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A descolonização da África ocorreu durante no século XX quando as populações dos territórios africanos ocupados conseguiram expulsar o invasor europeu e assim, conquistar a independência.

O primeiro país africano a ser independente foi a Libéria, em 1847; e o último, a Eritreia, em 1993.

Os processos de independência na África se iniciaram no início do século XX, com a independência do Egito. No entanto, somente após Segunda Guerra Mundial, com as potências europeias enfraquecidas, os países africanos alcançaram a independência.

As populações dos países africanos foram convocadas para participar do esforço de guerra e muitos lutaram no conflito. Ao terminar, imaginaram que teriam mais autonomia, porém não foi isso que aconteceu. O colonialismo continuou como antes da guerra.

Causas Depois do fim da Segunda Guerra Mundial, a ONU passa a

pressionar as potências imperialistas para que ponham fim à colonização.

Igualmente, o mundo vivia a Guerra Fria, a disputa pela hegemonia mundial entre Estados Unidos (capitalismo) e URSS (socialismo).

Ambos os países apoiavam o lado rebelde que mais se aproximava às suas ideias a fim de trazê-los para sua esfera de influência.

Do mesmo modo, as ideias pan-africanistas conquistavam o continente africano com seu pensamento pela unidade africana.

Pan-Africanismo No período entre guerras, começou a ideia que os africanos

tinham mais semelhanças entre si do que diferenças.

Praticamente todo o continente havia sofrido com a colonização europeia e o tráfico de escravos. Desta forma, foi criado o pan-africanismo que pensava uma identidade comum aos africanos a fim de uni-los contra o invasor europeu.

Um dos líderes mais importantes do pan-africanismo foi o americano W.E.B Du Bois (1868-1963), que se destacou escrevendo sobre as questões raciais do seu tempo e apoiando os movimentos de independência do continente africano.

Du Bois foi um ativo participante e organizador do Congresso Pan-Africanos que se realizava periodicamente para discutir temáticas relevantes ao povo negro.

Os processos de independência no continente africano ocorreram em momentos diferentes. Por exemplo, as nações do norte da África Ocidental e Oriental estavam livres a partir da década de 1950.

Já os pertencentes à África Subsaariana, em 1960, os integrantes da África Austral e região do Oceano Índico entre 1970 e 1980.

O Egito consegue sua independência em 1922, mas será na década de 50 que vários estados conseguem sua autonomia como a Líbia (1951), Marrocos e Tunísia (1956) e Gana (1957).

Entre 1957 e 1962, 29 países passaram à condição de novos estados independentes e contribuíram para acelerar o processo de descolonização africana.

Cada país imperialista desocupou a África de maneira distinta. Vejamos: O Reino Unido aceita se retirar de certos territórios e transferir o

poder para líderes escolhidos pela metrópole. Para mantê-los como aliados, cria-se a Commonwealth.

A França muda o status de suas colônias para Províncias Ultramarinas e, mais tarde cria a Comunidade Francesa onde vai reunir suas antigas possessões mantendo o francês como idioma oficial e uma moeda em comum. A exceção será a sangrenta Guerra da Argélia.

A Espanha transforma a Guiné-Equatorial em província ultramarina, em 1960 e Ceuta e Melila, em cidades. Em 1968, a Guiné-Equatorial é declarada independente.

A Bélgica se envolverá na Guerra do Congo. Portugal não aceita se desfazer de suas colônias e só mudará o status

desses territórios em 1959. Mesmo assim, as décadas de 60 e 70 são marcadas por conflitos armados apenas solucionados com a Revolução dos Cravos, em 1974.

Antes e depois da independência

O custo da luta para a independência foi elevado, em consequência de guerras coloniais que ocasionaram na vida de milhões de pessoas e minaram a capacidade produtiva dos países.

Após o fim da descolonização da África, a maioria dos novos países entra em guerra civil. Isso porque haviam povos que eram historicamente inimigos e agora viviam dentro da mesma fronteira.

Também as diferentes ideologias - capitalismo e socialismo - fizeram enfrentar vários grupos pelo poder.

Além disso, os antigos colonizadores tentam manter as novas nações como aliadas. Para isso, se tornam sócios e compradores das matérias-primas desses países.

Embora o continente tenha mostrado um crescimento nas últimas décadas, os países africanos ainda sofrem as consequências da colonização e dos maus governos.

África do sul: O termo apartheid se refere a uma política racial

implantada na África do Sul. De acordo com esse regime, a minoria branca, os únicos com direito a voto, detinha todo poder político e econômico no país, enquanto à imensa maioria negra restava a obrigação de obedecer rigorosamente à legislação separatista.

A política de segregação racial foi oficializada em 1948, com a chegada do Novo Partido Nacional (NNP) ao poder. O apartheid não permitia o acesso dos negros às urnas e os proibia de adquirir terras na maior parte do país, obrigando-os a viver em zonas residenciais segregadas, uma espécie de confinamento geográfico. Casamentos e relações sexuais entre pessoas de diferentes etnias também eram proibidos.

A oposição ao apartheid teve início de forma mais intensa na década de 1950, quando o Congresso Nacional Africano (CNA), organização negra criada em 1912, lançou uma desobediência civil. Em 1960, a polícia matou 67 negros que participavam de uma manifestação. O Massacre de Sharpeville, como ficou conhecido, provocou protestos em diversas partes do mundo. Como consequência, a CNA foi declarada ilegal e seu líder, Nelson Mandela, foi preso em 1962 e condenado à prisão perpétua.

Com o fim do império português na África (1975) e a queda do governo de minoria branca na Rodésia, atual Zimbábue (1980), o domínio branco na África do Sul entrou em crise. Esses fatos intensificaram as manifestações populares contra o apartheid. A Organização das Nações Unidas (ONU) tentou dar fim à política praticada no país. O presidente Piter Botha promoveu reformas, mas manteve os principais aspectos do regime racista.

Com a posse de Frederick de Klerk na presidência, em 1989, ocorreram várias mudanças. Em 1990, Mandela foi libertado e o CNA recuperou a legalidade. Klerk revogou as leis raciais e iniciou o diálogo com o CNA. Sua política foi legitimada por um plebiscito só para brancos, em 1992, no qual 69% dos eleitores (brancos) votaram pelo fim do apartheid.

Klerk e Mandela ganharam o Prêmio Nobel da Paz em 1993. Em abril de 1994, Nelson Mandela foi eleito presidente da África do Sul nas primeiras eleições multirraciais do país.

O Parlamento aprovou a Lei de Direitos Sobre a Terra, restituindo propriedades às famílias negras atingidas pela lei de 1913, que destinou 87% do território à minoria branca.

As eleições parlamentares de 1999 foram vencidas pelo candidato indicado por Nelson Mandela, Thabo Mbeki, descartando qualquer tentativa de retorno a uma política segregacionista no país.

Descolonização da Ásia A independência das Filipinas, em 5/7/1945, se efetiva em

12/6/1946, com a proclamação da República por Manuel Roxas.

Na Indonésia, a guerra contra a colonização holandesa começa em 15/8/1945 e se estende até a proclamação da República, em 17/8/1950, pelo líder nacionalista Sukarno.

Em 15/6/1947, as tropas soviéticas saem do Irã, onde estavam desde 1941.

A independência da Índia e do Paquistão, em 15/8/1947, assinala o fim do domínio britânico no subcontinente.

Assiste-se à emancipação da Birmânia, em 4/1/1948, e do Ceilão (atual Sri Lanka), em 4/2/1948.

Subcontinente indiano No início do séc. XX, a Índia, cujo território incorpora os atuais Paquistão e

Bangladesh, é o centro do Império Britânico. O movimento de libertação é organizado, a partir de 1919, pelo advogado hindu Mohandas Gandhi, que viria a ser conhecido como o Mahatma (grande alma). Ele prega a resistência pacífica e luta por reformas sociais e econômicas que deem melhores condições de vida a 60 milhões de párias contra os monopólios britânicos.

Em 1942, o Partido do Congresso (P do C), fundado pelos hindus em 1885, rompe com a Liga Muçulmana (LM), criada por Mohamed Ali Jinná, pois esta deseja formar um Estado muçulmano independente no Paquistão, englobando o Baluquistão, o Punjab ocidental, o Sind e Bengala Or. (Bangladesh). O P do C é posto na ilegalidade, enquanto a LM, em troca do apoio à Grã-Bretanha na II Guerra, é autorizada a funcionar.

Cisão - Em 1947, surgem duas nações independentes: a Índia, liderada por Jauaharlal Nehru, e o Paquistão, tendo Liaqat Ali Cã como 1º-ministro. Mas os conflitos entre hindus e muçulmanos continuam, custando mais de 1 milhão de vidas. Os dois novos países disputam pelas armas os Estados de Jammu e Cachemira; o cessar-fogo obtido pela ONU não põe fim ao litígio e, em 1957, contrariando a resolução da Assembleia Geral, a Índia anexa a parte da Cachemira que ocupou.

Gandhi Mahatma Gandhi foi um notável ativista indiano que contribuiu para

a independência da Índia e participou da luta contra o fim do colonialismo inglês. Sua forma de manifestação pacífica e o movimento de resistência sem violência representam a “Satyagraha”, termo que Gandhi usou para nomear a filosofia que o tornou conhecido mundialmente.

Concluiu os estudos iniciais na Índia e no ano de 1888 foi enviado para cursar direito na University College London (UCL) em Londres, Inglaterra. No campus, organizou um clube vegetariano onde reunia estudantes com interesses altruístas.

Retornou para a Índia em 1891 e começou a advogar. Em 1893 recebeu uma oportunidade para representar a companhia em um caso na África do Sul.

A sua estadia no país, que também era uma colônia britânica, o aproximou das desigualdades sociais e dos problemas de discriminação sofridos pelos indianos. As autoridades coloniais e também os habitantes europeus os segregavam constantemente. Gandhi começou a exercer sua política de resistência sem violência, se posicionando na luta pelos direitos do povo e fundando uma seção do Partido do Congresso Indiano em 1894.

Tornou-se uma liderança conhecida e muito ativa, alcançando popularidade com os habitantes locais. Em 1905 Gandhi publicou conteúdos importantes para a causa em sua coluna no jornal “Opinião Indiana”.

No ano de 1908 escreveu “Autonomia Indiana”, livro onde expunha suas ideias sobre a civilização ocidental e as formas de resistência pacífica.

Quando o ativista voltou para Índia, em 1914, já era uma personalidade conhecida no país. Com sua popularidade, disseminou o “Satyagraha”, princípio que defendia protestos pacíficos. Com essa postura, começou a ser chamado de “mahatma”, significando “grande alma” para os indianos.

Durante as décadas de 1920 a 1940, Gandhi promoveu várias ações de desobediência civil conta os ingleses e foi detido diversas vezes.

Em uma das ações, Gandhi propôs que a população não comprasse as roupas dos comerciantes ingleses. Para isso, andava com seu próprio tear manual de fiar “khadi”, um tecido popular. O ato alcançou tamanha comoção que as especificações oficiais da bandeira nacional exigem a sua confecção utilizando apenas esse material. Em março de 1930, a “Marcha do Sal” repercutiu mundialmente. Após o imposto abusivo sobre o sal comprado pelos indianos, Gandhi liderou uma multidão rumo ao oceano para que extraíssem o produto diretamente.

O indiano também incentivou greves, jejuns, meditações, orações e estilo de vida simples. Após o fim da Primeira Guerra Mundial, formou-se o Partido do Congresso Nacional Indiano tendo na liderança Mahatma Gandhi e Jawaharlal Nahru. O objetivo era conquistar a independência total da Índia e a reforma socioeconômica, instaurando a igualdade política para todos.

O domínio britânico chegou ao fim em agosto de 1947, mas os conflitos anteriores instauraram rivalidades internas entre hindus e muçulmanos.

Gandhi tentou apartar os conflitos sem sucesso. Os violentos confrontos deixaram aproximadamente 6 mil mortos e sem consenso, o país foi dividido conforme critérios religiosos. A parte hindu, maioria, tornou-se a Índia e a parte muçulmana transformou-se em Paquistão. A mudança aumentou o clima de tensão, gerou migrações e novos conflitos. Sem opções, Gandhi aceitou a medida que dividiu o país e após esse ato foi odiado pelos nacionalistas.

No dia 30 de janeiro de 1948 o ativista sofreu um ataque em Nova Délhi e foi fatalmente atingido pelos disparos de Nathuram Godse, hindu radical que responsabilizava Gandhi pela separação entre Índia e Paquistão.

O assassino foi preso e executado em 1949. O corpo de Mahatma Gandhi foi cremado e suas cinzas foram lançadas no Rio Ganges, local considerado sagrado pelos hindus.

China O mais extenso período da história chinesa compreende os

séculos V ao XIX, quando observamos um imenso império centralizado organizando a vida desta grande civilização.

Até o século XV, os chineses ocuparam posição destacada na produção intelectual e tecnológica. Eles foram os inventores da pólvora, do compasso, das primeiras prensas e da medicina.

Na Idade Contemporânea, a supremacia do Império Chinês foi abalada pelo contato com as nações europeias envolvidas no processo de expansão da economia industrial.

Durante o século XIX, a ação imperialista acabou estabelecendo uma série de conflitos que contribuíram para um novo período da história chinesa.

A ação inglesa também se estendeu até a China, quando os britânicos descobriram que poderiam explorar a comercialização do ópio como droga entorpecente.

Inconformado com os prejuízos causados à saúde da população, o governo chinês estabeleceu a proibição do comércio da droga e uma severa política contra qualquer tentativa de contrabando do mesmo produto. Logicamente, os britânicos sentiram-se intensamente prejudicados com a medida.

A diferença de interesse acabou resultando nas chamadas Guerras do Ópio, que se desenvolveram entre 1839 e 1842, e 1856 até 1860. Por meio da vitória, os ingleses impuseram uma série de tratados que garantiam e ampliavam interesses políticos e econômicos na região. Vários portos comerciais chineses foram abertos aos países europeus, a comercialização do ópio liberada e a ação dos missionários cristãos reconhecida.

Outras potências como Rússia, Estados Unidos, França, Alemanha e Japão também utilizaram de sua influência e capacidade militar para impor seus interesses no território chinês.

Entre 1900 e 1901, chineses descontentes com a dominação estrangeira organizaram uma série de levantes e atentados. Conhecida como a Guerra dos Boxers, esse evento foi combatido por uma colisão de forças imperialistas japonesas, europeias e norte-americanas.

Com a derrota para os britânicos na Índia, os franceses se voltaram para outras regiões do continente asiático. Entre as décadas de 1850 e 1860, conquistou a Península da Indochina, correspondente ao sul do atual Vietnã. Logo em seguida, ampliou sua presença com a anexação do Camboja, Laos e todo o restante do território vietnamita. Por meio dessas conquistas, os franceses ampliaram seus mercados e dinamizaram o comércio de tecidos junto aos chineses.

Em 1931, foi proclamada a nova República Soviética da China, da qual Mao Tse Tung foi eleito presidente, e desafiou o comitê do seu partido a abandonar a burocracia da política urbana e centralizar sua atenção nos camponeses.

Mesmo perante as vitórias de Mao na primeira época da guerra civil, em 1934, Jiang Jieshi, conseguiu cercar as tropas do exército vermelho, fato que fez Mao empreender o que ficou conhecido como a Longa Marcha desde Jiangxi até o noroeste da China. No entanto, o Japão tinha invadido o norte do país, fato que motivou nova aliança entre comunistas e nacionalistas para enfrentar o inimigo comum.

Depois da Segunda Guerra Mundial, a guerra civil foi retomada, com a vitória progressiva dos comunistas. No dia 1º de outubro de 1949, foi proclamada oficialmente a República Oficial da China, com Mao Tse Tung como presidente. No início, o modelo soviético foi seguido, mas com o passar do tempo, foram sendo introduzidas importantes mudanças como, por exemplo, dar mais importância à agricultura do que a indústria pesada.

A partir de 1959, Mao deixou o cargo de presidente da China, mas manteve a presidência do partido. Desde este cargo promoveu uma campanha de educação socialista, na qual destacou a participação popular massiva como única forma de conseguir um verdadeiro socialismo. Durante este período, conhecido como Revolução Cultural Proletária, Mao conseguiu desarticular e, logo em seguida, reorganizar o partido graças à participação da juventude, através da Guarda Vermelha. Sua filosofia política como estadista ficou refletida em seu livro de citações "O livro vermelho".