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UNIVERSIDADE DO OESTE PAULISTA
MESTRADO EM MEIO AMBIENTE E
DESENVOLVIMENTO REGIONAL
POLÍTICAS PÚBLICAS E ARBORIZAÇÃO URBANA NA CIDADE DE PRESIDENTE PRUDENTE: ANÁLISE DAS ESPÉCIES ARBÓREAS NO
SEQUESTRO DO CARBONO ATMOSFÉRICO
Mestrando: Luciano Katsumy Osako
Orientador: Dr. Paulo Antonio da Silva
Co-Orientadora: Dra. Edilene Mayumi Murashita Takenaka
.
Presidente Prudente
2015
RESUMO
O presente projeto de pesquisa intitulado “Políticas Públicas e arborização urbana em Presidente Prudente: Análise das espécies arbóreas no sequestro do carbono atmosférico”, objetiva trazer questionamentos sobre a importância da relação entre a arborização urbana e o sequestro do carbono atmosférico. A área de estudo compreende o munícipio de Presidente Prudente – SP, tendo como recorte a área urbana. Objetiva-se também discutir o Planejamento Ambiental e urbanístico promovido por Políticas Públicas que tragam gestão sustentável e eficiente no município. Planejar o manejo correto das espécies arbóreas, compreendendo desde o plantio até a destinação e reuso correto dos resíduos originados das podas urbanas. A relevância do tema torna-se evidente quando entendemos os benefícios ambientais proporcionados pela presença dos elementos arbóreos na configuração da malha urbana. Será utilizado como metodologia para o desenvolvimento desta pesquisa, vários procedimentos desenvolvidos por meio de múltiplas metodologias. Ajuste e representação dos dados através da compilação de dados, realizando análise crítica e discussão dos objetivos do estudo, finalizando com a elaboração de artigos científicos e elaboração da Dissertação.
Palavras-chave: Arborização urbana; espécies arbóreas, sequestro do
carbono, Planejamento Ambiental.
1. INTRODUÇÃO
Historicamente, em especial com o início e desenvolvimento da Revolução
Industrial, as zonas urbanas passaram por um crescente e constante crescimento
populacional. Um grande êxodo se inicia quando o homem troca a zona rural pela
urbana. Uma das consequências mais severas foi o aumento exponencial da malha
urbana, a qual ocorreu de uma maneira desordenada, caótica e sem planejamento.
Inicialmente não havia preocupação sobre os impactos causados pela urbanização.
Consequentemente, um dos principais resultados disso foi a diminuição da cobertura
vegetal urbana.
A diminuição da cobertura vegetal no planeta caminha a passos largos. Os
biomas são impactados diretamente pela ação do desenvolvimento humano, sendo
que as zonas urbanas e suas áreas periféricas têm participação ativa neste
processo. O marco simbólico da expansão humana no desenvolvimento das áreas
urbanas se deu na Revolução Industrial. Nesta época, em 1700, quase metade da
biosfera terrestre era selvagem, sem assentamentos humanos ou uso substancial de
terras. A maior parte do restante estava em estado seminatural (45%), tendo uso
menor para agricultura e assentamentos (ELLIS et al., 2010). Na atual década temos
uma mudança significativa deste quadro. As terras utilizadas para a agricultura e
assentamentos urbanos aumentou de 5% para 39% (ELLIS et al., 2010).
A constatação notória é a de que a expansão habitacional e populacional,
realizada na maioria das vezes sem controle e planejamento, resulta na diminuição
da diversidade de espécies vegetais. O potencial de áreas urbanas para abrigar uma
quantidade considerável de biodiversidade precisa, portanto, ser reconhecido por
urbanistas e engenheiros florestais, de modo que haja práticas de manejo que
preservem e promovam a diversidade vegetal. Sobre a cobertura vegetal existente
no âmbito urbano, existe o conceito de floresta urbana, que é o conjunto de toda a
vegetação arbórea e suas associações dentro e ao redor das cidades, desde
pequenos núcleos urbanos até as grandes regiões metropolitanas (MILLER, 1997).
Desde de que a humanidade se expandiu exponencialmente, ela convive
com o enfrentamento de um problema cada vez mais crescente, em escala global: a
elevação dos Gases do Efeito Estufa (GEE). Entre os mais importantes gases estão
o dióxido de carbono (CO2), óxido nitroso e o metano. Dentre esses elementos,
dióxido de carbono (CO2) é o mais emitido: corresponde a aproximadamente 55%
das emissões de gases, em escala mundial. Cabe notar que o CO2 permanece na
atmosfera por cerca de 50 até 200 anos. Esse gás atua como principal resíduo de
poluição ambiental e contribui para o efeito estufa, consequentemente, o
aquecimento global. Isso coloca os biomas em risco, não só pelo aumento do nível
dos oceanos e suas trágicas consequências, como também na modificação de
caracteres físicos e biológicos do meio. Não há dúvidas de que mudanças climáticas
aliadas ao efeito estufa afetará, drasticamente, a biodiversidade como um todo.
O sequestro do carbono seria uma das medidas viáveis para mitigar esse
problema. A ação consiste na utilização da capacidade fotossintética que os vegetais
possuem de fixar o CO2 atmosférico, “sequestrando” o carbono atmosférico. O
conceito de sequestro de carbono teve sua criação no ano de 1997, em especial na
Conferência de Kyoto. Trata-se de modalidade que se enquadra no Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo (MDL), iniciando o diálogo sobre a diminuição e contenção
da emissão de CO2, elemento principal no efeito estufa.
Existe a necessidade de quantificar as espécies arbóreas presentes nas
áreas urbanas, bem como avaliar as formas corretas de manejo das árvores
existentes. Neste quesito, tais informações são vitais para estabelecer um plano de
gestão que englobe o ciclo de vida completo das espécies, desde o plantio, manejo
das existentes e supressão das que estiverem mortas. A manutenção rotineira
deverá ser realizada através de podas, requerendo a utilização de técnicas
adequadas que mantenham as espécies saudáveis. Enfatiza-se que as podas
urbanas geram resíduos que devem ter destinação correta para o reuso
ambientalmente correto.
Na verdade faz-se necessário a implantação de Políticas Públicas que
informe e eduque os cidadãos sobre a importância da arborização urbana. O caráter
oficial deste planejamento permeia a inserção dentro da esfera do poder municipal,
em especial ao Plano Diretor dos municípios, ou seja, de diretrizes a respeito da
arborização urbana em vias públicas, praça e parques, normatizando orientações
técnicas e administrativas. Especificamente, tal proposta busca a melhoria da
implantação da arborização urbana, propondo utilizar preferencialmente espécies
arbóreas nativas e com melhor desempenho para o uso urbano local, distribuindo as
que tiverem melhores características de plantio, adaptação e manutenção.
A amplitude deste projeto é considerável, pois sua linha de pesquisa
trabalha interdisciplinarmente – ou seja, as áreas dos domínios de Meio Ambiente e
Políticas Públicas, promovendo diálogo e inter-relação sobre a arborização urbana.
Nesse sentido, pretendemos propor um plano de ação direcionado a um
Planejamento Ambiental na esfera urbanística, o qual vise manutenção adequada da
diversidade de espécies arbórea em vias urbanas, bem como os seus potenciais
benefícios no sequestro de CO2.
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivos gerais
Avaliar os impactos ambientais gerados pela emissão de CO2 (Dióxido de
Carbono) no município de Presidente Prudente, contextualizando a arborização
urbana na atuação do sequestro do dióxido de carbono (CO2) atmosférico e resíduos
de poluentes atmosféricos.
2.2 Objetivos específicos
1- Levantar informações referentes ao meio físico em que ocorre a
arborização urbana no município de Presidente Prudente
2- Mapear e avaliar os tipos arbóreos mais decorrentes no complexo
vegetal urbano.
3- Avaliar métodos de quantificação de sequestro de carbono e como as
espécies arbóreas situadas na malha urbana atuam na captura do CO2 (Dióxido de
Carbono);
4- Considerando que o Brasil é rico em diversidades arbóreas, avaliar a
diversidade de espécies nos pontos de coletas para quantificação.
3. JUSTIFICATIVA
O crescimento exponencial da malha urbana caminha conjuntamente com o
aumento populacional e desenvolvimento econômico. A consequência para os
centros urbanos foi a diminuição drástica da cobertura vegetal. Isso acarretou
mudanças no microclima local, com prejuízo na qualidade de vida dos habitantes,
sem que houvesse ordenamento e reposição das espécies arbóreas pertencentes
ao complexo vegetal urbano.
O aumento exponencial da frota automobilística, bem como do setor
industrial, tem como efeito a alta emissão de poluentes atmosféricos, produzidos, na
maioria das vezes, através da queima de combustíveis fósseis. O dióxido de
carbono (CO2) é um dos principais elementos residuais presentes na atmosférica,
sendo um elemento protagonista na formação dos Gases do Efeito Estufa (GEE).
Torna-se evidente, e necessária, a busca de ações que proporcione a mitigação dos
impactos causados pelos poluentes atmosféricos, sobretudo do CO2.
O complexo vegetal que compõe a arborização urbana, ou seja, as espécies
arbóreas, produz, em seu processo natural, o sequestro do dióxido de carbono
(CO2). Essa ação biológica, nomeada fotossíntese, propicia a mitigação dos
impactos causados pela poluição atmosférica, em especial na captura do dióxido de
carbono (CO2). Portanto, a arborização urbana deve ter um plano de gestão
municipal que compreenda seu manejo correto. É necessário, por exemplo,
elaboração de diretrizes técnicas que viabilizem sua implantação, alinhados a um
ordenamento urbanístico ambientalmente eficiente no zoneamento do município.
A relevância do tema torna-se evidente quando entendemos os benefícios
ambientais proporcionados pela presença dos elementos arbóreos na ambiência
urbana. Neste aspecto, torna-se necessário que tanto o poder público quanto a
população entendam a importância da arborização urbana. A discussão de Políticas
Públicas sobre o tema torna-se vital e com caráter cada vez mais emergencial. Estas
devem fomentar um plano de gestão eficaz. Devem estar inseridas na escala local e
abrindo precedente para que possam ser utilizadas em vários municípios da região
do Pontal do Paranapanema. O objetivo é promover a sustentabilidade regional e
melhoria na qualidade de vida para toda a população urbana.
4. SÍNTESE DO REFERENCIAL TEÓRICO
4.1 Arborização urbana
O aumento exponencial da malha urbana caminha conjuntamente com o
desenvolvimento histórico do homem e o desenvolvimento econômico da sociedade
como um todo. O consequente e progressivo avanço do tecido urbano das cidades
produziu a diminuição da cobertura arbórea nativa, ocasionando desequilíbrio no
ecossistema local.
A arborização urbana necessita de um planejamento ambiental correto para
que possa trazer benefícios para a ambiência urbana. A definição de arborização
urbana se relaciona ao plano físico territorial apresentado por GREY & DENEKE
(1986): compreende-se como arborização urbana o conjunto de terras, públicas e
particulares, com cobertura arbórea que uma cidade apresenta. No complexo urbano
as espécies arbóreas nem sempre estão em quantidade ideal ou mesmo em
condições de vida consideradas ideais. A importância e as funções da vegetação
urbana estão relacionadas, dentro outros fatores, à paisagem, ao ambiente, onde
atua nos microclimas urbanos, e contribui para melhorar a ambiência urbana e a
percepção das pessoas (MASCARÓ, 2002). A ambiência urbana sinaliza
características adversas para as árvores, diferentes das encontradas no
ecossistema natural, consideradas ideais pois estão distantes das ações antrópicas
impostas pelo homem.
As espécies nativas são as que reúnem melhores características para
compor a floresta urbana. No geral, elas estão adaptadas ao clima local e com
resistência maior que uma praga exótica por exemplo. A diversidade das espécies
nativas deve ser valorizada na arborização urbana de um município, facilitando um
planejamento de plantio e manejo mais adequados. Cria-se também uma identidade
e valorização da fauna local, reforçando o sentimento de pertencimento às raízes
que uma população nutre por sua terra.
Espécies arbóreas que não são nativas podem trazer problemas ao
equilíbrio pretendido, estas chamadas de espécies exóticas: são aquelas que
ocorrem numa área fora de seu limite natural historicamente conhecido, como
resultado de dispersão acidental ou intencional através de atividades humanas
(INSTITUTO DE RECURSOS MUNDIAIS; UNIÃO MUNDIAL PARA A NATUREZA;
PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO AMBIENTE, 1992). A
população destas espécies exóticas passa a se tornar um problema grave,
sobretudo quando as mesmas estabelecem e passam a ter uma população auto
regenerativa, ocupando espaço das espécies nativas, o que pode desequilibraras
relações ecológicas. Segundo Grey e Deneke (1986), é aconselhável que as
espécies exóticas não tenham frequência maior do que 15% do total de árvores
plantadas.
A arborização urbana traz vantagens que mitigam os efeitos negativos da
diminuição do complexo vegetal. Para isso é necessário estudo e planejamento.
Pereira (1998) enfoca a necessidade de se fazer um planejamento cuidadoso para a
implantação de projetos de vegetação em ambiente urbano, através da análise de
todas as interfaces com os elementos construídos e seus diferentes usos. Nesse
sentido, é necessário que se estabeleça a preferência para utilizar-se de espécies
arbóreas nativas e com boa adaptação ao uso urbano, evitando que espécies
exóticas se proliferem e venham a comprometer o frágil equilíbrio ecológico que se
pretende.
4.2 Poluição atmosférica e sequestro do carbono
O termo “sequestro de carbono” teve seu conceito lançado no Protocolo de
Kyoto, uma conferência de âmbito mundial realizado em 1997, onde foi estabelecido
critérios para comprometer os países industrializados a reduzirem a emissão dos
Gases do Efeito Estufa (GEE). Deveriam adotar políticas e medidas de mitigação
capazes de fazer com que seus níveis de emissão antrópica de GEE retornassem
aos níveis de 1990, isso no máximo até o ano 2000 (MAY, LUSTOSA, VINHA 2003).
Embora isso, ocorreu a negativa em assinar este acordo por parte de muitos países
que, reconhecidamente, emitem altas taxas destes gases. O Protocolo trouxe como
ponto relevante a discussão sobre o tema em âmbito mundial, além do alerta incisivo
sobre os impactos causados, bem como riscos para a sobrevivência humana. As
emissões brasileiras anteriores de CO2 concentram-se em dois setores: o primeiro,
na queima de combustíveis fósseis, que libera 80 a 90 milhões de toneladas de
carbono por ano; e o segundo, na alteração do uso da terra, principalmente a
substituição de florestas e savanas por agricultura e pastagem, que libera,
anualmente, 200 a 250 milhões de toneladas de carbono (NOBRE, 2004).
A preocupação mundial sobre a modificação do clima global criou o interesse
cada vez maior em árvores para ajudar a reduzir o nível de CO2 atmosférico
(DWYER et al, 1992). A poluição ambiental destaca-se como um dos principais
aspectos a ser discutido por pesquisadores, entidades governamentais e pela
sociedade em geral (HORGNIES et. al., 2012).
A arborização urbana tem uma relação especial com a poluição atmosférica.
Por um lado, ela gera benefícios para o ambiente e, consequentemente, para o
homem. Porém, para desempenhar essa função, a integridade das árvores é
ameaçada. Para usufruirmos das vantagens de tal relação é necessário manter
árvores nas cidades, mas em condições que permitam, no mínimo, a sobrevivência
dessa vegetação (FIRKOWSKI, 1990)
Uma estimativa feita na cidade de Chicago apontou que o incremento de
10% na cobertura vegetal urbana pode reduzir a energia gasta com resfriamento em
até US$ 90 por ano por habitação. A Associação Americana de Engenheiros
Florestais estima que cada árvore propicie uma oferta de serviços no valor de US$
273,00/indivíduo/ano. O panorama atual em nosso país aponta para índices poucos
satisfatórios em termos de planejamento ambiental associado à arborização urbana.
4.3 Espécies arbóreas e o sequestro do carbono
As árvores são elementos únicos no controle ambiental dos adversos efeitos
que o meio urbano produz continuamente. Com isso, busca-se melhorar a qualidade
de vida da população, atuando diretamente na diminuição da temperatura local,
sequestro do CO2 e beneficiando a diminuição dos Gases do Efeito Estufa (GEE).
Esclarecendo, os vegetais, via fotossíntese, fixam o CO2, biossintetizando-o na forma
de carboidratos, sendo por fim depositados na parede celular (RENNER, 2004).
Portanto- além de melhorar a paisagem urbana, tanto no valor estético e climático, a
arborização urbana contribui de forma significativa na captura do CO2 O carbono
permanecerá estocado nas plantasaté que seja liberado novamente pela respiração
ou por outra transformação química (SAMPSON, 1989).
4.4 Políticas públicas e planejamento ambiental
As leis complementares 152/2008 (Lei de Normas para Edificações do
Munícipio) e 153/2008 (Lei de Zoneamento do Uso e Ocupação do Solo, da Área
Urbana do Município de Presidente Prudente) estabelecem diretrizes para o
ordenamento urbanístico no município de Presidente Prudente. Em conjunto essas
leis são responsáveis por orientar e fiscalizar o crescimento da malha urbana.
Porém, não há, em nenhuma delas, um Planejamento Ambiental e urbanístico a
respeito da arborização urbana. As opções de gestão devem centrar-se no aumento
da biodiversidade em todos os aspectos da floresta urbana, desde árvores de rua à
parques urbanos e bosques (ALVEY et al., 2006). Por isso, torna-se necessário
estabelecer o diálogo junto à esfera municipal sobre a importância do Planejamento
Ambiental e urbanístico, no sentido de caracterizar a arborização urbana como
elemento constituinte do Plano Diretor municipal.
O avanço do processo democrático no país, o aumento da capacidade
organizativa da sociedade e o ingresso na cena política de novos atores sociais têm
exigido um profundo repensar do Estado em relação ao Planejamento Ambiental dos
projetos de desenvolvimento (CAVALCANTI, 2001). O caráter emergencial desta
questão, e os impactos causados, coloca a sociedade sempre em posição de
decisão e ação para estes questionamentos. A poluição ambiental destaca-se como
um dos principais aspectos a ser discutido por pesquisadores, entidades
governamentais e pela sociedade em geral (HORGNIES et. al., 2012)
5. PROBLEMÁTICA E HIPÓTESES DO PROJETO
O presente projeto busca trazer questionamentos acerca da importância da
relação entre a arborização urbana e o sequestro do carbono atmosférico. Essa
ligação traz à tona a problemática causada pelos impactos deste elemento no Meio
Ambiente. O aumento constante e progressivo da malha urbana no município de
Presidente Prudente acontece sem que haja planejamento da arborização urbana. O
desenvolvimento econômico impulsionou o crescimento populacional e o
consequente aumento da frota automobilística e industrial, aumentando a emissão
de poluentes atmosféricos. O dióxido de Carbono (CO2) é um dos elementos
químicos presentes na cadeia dos resíduos da poluição atmosférica. Uma das
consequências mais notórias da emissão deste elemento para o Meio Ambiente é o
aumento do efeito estufa em âmbito global.
Neste sentido, o trabalho será produzido na perspectiva da afirmação
principal sobre importância da arborização urbana, e como as espécies arbóreas
atuam, de forma biologicamente natural, no sequestro do carbono, mitigando as
consequências negativas que esse resíduo atmosférico traz para o Meio Ambiente.
O estreitamento dessa relação é alicerçado quando há Planejamento Ambiental e
Urbanístico voltados a promover os benefícios que arborização a ambiência urbana.
Cabe notar que outros fatores podem ser elencados quando o complexo
vegetal urbano se faz presente. Por exemplo, o controle da temperatura através da
minimização das ilhas de calor formadas na malha urbana, além da composição
estética da paisagem, são afirmativas complementares e elementos de possíveis
pesquisas neste projeto.
6. METODOLOGIA
6.1 Caracterização da área de estudo
Figura 1 – Mapa do município de Presidente Prudente – SPFonte: Prefeitura Municipal de Presidente Prudente
Disponível em: < http://www.presidenteprudente.sp.gov.br/site/central_mapas.xhtml>
Acesso em: 10 out. 2015.
A cidade de Presidente Prudente situa-se geograficamente no extremo oeste
do estado de São Paulo, segundo dados do IBGE com população estimada de
222.192 em 2015. Encontra-se em posição geográfica considerada estratégica,
denominada “Capital do Oeste Paulista” e trata-se da maior cidade da região do
Pontal do Paranapanema. Caracteriza-se por possuir uma forte rede de prestação
de serviços, polo que agrega inúmeras e renomadas instituições Educacionais, rota
viária que interliga os estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, considerada
marco estratégico nas relações com o Mercosul.
O clima encontrado no Pontal do Paranapanema e isso inclui o município de
Presidente Prudente é de acordo com a classificação climática de Köppen-Geiger o
clima Tropical com estação seca (Aw), propiciando verões chuvosos e com invernos
secos e frios.
O relevo constituinte no município é o Planalto Ocidental Paulista, a
formação do relevo é baseada por colinas médias, amplas, morrotes alongados e
espigões, conhecido também como “Mares de Morros” da bacia do Rio Paraná.
Encontramos na vegetação constituinte e fragmentada do Pontal do
Paranapanema, características do Cerrado, a vegetação predominante segundo
FRANCISCO (1989), as florestas que se situam no Sudoeste Paulista se encontram
na região ecológica da Floresta Estacional Semidecídua, no geral, e, no específico,
na Floresta Estacional Semidecídua da Formação Adamantina.
6.2 Classificação e quantificação das espécies arbóreas
Será utilizado, no desenvolvimento desta pesquisa, alguns procedimentos
para classificação e quantificação das espécies arbóreas. Baseado na
Fitossociologia, segundo Martins (1991) esta ciência pode ser compreendida como a
parte da ecologia quantitativa de comunidades vegetais, envolvendo inter-relações
de espécies vegetais no espaço e, em alguns casos, no tempo. O método que será
utilizado para este levantamento será o método do ponto-quadrante, oferecendo
maior rapidez em sua consecução (DURIGAN, 2003). Este método baseia-se no
estabelecimento de inúmeros pontos em uma comunidade florestal, os quais atuam
como centro de um plano cartesiano que define quatro quadrantes (MARTINS,
1991). Serão amostrados 10 áreas aleatórias determinadas em pontos distintos e
diversificados dentro da malha urbana, cada área terá um limite quadrante de 20 x
20 metros, onde cada ponto estará equidistante a 5 metros e totalizando 25 pontos
de coleta de dados. Em cada quadrante é marcado o indivíduo mais próximo do
ponto central que atenda aos critérios de inclusão da amostragem e, em seguida, é
registrada a distância deste em relação ao ponto central do quadrante (DURIGAN,
2003).
6.3 Levantamento da biomassa lenhosa em pé
Será utilizado, no desenvolvimento desta pesquisa, alguns procedimentos para
obtenção de dados referentes ao sequestro de carbono fixo nas espécies arbóreas
do levantamento realizado pelo método de ponto quadrante. A metodologia adotada
será por levantamento dendométrico. Segundo Ferreira de Souza (1976) descreve a
dendometria como a determinação da massa lenhosa e das leis de crescimento,
numa árvore e num grupo de árvores ou maciços florestais. As variáveis
dendométricas a serem medidas são o DAP (Diâmetro de altura de peito) e a altura
total, esses dados fornecerão a estimativa do correspondente volume da madeira.
6.4 Forma de análises
Obtido o volume foi calculada a biomassa lenhosa em pé desses indivíduos
e o correspondente sequestro de carbono fixo (IMAÑA ENCINAS et al). A fórmula
para cálculo de volume da madeira será pela fórmula tradicional (IMAÑA ENCINAS,
1978):
Levantamento da biomassa lenhosa…
V = g . h . ff
Onde:
V = volume da árvore em m3
g = área basal da árvore em cm2
h = altura total em m
ff = fator de forma
A área basal (g) obteve-se através da fórmula: g = DAP2. (π/4). O fator de
forma (ff) será determinado pela relação ff = D10m / DAP (IMAÑA ENCINA, J. et al,
2002). A biomassa em pé será determinada pela multiplicação do volume de
madeira obtido vezes o correspondente peso específico da madeira. Através da
multiplicação da biomassa lenhosa em pé vezes o fator 0,5 (SOARES et.al. 2006)
será obtido o conteúdo de carbono fixo dessas árvores.
O estado fitossanitário será determinado pela observação do aspecto
externo da árvore e da qualidade de crescimento do fuste. Serão consideradas 4
classes fitossanitárias: morrendo, com lesão do tipo A, lesão do tipo B e saudável.
(IMAÑA ENCINAS, J. et. al 2002).
Com a obtenção destes dados o cálculo de carbono fixo poderá ser
efetuado, de acordo com cada espécie arbórea cadastrada pelo levantamento
arbóreo.
7. CRONOGRAMA
1. Revisão bibliográfica;
2. Análise de Documentos Oficiais dos órgãos oficiais;
3. Levantamento da Arborização Urbana na área urbana do município de
Presidente Prudente – SP;
4. Levantamento dos impactos ambientais causados pela emissão do CO2
(Dióxido de Carbono);
5. Trabalhos de Campo;
6. Visitas nas áreas onde determinados trechos de arborização urbana serão
analisados, para a verificação do fenômeno de sequestro do CO2, e como
contribui para a melhora da ambiência urbana;
7. Elaboração de mapas e gráficos, através dos levantamentos realizados nas
etapas anteriores;
8. Compilação, ajuste e representação dos dados;
9. Análise crítica dos dados e discussão dos objetivos de estudo;
10.Elaboração de artigos científicos contendo resultados parciais e finais da
pesquisa;
11.Elaboração da dissertação.
MesesEtapas 1 e 2 3 e 4 5 e 6 7 e 8 9 e 10 11 e 12 13 e 14 15 e 16 17 e 18 19 e 20 21 e 22 23 e 24
1 x x x x x x x x x 2 x x x x x x x x x 3 x x x x x x x x x 4 x x x x x x x x x 5 x x x x x x x 6 x x x x x x x x7 x x x x x x8 x x x x x 9 x x x x x
10 x x x x11 x x x x x x12 x x x x x x
7. RESULTADOS ESPERADOS
Esperam-se os seguintes resultados através da pesquisa:
1- Quantificar a incidência da arborização urbana, no município de Presidente
Prudente -SP;
2- Identificar os impactos ambientais decorrentes da emissão e presença do CO2
(Dióxido de carbono) no microclima local, identificando espécies arbóreas
com maior biomassa dentro da malha urbana com maior capacidade de
estocagem de carbono através do diâmetro de altura do peito (DAP, em cm) e
da altura total (Ht, em m).
3- Compilação dos dados e correlação entre os impactos e a área de estudo
analisada;
4- Discussão de Políticas Públicas como subsídio para gestão urbanística e
ambiental da arborização urbana.
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