Post on 23-Sep-2020
A economia está no ar:o que o Brasil ganha comar-condicionado mais eficiente?
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A economia está no ar: o que o Brasil ganhacom ar-condicionado mais eficiente?
PRESSUPOSTOS E INPUTS
• Capacidade de refrigeração: 12.000 Btu/h (c = 3.516 W)
• Tempo de uso: 2.910 h/ano (aproximadamente 8 h/dia)
• AC com uso final residencial ou comercial (consumo de 85% para residencial e 15% para comercial)
• Vida útil do aparelho: 10 anos (ou seja, a cada 10 anos ou aparelhos são retirados da amostra)
• Preço da eletricidade: 0,7792 R$/kWh
• Fator de emissão de CO2: 0,075 tCO2/MWh
• Taxa de desconto (residencial + comercial): 7,20%
• Para crescimento de vendas, consideramos alguns cenários, especialmente por causa da crise do covid-19: taxas anuais de 1,0%, 2,0%, 3,0% e 4,7%
• IDRS de partida: 5,1471, o que o incluiria na Classe B em 2022 e na Classe D, em 2025, nanova etiquetagem proposta pelo INMETRO – isso se dá em razão da amostra do INMETRO ter a maioria de aparelhos com compressores do tipo Inverter, mais eficientes.
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A economia está no ar: o que o Brasil ganhacom ar-condicionado mais eficiente?
REFLEXÕES
Em termos de regulação, sabemos que o caminho pro-
posto deve responder afirmativamente às seguintes
principais questões:
• A solução resolve?
• O custo da solução é sustentável?
• Sobre a primeira questão, caso o Brasil consiga ele-var a eficiência energética do AC aos padrões inter-nacionais, sim, a solução resolve.
• Sobre a segunda questão, relacionada aos custos que as empresas terão para converter seus equipamentos, Kigali (2019) contribui com alguns importantes resultados.
• Kigali (2019) encontra que, relativamente ao cenário de maior eficiência (CSPF = 6,0), o fluxo de caixa livre líquido (FCLL)das empresas seria de R$ 75,7 milhões para um investimento requerido de R$ 20,9 milhões. Ou seja, o retorno é mais do que o triplo do investimento realizado.
Fluxo de caixa livre em diversos cenários de eficiência
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Reflexões Fluxo de caixa livre em diversos cenários de eficiênciaFluxo de caixa livre em diversos cenários de eficiência
Em termos de regulação, sabemos que o caminho pro-posto deve responder afirmativamente às seguintesprincipais questões:• A solução resolve?• O custo da solução é sustentável?
• Sobre a primeira questão, caso o Brasil consiga ele-var a eficiência energética do AC aos padrões inter-nacionais, sim, a solução resolve.
• Sobre a segunda questão, relacionada aos custosque as empresas terão para converter seus equipa-
mentos, Kigali (2019) contribui com alguns impor-tantes resultados.
Kigali (2019) encontra que, relativamente ao cenário de maior
eficiência (CSPF = 6,0), o fluxo de caixa livre líquido (FCLL)
das empresas seria de R$ 75,7 milhões para um investimen-to requerido de R$ 20,9 milhões. Ou seja, o retorno é mais doque o triplo do investimento realizado.
Custos ao Fabricante
As estimações presentes em Kigali (2019) evidenciam um
cenário de relativa tranquilidade em termos dos custos
envolvidos para conversão dos equipamentos,
especialmente por causa da elevação de receita advinda do
aumento de preço de venda do AC decorrente, por sua vez,
dos ganhos de eficiência. Porém, sobre esse espaço
financeiro dos fabricantes para sustentarem os custos
relacionados à conversão dos equipamentos, faremos
algumas reflexões.
q Na evolução recente, observa-se que a margem de lucro
dos fabricantes teve expressiva queda de 2012 a 2015,
recuperando-se em 2016 e 2017, ano em que a margem
atingiu seu maior valor dos últimos 5 anos - lucro
estimado de R$ 137,4 milhões.
Margem de Lucro – Fabricantes AC no AM, 2017 *
Fonte: Pesquisa Industrial Anual (PIA), do IBGENotas *: 1. Empresas com 30 ou mais pessoas ocupadas2. Lucro = (receita líquida de vendas – custos e despesas) / receita líquida de vendasFonte: elaboração própria a partir da PIA/IBGE
4,3%3,5%
1,8%
-9,1%
4,0%
6,7%
-10,0%
-8,0%
-6,0%
-4,0%
-2,0%
0,0%
2,0%
4,0%
6,0%
8,0%
2012 2013 2014 2015 2016 2017
R$ 137,4 mi
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A economia está no ar: o que o Brasil ganhacom ar-condicionado mais eficiente?
CUSTOS AO FABRICANTE
Margem de lucro - Fabricantes AC no AM, 2017 *As estimações presentes em Kigali (2019) evidenciam um cenário de
relativa tranquilidade em termos dos custos envolvidos para conversão
dos equipamentos, especialmente por causa da elevação de receita
advinda do aumento de preço de venda do AC decorrente, por sua vez,
dos ganhos de eficiência. Porém, sobre esse espaço financeiro dos
fabricantes para sustentarem os custos relacionados à conversão dos
equipamentos, faremos algumas reflexões.
• Na evolução recente, observa-se que a margem de lucro dos
fabricantes teve expressiva queda de 2012 a 2015, recuperando-se
em 2016 e 2017, ano em que a margem atingiu seu maior valor dos
últimos 5 anos - lucro estimado de R$ 137,4 milhões.
Custos ao Fabricante
Tomando como referência a estrutura de receitas e custos de 2017,
para os fabricantes de AC na Zona Franca de Manaus, e observando
que os custos com matérias primas representaram, neste ano, 43,74%
da Receita Total, tem-se que:
q Mantida a estrutura constante, exceto os custos com matéria
primas, uma redução desses custos provocaria uma significativa
ampliação da margem de lucro.
q Por outro lado, mantendo a estrutura constante, exceto para o
custo de adequação às novas etiquetas, observa-se que a margem
atual só se sustenta com um custo de conversão menor do que
5% da Receita Total.
q Portanto: a busca pela máxima eficiência energética talvez
necessite produzir, além da elevação da receita, dois efeitos
simultâneos: maior custo de conversão e menor custo de
aquisição de matérias primas.
Custo de Adequação à Nova Etiquetagem (% da RT)
6,75,4
4,12,9
1,60,3
-1,0-2
0
2
4
6
8
0 1 2 3 4 5 6 7
13,813,2
12,712,1
11,611,1
10,510,0
9,48,9
8,37,8
7,26,7
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
-13-12-11-10-9-8-7-6-5-4-3-2-10
Margem de Lucro: efeito da redução (%) do custo de matérias primas Margem de lucro: efeito da redução (%) do custo de matérias primas
Custo de adequação à nova etiquetagem (% da RT)
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A economia está no ar: o que o Brasil ganhacom ar-condicionado mais eficiente?
CUSTOS AO FABRICANTE
Fonte: Pesquisa Industrial Anual (PIA), do IBGENotas *: 1. Empresas com 30 ou mais pessoas ocupadas2. Lucro = (receita líquida de vendas – custos e despesas) / receita líquida de vendasFonte: elaboração própria a partir da PIA/IBGE
Tomando como referência a estrutura de receitas e custos de 2017, para os
fabricantes de AC na Zona Franca de Manaus, e observando que os custos com
matérias primas representaram, neste ano, 43,74% da Receita Total, tem-se que:
• Mantida a estrutura constante, exceto os custos com matéria primas, uma
redução desses custos provocaria uma significativa ampliação da
margem de lucro.
• Por outro lado, mantendo a estrutura constante, exceto para o custo de
adequação às novas etiquetas, observa-se que a margem atual só se
sustenta com um custo de conversão menor do que 5% da Receita Total.
• Portanto: a busca pela máxima eficiência energética talvez necessite produzir,
além da elevação da receita, dois efeitos simultâneos: maior custo de
conversão e menor custo de aquisição de matérias primas.
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Efeitos sobre EmpregoO emprego formal no setor é extremamente sensível às variações nas vendas.
MACEDO e MONASTERIO (2014) encontraram que a geração de uma vaga de
emprego no setor industrial de uma mesorregião brasileira provoca a criação de 3,98
empregos no setor de serviços, no longo prazo. Para os subsetores de alta tecnologia,
entretanto, o multiplicador encontrado foi igual a 6,94.
Assim, se tomarmos este valor como multiplicador do setor de fabricação de
ar-condicionado, teríamos que para os 2.151 empregos do setor em 2018 foram
gerados outros 15.000 empregos no setor de serviços.
Na cadeia de insumos, embora não haja, ainda, estudo com a quantificação dos efeitos,
espera-se um multiplicador muito menor do que esse, do emprego nos serviços;
talvez mais próximo do multiplicador de produção, que MARCATO e ULTREMARE
(2015) encontraram para o setor de eletrodomésticos, igual a 0,53.
Logo, a perda de empregos na cadeia produtiva do ar-condicionado, parece muito mais
associada à redução das vendas dos equipamentos prontos do que na diminuição das
compras de componentes locais (indústria para indústria).
1.896 1.9392.398
2.606
3.236
2.516
1.8342.158 2.151
2.777 2.792 2.650
3.534
4.335
3.265
2.008
2.4972.921
0
500
1.000
1.500
2.000
2.500
3.000
3.500
4.000
4.500
5.000
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Empregos Formais Vendas (mil unidades)
Correlação: 90,18%
Número de Empregos Formais e Vendas Ar-condicionado tipo split (mil unidades), Estado do Amazonas
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A economia está no ar: o que o Brasil ganhacom ar-condicionado mais eficiente?
EFEITOS SOBRE EMPREGO
O emprego formal no setor é extremamente sensível às variações nas vendas.
MACEDO e MONASTERIO (2014) encontraram que a geração de uma vaga de emprego no setor industrial de uma mesorregião brasileira pro-voca a criação de 3,98 empregos no setor de serviços, no longo prazo. Para os subsetores de alta tecnologia, entretanto, o multiplicador en-contrado foi igual a 6,94.
Assim, se tomarmos este valor como multiplicador do setor de fabrica-ção de ar-condicionado, teríamos que para os 2.151 empregos do setor em 2018 foram gerados outros 15.000 empregos no setor de serviços.
Na cadeia de insumos, embora não haja, ainda, estudo com a quantifica-ção dos efeitos, espera-se um multiplicador muito menor do que esse, do emprego nos serviços; talvez mais próximo do multiplicador de pro-dução, que MARCATO e ULTREMARE (2015) encontraram para o setor de eletrodomésticos, igual a 0,53.
Logo, a perda de empregos na cadeia produtiva do ar-condicionado, pa-rece muito mais associada à redução das vendas dos equipamentos prontos do que na diminuição das compras de componentes locais (in-dústria para indústria).
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A economia está no ar: o que o Brasil ganhacom ar-condicionado mais eficiente?
AGENDA FUTURA
Aprofundar a discussão em torno do custo de conversão (e respectivos efeitos, notadamente sobre emprego) às classes mais altas de eficiência energética, para todos os fabricantes, considerando o novo cenário econômico determinado pelo covid-19. Há risco de queda no comércio internacional, com menor cooperação e coordenação de políticas entre os países, o que deverá estimular estratégias de política industrial baseadas no “adensamento de cadeias produtivas e conteúdo local”, decorrentes, por sua vez, do falacioso argumento de que é inconveniente abrir a economia em meio a uma aguda recessão
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