Post on 16-Jan-2017
- L, N l Dr:\ i:i f: AS CiË hlcu\5
exerr:pi,;" r; i*Co é rnaior do que as pfiÌ ií.Ì*, 'ïuasgrandezas igirais a uma te'ceira são iguais en-
tre si; a menor distância entre dCIis pantos éumâ reta. O axioma é urn prir:cípir: reguladordo raciocínio matemático fl, por ser universale evideirte, é a priori.
{Jrn postutrado é um princípio cuja evidên_cia ilepcncle de ser aceito por torlos os querealizam unla demonstração nratemática. Éuma proposição necessária para o encaclea-rnento de demonstrações, enrbora ela uresmanão possa ser clemonstrada, nìrìs aceita romoverdadeira. Por exe mplo: "por Llrìr pouto tr:-mado em um plano, não se pode traçar senãouma paralela a ulnff reta clada ïïessfi plano',.os post*lados são convenções básicas, acei*tas por todas os maternáricos.
{Jrna definição poele ser nofi}inal ou real.,A
,"Í1,Ë4nição nominal nos dá o *orne do otrjetot@mático, dizendo o quo ele ó. E nrumxíti-qiãr" pois c predicado é a explicitaçac do su-jeito" Por exemplo: o triângulo é umâ figuraçÌe três lados; o círc*ïo é uma fìgura cujospontos são eqüidistantes do cnntro. I-rma cle-Íìnição real nos cliz o que é o objeto designa-do pelo nofile, isto é, oferece a gômese ou omodo de construção clo objeto. por e,xemplo:o triângulo é uma figura cujos ângulos so-rnados são iguais à soma de dois ângulos r-e-tr:s; o círculo é uma figura formacla peloïïlovirnento de rotação de um senri-eixo àr,'nlta cle um centro fixo.
Demonstrações e operações são procecli_rnentos submeticlos a urn conjunto cie regrasque garantem a verdade e a necessidade doQuç está sendo demonstrado, ou do resultatlodo cálculo realizado.
A maternática é, por excelência, a ciênciahipotótico-dedutiva. porque suas demonstra-ções e cálculos se apóiam sobre um sisternade axioï'as e postulados, a partir dos quais seconstrói a dedr"rção coerente ou o resultaclonecessário do cálculo.
[Jm tema muito disc*tido na Filosofia dasciências refere-se à natu reza cos objetos eprincípios matemáticos.
São eles riínii ab:,i;'ação e uma purilìcaçãçdos clados de nossa experiência sensível? ürj-ginanr-se da percepção? Ou são realiclarlesideais, alcançadas excÍr-rsivarnente pelas ope_rações do pensainento puro? são inteirarnentea priori? trxistem erìt si e.por si mesmos, cÍetal *rodo que nossCI pensâmento silnplesmen-te os descobre? flu são construções perteitascCInseguicias pelo pensamento humano? Es_sas perguntas tornaraüï-se necessárias p(}rvários motivos.
Em prinreil o ìugar" llorq ue uma correntefilosótìca, iniciada corn pitágoras e platão,manticla por Calileu, Descartes. ir{er,vton eLeibniz, afìrma que o mnnrio é em si mes_mo nlatemático, isto é, a estrutura da reali-dacle é de tipo rnatemático. Essa co*cepçãogararrtiu o surgimento cla.física maternáticamoderna.
Ern s*gunclo lugar, porque o clesenvolvi_mento da rílg*bra cantemporânea e clas cha-rnadas geornetrias não euclicíeanas (ou geo_nretrias imaginárias) deram à matemáticauma liberdacÍe de c'iação teórica sem prece-dentes, justamente por haver abandonado aidéia de que a e strutura cla realidade é rnate-miítica. Nesse segunrJo caso, como já diziaKant, a rnatem á,tica é uma pura invenção cloespír'ito humano, Lrrna construção irnagináriarigorosa e perfeita, mas sem objetos corïes-pondentes no muudo.
Em terceil'o lugar, porque, em nosso sécu*lo, o áìva'ço da criação e cla construção rnate-máticas foi decisivo para o surgimento cla teo-ria da relatividacle, na física, cla teoria das va'Iências, na quírnica, e da teoria sobre o ácicÍodesoxirribonucléico, na biologia. Em outraspalavras, quanto mais avançou a invenção e acriação matemática, tanto mais ela tornou-seútil para as ciências da hlat'rez a, fãzendo comQUe, agora, tenhamos que indagar: Os objetclsmatemáticos existem realrnente (corno queri-am Flatão, Galileu e Descartes), formando aestrutura do mundo, ou esta é tima pura cons-trução teririca e por isso pode valer-se da cons-trução rnaternática?
ffi mmnmpm dms fr[&firffifrffis dffi ffim{ssrffiãffi
As ciônçias da Natu riz'à estudatn cluas or-
dens de fenômenos: os Íísicos e os vitais, ou
as coisas e os organismos vivos. Constitllenl,
assirn, duas grandes ciências: a física, cle que
fazem pal"te a química, a mecânica, a óptica, a
acústica, a âstronotnia, o estudo clos sólidos,
líquidos e gasosos, etc., € â biologia, ramifi-cada ern ïisiologia, botânica, zoclogia, paleon-
tologia, anatomia, genética, etc.
Hm qualquer das trôs concepções de ciêrl-
cia que virnos no capífulo anterior, considera*
s* que as ciôncias da Naïureza:
o estuclam fartos observáveis que poclerxÌ ser sub-
metidos aos procedimentos de experimentação;
CI estabelecem leis que exprirnetn relações ne-
cessárias e universais entre os faios investi-gados e que são de tipo causal;
6 concebern a Natureza como um conjunto ar-
ticulado de seres e acontecimentos interdepen-
clentes, ligados ou por relaçõe s necessárias de
c;ìusa e efeito, subordinação e dependôncia,
ou por relações entre funções invariáveis e
ações variáveis;
o buscarn constâncias, reguiaridacles, freqüên-
cias e invariantes dos fenômenos, isto ó, seus
modos de funcionamento e cle relacionanlen*
to, bem como estabelecem os mcios teóricos
para a previsão cle novos fatos.
neícle Aristóteles, as ciências cla lrJatureza
cïesenvolveram-se graças ao papel conferido
ìrs observações e, mais tarde, à observação
controlada, isto é, à experimentação (* labo-
ratório coïn seus instrutnentos tecnológicos de
precisãa e meriir{a}. A experimentação é a dr-cisão do çientista de intervir no curso de r-lm
fenôrneno, rnodificanclo as condições de scu
aparecimento e desenvolvimento, a fim de en-
contrar invariantes e constantcs que clefineill
o cbjeto camo tal.A experimentação permite as cientista for-
mular hipóteses sobre o fenômeno. urna hipó-
tese é uma conjectura racional f'eita após um
grande nútnero cle observaçõcs e cxperirnen-
tos; é Lrfiìa tese que precisa ser confirmetda ou
verificada por meio de novas observações e
e xperimentos. A intervenção científ ica sobre os
funôlnerlos se torna çada vez mais açura,Jâ, gfíl-
ças à invenção dos objetos tecnológiccs de pes-
quisa (balanças, termômetros, fertnostatos, ba-
rômetros, aparelhos para proeluzir vár:uo, mi-
croscópios e telescópios, cronômetros, tubos e
curvetas, cârnaras escuras ou ilurniriadas com
raios especiais, cümputaclores, ete.)"
O rnétodo experitnental é hipotético-induti-
vo e h ipatétiç o - $e du f i vo. Ë{ipofdfËc'o-ixnd g*iv* :
o cientista observa inúrneros fatos variando as
condições da observaÇão; elabora urna hipóte-
se e realiza novos experirnentos ol"t irtduções
parâ confirmâr ou negal a hipótese; se esfa for
ccnfinnada, chega-se à lei do fenômeno estu-
clad.o. Ffipot-ófico-dedntivo: tendo chegado à
lei, o cientista pode formular novas hipóteses,
clecluzidas do conhecirnento já adquirido, e com
elas prever novos fatos, ou fonnular novas ex-
periências, qrie o levam a cotthecitnentos no-
vos. A lei científica obtida por via iridutiva au
dedutiva permite descrever, interpretar e com-
preencler um campo cle fenônìenos selnelhart-
tes e prever nüvos, a partir clos priine iros.
A previsão é tìrnáì das maneiras pelas quais
o icleal moderno da ciência - dominar e con*
trolar a Natur ez,a - se manifesta e Se realiza.
Uma teoria çientífica permite construir obje-
tos tecnológicos para novas pesquisas e a pre-
visão ou previsibilidade dos fenômenüs per-
mite empregar as tecnologias com fins práti-
cos, criando a ciência natural aplicada.
Os objetos técnicos que usamos em nossa
vida cotidiana --_ ônibus, automóvel, avião'
cnpírulo 3 - .r
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lânipad:i" ìiqiririi fica-dor, máquina de {j,Ìii ; i,'i"l i .
de lavar, de cosrurai-, reïógios digitais, rádic,televisão, vícleos, aparelhos de sülrì, cletergen-te, sabonete, desodorante, cola, aclesivos, ob-
.jetos plásticos, de lauça, vidro, tecidos sinté-ticos coïl:o nïlon e paliéster, vacinas, ântibió-tìcos, radir:grafias, vitamirlas e proteínas cnleág:sulas, etc. -* são ciência aplicada ou re-sultaclo prático de ciências naturais teóricas.
:
ffi*mmmmüe$mde m ffi{Jffisffi
À ciência rJa l,iatureza, clescle sflus iníciosgregos, scr]ìpre afirmoil que a Nature;:a segueÌeis naturais racionais e necessárias, isto é,
sempre negou que horives$fl aca$o ou contin-gôncia rxo llìundo natural.
ü ac*sct se]ïÏpre f*i cçliocado s*i,' dua$; es-
pdcies Ce fat*s" srr f*tos cqja fiiïusa ainde pcr-iìraìnece dcsconhecicla, mas virá a ser conhe-r:ida {pr:rtantü, ü acasü d apcnas unla formacle ignorância); ou acontencilnf,ntos ineiivieJr:-eis, conlo, p{}r exemplü" Llïïtr vaso que cai so-bre a caiteça de um passante (portanto, o &ca-
so é apenas urì1a ocorrência singular que nãoafeta as leis universais da ï{atureza).
Fio século XïX, a afirrnação da universali-dade e da neçessidade plena que governam aS
relações causais da |Jatureza levaranì ao cotl*r:e ito cle deterrninismro. O determinislno padel;er resumiclo da seguinte maneira:
s clad* um fenôrïìeno, seïÌlpre será i:*ssível de*terminar sua causa necessária:
w conireciclo o estacÌo atual de um conjunto de
fatos, seffipre será possír'el collliecer o estadosubseqüeïìte, que será seu efeito necesíário. Enloutras paial'ras, o deternlinismo afìrrna quepodemos conÌrecer eìs causas de um fenôrnenoatual lista d, o estado antedor de um conjuntorie fatos) e os eieitos de urn fenômeno atual (istoé, o estado posterior de urn conjunto de fatosl.
A formuïação do determinisnlo como prin-cípio universaÌ e corno uÍïa doutrina sobre a
.r// tt,
)
Ildatureza Í--bi teit*, iiuii:r ;ii'imeira vf,z, pelo as-
trônomo e físico Laplacc, qlrc oscreveu:
üeven'tos cortsid€rür o esÍarlo presettte do Uni-let'so cot?to efeito rle seu esldtlo nas.ratio € c'olno
{:'ttLtsü tíat1uí[rs rpte virá a seE,uir: Unvr iiiteli-gênciri que, rtuitt únit'o ins,t*nle, putlesse us-
nhecer lodcts cs fiirç*s existetzles nn Nature:oe (ts l)osiçots de todos os .çeïes tlue rzel* e"ïr'J-
ïem trtrtderi* üpresenrür nuÍltü ún{tu formulut.irïtü lei que engIolsariu lotloJ í]J'rir$]tíntento,s
do IJ niversú, desde os msiore s ulé os minimose itn,i.çíve is. Prtra ela, trcttla seria íncerlç €, {to,ç
seu,r olht;s, o trsassudo, o futurrs e o prssenÍeseriant uru rínico e só lernpo.
O cle terrninisrno universai é, assirn, a afinna-
ção clo princípio da razãa suficiente, ou da cau-salidade, e da icldia de previsibilidacÍe absolurados fenôrnenos naturais. As leis naturais expri-rnefii essa çausalieiacÍe e essa previsibilidacÌe e,
por isso, não existe ac.iiso n* {-lnivetso,[iviCentemen{e, o cientista aclixritia qi:e, pare
nól;, sÈres humanos que não SlorÍflmos conhe-cer de uma só ve.z a totalidacle clo real, existiao aÇaso. Caminhando pür ì"lmâ rlia, para ir aomencado, posso pat;sar sob uma janetra, da qrialdespenca um vaso, que cai sobre minha cabe-
ça e, eÍr vez cle ir ao merciìclo, vou parar nulnhclspital. Fìoi um ;ìcaso.
l*ío entanto, paraesse cientista. minha icla peia
ruit ê. nece ssírria do ponto cle vista cin anatorniae ctra fisloiogia de ftieu corpo; tr]assar por urnarua determinada ó irecessário se, por exempio,ficar estabelecido geométrica e geügr;rÍìe amen-te que é o trajeto mais simples e rnais rápidr:para chegar ao rnel'caclo; peia posição rlo vaso
lia janeìa, pelo vento ou pela toqu* cle alguinacr:isa nele, é necessário, segundo a le i univer-sal ila gravitação, que ele caia. ü que é o aca-so? ü encontro fortr-rito de séries cle acoriteci-mentos independentes, cada t{rna delas per:fei-
tarnente necessária e causal ern si mssma.um outra situação em que se falava cle acâ-
so refere*se aos chamados 'Jogos cle azaï",romü cara-e-coroâ, roleta, certos jogos de car-tâs, o jogo de dados. üra, dizia o cientis{a, aqui
tambéni ;,"'r i:íi rr*priamente acâ5t;' '-'''::liÌ* í-)
séçulo XVIï, coïïl pensadores toülü ï);lseal"
Leibniz, irjelviotl e, pcsteriarrrlente. Fet'tttat,
Conheceínos os estudos mat*rnáticos cltama-
ctros cálculo de pnobabilidades. Em cacla u$Ì
desses 'Jclgos de ar,ar", cotrsideratrdo o núme-
ro de objetos (uma moeda, dois dados, vinte
catrfÍts, ete .), o núrnero de jogadçres e o núnle-
ro de pafiìdas, ó possível calcular todos os re-
sultaelos possír'eis e quais são as probabilida-
des maiorcs e filen*res ele cac-la resultado. Para
um cofilputarl*r, por exemplo. não haverá âca-
so algunÌ, ffìas deterniinisnio complefo'
A idéia de necessidacle prolrabitrística otl es-
tatístìca tornou-se um instrurnento teórico de
grancle importância para aqueïes ramns clas
ciências naturais qo* iirl*In com fatos complc-
xos, como, por exempio, a estudo dos gases,
petra química, pois, nÊssc caso, o núntero cle
moléçulas é qilase iliÍnitado e 1s-rel1tões
de
*ar,rsm e efeito sórpodem ser *@*jïïi$*::*ury"tistieeurlsnfe, pnlo cálçul* de prbÌrabílidad*s. As
treis assim obtidas são çonheçidas conl o noflle
r{e l*is clos gnmxrdes múrmerss e se exprimern
em Br$ico$, curvas, relações entre ftrnções e
variávêis, módias. Com essas leis, ü acaso es-
tava excluíclo e os dois princípios do determi-
nismo estavam mantidos, ainda que, no caso
dos fenômenos nricroscópicos altanrente com-
plexos, a noção cle causa tivesse sido substittl-
ícla pela cle freqüência estatística"
&smsm mu fr rarfletermflrlaçffi m
A física contemporânea, flo entatrto, trouxe
cle volta o acaso. Entre os r'ários estudos e vá-
rias teorias contemporâneas, vamos mencio-
ner apenas três aspectos coln os quais pode-
rn$s perceber como e por que o acaso ressur*
giu nas ciências naturais'
O pleno funcionamento do princípio da ra-
zão futiciente ou cla causalidade s do deter-
minismo universal exige que seja mantieÍa a
idéia de substância, isto é, de *ma realidade
que pefinaneça idêntica a si rnesïïlâ, seja cau-
sa cle algurnn ç; i'r, iÌ el*ito cle alguftlrÌ olrìi
Essa rea'liciade pctïc ri-'í tlllla matória. Llïlltì
energiit, uïna tnassa. um vcluffie, nÌas tem qr-re
ser algurna coisa conl prüpricdaclcs deternri-
náveis, constantes e qur püssalll sel'cotlhcci-clas" iler'fl ser urna qtl*x'atídaelc constaxl€e el
üu urra f*rrnm *enstaxlfe. *ra, A microfísicaou física qLrântica veia mcstrar Qtre rlão há nerrl
Lima coisa e nelll outra.O estudo do átomo qje hidrcgânio revelotl qlre
a quanticlade de matéria *u tïìasSa nãg pel"ïÌla-
i1eçe COnStante, iltAs ïransfq:rÍ1l3-Se enl cirergia,
e esta tanrbém nãO permaï]ece CCtrStante* Ínas, o
que é pior, não se fl'ansfornla eín coisa alguma:
simplesrlente se perCe, dcsaparece. não se saï:çr
parâ oneie foi, nem o tìuc }he acontccett' A quan-
ticJade, poitanto, não ïirï {ï}anece constante'
AO n-lcsrno tentpp, t] e"ctttda; clOS átOlTÌLlS 1'e-
velcu que, clependend* cla aparelhagem
tecnológica usada, uffi çorprisculo ó o c1*e pod*
s*r visto, ïnas, corn otitrcs aparelÌros, ent lu-
gar de unt coï:púscuÏo" vê-se ïlïï}fi anda' Corn
iun*, ulna trr*r*u re aiíclat!* au substânçia- tan-
to poclt* ter a forrna c*e algr; qïje se estende no
*tpnço (onda), quanfo a ctre urn ponto que .se
concentra no espaço {*orpúscuì-o), não tendc,
portanto, forma constanie.
Se quantidade e forrna perdem a constân-
cia, a regularidade e a freqüência, como con-
tinuar falando ern câusas e efeitos?
trJm segunclo caso, que abalou a física e ficoil
conheciclo com o norne de princípio de irecer-
t*na ou de indeterwrinaçffis, foi trazidr: pelos
estuclos do ffsica }{eisesberg ao descobrir qlie,
no nível atômico, comCI ccnseqüência elos clais
fatos qìÌe apontamos acima, cç:nhecel o estaclo
orl a situação atual rje urn fenômeno, ou Lìín
conjunto de fatos, não permite prevel: a situa-
ção ou o estaclo scguiíÌte, nem' portaitto, des*
óobrir-qual foi a situação ou o estarJo anterior.
o determinisrns baseava*se no pressuposto
de que o conhecimento Íïsico causal exige que
um fenômen0 físiço cleva s*r conhecido a pâr-
tir dç ilois critérios sirnultâneos: suas prcpri-
eciades geométricas (forma. figura, vclutns'
grandeza, posição) s suâ$ prapricclades físi-
,!1i:iiiililirl/1;iiii:ì'rl
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?Õ42#5
cí1s ou dinârnicas (v*ìcciilitt'1,,'" movimento, re-pouso). Heisenberg descobriu que, quando co*nhecemos perfeitamente as prapriedades ge-
ométricas de um átomo' não conseguirnos co-nhecer suas propricciades físicas ctinâiiiicas e
vice-ver sa, sencïo irnpossír'e I determinâr o fls-taclo passaclo e n cstado futuro do fenôrncnoesturjacÌo, isto é, suas causas e seus efeitos.
Em outras palavras, quanclo se conliece aposição, nãü se consegue conhecer a veloci-dade, e quanclo esta é conhecida, não se con-segue conhecer a posição de urn corpúsculo.Há, portAnto, incerteza, incletenninação do fe-nômeno. A microfísica é incap az de de ternii-nar a trajetória de corpúrsculos individuais.
O terceiro acontecimento que abalou o ele-
terminismo universal Íoi a teoria da relativida-de, elaborada por Einstein. O abalo foi cluplo.
Em primeiro lugar, como vimos, a ciênciamoderna organizou-se graças à separação en-tre o subjetivo e o ob.jetivo, propondo umaidéia de observação-experirnentação eïn queo fenômeno observado será sempre o mesnloe obedecerá às mesmas leis, seja quem for osujeito observador.
Ora, Einstein clemonstrou que o tempo é acprarta dimensão clo espaço e que, na veloci-dade da luz, o espaço ëncurva-se", "dilata-se ","contrai*se" de tal modo que afeta o ten"lpo.Assim, alguém que estivesse na velocidade daluz atravessaria num tempo rnínimo um espa-
ço imerìso, mas os que ficassem abaixo rJa-
quela velocidade senfiriam o tempo escoar len-títrìlente ou "rìormAlrÌÌente". Para a prinreirapessoa, teriam se passado algulnas horu, oudias, mas para outros, anos, meses, séculos.
I)essa maneira, Einsfen demonstrou que nos-sa física é tal corno é porque depende da posi-ção do obsen'ador ou do sujeito do conheci-mento, isto é, um sujeito do conhecimentotnarciano ou venusiano prod uzirá, uma físicacompletamente diferente da nossa, porque oespaço é relativo ao observador. Assim sendo,nossa ciôncia da Natuteza não é úniversal enecessi,íïia em si mesmao mas exprime o pontode vista da sujeita do conhecimento terrestre.
c-.r n;r:gt;ncio abalo pfOVOCaci,; 1-l-,i Einsteinrefere-se à pr'ópria idéia de teoria científicada lrtratu teza.
Uma teoria científica, como vimos, é umaexplicação global para urn conjunto cle fa-tcs naturais aparentemente cliferentes, mas,na realidade, submetidos'às rnesülas leis e
aos mesrnos princípios. E isso que permite,pür exemplo, falar na teoria universal dagravitação, formulada por Newton, válid;rpara os rnovimentos de todos os corpos doLïniverso, sejam ele s grandes ou pequenos;,
leves ou pesados, celestes ou terrestres,aquáticos ou aéreos, coloridos ou sefiÌ cor"saborosos ou se Ín sabor, etc.
l"antbém a idéia de teoria nos permite falalna teoria universal da relativiclade, elabaradapor Einstein. Que cliz eia? Que a rnedida d;r
velocidade do movimento, seja este qual for, ó
Albert Einstein { 1 879-19b5} esráindissociavelmente ligado à física doséculo XX: suâ teoria da relatividade nãoso substituiu a da gravitação universal,de Newton, como é considerada porrnuitos como a mais perfeita e estetica-nnente a mais bela criação de toda ahistória da ciência.
a velocidade da luz; QLiu, i;*:;i;t velocidade, toda
matéria se transforrna cm energia, deixando,
portanto, de possuir massa e valume. Do ponto
de vista da vetrocidade cla lttz, a teoria da gravi-
tação universal, baseada na relação etrüe rnovi-
mento, massíì, tetnpo e vetrocidade, rtão tem va-
L*r, embora coiltinue verclacleira pzu"a os movi-
lnentos que não sejam rneclidos pela veloci-
dade cla luz. Mas não ó só isso. Do ponto de
vista da velocidade da luz, todo movimento é
relativo, isto é, não há como clistingrril obserua-
clor e observado (fenômeÍìo que experimenta-
mos eÍn nossa vida cotidiana, quando, estando
numa estaçãr: ferroviária, nunt trem imóvel,vgnlos outro, paralelo ao nosso, mover-se, e te-
mos a impressão de que é nosso trem que está
em movimento; ou quando, olhando uur rio ve-
loz do alto de utna ponte, ternos a irnpressão de
q$e é a ponte que se ïnove e não o rio)-
, , Qual o problema? A existência de três teori-;,.as físicas simul"tâneas quântica, para CIs./átornos; a newtouiana, pâra {)5 çorpos visívets;
a ela relatividade, para o movimento na velo-
cidade da luz -, regidas por çonceitos e méto-
dos diferentes, excluindo-se umas às. outras e
todas elas verdacleiras para os fenômènos que
explicam. E, mais: a física quântica desfaz a
idéia de causa como quantidade e forma cons-
tantes; e a física da relatividade desfaz a idéia
clássica da objetividade como separação enire
sujeito e objeto do conhecimento, base da ci-ência moderna. Em.lugar de um único paradig-
ma científïco, a física nos ofereÇe três !
&s çi&ntifis da vida
As ciências biológicas (&ios, effi grego, sig-
nifica victa) ou ciências da vida fazem parte
das ciências da Ìr{atureza ou ciências experi-mentais.
Osprirneiros hiólogos foram médicos: os pré-.:r
socráticos Empédocles ouAnaxágoras, e o pós-
socrático Aristóteles. Para todos eles, interes-
$ava, antes de srais nada, determinar a fonte ou
origem da vida e a localizaram no çalor, dan-
üÉi.f)í-ïUL() 3 - "AS CIENCIAS nÃ. N;\TUÍìEZ'r\
r-1r., iì'iu cümo sede o fígad$ i; r;'rpi:rì*cles) ou ocoração (Anaxágoras e Aristóteles). Além da
busca do princípio vital, Aristóteles interessou-
se pelo fenômeno da reprodução, distinguindoos seres vivos em vivíparos e ovíparos. H a ele
cJeveuros a classificação dos seres vivos errÌ
gêneros e espécies.
Do século XVIï até a primeira rnetade do
séçulo XX (1939-1940), predominou na biolo-gia a investigação fìsiológica. A fisiotogia in-teressa-se peias funções realizadas pelos seres
vivcs: circulação do sangue (com Harvey),digestão {com Réaumur e Spallanzani)', respi-ração (com Priestley e Lavoisier e locomoçãoou neuromusculatura (cam Haller, V/hytt). Aseguir, o itrteresse fisiológico dirigiu-se para
o estudo do funcionamento específico dos r'á*
rios órgãos e seus tecidos e, finaïmente, para â
investigação das células. Foi no estudo celu-lar que, no século XIX, Mendel deu iníçio ao
que iria tomar-se o centro da biologia do nos-
so sécnlo: a genética.
Todo problema epistemológico clas ciênciasbiológicas consiste ern saber se os procedi-
mentos e os conceitos usados pela fïsica e pelaquímica podem ser empregados para a inves-tigação do fenômeno da vida.
De fato, a biologia partiu da distinção entre
seres inorgânicos e seres orgânicos - plantas
e animais - para distinguir os fenômenos vi-tais dos fatos físicos e quírnicos. Entretanto,dois acontecimentos puseram em dúvida a 4*t-continuidade entre a matéria (inorgânica) e a
vida (orgânica). Em primeiro iugar, ro século
XtrX, a síntese quírnica da uréia, que revelou
fenômenos químicos como essenciais ao pro-
cesso vital, dando origem à bioquímica. Ern
segundo lugar, em nosso século, a descoberta
das nucleoproteínas revelou que os corpos quí-
micos (as xnoléculas) e os corpos vivos (as
cólulas) comportatn-se da mesma maneira. Os
estudos de bacteriologia, dos corpos catrcerí-
genos, assim como os trabalhos de embriolo-gia e a descoberta dos vírus foram na mesma
direção, revelando profundas semelhanças en-
tre fatos químicos e vitais.
{JNIDADË7-ASC!ËNCIÂS
2fi6 2#7
. rìeprodução: a célula tem o poder de repr.o-duzir-se e a reprodução *:::::lll"^:: l: DiÍiculdades metodológicasou pela fusão de certo tipo especral de células j ,
(os gametas femininos J.";"ii;;;. ;,;;; da biologiachamados organismos unicelulares, pela auto-reprodução da célula, sem a função sexual. A As ciências biológicas enfrentam vrírias di-reprodução gaÍante a sobrevivência da espé- ficuldades para a definição de seu objeto e decie através dos indivíduos; seus métodos. As principais dificuldades são:
cApíruLo3-AÉ ffiFÉn_ _. ._,,. - * cqpírulo s - as ctÊN,ctAs DA NATURÊZA---ffisl-I definição e d*ss!{ïcação dos objetos i:loló- mais fenômenos iísico-químicos e está,
gicos: o objeto da biologia não é o indivíduo, como eles, submetida ao determinismo das
mas o gênero e a espécie. As dificuldades cien- causas e efeitos, ou é um fenômeno totalmen-
úficas estão na escolha dos critérios de classi- te diferente, corn suas leis próprias? A pri-
ficação para definir um gênero e uma espécie. meira tendência chama-se mecanicismo; a
É u iot-u dos seres vivos que deterrdina o gê- segunda, vitalismo.
nero e a espécie? Nesse caso, o critério é a Ovitalismotendeuaservitoriosoporinvo-
morfologia. Ou é a ordem temporal de apari- car dois fenômenos que só existem para os
çãodeumgêneroeumaespéciequedevesero seles vivos: arelação como tempo (diferença
óltgriot Nesse caso, a paleontologia e a em- entrevidaemorte)eafinalidade(avidaéumbriologia definiriam gêneros e espécies; processo ativo de interação com o meio am-
biente para arcalizaçáo de fins como conser-
e dificuldatles do método experimental: a vação, reprodução, reparação)'
vida é uma relação ativa, dinâmica e diferen- O vitalismo é filosoficamente problemáti-
ciada dos organismos com o meio ambiente, co. De fato, durante muitos séculos, para ex-
mas o coúecimento experirnental é realiza- plicar a temporalidade e a flnalidade dos Í'e-
do em iaboratórios, que definem condições nômenos vitais, afirmou-se a existência, nos
fixas para o relacionamento organismo-meio. corpos vivos, de almas ou inteligências, que
Comó confiar inteiramente nos resultados dirigiriamracionalmenteavida'Mesmoafas-
experimentais, se as conüções de laboratório tando essas idéias, a {ìnalidade não se toma
são abstratas e artificiais, não correspondendo um conceito cientificamente claro' Por exem-
à jtuaçao vital concreta dos organiimo?; plo, devemos dizer que é para poder voar (fï-- ^: ', naiidade) que os pássaros desenvolvem a for-
I diticuldades de experimentação.no,orga' ma ovóide de tfonco, a estrutura de ossos Ie-
nismo.humano: de modo geral, aexperimen- ves e ocos, aleveza do pescoço e da cabeça, a
taçãobiológicatrabalhaco;animaise,nãocom disposição das penas nas asas, ou, ao contrá-
seres humúos, e o primeiro problema consiste rio, que é por haver desenvolvido essas carac-
em saber se as conciusões obidas com animais tedsticas que, com o passar do tempo, os pás-
teriamvalidadeparaoorganismohumano.Pro- saros puderam voar?
crüa-se coiÌrpenr* tul dificuldade com o estu- os embaraços para definir com clareza o
do dos organismos humanos doentes, toman- que seja a finalidade Íepercute numa outra
do-se a doença como ulna espécie de "experi- idéia da biologia: a de evolução. Avida, por
mento natural". Mas o problãma, agora, é sa- ser interação ativa com o meio ambiente.' leva
ber se o modo de funcionamento de um orga- a mudanças nos organismos para a adapta-
;h-" ãgen; pode ser generalizado p*u o iu- ção dos indivíduos e a mariutenção da espé-
dio. o mesmo problema se põe quando a bio- cie. como essas transfonnações ocorrem no
logia estuda os^cadáveres humanos, pois cabe tempo e como se considera que os organis-
p"ïg*t* se o morto pode explicar o vivo. mos "progridem" ou "melhoram o desempe-
nho" graças à invenção de mecanismos no-
Finaridade, evor$ção ;Ïiii,,ï'ãlïi3i;i*";: iï,ïï'üïï";fx:e 0Íigem da vida pécie. Surge,_então, a.pergunta: o que leva a
vida à finalidade evolutiva?
uma disputa atravessou a história das ci- Essa pergunta é djfíc:l de ser respondida,
ências biológicas e pode ser assim formula- potqo" ã idéiu de gvolução se refere às espéci-
oar É a vida"de *"r*u natureza que os de- es 1não aos indivíduos) e pressupõe a noção de
..;r'l,rr.ifJ...r;..j': i:Ì,!ji:lÌ'!;
tt,'.iiÏ'::.i4.;::_1. al;;
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rfi:.'lllai.:F{c entttriii(). ;!-'-;.,:ìr das discussões sui,r*. ;i
essôncia da vida nã* tcrem chegado a coílclu-sões deÍ-initivas. a biolcgia distinglÌe os seres
incrgânicos e üs \rivGS definindo estes úItimospclas icÌtiias de cóNuïa e flunções realizaclas pe lacólu1a, unidade vital e orgâllica hásica. A viCacaracteriz-a-se pelas seguirrtes frrnçõcs:
w ürrËtaltilÍdade: unla célula ó uma ativicla-rÌe que ïeage e responde iìs excitações rìu e s-
tíinuïos clo meio arnbier:te *-_- temperirtura,iriz, obscuriclade, pres são, al inlent*. etc. AvirJa é rima adaptação afiva e pr*tetara dían-[e d*s alt*rações do rneio anr]:i*nte, Eenelo.
a.qsim, relaçã* do organisnlc com seu ambi-eil[e. na qual o ser vivo busca eqmitríbrto como meio" A rupïura desse equilíbrio é a rJoen-
ça e â rnorte;
ffi rffietafum$fisnas: a imitabilidarie ou adaptação. r' f n.
rro meio e t'eita por Llm conjunfo de tr*cas en*trt o *rganisrnnl fl o m*i*. A *dìuia assinrila rfransfarma aquilç r4ue consoïne sob a formacle aïimentação, respiração, assinrilação ouperda de substância, gastos *nergéticos, etc.(} metabolismo é, pois, um conjunto de trans-frrrmações químicas realizadas no interior clo
organisïno numa relação de troca e corìsilmoÇom o rneio ambiente;
a clivisão e crescinrent*: uma célula teln oproder de dividir-se, .ou seja, cle cresr:er paragarantir que o ser vivo atinja seu desenvoivi-mento próprio e tambérn para reparar clanossofridos pelo organisïïìo, coïno por exemplo atÌivisão e a multiplicação de cólulas daepidernie para curar um ferimento;
& in*lividuatris'Ë*sr-Ìa:" iiiìì ser vivo, rnesrnounieelular, forma uïït inclivídu*, isto d. um sis-tema único e fechado, cujas p;ìrtes se cones-ptrndem recipracarnente e conÇürrenÌ para â
mesïna ação;
âoE& or"gÍìnf,cËdmde: o s*r vivc ó constituíelo porórgãos (palavra quc vcrn d* gr"ego, órgrmon,instrumento que reaiira rnna função), isto é, porurn conjunto cliterenciado de funções, qrre ga-
rantem e conservação e a repïoclução da virJa.
O ser vil,o ó, pois, um organismo e uiïl indi-r,íduo. H portador cÍe quatro característicasprincipaÍs: a iuterioriclarJe. a auto-apresenïa-
Ção, a auíc*organizeção e a aLÌfo-reproduçrão.
Imferiorielade: realiza coïïportamentcrs, istoé, possui disposições int*rnas, que lhe pemri-tem relacionâr*se ativarnente com o rneio anl*biente. Amts-apreserntnçx*CI: maniÍ'esta-se coÍÏlilffira estrutura ou f,qlnna extnrna cornplefa, quepressupõe a existência *Íe estrilturas intei:ras
Xlarciais, çoïtl as quais CI ürgenisrno se aprosen*ta ccrno indivíduü e çoíno espá*ie diferente detoclas as outras. Auto-rlrgnmiuaç#o: é o resul-tarÌo cle um longo processo de evolução e acïap-tação ao meio, qtte pemite â um organismotornar-se cada vez rnais complexo e ter, internae externarnente, funções cada yez rnaisespecializadas para seus órgãos. Auto-r*pro-dnção: por meio cla função sexual, o organis-mo é c.apaz cle reproduzir um outro seu sefile-Ihante, perpetuando, tanto quanto possível, a
espécie; por meio da clivisão e da separação (nocaso dos seres que se reproduzem assexuada-mente), o organismo é, capaz de engendrar umoutro, semelhante a si, perpetuando-se.
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uNtDAnË7-Â,$iltÊNCTAS
heredimïlLjii;i'-!r, irlr: é, transmissão clo;; '.,iiì r;r.)
teres adquiridos por evolução a todos os lÌleln-bros da espécie. Com a idéia de evolução das
espécies e hereditariedade dos caracteres ad-quiridos, surgem novas indagações:
6 se a evolução não é do indivíduo e sim daespécie, porém, se são os indivíctuos qne são
levados a se transfonnar para se adaptar, o q$eé uma espécie?
@ se a espócie evolui, mas se o faz transmitin-do as estruturas hereditárias, o clue podem seras leis da hereditariedade, já que uma espóciepode rnuclar?
ü: se há leis da hereditariedade e se há muta-
ção das espécies, como se relacionam a l'ina-lidade hereditária e a finalidade evolutiva?
#ffi so g;prganisrno vivo é, como dizem a bio-quím$_$a e a gonética contemporâneas, umarnáqr$na que se constrói a si mesma e dá a simesr&â sua finalidade , o que significa a icléiade adaptação ao rneio, central na teoria dae vol ução ?
Questões conlo essas não invalidam a bio-logia como ciência, pelo contrário, indicamque esta não é um conjunto de verdades aca-badas e absolutas, mas um processo cle çonhe-cimento. For isso, a biologia também possuisuas rupturas epistemológicas e Íiuas revolu-çÕes científicas.
A mais recente dessas nrpturas e revoluçõesliga-se ao que se convençionou chamar de "des-coberta clo segredo da origem da vida", isto é,
a descoberta das nucleoproteínas" ou do ADI{_* ácido desoxirribonucléico -, defïniclo comocódigo genético. Essa descoberta, recentíssima(data dos fins dos anos 60), resulta do estudomicroscópico de açúcares e bases nitrogenaclas,que são macromoléculas constituídas pormicramoléculas chamadas aminoácidos {oDI.íA e o RNA), consideraclos, até o momento,responsáveis pelo fenômena da vida.
.Essa clesçoberfa i e ve;ï;r *1go muito novo: porum lado, que a vicla resulta de um processoquínúco, ïnas, por outro, que esse processo ó
uma ruptura que separa os seres naturaisinorgânicos e os seres naturais vivos.
No entarlto, os estudiosos do ADN não he-sitam em aflrrïlar qlre, embòra com esse coíì-ceito se possa construir um paradigma bio-lógico que tenha por modelo a cibernética ea informática (donde a ielóia de cóeligo gené-
tico), a existência e os modos cle funciona-mento do ADN são enigrnas e rnistórios e,
por enqnanto, a origem da vida parece terresultado de um puro acaso e não de umanecessidade causal, nem de uma finalidaclenecessári a.
O que é espantoso, porém, é que nìe smo sern
conhecer exata e rigorosamente os fenômenosinvestigaclos, a biologia genética já desenvolrveu teçnologias para a invenção de novos ali-rnentos, mutações ern anirnais e vegetais, a fa-bricação ele vacinas Çontra vírus, etÇ.
ffis dmil$ Wrffi$Bdms ffiffiËïrpos da bilmtmgim
A biologia contemporânea trabalha ern doisgrandes campos de investigação:
1. o da investigação genética e fisiológica nonível hiper-microscópico clos processos e for-nìas micromoleculares e, com ajuda da bio-quírnica, o estudo da célula em seus fenôme-nos internos e de reprodução, isto é, investi-ga o ADÌt{;
2. o da investigação das formas, das estrutu-ras e dos processos visíveis dos organismos'na relação com o meio ambiente, isto ó, o es-
tudo do comportamento dos seres vivos e, por-tanto, as relações vitais entre meios e fins. Temem seu centro a idéia de equilíbrio vital, en-tendido como conjunto de processos e funçÕes
que permitem ao organismo conservar-se e re-produzir-se.
"r
Sffi m pffi$$ívmEs çã#sr*Fms $xaxr"nrsmíçffis?
Embora seja evidente que toda e qualquer
ciência é hurnana, porque resulta da atividade
humana de conhecimento, ã expressão ciên-
cias hunaanas €k$;Sg*qggffi*têirr o próprio ser hutnatto cotìlo objeto. A si-
tdãç..-àïo ãe tais ciências ó muito especial. Em
primeiro higar, porque seu objefo é bastante
recetrte: o hotnem coïno otrieto científico é
:'*L:t}éi* b#&*Je-Sg**-ggsgstsle*sg:ekg-Maestudado nela fìilosofia.
ïegündo lugar, porque surgirarn depois
,r nuç as ciências matemáticas e naturais esta*
f .,la* corìstitgídas e já haviam definiclo a idéia
\ ** çientificiclacle, de métodos e conhecinren-
\ tor científicoso de modo que as ciências hu-
\*onu, foram leva6as a ir*itar e copiar o queI
/ aquelas ciências haviam estabelecido, tratan*
( do o homem como unla coisa natural mate-
\ matizável e experimentável. Em outras pala-ì
f uror, para ga'har respeiiabilidade científica,
Í ur disciplinas corlhecidas como ciências hu-
\ *unus procuraraltl estudar seu objeto empre-\gatrdo conceitos, métoclos e técnicas propos-
tos pelas ciências da Ì{atttreza.
dos ïorilâIítriír-:,' i,li;i{'o cotlt*stírveis ü tr-rr
cientí{icírs.Essa situação levou tnuitos cientistas e fi-
lósofos a cluviriar cla possibilitlacJe dt-' ciêrlcias
que tivessem o horuem cütllo abjeto" Quaisas principais objeções feitas à possibilirJacle
das ciências hurnanas?
* A ciência lida coffì fatos obserr'áveis. isl.o é.,
com seres e acontecirnentos qlÌe, nas condi-
ções especiais cle iaboratório. são objetiis de
experirnentação" Corno observar-expel itnen-
tar, p*r exernpìo, a consciência hutnana indi-vidual, qiln ssria o objeto da psicologia? Ou
unla sociedade, objeto da saciologia? Cu utna
época passada, cbjeto da histórialt
í** A ciência lida coilÌ fatos regiclos pela íleces-
I sidade causal au pelo princípio clo determi-I
;rrisino universaï. O homem é dotado de ra*
z,ãa, vontade e liberdade, é capaz de criar fins
e valores, ile escolher entle várias opçõe s pos-
síveis. Como dar ltma explicação científica
neçessária àquilo que, por essência, ó contin-
gente, pois é livre Õ age por liberdade'?
ciência lida com fatos objetivos, isto é,
os fenÔmenos, depois que forattt puritì-
fà n ciôncia busca as leis objetivus ge rais, uni-
bersais e nece$sárias dos fatos. Corno estabe-
leçer leis objetivas para o qrÀe é essençialmen-
te subjetivo, colllo o psiquisrno hutnauo?
C*rno estabelecer leis universais piu:a algo que
ó particular, eotno ó o caso de uma sociedade
lir;mar:a? Como estabelccer leis necessárias
paÍa o que acontece uma única vflz, como é o
caso do acontecimento histórico?
$ n ciência opera por análise (decomposição
I de urn fato complexo em elementos simples)
I e síntese (recomposição do fato cotnplexo por
l', seleção dos elementos sirnple s, clistinguinclo
[os essenciais rlos acictrentais). conro analisar
ì sinteLtzar o psiquismo hutnapo. tllllÍÌ stlcie-
clacle, unÌ acontecimeuto histórico?^/ Em terceiro lugar, por terern surgido no pe-
{ ríodo em que prevalecia a concepção empi-
{ rista e determinista cla ciência, tatnbérn pro-
\ curaram tr atar o objeto humano usanclo os mo-
\ a*tor hipotético-indutivos e experinrentais de
) esdlo empirista, e buscavarn leis cartsais ne-
\ cessárias e universais para os fe1ômenos hu-t***os.
Como, entretanto, não era possível re-
alizar uma transposição integral e perfeita das
méiodos, clas técnicas e das tecrias naturais
para os estudos dos tatos humanos, as ciên-
,,, cias humanas acabaram trabalhantlo por anâ-,,,' tcgin collL as ciências naturais e Seus resulta-
f.n\corn
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