Post on 30-Jul-2016
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6universos
Gianne LorenaLucas Wisniewski
Lis NogueiraElis Maria
Suely AndradeLucas de Meira
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Uma antologia poética, produzida pela poEsix, editora virtual, criada por leitores anônimos, que visa a publicação e a divulgação da cena contemporânea
brasileira.
6 U N I V E R S O S, 2015
A distribuição das cópias eletrônicas do livro são permitidas. Mas, qualquer utilização dos poemas, fotografias ou ilustrações, que fuja do formato aqui apresentado, precisará de autorização prévia dos
autores.
todossós?
cada umtoda vozcada um
todos nós
Gianne Lorena
abril
no vinilpelo universo, Jhon, diz:- nobody ever loved me like she does...
lembreida madrugada de Abrilde quando Costinha tocava Strokesde quando aviseique não haveria fim
fitou,e, como se não existisse o temposeguiu, me beijandoe, em quatro horaseu me viamando
à face de me perdere sem querer, querendome perdi no erroe nele, persisti
gritei pelas ruaschorei, com o peito ardendoe esse tal erro foi o acertoque mais me fez
sorrir
falávamos sobre autonomia...
...sobre o temposobre os nossos reencontros caseirose ele falavatãorápidoque pouco eu entendiamas, concordei, fisgando olhares sorrateirosvibração de pensamento, cosmologia...
rápidos dísticos sem rima:essa conversa me tonteiaapaixona e reanima
e a falta de grana,nos une numa intéra,pra uma Natasha, purana rua ou na tua caixa?
num sábado, n'outra caixa, pretasabe-se lá o que fazíamos lá(tinha que pagar para entrare era um pub qualquer)ele, acompanhadode uma ruiva, que, sei lá...e, eu, com meu novo namorado
lembrei da dancinha delee enviei uma mensagemcom um pedaço da musiquinha:eu quero ser cool mas não sei se deve darsó de ver toda essa gente aqui nesse lugare segui para o apê do meu namorado
e ele pro auêdo librianono rolê
da conduta, o desnorteio
"Já pensou? Em 2070, lembrarmosda década de 70 que não vivemos?"
diálogo corriqueirodaqueles meus, comigo:o mundo e as naus que nele naufragamprecisam, urgentementede um estaleiro
exceder limitestransparece a belezapra quem vivesóda mesma
vejo que esse tempoé da libidoe de olhares vulgaresque não enxergamque o amoré para ser
sentido
monanto
apenas imaginar e imaginaracima de nuvens afagadassob o céu de crepom, lilás:árvores consagrando gargalhadas
em olhos, diamantadosa natureza e o homem de mãos dadassob todos os olharesdo maltrapilho ao elegante
à luz de florescentes floresno branco, o notável:risos e faces diferentes, errantessob o mesmo céu, consolável
e, aqueles, julgados loucos por dançarmostrando a essência da vidaaos outros que fazem dela a desconhecidaapenas por não saber o que é imaginar
e imaginar
poesia de pires
quando eu era criançatanto ficava vermelhaque nem pareciamorena
mas o tempo espelhaoutras pessoasideias e palrações
mudam-se os refrões ep l u f t !estou moída
escuto cada coisa...porém, minha vida curtaé tomada e substituídapela mesmacoisa
e vou e voltoenvolta ao arroiohumanitário
- não sou adubomas parece interessante serperante o que escuteidaquelas todasque prezam o ter -
estou de qualquer ladosou um tanto amargae não sei por quetem gente que não larga
dizem que vicia,vicia nada!vicia o vícioque a mente iniciapensandono mascavo ouno cristal
não, não, nãoeu prefiro o normal
ser cafeínaé quase ser ninguémsó me sinto gentequando despertoneblinaque, na brumado meu efeitoconvém
alma tosse poesia branca
percebi minha boca caladacantarolar a (c)alma sensaçãosúbita: don't let me down
tenho fumado muitoe, no meu esôfagose formou um conjunto
minha gargantaum braço de violãocom três nós
ou
notas desafinadas, tosse brancatrês nós, olhos, lágrimasem pausas: don't let me down
Lucas Wisniewski
passeioI
quero dormir até virar pedrarepensar sobre o fim
recolocar tudo no seu lugarmudando todo o jardim
II
vou correr e bater na tua portaescrever errado em linhas tortasjogar os dados, apostar na sorte
pois minha única certeza é a morte
vou rasgar os panos que me cobremcobrar aquela velha dívida esquecida
esquecer que envelheço a cada diaadiar a trágica trajetória traçada
traçar todos os pratos que você não fezenfezar os traiçoeiros que rondam
e assim dar continuidadeao que não começou
quem precisa de ordem?
III
Passeio no mundo livrebuscando novos verbos e nações
tudo que complete e satisfaça
pétalas multi-coloridasem narcisos nas margens dos rios
olhando para seus reflexose vendo apenas sombra:
ouça os ecos daqueles que amam.
Passeio no mundo livrecorrendo pelas pontes e pelos rios
tudo que inspire e seja vivo,que viva na pele, no pelo,
tudo que complete e satisfaçaa carcaça.
me ouve?
te dou todas minhas razõesas quais não sei quais são
te dou todos meus motivosos quais desconheço
e mais várias outras coisasas quais sempre esqueço
te daria tudo o que soumesmo sem saber ao certoaos teus pés de peito aberto
me jogaria descobertodas certezas que nunca tive
só pra que me ouvissequem sabe visse sentido
nesse meu pedidotão fora de moda
será que isso te incomoda?
não me importa.já cheguei à sua casa
e bati na porta.
(sobre)viver
estou com a barba por fazertenho lido literatura latina e francesa
no meu casaco há uma piranha tua presadurante a noite chega a melancolia
o meu caderno está cheio de folha vaziaminha garrafa d'água está meio cheiaestá frio, então eu coloquei uma meiao meu celular, faz tempo, tá bichado
as coisas são estranhas sem você do lado
tenho me acostumado a ser sozinhohoje pela manhã fez um solzinho
fui assistir um show sem companhia"na noite sozinha eu ria, mas crer eu não cria"
esqueci um pão em cima da geladeiraquando pequeno, adorava mamadeiraonde moro, há um gato e um cachorro
eu vivo em Curitiba e sequer tenho gorrotenho vontade de conhecer o Rio
e gosto muito dos meus tios
Benedetti me encantaeu nunca vi uma anta
não tenho cama, apenas um colchão no chãosempre durmo com as cobertas sobre a mão
estou morrendo de vontade de uma caipirinhasinto saudades de dormir de conchinha
é ruim deitar-se sozinho no invernoanda em alta o meu instinto paterno
prefiro vinho brancomeu coração não pega mais no tranco
tenho ouvido muita música latinasigo semanalmente uma certa rotina
às vezes tenho insônianão sei que flor é uma begônia
meu apetite, enorme, desapareceuo que é seu é meu, o que é meu jamais será teu
já fiz muito mal à alguémacredito num além
completamente apaixonado por criançasàs vezes eu perco as esperançasmeu coração precisa de amor
e eu já te disse que sou professor?
Ar X
arrisquei erabisquei bre ves versos doces inversos do que eu ansiavaprocurar.
faltou arrisquei verbos diversos que não cabiam
nem satisfaziam ouniverso da nova poesia que escrevia.
[o que] perma nece [é] o doce sabor nos lábios e o odor suave do novo perfume: acostume- se,
amor.
blefe
Eu blefe,você poker.
Eu espantalho,você assusta.
Eu ferro,você passa.
Eu falto,você completa.
Eu indo evocê vindo.
(trans)vista(-se)
não quero dar na vistavisto-me de máscaras pra me acabar na pista sumo e não deixo rastro rastejo pelo asfalto na falta que você faz
persigo tuas pistas sigo as listras que deixou consumo-me com vinhos enquanto ouço teus passinhos ouso dizer próximos um átomo de distância por detrás dos arbustos uma exposição de vários bustos teus
dizem-me que há amor em todos os poemas meus dizem-me que há amor em todas as canções tuas mas nem o verso meu nem a rima sua nem nossos corações batem mais na mesma batida das alfaias do maracatu. bom pra mim, bom pra tu?
Lis Nogueira
Para o desencontro: Café.
Foi tão rápido que eu mal entendi.Passei por você, te notei;Como você vinha, te esperei;Resolvi te olhar de novo, tinha o teu sorriso agora e bemQue ele era para mim.Eu nem pisquei e, de repente, te perdi.Mudou de calçada, sumiu que eu nem vi.Levou consigo histórias e sonhos,Pois sim;E me deixou assim...Sabendo que era você(Certeza absoluta de que era você!).Sem fala e sem rumoCom esse jeito de saudade do que eu (quase) acabei de ter.Um sorriso, um minuto e o coração saiu do prumo.Tive que entrar na livraria,Ouvindo o destino no maior deboche dizer: Esqueça!Do desencontro, sobrou um café...E o resto da tarde com dor de cabeça...
personagens
Ainda que eu ouça o mais belo chamadoE me encante com os mais belos sorrisosSempre paira a dúvidaSobre em que acreditarPalavras não fazem sentidoVerdades pela metadeSilêncio incompreendidoConfiar? Sei... Confiar...
No eco das vozes vaziasDos sentimentos mascaradosDe falsas palavras ao ventoDe questionáveis empatias
Pessoas de vozes docesE cabeças ocasVestem personagens ilusóriosE eu que acabo louca
Para fazer minha cabeça entenderQue por mais doloroso que sejaÉ normal que a alma que te menteSeja a mesma que te beija.
Destino
Existe um caderno em brancoOnde escrevemos as rimasRevelamos nossas sinasPartilhamos os segredos
Sobre as páginas inéditasDesenhamos pensamentosDissertamos sobre os sonhosReconfiguramos os medos
Entre folhas revisitadasE poemas bem borradosCada frase registradaSe comporta como um hino
Único e memorávelO caderno de nós mesmosDe contos que vivem em letrasTão chamados de “Destino”.
cinco minutos
Seriam cinco minutos apenas...Esqueceria as minhas tristezasEncerraria as minhas defesasAbandonaria a minha dor
E nesses cinco minutosMeu mundo seria o teu sorrisoMinha paz seria o teu abraçoEu acreditaria no amor
Durante esses minutosO passado não importariaEle já nem existiriaA felicidade eu seria
Se o tempo parasse agoraE comigo você estivesseCinco minutos seriam a eternidadeQue eu sonho em viver um dia.
navegante...
Curvo-me diante da vidaE das tempestades em mim.Aceito que os estrondos gotejemSob a forma de lágrima sofrida.
Sigo sem rumo,Esperando a bonança, ainda que breve,Pois no meu caso, não há.Há apenas o equilíbrio em um barco Que insiste em naufragar.
Mesmo sendo a bonançaUma lâmina de águas calmas,Onde as almas não evoluem e não aprendem nada,Eu me contento com a minha carga quase à deriva.
Sou capitão, marujo e bússola.Caio, levanto, sofro, decido, aprendo;Busco no céu a clemência,Mas a tempestade é soberana e me toma o céu também.
A vida me obriga a remar,Mesmo quando há vento contra,Mesmo quando eu não acreditoQue existe sol para brilhar.
Eu bem que sou pura tormenta.Entre falésias e angústias,Procuro o farol ou o porto,Para descarregar os meus gritos.
Coloquei todos no barco;Cabeça, coração e tempo.Mas a minha essência marinhaNão vê acordo entre eles.
E nesse barco que emborca,Tumultos e ondas são o meu lar.Só peço a Deus para ter sorte,E meu braço um pouco mais forte,Pois preciso navegar.
lá e cá
Fiquei aqui do meu lado sem entender o acontecidoE você aí, achando que era contigoFiquei aqui matutando o que poderia ter mudadoE você, permaneceu calado.
Fiquei sem resposta, sem bom diaE você, pelo visto, também na agoniaNem sabia que éramos tão fãs do silêncioPerdemos sorrisos, confidências, alegria
E ainda que não nos vejamos maisE pela ausência dos abraços sofrermosVivemos o que era pra ser vividoE a melhor parte esquecemos
Dias e noites falem por nósSe não temos voz, para que cantar?Que a vida desate esses nós...Mudices de lá e de cá.
Elis Maria
o cara
E lá estava eleCarta marcadaNão tinha eu antesNotado nada.Mas uma cara amiga minhaA ele me apontara
E lá estava eleMinha curaMinha caraSem cabelo curto e topeteSem camisa pólo engomadaCom cara de tostão furado na carteiraE camiseta de banda, amassada.
E lá estava eleMe voltei ao cara do barPra reclamar daquela cervejaTAVA MUITO CARA!
Com a cara emburrada de derrotaPaguei pelo absurdoDe tentar curtir um pouco fora de casaVoltei o olhar à mesa, e...CARACA!O cara foi embora!Minha amiga brincou: “que fora!”
Conformada com o fim do episódioFui saindo de cenaMe tocou pela mão o CidãoAtendente no bar do CustódioE sem eu muito prestar atençãoMe empurrou um guardanapo, deslizando pelo balcãoEnquanto eu ainda forçava uma cara de pena
Amassado(Tal qual era sua camiseta, lembrei)Alguém escreveu uns borrões de canetaQue das quatro linhasSó deu pra ler a última e a primeira:
Primeira: “Olá, sou o cabeludo de camiseta pretada mesa da esquerda, se me permite....”Última: ...”se a resposta for “SIM” me ligue”E novamente um borrão mais à direita no final do guardanapoCom o que parecia ser uma sequência interessante de númerosVi o rastro molhado da cerveja cara no balcãoE gritei:“Pow! Sacanagem, você me fez perder o cara, Cidão!
contatos imediatos de qualquer grau
Um sinalQue sejaDe bem ouPor sem querer, ser malPode ser um desenho no quintalUma folha seca de carqueja
Uma mancha de sabão na janelaQue beatos vão dizerSer um feito divinal(e seria aos olhos dela)Pode ser numa ligação caídaOu num telefonema cruzadoPode ser um recado escritoOu de longe gritadoOu no fingir a urgênciaDe pó de café emprestado
Qualquer coisa que me proveQue é humano, mas não desse mundoE se por acasoO caso contrário disso forOras, faça-me o favor!
Tenha a decênciaDe acreditar na minha crençaTome logo a providênciaDe me levar daquiDepressaE mesmo sem conversaNo seu disco voa-dor!
bolhas de sabão
A aceitação é o meuPrimeiro passoAo fundo do seu poçoMas... Pôxa, moço,Não me julgueÉ que não pude ignorarO fato de o meu fardo saberQue eu gosto de mim aos pedaços
(E só me doando em buracosDe círculos imperfeitosDesenhando com-passosPor onde circula o ventoVazio como meus efeitosÉ que completa eu pareço ser)
Ou
Vai verJá nasci assimCom vaziosSobrandoFilha do ventoBrincandoDe me soprar enganos
(No 3,
1. . . ,2. . . .,3
VU-UU-UU-UU. . . . . . . Estouro todos de uma vez!)
7-co
No meio do becoTinha um gatinho
Que azar do gato pretoCruzar o meu caminho
de passagem
A Palavra desenhou hoje na minha testaCom giz de cera e mão de cirandaHistórias verdes e azuis ao fundo cinza
Neblina nos olhosMemória falhaCoração, só coração
Bate.
Fim!
Com vocêEu fui além(Mas você,
Além de mim)
Suely Andrade
andarilha
Hoje minha porção MariaCata e joga seixos no caminho.Pedras de alvenariaJogadas devagarzinho.Não às migalhas de pão!Olhos vidrados na trilha.Sem companhia de João,Maria, sou andarilha.Caminho a passos lentos,Sem certeza do trajeto,Sob ares tão cinzentos...O meio sorriso completoQuando eu saio da trilha.Não mais importa o regresso;Sigo à frente, andarilha.Caminho, caminho e não cesso.
caminhos soniais
Meu mar se move marulhentoNas ondas do meu pensar.Tapete de pensamento...E me ponho a caminharNo vai e vem das lembranças,Que te trazem para mim.São lindas minhas andanças,Até eu despertar, enfim,Quando deixo a andarilhaEsquecer um pouco a trilhaDos caminhos soniais,Por onde eu sempre vago,E recorrente, bem tragoConsolo e muitos ais.
origami de saudades
Você era como o besouro, Que possui um par de asas,Mas voar... nem à calouro.Até que num entremeio,Fez-se todo pirilampo.E, símile ao hipocampo,Ganhou, pois, duas metades.Ficou então meio a meio.Pormenores à parte...Tornou-se meu estandarte,Modelo de origami.Dobro agora saudades.Não consigo stand upE fracasso no tatâmi.Pormenores? Deixo à parte
a cor da noite
Eu queria ser negra como a noite,E olhava os corpos tal tela à óleo,Brilhantes assim como o petróleo.Eu não sabia nada sobre o açoite.
Não, eu não tinha a consciênciaDos dissabores dessa bela cor.Não sabia de toda a inclemência;Do voo preso do negro condor.
Sonhava com a vida nas savanas.Eu amava os sorrisos brancos,Perfeitos e imensamente francosDe tantas crianças africanas...
Mas veio um tempo em que me viTão distante do sonho aquecido.Então, ele foi minguando adormecidoE eu dele saltei, porque cresci.
Senti-me tão fraca e lívida,Quando percebi que a epidermeTornava alguém tão inerme,Cobrado como se fosse dívida
Ser belo, forte e luzente,Não ser branco ou amarelo;Ter pele de cor diferente,Assim como azul e caramelo.
Senti-me inepta e murchei.Seguramente aquele enredo Eu não suportaria: achei.Era lívida e tinha medo.
Assim, meu sonho frustradoFicou preso no meu caisIgual a navio ancorado.Porém, não o esqueci jamais.
Eu sonhava com o lumeQue o negror produzia,Com as asas do negrume.Era um sonho; eu não sabia.
in(diferença)
Sem perceber olhos que lhe admiram,Borda a trama com seu passeio alado,Vislumbrando as belas flores do cerrado,Indiferente às mãos que tentam alcançá-la.Mãos que lhe perseguem e olhos que lhe miram.Mas a sua vida está longe de ser um drama.Ela é bela como o ornamento duma joiaE leve por fora, tanto quanto por dentro.Contudo, mantém o voo ágil e o sensor bem atento:Perdera o escudo (o casulo era seu cavalo de troia).Mesmo assim dança entre as flores que cercam o lugar,Mostrando a sua beleza garrida, mas disparaQuando percebe outra presença: começa a voar. Essa é a diferença entre pernas e um par de asas Suas piruetas diferem das tolas investidas rasas.
para burlar o enredo
Preciso de um relatoSobre o que se deu.Com ou sem ornato,Eu vou escutar."Que bicho lhe mordeu?"Diga-me como anda o seu manufaturar.De você me interessa saber tanto...Se o Sol lhe tem raiado;Se lhe chove riso, se lhe chove pranto;Se tem versos recitado,Enquanto compõe um enfeite,Entre arames e contas.Afinal de contas,Talvez o seu deleiteSeja viajar na tramaDe um acessório,Daqueles de hippie,Que depois de pronto,
Segue para o empório,E vende-se mais que griffe.Não, não fique tonto.A vida é mesmo um drama.Beba seu conhaque.Eu, como não bebo,Como chocolatePra burlar o enredo.
Lucas de Meira
maré
ter a luapor testemunha
não é tê-la
?
tênue linhaentre a palavra
nua
e sabervivê-la
psycholovestory
ela disse: bem-vindo ao front
para elanada mais eraque vanguardaversus o belotipoum novorizonteno prelo
eu,ga ga ga gaga gaguejavacopiosamente& os goth ghosts do prédiodavam com as carasquando davam com as carasnas paredes
que tédio
she said: te lasco um beijode meu vasto acervose me disser que horas são
- é primavera em ponto
pronto.
e fui só aquilopor toda aquelaestação
azuis
vez maisperco a paz
nas zonas mais abissais
do meu peito
tais mares murmuroe dos males mais puros
me enfeito
o pólen e a polis
O filhinho diz:tiamo papai.
& o mundo,cada vez pior
A cachorrinha deu cria:três feminhas & um pitoco.
& o mundo,cada vez pior
Lembramos de ti:viajamos de trem
& o mundo,cada vez pior
Aquele beijo vingou:saudade bateu fundo!
& o pior,cada vez mais mundo
(ser feliz é relativo: depende do que se entendee do que se vendepra estarvivo)
riscos
dia dessesnoite viro
vide última
(suspiro)
niente
Quem dera eu fosse, ou quase, um poeta,dos que constroem altivos sonetos,e não, um verso, em estrofe tão pateta,que termina querendo falar dos ventos.
Ventos que mudam, e mudam, a direçãodos sonhos, das cores, dos lugares,mas mal fazem cócegas ao coração,afogado no mais profundo dos meus mares.
Quem me dera outras rimas, menos manjadas,versar sobre os tombos, escrever mais piadas...Mas a noite acabou, acabou de novo, e preciso dormir.
(E se eu escrevesse uma obra, prima, aclamada,a trocaria pelos ombros de qualquer outra estradaque me desviasse dos futuros que já perdi.)
GIANNE LORENA, escorpião com ascendente em peixes, vive em Ponta Grossa. Geniosa, é apaixonada por cerveja e Letras. Para ela, tudo é poesia, só faltam as estrofes. Adora elogios. Porém, somente as críticas a encantam.
LUCAS WISNIEWSKI, estudante de Letras, na UFPR, é um professor de inglês apaixonado pela profissão que exerce, em Curitiba. Leonino, fato que ostenta, com orgulho, escreve para entender sentimentos, pessoas e situações. Se consegue, é outra história.
LIS NOGUEIRA, nascida em Maceió, veio com a urgência de conhecer, interessada apenas em verdades. Poeta também nas artes fotográficas, ama os começos e recomeços que, através dos versos, vão desenhando os caminhos que segue. E diz que sonha demais, mesmo para os dias de hoje.
ELIS MARIA é uma menina pequena vivendo em São Paulo, mas que gostaria de ser grande numa cidade pequena. Gestora Ambiental, Técnica em Química, almeja lecionar Geografia. Procura, nas pessoas, motivos para admirá-las. Na escrita, caminhos para alcançar a si mesma. É fissurada em música, batata, café e insônia.
SUELY ANDRADE puxou a mãe, uma incansável leitora. Sendo assim, já aos nove, bem sabia que faria Letras. Formada pela UECE, a Professora Suely, dona de um imenso reservatório de ideias, também é Analista Literária, na cidade de Fortaleza.
LUCAS DE MEIRA se esconde em São José dos Pinhais. Sabemos que tem feito música, tem cuidado do filho e de alguns cachorros.
Ilustrações:
páginas 6 e 69, Lis Nogueira
páginas 16, 28 e ilustração de capa, Lucas de Meira
páginas 37 e 49, Gianne Lorena
página 59, Suely Andrade
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