Post on 01-Mar-2016
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Do QuintalUm jornal a serviço dos moradores da região do Pilarzinho, Mercês, Vista Alegre, Abranches e São Lourenço
R$ 1,50 Curitiba, dezembro de 2010 - Ano I - Número 3
Há 35 anos, um grupo de famílias curitibanas criava a primeira escola exclusiva de natação do País, no Pilarzinho, o Clube do Golfinho. Em pouco tempo ele se tornou referência no Paraná e nos anos 1980 seria uma das grandes forças da natação nacional
» Um livro para ser lido e relido
Chain lança o “Sem Família”, clássico francês que emocionou gerações e que agora ressurge com ilustrações do mestre Poty Lazza-rotto. Pág. 5
Em 2003, o clube foi leiloado, fechado, e até hoje ainda está abandonado. As piscinas onde se criaram tantos campeões, e eram orgulho para os moradores vizinhos, hoje criam mosquitos e são um pesadelo para a vizinhança. Mas, um movimento formado por moradores e ex-atletas luta para que o Golfinho seja resgatado e volte a ser uma referência no esporte. Nas Páginas 8, 9, 10, 11 e 13 conheça a história deste clube e a luta para reerguê-lo.
De escola de campeões...
GOLFINHO
...a criadouro de mosquitos
» Aprendendo a cuidar dos idosos
Cuidador de idosos e uma pro-fissão em alta. Cursos nas Mercês formam esses profissionais. Pág. 6
» Uma doença nas escolas
O “bullying” é uma prática que cresce e pode causar danos irrepa-ráveis aos jovens. Pág. 7
» Gestação na bicicleta
Curitibana conta sua experiên-cia de pedalar na Inglaterra até as vésperas do parto. Pág. 4
» 2
Curitiba, 25 de agosto a 25 de setembro de 2010
Do Quintal
Do Quintal
Um bom exemplo para 2011
O Do Quintal chega ao seu final do seu primeiro ano de existência, feliz por ter podido manter os princípios a que se propôs na primeira edição: o de fazer jornalismo para a região que abrange. Resgatando histórias, incentivando a leitura nas escolas e defendendo as causas locais, nós pretendemos contribuir para fazer o nosso quintal cada vez mais agradável para se viver.
Para essa edição, por exemplo, conversamos com uma das maiores especialistas em bullying do País, a médica Ana Beatriz Barbosa, que falou desse mal que assola as escolas e que pode ser feito para controlá-lo. Divulgamos a homenagem feita a um dos precursores do ambientalismo e do montanhismo no Brasil, o professor Erwin Groger. Contamos a história da curitibana que pedalou por ruas inglesas até às vésperas de dar à luz a seu primeiro filho.
Divulgamos também, o lançamento do Sem Família, um livro que marcou gerações e que agora ressurge, pela Editora e Livraria do Chain, com o requinte de trazer as ilustrações do mestre curitibano Poty Lazzarotto.
E, finalmente, contamos a história do maior clube exclusivo de natação que o Brasil já teve, o Golfinho. Criado no Pilarzinho, por um grupo de famílias curitibanas, ele hoje está abandonado. Por isso, estamos apoiando o movimento que busca resgatá-lo, não só para a comunidade próxima, mas pela importância de se preservar uma história exemplar. Perfeita para um país que se prepara para sediar sua primeira Olimpíada.
Por isso, desejamos uma ótima leitura e que na próxima edição, em fevereiro de 2011, tenhamos outras boas notícias para contar.
CARTA AO LEITOR
Propriedade da Editora ETC e Tãao – CNPJ: 12.339.920/0001-18
Jornalista Responsável: Ângela Ribeiro DRT 1574
Diretor de Redação: Douglas de Souza Fernandes
Projeto gráfico e diagramação: Eduardo Picanço Aguida e Paulo Augusto Krüger de Almeida.
Fotografia: Marco André Lima (marcolimaphotos@yahoo.com).
Endereço: Rua Professor Ignácio Alves de Souza Filho, 343, Pilarzinho, CEP 82110-450.
Telefones: 3527-0501 e 8875-3197. E-mails: jornalismo@doquintal.com.br, contato@doquintal.com.br, comercial@doquintal.com.br. Site: www.doquintal.com.br
Impressão: Editora O Estado do Paraná
EXPEDIENTE
Por que ficar triste se há tanta coisa alegre por aí ? A aparente simplicidade da frase de dona Nair de Araújo mostra bem como esta mulher de 83
anos encara a vida. Professora por 45 anos e poetisa desde criança, ela transmite sua alegria de viver nos poemas e crônicas já bem conhecidos do seu círculo de amizades, que cultiva no Sesc Água Verde, ponto de encontro de muitos anos.
Dona Nair não tem como hábito ficar recordando o que já viveu. Para ela, o mais importante é o que vive atualmente e o que ainda virá. Esse despojamento em relação ao passado talvez seja um dos motivos pelos quais diz nunca ser vítima do estresse ou da depressão. E essa postura de satisfação em relação ao mundo tem – segundo ela – ligação direta com o uso que faz da lin-guagem. “É pelo dom da palavra que consigo este meio de vida”, explica.
O contato com as primeiras letras e outras ativi-dades artísticas remonta de sua infância. Nascida em Morretes quando sua família se preparava para mudar para Curitiba, enquanto fazia sua formação estudantil, primeiro no Instituto de Educação e depois na Facul-dade de Filosofia Irmãos Maristas, Nair já exercitava seus dotes artísticos. Chegou a ser locutora da Rádio Santa Felicidade – depois transformada em Rádio Ma-rumby - , onde apresentava o programa Chá das Cinco. Também aprendeu violino.
A habilidade no uso da linguagem ela também usa-va para ajudar amigas em assuntos do coração. Sua fama de artesã das palavras fazia com que suas colegas a procurassem sempre que tivessem algum problema afetivo. Seus poemas (assinados pelas colegas, claro) faziam tanto sucesso que logo passou a ser chamada de “Santo Antônio” devido aos reatamentos de namoros que conseguia.
» LivroApesar de uma abundante e ininterrupta produção
de textos – “tenho vários cadernos repletos de poesia”-, ela só publicou seu primeiro livro em 2008. Fim de Lá-grimas, pela DPB Editora, traz uma coletânea poética
em que, em versos singelos, ela passa uma suave men-sagem de esperança e de paz.
Mas, mesmo antes da primeira publicação, boa par-te do trabalho de Nair já havia chegado a pessoas de várias partes do Brasil e do exterior. Em abril de 2006, por exemplo, ela participou do 9º Encontro da 3ª Ida-de do Mercosul. Ganhou o troféu do primeiro lugar na expressão artística, por declamar uma poesia, e uma medalha pelo trabalho ser de sua autoria.
AcidenteEm 10 de junho último, dona Nair sofreu um aci-
dente doméstico, caiu e fraturou o fêmur. Mas isso não a abateu. Tão logo saiu da UTI após a cirurgia, pediu uma caneta preta e papel, pois tinha que escrever sua crônica semanal. Não quis abrir mão do ritual que re-aliza há quatro anos. É que todas as quartas-feiras à tarde acontece o baile da terceira idade no Sesc. E os participantes já se acostumaram com as mensagens deixadas em cada uma das mesas do salão pela poetisa. Mesmo ainda sem poder andar sem ajuda, ela faz ques-tão de ser levada semanalmente para rever os amigos do Sesc.
» Sem pressaQuem geralmente a acompanha é a filha Deborah,
também professora e escritora de textos didáticos in-fantis, além de consultora educacional. Seu outro filho é Daniel, que optou pela carreira de assistente social.Daniel era também o nome de seu marido, falecido em 1993. Deborah deu-lhe há 12 anos o primeiro neto, Ramon, que também tem afinidade com a palavra es-crita e gosta de fazer poesias, “mas poesias que rimem – faz questão de explicar.
Em casa, envolta pelo carinho dos filhos e do neto, dona Nair lapida sem pressa os termos de suas novas obras. Essa vitória sobre a ansiedade , explica, é um dos aprendizados trazidos pela maturidade. “Hoje eu entendo e aceito o nosso passar. E também passei a en-tender as diferenças”, conta. Sobre suas esperanças, diz que é a de “viver para continuar observando as coisas”. (DSF)
Levando a vida no versoAos 83 anos, dona Nair mostra como é possível usar a palavra para se manter sempre jovem
Dona Nair, na foto da contra-capa de seu primeiro livro publicado.
Fim de Lágrimas foi publicado há dois anos.
» 3Curitiba, dezembro de 2010
Do Quintal
Vendaval, estragos e alívioO temporal que atingiu parte de Curitiba no final da tarde do dia 9 de novembro causou muitos
estragos no Colégio Bento Munhoz, no Pilarzinho. Boa parte do pavilhão superior da escola foi
destelhada (foto), assim como parte do Laboratório de Informática e da residência do caseiro
da escola. O forte vento também provocou a queda de uma árvore que caiu sobre o portão
de entrada do colégio. Apesar dos estragos, a comunidade escolar respirou aliviada após o
vendaval, pois ninguém ficou ferido. As aulas nas salas atingidas, onde estudam cerca de 500
alunos de 5ª a 8ª séries, haviam terminado cerca de 10 minutos antes, e por isso não havia
nenhum estudante ou professor no local na hora do incidente.
Reposição de aulasOs estragos na estrutura do Bento Munhoz obrigaram a diretora do Colégio, Rosângela Bezerra de
Melo, a suspender as aulas por uma semana. Nesse período, a equipe técnica da Secretaria de
Estado da Educação (Seed) avaliou a situação e iniciou a reconstrução dos telhados atingidos.
O trabalho vem sendo prejudicado pelas chuvas e ainda não há previsão de término. Enquanto
isso, explica o diretor adjunto do Bento, Adriano Rosa Martins, explica que os alunos das
salas atingidas estão tendo aulas em outros locais do colégio, como os laboratórios. Para não
atrasar o final do ano letivo, programado para 22 de dezembro, estão sendo realizadas aulas de
reposição aos sábados.
VasquinhoA tempestade de novembro deixou cerca
de 220 mil famílias sem energia elétrica em
Curitiba e Região Metropolitana, além de
derrubar árvores em vários pontos e causar
estragos em residências, mas sem registro
de mortos ou feridos. No Pilarzinho, além
do Colégio Bento, também o Estádio do
Vasquinho, o Erondi Silvério, na Rua Raposo
Tavares, 808, sofreu com a força dos ventos.
Placas de propaganda e parte do muro foram
derrubados. Felizmente também, os prejuízos
foram apenas materiais.
AbandonadosConscientizar a população para que não abandone cães e gatos pelas ruas e realizar ações para
minimizar o sofrimento dos animais abandonados é o trabalho que vem sendo realizado pelas
moradoras do Pilarzinho Maria Helena Paschoal e Marlene Nunes da Silva. Elas coordenam uma
das comissões do projeto de Desenvolvimento Local no bairro, desenvolvido pelo Sesc/Fiep.
Entre as ações, constam o resgate de animais maltratados, o cuidado deles e uma campanha
de castramento dos animais. Até o momento, elas estão atuando com recursos próprios,
mas buscam o apoio de clínicas veterinárias e pet shops e dos próprios moradores para que
o trabalho consiga maiores resultados. Quem quiser contribuir de alguma forma, entre em
contato pelos telefones 3338-1141 ou 9837-0000.
Ações pelo bairroNo último sábado de novembro, o pessoal do Sesi/Fiep realizou uma reunião com representantes
dos moradores do Pilarzinho, onde estes apresentaram o que já vem sendo realizado pelo
bairro e a agenda para os próximos seis meses. Além da questão dos animais abandonados,
outras quatro ações foram apresentadas. Uma delas pela comissão de segurança, que informou
que o questionário sobre a ocorrências de crimes no bairro (cujos detalhes foram publicados
na última edição do Do Doquintal) já foi entregue ao comandante do POliciamengo (??). O ccc
agradeceu a colagoração e informou que as informações ajudaram a polícia elaboração das
próximas ações voltadas para a região.
Idosos e GolfinhoOutras ações apresentadas foram o trabalho que já vem sendo realizado pela professora
SôniaBrush na alfabetização de idosos. Além do trabalho voluntário de ensinar as primeiras
letras ao grupo de idosos que atende duas vezes por semana, ela ainda coordena todo mês um
passeio com eles. Tudo sem ajuda oficial. Quem quiser contribuir de alguma forma, ligue para o
número 3313-5644.
E o da comissão para revitalização do Clube do Golfinho, do que trata a reportagem especial nesta
edição do Do Quintal.
Faltaram doisNa matéria da última edição, sobre a história do trabalho de João Gava Neto na pedreira do avô, foi
citado que ele tem duas filhas, Sônia e Guiomar. Na verdade são quatro. Faltaram Silmara, que
mora no Juvevê, e Hamilton, morador de Campo Largo.
Trocando as bolasJá na página 14 da primeira edição, um nome foi trocado na escalação do Operário Pilarzinho
da década de 70. Saiu Euclides, mas quem está na foto é Eurides Franco, um dos zagueiros.
Euclides Tomio também jogava como zagueiro, mas também atuou como goleiro. Na época,
devido aos longos cabelos louros que usava, era chamado pelos amigos de Vanusa.
CLICK SEU BAIRRO
Preservando a históriaA Associação dos Moradores e Amigos
do Abranches (Amada) deu um passo
importante no final de novembro no sentido
de preservar a história do bairro. Ela lançou
uma publicação que reúne trabalhos
de estudantes de colégios locais sobre
o passado do Abranches. Participaram
alunos dos colégios estaduais Sebastião
Saporski e Santa Gemma Galgani; e do Vicentino São José, que
entrevistaram antigos moradores que contaram como era o bairro nas
décadas passadas. Sob o título “III Congresso Literário Viajando pelo
passado, vivendo o presente e sonhando com o futuro”, o livreto (foto)
traz também o histórico de instituições locais, como a Sociedade
Abranches e a Paróquia Sant`Ana, e a história do desenvolvimento da
educação no bairro.
Aniversário musical
No dia 10 de outubro, Romário Luis Palhares recebeu amigos do bairro
e colegas da Receita Federal com quem trabalhou, para comemorar
seu aniversário em grande estilo. Acompanhado pela esposa, Amélia
Rodrigues, ele recepcionou os convidados na Associação dos
Magistrados, no Pilarzinho, para um almoço regado à boa música. No
palco revezaram-se a dupla jovem sertaneja Marco Aurélio e Ricardo,
e o grupo musical Zezinho e Natal, com seu requintado repertório
de MPB e samba. Na foto, Romário (à esquerda) no momento do
“parabéns a você”.
Um fim de tarde nas Mercês, captado pelas lentes do fotógrafo
André Rodrigues.
Você também tem uma imagem interessante sobre a região em
que mora, envie para nós. O Do Quintal reserva este espaço
para o leitores que querem mostrar como vêem o seu bairro.
É só enviar sua foto para o e-mail marco@marcolima
photography.com. Para que possamos publicá-la, envie
informações sobre a foto, o nome do autor, endereço e
quando foi tirada.
“ Até quantos dias antes do parto você pedalou?
Vanessa - Pedalei até 37ª semana de gestação. Como o Oliver nas-ceu uma semana antes da data prevista, pedalamos até duas semanas antes do seu nascimento, porém fazia trajetos mais curtos.
Como foi o seu parto? Você acha que o fato de pedalar durante a gravidez teve alguma influência?
V - O parto aconteceu dentro da água. O Oliver nasceu na 39ª semana de gestação, talvez porque como a mãe dele não parava de pedalar ele também queria movimentar as perninhas... Além de pe-dalar eu também nadei até a 37ª semana. Desde o começo não parei de me exercitar, apenas diminuí o ritmo. E acho que os exercícios in-fluenciaram sim sobre o trabalho de parto. Tudo ocorreu muito bem, normal e controlado. E o parto foi rápido por ser meu primeiro filho, cerca de 8 horas desde a primeira contração. Não foi preciso nenhuma intervenção médica.
Como foi a sua recuperação pós-parto? Quanto tempo levou para voltar ao peso normal e retomar as atividades?
V - A recuperação após o parto foi super tranqüila. No outro dia já estava ajudando meu marido com algumas coisas da casa porque receberíamos visita. Com cinco dias de vida o pequeno Oliver estava fazendo seu primeiro piquenique no parque. Eu já estava bem disposta e meu peso voltou ao normal depois de mais ou menos dois meses, mas acho que isso também foi conseqüência da amamentação.
Como está a saúde e o desenvolvimento do seu filho?
V - Como só se alimenta de leite materno, Oliver está se desenvol-vendo muito bem. Ele ainda não teve nenhuma doença ou mesmo uma gripe. É um bebê forte e saudável. Está agora com cinco meses e meio e agora estamos começando devagar com frutas. Ainda não andamos de bicicleta com ele, mas assim que ele começar a sentar vamos dar nosso primeiro passeio. Estamos ansiosos por esse momento e a cadeirinha já está a postos.
Mais um ciclista no mundo
A curitibana Vanessa Strey ganhou sua primeira bicicleta quando tinha 6 anos e desde então não parou de peda-lar. Mesmo quando foi morar na Inglaterra, em 2008, com o marido também apaixonado por bicicleta, o pro-
fessor doutor em administração Rene Eugenio Seifert Junior. Forma-da em turismo, aos 29 anos ela e Rene mudaram-se para trabalhar em Birminghan, segunda maior cidade do país, forte centro comercial, e famosa por ter dado à luz grupos de rock como Duran Duran, Black Sabbath e Judas Priest. Foi lá também que ela deu à luz a seu primeiro filho, Oliver, no último dia 17 de maio.
E até duas semanas antes do parto, Vanessa continuou pedalando. Foi nessa época em que ela nos falou sobre sua experiência até então. Depois, já com o filho nos braços, o casal voltou a morar em Curiti-ba, e completou a história, que mostra que o uso da bicicleta, desde que observando certos cuidados, é algo seguro em qualquer momento da vida – claro, desde que em locais em que se respeita esse meio de transporte.
Curitiba, dezembro de 2010
Do Quintal » 4
BICICLETA
Grávida, mas sem parar de pedalarCuritibana conta como foi pedalar na Inglaterra durante sua gravidez
Vanessa com o marido, Rene, e Oliver em um de seus primeiros piqueniques.
Vanessa, com Oliver na barriga, numa rua de Birminghan: lá,
motoristas respeitam ciclistas.
Quando descobri que estava grávi da um dos primeiros pensamentos que me veio a mente foi : Será que vou ter que abandonar minha bike??” Conversei com al-guns amigos e eles diziam que era perigoso e isso me deixou receosa. Mas como para che-gar ao meu trabalho demorava em média ape-nas 15 minutos pedalando, resolvi continuar, tendo cuidado redobrado com os buracos e o trânsito e indo mais devagar. Após passar pe-los meses mais frágeis da gravidez, os três pri-meiros, percebi que não era impossível. Foi aí então que decidi continuar enquanto me sen-tisse segura e confortável. Parei de pedalar entre novembro e dezembro, quando o inver-no chegou. No final de janeiro, quando estava com 23 semanas de gravidez, comecei de novo e desde então ainda não parei. Hoje estou com 37 semanas de gestação e continuo pedalando!
O meu marido não vê problema nenhum em pedalar durante a gravidez. Ele sempre deu muito apoio. Acho sim que isso influenciou na minha decisão em continuar pedalando até agora. Ele me acompanhou durante quase to-dos os dias nas últimas semanas, o que também me deu mais confiança, pois sabia que tinha al-guém comigo se algo acontecesse.
Quando perguntei à minha parteira sobre
o que ela achava, ela falou que como a gravidez transcorria sem problemas, eu poderia continu-ar pedalando até quando me sentisse confortá-vel e segura na bicicleta. E completou: Pode ir até o final!
Às vezes fico imaginando o que eu teria fei-to se tivesse passado minha gravidez em Curiti-ba. Acho que é diferente. Na Inglaterra, apesar de ser conhecida como um dos piores países da Europa para ciclistas - com poucas ciclofaixas, poucos lugares para estacionar etc.-, os moto-ristas têm muito mais respeito pelo ciclista do que no Brasil. Isso dá mais confiança e seguran-ça quando você compartilha o trânsito com os carros.
Em Curitiba, o trânsito é bem mais violen-to, logo acho que eu não me sentiria segura an-dando em ruas movimentadas. Espero que isso mude! Mas, pensando bem, há em muitas cida-des brasileiras, inclusive Curitiba, ruas alterna-tivas em que também é seguro usar a bicicleta.Eu e meu marido estamos voltando pro Bra-sil em alguns meses, e caso eu fique grávida de novo, penso seriamente em fazer o mesmo que fiz aqui.
Já com o pequeno Oliver com 5 meses, per-guntamos a Vanessa como foi sua experiência pouco antes e depois do parto.
À espera de Oliver
“
Luis Claudio Patríciolcpatricio@gmail.com
Curitiba, dezembro de 2010
Do QuintalLIVRO SEM FAMÍLIA
» 5
Sem família, do francês Hector Malot, é um clássico que há mais de um século comove de crianças a adultos. Poty Lazzarotto é um artista curitibano consagrado aqui e no exterior. Virgínia Lefevre é uma das mais conceitu-adas tradutoras do país. Junte os três e você terá o mais novo lançamento da Livraria e Editora do Chain.
Para Aramis Chain, dono da tradicional livraria curitibana, publicar Sem Família foi a realização de um sonho. Ele conta que leu o romance pela primeira vez há mais de 40 anos, e que o livro de Malot mudou sua vida. Desde então o relê de tempos em tempos e a cada leitura ainda se emociona. Daí a satisfação ao por no mercado, em outubro, a edição de sua lavra. Ainda mais com o requinte de ter na capa e nas ilustrações in-ternas a assinatura do mestre e amigo Poty Lazzarotto, falecido em 1998.
O livro conta a história de Renato, um menino que aos 8 anos descobre que a mulher carinhosa que cui-da dele não é sua mãe. Não bastasse esse drama, ele é vendido pelo pai adotivo para Vitalis, um velho cantor ambulante. É junto com esse artista e com os demais membros da simpática trupe, três cachorrinhos e o ma-caco Boa Vida, que começa a sua comovente e atribu-lada jornada pela França e Inglaterra em busca de seus verdadeiros pais.
Nesse trajeto, passa por situações felizes e engra-çadas, mas também se depara com exemplos duros da
crueldade humana, é vítima de preconceitos, passa fome, é explorado por ladrões. Amadurece precocemen-te, mas sem abrir mão de sua dignidade. E da ternura.
E tudo isso é narrado pelo próprio garoto, numa lin-guagem fluente e cativante.
Embora escrito há 132 anos, Sem Família continua extremamente atual. Ao mesmo tempo em que de-nuncia a exploração e maus tratos aos quais as crian-ças eram submetidas então (e que infelizmente ainda atinge milhões de crianças no mundo), Malot fala de sentimentos universais e atemporais.
Tanto que já foi traduzido praticamente em todo o mundo e continua fascinando quem o descobre ou quem volta a viajar nele. “Posso assegurar que após ler o livro, a pessoa não será mais a mesma”, garante Chain, com a autoridade de quem teve essa experiência há mais de quatro décadas e nunca mais a esqueceu. (DSF)
» SERVIÇOLivro: Sem Família (Sans Famile)Lançamento: Outubro/2010Autor: Hector MalotTradução : Virgínia LefevreEditora: ChainPáginas : 272Ilustrações: Poty LazzarottoPreço: R$ 29,00
Um livro inesquecívelLançamento da Livraria do Chain é um convite a uma viagem fascinante
Aramis Chain: a edição do livro é um sonho realizado.
» InfELIzmEntE AtUALEscrito há mais de um século, o livro é tristemente atual. Ele é reiteradamente citado até hoje em teses acadê-
micas e estudos sobre a exploração infantil no Brasil. Outra atualidade surpreendente é quando narra o acidente em uma mina no interior da França, em que os mineiros ficam presos semanas a fio à espera do socorro. Idêntico ao que aconteceu este ano na cidade chilena de Capiapó, quando o mundo todo acompanhou o drama que se arrastou de 5 de agosto a 12 de outubro. A diferença é que no caso do Chile acompanhamos quase que só o que acontecia na superfície, e na obra de Malot ficamos sabendo o que acontecia lá embaixo. De forma realista e co-movente. (DSF)
Foi o primeiro de Sartre...
Jean-Paul Sartre, um dos escritores franceses
e filósofos mais importantes do século
XX , conta em um dos seus livros, As
Palavras (de 1964, mesmo ano em que ele
se recusou a receber o Prêmio Nobel de
Literatura), que aprendeu a ler com o livro
Sem Família. Cercado pelos livros do avô,
muito cedo ele mostrou que já era hora da
família ensinar-lhe o alfabeto. E foi precoce
também no aprender: “Fui zeloso como
um catecúmeno: ia a ponto de dar a mim
mesmo aulas particulares: eu montava na
minha cama de armar com o Sem Família
de Hector Malot, que conhecia de cor e,
em parte recitando, em parte decifrando,
percorri-lhe todas as páginas, uma após
outra: quando a última foi virada, eu sabia
ler. (...)
» ...e continua emocionado“O livro apresenta quase uma catarse dos
mais temíveis sentimentos humanos:
o abandono; a solidão; a rejeição.
Sentimentos que o protagonista Renato tira
de letra. Em sua caminhada, conhece muita
gente perversa, mas também pessoas
sensíveis e íntegras, como a mãe adotiva
Maria Barbarino e o velho artista Vitalis,
que o ajudam a moldar sua personalidade
e atravessar as dificuldades sem se deixar
corromper.
Renato tem um sonho que motiva toda a
sua caminhada: quer encontrar seus pais
verdadeiros. E o autor, usando a voz do
próprio menino, conduz a trama de forma
cativante, que nos faz não querer mais
parar de ler. Numa linguagem simples, no
sentido mais positivo do termo, a leitura
flui e nos arrasta com ela. Buscamos o
desfecho dos acontecimentos, mas, ao
mesmo tempo, não queremos terminá-lo.
Ficamos tão envolvidos com a história,
que quase fazemos parte do livro, e nos
pegamos, em outras atividades cotidianas,
pensando no que foi lido, como se
pudéssemos, de alguma forma, resolver
o problema, ajudar o personagem ou,
simplesmente, dar conselhos a ele.
É um livro, em suma, que recomendo para
todas as idades, para todos os gostos, e,
principalmente, para todos os corações.
(Donália Mayra Jakimiu Fernandes, estudante do curso de letras da UFPR.)
Pela primeira vez, o livro tem a capa e as ilustrações internas assinadas por Poty Lazzarotto.
A apresentação deste cupom na Livraria do Chain (Rua General Carneiro, 441, ao lado da
Reitoria da Federal) garante desconto de R$ 2,00 na compra do livro Sem Família.
EM CASA E COM DESCONTONa promoção de fim de ano Livraria do Chain/Do Quintal, o livro Sem Família será entregue em
seu endereço (com frete grátis) e ainda com desconto de R$ 2,00 por volume (preço final: R$ 27,00). O pagamento é feito no ato da entrega ou com cheque para 30 dias.
Faça o seu pedido pelos telefones (041) 3527-0501 e (041) 9852-3071 ou pelo e-mail doquintal@yahoo.com.br
Entrega em até 48 horas para qualquer região de Curitiba.
PROMOÇÃO DO QUINTAL/LIVRARIA DO CHAIN
Curitiba, dezembro de 2010
Do Quintal
Cuidar de idoso se aprende na escolaCursos preparam profissionais para a delicada missão de atender aos mais velhos
Cuidar de idosos requer dedicação e conhecimentos técnicos.
Ângela Ribeiro
O processo de envelhe-cimento da população brasileira e o aumento
da expectativa de vida de nossos idosos tem exigido a capacitação de profissionais para garantir in-dependência e qualidade de vida a essa faixa etária. Se antes o cuida-dor do idoso tinha o perfil de um empregado doméstico, hoje as exi-gências são muito maiores. É por isso que várias escolas estão crian-do cursos para a formação desses profissionais interessados em se especializar no atendimento à cha-mada maior idade.
É o caso da Escola Vicentina Catarina Labourér, tradicional es-cola de enfermagem das Mercês, que oferece o curso de Cuidador de Idosos. Criado em 2004 para atender uma necessidade que vi-nha sendo apontada pela própria comunidade, o curso tem atraído um número cada vez maior de in-teressados. Prova disso é que a pri-meira turma teve oito alunos e, no ano passado, foi necessário abrir duas turmas de 30 alunos para suprir a demanda. Já neste ano, a escola teve de oferecer vagas para três turmas, tamanha a procura pelo curso.
A razão para isso, segundo a irmã Maria do Socorro Costa No-gueira, coordenadora do curso desde 2005, é o aumento na expec-
tativa de vida dos idosos, e a bus-ca da manutenção da qualidade de vida, que exige um enfoque no atendimento para essa faixa etária. Também é cada vez maior o núme-ro de profissionais de enfermagem interessados em se especializar no atendimento aos mais velhos, ou mesmo de pessoas que tem ido-sos em casa e que querem se ca-pacitar para cuidar de seus entes mais velhos. Outra grande parcela que tem buscado o curso é forma-da por pessoas que querem entrar no mercado de trabalho atuando como cuidadores em residências cujos familiares trabalham e não tem tempo de cuidar de seus pais, sogros ou avós.
Embora não tenha o caráter profissionalizante, o curso de Cui-dador de Idosos da Escola Catari-na Labourér abrange um extenso programa para a capacitação dos cuidadores. Segundo a irmã Maria do Socorro, cuidar de alguém que tem limitações físicas ou psíquicas exige um conhecimento com base científica, além de valores éticos e morais. “Uma pessoa que vai aten-der a um idoso deve saber respeitar a diversidade de expressões cultu-rais para adaptar-se às diferentes estruturas institucionais e familia-res. Sem contar, o conhecimento básico em diversas áreas que as ca-pacitem para garantir a qualidade de vida do idoso”.
» necessária preparaçãoCom uma carga horária de 80
horas, o curso reúne disciplinas de diversas áreas, como princípios básicos de enfermagem, noções de nutrição, psicologia e fisiotera-pia: “as famílias têm exigido maior conhecimento das doenças espe-cíficas do idoso, sem contar que o cuidador conheça os cuidados físicos e psicológicos necessários para lidar com os limites que a ida-de impõe”. No caso de familiares, a pessoa que tem um idoso em casa também precisa de uma estrutura psicológica que lhe prepare para lidar com os desafios do dia-a-dia junto a um ente mais velho. Muitas vezes as pessoas não estão prepara-das para entender a psicologia do idoso, todos os impasses e medos que ele enfrenta com o processo de envelhecimento. “Ou mesmo pes-
soas cujo parente tem problemas neurológicos, ou doenças como o Mal de Alzheimer . Essas pessoas também têm suas vidas alteradas e precisam, portanto, de um acom-panhamento e uma maior compre-ensão psicológica para lidar com a difícil missão de cuidar do idoso”- acrescentou a coordenadora.
Serviço : O curso de Cuidador de Idosos da Escola Técnica de En-fermagem Catarina Labouré acon-tece as segundas, quartas e sextas, das 19 às 21 horas. Os alunos fa-zem ainda 15 horas de estágio no asilo Ricardo Tarumã. A próxima turma começa no dia 14 de feverei-ro de 2011, com inscrições a partir de janeiro.Endereço: Rua Jacarezinho, 1000, Mercês.Valor: Duas parcelas de R$ 140,00.Telefone: 3219-3650
Cartilha dá dicas sobre cuidadosA projeção do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) é de que
em 2050 a população de idosos será de
63 milhões de pessoas. Em 1980 eram 10
idosos para cada 100 jovens, e em 2050
serão 172 idosos para cada 100 jovens,
porque a esperança de vida ao nascer saiu
de 43,3 anos, na década de 1950, para 72,5
anos em 2007, segundo o IBGE.
Além disso, segundo o Ministério da Saúde,
existem hoje aproximadamente 3,8
milhões de idosos com algum grau de
dependência no país. Por isso, o mercado
de trabalho para os chamados cuidadores
de idosos já tem bastante demanda e a
tendência é aumentar cada vez mais.
O Ministério da Saúde lançou em 2008
o Guia Prático do Cuidador do Idoso.
Em linguagem acessível, o manual traz
noções práticas para profissionais e
leigos. Ele ensina, por exemplo, a como
dar banho, como lidar em casos de
quedas, convulsões, oferece dicas para
uma alimentação saudável e ainda como
transferir um idoso acamado para uma
cadeira. O arquivo está disponível para
leitura e/ou download no endereço
eletrônico no link http://bvsms.saude.
gov.br/bvs/publicacoes/guia_pratico_
cuidador.pdf
Guido oferece curto gratuito
Interessado em oferecer mais uma opção de curso numa área técnica, garantindo à comunidade mais oportunidades no mercado de trabalho, o Colégio Estadual Guido Straube decidiu ofertar o curso gratuito de Cuidados com a Pessoa Idosa. O curso técnico – profissionalizante tem a duração de um ano e meio e vai formar sua primeira turma em julho de 2011. Além desse curso, o colégio Guido Straube oferta os cursos de Secreta-riado, com duração de dois semes-tres e Agentes Comunitário de Saú-de, com duração de três semestres.
Segundo a coordenadora do curso, Claudete dos Santos Ra-mos, a idéia de oferecer o curso de Cuidados com a Pessoa Idosa veio da falta de pessoas capacitadas para lidar com o idoso, o que exigiu uma nova área técnica. A equipe do Guido Straube pretende, além de fornecer essa mão-de-obra ca-pacitada, conscientizar a comuni-dade da importância da formação técnica que possibilita a inserção no mercado de trabalho e, conse-quentemente, o aumento da renda familiar. “O fato do colégio ficar num local privilegiado, próximo ao centro e atendido por várias linhas de transporte, faz com que pessoas de toda a cidade, além da Região Metropolitana, tenham acesso ao ensino técnico- profissionalizante e gratuito. Isso contribui para a in-serção de muitas pessoas no mer-cado de trabalho” – explicou a co-ordenadora.
O colégio já está formando uma nova turma para iniciar em feverei-ro de 2011. Para ingressar no curso é necessário ter concluído o En-sino Médio e ter disponibilidade no período noturno, das 18h50 às 2h:30, de segunda à sexta-feira. O curso tem reunido alunos de 25 a 50 anos de idade que fazem aulas de ambiente e Segurança, Anato-mia e Fisiologia Humana no Pro-cesso de Envelhecimento, Ativi-dades Ocupacionais Laborativas, Direitos Humanos e Cidadania, História do Envelhecimento, Ati-vidades Físicas e Lazer e Filoso-fia, além de um estágio supervi-sionado. As aulas são ministradas por profissionais na área de saúde, como enfermeiros, psicólogos e fi-sioterapeutas. (AR)Serviço: O Colégio Guido Strau-be fica na rua Jacarezinho, 1680,Mercês.Telefone: 3335-8241.
» 6
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3253-1909, 9856-6660 e 9256-6660 Rua Maria Bauer Sigmund, 503, Pilarzinho.
Para baixar ou ler a Carti-lha de Combate ao Bullying, acesse www.cnj.jus.br/images/Justica_nas_escolas/cartilha_web.pdf
Para denunciar o bullyng cibernético ou qualquer ou-tro crime contra os direitos humanos, como pornografia infantil e outros, acesse a Sa-ferNet, no endereço http://www.safernet.org.br.
E se eu fosse você?
» 7Curitiba, dezembro de 2010
Do QuintalBULLYING
Um mal que assola as escolasO bullying atinge instituições públicas e privadas e pode causar danos irreparáveis
Douglas Fernandes
Uma grave doença, muitas vezes invisível, se alas-tra por escolas de todo o
mundo. Muitas vezes provoca da-nos para toda a vida, chegando a causar mortes. A “patologia” é mun-dial, mas ganhou nome próprio nos Estados Unidos : bullying. Sem tradução exata para o português, o termo vem de bully, ou seja, “valen-tão”, aquele que tenta se impor em seu grupo com a violência física ou por meio de humilhações psicoló-gicas. A situação é tão grave, que no último mês de outubro o Conselho Nacional de Justiça lançou uma car-tilha voltada às escolas e órgãos pú-blicos em que ensina como identifi-car e como combater esse mal.
O texto da cartilha é de uma das maiores autoridades brasileiras no assunto, a médica psiquiátrica carioca Ana Beatriz Barbosa Silva. Autora de vários livros, entre eles Mentes Inquietas - TDAH: Desa-tenção, Hiperatividade e Impulsi-vidade e Mentes perigosas – O psi-
copata mora ao lado, ela esteve em Curitiba em setembro participando da 1ª Bienal do Livro, onde lançou sua mais recente obra: Bullyng – Mentes perigosas nas escolas. O Do Quintal esteve lá e a entrevistou com exclusividade.
Para a psiquiatra, não há dúvida de que o bullying se tornou um caso de saúde pública, ganhando contor-nos sórdidos com graves consequ-ências para as vítimas, incluindo traumas psicológicos e até mesmo suicídios. Ela esclarece que bullying trata-se de atos de violência (física ou não) praticados de forma inten-cional e repetitiva contra um ou mais alunos que não se encontram em condições de se defender.
Ou seja, embora em alguns ca-sos possa parecer, não há nada de “brincadeira” no bullying. Ele exis-
te desde sempre no ambiente es-colar, mas as formas de agressões estão ficando cada vez mais graves, e com a internet ganharam nova dimensão. Surgiu o ciberbullying. Nele, os agressores usam comu-nidades, e-mails, torpedos e blogs para humilhar colegas. Isso já levou jovens de várias partes do mundo a se suicidarem por não suportar a pressão.
» Em todas as escolasEm graus e formas diferentes, o
bullying acontece em todas as esco-las, sejam particulares ou públicas. Ana Beatriz, inclusive, considera que a situação é melhor enfrentada nas escolas públicas, que têm uma orientação mais padronizada para os casos e que geralmente acionam os Conselhos Tutelares e Delega-cias da Criança e do Adolescente.
Nas particulares, muitas vezes tenta-se esconder os casos. Ela lem-brou de uma propaganda de escola que viu no Rio de Janeiro em que se dizia que naquela instituição não havia bullyng. “Eu não teria cora-gem de colocar meu filho numa escola dessas. Não confiaria nela”, afirma.
E pesquisa feita pelo IBGE em junho último mostra que em Curi-tiba a ocorrência de bullying está acima da média nacional. O levan-tamento mostrou que dentre os alunos de escolas públicas e parti-culares entrevistados, 35,2 % dis-seram já ter sido vítimas da prática, o terceiro maior índice entre as ca-pitais do país. Ficou atrás somente de Brasília, 35,6% e Belo Horizonte (35, 5%). Um alerta para que toda a comunidade escolar, incluindo as
famílias, fique mais atenta e comba-ta de forma mais eficaz esse mal de consequências devastadoras. Mas que pode ser controlado.
Ana Beatriz: ‘Um problema de saúde pública”.
Marco André Lima
Além de provocar sérios danos para as vítimas, o bullying também traz consequências para o agressor, além das possíveis penalidades criminais do ato. São muitos desses agressores juvenis que exercitando a intolerância desde cedo se tornam os adultos que irão espancar futuramente homosse-xuais, negros, índios, nordestinos, o torcedor do time adversário, ou seja, todos que considerarem inferiores. E sem medir a dor que provocam nos agredidos.
Uma das práticas que a psiquiatra Ana Beatriz vem incentivando para combater isso nas escolas é uma ação simples, mas que pode trazer grandes resultados. Trata-se de um conjunto de atividades sob o nome “Se eu fos-se você”. Nelas, os professores incenti-vam os alunos a se colocarem na situ-ação do “outro”. Com isso, o estudan-te passa a pensar sobre o que sentiria caso fosse ele o agredido ou segregado.
Ana Beatriz também defende que todas as escolas criem comissões anti--bullying com representantes de toda a comunidade escolar. A partir dela, é possível criar uma política interna es-pecífica de combate às agressões e dar um encaminhamento adequado aos casos registrados. (DSF)
Saiba como identificarNo livro e na Cartilha, Ana Beatriz explica os
tipos de bullyng e como pais e professores po-dem contribuir para inibir sua prática no am-biente escolar. É comum a vítima, por vergonha
ou por achar que não há a quem recorrer, não contar a ninguém o que passa com ele. A seguir, alguns trechos resumidos que podem ajudar a identificar vítimas e agressores:
» QUEM PRATICA
Meninos e meninas praticam o bullying. O que varia é a forma. Entre os primeiros é mais visível, pois geralmente utilizam a vio-lência física. Já entre as meninas, é mais dis-simulado, geralmente utilizando-se de fo-focas, intrigas e isolamento das colegas.
» AS VÍTIMAS
Na Escola: No recreio ficam isoladas do grupo, ou perto de adultos que possam protegê-las; na sala de aula apresentam postura retraída, faltas frequentes às aulas, mos¬tram-se comumente tristes, deprimidas ou aflitas; nas atividades em grupo sempre são as últimas a serem escolhidas ou são excluídas; e em casos mais dramáticos apresentam hematomas, arranhões, cortes, rou-pas danificadas ou rasgadas.
Em Casa: Frequentemente se queixam de dores de cabeça, enjôo, dor de estômago, perda de apetite, insônia. Sintomas que tendem a ser mais intensos no período que antecede o horá-rio de entrarem na escola. Geralmente elas não
têm amigos. Apresentam diversas desculpas (inclusive doenças físicas) para faltar às aulas.
» OS AGRESSORES
Na escola: Os agressores fazem brincadeiras de mau gosto, gozações, colocam apelidos pejorati-vos, difamam, ameaçam e menosprezam alguns alunos. Fur¬tam ou roubam dinheiro e lanches. Estão sempre enturmados.
Em casa: mantêm atitudes desafiadoras e agressivas. São arrogantes no agir,no falar e no vestir, demonstrando superioridade. Manipulam pessoas para se safar das confusões em que se en-volveram.
» AS CONSEQUÊNCIAS
Todas as vítimas, sem exceção, sofrem com os ataques de bullying (em maior ou menor pro-porção). Muitas levarão marcas profundas pro-venientes das agres¬sões para a vida adulta, e ne-cessitarão de apoio psiquiátrico e/ou psicológico para a supe¬ração do problema.
» O PAPEL DOS PAIS
Em muitos casos, o fenômeno começa em casa. Os pais, muitas vezes, não questionam suas próprias condutas e valores, eximindo-se da responsabilidade de educadores. O exemplo dentro de casa é fundamental. O ensinamento de ética, solidariedade e altruísmo inicia ainda no berço.
A direção da escola deve acionar os pais e os órgãos de proteção à criança e ao adoles-cente etc. Em situações que envolvam atos in-fracionais (ou ilícitos) a escola também tem o dever de fazer a ocorrência policial. Tais proce-dimentos evitam a impunidade e inibem novos atos.
SERVIÇO:
ESPECIAL
» 8Curitiba, dezembro de 2010
Do Quintal
Golfinho, a história de um sonhoDo trabalho de um grupo de famílias curitibanas, surgia há 35 anos no Pilarzinho um clube de natação que faria história. Ali se formariam atletas que colocariam o Paraná pela primeira vez entre os grandes do Brasil. Após anos de glória, o declínio e o abandono. Hoje, em vez de campeões, o que se cria ali são mosquitos. Um movimento surgido no bairro e com o apoio de ex-atletas, porém, luta para que o local
volte a ser uma referência no esporte e se torne um exemplo ao país que se prepara para sediar sua primeira Olimpíada. Nestas, e nas páginas 10, 11 e 13, conheça um pouco da história do Clube do Golfinho e de quem transformou este sonho numa concreta realidade.
Enquanto o Brasil se prepara para sediar sua primeira Olimpíada, em 2016, uma estrutura que serviu por mais de 20
anos para formar campeões da natação brasi-leira está abandonada, servindo de criadouro de mosquitos e outras pragas urbanas. O Clu-be do Golfinho, que foi referência da natação de alto nível dos anos 70 ao final dos 90 do século passado, hoje se tornou um problema para os moradores próximos ao antigo número 28 da Rua São Salvador, no bairro Pilarzinho.
Foi ali que na metade dos anos 70 se tornou concreto o sonho de um grupo de pais abne-gados que se juntou para criar um espaço para seus filhos treinarem e competirem de igual pra igual com o melhor da natação do País.
O Clube do Golfinho, porém, começou a ser gestado alguns anos antes, dentro do Cen-tro Israelita do Paraná. A semente havia sido trazida da Sociedade Água Verde, ainda nos anos 60. Era na piscina desse clube, que filhos de dezenas de famílias curitibanas davam na época suas primeiras braçadas. Muitos garotos ficaram apaixonados pelo esporte devido à for-ma de ensinar do técnico Paulo Falcão.
A Água Verde, porém, encerrou suas aulas de natação. Paulo foi desligado e logo contrata-do pelo Centro Israelita do Paraná, e atrás dele foram os “órfãos do Água Verde”.
Apesar do entusiasmo do técnico e dos atletas mirins, o treino no Centro Israelita era feito de forma precária. Isso porque se tratava de um clube social e os jovens atletas tinham que dividir a piscina com os sócios que busca-vam na água só diversão. Mesmo assim, a de-terminação das famílias fez com que se criasse um grupo forte. Dessa união surgiu a idéia do nome Golfinho para designar a equipe.
» José finkelDentre os pais dessa gurizada, estava uma pes-
soa que deixaria marcas indeléveis na história da natação paranaense, o empresário Berek Kriger.
Sua relação com a natação começou quan-do pôs os filhos Joel, Thalma e Ilana para aprenderem a nadar na Água Verde. Em pouco tempo, se tornou o presidente da Associação de Desportos Aquáticos do Paraná, e já tinha contatos e o respeito dos principais dirigentes do setor no Brasil.
Foi com essa bagagem que, em 1972, ele criou o Troféu José Finkel, que se tornaria um marco na natação competitiva do país, e que este ano chegou à sua 39ª edição, como um dos principais torneios nacionais.
A idéia surgiu após um fato trágico com um dos atletas do Israelita. José Finkel tinha 17 anos e era a principal promessa paranaen-se até então. Era o melhor peitista do Estado e quem o acompanhava sabia que era questão de tempo para ele se tornar um destaque na-cional. Mas não houve tempo. Aparentemente sem motivos, ele começou a se sentir mal. Exa-mes detectaram um câncer linfático no jovem.
A morte veio em poucas semanas e com ela uma imensa comoção, que provocou inclusive uma debandada de atletas do israelita, pois ha-via quem creditasse a doença de Finkel ao trei-namento nas águas frias do clube.
Arrasado com a morte do jovem atleta, Be-rek, porém, viu que a melhor forma de home-nageá-lo seria criar um troféu com o seu nome. Então, mobilizou a nata da natação nacional para apoiar sua idéea. O argumento usado por Berek foi que o Brasil não era competitivo por-que no inverno a natação praticamente parava durante o inverno e que era justamente nessa época que aconteciam as principais competi-ções no Hemisfério Norte. Daí a necessidade do
Brasil ter um campeonato de inverno. A suges-tão foi bem acolhida, foi instalado um sistema de aquecimento nas piscinas do Israeleita, e já na primeira edição o José Finkel teve a partici-pação dos principais clubes do Rio e São Paulo.
Mas, embora o sucesso da iniciativa, as di-ficuldades no Israelita continuavam. No inver-no, tudo bem. Mas, no verão, os jovens atletas usavam cinco das seis raias da piscina, toman-do o espaço dos sócios. Foi aí que a diretoria do Israelita chamou os pais e deu um prazo para que encontrassem uma solução.
» O inícioBerek, então, propôs uma ação que, para al-
guns inicialmente, pareceu um delírio: criar o primeiro clube do País exclusivo para o ensino da natação. Boa vontade havia, faltava o res-tante. Júlio Gomel, conceituado médico uro-logista e que tinha então o filho Flávio dando suas primeiras braçadas no Israelita, conta que Berek então juntou mais cinco amigos: além dele, Abrão Fucks, Mauro Prieto, Ivan Gubert e Kozo Kazai, e propôs o seguinte: comprarem um terreno, dividir uma parte - onde construi-riam algumas casas para comercializar -, e com isso bancar o restante do terreno que seria do-ado para o Clube.
Foi escolhido um terreno de 16 mil metros quadrados da planta Bortolo Gava, no Pilarzi-nho. A área se resumia a um imenso matagal. Nem rua em frente havia. Pouco menos da me-tade ficou para os compradores e o restante, 8 mil e 312 metros quadrados, foi doado para o Golfinho.
O espaço estava garantido. Faltavam as pis-cinas. Para levantar os recursos, os pais mobi-lizaram outros pais e os amigos e em pouco tempo estavam vendidos 250 títulos do futuro clube.
Além disso, todos ajudavam como podiam. Pais arquitetos fizeram o projeto, pais enge-nheiros acompanharam a obra, outros man-tinham contato com autoridades para conse-guir ajuda. Foi assim que o então prefeito, Saul Raiz, mandou máquinas para arrumar o terre-no e fazer as escavações para as piscinas. Em pouco tempo, começava-se a construção de três piscinas, uma de 25 metros e duas outras menores, para o aprendizado da gurizada.
» PrisãoBerek, porém, não pôde acompanhar de
perto boa parte das obras. Socialista, ele parti-
Douglas de Souza Fernandes
Ilana Kriger, ao bater o recorde sul-americano no Minas Tênis Clube, em 1977.
Berek Kriger, falando, durante uma reunião no 2º José Finkel, em 1973.
ESPECIAL
» 9Curitiba, dezembro de 2010
Do Quintal
Golfinho, a história de um sonhoDo trabalho de um grupo de famílias curitibanas, surgia há 35 anos no Pilarzinho um clube de natação que faria história. Ali se formariam atletas que colocariam o Paraná pela primeira vez entre os grandes do Brasil. Após anos de glória, o declínio e o abandono. Hoje, em vez de campeões, o que se cria ali são mosquitos. Um movimento surgido no bairro e com o apoio de ex-atletas, porém, luta para que o local
volte a ser uma referência no esporte e se torne um exemplo ao país que se prepara para sediar sua primeira Olimpíada. Nestas, e nas páginas 10, 11 e 13, conheça um pouco da história do Clube do Golfinho e de quem transformou este sonho numa concreta realidade.
cipava de um grupo de intelectuais locais con-trários à ditadura instalada no país na década passada. Por isso, já havia sido preso em 1964, 1966 e 1967, mas sempre só por alguns dias. Agora, acusado de financiar pessoas ligadas à luta armada, ele ficaria detido por oito meses no quartel do Exército, na Marechal com a Getúlio Vargas, até ser julgado e considerado inocente.
Mas, poucos sabem que mesmo enquanto estava preso, Berek saía do quartel para visitar a família e dar um pulinho no Pilarzinho para ver como estavam as obras. Não se sabe ao cer-to como ele conseguia o “indulto”, mas o fato é que de vez em quando avisavam a família, e a filha Thalma ia buscá-lo de carro em frente ao quartel e, depois das visitas, levava-o de volta.
Numa dessas visitas, foi homenageado pelos atletas e demais dirigentes, sendo joga-do na piscina recém-construída. O Clube se-ria inaugurado oficialmente em dezembro de 1975.
Amigos dizem, porém, que depois da prisão ele nunca voltaria a ser como antes, inclusive se afastando um tempo da natação e da cidade.
Ele continuaria ligado ao Golfinho, porém, até o início dos anos 80. Em 81, começaria a construir o Centro de Natação Berek Kriger, inaugurado em 1982 e que funcionaria até 2002, um ano após sua morte, em 29 de abril de 2001.
» O augeAntes de se afastar, porém, Berek havia dei-
xado toda a estrutura para o Golfinho crescer. Foi ele, junto com o vice Júlio Gomel, que buscaram na Argentina, o técnico Carlos Fer-nandez, na época já um cobra na formação de nadadores.
Berek também teve a felicidade de ver sua filha, Ilana, bater o recorde sul-americano dos 200m costas, em 1977. Em 1979, seria inaugu-rada a piscina olímpica de 50 metros, marco na história do clube.
Nos anos seguintes, bater recordes no gol-finho se tornaria comum. O Clube se firmaria na década seguinte como uma das forças da natação brasileira.
» O declínioO sucesso externo, porém, criou brigas in-
ternas. Alguns dizem que pais que não tinham os filhos entre os primeiros começaram a ques-tionar a atenção dada a seus rebentos, criando cisões. Outros apontam a má administração.A maioria que acompanhou a história do clube, porém, concorda que o grande motivo do de-clínio foi a saída dos pais fundadores. Confor-me os filhos cresciam e encerravam suas car-reiras nas piscinas, eles também foram se afas-tando.
As dívidas do Golfinho levaram a sua sede a ser incorporada pela Sociedade Juventus, que também afundada em dívidas com a Previdên-cia, teria o imóvel leiloado em setembro de 2003. Atualmente, o imóvel está indisponível pela Justiça e pesa sobre ele uma dívida, entre tributos federais e de IPTU, em torno de R$ 2 milhões.
Poderia ser o triste fim do clube que fez história na natação paranaense e brasileira. Po-rém, está em curso um movimento para que a estrutura deixada pelo Golfinho seja resgatada pelo Poder Público para atender à população e, quem sabe, formar novos campeões. Seria um final feliz bem apropriado para um sonho de um grupo de curitibanos que foi, durante um tempo, um exemplo nacional.
Ilana, a primeira recordistaAntes do Golfinho, nenhum nada-
dor paranaense tinha conquistado des-taque na natação nacional. A primeira a realizar a façanha foi Ilana Kriger. Não por acaso, filha de Berek, o mentor do Golfinho. Aos 17 anos, estudando e morando em São Paulo, mas nadando pelo Golfinho, ela bateu o recorde sul--americano dos 200 metros costa.
Quando a menina Ilana entrou na piscina do Minas Tênis Clube, em Belo Horizonte, no dia 3 de fevereiro de 1977, sabia que ficaria entre as primei-ras. Pois meses antes, no campeonato estadual que a classificou para o Tro-féu Brasil de Natação, ela havia feito o tempo de 2 minutos, 29 segundos e 11 décimos, apenas um segundo e 60 dé-cimos acima do recorde que pertencia a Rosamaria Prado, do Andradina Tênis Clube. Mas não imaginava que 2 minu-tos, 25 segundos e 88 décimos depois, monopolizaria a atenção de todos que acompanhavam o primeiro dia de pro-vas do principal campeonato nacional. Isso numa competição que tinha, entre outros destaques, Djan Madruga, o pri-meiro nadador brasileiro a bater um re-corde olímpico.
Ao repórter do jornal O Globo que cobria o evento, ela disse que não espe-rava tanto assédio após a prova. “Estou confusa. Não sabia que um recorde é tão importante. Estou impressionada com número de pessoas que se aproximam de mim, para conversar e entrevistar. Desculpe, se não responder direito às perguntas”, comentou ela.
Seu desempenho também garantiu
sua presença na Copa Latina, que se-ria realizada em Roma, em março, e no qual ela voltaria a bater o recorde, bai-xando-o para 2:25:20.
Apesar da pouca idade, ela já com-putava dez anos de competições, in-cluindo três participações internacio-nais, no Chile, Uruguai e França. Seus ótimos resultados, porém, não foram suficientes para mantê-la na natação.
No mesmo ano se mudaria para a Califórnia, nos EUA. Hoje, mais de 30 anos depois, ela explica que o que pe-sou para a sua saída precoce foi a falta de infraestrutura que encontrou no clube norte-americano. Pelos resultados que teve por lá, sentiu que não conseguiria um bom desempenho no ano seguinte. Cansada da rotina de treinos, resolveu, então, dedicar-se somente aos estudos. Passou no vestibular para o Curso de Desenho Industrial na PUC e voltou a morar em Curitiba. Hoje é a diretora de Varejo na Área de Tecnologia Educacio-nal.do Grupo Positivo.
A lembrança dos tempos do Golfi-nho, porém, continua viva em sua me-mória. Assim como o esforço e a dedi-cação de seu pai e dos demais fundado-res do clube para transformar a cidade numa potência da natação. É por isso que ela torce para que o poder público encampe o que sobrou do clube e o use para prestar um serviço à comunidade, ensinando a natação para as novas gera-ções. Uma forma de manter viva a me-mória de quem conseguiu transformar um sonho numa poderosa realidade. (DSF)
Thalma, Ilana e a mãe, Rosa Kriger: família unida na natação.
As águas do Golfinho fo-ram férteis na criação de campeões. Com o recor-
de quebrado por Ilana, em 1977, o clube de Curitiba mostrou ao que veio. Nessa época, com ape-nas dois anos de sua inauguração oficial, os atletas do clube já deti-nham a maioria dos recordes pa-ranaenses, capitaneados primei-ramente pelo técnico argentino Carlos Fernandez e depois por Le-onardo Vescovo, também argen-tino, e o campeão brasileiro Ilson Austuriano. Junto com a filha de Berek, Ênio Aragon, nos 100 me-tros livre, Daniel Wolokita, nos 100 borboleta e Carla Sprengel, também nos 100 borboleta, foram os principais destaques da primei-ra geração do Golfinho.
Outros que já faziam bonito ou que fariam nos anos seguinte eram Fabio, Maria e Bruno Miraglia, Christiane Mueller, Mário Roma-nó, Hilton Zattoni, Luiz Roberto e Ana Lúcia Ratto, Mario Lopes, Priscilla Grocoski, Cláudia Surigi, Antônio Paula Filho, Izabella de Paula, Mônica Prieto, Patrícia Fili-zola e Oscar Monteiro; e também Gilberto Krieger, Jayme Woloki-ta, Antonio Carlos de Paula Soa-res, Celso Jugend, Suzanne Soifer, Marcia, Ilona e Liliane Naday, Ka-tia Weigang, Regina Iorio e Silvia Franzoni.
Em pouco tempo, bater recor-des paranaenses se tornou rotina para aquele pessoal. Tanto que ainda em 5 de dezembro de 1976, o clube promoveu o I Festival de Recordes do Paraná. Participaram clubes de todo o Estado que ti-
nham nadadores em condições de bater marcas paranaenses.
Foram 22 tentativas, das quais surgiram 16 quebras de recordes estaduais. Os golfinenses foram res-ponsáveis por 13. Em segundo ficou o Curitibano, com 2; e em terceiro, o Olímpico de Maringá, com um.
» Conquistando o BrasilO domínio no Paraná já esta-
va selado. No cenário nacional, os atletas do Golfinho foram galgan-do degraus ano a ano. No final dos anos 70, o clube já figurava entre o sexto e o sétimo melhores do país. O grande salto rumo aos princi-pais pódios nacionais foi dado a partir da contratação do técnico Reinaldo Dias, descoberto pelo golfinense e jornalista Borell Du Vernay no interior de São Paulo. Seu auxiliar era um ex-atleta do clube, Daniel Wolokita .
Em pouco tempo, o Golfinho já batia clubes tradicionais, como o Minas, a Hebraica, Vasco da Gama e Andradina . O auge chegaria em 1986, quando passaria o poderoso Pinheiros, de São Paulo, e assumi-ria a segunda posição no ranking da natação nacional, atrás somente
do então imbatível Flamengo. Nesta época, o Golfinho teve
seu time mais poderoso.Christia-no Michelena, Eduardo de Poli e Rogério Romero, três futuros atle-tas olímpicos, puxavam a equipe, que trazia ainda Cristiane Spieker dos Santos, Cláudia Sprengel,
Priscila Grocoske, Felipe Michele-na, Flávio Gomel, Patrícia Koglin, Ana Júlia Borell, João Carlos Bo-rell e Miriam Arthur.
O hoje arquiteto Felipe Mi-chelena lembra a emoção que foi desbancar o até hoje fortíssimo Pi-nheiros no Troféu Brasil de 1986, disputado no Rio de Janeiro. “Só não fomos campeões, porque nos-sa equipe levou apenas 26 atletas, contra 40 que disputaram pelo Flamengo, que ficou com o pri-meiro lugar”, conta.
» Aplauso especialO desempenho dos paranaen-
ses foi acompanhado com entu-siasmo pela lenda da natação bra-sileira, Maria Lenke, que hoje no-mina o principal troféu nacional, e que na época tinha 71 anos. Fla-menguista, mas acima disso, apai-xonada pela natação, ela vibrou nas arquibancadas com a atuação do Golfinho. “Isso colocou a gente nas alturas”, recorda Felipe.
No ano seguinte, mostran-do que a posição que chegara no ranking nacional não foi por aca-so, o Golfinho voltou a se confir-mar como o segundo melhor do país. Inconformado com a perda da posição, o Pinheiros tentou de tudo para superar os paranaenses. Para tentar dar o troco, os paulis-tas buscaram um reforço de peso: o medalhista olímpico Ricardo Prado. O reforço, porém, não foi suficiente para superar os abnega-dos paranaenses, que mantiveram a posição conquistada. (DSF)
ESPECIAL
» 10Curitiba, 25 de agosto a 25 de setembro de 2010
Do Quintal
Entre os melhores do paísNos primeiros anos, o Golfinho reinou absoluto no Paraná; depois, conquistou destaque nacional
Um quarteto de peso: Daniel Wolokita, Enio de Aragón, Luiz Roberto Ratto e Jayme Wolokita.
Uma rivalidade produtivaGolfinho X Curitibano. Essa rivalidade marcou época na
natação paranaense e foi em boa parte a partir dela que se lapidaram os primeiros campeões do Estado. Hoje reinando absoluto na formação de craques das piscinas no Paraná, o Curitibano deve grande parte de sua trajetória vitoriosa aos embates travados ainda no início da década de 70 com o ir-mão do Pilarzinho.
Muitos dos primeiros destaques do Curitibano, inclusi-ve, deram suas primeiras braçadas nas águas do Golfinho. Renato Ramalho, atual diretor financeiro do Curitibano, foi um deles. Representando o Brasil nas olimpíadas de 1988 e 1992, Renato é hoje um dos sócios de um dos principais nadadores brasileiros de todos os tempos, Gustavo Borges, na rede de academias GB.
Seu pai, Joel Ramalho, foi um dos fundadores do Golfi-nho. Ainda na primeira fase do Clube, porém, Joel entrou em rota de colisão com o técnico de então, o argentino Leo-nardo Vescovo. Ele considerava que o treinamento dado por Leo era puxado demais para as crianças. Joel achava que isso poderia trazer sérios problemas para os atletas na fase adulta. Isso o fez deixar o clube, levando Renato, então com 9 anos, para o Curitibano. Renato logo se destacaria, indo anos de-pois para o Flamengo, onde conseguiria espaço na seleção brasileira. Anos depois, Leó também iria para o Curitibano, onde permanece até hoje, como personal trainer.
Fernando Magalhães, bi-campeão do Troféu Brasil (50
livre) e recordista brasileiro absoluto dos 100 livre nadou em Curitiba só pelo Curitibano, e hoje é o supervisor das academias GB. Mas diz que sempre teve carinho pelo arqui--rival. “Sou um grande admirador da história do Golfinho. Gostaria muito de ver aquele espaço sendo usado em prol da sociedade e celebrando os craques da natação que passa-ram por ali”, diz ele.
Entre os ex-atletas, é unânime que a rivalidade na verda-de se restringia às piscinas, mantendo-se sólidas amizades entre os representantes dos dois clubes. Felipe Michelena lembra que o problema eram os pais, que ficavam brigando à beira da piscina nos campeonatos, chegando alguns a qua-se irem às vias de fato pelos seus rebentos. O que, felizmen-te, dizem que nunca aconteceu. (DSF)
Renato e Joel Ramalho: do Golfinho ao Curitibano.
Marco André Lima/Do Quintal
Rogério Romero: com 5 olimpíadas, o mais vitorioso atleta do Golfinho.
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Do Quintal
ESPECIAL
» 11Curitiba, 25 de agosto a 25 de setembro de 2010
Do Quintal
Entre os melhoresdo mundoNos anos 70, o Golfinho recebeu a visita dos melhores do planeta
Doc, nos anos 60, com três de seus então jovens pupilos da Indiana: Don McKenzie, Mark Spitz e Charlie Hickox. Spitz gaharia 7 ouro em Munique, em 1972, batendo 7 recordes. Seu feito só seria superado em 2008, por Michael Phelps.
Hoje, César Cielo e compa-nhia vinda um pouco an-tes já marcaram território
na natação mundial.E há paranaen-ses que são promessas de medalhas nos Jogos Olímpicos do Rio de Ja-neiro, em 2016, como Henrique Rodrigues, 19 anos, que começou na escola de Natação Amaral, de Curitiba, e que hoje defende o Pi-nheiros. E Alessandra Marchioro, 17 anos, do Clube Curitibano.
Em 1976, porém, o Brasil tinha uma participação bem mais mo-desta no cenário mundial. Rômu-lo Arantes, Marcos Mattioli, Jorge Fernandes, Cyro Marques e Djan Madruga eram os expoentes na-cionais. Todos com bons desempe-nhos, mas nenhuma medalha olím-pica, o que só viria a acontecer nas Olimpíadas de Moscou, em 1980, quando conquistariam o bronze nos 4 X 200 metros livres.
E se o Brasil aparecia pouco, o Paraná nem existia nas competições mundiais. Mas, foi em dezembro de 1976 que o maior técnico do mun-do e alguns dos principais nadado-res norte-americanos vieram ao Pi-larzinho e conheceram o que aquele grupo de curitibanos vinha fazendo no número 28 da Rua São Salvador.
A convite de Berek Kriger, a de-legação norte-americana da Uni-versidade de Indiana, chefiada por James “Doc” Counsilmann, deu aulas e participou de uma competi-ção amistosa com os jovens atletas do Golfinho. Aos 56 anos, Doc era uma lenda viva norte-americana. Piloto, foi considerado herói da Se-gunda Guerra ao chocar seu avião contra os alpes da Iugoslávia, mas salvando toda a tripulação. De volta à vida civil, além de vários clubes, treinou a delegação daquele país nas Olimpíadas de 64 e 76, quando das 24 medalhas de ouro disputa-das levou 21. Dois anos depois da visita ao Golfinho, seria o homem mais velho a cruzar nadando o Ca-nal da Mancha.
Entre os nadadores que Doc trouxe ao Golfinho veio o primei-ro do mundo a nadar os 100 me-tros em menos de 50 segundos, Jim Montgomery.
Doutor em educação física, Doc Counsilmann revolucionou o trei-namento dos atletas. Sua obra mais conhecida, a Ciência da Natação, lançada em 1968, se tornou uma bíblia para treinadores do mundo todo. E foi parte dessa técnica que ele ensinou em aulas e palestras para a equipe do Golfinho.
» Vitória surpreendenteNo mesmo ano, só quem em
abril, o Golfinho havia recebido
outra visita ilustre. A equipe de Mission Viejo, Califórnia, então uma referência mundial na nata-ção, também veio trazer um pouco de sua experiência para os jovens atletas curitibanos. Entre os des-taques da equipe, Jesse Vassalo, 15 anos, futuro recordista mundial e que só não foi medalhista olímpi-co porque os EUA boicotariam os Jogos Olímpicos de Moscou em 1980. Mas nos jogos paralelos que os americanos realizaram naquele ano, registrou melhor tempo nos 200 e 400 metros do que os dois medalhistas de ouro de Moscou.
Outros destaques eram os cam-peões americanos Alice Browne, Maura Campiom, Dawn Rodighie-ro e Cliff Clifton.
Após as palestras e aulas, os nor-te-americanos participaram de uma competição amistosa com os atletas locais. A diferença de nível das duas equipes fazia crer que os america-nos ganhariam com folga todas as provas. O público que lotava as ar-quibancadas do Clube do Golfinho naquela noite de 4 de abril de 1976, porém, teria uma grata surpresa.
Das oito provas individuais, os atletas da Mission Viejo realmente ganharam fácil sete delas. Mas, justa-mente nos 100 metros livres, a mais nobre e importante prova da nata-ção, em vez do favorito Cliff Clifton, quem chegou em primeiro foi um golfinense. O jovem Ênio Aragon não se intimidou diante da fera ame-ricana e cravou 55 segundos e 78 dé-cimos, contra 57:04 de Cliff.
Mais surpreso que o público, que vibrou intensamente nas ar-quibancadas do Pilarzinho, Cliff procurou justificar o mau resulta-do, atribuindo-o às “comidas pe-sadas” ingeridas na sua estada em Curitiba, incluindo uma feijoada. Em que pese a dieta do atleta nor-te-americano e o fato de ser uma prova amistosa, o que ficou para a história é que o campeão daquele dia – ou melhor, daquela noite - foi Ênio Aragon. (DSF)
Ninguém esperava, mas Ênio Aragon venceu Cliff Clifton.
O declínio do Golfinho começou ainda no início dos anos 90,
mas até pouco tempo antes de ser fechado, em 2003,
ainda continuou prestando um serviço importante para a
comunidade. Homero Cachel, renomado técnico, mestre em
Educação Física e uma referência no Triathlon mundial, atuou
por mais de 10 anos no Clube. Nos últimos tempos, havia
arrendado o Golfinho junto ao Juventus e, além da formação
de triatletas, ele desenvolvia também um trabalho voltado às
crianças carentes da região.
Investindo recursos próprios que conseguira como professor,
ele atendia nos últimos tempos a 176 crianças. O trabalho foi
interrompido quando o imóvel, devido a dividas do Juventus
junto ao INSS, foi a leilão.
José dos Santos, que hoje trabalha na Loja Toque do Sol, ao lado
do Golfinho na Rua São Salvador, trabalhou por seis anos na
área de serviços gerais e manutenção do Clube, e conta que
com o novo dono, houve uma mudança radical no atendimento.
“Para economizar, eles mandavam desligar as caldeiras, era uma
judiação para os velhinhos que faziam hidroginástica”, conta.
Jocélia Santana, também hoje funcionária da Toque de Sol,
trabalhava como secretária da administração. Ela conta
que logo após o leilão, o advogado Luiz Fernando Comegno
apresentou-se como representante do novo dono e passou a
administrar o Clube. Na primeira semana, lembra, já começou
a quebrar os vestiários, afirmando que tudo passaria por uma
reforma geral. Anunciou tempos depois que o Clube seria
fechado temporariamente para as obras de melhoria. Na
tarde do dia 30 de julho, reuniu os cerca de 15 funcionários
e informou que todos seria desligados, mas que seriam
recontratados quando o clube reabrisse. Mas isso nunca
aconteceu. Alguns conseguiram receber o que tinham de
direito, outros foram à Justiça e até hoje ainda esperam. (DSF)
Marco André Lima/Do Quintal
A força da família
Se para os motivos que levaram ao fim do Golfinho há muitas versões, para explicar o sucesso do clube há um consenso. Todos que participaram dele são unânimes em afirmar que a base de tudo foi a união da “família Golfinho”.
Júlio Gomel, um dos fundadores e primeiro vice-presidente do Clube, lembra que essa característica era tão forte que chamava a atenção de quem vinha de fora.
Ele conta que na realização da primeira edição do José Finkel, em 1972, ainda no Israelita, um dos destaques infantis foi o menino Ricardo Prado, que aos 7 anos já era campeão brasileiro pelo Pinheiros (SP) e que futuramente seria medalhista olímpico. Ao fim do torneio, o pai de Ricardo, Rui Prado, impressionou-se com o que o pessoal de Curitiba oferecia aos visitantes. Entre outras coisas, o Golfinho bancou um jantar para todos os atletas e dirigentes no Madalosso. E Rui fez um comentário premonitório: “Se vocês conseguirem ter a mesma união que têm fora da piscina, dentro dela, serão imbatíveis”.
O trabalho pelo Golfinho envolvia toda a família dos atletas. As mães acordavam de madrugada, para estarem com os filhos no Pilarzinho às 5 horas da manhã para os primeiros treinos. Enquanto os meninos treinavam, elas preparavam o lanche e os uniforme de escola. Em seguida, levavam as crianças para a escola e os traziam novamente após as aulas para o treino da tarde.
Rosa Kriger, esposa de Berek Krieger e mãe de Ilana, Joel e Thalma, era uma delas. Além dos treinos diários, elas acompanhavam os rebentos nas viagens para participar de torneios por todo o Brasil. As viagens eram bancadas pelos próprios pais, e não havia alojamento precário ou cansaço que fizesse as mães desanimarem.
Hoje, décadas depois, essa união continua forte entre os que viveram aquela época. Muitos continuam até hoje no esporte, nadando em competições máster ou dirigindo atletas. Vários montaram ou trabalham em academias, outros buscaram novos caminhos profissionais e se contentam em verem os filhos dando suas primeiras braçadas . Grande parte mantém a rede de amizades iniciada naquele tempo. Ou seja, para muitos, o Golfinho não acabou.
O apagar das luzes
Hoje, o antigo glorioso Golfinho é o retrato do abandono.
ESPECIAL
» 13Curitiba, dezembro de 2010
Do Quintal
Uma história que ainda não acabouMoradores e ex-atletas se mobilizam para que o Golfinho volte a funcionar
Muitos acharam que a história do Clube do Golfinho havia acabado
oficialmente em 2003, quando o imóvel foi arrematado em leilão do INSS, devido às dívidas com a Pre-vidência tanto pelo clube quanto pelo seu incorporador, a Socieda-de Juventus. Lorival Lincol Ferrei-ra, que estaria morando nos Estados Unidos, foi quem arrematou a área, por R$ 600 mil, em 60 prestações. Mas pagou somente a primeira, de R$ 10 mil. Devido a duas ações con-tra o devedor, o imóvel está hipoteca-do e penhorado em favor da União Federal. Então, há ainda a possibili-dade de o Poder Público resgatar a área para servir à comunidade.
Quem afirma isso é o advogado João Carlos Flor, que coordena a comissão de moradores do Pilarzi-nho que luta para que a área seja re-vitalizada e passe a atender à popu-lação. A idéia surgiu das reuniões do Projeto de Desenvolvimento Local - coordenado pelo Sesi/Fiep e que reúne moradores que se inte-ressam por resolver os problemas de sua comunidade. Foi esse gru-po, formado também pelo corretor Jorge Luiz Kalnowski e o jornalis-ta Douglas Fernandes, que passou a procurar o responsável pela área, para acioná-lo junto à saúde públi-ca para que tomasse providências em relação aos focos de criação de mosquito do local. No levan-tamento do histórico do imóvel, descobriu-se a inadimplência e os processos contra o arrematante.
O advogado conta que, no pro-cesso de penhora, o imóvel foi ava-liado em R$ 1.500.000,00. “Como há outras execuções na Justiça Fe-deral contra o arrematante, a Pro-curadoria Federal poderia requerer a unificação dos processos a fim de consolidar a dívida e assim pleitear a adjudicação do imóvel (encampar a área), pois o montante dos débi-tos cobrados pelo Governo Federal supera o valor da avaliação”, expli-ca. Também existem execuções fis-
cais de cobrança do IPTU que so-mam mais de R$ 300 mil. Hoje as dívidas para regularização da área, entre débitos com a Previdência e com o Município, estão próximas de R$ 2 milhões e o imóvel está in-disponível até que sejam saldadas.
» morosidadeO processo acionado pela Procu-
radoria Federal ficou paralisado de 2006 a 2008 porque Lorival Ferreira, representado pelo advogado Luiz Fer-nando Comegno, não era encontrado para ser intimado. Isso só ocorreria em 2008, mas curiosamente não pela dí-vida referente ao Golfinho, mas pelas custas processuais de uma outra ação devidas pelo arrematante.
» Ainda há esperançaNo último dia 28 de novem-
bro, a comissão de moradores, re-forçada por ex-atletas do Golfinho e pelo vereador Paulo Frote - que requereu a audiência -, reuniu-se com o prefeito Luciano Ducci, no Paço Municipal. Representando o Golfinho, estavam Ilana e Thalma Kriger, filhas de Berek; Ênio Ara-gon, Oscar Monteiro, Antonio Car-los de Paula Soares, filho de “Casi-co”, ex- presidente do clube; e Ester Proveller, do Clube Israelita.
A comitiva apresentou a situa-ção do imóvel e pediu ao prefeito que estude a possibilidade de o Município assumir a área e trans-
formá-la num centro de atendi-mento à população. Luciano Ducci disse que, junto com sua assessoria jurídica, irá estudar o caso para ve-rificar o que é possível ser feito.
Enquanto aguarda, a comis-são está promovendo um abaixo--assinado para reforçar o pedido. A Federação de Desportos Aquáticos do Paraná (FDAP) apóia a iniciati-va. Seu presidente, Luiz Fernando Graczyk, que estava em Cascavel no Campeonato Estadual Mirim, já está repassando o abaixo-assinado. Destaque do Golfinho nos anos 80, Graczyk é pai dos nadadores An-dré, 11 anos; e Alexandre, 16, que neste ano baixou, pelo Flamengo, o recorde brasileiro dos 100m batido por César Cielo em 2003.
O advogado João Carlos diz que, havendo a viabilidade da de-sapropriação, será um grande pre-sente para a comunidade e, de certa forma, para toda a cidade, que terá preservada a memória de um clube que marcou a história da natação paranaense e nacional. (DSF)
Serviço: Para saber como parti-cipar do abaixo-assinado, acesse o site www.doquintal.com.br
Hoje, o Clube virou foco de mosquitos. Grackzyk, dirigente da FDAP, e a bandeira. do Golfinho.
O pedido de desapropriação foi apresentado ao prefeito Luciano Ducci.
Quem nadou nas piscinas do Golfinho e hoje visita o lo-cal sente uma profunda triste-za. Quem não o conheceu nos bons tempos não acredita que por ali passaram alguns dos melhores nadadores e técni-cos do País, em apresentações que lotavam as arquibancadas do clube, em verdadeiras festas do esporte. Hoje o cenário é melancólico. O mato voltou a cobrir parte dos 8 mil metros quadrados do terreno. E viceja mesmo dentro das piscinas de-terioradas e escurecidas pelo tempo. Onde nadaram astros do esporte, hoje poças d`água dão abrigo a focos de insetos. Há lixo e detritos acumulados pelos cantos. No subsolo, as caldeiras que aqueciam a água estão apodrecendo. O setor administrativo foi depredado, documentos e fichas dos atle-tas formam um monte de lixo próximo à piscina olímpica. Troféus, medalhas, fotografias, desapareceram.
Antes orgulho para os mo-radores vizinhos, hoje o local é motivo de preocupação. Pri-meiro pelo potencial foco de transmissão de doenças. E em segundo, pelo medo de que a área passe a ser usada como es-conderijo de bandidos ou pon-to para uso de drogas. Uma família está morando preca-riamente no local, sem forne-cimento de energia elétrica, e afirma que está cuidando do terreno para o dono, impedin-do invasões.
Os vizinhos mais antigos lembram com saudade dos dias em que havia campeona-tos no local e as ruas ganhavam uma efervescência saudável, tí-pica do esporte. José Eduardo, o Zé da Wap, que mora em frente aos portões do clube, é um dos que lamenta o fim das atividades. Ele chegou a na-dar no local e acompanhou os tempos de glória e decadência do Golfinho. “É muito triste lembrar dos grandes atletas que passaram por aqui e ver como está hoje, abandonado, destruído. É muito triste...”, re-sume. (DSF)
Dos bons tempos, só a lembrança
O paranaense Rogério Romero (*), único brasileiro a competir em cinco olimpíadas, nos mandou uma mensagem de Belo Horizonte, onde atua como se-cretário de Estado adjunto da Secretaria de Esportes e da Infância, contando sua relação com o Golfinho e a importância dele ser preservado:
» “Caro Douglas,A iniciativa é realmente muito impor-
tante e até relevante em diversos aspec-tos. Primeiro: a memória do esporte, no caso a natação. Segundo: pensando-se nas Olimpíadas. E por último, mas não menos importante,: o desenvolvimento social da região já mencionado.
Minha experiência no Clube do Golfi-nho foi a melhor possível. Cheguei no iní-cio de 1986 e fui muito bem acolhido pela família do Golfinho. Sim, família, porque o sentimento era este mesmo, de perten-
cimento de algo maior que apenas uma equipe de natação. Foi quando descobri a trajetória, a história daquele que foi um clube exclusivo de natação. As vantagens neste modelo são óbvias, sem ter que “dis-putar” atenção com outras modalidades, seus dirigentes e o corpo técnico especia-lizou-se. Tanto que, já no meu primeiro ano, o clube foi vice-campeão brasileiro, com um número acanhado de atletas, se comparado com as outras potências clu-bísticas. Conquistei também, já ao final de 1986, minhas primeiras vitórias brasi-leiras, e minha primeira convocação para seleção juvenil brasileira.
A evolução atlética continuou e, em janeiro de 1988, conseguia meu primei-ro índice olímpico. Esta façanha foi ainda mais significativa pois o campeonato foi realizado no próprio Clube do Golfinho, no Pilarzinho. Outras seleções e títulos
vieram, até eu vir para o Minas Tênis Clu-be, em 1991.
Mas esta passagem por Curitiba certa-mente moldou meu caráter e definiu o que seria minha perseverança para o restante de minha longeva carreira esportiva. E, mais importante de tudo, as amizades que foram criadas, apesar da distância, conti-nuam. Isto, para mim, foi a maior conquis-ta em Curitiba.”.
(*) Londrinense, Rogério Romero, nadou inicialmente na Acel, antes de vir para o Golfinho. É um dos três atletas do mundo a ter disputado 5 olimpíadas. Foi finalista em Seul-88, Barcelona -92, Atlanta- 96 e Sydney – 2000, nos 220 m costas, tendo batido 29 recordes sul--americanos e 41 brasileiros em 27 anos de carreira. É recordista mundial na cate-goria 35+.
A mensagem de um campeão
Marco André Lima/Equipe Do Quintal
Assessoria Paulo Frote
» 14Curitiba, dezembro de 2010
Do Quintal
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BBN – Rádio totalmente Cristã92,3 FM .............................................3281-4400
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...............................................................3336-4093
O “quintal dos curiti-banos” ganhou nes-te segundo semestre mais um bosque de
preservação ambiental, o Erwin Grogër. Ele fica de frente para a rua Benedito Correia de Freitas e aos fundos da Ópera de Arame, no Abranches. Erwin Grogër, falecido em 2008 aos 96 anos, foi um dos precursores do montanhismo e da preservação ambiental no Brasil. Por montanhistas e ambientalistas de várias gerações, era chamado re-verencialmente de “Professor”.
Durante a inauguração do bos-que, o prefeito, Luciano Ducci, anunciou a construção da Casa do Montanhista, dentro do próprio bosque. “Grogër foi um pioneiro não apenas do montanhismo. Jun-
to com seus seguidores montanhis-tas, ajudou a preservar a Serra do Mar paranaense, que hoje é um dos trechos contínuos mais bem con-servados de Floresta Atlântica. Me-rece ser homenageado. Ao mesmo tempo, a população tem um novo espaço para o lazer”, destacou o prefeito Luciano Ducci.
A área do Erwin Grogër é pe-quena, apenas três mil metros qua-drados, mas abriga importantes espécies vegetais nativas, como canjeranas, canelas e guabirobas. O terreno é bastante inclinado, com uma diferença de 12 metros de al-tura entre a rua e seu ponto mais alto, bem ao gosto dos montanhis-tas.
No meio do bosque, bancos e caminhos feitos com deques de
madeira elevados evitam a forma-ção de trilhas na terra, preservando o terreno de erosões. Na entrada, uma praça é marcada com o dese-nho da Rosa dos Ventos, uma re-ferência ao esporte difundido pelo professor Grogër. Também há refe-rências à bandeira da Áustria, sua nacionalidade.
“É um grande presente para a cidade e para a memória do pro-fessor Erwin. Parabéns à Prefeitura pelo trabalho”, declarou o monta-nhista Nelson Luiz Penteado Alves.
O austríaco e engenheiro agrô-nomo chegou a Curitiba aos 26 anos, e foi quem introduziu técni-cas de escalada no Pico do Marum-bi, onde o esporte surgiu no país. Grogër morava na Barreirinha e morreu em 2008, aos 96 anos.
» 16 Curitiba, dezembro de 2010
Do QuintalPARQUES
Bosque homenageiao “Professor”
Área no Abranches foi batizada com o nome de um dos pais do montanhismo e do ambientalismo no Brasil
No projeto foi aproveitada a inclinação da área .
O prefeito, Luciano Ducci, ao lado da foto de Erwin,anunciou a construção da Casa do Montanhista no local.
Marco André Lima/Do Quintal
Lucila Guimarães/SMCS
Poesia e pichação
Antes de completar um mês, o Bosque Erwin Gröger foi alvo de pichadores. Os autores deixaram suas marcas nas paredes ao lado da placa que reproduz uma poesia do “professor”. O montanhista escreveu o poema quando completava 88 anos, e nele fala de seu amor pela natureza e liga a sua idade de então ao formato das asas de uma borboleta. O Do Quintal registrou a pichação em agosto. Dias depois, o Departamento de Parques e Jardins já havia repintado as paredes.
DSF/Do Quintal
Um jovem de 96 anosErwin Groger viveu intensamente os seus 96 anos. Além de montanhista, foi en-
genheiro agrônomo, orquidófilo, reflorestador, pintor, violonista, cantor lírico, fer-reiro, poeta, tradutor, professor. A paixão pelas montanhas veio de sua terra natal, a Áustria, onde viveu até 1938, quando a Alemanha nazista anexou o país, e ele fugiu para o Brasil. Outra tradição austríaca herdada por Erwin foi a música. Na juventude estudou violão clássico. Também cedo aprendeu a pintura, à qual também dedicou--se por toda a vida.
Aos 26 anos, já casado e com uma filha, mudou-se para o Rio de Janeiro. Forma-do em engenharia agronômica e fluente em cinco idiomas, ele e a família iniciaram uma longa peregrinação pelo país, com Erwin trabalhando como ajudante de cami-nhoneiro, ferreiro, vendedor..., até fixar residência em Curitiba, onde trabalhou por 15 anos como professor no Seminário Menor de Nova Orleans.
» Descobrindo o marumbyFoi numa viagem da família à Igreja do Rocio, em Paranaguá, em 1946, que ele
conheceu o Conjunto Marumby. Algumas semanas depois, voltava ao local para ini-ciar as escaladas que seguiriam pelas décadas seguintes. Nas décadas seguintes, se tornaria o “professor” das novas gerações de montanhistas.
E foram dessa andança pelas montanhas que surgiu a paixão pelas orquídeas, na época abundantes por lá. Essa paixão pela “rainha das flores” o levaria a fundar anos depois a Sociedade Paranaense de Orquidófilos.
» VitalidadePara manter a vitalidade e continuar subindo montanhas após os 80 anos, ele
corria todo dia de 3 a 5 quilômetros, dizia não seguir nenhuma dieta alimentar, só não comia carne seca, bacalhau e quiabo. Porque foi isso que teve que comer muitas vezes para não morrer de fome quando iniciou sua peregrinação pelo Brasil.
Fez traduções para o português de poemas da língua alemã, e era o tradutor ofi-cial do consulado da Áustria em Curitiba. Nos últimos anos, o incansável Erwin de-dicava-se a traduzir, em métrica, a ópera Parcival, de Richard Wagner, a pedido de um grupo de teatro formado por jovens
Faleceu no dia 24 de outubro de 2008, aos 96 anos de idade, deixando como principal legado o exemplo de respeito à vida e à natureza. (DSF)
Erwin Grogër: Uma longa vida dedicada à arte e à natureza.