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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA
A INDISCIPLINA DO DISCENTE EM SALA DE AULA NO ENSINO
FUNDAMENTAL (5" a S'· series)
CURITIBA2003
EDILEINE VANESSA DE BONA
A INDISCIPLINA DO DISCENTE EM SALA DE AULA NO ENSINO
FUNDAMENTAL (5'· a S'· series)
Trabalho de Conclus3o de Curso para obten9:tode tftulo de gradua980 em Pedagogia daFaculdade de Cillncias Humanas, Letras e Artesda Universidade Tuiuti do Parana.
Orientadora: Prof.· Mestre Maristela H.larozinski.
CURITIBA2003
AGRADECIMENTOS
A todos os meus queridos mestres que participaram juntos desta longa
carninhada em todos as momentos.
Aos meus pais que me incentivaram a continuar quando tive vontade parar.
E a todos que colaboraram para que tudo isso se realizasse.
"Se edfJcaqt:lo SQzinba n30 transforma asociedade, sam ela tampollco a sociedademllda."
(Paulo Freire)
RESUMO
Este trabalho tern como objetivo tazer uma observac;:lo em relaC;ao ao ensina, comovern sendo percebida a educa9ao pelos cidadaos, a quem deve atender para poderavanyar nos requisitos de construc;ao de sua cidadania.Existe uma seria dificuldade de pais, professores e alunos em chegar a urnconsenso de qual seria a melhor maneira de-diminuir a indisciplina ern sala de aula.Identificou-se, atraves de obselVac;Oes e leituras sislematicas, que a familia perdeu ano«ao de limites, que 0 professor se desinteressou muit.o pela maneira a qualministra as suas aulas, e que 0 aluno se encontra totalmente desorientado no meiode tanta indecisao.Em vista da questao colocada foi dado 0 aprofundamento da problematic a dasescolas, abordando-se como vem sendo resolvido 0 problema, bem como, asvantagens e desvantagens das solw;Oes encontradas ate 0 momenta segundoalguns autares que apresentam as converg~ncias e diverg~ncias dessas visOes.Apresentam-se atraves de urn panorama de reflexOes, algumas propostas comoforma de amenizar a problematica levantada nas questOes pertinentes ao assunto econtribuir com a discussao educacional e suas dificuldades politico-educacionais noBrasil.o presente trabalho pretende fazer uma reflexao sobre 0 que se entende parindisciplina do discente em sala de aula, tentando identificar quais as suas causas eos fatores que interferem sobre ela, buscando urn melhor entendimento do problemapara conseguirmos entao sanar ou pelo menos amenizar tal problema, tendo comoideia fundamental trazer novos questionamentos e saluc;:Oes para que todos queestao envolvidos na educac;:ao possam identificar as formas mais praticas deresolver 0 problema da indisciplina em sala de aula, buscando uma maior integrac;:aoe aproveitamento das aulas e formando 0 aluno para a cidadania.
SUMARIO
RESUMO
l.INTROOuCllo ..
2. FUNDAMENTACAo TEORICA ..
. 01
. 04
. ~ OO..07
2.1. Queixas mais comuns na Escala ..
2.2. Defini90es sabre Indisciplina e Disciplina ..
2.3. Do Tradicional ao Moderna: Concep90es da Pedagogia 09
2.4. A Queslao Indisciplina.. . 09
2.5. Familias perderam as nOyOes de limites e as pais estao perdidos . . ..... 10
2.6. Indisciplina gera agressividade .. . 11
2.7. Estatuto da Crian9a e do Adolescente 12
2.80 Motivo da Indisciplina.. . 13
2.9 Comportamentos Indisciplinados.. . 17
2.10 Preverwao da Indisciplina.. . 18
2.11 Estrategias utilizadas pelos professores no combate a indisciplina 19
2.12 Como minimizar a indisciplina.. . 20
3. METODOLOGIA 22
4. CONSIDERACOES FINAlS 23
REFERt:NCIAS ~ ~~..~~26
1. INTRODUC;AO
A Educa9~o precisa buscar respostas mais especificas aos desafios
apresentados par uma economia desigual, politicas injustas e uma visao tecnicista
que constantemente v~m sofrendo mudangas. A diversidade de valores e
conceitos, relativos a educar;;ao e seu processo, observada na sociedade pade
criar barreiras que precisar~o ser transpostas n~o apenas pelos docentes, mas
par todas as partes envolvidas, como a familia, a comunidade e 0 governo.
A vivencia atual nos permite verificar que, na maiaria dos
estabelecimentos educativos do ens ina fundamental, ha uma grande indisciplina
par parte dos educandos, dentro e fora das salas de aulas. Observa~se entao que
lima dessas mudanc;:as diz respeito a formaC;ao da cultura da qualidade nas
Instituic;Oes de Ensino por tratar-se de um dos maiores desafios cuja implantac;~o
efetiva esbarra em grandes problemas como a fatta de recursos financeiros e
estruturais, a pouca valorizac;~o social e as questOes salariais.
Alem disso, 0 elevado nivel de ansiedade e inseguranc;a de significativa
parcela dos alunas, docentes e funcionarios, tambem reduz as vantagens
esperadas com a mudanc;:a do ens ina, como 0 comprometimento de todos dentro
da escola. Portanto, ao se tentar abordar esta quest~o, e imprescindivel na.o
esquecer a motivo pelo qual a educac;ao existe - a ser humano - que deve ser
sempre 0 centro das preocupac;Oes e dos desafios.
Considerando que a escola brasileira hoje e, par sua vez, 0 ensino vivem
inlJmeraS contradic;Oes, apesar de medidas como os debates, as ac;:Oes politicas e
as praticas pedag6gicas. nao foi possivel encontrar respostas efetivas, capazes de
apontar caminhos para a superayao desta realidade. Esta situay1lo gera um
negativismo com relac;ao as questOes educacionais, que t~m se proliferado na
comunidade educacional, e que torna necessaria a busca de metod os e medidas
que possam vir a analisar e solucionar os motivos pelos quais os alunos
comportam-se de maneira ta.o agressiva. 0 fato se t.orna pernicioso tanto para os
portadores do determinado comportamento, como tambem prejudica aqueles que
s~o obrigados a conviver com tais individuos, sendo assim prejudicados no seu
desenvolvimento educacional.
Muitas vezes a indisciplina acaba gerando viol€!I1cia e isto se torna muito
mais dificil de ser solucionada. Para que isso nao ocarra, pais e profess ores
devem encontrar os motivos que est:io levando 0 aluno a ter urn camportal11ento
indisciplinado ou mesmo violento, identificando quais as causas da indisciplina.
Devemos verificar quais os fatores que geram a indisciplina em sala de
aula e de que maneira pode-se contribuir para a solu<;aodeste problema, obtendo
desta maneira urn maior aproveitamento dentro da escota e urn mathor
aprendizado para a vida, tanto por parte dos docentes quanta dos discentes.
Urn dos maiores problemas nas escolas hoje e a indisciplina, seja eta na
relavao professor x aluno au no meio s6cio~cultural onde a escola esteja inserida,
acontecendo com alunos independente do seu nivel s6cio-economico.
A disciplina e fundamental para 0 bom andamento de todo 0 processo
pedag6gico, devendo dessa tnalleira eng lobar este assunto em toda a sua
totalidade e nao de uma maneira fragmentada, pais a sociedade esta intima mente
relacionada a este processo, e nao apenas a escola.
As aulas tllm que trazer estimulos com urn clima de liberdade, mas
tambem com tolerancia de ambos as lad os para que tad as ten ham a nOyilo de
valores e limites.
Muitos educadores voom a indisciplina como obedi~ncia incondicional e
nao tern a visao do aluno como urn ser pensante, e desta rnaneira deixam de ouvir
a que alunos pens am sabre isso, paiS os mesmos t~m opiniao propria sabre a
porqu~ de tanta indisciplina em sala de aula.
A falta de interesse do aluno gera indisciplina e como consequ~ncia a nao
assimilayilo do aprendizada. a pessimo relacionamenta professor x aluno.
causando repetE!I1cia e evasao escolar.
o interesse em deserwolver este trabalho veio da observa9ao durante 0
estfigio feito em uma escola de ensino fundamental onde 0 aluno fazia de 5a a 8-
serie em 1 ana (correyao de fluxo), sendo que neste estagio identificou-se uma
incid~ncia muito grande de reclamaC;:Oes tanto de professores, orientadores e
alunos sabre a questa a da indisciplina, de maneira que professares reclamavam
de um lado, alunos de outro e a eseola nao aehava solw;aes.
A nossa sociedade hoje exige uma difusao de bons habitos culturais e de
comportamento na formac:;ao tanto da infancia quanto da juventude. Pretende-se
assim contribuir com este estudo para a farmac:;ao das novas gera90es,
comprometidas com a etica, com a transformac:;a.o da realidade. respons2veis e
capazes de promover mudam/as positivas na hist6ria, cujo compromisso einalienavel nao s6 par parte dos professores e dos educadores, mas de toda
familia, empresa e soeiedade.
Este trabalho tern como objetivo compreender quais as principais causas
da indisciplina em sala de aula dos alunos do Ensino Fundamental (sa a 83 serie-s)
em escola publica estadual. Este processo se dara atmves da analise de novas
propostas que possalll vir a diminuir este problema, entendendo os conceitos
sobre indisciplina no Ensino Fundamental. Desta maneira busea-se identificar
possiveis causas da indisciplina, podendo auxiliar os alunos do ens ina
fundamental a superarem as dificuldades apresentadas atraves de exposic:;Oes de
urna nova proposta. Assim. sera possivel diminuir a incidl§ncia deste fato e todos
terao um aproveitamento melhor, nao 56 dentro da sala de aula, mas para toda a
sua vida podendo, desta maneira ter urna integrayao maior na escola e na
sociedade.
Atrave.s de pesquisas bibliograticas, foram identificadas as principais
causas da indisciplina e de que maneira pocteremos arnenizar tal problema,
buscando respostas nos seguintes t6picos abordados posteriormente atravas de
pesquisas sistematicas.
2. FUNDAMENTACAO TEORICA
Estamos vivendo urn momento social no qual fica clara a necessidade de
reestabelecer limites na educaga.o das criany8s e dos jovens. Frutos de urna
geray~o de pais que perderam todas as n0lt0es de limites, e de urna sociedade
altarnente complexa e em constante transformaC;:io, mareada por urna crise de
valores. Cabe ao educador, enquanto formador das novas gerayoes, resgatar os
valores do pass ado, mas estar aberto aos novos valores, em func;ao das
necessidades colocadas pelas contradiyOes sociais, politicas, econOmicas,
culturais, nurn processo de continua ruptura.
Urna das grandes dificuldades apresentadas na indisciplina em sala de
aula e urn tensionamento diah~tico que 0 educador tern que viver na relac;Aopedag6gica. Ha a necessidade da direyao do professor e ao mesmo tempo, ha a
necessidade da iniciativa do aluno, que sao duas tend~nciascontraditorias. Mas 0
processo pedag6gico naD vive sem isto. Na escola, e preciso adaptar 0 aluno as
normas existentes s6 que se for feito apenas isso, 0 resultado sera 0 aluno com
um elemento reprodutor do sistema que ai se encontra. E imprescindivel levar 0
aluno a questionar 0 porque? Para que? Qual 0 sentido das regras que estao
pedindo, isto e, aprender a questionar a legitimidade dos limites que Ihe sao
colocados.
o conceito de disciplina geralmente esta relacionado a obedi~ncia,"isto
porque ha uma verdadeira luta em classe, onde 0 professor esta procurando
sobreviver, num contexto de tantos desgastes. Mal formado, mal remunerado, sem
tempo para preparar as aulas, para se reciclar, sem apoio dos colegas, da
coordenayao, da direyao, etc. 0 trabalho do educador e estressante"
(VASCONCELLOS, 2000, p. 39).
Entao 0 minima que um professor espera de seus alunos, e urn
comportamento passivo.
A disciplina pode ser entendida diferentemente, segundo atarefa do mestre e considerada como de puro ensino ou de
educa<Fio e segundo 0 aluno e cansiderada como umasimples intelig(mcia a guamecer conhecimentas au como umser a formar para a vida (WALLON apud VASCONCELLOS,2000, p. 37).
Numa outra perspectiva:
Geralmente, a disciplina e entendida como adequa<;;~o docomportamento do aluno aquila que 0 professor deseja. S6 ecansiderado disciplinada 0 aluno que comporta-se como 0professor quer (BARRETO apud VASCONCELLOS, 2000,p.38).
Algumas perspectivas de trabalho t~m se revelado importantes mediayOes
para a construc;:8.o de uma disciplina consciente e interativa em sala de aula e na
escola.
Como a constr~ao coletiva do projeto educativo da escola destacando: a
finalidade da escola, 0 sentido do estudo, 0 conceito de disciplina que 0 grupo
assume. Explicita9ao dos criterios, do que se quer, do que se entende como born
professor. Conquistar e ocupar bem 0 espat;(o de trabalho coletivo constante
(reuniao pedag6gica). Trabalhar abertamente as contradiyOes: entre discurso e
discurso (dos sujeitos elou instituiyOes). Entre discurso e priltica (dos sujeitos da
mesma instituiyao). Entre priltica e prillica (dos sujeilos elou instiluiyOes). Buscar
sempre uma visao de totalidade, caso contrtuio, dificilmente compreenderemos de
forma adequada 0 problema da disciplina se ficarmos em algum segmento isolado
dos demais. Ter visao de processo: as coisas nao mudarn de uma vez.
Para Tiba (1996, p.33), "a disciplina escolar e urn conjunto de regras que
devem ser obedecidas para 0 exito do aprendizado escolar. Como em qualquer
relacionamento humano, na disciplina e preciso levar em conta as caracteristicas
de cad a urn dos envolvidos: professor, aluno e ambiente".
a professor e essencial para a socializac;:8o. que tern basicamente
algumas funyOes para desempenhar.
Ete tern que perceber que para poder ensinar, e necessario saber 0 que
se ensina. Isso se aprende no curriculo profissional. a professor precisa tambem,
conseguir transmitir 0 saber e ser capaz de identificar as dificuldades existentes na
classe para poder dar um born andamento a aula devendo se ajudar mutuamente,
como fazem os estudantes entre si. 0 fato de ser professor na.o e garantia de
estar sempre certo. 0 professor como empregado da instituic;:ao tern direitos e
obrigac;:Oes.
o aluno tambem e a pe9a chave para a disciplina escolar e 0 sucesso do
aprendizado. Atualmente, a maior dificuldade que se encontra para estudar e a
falta de motiva9ao.
o ambiente interfere na disciplina, pois em classes barulhentas, onde
ninguem ouve ninguem, salas sem manutenfYAo adequadas ou sem acomodac;:Oes
suficientes, serao pouco provaveis as condic;:oes para se conseguir uma boa
disciplina.
De acordo com Teixeira (1993, p.65). "a indisciplina e 0 resultado de
aprendizagens interligadas em todas as areas: afetiva, cognitiva, motara,
iniciando-se nos primeiros dias de vida continuando a vida inteira, objetivando 0
desenvolver, 0 autocontrole e 0 auto-respeito do aluno".
A origem dos comportamentos indisciplinados pode estar centrada nos
professores, nos alunos. nas familias, no que se refere a educac;:8.o sem Iimites
recebida dos pais, ou na organizac;:a.o escolar, consoante a visa.o que se tern a
prop6sito da problematica. 0 lato e que ha queixas sobre a escola.
2.1. Queixas mais comuns na Escola
As queixas sobre a escola ainda sao freqOentes. Pais, professores e
alunos reclamam que ela nao esta funcionando como deveria e que as coisas nao
podem continuar desse jeito. Mas cada um pensa que 0 culpado desse lnau
funcionamento e sempre 0 outro. Dai a discussao sobre a escola parece mais um
caro em que cad a urn acusa 0 outro, cada urn tern uma parte de razao, mas
ninguem consegue se entender nem chegar a raiz do problema.
Desta forma, parte-se de algumas premissas, de algumas falas sobre
educac;:a.o e ens ina e t~m-se: todo ensina pressupOe uma educac;:ao; mas nem
toda educaC;ao pressupOe um ensino. Ensino depende de alga au alguem, forma,
metoda. Ensino esta dentro da educac;ao. A Educac;ao nos acompanha par toda a
vida. Ainda, tude a que e ensinado tern como inten~o a educac;:a.o, mas nem tudo
que e aprendido tai resultado de urn ensino, ja que a pr6pria vida exige enos
propicia urn aprendizado continuo.
A educayt30 nao comec;:a na escala. Ela comec;:a muito antes e einfluenciada par muitos fatores. Ao longa de seu desenvolvirnento fisico e
intelectual a crianya passa par varias fases nas quais a escala da vida, isto e, 0
ambiente familiar, 0 lugar ande se mora, 0 acesso aos me iDS de informa<;:ao e
comunicac;:ao, tern uma importancia muito grande.
Considera-se tambem que as palavras disciplina e a escala est~o
intima mente relacionactas, pois uma nao se justifica sem a Dutra no processo
educacional. Faz-se necessario uma verificay~o sobre as definiyOes de disciplina
e indisciplina para urna melhor abordagem e esclarecimento da problematica
levantada.
2.2. Defini90es sobre Indisciplina e Disciplina
A indisciplina e atualmente definida como a negayao da disciplina, isto e,a viola<;ao de normas estabelecidas. Temos que perceber a pluralidade deste
conceito, visto que temos de enquadrar estas nOfmas a uma dada coletividade, a
urn determinado tempo e a lim contexto social. Ha, portanto, diversos tipos de
(in)disciplina: tem-se a disciplina militar, religiosa. desportiva, partida ria, sindical,
de clube, de matematica. escolar, etc. Enfatizaremos a (in)disciplina escolar.
Desta forma, no contexte escolar, "a indisciplina e 0 que impede ou
dificulta a decorrer do processo ensino-aprendizagem"' (FARIAS, 1979, p.15).
Agora 0 conceito de indisciplina e bem mais custoso:
"Disciplina e urn regime de ordem imposta ou iivremente consentida;
ordel11 que convern ao funcionario regular duma organizaya.o (militar, escolar,
etc.); relayOes de subordinayao do aluno ao mestre au a instrutor; observancia de
preceitos mora is ou normas; submissao a um regulamento~. (HOLANDA, 1986,
p.595).
"Indisciplina e 0 procedimento, ate ou dito contrario a disciplina;
desobedilmcia; desordem; rebeliao". (HOLANDA, 1986, p.938).
liba (1996, p.12), define disciplina como·o conjunto de regras eticas para
se atingir um objetivo" A etica entendida aqui como 0 criterio qualitativo do
comportamento humane envolvendo e preservando 0 respeito ao bem-estar
biopsicosocial.
Outrora a disciplina era Uil1 conjunto de meios, mais ou menos violentos,
para se conseguir uma ordem na Escola. Limitava-se a dominar a turbulencia
natural do aluno, privando-o das suas iniciativas, da manifesta98.0 natural das
suas tend~ncias e contrariando a sua necessidade de movimento.
A questao da disciplina/indisciplina na sala de aula e urn assunto muito
controverso. 0 que para alguns professores e indisciplina, para outros e apenas
uma manifesta,ao da vitalidade pr6pria da adolesd!ncia. Alem disso, nao e facil
ter a certeza de urn ate perturbador ser ou nao intencional.
Numa sintese conceitual, a indisciplina escolar se apresenta como 0
descumprimento das norn-laS fixadas pela escola e demais legisla90es apllcadas
(ex. Estatuto da Crian,a e do Adolescente - ato infracional). Ela se traduz num
desrespeito, seja do colega, seja do professor, seja ainda da pr6pria institui,80
escolar (depreda<;ao das instala,Des, por exemplo). Ela se mostra perniciosa,
posto que sem disciplina hit poucas chances de se levar a born termo urn
processo de aprendiz8gem. E a disciplina em sala de aula pode equivaler a
simples boa educa9ao: possuir alguns modos de comportamento que permitam
urn convivio paCifico.
2.3. Do Tradicional ao Moderno: Concep~ao da Pedagogia
Sabre e5sa questao, e importante refletir sabre 0 reeorte desde os modos
da eseela tradicional ate as concep~oes mais libertadoras da pedagogia moderna,
ista quer dizer que veremos desde 0 modelc autoritario ate os conceitos de
extrema liberdade.
De acordo com Aquino (1996, p.19 ), teda moral pede disciplina, mas toda
disciplina nao e moral. 0 que heft de moral em permanecer em silencio heras a fio,
au em fazer fila? Nada, evidentemente. Portanto, ao abordar a questao da
disciplina pela dimensao da moralidade, nao esteu pensando que tada indisciplina
seja condenavel rnoralmente falando, nem que 0 aluno que segue as norrnas
escolares de comportamento seja necessariamente um amante das virtudes (pode
ser simples mente movido pelo medo de castigo au achar ser mais "Iucrativo" n~o
enfrentar prefessores e bedeis). Mais ainda, certos atos de indisciplina pod em ser
genuinamente marais, par exemplo, quando urn aluno e humilhado, injusti<;ado e
se revolta contra as autoridades que vitimizam. A indisciplina e freqOentemente
sentida como humilhante.
2.4. A Questao Indisciplina
A indisciplina em sala de aula tern sido urn dos grandes questionamentos
feitos pelos professores, sendo preocupa<;ao constante entre eles. '0 professor
anda confuso com tudo aquila que vern acontecendo com ele, com a escola e com
a sociedade. He. uma profunda mudan<;a na rela<;ao Escola-Sociedade e parece
que "ao nos demos conta suficientemente disto". (VASCONCELLOS, 2000, p.22).
Devido a esta dificuldade do professor em tomar uma posi<;ao sobre 0 que
e indisciplina, e que se ve a fragilidade da escola em colocar parametres para
estes questionamentos e podermos chegar a uma possivel conclusao e desta
maneira entender e discutir a problema da indisciplina identificando suas causas.
10
2.5. Familias perderam as noc;6es de limites e os pais estao perdidos.
o Psiquiatra I«ami tern lotade audit6rios do Brasil inteiro e conseguido
inscrever seus !ivros nas listas dos mais vendidos do pais. No texto e nas
palavras, ele trata de um tema que angLlstia milhoes de pais e maes, sedentos de
orientaya.o: como educar seus filhos? Diz que as familias estao errando muito na
educac;:ao de crian<,;:as e adolescentes. Mas ameniza nao porque queiram, mas
porque estao desorientadas. "A principal angustia que sinto dos pais e rnaes que
assistem minhas palestras e que eles se sentem impotentes. E iss a acontece
porque nao conhecem as problemas que precisam enfrentar e perderam a
refer~ncia do que e educativo e do que nao eO. (GAZETA DO POVO, Curitiba,
2003, p.5).
A sociedade esta entrando muito cedo na vida das crian~as.Com dois anos a crianc;a ja esta na escola, antes disso jae5M venda tetevisao. Entao, n~o esta formando uma matrfzfamiliar. E 0 resgate da educayao esta em fazer com que 0titho sinta-se pertencendo a um nucleo. Quando ele pertencea urn grupo, ele defende esse grupo (GAZETA 00 povo,Curitiba, 2003, p.5).
A grande dificuldade da disciplina esta intimamente relacionada entre
educador e educanda, ha necessidade da dire<;a.o de ambos, mas ao mesma
tempo esta dire<;a.o tern que ser revista pela escola, onde e preciso adaptar a
aluno as normas existentes, 56 que se fizermos apenas isso, 0 aluno vai se tornar
mais repetidor do processo ja existente. ~ fundamental que 0 aluno aprenda a
questionar: Par qu~? Para que? 0 porqu~ de estar aprendendo esta au aqueta
materia e 0 porqu~ de estar sendo pedido a ele Iimites em sala de aula .
...a questao da indisciplina nas salas de aula e um dos temasque mais mobiliza professores, tecnicos e pais. Entretanto,apesar de ser objeto de crescente preocupacao, no meioeducacional este assunto e, de modo geral superficialmentedebatido. Alem da falta de clareza e consenso a respeito dosignificado do termo indisciplina ou disciplina a maior partedas analises pareoe expressar as marcas de urn discurso
II
fortemente impregnado pelos dogmas e mitos do sensocomum (REGO,1996. p. 83).
A soci610ga Guimaraes (1996. p.77), diz-nos que "a institui9ao escolar
nao pade ser vista apenas como reprodutora das experi~ncias de conflitos, pais eimportante ressaltar que apesar dos mecanismos socia is as escolas produzem
sua pr6pria viol~ncia e que urn dos grandes problemas e a fata de 0 professor se
concentrar apenas na sua posiC;ao e que com isso acha que eliminou as conflitosN,
2.6. Indisciplina gera agressividade
Estamos vindo de urna sociedade em con stante desequilihrio, desde a
degrada9ao do seu melo ate familias desestruturadas, ande a agressao fisica e
moral e urna constante na vida de crian9as e adolescentes. Sem que a escola
saiba Iidar com isso fica dificil e estressante para ela, pois alunos trazem para a
escola aquilo que vivem fora dela tambem, entao cabe a ela fazer urn trabalho
para identificar 0 que esta causando tanta indisciplina, identificando onde esta a
failla. S8 vern da escola, da familia. da sociedade, do aluno au se todos t~m sua
parcela de culpa. Cabe ent~o dal fazermos uma analise e tentarmos criar
maneiras de resolver 0 problema.
Mas nao e s6 a agressaa fisica que prejudica; a viol~ncia psicol6gica,
traduzida em xingal11entos e julgamentos, menospreza os filhos. 0 maior
obstaculo para com bater esse tipo de atitude e a negacyao. Ha estimativas de que
cerca de 90% dos casos de violencia domestica contra menores sao socorridos e
registrados como acidentes. Parentes e vizinhos, par sua vez, hesitam em se
envolver. criando uma rede de cumplicidade e impunidade que em nada ajudam a
mudar a situagao.
Segundo a pedagoga Passos (1996, p.11B), ·0 ponto a ser refletido esobre qual disciplina estarnos falando e como ela pode adquirir urn significado de
ousadia. de criatividade, de inconformismo e de resist~ncia".
Assim, a indisciplina hoje pode ser causada tanto por fatores sociais,
culturais ou familiares e tambern pela falta de base de institui90es e professores
12
para distinguir urn atuno indisciplinado daquele atuno que questiona e faz rupturas
aD sistema. 0 professor tende apenas a se concentrar na sua autoridade
esquecendo-se do individuD, como sujeito ativo do processo de ensino-
aprendizagem, formando entao urn atuno que ace ita tude e que nao exerce sua
criatividade, sua individualidade e que nao expOe suas ideias. "Acredita-se que a
palavra .disciplina' vem carregada de urn ranyo de autoritarisrno e de falta de
dialogo que era comum no comportarnento das gera90es anteriores" (TIBA, 1996,
p.172).
Mas nao se deve esquecer de imper alguns limites para que a questao da
indisciplina nao fique apenas na mao de professores e instituic;Oes de ensina, mas
que familia e sociedade trabalhem juntas para amenizar este problema. A
disciplina ainda estt:i sendo classificada de mane ira autoritaria, trazendo os tempos
da eseola tradicional.
Q ambiente tambem interfere em sala de aula, causando indisciplina, pois
classes barulhentas, onde ninguern ouve ninguem, salas sem manutenc;~o
adequada ou sem condic;:oes de acomodac;Oes suficientes, sao pouco provaveis
que haja condic;oes para sa conseguir urna boa disciplina.
Pais e professores devem procurar os fatores que estao levando as
alunos a terem este tipo de comportamento. atraves de pesquisas sabre 0 assunto
e dialogando para tentar solueionar este problema. Assunto este que possa gerar
novas concepc;:Oes e resultados para a melhoria na qualidade do processo de
ensino-aprendizagem.
2.7. Estatuto da Criam;a e do Adolescente
Considerada urna das leis mais avanc;:adas do mundo, 0 Estatuto da
Crian9a e do Adolescente (ECA) esta longe de ser eumprido a riseR Dados de
organizac;6es nao-governamentais e do proprio governo revelarn urna realidade
diferente da idealizada palo documento. Em todo 0 pais, centenas de jovens vivern
sob ameaya de policiais, grupos de exterminios e gangues. Qutros sao privados
13
da liberdade e colocados em instituic;Oes superlotadas, em que a tortura e os malls
tratos sao praticas comuns.
Em seus 267 artigos, 0 estatuto revolucionou ao tratar crianc;as e
adolescentes como cidadaos, com direitos pessoais e socia is garantidos. Pass au
a exigir dos municipios a irnplementayao de ayOes que atendam aos direitos
basicos como saude e educay80 dos jovens. Apesar de 0 pais nao colocar em
pratica todos as avancos propostos pelo ECA, 0 diretor- editor da Agencia de
Noticias de Defesa da Infancia (ANDI), Veet Vivarta, acredita que '0 ECA e um
marco legal. Sem ele as coisas estariam multo pior. 0 Estatuto definiu 0 papel
dos pais e do Estado no cumprimento dos direitos basicos dos jovens.
Portanto, ao lidar com a indisciplina na sala de aula, 0 professor pode
recorrer a varios tipos de poder, conforme suas caracteristicas pessoais, seus
conhecimentos acad~micos e pedagogicos au da legitimidade conferida pela
escola.
Nesta abordagem, buscou-se nas obras a definiyao te6rica, objetivando
uma compreens~o profunda do assunto que permitisse a leitura atualizada. Nas
fontes que contem as orientayoes educacionais, tentar-se-a perceber os conceitos
no que diz respeito ao ensino e educac;80. Buscou-se tambem verificar quais as
definic;Oes sabre disciplina e indisciplina. Isto com 0 objetivo de descobrir meios
que d~em oportunidades de melhoria de condi90es de vida aos nossos principais
destinatarios: os alunos e os professores.
2.8. Motivo da Indisciplina
A origem dos comportamentos indisciplinados pode estar centrada nos
professores, nos alunos Oll na organizaC;ao escolar, consoante a visao que se tern
a prop6sito da problematica.
o professor e quem faz a gestao da aula. Este deve saber desde 0
primeiro dia, cativar as seus alunos de modo que eles se interessem pela
aprendizagem. 0 professor exerce um papel fundamental, tendo em vista a
i;~'-<;'S\DADf!)r '%:::. -',""" . .-\•.I,l••.(uJ -t,···"1<>~·~"~h·.!",
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14
interesse/desinteresse do aluno em aprender. E fundamental haver uniformidade
de criterios que legitirnem a intervel1~ao pedag6gica. Se urn comportamento
menos habitual e aceito numa determinada aula, e dificil ao aluno perceber que
ele deva ser reprimido noutra.
o problema da indisciplina n~o e uma questao apenas de regras, mas
tambem esta diretamente relacionado com 0 processo de comunica9~o professor I
atuno. Constatam-se situac;oes de indisciplina em algumas aulas que nao surgem
em Qutras.
A atitude dos profess ores na aula esta algumas vezes na origem das
dificuldades de comunicac;:fIo: falta de iniciativa, passividade, inexist~ncia de
trabalho de grupo, entre outros.
Para all~m da fUl1gao de prevenir e controlar as comportamentos de
indisciplina, 0 professor pode ser um dos grandes responsaveis pelo aparecimento
de comportamentos inapropriados. A principal causa esta no fato dos professores
concordarem que os alunos deveriam aprender a se disciplinarem ease
controlarem. Ao inves disso tendem mais a impor disciplina do que a ajuda-Ios a
desenvolv~-Ia por si mesmos.
Na.o existem professores que desenvolvarn qualquer a9aO para
voluntariamente desestabilizarem a aula, mas atraves de certas atividades
inadequadas oj situa,ilo dos alunos. Atividades mal organizadas, rna gestao do
tempo de aula, certas situa~oes para controlar situac;:Oes de indisciplina, etc, 0
professor vai provocar involuntariamente a ocor~ncia de comportamentos
inapropriados.
Quanto ao ultimo aspecto, e elucidativa a afirma,ao 0' Antola (1989, p.
22), ao dizer que:
Urn dos erras mais comuns dos professores que iniciamcarreira e de procurarem eliminar cornpletamente qualquercomportamento indisciplinado. 0 que pode acontecer nestasituay:io e reforyarem involuntariamente (em vez de fazerdesaparecer). as maus comportamentos. Uma atitude depermanente censura a um jovem que esta sempre a falar oua brincar com os colegas pode levar 0 jovem em questao ainsistir no seu comportamento. porque isto faz dele 0 centrodas aten¢es, 0 que para ele e gratificante.
15
Pode~sedizer que todas as pessoas ja tiveram ao longo das suas yidas
academicas, experi~ncias nas quais se depararam com professores que
demonstravam grande dificuldade em controlar urna turma e com professores em
situa~o de aulas iguais au semelhantes que apresentavarn urna certa facilidade
para controlar as alunos.
Isto aconteee porque par vezes as professores par urna questao de
atitude e formaC;ao au experi~ncia, apresentam tipos de comportamentos que se
apresentam no extremo, que Ii um ponto indesejavel.
Mas como afirma L1indgren (1977, p. 33), "0 comportamento das crian~s
nao pode ser manipulado na base de tudo ou nada"
Num extrema encontram-se aqueles profess ores que par falta de
confianc;a,ansiedade ou timidez denunciam perante as alunos urna personalidadefragil, insegura ou demasiadamente benevolente.
Essa personalidade manifesta,se atraves da falta de consist~ncia quando
se dirige aos alunos, lentid::lo com que atua, imprecisa.o do seu vocabulario e
incapacidade de resposta a situa<;Oes imprevisiveis.
as alunos ao perceberem a fragilidade ou exagerada permissividade do
professor, perdem 0 respeito por esie e tentam se apoderar do controle da aula,
atingindo por vezes propor90es que dificultam forte mente a recupera9ao desse
controle por parte dos prolessores.
Existe urn outro extremo na personalidade dos protessores que se refere
aos que tentam impor a todo 0 custo uma personalidade forte e imperturbavel. S6
que em muitos casos para se conseguir atingir esses objetivos, adota-se uma
postura caracterizada pela dureza, insensibilidade, distanciamento dos alunas au
mesma da ditadura.
Isto acontece porque a preocupa9a.o com regulamentos e controle eaparentemente uma caracteristica dos protessores que sao conhecidos como frios
e hostis e que nao estao muito interessados em encorajar a realiza9a.o escolar dos
estudantes. Uma compreensao dcs falores causais e basica para a maneira
adequada de lidar com 0 mau comportamento, mas muitas pessoas que trabalham
na escola estao inclinadas a pensar apenas numa forma de tratamento: a punig8o.
16
Este tipo de personalidade pode originar as seguintes conseq(j~ncias:
as alunos podem criar medo no professor, 0 que Ihes vai impedir de
manter urna atitude de participa~a.o, de interesse, criatividade, perdendo
completamente 0 gosto pela disciplina.
Essas situa<;:Oes sao muito dificeis de serem controladas porque 0
professor perante comportamentos de indisciplina na.o pode ser mais duro, mais
intransigente devido a ele ter atingido esse ponto antes desses comportamentos
terem surgido.
Inserem~se dentro das situa900S anteriores os castigos e as
recompensas, os quais sao rnuito importantes e necessarios, mas n~o podem ser
aplicados par qualquer razao, caso contra rio, atingem urn canMer rotineiro e nao
causam qualquer efeito.
Em rela9aO aos alunos ha um grande numero de razOes que podem estar
na base da indisciplina. Tais como:
Nivel s6cio-economico;
Absenteismo;
Recusa de regras;
Familias desregradas;
Demissao dos encarregados de educa9aO.
o nivel s6cio-eeonomieo eondieiona muito dos outros fatores referidos: as
desigualdades existentes entre as alunos geram na maior parte das vezes
conmtos que se repercutem dentro e fora da sala de aula atingindo muitas vezes
os limites da viol~neia. Essa viol~neia e fruto da reeusa de regras, da indiferen9a
perante tudo 0 que as rodeiam, 0 que leva a nao participa~o nas aulas, ao
absenteismo e finalmente ao insueesso escolar. A desagregayao das familias e a
omissa.o das mesmas perante a eseola. entre outros fatores, conduzem, na maior
parte das vezes it situayOes extremas de aleoolismo e toxieodepend~ncia que sao
as gran des geradoras de indisciplina.
Em relayao a eseola, e necessario haver urna interligac;ao entre
profess ores, pais e alunos, que permita um conhecimento geral do modo de
17
funcionamento para que se consigam melhores resultados escolares e urn clima
de razoavel bem-estar para as diversos intervenientes no processo educativo.
Cada escola tem assim a obrjga~o de se preocupar com 0
contrale disciplinar, entendido como 0 conjunto de todas asatividades que visam exercer alguma eSp6cie de influ~nciasobre 0 romportamento dos alunos, procurando ajusta-losaquila que e, para cada professor e pel os professores decada escola, considerado como padr~o de comportamento.ceitavel (SAMPAIO, 1996, p. 121).
Em prirneiro lugar, temas as normas emanadas do Ministerio da
Educa9aO, que variam conforme as alterac;oos pollticas e que nem sempre estao
ajustadas as realidades de cad a escola. Em segundo lugar, hil 0 regulamento da
escola, que pade interpretar a lei de forma diversa, a que leva algumas vezes aatitudes incongruentes.
Qutros fatores relacionados com a gestao da escola e que podem
condicionar algum grau de indisciplina, t~m a ver com a elevado nurnero de alunos
par sala e respectivos hortuios, falta de recursos materiais e humanos. falta de
reorganiza9ao da escola em fun9ao das necessidades, inexperi~ncia,insufici~ncia
dos orgaos intermediarios, entre outros.
Tambem ha necessidade da escola investir nos seus docentes para que
possam estar sempre atualizados.
2.9. Comportamentos lndisciplinados
Um comportamento indisciplinado e qualquer ato ou amissao que
cantraria alguns principios do regulamento interno au regras basicas estabelecidas
pela escola, ou pelo professor ou pela comunidade. A indisciplina e uma res posta
a autoridade do professor.
Q aluno contesta porque nao esta de acordo com as exig€mcias do
professor, com os valores que ele pretende impor ou com os criterios de
avalial'ao. Existe entre 0 professor e 0 aluno uma relal'ao desequilibrada. 0 aluno
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nao aceita 0 professor ou sua disciplina. 0 professor nao consegue motivar 0
atuno, desperta-lo ou cativa-Io.
Os motivQs da indisciplina podem ser extrinsecos a aula, tai5 como
problemas familiares, inseryao social au escolar, excessiva prote9ao dos pais,
car~nciassocia is e forte inf1u~ncia de idolos violentos. No entanto, existem outras
causas que resultam de disfunc;:Oes entre as alunos e a escola.
A desmotiva9ao dos alunos e 0 desinteresse explicito por aquilo que se
pretende ensinar ou qualquer outro comportamento inadequado. par vezes nao
sao mais do que chamadas de atenc;:ao ao professor sabre as seus metodos de
ensina au sabre as estrategias de relayao na aula. 0 professor deve ser explicito e
justa na negociayAo do centrate que e feito com as alunos. A altera~o das regras
pode provocar indisciplina.
2.10. Preven9ao da Indisciplina
Os professores podem adotar algumas atitudes para evitar a indisciplina.
Salientam-se as seguintes:
Estimular a participa9aO e 0 trabalho de grupo;
Discutir as situac;:5es de mau comportamento com os alunos;
Comunicar-se com a famma dos alunos para conhecer melhor a
ambiente em que estes vivem;
Estar disponivel para conversar com as alunos sabre temas alheios aescola;
Partilhar conhecimentos e experi~ncias com outros professores;
Nao fazer comentarios depreciativos aos trabalhos dos alunos;
Planificar cuidadosamente as aulas.
Algumas medidas podem melhorar a funcionamento da escola como:
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Diminuir 0 numero de alunos em cada sala de aula;
Colocar ao dispor dos alunos: material informativ~, desportivo e
ltidico;
Horarios definidos para beneficiar 0 aluno e nilo 0 professor;
Uniformidade de crilerios na marcBC;clodas faltas.
2.11. Estrategias utilizadas pelos professores no combate a indisciplina
Vejamos algumas estrategias que as professores usam no combate aindisciplina. Embora muitos docentes possam dizer que t~m estrategias
alternativas adequadas para enfrentar a indisciplina, devem estar cientes que
essas estrategias na.o sao totalmente eficazes, variando de escola para escola, de
turma para turma, dependendo da capacidade do professor em aplicar
devidamente essa estrategia e da maior ou menor facilidade que a turma tem em
S8 deixar influenciar.
Segundo Delamont (1987, p. 135-137), ·os alunos procuram descobrir 0
que 0 professor pretende e, com 0 objetivo de serem recompensados, tentam dar-
Ihe as respostas que ele Ihes solicita; mas, quando n~o surge nenhuma
recompensa, podem adotar comportamentos disruptivos". 0 mesmo pode
acontecer se os alunos na.o conseguirem descobrir 0 que 0 professor quer ou
ainda se este nliOaceita as respostas que eles Ihes d~o.
Algumas das estrategias que a aluno pode adotar s~o:
Estrategia de contestac;ao da autoridade, que pode ser a autoridade
do professor ou da institui~ao;
Estrategia de prom09~0, resultante da necessidade de afirma9~o
perante as colegas que 0 aluno possa sentir;
Estrategia de cria~ao de convivio quando 0 aluno pode criar
situac6es de indisciplina com vistas a ser expulso da aula, de modo a aumentar 0
tempo de convivio com os outros colegas;
20
Estrategia de contestay~o da oferta escolar, quando esta naG
corresponde as expectativas do aluno e quando ele considera que essa oferta
esta defasada das exig~ncias do mercado de trabalho.
as alunos podem usar diferentes estrategias conforme as objetivos que
t~m no momento. Poram, essas estrategias, de algum modo, podem ser
condicionadas pelas do professor, atendendo que a sala de aula e por natureza,
espayo de interayOes.
Os comportamentos indisciplinados podem ser encarados como
estrategias usadas pelos alunos no sentido de exercerem a margem de poder de
que dispOem na sala de aula. Como resposta a professor utiliza-se tambem de
diferentes estrategias, tendo par base a cultum das intera90es na sala de aula quefai adquirindo COrTI a sua experiencia.
2.12. Como minimizara indisciplina
A busea pelo resgate do processo ensino-aprendizagem, depende em
grande parte da compet~ncia profissional do educador, do seu compromisso com
a formalY~o integral do educando, da integrac;:ao entre a comunidade escolar e a
capacidade docente em enfatizar no processo de construc;:ao do saber, dos
conteudos real mente relevantes e significativos que embasara.o a verdadeira
cidadania. Afinal, 0 professor na.o e 0 unico responsavel pela indisciplina.
A melhor maneira de lidar com a indisciplina e buscar, em cad a realidade,
a melhor forma necessaria e passlvel de 8c;:aO,onde a confian;ya e a respeito
fac;:arnparte de metodologias mais adequadas compativeis com a aprendizagelll
significativa do aluno. Segundo Vasconcellos (2000, p.71), "0 professor precisa
conquistar a confianlYa e 0 respeito da turma para se tornar a seu legitimo
organizador".
Para nao se ter problemas com a indisciplina do discente em sala de aula
e fundamental trabalhar a afetividade, pois os sujeitos querem ser reconhecidos,
amados, desejam ter valor uns para com os outros. Pode-se atuar sobre a afetivo
21
via cognitiv~, pois quando a individuo sabe as coisas, fortalece sua auto-
avaliayao, e condic;Oes voltadas para a at;ao, reflexao, 0 encontro, a
disponibilidade, a espontaneidade, a criatividade, levam 0 educando a uma maior
realiza9:lo pessoal, grupal e requerem a integra9~o do carpa, entendimento e
intelecto.
22
4. METODOLOGIA
Pretendeu-se na revis~o bibliografica mediante leitura sistematica,
ressaltar os pontcs abordados, pelos autores pertinentes ao assunto em questa;o,de maneira clara e objetiva, as questOes de grande relevc!lncia sobre 0 assunto.
A presente pesquisa desenvolvida neste estudo, foi de natureza
bibliografica, utilizando-se das diferentes lecnicas de gera9~o de informa90es
ace rca dos lemas abrangidos pelo assunto. Inicialmente, podem-se enumerar
apenas algumas que ocorrem como: leitura do aeervo bibliografico acerca do tema
conforme apresentado anteriormente. Na seqOAncia, pretende-S8 analisar essas
informar;Oes relacionando-as, contextualizando-as e dando-Ihes maior
inteligibilidade.
Tem-s8 como objetivo apresentar a questao conceitual do problema
proposto, relacionando-a com 0 tema e a proposta, desenvolvendo assim uma
descri9aodetalhadado contexto.
23
5, CONSIDERAC;OES FINAlS
Assistimos hoje a ascens:'o do problema da indisciplina, de atitudes
violenlas de alunos e de autoritarismo de docentes, portanto oj muito importante a
discussao sabre 0 assunto para que professores, familias e a comunidade saibam
de seus direitos e deveres.
Ao abordar 0 problema da indisciplina em sala de aula ou a irreveremcia
dos alunos em series de correC;ao de f1uxo (5a a sa series) em escola publica
estadual, cujo objetivo geral foi estudar, captando a influencia que ela exerce
sabre a sociedade, nos dias atuais, tentando-se obter novas ide-ias aD
desenvolvimento desta pesquisa, apresenta-se neste momento as consideraC;Oes
finais deste estudo.
Este trabalho mostra alguns aspectos que pOem em evidencia as
variaveis socia is que interferem na indisciplina em saJa de aula, propondo uma
analise das contradi<;Oes da sociedade em decorr~ncia do pr6prio movimento
hist6rico de que ela faz parte, tanto nas questOes que envolvem as
particularidades do dia-a-dia social e educacional dos pais, professores e alunos,
como na sociedade em geral onde todos tentam conviver de mane ira mais
harm~nica, buscando uma integra~ao maior do grupo e urn rnelhor aprendizado
onde a indisciplina seja discutida em todo 0 grupo para podermos buscar cada vez
mais solu~Oes.
o sentido deste Trabalho de Conclusao de Curso, seria abrir para Qutros
percursQs, no levantamento de dados, que Jeve a pesquisa de outros trabalhos
n~o relatados aqui ou mesmo ao aprofundamento dos ja citados, que por sua vez,
pod em contribuir para um conhecimento mais amplo, uma vez que analisando a
educa~ao, descobre-se urn campo vasto, abrangente. E aqui, sugere-se explorar
nao somente 0 ens ina, mas tambem outras areas, pois atraves destes temas
pode...se contribuir para a constru~ao de novas ideias, resultantes de novas
conceitos de educacionais como a importancia da educa~ao como instrumento
auxiliar para mudan~as no mundo, ou seja, na interpreta~:'o dos diversos impactos
24
causados pela dina mica das relalYOes do desenvolvimento cultural, num processo
de atitudes. Devemos fazer a prom0980 de a90es, no sentido de articular iniciativa
de desenvolvimento da educac;:ao ligada intima mente ao ensina nurn processo
social, fazendo alguns estudos das caracteristicas do ensina, possibilitando a
compreensao da funcionalidade e do relacionamento do professor com as atos e
fatos da sala de aula. Promover a apresentac;ao e discussao das tend~ncias da
educac;:ao, dos temas atuais e dos desafios de questOes pol~micas, buscando 0
desenvolvimento da educac;:aoe do ensina com urna analise critica.Podemos ver de forma clara e estruturada varias questOes sabre 0 tema
propos to, abordando varias tend~ncias e analisando urna gama de ideias para
amenizar ou ate sanar este problema, mas que isto nao e tarefa faci! e nem uma
propos!a pronta que pode resolver 0 problema de ontem para hoje, temos sim eque construir com a passar do tempo e com lJrg~ncia novas propostas e objetivos
melhorando a educa9M nilo s6 na parte disciplinar, mas como um todo.
Espera-se que este trabalho possa ser urn instrumento uti I para reflexao
individual e coletiva des profissionais das areas de Educ8(}tJo sobre sua pr6pria
pratica e, para os demais interessades, urn instrumento a ser conhecido e
refermulado podendo dele tirar 0 maior proveito possivel.
Notamos que este tema embora tenha muitas obras a serem pesquisadas,
que a professor e a escola as vezes nao tomam conhecimento do assunto par
pura aliena9ao, devemos tentar entender de forma mais clara a porque des alunas
de hoje se tornarem tao indisciplinados, buscando novas metodos aos quais a
escola possa empregar para diminuir tal fato, trazendo uma escola consciente e
preparando a aluno nao s6 para conteudos, mas sim para a seu dia a dia e para
toda a sua vida.
E necessaria que tada a escola se reuna para saber qual a fater principal
que esta causanda a indisciplina naquele momenta, pais, depende de que
contexto a eseola esta inserida, para deseobrirmos a causa que esta fazendo com
que a aluno perea as n090es de limite.
Neste estudo pudemos identificar que uma das principais causas da
indisciplina esta ligada a falta de motiva9ao dos alunos em sala de aula, pois
25
professores estao deixando de mudar as suas aulas tendo como base 0
antigamente, apenas passando conteudos, e esquecem de elaborar uma aula
inovadora, para que 0 atuno tenha vontade de aprender e pesquisar, de conhecer
e entender.
Mas nao podemos atribuir a culpa apenas ao professor, mas a cada escola
dependendo de como ela age e reage social mente e de como investe em seus
profissionais, ja que nos dias de hoje, tanto dentro da eseola como fora dela a
indiseiplina tern que primeiro ser entendida para depois ser tratada.
Cada eseola tern seus problemas, que nao sao poueos, entao eabe a ela e
a comunidade identificar 0 que pode estar causando tal problema, criando novas
alternativas e buscando novas ideias para que cada dia a escola se torne methor e
que 0 aluno tenha prazer em aprender e 0 docente em ensinar.
26
REFERENCIAS
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FARIAS, C. V. Indisciplina escolar: concertos e preconceitos. Rio de Janeiro:PUC/RJ, 1979.
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VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Disciplina: Constru\'lio da disciplinaconscienle e interativa em sala de aula e na escola. 13. ed. Sao Paulo: Libertad,2000.