtil não se manteve parada durante esses anos, houve transfonnações,
pOIS, segundo o Dr. Marcelo Demier Portela, assessor econômico da Companhia Têxtil
Ferreira Guimarães, o decorrer das décadas de 1 970 e 1 980 foi caracterizado pelos
seguintes aspectos:
• Aceleração do processo de transfonnação de uma indústria intensiva em mão-de-obra
para intensiva em capital.
• Dificuldade cada vez maior das micro e pequenas empresas em competir no mercado.
• Aumento da concentração de capital nos grupos industriais maiores, que absorveram
algumas das micro e pequenas empresas.
• Crescimento do nível de verticalização, com maior número de empresas e menor número
de empresários.
Com os anos 90, início da abertura comercial, começa a aparecer no mercado um
novo e poderoso concorrente - os produtos importados - provenientes, principalmente dos
4
países asiáticos, sendo extremamente agressIvos em termos de comércio exterior e
competitivos em termos de preços, chegando no mercado não só brasileiro, mas mundial,
sob a acusação de dumping, cujo assunto trataremos mais tarde.
Até agora falamos apenas das fases pelas quais esse segmento passou, contudo, é
igualmente importante observarmos no quadro abaíxo a distribuição desse parque industrial
nas regiões brasileiras e sua concentração ao longo do tempo.
Norte Nordeste Sudeste Sul C. Oeste Totais
1 990 34 587 3 .797 722 1 8 5.158
% 0,66 1 1 ,38 73,61 14 ,00 0,35 100
1 991 34 571 3 .687 797 2 1 5.110
% 0,67 1 1 , 1 7 72, 1 5 1 5 ,60 0,41 100
1992 35 504 3 .296 730 19 4.584
% 0,76 10,99 7 1 ,90 1 5 ,93 0,42 100
1 993 37 482 3 .064 763 20 4.366
% 0,85 1 1 ,04 70, 18 1 7 ,47 0,46 100
1 994 5 1 539 3 .385 882 32 4.889
% 1 ,05 I I ,02 69,24 1 8,04 0,65 100
1 995 48 5 1 2 3 .218 839 3 1 4.648
% 1 ,03 I I ,02 69,23 1 8,05 0,67 100
Fonte: I.E.M.I.
5
Após esse breve histórico e termos visto a evolução e concentração da indústria
têxtil urge definir que a indústria têxtil, propriamente dita, é composta pelos segmentos
abaixo, sobre os quais teceremos maiores comentários, quanto ás suas caracteristicas e
tendências, mais a frente:
• Fiação
• Tecelagem
• Malharia
• Beneficiadoras ou Acabamento
Em princípio pode parecer estranho a diferença de números relacionados ao porte e
aqueles relacionados á quantidade. Contudo, não há nenhum problema se atentarmos para o
fato de empresas terem diversas filiais, o que faz com que o número fique inflado.
Para fecharmos esse módulo, para nos familiarizarmos mais com os componentes do
setor têxtil, falta-nos falar sobre o último estágio deste setor, que é o mais numeroso e
maior empregador, que são as confecções.
O fato de ter sido tratado a parte não o desmerece, pelo contrário, por encontrar-se
em maior número (17.000 confecções), conforme foi dito, acentua-se a sua importância, por
isso tratamento semelhante ao da indústria têxtil lhe será conferido. No que conceme á sua
distribuição e concentração ao longo do tempo pelas regiões brasileiras vale observar o
quadro e o gráfico a seguir:
Norte Nordeste Sudeste Sul C. Oeste Totais
1 990 1 29 l.246 1 1 . 155 2.480 3 59 15.369
% 0,84 8, 1 1 72,58 1 6, 14 2,34 100
1 991 1 42 l .261 1 1 .227 2 .505 362 15.497
% 0,92 8,14 72,45 16 , 16 2,34 100
1 992 196 1 .468 8.773 2.836 551 13.824
% 1,42 1 0,62 63,46 20, 52 3,99 100
1 993 236 1 .476 9.024 3 .01 5 61 1 14.362
% 1 ,64 1 0,28 62,83 20,99 4,26 100
1 994 281 1 .484 9.053 3 . 1 75 708 14.701
% 1 ,91 1 0,09 61 ,58 2 1,60 4,82 100
1995 343 l.725 1 0. 366 3 .746 886 17.066
% 2,01 1 0, 1 1 60,74 2 1 ,95 5,19 100
Fonte: LE.M.I.
Indústrias Confeccionistas por Região
12000 ..•. _._--.--- ---------------_. __ ._------ --- -_.--.". ".-----------_.
10000
8000
6000
4000
2000
o NORTE NORDESTE SUDESTE SUL C.OESTE
1Il1990 .1991 01992 01993 .1994
li 1995
6
3 CARACTERíSTICAS GERAIS DO SETOR NO BRASIL
3.1 Mão - de - Obra
7
Tradicionalmente trata-se de um setor que emprega intensivamente mão-de-obra a
baixo custo. Isto é uma vantagem comparativa, segundo o ponto-de-vista da gerente
setorial de bens de consumo não-duráveis do B.N.D.E.S., Maria Helena de Oliveira, ao
lembrar que a mão-de-obra chinesa é uma das mais baratas do mundo e por isso seus
tecidos são tão competitivos (atualmente, há na China 1 80 milhões de analfabetos e 65
milhões vivem com uma renda anual de 48 dólares)3 Para termos uma idéia de quão barata
é o custo da hora trabalhada na China, em comparação com outros países, faz-se mister
atentarmos para o quadro abaíxo"
Custo Horário da Mão-de-Obra - 1990
Países Custo (US$) Países Custo (US$)
Alemanha. 1 6,46 Taiwan 4,56
ltália 16 , 1 3 Coréia do Sul 3,22
HongKong 3 ,05 França 1 2 ,74
China 0,37 Japão 13 ,96
Bélgica 1 7,85 Estados Unidos 1 0,02
Com a invasão oriental, houve uma queda no nivel de emprego devido não só à
importação, como também à uma intensa industrialização. Para termos uma idéia, basta
observarmos o seguinte exemplo: na tecelagem, enquanto um tear com lançadeira produz
9,8 metros de tecido por hora, um moderno tear sem lançadeira chega a produzir 38 ,2
metros também por hora, ocupando menos espaço fisico e permitindo redução de mão-de
obra em número superior a 50 por centos.
3 Jornal O Globo, Revolução econômica criou uma nova China, Rio de Janeiro, 20/02/97, Obituário, p.23.
4 VERRET, Raoul. Textile strategy and the global approach, Intemational Business, p. 62-84, Oct. 1 1993.
, SILVA, Myriam Bulhôes da. Indústria Têxtil - Nos rumos da modernização, Conjuntura Econômica,
agosto de 1995.
8
A queda do emprego na indústria têxtil em 1996 em função da abertura comercial e
da concorrência dos produtos importados, segundo a última Pesquisa de Indústria,
Emprego e Valor da Produção feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(I.B.G.E.), foi mais acentuada em São Paulo (25,8%) seguida pelo Rio de Janeiro ( 18 , 1%)6.
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Têxtil (A.B.!.T.), a contração do
emprego na cadeia têxtil, ao longo dos anos, pode ser constatada no quadro e no gráfico
abaixo.
Mão-de-Obra Empregada na Cadeia Têxtil
Anos Empregados Anos Empregados
1 990 2. 1 36. 1 55 1994 1 .891 .680
1991 2.1 09.453 1 995 1 .801 .636
1 992 1 .966.657 1996 1 . 530.000
1993 1 .822.477
Mão-de-Obra Empregada
._-_._--��� .. _---------------_._-----_ . . _._---_._-----'---�
Nota: Dados em milhares de funcionários
, I
111990 .1991 01992 01993 .1994 a1995 111996
6 CIARELLL Mônica. Indústria demitiu pelo sétimo ano seguido, Jornal O Globo, Rio de Janeiro.
Economia, p. 31. 14/03/97.
9
Pelo fato da mão-de-obra ser muito rude, sendo, portanto, descartável, vem se
observando uma preocupação em reverter este quadro de baixa instrução, ou seja, o perfil
de qualificação da mão-de-obra está mudando. Segundo a economista do illrE / CEEG,
Maria Cecília Prates Rodrigues, "a participação dos postos de nível elementar (até primeiro
grau completo) foi reduzida de 70% em 1989 para 62,8% em 1 994; já os postos de IÚvel
médio (de primeiro grau completo até superior incompleto) tiveram sua participação
elevada de 27,5% para 34,4% (ver quadro abaixo). Houve, assim, substituição IÚtida dos
empregos de qualificação elementar pelos de IÚvel médio, indicando que o manuseio dos
equipamentos modernos é mais seletivo e exigente em termos de mão-de-obra7"
Níveis de qualificação 1989 (%) 1994 (%)
Elementar 70,0 62,8
Médio 27,5 34,4
Superior 1 ,6 1 ,7
Fonte: Mimsténo do Trabalho / R.A.I. S. 8 e Lei 4.923 / 65
Nota: Não está incluída a categoria dos ignorados, dai o total para cada ano não fechar em
1 00%.
Mesmo havendo essa melhora educacional, o percentual relativo ao IÚvel superior
ainda está muito aquém da média nacional que orbita em torno de 9%.
3.2 Parque Industrial
Antes de falarmos sobre a situação vigente do parque industrial ou de máquinas,
entendeu-se. por bem varrermos primeiro cada segmento da indústria têxtil, indo da fiação
até confecções. Vamos a eles . . .
3.2.1 Fiação
Este foi o segmento que mais novidades tecnológicas incorporou, onde a automação
e a produtividade são os principais focos dessa inovação. A capacidade de produção de uma
1 PRA TES RODRIGUES, Maria Cecilia. Demissões na indústria têxtil e de vestuário, Conjuntura
Econômica. p. 48-50, janeiro de 1 996.
8 Relação Anual de Infonnaçôes Sociais (R.A.I.S.).
1 0
fiação é basicamente detenninada pelos filatórios, que podem ser classificados em três tipos
básicos9:
• Filatórios de anéis: utilizam o princípio tradicional de estiramento do pavio de algodão
conjugado com urna torção no fio. Este sistema é caracterizado pela versatilidade,
podendo produzir fios de todos os títulos (espessura).
• Filatórios de rotores: conhecidos corno open-end, são equipamentos que apresentam
maior produtividade que a fiação por anéis, tendo em vista que podem alcançar maior
velocidade de produção, além de eliminar etapas da fiação tradicional. No entanto, sua
aplicação está restrita á produção de fios mais grossos com resistência inferior ao fio de
mesmo título da fiação por anéis. São muito utilizados na produção dejeans.
• Filatórios jet spinner: apresentam alta produtividade em relação aos demais, podendo
ser utilizados para a produção de fios finos. Esta tecnologia é de desenvolvimento
recente num nível mundial, sendo, portanto, pouco difundida no Brasil.
As vantagens destes dois últimos filatórios em relação ao de anéis repousam na alta
capacidade de produção, redução do espaço fisico das fábricas e eliminação de estágios de
produção.
Para tennos uma idéia do atraso tecnológico do nosso parque de máquinas neste
segmento basta observarmos o quadro abaixo:
Filatórios Máquinas % Fusos / Rotores %
A anel 24.464 95,6 9.21 8. 509 98,0
Open-end 1 122 4,4 1 86.102 2 ,0
Totais 25.586 100,0 9.404.61 1 100,0
Fonte: Carta Têxtil (junho de 1995).
3.2.2 Tecelagem
A tecelagem, ao contrário da fiação, possibilita o ingresso de micro e pequenas
empresas na indústria. O tear, por si só, é uma unídade produtiva independente, logo, o
9 OLIVEIRA Maria Helena de; MEDEIROS, Luiz Alberto Rosado de. Investimentos necessários para a
modernizacão do setor têxtil, p. 73-93, B.N.D.E.S. Setorial, março de 1996.
I I
aumento de produção, num mesmo patamar tecnológico, está intimamente ligado à
agregação de um número maior de teares.
Devido a enorme quantidade de pequenas unidades fabris é igualmente expressiva a
quantidade de equipamentos obsoletos, pois, para o pequeno empresário fica dificil manter
um parque moderno.
As inovações tecnológicas nas tecelagens ocorreram através da fabricação de teares
mais velozes e da incorporação de dispositivos à base de micro eletrônica., que permitem
maior flexibilidade e controle da produção. Assim, os teares convencionais com lançadeiras
estão sendo substituídos por teares sem lançadeiras, os quais são classificados como:
projétil, pinça., jato de ar e jato de água. A velocidade dos teares tradicionais atinge 200
batidas por minuto (bpm) e nos teares a projétil e pinça «hega a 300 bpm, ao passo que
naqueles a jatos de ar e de água a mesma alcança 800 e 1 .000 bprn, respectivamente.
As novas tecnologias permitem que cada operário seja encarregado de um número
maior de máquinas, proporcionando uma redução dos custos de produção. No entanto, os .
teares mais velozes são mais adequados à fabricação de tecidos sintéticos e aos mistos de
algodão e poliéster, em função da maior resistência dos tipos de fios utilizados na confecção
destes tecidos. Abaixo temos um retrato do parque de tecelagem brasileiro.
Máquinas 1993 0/0 1994 0/0
Com lançadeira 140.145 82,7 135.579 81,5
Sem lançadeira 29.255 17,3 30.747 18,5
projétil 4.528 2 ,7 4.678 2,8
pmça 20.236 1 1 ,9 2 1 .040 1 2 ,6
jato de ar 3.686 2,2 4.140 2,5
jato de água 74 0,0 1 52 0,1
manual 73 1 0,4 737 0,4
Totais 169.400 100,0 166.326 100,0
Fonte: I.E.M.I. (novembro de 1995)
Em termos de aparato tecnológico, a nossa capacidade produtiva assemelha-se
àquelas pertencentes à África, Ásia e América do Sul, ou seja, concentradas nos teares
tradicionais, sendo superada pelas européias (ver quadro abaixo referente ao parque de
12
tecelagem mundial - distribuição quantitativa dos teares - 1994 - International Textile
Manufacturers Federation).
BLOCOS Quantid. s/lançad. % Quantid. cf lançad. %
Africa 20. 1 20 1 4,6 1 1 7.970 85,4
América do Norte 84.070 54,3 70. 8 10 45 ,7
América do Sul 40. 900 1 8, I 185 .550 8 1 ,9
Asia e Oceania 237.760 13 ,3 1 .545 .900 86,7
Europa - EU 68.700 76,3 21.350 23,7
Europa - EFT A 3 .780 84,4 700 1 5,6
Europa Oriental 21 7.610 78, I 6 1 .030 2 1 ,9
Europa (Outros) 1 0.900 20,6 42. 000 79,4
Totais 683.840 - 2.045.310 -
Fonte: I.T.M.F. - 1 7 /94
Apesar da similitude tecnológica com o parque brasileiro, Ásia e Oceania vêm
investindo substancialmente na aquisição de teares sem lançadeiras, ou seja, na
modernização de suas máquinas, sendo responsáveis por 55% das importações mundiais
destes equipamentos no periodo 1 984 11993, cabendo á América do Sul um pouco mais de
3%. Urge ressaltar que apenas 2% das exportações destes teares tiveram como destino o
Brasil.
1 3
Importação de Teares sem Lançadeiras
BLOCOS 1994 (%) 1984 / 1993 (%)
Africa 0,9 1 ,7
América do Norte 8,9 7,4
América do Sul 5,3 3,4
Asia e Oceania 67,4 55,1
Europa- EU 13,6 1 6,9
Europa - EFT A 0,3 0,7
Europa OrientaI 2,5 13,1
Europa (Outros) 1 , I 1 ,7
Totais 100,0 100,0
Brasil 4,7 2,0
Fonte: l.T.M.F. - 1 7 /94
3.2.3 Malharia
A malha, devido às suas características de construção, difere muito do tecido plano.
Na tecelagem plana, o tecido é composto por um conjunto de fios dispostos lado a lado no
sentido longitudinal, chamado urdume, e por fios inseridos no sentido transversal, que
compõe a trama, conferindo ao tecido uma certa rigidez. Já no tecido de malha utiliza-se um
conjunto de fios que se ligam através de laçadas, conferindo ao produto final flexibilidade e
elasticidade que não são obtidas no tecido plano. Todavia, apesar dos aspectos favoráveis, o
tecido de malha por apresentar uma maior tendência a deformações e desgaste não são
adequados a todas as aplicações de vestuário 10.
O fio empregado na produção de malhas é basicamente o mesmo da tecelagem
plana, onde a diferença repousa num grau maior de torção. O processo de fabricação do
tecido de malha é, entretanto, bem mais simples e rápido, pois, além de não exigir
procedimentos de preparação prévia do fio, como urdimento e a engomagem (que
10 ROMERo, Luiz Lauro et ai. Malharias. p. 113-126, B.N.D.E.S. Setorial, julho de 1995.
14
demandam equipamentos grandes, adequados apenas para elevados volumes de produção),
a produtividade dos equipamentos de malharia é muito maior. Por exemplo, um tear circular
moderno produz de 450 a 500 quilos de tecidos de malha por dia, ao passo que um tear
moderno a jato de ar, utilizando fio de mesma titulagem (espessura), produz cerca de 1 00
quilos de tecidos planos por dia.
Devido aos diferentes tipos de tecidos temos, por conseguinte, diferentes tipos de
equipamentos, cujos principais utilizados na malharia por trama são os seguintes:
• Teares circulares: caracterizam-se por possuírem um grande número de alimentadores
dispostos em circulos, produzindo um tecido tubular contínuo. São máquinas de
altíssimo rendimento, capazes de produzir tecidos com as mais diferentes caracteristicas.
O grupo de máquinas circulares é formado pelas de grande diãmetro, que incluem as
monocilíndricas, voltadas para a produção de jérseis ou meia-malha, as circulares de
dupla face, próprias para a produção de malhas duplas, e as circulares de duplo cilindro,
voltadas para a produção de malhas de "fantasia". Além destas, existem máquinas de
pequeno diãmetro próprias para a produção de meias masculinas e femininas, sejam elas
lisas, rendadas oujacquard (com desenhos na constituição do tecido).
• Teares retilineos: são equipamentos semelhantes às antigas máquinas manuais de uso
doméstico, todavia muito mais avançadas tecnologicamente, geralmente automáticas e
capazes de produzir tecidos de alta qualidade. Este tipo de equipamento é utilizado para
a fabricação de golas e punhos para camisas de malha do tipo pólo e tecidos com
desenhos próprios para a produção de blusas e blusões. Sua maior utilização se dá na
produção de malhas pesadas, principalmente de fios de lã e acrilico. Os modelos mais
modernos possuem elevado grau de automação, incluindo programação e controle
computadorizados. A empresa japonesa Shima Seiiki detém 70% da produção mundial
desta linha de máquinas 11. O Brasil possui um parque produtor de malharia relativamente
atualizado em termos tecnológicos. 12
Na malharia por urdume encontramos basicamente dois tipos de máquinas, são elas:
11 Idem OLIVEIRA.
12 Idem ROMERO.
1 5
• Kettensthul: são aquelas dedicadas à produção de tecidos fundamentalmente lisos para
roupas intimas, tecidos elásticos, forros, veludos para estofamento e tecidos para toalhas
de mesa.
• Raschel: são aquelas voltadas para a produção de tecidos lisos e rendados destinados à
produção de toalhas de renda, tecidos para lingerie, cortinas, tecidos elásticos e outros,
possuindo também uma grande variedade de modelos que podem produzir rendas
simples ou bastante sofisticadas, produtos esses que as máquinas Kettensthul não são
capazes de fabricar.
O número de empresas fabricantes de teares Raschel e Kettensthul é muito reduzido,
sendo a Karl Mayer, da Alemanha, a empresa que domina o mercado mundial. A produção
mundial é da ordem de 200 máquinas por mês, distribuídas entre 140 tipos diferentes. Neste
segmento encontramos mais dois tipos de máquinas: a Kohler e a Malimo, que, todavia, são
pouco difundidas no mercado.
Para ilustrarmos o segmento de malharias convém darmos um zoam na produçãol3
brasileira de malhas, por região em 1992, cujo quadro possui a seguinte convenção:
I - Empresas - unidades
11 - Produção
III - Empregos
IV - Empresas (%)
v - Produção (%)
VI - Produção por Empresas
VII - Produção por Empregados
13 A produção está em toneladas e a produção/empregados está em quilos.
16
Região I n 1lI IV V VI vn
Norte 13 1.434 234 0,47 0,37 110,3 6.127
Nordeste 41 5.834 1.271 2,56 1,50 142,3 4.590
Sudeste 1.838 220.234 33.084 66,76 56,52 119,8 6.657
E.S. 8 L184 224 0,45 0,30 148,0 5.287
M.G. 258 45.083 8.507 17,17 11,57 174,7 5.299
RJ. 132 17.220 2.770 5,59 4,42 130,5 6.217
S P 1.440 156.747 21.583 43,55 40,23 108,9 7.262
Sul 436 161.368 14.824 29,92 41,41 370,1 10.886
Paraná 76 lL125 2.649 5,35 2,86 146,4 4.200
R.S. 237 22.313 5.193 10,48 5,73 94,1 4.297
S.c. 123 127.930 6.982 14,09 32,83 1.040,1 18.323
C Oeste 9 766 144 0,29 0,20 85,1 5.321
Totais 2.337 389.636 49.557 100,0 100,0 166,7 7.862
Fonte: !.E.M.!.
Devido a investimentos maciços na região nordestina este quadro deve mudar nos
próximos anos, pois há importantes projetos de malharia recém-implantadas ou em fase de
implantação, além disso cabe ressaltar que o Nordeste é responsável por 21 % da produção
brasileira de fios de algodão.
3.2.4 Acabamento (Beneficiamento)
Este segmento concentra uma variedade de processos e utiliza uma enorme gama de
equipamentos, pois, no fluxo de produção (que veremos quando falarmos do algodão) cada
tecido varia de acordo com as caracteristicas que se deseja obter, apresentando, aSSIm,
diversos tipos de acabamento.
Com a evolução da microeletrônica, os equipamentos tomaram-se mais sofisticados
garantindo um aumento de produtividade e um acabamento de qualidade infinitamente
superior. Devido ao custo elevado destes equipamentos podemos concluir que poucas
empresas no Brasil encontram-se atualizadas em termos de acabamento de tecidos.
1 7
3.2.5 Confecções
O cicIo de produção da indústria de confecção consiste em seiS etapas: design,
confecção dos moldes, gradeamento, elaboração do encaixe, corte e costura.
A costura é, sem dúvida, a principal etapa do processo, concentrando 80% do
trabalho produtivo. Devido as caracteristicas do tecido, como maleabilidade e diferentes
texturas, toma-se muito dificil obter avanços tecnológicos no campo da automação
industrial. O equipamento básico utilizado nesta etapa é a máquina de costura, o que a toma
extremamente dependente da habilidade e do ritmo da mão-de-obra.
Um ponto importante deve ser evidenciado que, como há uma enortne limitação
tecnológica, a saida encontrada para aumentar a produtividade consiste em técnicas
gerenciais de produção, como, por exemplo, o jus! in time.
Com relação às principais máquinas utilizadas na confecção podemos observar o
quadro e o gráfico abaixo que dizem respeito ao parque de máquinas instalado no Brasil -
1992/1994.
Máquinas / Ano 1994 1993 1992
Costura Reta 348.434 344.090 336.098
Overloque 254.176 243.658 240.209
Fonte: l.E.M.I. (setembro de 1995)
Máquinas Utilizadas na Confecção
300.000
250.000
Costura Reta Q\.e�oque
(! 1992 .1993 01994
18
Vale ressaltar que as importações de máquinas de costura apresentaram um
crescimento assombroso, passando de US$ 49,8 milhões em 1990 para US$ ISO rrúlbões
em 1995.
Para compreendermos o papel de fundamental importância das confecções na cadeia
têxtil acreditamos que ficará bem entendido através do quadro e gráfico abaixo, do l.E.M.l.,
referente ao destino da produção de tecidos de malhas no Brasil!' - 1989/1992.
Destino 1989 1990 1991 1992 1992 (%)
Confecção Própria 259.828 246.899 237.802 294.557 65,3
Beneficiamento 3.951 3.758 3.731 4.300 1,1
Atacado 28.942 31.021 32.672 32.976 8,5
Varejo 13.993 14.683 14.193 14.701 3,8
Confecção de Tere. 48.362 49.048 44.573 65.580 16,9
Outros 16.891 16.962 17.049 15.632 4,0
Exportação 928 2.078 1.326 1.850 0,4
Totais 377.338 368.683 355.317 389.636 100,0
14 Os dados estão em toneladas.
Confecção de Tere.
16,9%
Exportação
0.4%
Atacado
8,5%
Outros Varejo Benefic. 4,0% 3,8% 1,1%
Confecção A"ópria
65,3%
19
Confonne mostrado na tabela acima, aproximadamente 65,3% da produção de
malhas foram absorvidos diretamente por confecções próprias e 16,9% por confecções de
terceiros, perfazendo um total de 82,2% do total fabricado. Contudo se levannos em conta
que provavelmente a maior parte cabida ao atacado, que é o segundo colocado, destinar -se
á ás pequenas confecções, podemos compreender de uma fonna cristalina a importância, na
cadeia têxtil, das confecções, cuja distribuição em função do tamanho, em 1 994, pode ser
vista abaixol'.
Porte Funcionários N° de empresas %
Pequeno até 60 10.278 70
Médio 61 a 300 3 .977 27
Grande mais de 300 446 3
Totais - 14.701 100
Fonte: I.E.M.I.
Bem, após tennos "passeado" pelos segmentos acima, convém caracterizannos o
parque industrial brasileiro. A indústria têxtil é composta por empresas completamente
dispares, coexistindo empresas com tecnologia de ponta e milhares ultrapassadas
tecnologicamente. A heterogeneidade é tão grande que encontramos empresas com
15 OLIVEIRA Maria Helena de. Análise conjuntural da indústria confcccionista brasileira, Informe
Setorial, n. 9, B.N.D.E.S., 19/01/96.
20
equipamentos de 60 anos de uso e o Grupo Coteminas que inaugurou em 1995, em Montes
Claros, cidade situada no norte de Minas Gerais, "a maior unidade de tecelagem do mundo,
com 752 teares eletrônicos a jato de ar e com capacidade de produção de 264 milhões de
metros quadrados de tecido por ano"]6, permitindo competir com os "tigres" asiáticos.
Além disso, há casos de heterogeneidade dentro da própria empresa, como a Elizabeth
Têxtil - do Grupo Vicunha - onde coexistem equipamentos moderníssimos (teares a jato de
água) e outros completamente ultrapassados (teares a pinça).
Um estudo da Secretaria de Política Econômica revela como é obsoleto, de um
modo geral, o parque de máquinas do setor: apenas 32% dos fusos e roteres têm menos de
dez anos, contra 52% em Taiwan, 70% na Itália e 76% em Hong Kong17
Além de não termos equipamentos cujos modelos não estão no estado da arte, o que
temos está muito ultrapassado, pois conforme vimos acima ao falarmos de tecelagem, a
nossa situação não é muito diferente da Ásia e Oceania, contudo o espaço deles tem
aumentado. A evolução da idade média dos equipamentos instalados pode ser vista no
quadro e gráfico abaixo.
Idade Média dos Equipamentos
Segmentos 1990 1991 1992 1993 1994 1995
Fiação 14 14 14 13 12 12
Tecelagem 19 19 19 18 17 15
Malharia 9 8 7 6 6 6
Acabamento 9 9 8 7 6 6
Fonte: I. E. M. I.
16 LIVRO do Ano - eventos de 1995, São Paulo: Encyclopaedia Britannica do Brasil, p. 302-304, 1996.
17 BARBIERl, Cristiane et ai. O consumidor é quem paga o pato, Jornal O Globo, Rio de Janeiro, 27/06/96,
Economia, p. 27.
Idade Média dos Equipamentos
/C"".---.- -.- ----- .- -- -- - - . -- ---- --. . --- --- ---- ------.
Fiação Tecelagem Malharia Acabarrnnto
111990 .1991 0 1992 0 1993
.1994 111995
21
Atenta á necessidade do mercado, a indústria nacional, fabricante de equipamentos
têxteis, vem tentando suprir o mercado interno, porém, como são necessàrios vultosos
investimentos para se manter atualizado fica muito dificil para a empresa que não produz em
larga escala, pennitindo que a dependência do exterior se acentue. Parcela esmagadora da
produção de máquinas no Brasil pertence a filiais de empresas estrangeiras que só repassam
a tecnologia com certo atraso não pennitindo, assim, que sejam produzidos aqui
equipamentos de última geração_
A área de fiação, que abrange desde máquinas de abertura, cardas, passadeiras e
maçaroqueiras até os filatórios, está bem servida, em termos tecnológicos, pelos fabricantes
nacionais; -à importação cabe aos produtos mais avançados como: filatórios open-end,
penteadeiras, passadeiras com auto-reguladores, conicaleiras com atadores automáticos,
entre outros.
Quanto á tecelagem, este setor é o mais carente em se tratando de modernização,
sendo oferecidos apenas os teares a pinça e a jato de ar, residindo ai a maior necessidade de
atualização da nossa indústria têxtil.
Com relação ao acabamento, não se observa grandes problemas já que os principais
equipamentos provêem do setor de calderaria cuja tecnologia está completamente
dominada, destinando-se á importação as máquinas com comando e controle eletrônicos.
22
Devido ao fato de possuirmos limitações técnicas e/ou de escala, tem-se observado
um crescimento de produção, apenas, nos tares a pinça, conforme quadro abaixo.
Equipamentos 1990 1991 1992 1993 1994
Filatórios de Anel (fusos) 162.000 110.000 65.000 101.000 26.224
Teares a pinça (unidades) 346 463 533 545 609
Teares a jato de ar (unid.) - 64 24 60 29
Fonte: DNMAT - Ablmaq / Smd1maql8
3.3 Processo ProdJItivo
Agora que já estamos um pouco mais familiarizados com as máquinas pertencentes
ás diversas fases da cadeia têxtil entendemos por uma questão didática apresentarmos o
processo de produção de tecidos antes de falarmos sobre os tipos de fibras.
A fabricação de fios é precedida por quatro grupos de operações básicas iniciando
se pela Seção de Abridores e Batedores, onde é feita a abertura dos fardos e limpeza
preliminar do algodão. A segunda fase é realizada na Seção de Cardas, onde o algodão
recebe uma limpeza mais fina e suas fibras são escovadas e conseqüentemente paralelizadas.
Na Seção seguinte, Passadores, a mecha da carda recebe uma estiragem para
homogeneização. Finalmente na Seção de Maçaroqueiras e Filatórios, a fiação propriamente
dita, o processo de fiação chega ao final através de estiragens e torções definitivas
agrupando as fibras em forma de fio. Na fiação convencional o fio é armazenado em espulas
(de fiação), que em virtude de uma alta velocidade de produção não podem conter um
grande volume de fio. Para facilitar as fases seguintes no processo as espulas são
encaminhadas ás Bobinadeiras, que realizam o trabalho de limpeza e melhoria da
regularidade do fio (purgadores) bem como acondicionando-o em cones de grande
capacidade. As Seções de Maçaroqueiras, Filatórios e Bobinadeiras são substituídas com a
introdução das máquinas tipo open-end , para fios de maior espessura, cujo produto final
são cones semelhantes aos descritos acima
18 Associação Brasileira da Indústria de Máquinas c Equipamentos (Abimaq) I Sindicato Nacional da Indústria de Máquinas (Sindimaq).
23
A Seção de Urdimento é responsável pela ordenação do urdume (rolos de fios
paralelos no sentido longitudinal do tecido) a partir dos cones de urdume vindos da
bobinadeira. O processo de tecelagem exige resistência do fio que é aumentada na Seção de
Engomagem através da aplicação de engomantes, amaciantes e lubrificantes. Na Seção de
Remeteção os fios de urdimento são passados pela lamela (componente que detecta a
ruptura do fio no tear), pelo quadro de liço (que define o tipo de tecido) e pelas puas do
pente do tear. O processo de tecelagem é consagrado um dos mais antigos da humanidade
sendo normalmente realizado pelo sistema trama e urdume. Os teares á pinça e a jato-de-ar
utilizam os cones para trama. Quando o processo é o tradicional, á lançadeira, espuladeiras
são empregadas para alimentação de trama.
Na fase de acabamento, o tecido é chamuscado para retirar as penugens de sua
superficie e desengomado. Posteriormente o tecido é alvejado em meio alcalino retirando a
tonalidade original do algodão. Após a secagem o tecido é mercerizado onde lhe é
conferido maior brilho, melhor afinidade á corantes, aumento da resistência, estabilidade
dimensional e elasticidade. Novamente o tecido é seco e está pronto para ser estampado ou
tingido. O tingimento se dá em processo contínuo em aberto que proporciona maior
uniformidade na cor. A estamparia conta com máquinas de processos rotativos contínuos
com possíbilidade de estampar até oito cores por desenho. A próxima etapa é de fixar
termicamente os corantes e manter a largura pré-estabelecida no tecido, realizada na
máquina Rama. A polimerizadeira fixa de modo permanente principalmente sobre os tecidos
estampados. E por fim, temos a Sanforizadeira que permite um pré-encolhimento e a
Calandra que melhora o brilho e o toque do tecido.
Na sala do pano os tecidos são acondicionados em rolos ou em tabuleiros de acordo
com o tipo de cliente.
Este fluxo produtivo é genérico·
havendo, naturalmente, alguma diferença
dependendo da fábrica e do artigo em questão.
FLUXOGRAMA DO PROCESSO DE PRODUÇÃO I
ORIENTAÇÃO 00 FLUXO
,
FWXO ALV5JADO E TINTO
SECADEIRA
MERCERIZAOEIRA
SECADEIRA
TINTURARIA
BATEDOR
CARDA
PASSADOR 1
PASSADOR 2
MAÇAROQUEIRA
FILATORlO
NOVELEIRA
URDI OBRA
ENGOMADEIRA
TEAR
INSPEÇAO
NAVALHADEIRA
ENROLADEIRA
CHAMUSCADEIRA
ALVEJAMENTO
ACABAMENTO
SALA DO PANO
EXPEOIÇAO
(fio penteado)
REUNIOEIRA
, -- PENTEADEIRA
FLUXO ESTAMPADO
ALARGAOEIRA
ESTAMPARIA
POLlMERIZAOEIRA
24
25
3.4 Tipos de Fibras
As fibras podem ser divididas em dois grandes grupos: fibras químicas e naturais. As
químicas subdividem-se em mais dois grupos: artificiais e sintéticas. F alemos um pouco
sobre estes segmentos ....
• Fibras artificiaisl9: são produzidas a partir da celulose (daí serem também conhecidas
por fibras celulósicas), substância fibrosa encontrada na pasta de madeira ou no línter de
algodão, fibra curta restante na semente do algodão após o descaroçamento e que foi a
primeira fonte de celulose purificada (neste grupo de fibras artificiais temos basicamente
o raiom acetato e o raiom viscose ou simplesmente viscose).
• Fibras sintéticas: são aquelas originárias da petroquímica, como o acrílico, o ny/on, o
poliéster, o polipropileno e a fibra elastomérica.
• Fibras naturais: são o algodão, a seda, o rami, a juta, a lã, o sisal e o linho.
No momento, parece oportuno nos aprofundarmos um pouco mais sobre as
principais fibras, respeitando a sua ordem de apresentação.
Fibras Artificiais
• Raiom acetato: possui um consumo reduzido, não reage bem aos processos normais de
tingimento e suas maiores aplicações encontram-se na produção de filtros para cigarros,
rendas, cetins e materias de estofamento.
• Viscose: os fios e fibras de viscose apresentam toque suave e macio e possuem caimento,
absorção de umidade e resistência á tração comparável ao do algodão. Embora os
tecidos de viscose sejam bastante requisitados pelo segmento de moda, sua produção
não tem grandes perspectivas devido aos altos custos ambientais inerentes à sua
produção.
Fibras Sintéticas
• Poliéster: é a fibra sintética de maIOr consumo e a mais barata no setor têxtil,
representando pouco mais de 50% da demanda total de fibras químícas. Possui elevada
resistência à tração e a umidade, é não-alergênica e se adicionarmos 10% dessa fibra ao
19 ROMERO, Luiz Lauro e/ ai. Fibras artificiais e sintélica� p. 55-66, B.N.D.E.S. Setorial, julho de 1995.
26
algodão resulta em um aumento de 8% na resistência do fio, permitindo expressIvo
acréscimo na velocidade do processo têxtil que se traduz em ganhos de produtividade.
• Polipropileno: é utilizado na produção de sacarias, proporcionando excelente
isolamento e proteção. Também é aplicado em forrações de interiores e exteriores, na
fabricação de feltros e de estofamentos.
• Nylon ou Poliamida: apresenta elevada resistência mecânica sendo adequado á
fabricação de dispositivos de segurança (cintos de segurança etc.), baixa absorção de
umidade e possibilidade de texturização20 A principal utilização do nylon na área têxtil
se dá na fabricação de tecidos de malha apropriados para a confecção de meias, roupas
de banho (maiôs e sungas), moda íntima (lingerie) e artigos esportivos.
• Acrílico: é o melhor substituto da lã, sendo um bom isolante térmico, leve, muito
resistente á ação dos raios solares (radiação ultravioleta) e aos agentes químicos. Tem
larga aplicação em artigos de inverno como gorros, cobertores, mantas, agasalhos em
geral e tecidos felpudos.
• Elastanos: a função destas fibras é conferir elasticidade aos tecidos convencionais
objetivando confeccionar peças que aderem ao corpo sem tolher os movimentos. É largamente utilizado em peças íntimas (lycra) e artigos para aplicações médicas (luvas),
estéticas e esportivas.
A fim de termos uma idéia global a respeito das fibras químicas é interessante
tirarmos uma "radiografia" representada na tabela abaixo, . fornecida pela Associação
Brasileira de Produtores de Fibras Artificiais e Sintéticas (Abrafas), que contém2C
capacidade instalada, produção, vendas no mercado interno, vendas internas para
exportação, exportações diretas, importações e consumo aparente.
20 Tipo de traiamento que produz um enrugamento ou sanfonamento permanente das fibras, aumeniando
lhes o volume aparente, e que resulia em fios e tecidos mais macios, com melhor "toque", aparência e
elasticidade.
21 Apesar de consiar apenas o termo fibras, urge ressaliar que filamentos estão incluídos nestes números.
portanto onde houver escrito fibras, nesta iabela, leia-se fibras e filamentos.
27
Fibras Químicas: Desempenho da Indústria em 199322
Produto Cap. Inst. Prod. V. M. I. V. I. E. Exp. Imp. Cons.
Fib. Art. 75.420 6 7. 793 53.671 566 9.027 10.314 69.080
Viscose 61.920 56.758 43.847 5 9.001 2.528 50.285
Acetato 13.500 11.035 9.824 561 26 7.786 18.795
Fib. Sinto 318.060 234.411 215.182 4.454 12.242 41.630 263.799
Ny/on 1 04.220 67.471 64.051 146 1.911 10.660 76.220
Poliéster 177.240 143.360 129.144 2.714 9.093 27.960 162.227
Acrílico 36.600 23.580 21.987 1.594 1.238 3.010 25.352
Totais 393.480 302.204 268.853 5.020 21.269 51.944 332.879
Fonte: Abrafas
Observacões:
I - A produção de elastanos não foi infonnada pela única empresa produtora (Du Pont).
2 - O polietileno não consta da tabela porque não é considerado, a rigor, fibra de uso têxtil.
Fibras Naturais
Para não nos estendennos sobre todas as fibras naturais, entendemos falannos sobre
apenas três tipos por motivos diversos; o rami (por apresentar uma situação critica), a seda
(por ser um tecido nobre) e o algodão (por se tratar da principal matéria-prima utilizada
pela indústria têxtil).
Rami: é o substituto muito próximo, porém, mais abrasivo que o linho, de fonna que os
tecidos são mais ásperos e menos agradáveis ao uso (embora essas caracteristicas possam
ser minimizadas através de processos de acabamento). O seu uso é indicado na fabricação
de cordas, barbantes, mangueiras, pneus, fio de pára-quedas, como também pode gerar a
celulose para a produção de papel moeda, devido á sua alta resistência, sendo considerada
oito vezes superior à do algodão. É um tecido facilmente laváve1, apresenta boa retenção de
corantes, é barato e indicado para paises de clima quente, como o Brasil. Em geral é
22 Em toneladas.
' 28
vendido ao consumidor final com o nome de "linho rami", devido à dificil distinção seja sob
a forma de roupa pronta ou de tecido a ser confeccionad023.
Esta cultura encontra-se numa situação bastante delicada, pOIS, além dos
importadores terem prazos de financiamento superiores a 1 80 dias, a concorrência externa,
particularmente chinesa, ao colocar produtos a preços inferiores ao custo da produção
nacional contribui para a sua extinção (ver quadro abaix024).
Brasil: Principais Indicadores
Anos Área % Prod. % Anos Área O/o Prod. %
1970 19.21 1 ( 16,8) 47.691 ( 1 2,7) 1984 4.495 (80,5) 9.625 (82,4)
1971 22.749 ( 1 ,5) 53.941 (1 ,2) 1985 4.887 (78,8) 1 0.004 (8 1,7)
1972 23.099 - 54.599 - 1986 5.530 (76,1) 7.000 (87,2)
1973 26.725 1 5,7 44.41 8 (1 8,6) 1987 7 . 100 (69,3) 1 5 . 500 (71 ,6)
1974 16 .770 (27,4) 35. 790 (34,4) 1988 8. 1 62 (64,7) 1 9.060 (65, 1 )
1975 1 2.360 (46,5) 23.780 (56,4) 1989 8.030 (65,2) 9. 193 (83,2)
1976 9.675 (58, 1 ) 1 8. 500 (66, 1 ) 1990 7. 1 39 (69,1 ) 1 0. 1 83 (8 1,3)
1977 8.200 (64,5) 14.020 (74,3) 1991 5 .559 (75,9) 7.999 (85,3)
1978 6.400 (72,3) 7.220 (86,8) 1992 5 .224 (77,4) 6.955 (87,3)
1979 6.350 (72,5) 8.980 (83,6) 1993 4.696 (79,7) 7.079 (87,0)
1980 7 .016 (69,6) 1 7. 283 (68,3) 1994 3.482 (84,9) 3 .992 (92,7)
1981 7.325 (68,3) 1 0.259 (81 ,2) 1995 2.913 (87,4) 2.922 (94,6)
1982 968 (95,8) 9.657 (82,3) 1996 2.550 (89,0) 4.970 (90,9)
1983 4.670 (79,8) 9. 583 (82,4)
Fonte: Secretaria de Agricultura do Paraná
• Seda: trata-se inegavelmente de um produto nobre cujos preços são superiores aos dos
demais tipos de tecidos e apresenta, além de maciez e beleza, boa condutividade térmica.
Diferentemente de outros segmentos do setor têxtil, o Brasil é extremamente
competitivo internacionalmente, destinando 95% da sua produção de fios de seda à
23 OLIVEIRA Maria Helena de. Rami. uma cultura em extinção, Informe Setorial n. 12, B.N.D.E.S.,
novembro de 1996.
24 A área é dada em hectares, a produção está em toneladas c os percentuais, tanto da área quanto da
produção, estão em relação a 1972.
29
exportação, além de ser o quinto maior produtor mundial, tanto em casulos verdes - que
são exportados para Coréia, Hong Kong e Japão - como em fios de seda, cujas
exportações destinam-se à Europa, América Latina, "Tigres" Asiáticos e Estados
Unidos, entre outros, ficando atrás da poderosíssima China (com mais de 69% da
produção mundial), Índia, Japão e ex-u.R. S. S., conforme tabela abaixo.
Produção Mundial de Fios de Seda - 1994
Países Toneladas Percentuais
China 66.060 69,4
lndia 1 3 .914 1 4,6
Japão 3.900 4, I
ex-UR.S.S 2l 2.850 3,0
Brasil 2.538 2,7
Tailândia 1 . 788 1 ,9
Outros 4 . 128 4,3
Totais 95.178 100,0
Fonte: Abrasseda / Japan Raw Silk Corporation
Em termos de consumo, China, Japão, Estados Unidos e Europa figuram como os
principais consumidores mundiais (ver quadro e gráfico).
Consumo Mundial de Fios de Seda - 1994
Países Consumo (toneladas) Percentuais
China 27.650 28,8
Japão 20.540 2 1 ,4
Estados Unidos 17. 1 80 1 7,9
Europa 16. 1 30 16,8
Índia 9.600 1 0,0
Outros 4.900 5 , 1
Totais 96.000 100,0
25 Da produção da antiga U.R.S.S. cabe 62% ao Uzbequistão.
Fonte: Abrasseda
Consumo M undial de Fios de Seda - 1 994
Europa 17%
índia 1 0%
Estados Unidos 18%
Outros 5%
Japão 21%
China 29%
30
São animadoras as perspectivas de futuro para o Brasil, cabendo ressaltar que a
produção nacional de fios de seda é crescente, apresentando uma taxa de crescimento média
de 4,9% ao ano nos últimos dez anos, além das empresas estarem tecnologicamente
atualizadas. Em termos de valor, as exportações de fios de seda atingiram US$ 78 milhões
em 1 995 (as de algodão chegaram a US$ 78 milhões), representando 41% do total das
exportações brasileiras de todos os tipos de fios26
• Algodão: quanto a este produto, cabe um estudo mais longo, mais detalhado devido à
sua enorme importância para a indústria têxtil. Para termos uma idéia da sua relevância
na produção e consumo de fibras naturais e quimicas utilizadas no complexo têxtil, em
1995, prestemos atenção para os seguintes dados do que o algodão representa:
a) 46% da produção mundial de fibras naturais e químicas (artificiais e sintéticas);
b) 57% da produção brasileira de fibras naturais e químicas;
c) 93% da produção nacional de fibras naturais, considerando lã, rami, seda e juta;
26 OLIVEIRA Maria Helena de. Seda. um tecido nobre, informe setorial n. 1 1, B.N.D.E.S., outubro de
1996.
31
d) aproximadamente 60% do consumo brasileiro de fibras;
e) 24% das importações brasileiras de todos os produtos têxteis, tendo já alcançado 55%
em 1 993. Em 1 993, as importações de fibras de algodão atingiram US$ 646 milhões, caindo
para US$ 549 milhões em 1 995.
f) 80% das fibras utilizadas nas fiações brasileiras;
g) 65% dos tecidos são produzidos, nas tecelagens brasileiras, a partir de .fios de algodão,
caindo para 50% na Europa.
As principais vantagens comparativas do algodão em relação às fibras artificiais e
sintéticas decorrem principalmente no conforto dos itens confeccionados,
preponderantemente nos países de climas quentes, como também nos aspectos ambientais,
uma vez que é biodegradável. Destaca-se praticamente em todos os segmentos que o Brasil
apresenta competitividade internacional como: índigo, brins, cama, mesa, banho, t-shirt
etc27 É a principal fibra utilizada nos tecidos caseiros, como lençóis e fronhas, além de
dominar de uma forma absoluta o mercado de toalhas e deter 93% do mercado de denim, o
maior segmento consumidor de a1godão28.
Num contexto mundial, observa-se que o consumo vem apresentando uma
estabilidade, em torno de 1 8 mil toneladas por ano, ao passo que a produção vem revelando
um crescimento médio de 2% ao ano, no periodo 1980 / 1 995 (ver quadro abaixo).
27 OLIVEIRA, Maria Helena de. Algodão: principal matéria-prima têxtil. Informe Setorial, B.N.D.E.S.,
outubro de 1996.
28 DAVIDSON, W.A. EI algodón: algo natural con los consumidores, Tcxtiles Panamericanos, p. 15-19,
primer trimestre de 1992.
32
Indicadores Mundiais29
Anos Área Produção Consumo
1980 / 8 1 32.055 13 . 849 14. 148
1981 / 82 32.978 14.943 1 3 . 768
1 982 / 83 3 1 .482 14.5 1 8 14.546
1 983 / 84 30.883 14.332 14.913
1984 / 85 33 .609 19 .301 1 5 020
1 985 / 86 3 1 .457 1 7.481 16.745
1986 / 87 29.2 14 1 5 .372 1 8 .023
1 987 / 88 30. 793 1 7 .660 1 8.326
1 988 / 89 33 .676 18 .381 1 8 .566
1989 / 90 3 1 .482 17 .371 1 8 .853
1990 / 9 1 33 .073 1 8.938 18 .615
1 991 / 92 34.710 20.894 1 8 .378
1992 / 93 32.684 1 7.970 1 8.675
1993 / 94 3 1 .485 17 .678 1 8 .696
1 994 / 9530 32 .058 1 8.695 1 8.455
Fonte: B.N.D.E.S. / u.S.D.A.31
Quanto aos principais paises produtores e consumidores de algodão temos,
novamente, a China ocupando a primeira posição.
29 A área está representada em milhares de hectares e a produção e o consumo em milhares de toneladas.
30 Extraído da revista COITON: Review of the World Situation.
31 Departamento de Agricultura Norte-Americano (U.S.D.A.)
33
Principais Países Produtores e Consumidores de Algodão - 1994 / 9532
Países Produção Consumo
China 4.341 4.240
Estados Unidos 4.281 2 .437
lndia 2.380 2 .243
Paquistão 1 .479 1 . 575
Uzbequistão 1 .260 1 70
Turquia 628 800
Brasil 526 858
Turcomenistão 350 24
Austrália 335 34
Egito 254 270
Outros 2.861 5 .804
Totais 18.695 18.455
Fonte: COTTON: Revlew ofthe World Sltuatton - set. / out. 95
Em se tratando de produtividade, os melhores índices da lavoura algodoeira
pertencem a Austrália seguida por Israel e Espanha. O Brasil possui um dos piores
desempenhos (376 quilos por hectare, quando a média mundial é de 583), superando apenas
Equador e Uruguai.
32 Valores estimados em milhares de toneladas.
34
Produtividade Mundial do Algodão em Pluma - 1994 / 1995
Países Produtividade (quilos / hectare)
Austrália 1 .6 19
Israel 1 . 5 1 7
Espanha 984
Grécia 870
Uzbequistão 824
México 794
Estados Unidos 794
China 785
Média Mundial 583
Nicarágua 5 1 6
Paraguai 45 1
Brasil 376
Uruguai 240
Equador 1 63
Fonte: COTTON: Revlew ofthe World Sltuatton - set. / out. 95
A baixa produtividade pode ser atribuída a vários fatores como: baixa utilização de
semente selecionada, precária utilização do manejo do solo, práticas culturais não
adequadas e, atualmente, grande parte do plantio é feito com a espécie IAC 20 que
apresenta baixos rendimentos.
Para fecharmos esta 'Janela" internacional e nos atermos mais a situação brasileira,
convém observarmos os dados referentes às tendências mundiais, quanto aos itens: área,
produção, consumo e produtividade do algodão em pluma.
35
Área Produção Consumo Produtividade
Unidades ha. mil. tono mil tono mil. kg. / ha.
1 994 / 95 (a) 32.058 18.695 18.455 583
1 995 / 96 (b) 34.607 19.232 19.001 5 53
1996 / 97 (c) 36. 169 20.452 19.487 565
b / a (%) 8,0 2,9 3,0 (4,6)
c / b (%) 4,5 6,3 2,6 1 ,6
Fonte: COTTON: Revlew ofthe World SltuatlOn - set. / out. 95
Na esfera nacional temos que até meados dos anos 80 o Brasil era auto-suficiente na
produção de algodão (aproximadamente 970 mil toneladas em 1 985) para um consumo de
630 mil toneladas. Devido a praga do bicudo que devastou a cultura nordestina, este quadro
mudou completamente, tendo a produção caído vertiginosamente, atingindo modestas 565
mil toneladas em 1 995, com importações da ordem de 350 mil toneladas, conforme
podemos constatar abaixo.
Brasil: Suprimento de Algodão em Pluma"
Anos Prod. Imp. Cons. Exp. Anos Prod. Imp. Cons. Exp.
1980 577,0 0,0 572,0 9,0 1989 709,3 1 32, 1 81 0,0 1 60,0
19 81 594,4 2,0 561 ,0 30,8 1990 665,7 86,0 730,0 1 1 0,5
1982 680,5 0,0 580,6 56,5 1991 7 1 7,0 105,9 7 1 8, 1 1 24,3
1983 586,3 2,4 556,7 180,2 1992 667, 1 1 67,8 741 ,6 33 ,8
1984 674,5 7,8 555,2 32,3 1993 420,2 495,4 829,5 7,4
1985 968,8 20,5 63 1 ,4 86,6 1994 483,1 420,4 836,6 4,3
19 86 793,4 67,4 736,6 36,6 1995 565,2 350,0 850,0 45,0
1987 633,4 30,0 774,7 1 74,0 1996 486,1 370,0 870,0 1 0,0
1988 863,6 8 1 ,0 838,0 35,0
Fonte: B.M.F. ( Bolsa Mercantt! e de Futuros) - Conab - dez. / 95
Nota: Os valores estão estimados para 1 996.
33 Dados em milhares de toneladas.
36
Para 1996 as previsões seriam, segundo estimativas da CONAB, de que haveria uma
redução da área cultivada, nesta última safra, de aproximadamente 16% (apesar de que em
1 995 a área plantada ter sido maior que nos dois anos anteriores, tendo o Páraná como
destaque), que redundaria num decréscimo de produção de 1 4%. Os fatores detenninantes
para a redução da área plantada do algodão, além da praga do bicudo, foram os seguintes:
altos custos de produção, redução dos preços internacionais, facilidades nas importações e
dificuldades de crédito para o plantio e colheita.
Para 1997, as previsões não são otimistas, pois, para um consumo interno da ordem
de 850 mil toneladas, a colheita não deve passar de 350 mil, piorando em relação a situação
estimada de 1 996, obrigando o país a importar meio milhão de toneladas, "queimando"
quase um bilhão de dólares34•
Área Plantada de Algodão no 8rasies
Estados 1990 1991 1992 1993 1994 1995
Piauí 1 56,0 1 12,4 83, I 83, I 62, 1 55,3
Ceará 288,0 225,6 238,7 206,4 208,0 12 1 ,8
Rio G. Norte 104,5 1 1 4,8 45,0 1 6,5 49,0 56,2
Paraíba 80,0 99,8 86,8 37,2 28,7 36,9
Bahia 198,0 1 75,0 202,0 127,0 1 42,5 1 57,0
Minas Gerais 1 14, 1 1 1 9,5 1 1 4,7 1 00,7 90,6 77,0
São Paulo 290,0 243,6 230,0 149,5 1 45 1 72,6
Paraná 5 1 0,5 571,8 709,0 371,0 241 ,0 282,0
Mato Grosso 43,0 7 1 ,0 57,0 60,0 72,6 72,6
Mato G. Sul 42,7 48,0 69,7 36,2 39,8 65,7
Goiás 47,2 5 1 ,9 55,0 38,5 52,7 65,9
Outros 89,8 105,4 80,2 5 1 ,0 1 05,8 148,0
Brasil 1.963,8 1.938,8 1971,2 1277,1 1237,8 1311,0
Fonte: B.M.F.: Séries Históricas do Algodão
34 BETING, Joelmir. Outra âncora verde, Jornal O Globo, Rio de Janeiro, 14/03/97, Economia / Negócios,
p. 32.
35 Dados em milhares de hectares.
3 7
Vimos anteriormente a tendência tímida de aumento de produtividade brasileira em
relação ao algodão em pluma, contudo, em relação ao algodão em caroço, a produtividade
vem apresentando crescimento, tendo em Goiás (2.250 kg. / hectare) e Mato Grosso do Sul
(1 .950 kg. I hectare) os maiores índices devido á predominância de extensas áreas com
plantio e colheitas mecanizadas.
Produtividade de Algodão em Caroço no Brasil
Estados 1990 1991 1992 1993 1994 1995
Pará 570 570 590 590 590 590
Rondônia 1 600 1600 1 500 1 500 1 550 1400
Maranhão 260 260 260 400 400 O
Piauí 1 00 190 240 240 659 700
Ceará 220 3 1 0 140 70 4 1 0 303
Rio G. Norte 95 360 3 50 65 620 270
Paraíba 1 80 410 290 8 1 670 570
Pernambuco 1 50 1 90 1 92 39 335 569
Alagoas 2 1 5 3 1 0 3 1 0 40 300 2 1 7
Sergipe 265 200 1 70 40 300 1 5 1
Bahia Norte 500 650 620 3 1 0 O O
Bahia Sul 620 740 590 685 934 590
Minas Gerais 720 890 690 770 855 1000
São Paulo 163 5 1450 1625 1400 1 690 1840
Paraná 1 680 1 720 1350 1 390 1 785 1 780
Mato Grosso 1 3 55 1475 1 500 1 600 1 680 1 530
Mato G. Sul 1 640 1 590 1350 1 595 2080 1 950
Goiás 1 770 1 900 1 535 2000 1980 2250
Brasil 978 1067 977 940 1 162 1249
Fonte: B.M.F. - Sénes Históncas do Algodão e CONAB
Apesar de já termos falado um pouco das importações, convém destrincharmos mais
este tópico devido ao seu expressivo crescimento nos anos 90 sendo o quinto maior
importador mundial, com 3 50 mil toneladas, ficando atrás apenas da China (870 mil
38
toneladas), Indonésia (465 mil toneladas), Coréia (385 mil toneladas) e Japão (375 mil
toneladas). Conforme vimos acima, as importações que no início dos anos oitenta eram
praticamente nulas, representaram uma "fatia" de 60% do consumo de algodão em 1 993,
50% em 1 994 e 4 1% em 1 995. Financeiramente, o salto ocorrido foi considerável, passando
de US$ 2 1 3 milhões, em 1 992, para US$ 647 milhões em 1 993.
Importações Brasileiras de Algodão
Anos 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995
US$ milhões 1 1 2 204 161 1 78 213 647 560 544
Fonte: Carta T êxttl
Importações Brasileiras de Algodão
1 988 1 989 1 990 1991 1 992 1 993 1 994 1995
Se observássemos o ano de 1 995 com uma lente de aumento, veríamos o seguinte:
39
Origem das Importações - 1995
Países US$ milhares Percentuais
Paraguai 1 53 . 892 28,3
Uzbequistão 1 12 .400 20,7
Estados Unidos 77.299 14,2
Argentina 70.483 1 2,9
Bine 43 .846 8,1
Rússia 24.994 4,6
Ali 1 6.641 3,1
Togo 12.852 2,4
Camarões 1 2.361 2,3
Grécia 5.479 1 ,0
Azerbaijão 5.252 1,0
Egito 2 .642 0,5
Senegal 2.532 0,5
Africa do Sul 1 .652 0,3
Outros 2. 1 08 0,4
Totais 544.471 100,0
Fonte: Secex - Secretana de ComércIo Extenor
As vantagens dos produtos importados em relação aos nacionais repousam sobre os
seguintes pontos:
a) queda dás alíquotas de importação, pois em 1 988 era da ordem de 55% e atualmente está
em 3%, sendo que em 1 999 ocorrerá a convergência para a Tarifa Externa Comum de 6%;
b) prazos de pagamento de 1 80 a 360 dias das importações, ao passo que nas compras
internas o prazo médio gira em tomo de 1 ° dias;
c) diferença da taxa de juros interna e externa.
Para concluirmos este ensaio sobre a cotonicuItura brasileira urge ressaltarmos seus
pontos fortes e fracos.
40
Pontos Fracos
1 . Baixa qualidade devido ao uso limitado de sementes selecionadas, condições de
colheitas, armazenagem e descaroçamento;
2. Baixa produtividade;
3 . Processos de produção ultrapassados;
4. Sistema de produção baseado em pequenos produtores sem condições de emprego de
tecnologia;
5 . Mão-de-obra escassa e não qualificada, composta em sua maioria por bóias-frias;
6. Colheita manual praticada em condições inadequadas;
7 . Uso deficiente no combate de pragas;
8. Inexistência de um sistema eficiente de extensão rural;
9. Dificuldade de acesso a financiamentos;
1 0. Custos financeiros elevados.
Pontos Fortes
1 . Forte participação no consumo de fibras utilizadas pela indústria têxtil (60% em 1995);
2. Alta rentabilidade, considerada superior a outras culturas como milho e soja;
3 . Geração de 385 mil empregos diretos;
4. Terras e condições climáticas apropriadas ao cultivo do algodão;
5 . Geração de tecnologia desenvolvida pela EMBRAP A e pelo Instituto Agronômico do
Paraná.
3.4 Consumo de Fibras
O consumo de fibras no Brasil vem apresentando crescimento, obedecendo a uma
tendência mundial, conforme podemos notar pelos quadros e gráficos abaixo, sendo o
algodão a principal vedete.
4 1
Consumo do Mercado Têxtil36
Mundo Brasil Mundo Brasil
Anos 1 960 1 960 1990 1 990
População 2.300 70 5 .300 143
Produção 13,9 0,2 39,6 0,9
Média de Consumo 6,0 2,9 7,5 6,3
Variação Percentual - - 24 % 1 1 7 %
Fonte: Serviço Nacional da Indústria (Senai) e Centro de Tecnologia da Indústria Química e
Têxtil (Cetiqt)
Consumo de Fibras no Brasil
Anos Consumo Anos Consumo
1 980 835 1 988 1 .026
1 981 702 1 989 1 .005
1982 745 1990 909
1 983 590 1 991 977
1 984 542 1 992 855
1 985 732 1 993 1 .093
1 986 936 1 994 1 . 1 83
1 987 1 .038
Fonte: A.B.I.T.
Nota: O consumo está em milhares de toneladas e o referente ao ano de 1 994 é uma
projeção.
36 A população está em milhões de habitantes, a produção, em milhõcs de toneladas, e a média de consumo,
em quilos por habitante.
Poliéster
1 3.9%
Njlon 7,4%
I CONSUMO DE FIBRAS NO BRASIL I 1 .200
1 .000
c: 800 ..
I-
� 600 - 400
200
O 1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994
••• 1994.EsbmatAra
Brasil: Consumo de Fibras Têxteis - 1 995
Polipropileno
8,3%
V1scose Juta 3,3% 3,3%
Outros
4,0%
,l!jgodAo
59,8%
42
Convém falannos não só do consumo que ocorre na última ponta da cadeia têxtil,
como vimos acima, mas também daquele referente às indústrias, ou seja, falannos do
consumo industrial de fibras que servem de matéria-prima para as fàbricas.
Consumo Industrial Brasileiro de Fibras Têxteis
Anos Natural Sintética Artificial
1980 719 240 49
1981 686 1 83 42
1 982 693 1 93 41
1 983 643 1 69 32
1 984 662 1 63 36
1 985 748 1 92 37
1 986 852 238 42
1 987 908 3 19 42
1 988 841 295 42
1 989 883 307 47
1 990 794 279 41
1 99 1 8 1 0 300 43
1 992 886 3 1 8 42
1 993 899 347 43
1 994 897 328 57
Fonte: Senai / Cetiqt
I CONSUMO INDUSTRIAL DE FIBRAS T�XTEIS I 1400
1200
1000
800
600
400
200
O 1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994"
43
Totais
1 .008
91 1
927
844
861
977
1 . 132
1 .269
1 . 1 78
1 .237
1 . 1 1 4
1 . 1 53
1 .246
1 .289
1 .282
OARTIFICIAL . SINrtTlCA IIll NATURAL
Fonte: SENAfCETCT
44
A mesma evolução que presenciamos no mercado brasileiro, podemos observar no
mercado mundial a participação por tipos de fibras, no qual ratifica-se mais ainda a
importância do algodão. Contudo, como a população mundial deve dobrar de tamanho em
2025 com relação à observada em 1 975, deverá haver uma maior utilização das terras para
o cultivo de alimentos, diminuindo, assim, o espaço para o plantio destinado à produção de
fibras naturais. Desta maneira, como o consumo deve aumentar e a produção de fibras
naturais, diminuir, esse lag deverá ser coberto pelas fibras químicas, particularmente, as
sintétícas cujos recentes aperfeiçoamentos as têm tomado mais próximas das fibras naturais
em relação à aparência, toque e conforto, que até então eram suas grandes desvantagens37
Evolução do Consumo do Mercado Mundial
1975 1980 1985
Artificiais e Sintéticas 40,6 45,7 44,3
Naturais 9,4 8,6 8,6
Algodão 50,0 45,7 47,1
Totais (%) 100,0 100,0 100,0
Fonte: The Economist
_ ... _---_._. __ . _.-._- . -' --_._-_ ... _--_ ..... 50,0% 45,0% 40,0% 35,0% 30,0% 25,0% 20,
1 0 ,
0,0% -ldJU!.:!.! Naturais Artificiais e
Sintéticas Algodão
1989
45,7
7,4
46,9
100,0
1992
43,6
7,7
48,7
100,0
li! 1 975 . 1 980 0 1 985 0 1 989 . 1 992
" OLIVEIRA, Maria Helena de. Principais matérias-primas utilizadas na indústria têxtil, p. 71-109,
B.N.D.E.S. Setorial, março de 1997.
45
3.5 Participação no Produto Interno Brasileiro
A indústria têxtil, por ser intensiva empregadora de mão-de-obra, tradicionalmente,
sempre representou uma fatia considerável do P.I.B., contudo sua participação sofreu uma
queda devido ao momento muito delicado passado a partir do segundo semestre de 1 994,
com a entrada maciça de produtos asiáticos, assunto sobre o qual falaremos mais tarde.
Participação da Indústria Têxtil no P.I.B.
Anos Percentuais Anos Percentuais
1 980 3,8 1988 2,8
1981 4,0 1989 2,9
1982 3,9 1 990 2,7
1 983 3,4 1 991 2,5
1 984 3,3 1 992 2,0
1985 3,8 1993 1 ,9
1 986 3,8 1 994 1,8
1 987 3,1
-Fontes: I.B.G.E. - ate 1991 / A.B.I.T. - de 1 992 a 1994 (proJeçao)
Participação da Indústria Têxtil no P.I.B.
o produto da indústria têxtil caracteriza-se por sua grande elasticidade, ou seja, a
demanda é afetada, de forma expressiva, segundo as oscilações do poder de compra da
população. Estatísticas mundiais demonstram que, quando o crescimento do P.I.B.
46
ultrapassa 2%, o consumo de fibras aumenta proporcionalmente mais do que o P.LB.
(gráfico abaixo). Da mesma forma, quando o P.I.B. cresce menos de 2% ou ocorre uma
recessão, este consumo cai de forma ainda mais drástica. Esta elasticidade pode ser
comprovada através da comparação entre os crescimentos da população mundial e da
produção de têxteis ocorridos desde a década de 60. Neste periodo a população mundial
duplicou enquanto a produção de têxteis elevou-se mais de três vezes.
E la sticidade do produto
1 0 c .. c Q) 5 E 'u OI o Q) ti Q)
"ti -5
� -10
l _ PIS • Consumo de texleis I Fonte: The Economist
47
4 CO MÉRCIO EXTERIOR
4.1 Histórico
o comércio mundial de produtos têxteis (fios, tecidos e confeccionados) atingiu, em
1 994, a fantástica cifra de 194 bilhões de dólares. Neste cenário o Brasil possui uma
posição bastante insignificante, sendo que a liderança das importações pertencem aos
Estados Unidos, assim como a das exportações, pertence ao "planeta" China,
Maiores Exportadores Mundiais - 1994
Países US$ bilhões Países US$ bilhões
China 28,0 Estados Unidos 1 1 ,5
Itália 23,2 França 10,9
Alemanha 1 8,3 India 8,4
Coréia do Sul 1 7,0 Brasil 1 ,4
Taiwan 14,0
Fonte: lT.M.F,
Maiores Importadores Mundiais - 1994
Países US$ bilhões Países US$ bilhões
Estados Unidos 40,0 Itália 9,7
Alemanha 3 1 ,6 Reino Unido 8,3
Japão 20,4 Brasil 0,7
França 1 5,3
Fonte: I.T.M,F.
Países como Paquistão, Coréia do Sul, Índia e, principalmente, China são
extremamente agressivos em termos de comércio exterior, pois seus produtos desembarcam
com preços bastante competitivos, particularmente aqueles produzidos a partir de fibras
sintéticas. Os tecidos são colocados no mercado brasileiro com preços inferiores à metade
dos cobrados pela indústria nacional, e em alguns casos chegam com preços muito aquém
48
do preço de custo brasileiro, não por terem uma produtividade assombrosa, mas por
concorrerem com preços artificialmente baixos38, evidenciando a prática de dumping.
o setor têxtil desde meados de 1994 vem sofrendo a concorrência estrangeira,
particularmente, asiática, principalmente, nas áreas de confecções e tecidos sintéticos e
artificiais. Os prejuízos teriam sido observados sobretudo no primeiro semestre de 1 99539•
Isto fez com que o governo brasileiro elevasse as alíquotas de importação no início de 1 995
para 1 8% e em outubro de 1995 para 70%, tanto para tecidos artificiais e sintéticos como
para confeccionados.
Ao analisarmos friamente esses dados pode parecer que houve um certo exagero por
parte do governo brasileiro, que estaria protegendo erroneamente a indústria nacional.
Contudo, isso foi muito pouco se atentarmos para o fato de que as camisas coreanas e
chinesas estavam sendo declaradas, pelos importadores, como tendo custado US$ 0,04
(quatro centavos de dólar).
Ora, não há país que possa competir contra um dumping dessa natureza. É claro que
a concorrência é salutar em qualquer economia, isto não é problema para quem está se
modernizando. Como veremos adiante, o problema apresenta-se quando ela é
declaradamente desleal.
Não é preciso ser brilhante para ver o estrago que uma camisa que mesmo após ser
taxada em 70% (passa a custar para o importador, arredondando, US$ 0,07) faz numa
economia que durante vinte anos ficou protegida. Logicamente, houve danos não só para o
empresariado brasileiro como também, e muito mais, para o Governo, pois além do
desemprego (a mão-de-obra, em seis anos caiu 54,3% 40 e, em Americana, um dos
principais pólos em São Paulo, metade das 800 fábricas fecharam as portas nos últimos dois
38 ORDONEz, Ramona. Roteiro do pedido de proteção ao Governo, Jornal O Globo. Rio de Janeiro,
2 1/07/96, Economia, p.44.
39 Jornal O Globo, Rio de Janeiro, 30/04/96, Economia, p.22.
40 Idem BERGAMASCO.
49
anos41) a arrecadação que se observa é de 2,8 centavos por camisa, o que evidencia uma
enorme evasão fiscal. Nesse aspecto, se analisarmos o efeito do rendimento fiscal,
entendido como "a quantidade de dinheiro recebida pelo Governo ao novo nível das
importações,,42, perceberemos que esse montante é risível.
Uma vez no mercado, ambas (seja nacional ou importada) ficarão sujeitas a
impostos federais (2,5% de PIS) e estaduais ( 1 8% de ICMS). Portanto, o preço pago pelo
importado, em detrimento do nacional, foi muito baixo e, assim, fica claro que o Brasil saiu
perdendo, não só em termos econômicos como também em termos sociais. Somente em
1 996 é que se começou a estruturar mecanismos de fiscalização e controle aduaneiro que
proibissem o subfaturamento e o contrabando. Para termos uma idéia da escalada crescente
da importação, que teve a sua ênfase no governo Collor, vejamos os quadros abaixo, cujos
valores pertencentes ao ano de 1 996 são estimados:
Brasil: Importações de Tecidos em US$ mil - 1991/95
Produtos 1996 1995 1994 1993 1992 1991
Seda 2 . 1 1 1 3 202 1 .506 1 .288 3 1 5 1 .308
Lã 8.272 20.459 1 5 .255 10.278 8 .719 8 . 143
Algodão 4 1 . 130 1 09. 805 33.423 1 1 .044 5 .485 1 4.41 7
Linho l . l 1 3 2.728 2.598 4.213 1 .471 4.658
Rami 2.506 1 1 .547 14. 924 14. 853 2.701 6 18
Juta 36 201 1 77 67 67 134
Art.lSint. de Filam 52.499 250.580 124. 549 48. 160 16 .419 29.048
Art.lSint. de fibras 30.302 135 .451 54.725 1 8.448 6.840 7.687
Outros,inc1 malhas 30.069 43.402 5.285 1 .2 1 8 946 3 . 7 19
TOTAIS 168.038 576.733 252.443 109.571 42.962 69.732
Fonte: SINDITEXTIL / AB.I.T.
41 WILNER, Adriana. Setor têxtil precisa de US$ 8 bilhões para sobreviver, Jornal O Globo, Rio de Janeiro,
05/05/96, Economia, p.50.
42 KINDLEBERGER, Charles P. Economia Internacional, I . ed., São Paulo: Mestre Jou, 1966, p.778.
50
Brasil: Importações de Tecidos em Toneladas - 1991/95
Produtos 1996 1995 1994 1993 1992 1991
Seda 1 3 1 1 69 72 96 16 25
Lã 397 1 .274 1 . 1 07 540 435 3 59
Algodão 8.087 22.458 8.627 2.738 1 . 100 3 .435
Linho 204 3 1 1 323 555 86 1 93
Rami 574 1 .470 2.065 2. 1 68 329 56
lutas 35 202 1 1 0 5 5 82 1 48
Art./Sint. de Filam 14 .028 45. 583 24.4 1 3 8 . 135 2 . 556 3 .201
Art./Sint. de fibras 7.488 22.987 9.758 2.625 723 764
Outros,incl malhas 7.324 1 0.673 1 .494 1 1 6 72 434
TOTAIS 38.267 105.125 47.968 17.026 5.399 8.614
Fonte: SINDITEXTIL / AB.I.T.
Brasil: Importações de Confeccionados em US$ mil - 1991/95
Produtos 1996 1995 1994 1993 1992 1991
Roupas de malha 54.048 93.592 27.697 1 1 . 1 1 1 8 .682 1 5 .018
Vest. e Acessórios 1 25 . 1 62 2 14.63 1 65.720 29.846 24.0 1 1 4 1 .737
Outros 3 1 .392 43.262 1 0.969 5 .843 6.805 1 3 .859
TOTAIS 210.602 351.485 104.386 46.799 39.498 70.614
Fonte: SINDITEXTIL / AB.I .T.
Brasil: Importações de Confeccionados em Toneladas - 1991/95
Produtos 1996 1995 1994 1993 1992 1991
Roupas de malha 1 0.3 1 6 14.473 3 .6 16 629 497 697
Vest. e Acessórios 1 5.299 47.735 1 0.350 3 .702 1 . 1 94 l . 776
Outros 1 0.757 1 1 . 144 4 . 5 1 3 3 .349 4.583 7.464
TOTAIS 36.371 73.602 18.479 7.679 6.274 9.937 ,
Fonte: SINDITEXTIL / AB.I.T.
5 1
Brasil: Importações de Fibras em US$ mil - 1991/95
Produtos 1996 1995 1994 1993 1992 1991
Nyloll 1 .7 1 3 4 .720 3 .647 2.490 2.840 3 .087
Poliéster 3 1 .986 74.348 3 1 .882 27.501 10.368 10 075
Acrílico 9.587 1 1 .573 3 .453 4.508 491 4.332
Viscose 445 3 .436 278 3 .686 878 3 .366
Cabo Acetato 14.050 16 .391 1 3 .289 1 2.373 7.058 12 .8 18
Lã 6. 144 1 5 .603 8.456 7 .780 1 1 .569 7390
Linho 7 . 108 32 0 1 1 28.237 16 .595 14.340 8. 579
Rami 796 2.035 3 . 860 6. 5 1 9 3 .652 3 .598
Algodão 460.368 548.765 559.771 646.690 2 \3 .25 1 1 78.406
Juta 88 5 .268 2.855 3.227 5.43 1 4.071
Sisal 3 1 0 1 3 1 .05 1 - -
Outras 3 .632 4.881 3. 830 4.236 2.41 1 1 . 360
TOTAIS 535.919 719.041 659.571 736.656 272.290 237.081
Fonte: SINDITEXTIL / ABJT
Brasil: Importações de Fibras em Toneladas - 1991/95
Produtos 1996 1995 1994 1993 1992 1991
Ny/oll 423 1 . 1 97 595 324 285 366
Poliéster 1 8.396 37.350 25.829 23 .351 8371 7 .332
Acrílico 5.098 5.675 2.430 3 .010 253 2.458
Viscose 1 69 1 .445 1 77 2. 1 92 363 1 .246
Cabo Acetato 3 .612 4.444 3 .7 1 1 3 .254 1 .787 3 .349
Lã 1 .005 3.653 2.362 1 .978 3 .044 1 .493
Linho 3 . 1 12 9.295 7.846 6 .823 6. 142 3 . 54 1
Rami 1 74 438 1 .248 2.281 1 .237 1 . 1 42
Algodão 279.672 284.659 459.907 508.536 1 67.821 1 05.962
Juta 1 83 34.093 1 5.292 9.483 12 .607 7.690
Sisal 0,1 5 8 630 - -
Outras 1 . 962 2. 53 1 3 .468 6.954 1 .543 750
TOTAIS 313.805 384.785 522.872 568.815 203.451 135.328 ,
Fonte: SINDITEXTIL / AB.I.T.
52
Brasil: Importações de Fios em US$ mil - 1991/95
Produtos 1996 1995 1994 1993 1992 1991
Seda 9 32 66 1 5 55 5
Lã 962 2.729 1 .63 1 675 508 968
Algodão 25. 596 7 1 . 5 1 7 29.638 20.583 2.394 9.061
Linho 2.798 1 5 .586 1 5 .018 25.405 1 7.029 30.561
Juta 914 2.233 599 440 237 335
Rami 1 .561 2. 795 2.858 5.5 1 8 2.689 452
Artificiais/Sintéticas 1 3 .406 36. 506 5 .7 19 2.705 2.266 7.963
Outros 26 62 6 8 1 32 54
TOTAIS 45.272 13.1460 55.535 55.349 25.310 49.398
Fonte: SINDITEXTIL / A.B.I.T.
Brasil: Importações de Fios em Toneladas - 1991/95
Produtos 1996 1995 1994 1993 1992 1991
Seda 0,3 2 2 O 2 O
Lã 59 201 261 70 32 78
Algodão 6.786 2 1 .674 8 .913 7.328 671 2.867
Linho 322 1 . 1 84 1 .252 2.5 1 6 1 . 742 2.255
Juta 1 . 1 63 2.903 805 584 252 371
Rami 342 528 703 1 .617 702 1 20
Artificiais/Sintéticas 3 . 1 37 8. 849 1 .344 583 4 1 7 1 .4 19
Outros 2 1 44 8 O 7 O
TOTAIS 11 .830 35.384 13.289 12.697 3.824 7.109
Fonte: SINDITEXTIL / A.B.l.T.
53
Brasil: Importações de Filamentos em US$ mil - 1991/95
Produtos 1996 1995 1994 1993 1992 1991
Nylon 86.297 1 3 5.437 49.948 43.982 38.561 39.685
Poliéster 36.334 90.784 26.359 16 . 1 39 3 .877 4. 732
Viscose 984 5 .918 2.641 1 .425 973 1 .2 1 5
Acetato 23. 783 29.957 2 1 .479 23. 1 3 1 1 4.454 1 6.907
Poliuretano 20.809 26.3 1 3 24.593 50.998 24.864 1 7.86 1
Outros 1 2.278 20.266 1 0.972 3 .401 2.694 2.094
TOTAIS 180.484 308.695 135.991 139.076 85.423 82.495
Fonte: SINDITEXTIL / AB.lI.
Brasil: Importações de Filamentos em Toneladas - 1991/95
Produtos 1996 1995 1994 1993 1992 1991
Nylon 1 9.485 29.689 1 0.788 9.971 7.61 5 8.329
Poliéster 1 0.794 23.581 1 6.572 4.655 958 956
Viscose 1 58 1 . 364 603 326 1 83 206
Acetato 4.632 7. 1 74 5.264 4.532 2.694 3 .000
Poliuretano 95 1 1 .260 1 . 1 95 1 .962 899 820
Outros 1 .5 56 3 .299 970 348 1 83 256
TOTAIS 37.576 66.367 35.391 21.794 12.531 13.567
Fonte: SINDITEXTIL I AB.l I.
Brasil: Importações de Outras Manufaturas em US$ mil - 1991/95
Produtos 1996 1995 1994 1993 1992 1991
Pastas, feltros, etc. 58.730 70.024 39.418 27.582 1 9. 73 1 16.730
Tapetes e carpetes 1 6.902 25. 808 1 0.633 6. 1 0 1 4.4 1 3 3 .623
Rendas e bordados 23 .400 34.343 1 8.995 1 2.440 1 0.521 1 1 .667
Tecidos Impregnados 62. 14 1 67.505 46.001 42.054 35 .684 28.439
TOTAIS 161.173 197.680 115.046 88.178 70.349 60.458
Fonte: SINDITEXTIL I AB.I. I.
54
Brasil: Importações de Outras Manufaturas em Toneladas - 1991/95
Produtos 1996 1995 1994 1993 1992 1991
Pastas, feltros, etc. 7.554 12.772 5.201 4.066 2.769 2.233
Tapetes e carpetes 4.920 7.341 3 .500 1 .472 906 484
Rendas e bordados 2. 145 2.485 1 .447 1 .052 707 766
Tecidos Impregnados 7.226 6.949 6. 532 3.092 1 . 555 1 . 202
TOTAIS 21.844 29.547 16.681 9.681 5.937 4.685
Fonte: SINDITEXTll- / AB.I.T.
O intuito de termos aberto as importações foi para darmos uma idéia da avalanche
de produtos provelÚentes do exterior no mercado brasileiro. Em face desse contínuo
crescimento as indústrias de material têxtil reivindicaram medidas governamentais de
proteção cujo alvo eram os países asiáticos. O "banho de água fria" se deu com o aumento
das alíquotas, cuja evolução podemos acompanhar abaixo.
Evolução das Alíquotas de Importação no Brasil
Segmentos 1986 1988 1990 1991 1992 1993 1994 1995
M. Prima 55% 1 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%
Fios 85% 30% 20% 20% 20% 1 5% 1 0% 1 0%
Tecidos 1 05% 60% 40% 40% 30% 20% 1 5% 70%
Confecc. 1 05% 85% 50% 50% 40% 30% 20% 70%
Fonte: Senal / Cetlqt
Nota: As alíquotas de 1 994 foram antecipadas para julho de 1994.
55
EVOLUÇÃO DAS ALiQUOTAS DE IMPORTAÇÃO NO BRASIL
1 20%
1 00%
80%
60%
40%
20%
0%
Fonte: SENAVCETlQT D CONFECCIONA DOS
Não houve apenas elevação das alíquotas, foram tomadas outras medidas
governamentaís de fundamental importância para que a indústria têxtil não desaparecesse
por completo. Em julho de 1 995, foí estabelecido que as importações de alguns produtos
manufaturados têxteis, principalmente tecidos artificiais e sintéticos, e confecções, somente
poderão ser feitas mediante pagamento à vista, eliminando assim, os prazos de
financiamento que vinham sendo praticados 43 Em outubro de 1995, foi adotado o sistema
de valoração aduaneira para tecidos e confecções, com o objetivo de combater o
subfaturamento e a evasão fiscal, conforme foi mencionado anteriormente.
Além do tombo, a indústria têxtil brasileira levou um coice, pois não só perdeu
mercado interno como, também, externo, o que pode ser facilmente comprovado pelo saldo
na balança comercial inerente ao setor têxtil (ver quadro e gráfico abaixo). Contudo, vale
ressaltar, o saldo desfavorável deve-se a enxurrada no mercado mundial dos produtos
orientais, ou sej a, os problemas concentram-se nos produtos que são colocados nos
" OLIVEIRA, Maria Helena de. Análise conjuntural do setor tê>.-tiL Informe Setorial n. 8, B.N.D.E.S.,
14/1 1195.
56
mercados interno e externo através da prática do dumping, pois as nossas exportações
aumentaram. Os dados referentes a importação de máquinas e peças serão utilizados mais a
frente, no capítulo 6.
Brasil: Comércio Exterior da Indústria Têxtil - US$ mil
Anos Exportações Prod. Importações Saldo IImportações Máquinas
Têxteis Prod. Têxteis e Peças
1 980 828.342 120.327 708.01 5 1 83 .761
1981 864.850 1 09.859 754.991 121 .651
1 982 658. 1 40 8 1 .391 576.749 95 . 1 92
1 983 8 17.642 71 .374 746.268 53 . 5 16
1 984 1 . 1 30.942 74.620 1 .056.322 29.323
1985 882. 1 58 72.342 809.816 53 .046
1 986 837.659 164.088 673 .571 136.035
1987 1 .005.380 1 54.062 85 1 .3 1 8 1 68.929
1988 1 .2 1 9.596 232.445 987 . 1 5 1 278.274
1 989 1 . 1 74.928 424 084 750.844 269.73 1
1 990 1 .065.429 457.528 607.901 377.040
1 991 1 . 1 79.402 556.960 622.442 342.455
1992 1 .490.784 535 .83 1 954.953 250.291
1993 1 .382.578 1 . 1 75.658 206.920 337.353
1 994 1 .403.523 1 . 322.971 80.552 61 1 .021
1 995 1 .441 .490 2.285.093 (843.603) 738.606
1 996 1 . 200.000 2.300.000 ( 1 . 1 00.000) nd
Fonte: ABJ.T. / SINDITEXTIL / SECEX
Nota: Os valores pertencentes ao ano de 1 996 são estimados.
Exportação x Importação
4.2 Conseqüências
57
a Importação
. Saldo
O Exportação
A concorrência predatória chinesa deixou seqüelas desagradáveis. Em Americana,
que foi o maior pólo fabril de fibras sintéticas da América Latina, só no primeiro semestre
de 1 996, foram dispensados 4.327 trabalhadores.
A crise não atingiu somente as pequenas fábricas, nas indústrias maiores a situação é
ainda confusa. A Elizabeth Têxtil - empresa do grupo Vicunha - continua trabalhando com
dois turnos, quando por tradição sempre trabalhou com quatro, além disso, em 1 990,
empregava 1 .270 pessoas. Hoje são apenas 380 trabalhadores produzindo 1 ,5 milhão de
metros de tecidos mensais, o equivalente a 50% da produção do início da década. 44
o fato da balança do setor têxtil ter apresentado, pela primeira vez, um déficit
vultoso, da ordem de US$ 844 milhões, obrigou o Governo a adotar uma nova medida,
conhecida como sistema de cotas. Conforme avalia Ivo Rosset, sócio do Grupo Rosset,
dono da marca Valisere, "a cota é uma medida que protege a mão-de-obra e dá tempo para
que as indústrias nacionais consigam se modernizar,,45 .
44 Jornal O Globo. Rio de Janeiro. 26/08/96. Economia. p.16.
4S Jornal O Globo, Rio de Janeiro. 25/04/96, Economia, p. 23.
58
As cotas de importação atingirão, por enquanto, apenas três países: China, Taiwan e
Panamá, por não pertencerem a Organização Mundial do Comércio (O.M.C.). A sua
adoção deve-se ao fato de que, segundo técnicos da área de comércio exterior, a elevação
das tarifas não resolveria o problema do setor, pois, mesmo sob uma supertaxação, os
preços praticados por esses países continuariam predatoriamente competitivos46 (vide
exemplo da camisa de quatro cents que, após taxação, passa a custar sete centavos de
dólar). Esta medida vai vigorar até 1 999, mas a quantidade máxima estabelecida será
ampliada em 6% ao ano, cujo parâmetro são as importações realizadas no últimos quatorze
meses - basicamente o ano de 1 995.
Haverá dois sistemas de cotas: um para 1997 e outro, pro rata, para o ano de 1 996.
Assim, a China poderá exportar para o Brasil, em 1 997, até 702,4 toneladas em tecidos
crus, fios coloridos e estampados, fibras artificiaís descontínuas. De junho a dezembro, o
limite será de 409,7 toneladas. De acordo com o ministro da Indústria e do Comércio,
Francisco Dornelles, "nos três anos que durarem as salvaguardas temporárias, o setor têxtil
terá tempo de se reestruturar, para ganhar competitividade e qualidade,,.7.
As cotas, segundo Luiz Américo Medeiros, presidente da Associação Brasileira da
Indústria Têxtil (ABJ.T.) e do Sindicato da Indústria de Fiação e Tecelagem (Sinditêxtil),
não beneficiarão as indústrias nacionaís porque são baseadas na média das importações
realizadas nos últimos quatorze meses, periodo em que o volume de entrada de produtos
estrangeiros já estava alto, distorcendo a média. Para ele, a vantagem para a indústria
nacional pode surgir com o fato dos tecidos estrangeiros perderem competitividade em
função da redução do prazo de pagamento da importação ter caído de 1 80, 240 dias para
30 dias4'.
Pode parecer que o Governo esteja sendo extremamente protecionista, não dando
um choque de competitividade na indústria têxtil ao fixar cotas de importação. Não há
necessidade de se sucatear um parque fabril para não se ter uma elevação de preços, pois,
46 AL V AREZ, Regina. Cota de importação de têxteis só atingirá os produtos de Taiwan, China e Panamá,
Jornal O Globo, Rio de Janeiro, 09/05/96, Economia, p.33.
" Jornal O Globo, Rio de Janeiro, 24/05/96, Economia, p.2 1.
" Jornal O Globo, Rio de Janeiro, 26/06/96, Economia / Negócios, p.35.
59
segundo Roberto Chadad, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Vestuário
(Abravest), "a possibilidade de importação, mesmo que não seja concretizada, já basta para
conter qualquer tentativa de aumento de preços,,49.
As importações de tecidos e confeccionados totalizaram, em 1 995, mais de 1 75 mil
toneladas. Com um mercado interno 1 3 vezes maior que o nosso, os Estados Unidos não
brincaram de proteção tarifária. Simplesmente fixaram cotas de importação, para os têxteis
da China e Coréia do Sul, de apenas, 3 . 1 00 toneladas. Na União Européia, extremamente
protecionista, a cota é de 2.83 O toneladaslo
'9 REHDER, Marcelo. Roupa é a nova estrela do Real, Jornal O Globo, Rio de Janeiro, 1 1102/97, Economia,
p . 13 .
50 BETING, Joelmir. Chacina industrial, Jornal O Globo, Rio de Janeiro, 30/03/96, Economia, p.34.
60
5 CONTRA - ATAQUE
Neste capitulo veremos como os Estados Unidos e o Brasil vislumbram' uma saída
para não sucumbir à invasão chinesa.
É impressionante e sabido que o mercado têxtil mundial movimenta bilhões de
dólares (US$ 1 94 bilhões em 1 995), porém é aterrador saber que quase vinte por cento do
que é transacionado pertence a China. Até a maíor potência econômica e militar da Terra
sente-se ameaçada pela invasão chinesa, a ponto de gerar dúvidas sobre a liberalização na
importação de produtos chineses (há uma parcela de americanos que se queixa de que o
trabalho escravo nas penitenciárias ajuda a baratear esses produtos51), mesmo após ter
assinado Acordo de Roupas e Têxteis (Rodada Uruguaí - G.A.T.T.) que visa a
descontinuidade de cotas nos próximos dez anos52, alicerçado pelo Acordo Multifibras que
estabelece cotas de importação dos produtos provenientes dos países em desenvolvimento
para os mercados dos países industrializados, que só será totalmente desmantelado em
200553
Uma das saídas encontradas pelos Estados Unidos, publicada na Textile World5\ é a
aproximação com outros países, particularmente a Índia, através de um redução tarifária
nos próximos cinco anos com o intuito de minimizar as chances de um embargo nas
importações e angariar esforços contra o "planeta" China, que sedimenta cada vez maís sua
posição utilizando armas como o dumping social, entre outras.
Durante a vigência do terceiro acordo têxtil sino-americano, houve problemas no
que tange o transporte maritimo chinês. Em princípio a China cedia sobre esta questão
ganhando em troca umas poucas concessões americanas, como um aumento de preço maíor
51 KLINTOWITZ, Jaime. O gigante desperto, Revista Veja, n.S, p.37, 26/02/97.
" JACOBS, Brenda A Tcxtiles and apparel trade under the World Trade Organization, China Business
Review, v. 22, n. 2, p. 35-37, Mar. / Apr. 1 995.
53 PEREIRA Lia VaUs. As importações brasileiras de materiais têxteis, Conjuntura Econômica, p.20,
janeiro de 1996.
61
do que o originalmente oferecido para certas categorias de produtos têxteis. Entretanto, a
China aumentou de dois para três o número de impostos ligados ao carregamento. Esta
atitude desagradou os Estados Unidos a ponto de firmarem um quarto acordo sobre bases
muito mais duras, entre elas temos: menor crescimento de preços; novas penalidades para
os transportadores, carregamento e, também, para as falsas declarações e classificações
pertinentes às detenninadas categorias de têxteis55.
No Brasil, o contra-ataque adotado pelas empresas do setor têxtil direciona-se para
o Nordeste, mudando o tradicional eixo Sul - Sudeste, em busca de mão-de-obra barata,
mercado promissor e incentivos. As dez maiores indústrias têxteis e de calçados do pais já
se transferiram para o Nordeste ou lá abriram filiaiss6. No Rio Grande do Norte, em alguns
casos, o empresário pode ficar até vinte anos sem pagar lC.M.S.; no Ceará, o empresário
recebe de graça o terreno, construção, luz elétrica e serviço teleronico; no Maranhão, o
treinamento de pessoal sai de graça. A necessidade de tomar-se competitivo aliada a essas
facilidades e a uma remuneração do empregado nordestino substancialmente inferior ao do
sulista (no Rio Grande do Sul, o operário ganha 400 reais, no Ceará, recebe 1 80), fez com
que o Nordeste tenha recebido investimentos polpudos.
Para termos uma idéia de como o empresariado tomou um susto, a Vicunha,
paulista, uma das maiores fabricantes de fios e tecidos do Brasil, investiu 270 milhões de
reais na construção de fábricas no Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco, pois vê
nesses investimentos a saída para "brigar" com os panos chineses. A antiga fábrica da
Hering, em Recife, recebeu uma injeção de 50 milhões de reais para modernização da
produção.
A Coteminas, que já é um dos três maiores grupos têxteis brasileiros, não perdeu
mercado para os estrangeiros, tem crescido 3 5% ao ano nos últimos cinco anos e vem
investindo pesado buscando obter aumento de produção e produtividade, e isto pode ser
percebido no fato de ter injetado 280 milhões de reais em duas fábricas em Campina
" WASHINGTON outlook, Textile World, v. 145, n. 2, p. 18, Feb. 1995.
55 MARTlN, Dan. Mending the textile rift, China Busine •• Review, v. 21, n. 3, p. 9-14, May / June 1 994.
'6 GOMES, Laurentino; TRAUMANN, Thomas. Procura-se gente para trabalhar, Revista Veja, n.7, p. 82,
19/02/97.
62
Grande, na Paraíba, e gastar 1 3 O milhões de reais por ano em instalações e maquinário,
tornando-se o maior cliente individual da empresa suíça Rieter - um dos principais
fabricantes de equipamentos para produção têxtil do mundo. A previsão, segundo seu vice
presidente, José Alencar Gomes da Silva, é dobrar a produção até o final de 1 998'7
" DAL BOSCO, Silvania. Algo de novo no sertão, Revista Veja, n.34, p. 50-55, 21108/96.
63
6 ESTIMULA OU EXTINGUE ?
Nesse capítulo colocar -se-á alguns dados com o intuito de se verificar se a indústria
têxtil brasileira merece estímulo ou extinção. Quando se pensar em extinguir a índústria
têxtil brasileira, deve-se levar em conta que, segundo Beting'8, em todos os paises, exceção
do Brasil, a indústria têxtil é tratada com muito respeito e todo o carinho. Primeiro porque
ninguém quer perder tempo e espaço num mercado externo de US$ 1 94 bilhões. Segundo,
porque o emprego virou capital político dos governos e a cadeia têxtil vai continuar com a
taça de maior empregadora de todo o parque industrial de qualquer nação. No segmento de
confecções, tem-se o menor empenho de capital por posto de trabalho. No Primeiro
Mundo, menor que o da agricultura. Nos Estados Unidos, um em cada onze trabalhadores
do setor industrial está ocupado pela cadeia têxtil. Na França, um em cada oito.
Ratificando o que foi dito acima, as economistas Sheila Najberg e Solange Paiva
Vieira, do B.N.D.E.S., desenvolveram o Modelo de Geração de Emprego, que analisa 41
atividades econômicas e traça quantos empregos (diretos, indiretos e provocados pelo
efeito-renda) seriam gerados em cada uma delas se elas obtivessem um crescimento de
vendas de um milhão de reais. O vestuário é apontado como o setor com maior potencial de
geração de vagas, pois aquele acréscimo nas vendas criaria 442 postos de trabalho,
enquanto que no comércio teriamos somente 292 postos'9.
Para que fique clara a posição que o Governo deve tomar em relação à indústria
têxtil devemos refutar os quatro mitos pertencentes a este setor, conforme analisa Ricardo
Botelh06°,diretor-presidente da Nova América S.A.:
Primeiro - O setor brasileiro não tem competitividade para enfrentar os produtores
estrangeiros.
58 BETING, Joelmir. Por baixo dos panos, Jornal O Globo. Rio de Janeiro, 23/06/96, Economia, p.34.
59 DUNNINGHAM, Andréa. Um trabalho feito por conta própria, Jornal O Globo, Rio de Janeiro, 17/01/97,
Economia, p . 19.
60 BOTELHO, Ricardo. A indústria têxtil perdeu o bonde?, Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 29/07/96, p.9.
64
Isto não é verdade pOiS ninguém está reclamando da competição italiana, por
exemplo, apesar da Itália ser o segundo maior exportador mundial. No Brasil, o metro de
tecido custa o mesmo que na Europa, nos Estados Unidos ou no Japão, afirma Antônio
Gomes, diretor-superintendente da Companhia Têxtil Ferreira Guimarães (C.T.F.G.), uma
das vinte maiores do setor61 O fato do Brasil ter entrado no processo de globa1ização da
economia sem uma política industrial definida no setor têxtil foi um grande problema,
porém o pior foi sermos vitimas de um irrefutável processo de dumping praticado pelos
asiáticos que, além disso, podem contar com investimentos que vem sendo realizados desde
1 980, custos de mão-de-obra mais baixos, impostos negativos e subsídios à exportação.
Portanto, a indústria brasileira tem como competir, só precisa que essa "briga" seja
realizada sob igualdade de condições.
Segundo - A indústria têxtil só sobrevive com proteção.
Conforme já foi dito, não é uma questão de se exigir proteção, mas, sim, igualdade
de competição. Além das políticas internas desses paises com relação às suas indústrias,
como vimos, urge ressaltar que as taxas de juros brasileiras são obscenas - 20% ao ano - se
comparadas com a de outros países62, que contavam também com prazos de financiamentos
que variavam de 1 80 a 240 dias.
Países Taxas de Juros Países Taxas de Juros
Estados Unidos 7,5 % Hong Kong 10,0 %
Alemanha 1 1 ,0 % Taiwan 6,5 %
Itália 1 3,0 % Coréia do Sul 1 2,0 %
França 1 0,4 % Japão 5,9 %
O que se deseja também é fiscalização e valoração aduaneira, para se evitar o
contrabando e subfaturamento, pois há casos de importações de calças jeans a US$ 1 ,50 a
unidade e camisas de algodão a US$ 25 a dúzia.
61 MORETZ-SOHN, Claudia; ARAÚJO, Ledice. Do fio à loja, preços de roupas sobem até 1.000%, Jornal O
Globo, Rio de Janeiro, 18108/96, Economia, p.40.
62 Idem VERRET.
65
Terceiro - O preço da roupa no Brasil é caro.
O ponto crucial residente nesta discussão repousa sobre as roupas de grife. Quando
comparamos roupas devemos ter o cuidado de preservarmos a grife, expurgarmos as
ofertas, e prestarmos atenção se o meio ambiente no qual estas roupas estão sendo vendidas
é igual para todos, ou seja, não podemos comparar um produto vendido numa loja que se
encontra na rua com outro que é vendido num shopping, por exemplo.
Quarto - O setor não se moderniza a tempo e, portanto, não consegue competir.
A Índia é uma grande exportadora, com preços muito competitivos, porém, com um
parque de máquinas mais atrasado que o nosso (há, hoje, l .200.000 teares manuais). Na
China, ocorre fator semelhante, portanto a modernização por si só não garante a "pole
position". Contudo, esses países vêm adquirindo novos maquinários, como ocorre no Brasil
(ver gráfico abaixo). A diferença é que a economia no Brasil passou por ciclos
expansionistas e de retração. Em 1989, por exemplo, a renda fixa, que é uma aplicação
financeira de risco desprezível, deu 20% de ganho real, ou seja, fica dificil investir no
mercado produtivo tendo ganhos na ciranda financeira desta ordem. Portanto, não havia
estímulos para se investir em modernização, mas isso está mudando . . . A participação do
setor financeiro no P.LB., que em 1 993 chegou a quase 1 6%, despencou em 1995 para
6,9%, caindo substancialmente após a queda da inflação63. Os investimentos do setor,
segundo o B.N.D.E.S. e com base em estimativas, passaram de US$ 737,9 milhões, em
1 990, para US$ l .692 milhões, em 1 995, e estima-se que sejam necessários investimentos
da ordem de US$ 8 bilhões nos próximos cinco anos.
63 CAMARGO, Gustavo. Muito já feito, muito por fazer. Revista Exame, n. 4, p. 42, 12/02/97.
66
Importação de Máquinas e Peças Têxteis
1 980 1 982 1 984 1 986 1 988 1 990 1 992 1 994
É de se concluir que, inegavelmente, indústria têxtil vem demonstrando esforços no
sentido de tomar-se mais competitiva. Os investimentos em máquinas e equipamentos,
como vimos, vêm crescendo continuamente, a ponto das importações terem duplicado em
meia década. No setor de confecções, os investimentos poderão ter alcançado R$ 1 ,5 bilhão
em 1 996 contra R$ 1 , 1 bilhão em 1 995 e apenas R$ 0,6 bilhão em 1 990. No setor de
tecelagem, o processo de modernização aconteceu em 20% das fábricas, o equivalente em
1 996 a 1 .380 tecelagens ou 60% da produção. No segmento de fiação, houve renovação de
8% do parque de máquinas64
A possibilidade de sua extinção revela-se cada vez mais distante se observarmos o
crescimento das exportações, visto acima, e a evolução do consumo de fibras anual por
habitante no Brasil que, atualmente, tem uma perspectiva ascendente, conforme a evolução
já vista do consumo, porém, o fato de ser per capita significa que o consumo é maior que o
crescimento demográfico, isto é, o aumento de consumo é real, e isto pode ser percebido
através de seu quadro e gráfico, cujos dados serão objeto de nosso estudo no segundo
módulo.
64 FARIA, Lauro Vieira de. Vencendo a recessão, Conjuntura Econômica, p. 53-54, agosto de 1996.
Evolução do Consumo de Fibras no Brasil - kg. / hab. / ano
Anos Consumo Anos Consumo
1 980 7,0 1 988 7,4
1 981 5,8 1 989 7,1
1 982 6,0 1 990 6,3
1 983 4,7 1 99 1 6,7
1 984 4,2 1 992 5,8
1 985 5,6 1 993 7,2
1 986 7,0 1 994 7,9
1 987 7,7 1 995 9,2
Fonte: SINDITEXTIL / A.B.I.T.
Consumo Anual de Fibras por Habitante
10'01�i!liil!lil����IIí!ii�íI�lIillI!iilli!li!lii!iI� ::� .. ' . . '. 6,0 5,0 4,0 3,0 2,0
li I " . I I I ·· .. I . I 0,0 1980
.. I I I r-IJIII I I I I I • I . I 1 1 ' 1 I I I
I I I 1 1 1; I ··· · . , I -. -. -1982 1984 -1986
I I I I I . . I I I I I I .... 1988
• • • I (' I I I I I I I I B I I I' I I I I
I I I I I I • • I I : I I I: I • . 1 I · I ' I ' I I I .... - - ..... - - -. 1 990 1992 1994
67
Além disso, mesmo durante este tempo de dificuldades, para algumas empresas,
temos casos de extremo sucesso como o da empresa gaúcha Pettenati, de Caxias do Sul,
que produz 50 tipos de tecido (moletom, plush, COttOIl /ycra, meia malha, cotelê, piquê,
atoalhado, crepe . . . . ) em máquinas modernas (nos últimos cinco anos a companhia investiu
60 milhões de dólares em equipamentos de alta tecnologia, permitindo que seu parque de
68
máquinas tenha uma média de 2,5 anos), ganha dos chineses em qualidade, compete nos
preços e apresentou uma rentabilidade de 21 ,2 % em 19956'.
Os mesmos tempos dificeis que condenaram algumas empresas fizeram outras
. repensarem seus negócios, como aconteceu com a Sul Fabril, que mudou seu perfil de
fornecedora de commodities - as velhas e baratas camisetas brancas - para uma lançadora de
moda afim de sair do "sufoco" financeiro. Seu parque de máquinas passou a ser dividido em
45% para produtos básicos, 40% produtos básicos de vanguarda e 1 5%fashion. De acordo
com seu superintendente, Mário Feijó Bueno, "essa mudança se deu em nível de conceito,
agregando valor ás coleções e passando a terceirizar a produção de malha gelada, além de
desenvolvermos, no nosso centro têxtil, uma malha com textura diferenciada e nível de
encolhimento menor, de 5%, contra os até 1 5% de antes." A previsão é de que as vendas
em 1 997 sejam 27% superiores que em 1996 (US$ 1 10 milhões), e mais que triplicar os
valores atrelados à exportação com estimativas de chegar a US$ 50 milhões no ano 200066.
A Wentex, empresa do grupo mineiro Wembley que controla a Coteminas, vem
produzindo camisetas a um preço mais barato que o dos concorrentes chineses, dentro dos
padrões internacionais - no Brasil, o encolhimento máximo admitido é de 7%, nos Estados
Unídos, é de 5% - conforme afirma o vice-presidente do grupo Josué Christiano Gomes da
Silva: " _ Se o produto encolher mais que 5% na largura ou comprimento, o consumidor
terá seu dinheiro de volta 67"
Um outro exemplo de sucesso foi o da Tecidos Tita, atacadista em Goiânia e
Uberlândia, que em 1995 faturou mais de 90 milhões de dólares, apresentou rentabilidade
de 1 5,8% e cujo segredo reside no giro rápido dos estoques (rodou quatro vezes em 1995)
em função de uma margem pequena, conforme frisa o seu fundador e presidente, Manuel
6' NAIDITCH. Suzana. Aqui não se temem os asiáticos, Revista Exame, Melhores e Maiores, p. 2 10-2 12,
agosto de 1 996.
66 PASTOR, Luiza. Sul Fabril retoma crescimento, Gazeta Mercantil, São Paulo, Empresas & Negócios, p.
c-L 1 2/03/97.
67 BUENO. Denise. Este tigre cresceu no Nordeste, Revista Exame, n. 6, p. 40-4 1, 12/03/97.
69
Rêgo da Cunha Madruga: - "Meu negócio nunca foi obter uma margem grande, mas fazer o
estoque rodar com velocidade. É aí que se ganha dinheir0 68"
Ainda em relação a competi ti vida de, convém darmos uma analisada na raiz do
problema, ou seja, nos custos inerentes a produção de tecidos, tais como: resíduos de
fiação, resíduos de tecelagem, total de resíduos, mão-de-obra, energia, materiais auxiliares,
capital e matéria-prima.
Custos Totais na Tecelagem em US$ / Jarda69
Custos Coréia do Sul India Brasil E.U.A. Alemanha Japão
Res. Fiaç. 0,0235 0,0235 0,0235 0,0235 0,0235 0,0235
Res. Tec. 0,0191 0,0191 0,0191 0,0191 0,0191 0,0191
Total Res. 0,0426 0,0426 0,0426 0,0426 0,0426 0,0426
M. Obra 0,0780 0,0470 0,0800 0,21 50 0,2620 0,2320
Energia 0,0800 0,0680 0,0320 0,0560 0,0880 O, I 1 00
Mat. Aux. 0,0830 0,0770 0,0860 0,0680 0,0700 0,0760
Capital 0,2330 0,3 130 0,3930 0,2740 0,2570 0,3400
M. Prima 0,3330 0,3060 0,3 1 70 0,2950 0,3490 0,33 1 0
Totais 0,8496 0,8536 0,9506 0,9506 1,0686 1,1316
Fonte: Senal / Cetiqt
O quadro acima nos suscita fazermos algumas considerações. Primeiro, podemos
perceber que o Brasil é competitivo se comparado com paises do Primeiro Mundo, apesar
do seu custo de capital ser elevado. Contudo, se trabalharmos este item, isto é, se os
industriais conseguirem, por exemplo, juros menores em seus financiamentos, e
conseqüentemente, uma diminuição do Custo Brasil teremos inexoravelmente um custo de
capital menor. Segundo, a mão-de-obra alemã, por exemplo, não é apenas três vezes mais
cara que a nacional, é muito mais, porém, a produtividade do trabalhador germânico é tão
superior ao do trabalhador brasileiro que ao fazermos a comparação por jarda ou metro
diluímos essa defasagem tornando-a menos aguda.
68 FURTADO, José Maria. Perfume de mulher ? , Revista Exame. n. 25, p. 76-78, 04/12/96.
69 Fio título Ne. 20/1. 60 x 60 fios 1 polegada com 63 polegadas de largura.
70
Para finalizarmos esse enSaiO, podemos concluir que este setor, tradicional e
empregador intensivo de mão-de-obra, merece estímulo, e não extinção, pois, com uma
rentabilidade média sobre patrimônio líquido de 9,94% ao ano, torna inconteste sua
lucratividade, não somente para os parâmetros brasileiros, mas, trunbém, mundiais,
Rentabilidade Anual da Indústria Têxtil
ANOS TEXTIL ANOS
1980 20,9% 1988
1 98 1 9,5% 1989
1 982 13 ,5% 1990
1 983 4,7% 1 991
1 984 8,7% 1 992
1985 22,5% 1993
1 986 22,8% 1994
1 987 9, 1 % 1 995
Fonte: ReVistas Exame
OBS: A partir de 1 987 foi utilizada a mediana do setor,
Rentabilidade - Indústria Têxtil
TEXTIL
4,0%
14,1%
6,0%
0,9%
-0,8%
3,3%
1 3,9%
1 ,4%
25,0% -----------.-------------------.---,
20,0%
1 5,0%
1 0.0%
5,0%
0,0% +---.f--t-----j----t--I---+---t---+--.f--t-----I!Io",;;;;j;""--l----l---j
-5,0%
7 1
7 PERSPECTIVAS
Os países desenvolvidos perderão fábricas porque os altos salários e encargos
sociais pesam para indústrias empregadora intensiva de mão-de-obra, como a têxtil. Desta
forma, a indústria têxtil rondará o mundo em busca daqueles países que oferecerem mão-de
obra barata, incentivos fiscais, situação política estável e situarem-se em regiões de grande
mercado consumidor70. Portanto, China, Brasil e Índia são excelentes candidatos a
abrigarem investimentos neste setor.
Apesar do mundo já estar escaldado com os produtos asiáticos, as previsões são de
que Índia, Paquistão, Bangladesh e Sri Lanka aumentarão suas exportações em 26%, em
média. O Vietnã investirá 346 milhões de dólares, na indústria têxtil, até o ano de 200571 .
No caso brasileiro, especificamente, vale lembrar que durante anos milhões de
patricios ficaram à margem do mercado consumidor pois viveram sob a tirania da inflação.
Com o Plano Real a situação mudou - os efeitos da retomada da economia e a estabilidade
monetária tiraram 1 3 milhões de brasileiros da linha de pobreza 72 - e aquele desejo de
consumo, durante tanto tempo adormecido, acordou com apetite leonino permitindo a
realização, dentro de uma economia estabilizada, de planos mais ousados como a aquisição
de eletro-eletrônicos, tornando o Brasil o terceiro maior mercado mundial em venda de
televisores, atrás apenas dos Estados Unidos e Japão, devendo ocupar na virada do século,
de acordo com estimativas, a segunda posição 73.
Ora, sendo o orçamento um só, o consumo de têxteis foi prejudicado (ver quadro
abaixo que relaciona o valor médio por contrato e o tempo de crédito), pois, parte do que
70 HORTA, Ana Magdalena; COSTA, Cecília. A última revolução do milênio, Jornal O Globo, Rio de
Janeiro, 05/05/96, Economia, p.41.
7 1 Revista Exame / The Economisl. Edição Especial, Indústrias, p 47, dezembro de 1996.
72 Jornal O Globo, Rio de Janeiro, 23/03/97, Economia, p.43.
73 CAMARGO, Gustavo; ATTUCH, Leonardo. O futuro do Real, Revista Exame, n. 14, p. 20-30, 03/07/96.
72
seria destinado a compra de roupas74 foi desviado em função de uma demanda ainda
reprimida, conforme afirma Heron do Carmo, coordenador da Fipe: "_ Com a estabilização
da economia, os consumidores começaram a comparar o preço relativo dos produtos. Entre
comprar uma roupa ou pagar uma prestação de trinta reais por um aparelho de televisão,
estão ficando com a segunda opção. 75"
OUT. / 94 OUT. 1 95 OUT. / 96
Segmentos Valor Prazo Valor Prazo Valor Prazo
(R$) (meses) (RS) (meses) (RS) (meses)
Eletrodom. 252,26 5,71 304,92 5,37 355,07 9,66
MóveislDec. 197,9 3,21 260,60 3,75 3 1 0,52 6,94
Mat. Constr. 320,73 3,43 446,30 3,80 525,79 6,02
Informática 630,29 4,36 820,80 5,10 1 .065,90 7,59
Linha Mole 84,00 1,49 80,00 1,50 85,22 2, 1 8
Créd. Pessoal 428,00 3,62 470,00 3,85 540,00 5,00
Veíc. Novos 6.726,50 5,82 6.800,00 6,50 9.685,52 1 7,54
Veíc. Usados 3 .346,02 4,97 3 .900,00 5,45 5.421,83 1 7,39
Fonte: Gazeta Mercantil
Contudo, a médio prazo, as coisas tendem a mudar de uma forma favorável para o
segmento de vestuário (linha mole) devido a um arrefecimento natural no consumo de bens
duráveis (carros e eletrodomésticos). Entretanto, se observarmos a evolução do percentual
destinado ao vestuário entre as classes76 A, B, C e D, levantados pela empresa paulista
Target, poderemos perceber que a situação nos últimos quatorze anos revela boas
surpresas, apesar da classe C ter sido duramente penalizada no que diz respeito a
" Apesar da indústria têxtil ser diferente da indústria de vestuário, entendemos que esta é um dos clientes
daquela.
" REHDER, Marcelo. Preços de roupas encolhem, Jornal O Globo, Rio de Janeiro, 1 1104/96, Economia,
p. 19.
'6 A pesquisa define que as classes C e D comportam trabalhadores cuja renda tem como teto dez salários
mínimos.
73
transportes urbanos (passou de 1 ,32% para 5,1 1%) e aluguéis (deu um salto de 6, 1 6% para
1 2,6%).
Percentuais Gastos com Cada Grupo - 1983
Grupos CIasse A Classe B Classe C Classe D
Alimentação em casa 1 1 ,29 23,52 33,36 44,57
Manutenção do lar 6,44 6,5 1 6, 1 6 6,37
Vestuário 5,33 5,89 5,46 4,24
Bebidas 0,95 1 ,83 2,48 3,54
Transportes Urbanos 0, 1 1 1 ,32 1 ,32 1 ,22
Fumo 1 ,09 1 ,96 2,64 3,0
Recreação e lazer 2,77 2,62 1,762 0,992
Fonte: Target Pesquisas
Percentuais Gastos com Cada Grupo - 1997
Grupos Classe A Classe B Classe C Classe D
Alimentação em casa 9,87 1 9,89 27,5 33,9
Manutenção do lar 8,6 1 0,4 1 2,6 13 ,6
Vestuário 6,0 7,1 6,4 4,77
Bebidas 4,4 5,56 4,92 4,0
Transportes Urbanos 1 ,62 3,92 5,1 1 4,95
Fumo 0,73 1 ,82 2,5 1 2,7
Recreação e lazer 5,89 4,39 2,84 2, 12
Fonte: Target PesqUIsas
Convém uma observação muito importante em relação à queda do percentual
reservado a alimentação em casa, conforme salienta Marcos Pazzini, gerente de marketing
da Target: "_ Sabemos que a população não está comendo menos. Com o dinheiro
rendendo mais, ela está gastando menos com alimentação e tendo sobras para outras
coisas 77."
" DUNNINGHAM. Andréa. Tesouro nas mãos da baixa renda, Jornal O Globo, Rio de Janeiro, 16/02/97,
EconollÚa, p.37.
74
Vimos no item 3 .5 que quando o crescimento do Produto Interno Bruto ultrapassa
2% temos, de um modo geral, um acréscimo superior a isso no consumo de fibras. À luz da
macroeconomia, para 1 997, no Brasil, as expectativas para o setor têxtil continuam sendo
alvissareiras, apesar deste segmento ter apresentado uma queda de 5,8% em 1 996 mesmo
tendo o P.I.B. crescido 2,9%78, pois o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)
divulgou um Boletim Conjuntural prevendo uma retomada da produção industrial entre 5%
e 6%, além de uma expansão de 4% a 5% do P.LB. cujo desdobramento poderá ser um
aumento de 3,5% na renda per capita790 que influenciará, conforme vimos acima, o
consumo de vestuário. Além disso, corroborando as expectativas, o impulso dado pela
desconcentração de renda, fruto do Real, aponta para a incorporação de mais 1 2 milhões de
consumidores de baixa renda nos próximos três anos, segundo os cálculos de Sônia Rocha,
do Ipea80
o setor de vestuário, conforme já foi dito, apesar de não pertencer a indústria têxtil,
a influencia pois toma-se uma espécie de última ponta, de cliente, fazendo com que um
aumento de demanda seja repassado ao setor têxtil. Isto posto, vale ressaltar que, após um
"longo e tenebroso inverno de cinco anos", a Staroup apresentou lucro em 1 996,
consolidando a posição de maior exportadora e fabricante de jeans no Brasil81, o que é um
excelente sinal para o setor têxtil cuja expectativa de faturamento para este ano, segundo
Luiz Américo Medeiros, presidente do Sinditêxtil, é da ordem de US$ 20 bilhões82•
" Jornal O Globo, Crescimento da economia em 1996 foi de 2,90/0, Rio de Janeiro, 07/03/97, Economia,
p.24.
79 LOUVEN, Mariza. Ipea prevê crescimento de 2% no emprego industrial em 97, Jornal O Globo, Rio de
Janeiro, 01102197, Economia, p.24.
,o BETING, Joelmir. Os párias do quatrilhão, Revista Veja, n. 52, p. 154-164, 25/12/96.
81 CESARE, Claudia Facchini de. Após cinco anos, a Staroup volta a lucrar, Gazeta Mercantil, São Paulo,
Empresas & Negócios, p. c-7, 10/03/97.
82 FONSECA, Helena. Senai lança guia para o setor têxtil, Revista da Indústria, n. 3 1 , p. 38-39, 03/03/97.
Módulo 11
� - - -
8 AVALIAÇÃO ECONOMÉTRICA
75
Neste módulo, à luz da Estatística, através de regressões, utilizaremos alicerces
macroeconômicos e setoriais, posteriormente, teceremos considerações, calcados na
Econometria, sobre o setor têxtil, particularmente no que tange a alguns determinantes
bàsicos como faturamento industrial, liquidez geral e consumo anual de fibras per capita,
afim de avaliarmos se os indicadores quantitativos se coadunam com os qualitativos, ou
seja, se matematicamente chegamos às mesmas conclusões do módulo anterior.
Antes de nos aprofundarmos em análises, vale observarmos o gráfico abaixo
relacionando as evoluções do faturamento industrial e P.I.B. real.
Faturamento x PIB real
1 .9-r-------------------r 8.4
8.2 1 . 8
Faturamento Geral
8.0
1 .7
Prod. lntemo Bruto 7.8
1 .6 7.6
1 . 5 -f----.---r--.,---r---r----,--,.--.-----.--...,......--+ 7.4 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95
Ao analisarmos o gràfico acima podemos perceber que, ao longo de doze anos, o
76
faturamento real da indústria têxtil - medido pelas maiores empresas - é pró-cíclico em
relação ao P.I.B., havendo portanto entre eles uma forte correlação.
Daqui para frente, para os três casos que serão analisados, seguiremos o seguinte
roteiro:
1 . Modelo e conjunto de hipóteses.
2 . Resultados das regressões múltiplas.
3 . Considerações baseadas nos resultados empíricos.
Após esse "aperitivo", vamos agora aos casos . . .
Primeiro Caso:
Quais seriam os principais determinantes do faturamento real da indústria têxtil?
Podemos esperar que o ciclo macroeconômico tenha um impacto significativo no
faturamento. Outra variável que se supõe importante é a taxa de inflação. Fazendo uma
regressão com o logaritmo do faturamento real em função do logaritmo do P.LB. e a taxa
de inflação obtemos o seguinte resultado:
Log Fat (t) = 3,872839 + 2,338 Log P.I.B. (t) + 0,0094 Inf. (t-l) (1)
(6,71) (6,59) (2,73)
Variáveis Coeficientes Erro Padrão
Constante (C) 3,872839 0,577340
P.LB. (P) 2,337941 0,354541
Inflação (- 1) (I) 0,009482 0,003475
Razão T Nível de Significância
6,708069 0,0001
6,594268 0,0001
2,728248 0,0233
77
o quadro abaixo possui as seguintes convenções: coeficiente de detenninação
ajustado (R'), erro padrão da regressão (E.P.R.), estatística de Durbin-Watson (DW) e
estatística F (F).
R2 E. P. R. DW F
0,902740 0,075804 2,421 692 52,04943
o valor de R2 na função faturamento é 0,903, o que mostra uma associação
extremamente forte entre o faturamento e as variáveis observadas na equação. Isto significa
que a equação de regressão estimada explica mais de 90% da variação do faturamento, com
erro padrão de 7,58%.
Os números situados entre parênteses abaixo da equação são as estatísticas "t" (em
alguns livros chamadas de razões T) que dão uma maior consistência a nossa equação, pois
revelam a razão entre os parâmetros (coeficientes) estimados e seus erros padrões. Caso a
estimativa do parâmetro seja maior que o dobro do respectivo erro padrão estimado,
podemos inferir que, num teste bilateral, a estimativa do parâmetro é significantemente
diferente de zero (hipótese nula) num nível de significância de 5%; se fosse maior que três
vezes, o nivel de significância seria de 1%. No nosso caso, todos os coeficientes são
positivos e, no que diz respeito ás variáveis expressas em logaritmos, representam as
próprias elasticidades (por exemplo, se o P.I.B. subir, num ano, 1 %, o faturamento sofrerá
78
um acréscimo de, aproximadamente, 2,34%), e seus testes T são maiores que 2, sendo que
a inflação é a menos significativa dando a certeza de 97,67%, enquanto as outras conferem
uma precisão de 99,99%.
o fato de que as relações econômicas não são exatas, existe na Econometria um
termo chamado de termo perturbação ("erro"), que serve para que se faça um ajuste caso
ocorra algo inusitado. Contudo, essas perturbações que por ventura ocorram num ano, não
podem interferir no ano seguinte, ou seja, "uma das hipóteses básicas do modelo de
regressão é a de que o valor do termo perturbação em um periodo é independente de seu
valor em qualquer periodo, de modo que a covariância entre eles seja nula"s3, caso contrário
teremos uma autocorrelação. O teste utilizado para se verificar se há autocorrelação é o
teste de Durbin-Watson que em síntese díz que se a estatística (d) estiver próxima de 2, não
há autocorrelação; se estiver próxima de O ou de 4, haverá. Entretanto, faremos uma análise
mais detalhada, pois para esse teste há regiões de incerteza. Para o teste bilateral de Durbin
Watson temos cinco regiões possiveis para o valor de "d" para que possamos avaliar a
hipótese nula de que não há autocorrelação, são elas:
• [O, di] . . . . . rejeita-se Ho, isto é, há autocorrelação
• (di, du] . . . . região de incerteza
• (du, 4-du] . . . . aceita-se Ho, não há autocorrelação
• (4-du, 4-dl] . . . . região de incerteza
• (4-dl, . . . . ) . . . . . rejeita-se Ho
Consultando uma tabela para um nível de significância de 5%, uma amostra, um
pouco superior a nossa, de 1 5 elementos (n = 1 5) e duas variáveis independentes (k = 2),
temos "du" igual a 1,40, logo, o intervalo onde podemos aceitar a hipótese com 95% de
confiança será de (1,40, 2,60]. Como o nosso DW foi de 2,42 podemos adrnítir que não há
autocorrelação para aquele nível de significância.
83 KELEJIAN. Hany H.: OATES, WaIlace E. Introdução à Econometria, Rio de Janeiro: Editora Campus,
1 978, p.370.
79
Acontece freqüentemente que os economistas desejam realizar testes de hipóteses
envolvendo mais de um parâmetro de regressão. Para que possamos verificar se a variável
dependente, no caso, o faturamento não depende dos demais componentes da equação (C,
P e I), isto é, se os coeficientes seriam iguais a zero, compararemos o F estatístico
encontrado com o tabelado num nível de signíficância de 5%. Pesquisando numa tabela
própria que envolve número de coeficientes (c = 3) e variáveis (k = 2), tamanho de amostra
(n = 12) e graus de liberdade (g = n-k-l = 9), encontramos um F igual a 3,86. Como o
nosso F é superior a 52, desprezamos a possibilidade da variável dependente não possuir
relação com as independentes (C, P e I), ante o nível de signíficância acima. Vale ratificar
que a diferença entre este teste e o razão T é que o primeiro busca a consistência das
variáveis, já o segundo, a consistência dos coeficientes.
Segundo Caso
No segundo modelo, explicamos a liquidez total - defrnída pela razão entre o
somatório do ativo circulante e o realizável a longo prazo sobre o exigível - pelo
faturamerito industrial. A equação logaritmica que expressa a liquidez geral do setor em
função do faturamento industrial será:
Log Liq (t) = 1 0,02855 - 1,097 Log Fat (t) (2)
Variáveis
Constante
(2,606) (-2,246)
Coeficientes
1 0,02855
Faturamento -1 ,09691 6
Erro Padrão Razão T
3,848436 2,605875
0,4884 1 1 -2,245886
Nível de Significância
0,0262
0,0485
80
2 . 5
o bservado 2 .0
1 .0 estimado 1 .5
- .. .. 1 . 0 .... .. 0 . 5
0 . 5
o . o+---�--------��--�--------------+-��
-0 . 5 +-__ �� __ � __ � __ �� __ � __ � __ � __ � � 84 8 5 86 87 88 89 90 9 1 92 93 94 95
R2 E. P. R. DW F
0,2688 1 2 0,393740 1 ,247071 5,044004
A primeira coisa que nos chama a atenção é o fato de aparecer um coeficiente
negativo no faturamento, assim, se este crescer 1 %, a liquidez geral cai 1 ,097%. Pode
parecer, em princípio, que há algo contraditório, contudo, se lembrarmos que no módulo
passado observamos uma crescente importação de máquinas podemos concluir que o
declínio da liquidez poderia ser explicado por dois fatores:
1 - Diminuição do numerador, pois há uma migração de recursos para o ativo permanente,
particularmente, o imobilizado (máquinas, principalmente após 1 992) e investimentos (juros
altos proporcionando ganhos financeiros generosos - "ciranda financeira").
2 - Aumento do passivo (exigível a longo prazo) em função da importação de máquinas.
Ora, a primeira opção é mais consentânea com nossos dados e a realidade, pois se o
faturamento apresenta um crescimento real - em dólar - não se justifica endividar-se,
principalmente, a juros altos como os cobrados nos últimos anos.
Apesar do diminuto R2 , a consistência dos coeficientes pode ser comprovada pelos
testes T, conferindo um nivel de certeza para a constante de 97,38% e para o faturamento,
81
de 95,1 5%, portanto, esses seriam os nossos níveis de confiabilidade para que pudéssemos
rejeitar a hipótese nula para esses coeficientes.
Quanto a estatística de Durbin-Watson (d), consultando a tabela que carrega em seu
bojo um nível de signíficância de 5%, "n" igual a 1 5 e "k" igual a i , temos para "du" o valor
1 ,23, portanto, o nossa região na qual podemos rejeitar a hipótese de autocorrelação será
compreendida entre 1,23 e 2,77 (4 - du). Como o nosso "d" foi de 1,25, refutamos a
hipótese de autocorrelação com 95% de certeza.
Com relação a "F", temos: n = 1 2; k = I ; c = 2; g = 1 0. O resultado de F obtido é
4,1 0, inferior, portanto, ao nosso (5,04), nos permitindo tecer as mesmas conclusões
apresentadas no primeíro caso.
Terceiro Caso
Neste último caso, buscaremos explicar o consumo anual de fibras per capita em
função da taxa over e da renda per capita. A equação logarítrníca que expressa o consumo
per capita em função da taxa de juros (over) e a renda per capita será:
Log Cons. (t) = 12,05564 + 3,106 Log Rpc (t) + 0,0000452 Over (t) (3)
Variáveis
Constante
(6,61) (5,63) (1,61)
Coeficientes Erro Padrão Razão T
1 2,05564 1 ,825 126 6,605377
Renda per capita 3, 1 05399 0,551 723 5,628544
Taxa Over 4,52 x 1 0-' 2,80 X 10-5 1 ,61 1 768
Nível de Significância
0,0000
0,0001
0, 1 330
r---------------------,.- 2 .2
0 . 2
0 . 1
estimado. #
observado
O .O -��--�+-------���r_--������
-0. 1
-0.2 resíduo
-O. 3 +----.-...,.------,---r------,--r--...----,--.------.---.---.--.,--� 80 8 1 82 83 84 8 5 86 87 88 89 90 9 1 92 93 94
R2 E. P. R. DW .F
2 . 0
1 . 8
1 .6
1 . 4
0,722084 0,094283 1,468228 1 9, 1 8750
82
Percebemos uma relação considerável entre o consumo de fibras per capita e os
demais coeficientes devido a positividade dos mesmos, entretanto, ressalta-se a estreita
relação com a variação da renda per capita cuja elasticidade é de três vezes, isto é, quando
a Rpc aumenta 1 %, o consumo acresce de mais de 3%. Além disso, se admitíssemos,
hipoteticamente, que o coeficiente relacionado á renda, fosse nulo, a chance de estarmos
certos seria de O, O 1 %, portanto, praticamente, desprezível; por outro lado, a taxa de juros
não demonstra significância .
A proporção da variância explicada (R') avizinha-se em tomo de 72,2%, com erro
padrão de 9,4%.
Quanto a estatística de Durbin-Watson, estamos sob as mesmas condições do
primeiro caso (n = 1 5; du = 1 ,40; k = 2), concentrando a nossa região de aceitação da
hipótese nula de que não há autocorrelação entre os limites de 1 ,40 e 2,60. Como o nosso
83
"d" foi, aproximadamente, igual a 1 ,47, admitimos que não há autocorrelação com 95% de
certeza, ou seja, num nível de significância de 5%.
Finalizando, temos para "F" as mesmas condições do primeiro caso, tendo como
única diferença o nosso F, superior a 1 9, fazendo com que as nossas conclusões
permaneçam iguais às dos casos anteriores,
84
9 CONCLUSÃO
Findamos essa dissertação com a certeza de que apenas arranhamos a superficie
esférica de conhecimentos pertencentes ao setor têxtil, pois, realmente, o campo é
vastíssimo. Entretanto, cremos que esse breve ensaio pode servir de base para outros
estudos, seja um aprofundamento sobre este tema ou referente a quaisquer setores
industriais.
Quanto ao trabalho em SI, podemos perceber que apesar das dificuldades
apresentadas pela maioria das empresas da indústria têxtil, este é um segmento que merece
total apoio. Isto pode ser constatado não só pelo aumento significativo do número de
máquinas importadas, mas e sobretudo, pela facilidade que se observa na criação de novos
empregos diretos. O estudo, também, nos pennite concluir que há uma imensa relação entre
elasticidade-renda e consumo de fibras. A previsão de dinamização da atividade industrial e,
paralelamente, de expansão real do P.I.B. são indícios de que até as condições
macroeconômicas conspiram para uma retomada de crescimento.
Matematicamente, as previsões são corroboradas fazendo com que, sem dúvida,
trata-se, portanto, de um setor que, pelo que vem demonstrando, deve ser a ele destinado
estímulo e, não, extinção.
Somos, inegavelmente, competitivos. Cabe, portanto, ao empresariado, perseverar,
investindo no mercado efetivamente produtivo, e ao Governo, criar as condições
necessárias. para que essa indústria não fique "por um fio". Enfim, cabe a todos nós,
brasileiros, trabalharmos arduamente, perseguirmos obstinadamente os nossos objetivos e,
acima de tudo, acreditarmos, inabalavelmente, no nosso porvir.
85
10 BI BLIO GRAFIA
AL V AREZ, Regina. Cota de importação de têxteis só atingirá os produtos de Taiwan,
China e Panamá, Jornal O Globo, Rio de Janeiro, 09/05/96, Economia, p.33.
BARBIERI, Cristiane et aI. O consumidor é quem paga o pato, Jornal O Globo, Rio de
Janeiro, 27/06/96, Economia, p.27.
BERGAMASCO, Cláudia. Moda e indústria têxtil - um UnIverso de vaidades e
contradições, Gazeta Mercantil, São Paulo, 30/04/96, p. 01-12 .
BETING, Joelrnir. Chacina industrial, Jornal O Globo, Rio de Janeiro, Economia, p.34,
30/03/96.
___ o Outra âncora verde, Jornal O Globo, Rio de Janeiro, 1 4/03/97, Economia /
Negócios, p.32.
___ 'o Por baixo dos panos, Jornal O Globo, Rio de Janeiro, 23/06/96, Economia, p.34.
___ o Os párias do quatrilhão, Revista Vej!!, n. 52, p. 1 54-164, 25/12/96.
BOTELHO, Ricardo. A indústria têxtil perdeu o bonde?, Jornal do Brasil, Rio de Janeiro,
29/07/96, p.9.
BUENO, Denise. Este tigre cresceu no Nordeste, Revista Exame, n. 6, p. 40-4 I , 1 2/03/97.
CAMARGO, Gustavo. Muito já feito, muito por fazer, Revista Exame, n. 4, pA2, 12/02/97.
___ ; ATTUCH, Leonardo. O futuro do Real, Revista Exame, n. 1 4, p.20-30, 03/07/96.
CESARE, Claudia Facchini de. Após cinco anos, a Staroup volta a lucrar, Gazeta
Mercantil, São Paulo, 10/03/97, Empresas & Negócios, p. c-7.
CIARELLI, Mônica. Indústria demitiu pelo sétimo ano seguido, Jornal O Globo, Rio de
Janeiro, 1 4/03/97, Economia, p.3 I .
DAL BOSCO, Silvania. Algo de novo no sertão, Revista Veja, n. 34, p. 50-55, 21/08/96.
DA VIDSON, W.A. EI algodón: algo natural con los consumidores, Textiles
Panamericanos, p. 1 5-19, primer trimestre de 1992.
86
DUNNINGHAM, Andréa. Tesouro nas mãos da baixa renda, Jornal O Globo, Rio de
Janeiro, 1 6/02/97, Economia, p.37.
___ o Um trabalho feito por conta própria, Jornal O Globo, Rio de Janeiro, 1 7/01/97,
Economia, p. 19.
FARIA, Lauro Vieira de. Vencendo a recessão, Conjuntura Econômicª, p. 53-54, agosto de
1 996.
FONSECA, Helena. Senai lança guia para o setor têxtil, Revista da Indústria, n.3 1 , p.38-39,
03/03/97.
FURTADO, José Maria. Perfume de mulher? , Revista Exame, n. 25, p. 76-78, 04/12/96.
GOMES, Laurentino; TRAUMANN, Thomas. Procura-se gente para trabalhar, Revista
Veja, n. 7, p. 82, 1 9/02/97.
HORTA, Ana Magdalena; COSTA, Cecília. A última revolução do milênio, Jornal O
Globo, .Rio de Janeiro, 05/05/96,Economia, pAI .
JACOBS, Brenda A Textiles and apparel trade under the World Trade Organization, China
Business Review, v. 22, n. 2, p. 3 5-37, Mar. / Apr. 1 995.
Jornal O Globo, Rio de Janeiro, 30/04/96, Economia, p.22.
Jornal O Globo, Crescimento da economia em 1996 foi de 2,9%, Rio de Janeiro, 07/03/97,
Economia, p.24.
Jornal O Globo, Rio de Janeiro, 26/06/96, Economia / Negócios, p.35.
Jornal O Globo, Rio de Janeiro, 26/08/96, Economia, p .16 .
Jornal O Globo, Rio de Janeiro, 24/05/96, Economia, p.2 I .
Jornal O Globo, Rio de Janeiro, 25/04/96, Economia, p.23 .
Jornal O Globo, Revolução econômica criou uma nova China, Rio de Janeiro, 20/02/97,
Obituário, p.23.
Jornal O Globo, Rio de Janeiro, 23/03/97, Economia, p.43.
KELEflAN, Harry H.; OATES, Wallace E. Introdução à Econometria, Rio de Janeiro:
Editora Campus, 1 978, p.370.
87
KINDLEBERGER, Charles P. Economia Internacional, 1 . ed., São Paulo: Mestre Jou,
1 966, p.778.
KLINTOWITZ, Jaime. O gigante desperto, Revista Vej!!, n. 8, p. 37, 26/02/97.
LIVRO do Ano: eventos de 1 995, São Paulo: Encyc\opaedia Britannica do Brasil, 1996,
p.302-304.
LOUVEN, Mariza. Ipea prevê crescimento de 2% no emprego industrial em 97, Jornal O
Globo, Rio de Janeiro, 01/02/97, Economia, p.24.
MARTIN, Dan. Mending the textile rift, China Business Review, v. 2 1 , n. 3 , p. 9-14, May /
June 1994.
MORETZ-SOHN, Claudia; ARAÚJO, Ledice. Do fio à loja., preços de roupas sobem até
1 .000%, Jornal O Globo, Rio de Janeiro, 1 8/08/96, Economia., p.40.
NAIDITCH, Suzana. Aqui não se temem os asiáticos, Revista Exame, Melhores e Maiores,
p.210-212, agosto de 1996.
OLIVEIRA, Maria Helena de. Algodão: principal matéria-prima têxtil, Informe Setorial,
B.N.D.E.S., outubro de 1 996.
___ o Análise conjuntural da indústria confeccionista brasileira, Informe Setorial, n. 9,
B.N.D.E.S., 19/01/96.
___ o Análise conjuntural do setor têxtil, Informe Setorial n. 8, B.N.D.E.S., 14/1 1195.
___ o Rami, uma cultura em extincão, Informe Setorial n. 12, B.N.D.E.S., novembro de
1 996.
___ o Seda, um tecido nobre, Informe Setorial n. l i , B.N.D.E.S., outubro de 1996.
___ o Principais matérias-primas utilizadas na indústria têxtil, p. 7 1- 109, B.N.D.E.S.
Setorial, março de 1 997.
__ --'; MEDEIROS, Luiz Alberto Rosado de. Investimentos necessários para a
modernização do setor têxtil, p. 73-93, B.N.D.E.S. Setorial, março de 1 996.
ORDONEZ, Ramona. Roteiro do pedido de proteção ao Governo, Jornal O Globo, Rio de
Janeiro, 21/07/96, Economia, p.44.
88
PASTOR, Luiza. Sul Fabril retoma crescimento, Gazeta Mercantil, São Paulo, Empresas &
Negócios, p. c-I , 12/03/97.
PEREIRA, Lia VaUs. As importações brasileiras de materiais têxteis, Conjuntura
Econômica, p.20, janeiro de 1 996.
PRATES RODRIGUES, Maria Cecília. Demissões na indústria têxtil e de vestuário,
Conjuntura Econômicª, p. 48-50, janeiro de 1 996.
REHDER, Marcelo. Preços de roupas encolhem, Jornal O Globo, Rio de Janeiro, 1 1/04/96,
Economia, p . 19.
___ o .Roupa é a nova estrela do Real, Jornal O Globo, Rio de Janeiro, 1 1/02/97,
Economia, p . 13 .
Revista Exame / The Economist, Edição Especial, Indústrias, p.47, dezembro de 1 996.
ROMERO, Luiz Lauro et aI. Fibras artificiais e sintéticas, p. 55-66, B.N.D.E. S. Setorial,
julho de 1 995.
___ el aI. Malharias, p. 1 1 3-126, B.N.D.E.S. Setorial, julho de 1 995.
SILVA, Myriam Bulhões da. Indústria Têxtil - Nos rumos da modernização, Conjuntura
Econômica, agosto de 1 995.
VERRET, Raoul. Textile strategy and the global approach,. International Business, p.62-84,
Oct. 1 993.
WASHINGTON outlook, Textile World, v. 145, n. 2, p. 1 8, Feb. 1 995.
WILNER, Adriana. Setor têxtil precisa de US$ 8 bilhões para sobreviver, Jornal O Globo,
Rio de Janeiro, 05/05/96, Economia, p.50.