5 TERÇA-FEIRA

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SUPERESPORTES

E S T A D O D E M I N A S ● T E R Ç A - F E I R A , 2 D E A B R I L D E 2 0 1 3

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RUMO À PRIMEIRA MORTEREPORTAGEM ESPECIAL

arginha – Marcelinho Paraíba tinha poucasreferências terrenas sobre Varginha antes dedesembarcar no Sul de Minas para defendero Boa, em outubro. Da cidade, conhecia ape-nas histórias de discos voadores e extrater-restres, que tornaram a região conhecida emtodo o mundo na metade da década de 1990.Aos 37 anos, com contrato renovado até no-vembro, caso o Boa suba para a Série A doBrasileiro, o armador vai cobrar da diretoriacompromisso por mais uma temporada. Eleabre a terceira reportagem da série “Rumo àprimeira morte”, que o Estado de Minas pu-blica desde domingo, sobre jogadores próxi-mos da aposentadoria.

Em boa forma, Marcelinho já se arriscaem nova função. “Tenho trabalhado maiscomo empresário de jovens atletas. Tenhoos direitos de alguns jogadores. Estou co-

meçando agora, não são muitos, mas te-nho três ou quatro para começar”, comen-ta o jogador, agente do armador Esquerdi-nha (emprestado ao Patrocinense), do ar-mador Fernandes (Campinense) e de al-guns jovens da base do Sport.

Marcelinho teve carreira de destaqueno Brasil e na Europa. No Velho Continen-te, destacou-se no Hertha Berlin, onde fi-cou cinco temporadas, vencendo a Liga daCopa Alemã em 2001 e 2002. De volta aofutebol brasileiro desde 2008, ao sair doFlamengo em 2009 esteve bem perto doCruzeiro, mas não chegou a acordo.

VIDA NO INTERIOR Apesar de estar bem fi-sicamente, o armador se diz incomodadocom a proximidade da aposentadoria. “Te-nho 20 anos de carreira e é difícil chegar

próximo de encerrá-la. A gente já começaa pensar no futuro, como vai ser quandoparar. É triste, porque amo jogar futebol.Meu condicionamento físico está bom,pois se não estivesse eu não me esforçaria.”

Morando com a família em Varginha,ele alugou uma casa ampla e vive aos cui-dados da mãe, dona Elita, que acompanhade perto sua carreira. Constantemente pa-rado nas ruas para dar autógrafos, não fogedas cobranças quando o time vai mal. “Éum pouco parecido com Campina Grande,apesar de menor. Estou acostumado como interior. Morei em Paraguaçu Paulista,Americana... Todo mundo se conhece.Aqui, gostei do carinho que o povo teve co-migo e com o Boa. É um time novo na ci-dade e quero abrir as portas para outrosgrandes jogadores virem para cá.”

ARMADOR QUERFAZER O ENEM

MARCELINHO PARAÍBAMARCELO DOS SANTOS

37 ANOS

●● Nascimento: 17/5/1975, em Campina Grande-PB ●● Altura e peso: 1,77m e 70kg ●● Posição: armador●● Clubes: Campinense-PB, Paraguaçuense, Santos, Rio Branco-SP, São Paulo, Olympique de Marselha (FRA),

Grêmio, Hertha Berlin (ALE), Trabzonspor (TUR), Wolfsburg (ALE), Flamengo, Coritiba, São Paulo, Sport, Barueri e Boa

RENAN DAMASCENO

Enviado especial

Poços de Caldas – Banco pa-ra Luizinho, só se for o da escola.Desde o ano passado, o arma-dor da Caldense divide seu tem-po entre treinos, jogos e estu-dos. O baiano, de 34 anos, pre-tende fazer faculdade depois dese aposentar e sabe que o cami-nho é longo e requer dedicação."Meu sonho é fazer o Enem ecursar faculdade na minha área,educação física, porque querocontinuar no futebol", conta ojogador, que completou o se-gundo grau por meio de cursosupletivo em 2012.

Nascido na cidade baiana deSanta Inês, Luizinho veio paraMinas em 1998, por indicaçãodo técnico Célio Costa, das divi-sões de base do Cruzeiro, e nun-ca mais voltou ao futebol baia-no. No interior mineiro, passoupor muitos clubes antes de che-gar a Poços de Caldas, que oadotou há cinco anos.

Quando tinha 15 anos, Luizi-nho conheceu a mulher, Rosân-gela, à época com 12. Hoje, ela oajuda a estudar. "Estou lendo oslivros. Minha esposa é profes-sora e tem me ajudado muito."

Apesar de não ter jogado pro-fissionalmente em nenhumclube de expressão, o atleta sesente realizado. "Não ganhei sa-lários altos, mas a média mepossibilitou ter estabilidade.Meu filho estuda em escolaparticular. Tenho tudo do me-lhor, sem nenhum abuso."

CHUTEIRA 35 Sair de uma cida-de de pouco mais de 10 mil ha-bitantes e tentar um lugar aosol no difícil mundo do futebolnão foi a única dificuldade en-frentada por Luizinho. Encon-trar uma chuteira do seu núme-ro, 35, sempre lhe deu trabalho.Muitas vezes, só na prateleirados calçados femininos. A queele usa no Campeonato Minei-

ro pertenceu a ninguém menosdo que a atacante Marta.

"O preparador de goleiros doNacional de Nova Serrana esta-va em Londres com a Marta,em Wembley, né? Teve um jo-go em que ela deixou a chutei-ra em um canto para fazer oexame. O preparador foi entre-gar a ela, que disse: ‘Pode ficarpra você’. No fim do ano passa-do, quando eu estava jogandoem Nova Serrana, o preparadortrouxe as chuteiras para todomundo e perguntei: ‘Professor,não tem uma 35 aí, não?’ Eleme respondeu: ‘Tenho, é daMarta, você se importa?’ Eu dis-se: ‘Claro que não’. Ainda veiocom as gramas de Wembley",comemora. (R.D)

V

FOTOS: ALEXANDRE GUZANSHE/EM/D.A PRESS

LUIZINHOANTÔNIO LUIZ FERREIRA DOS SANTOS, 34 ANOS● Nascimento: 8/3/1979, em Santa Inês-BA● Altura e peso: 1,64m e 61kg● Posição: armador● Clubes: Vitória, Bahia, Montes Claros, Uberlândia,Rio Branco, Caldense, Villa Nova, Uberaba, Nacional e Caldense

‘É TRISTE. EU AMO JOGAR’

AMANHÃ: RODRIGO POSSO, GOLEIRO,PRETENDE SER AUXILIAR TÉCNICO