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Bandas seguem trajetórias variadas: umasmudama cada álbum, outras fazem e se arrependem,e há aquelas que semantêm fiéis ao primeiro disco

» TOMAZ DE ALVARENGAESPECIAL PARA O CCOORRRREEIIOO

EEddiittoorr:: José Carlos Vieirajosecarlos.df@dabr.com.br

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CORREIO BRAZILIENSEBrasília, terça-feira, 19 de novembro de 2013

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Confira videoclipes desses artistas e veja perfis de mais bandas.

Na história da música, cada grupopercorre um caminho singular. Al-guns se gabam de não mudar e se-guirem sempre na mesma sonorida-

de. Já outros, subvertem tudo o que faziam,apresentando novos som e estilo a cada ál-bum lançado. E há ainda um terceiro seg-mento, dos que mudam, mas de algumaforma não se satisfazem e retornam (commaior ou menor proximidade) ao gênerooriginal. Exemplos não faltam.

The Clash foi muito criticado pelos fãsquando lançou o álbum triplo Sandinista!(1980), o mais eclético trabalho da banda

britânica. Já com o Deep Purple, as divergên-cias chegaram ao ponto de encerrar precoce-mente a história do grupo, na década de 1970.

No Brasil, temos exemplos similares, co-mo os Titãs (que alternam de estilo com fre-quência) e o Los Hermanos (que se reinven-tou após a “fase Anna Júlia”). O Skank en-frentou desafios similares, a partir de Sidera-do (1998), quarto CD dos mineiros. Para o te-cladista Henrique Portugal, “as mudançassempre foram naturais e baseadas nas refe-rencias musicais de cada um. Mas toda mu-dança é um risco. Alguns estão dispostos a is-so, outros não”, afirma.

ROLLING STONESNa vasta e diversa discografia dos Rolling Stones, há espaço paravários estilos além do rock. Um trabalho que reflete toda essadiversidade é o Black and blue (1976). Lá estão presentes a discomusic (Hey negrita e Hot stuff), o reggae (Cherry oh baby) e o r&b(Melody), além da balada Fool to cry. Mas a essência da banda é amesma, como endossa o ex-VJ da MTV, o músico e produtormusical Chuck Hipolitho. “Mesmo com toda a variedade de estilos,é muito fácil identificar uma música dos Stones ou quando éalguma banda tentando imitá-los, pois eles são únicos”, define.

RAMONESMaior expoente do punk rock, o grupo encerrou as atividades em1996 . Alguns fanáticos preferem a velocidade e a simplicidade dostrês primeiros álbuns (entre 1976 e 1977), como Chuck. O músicoargumenta que após o quarto álbum, o grupo atendeu“necessidades comerciais”. Mas mesmo após essa época, commúsicas commais de 3 minutos e a presença de outrosinstrumentos (além de guitarra, baixo e bateria), o punkcontinuava aceso e está vivo até hoje, imutável, graças a eles.

AC/DCNão temmistério. Desde o primeiro álbum High voltage (1975)até Black ice (2008) o estilo, o som, a atitude da banda não sealterou ummilímetro. A única mudança significativa ocorreuno posto de vocalista, no intervalo entre os maiores clássicosdo grupo: Highway to hell (1979) e Back in black (1980). BonScott morreu no início de 1980, sendo substituído por BrianJohnson, que prossegue até hoje com o grupo. Ironicamente, opróprio Bon Scott já elogiara o futuro vocalista, como afirmouao site Bravewords o guitarrista Angus Young.

FOO FIGHTERSOriundo do Nirvana, Dave Grohl sempreconduziu as rédeas do Foo Fighters mesclandoternura e explosão. Tal dualismo está presentedesde a estreia com o grunge Foo fighters (1995)até o caprichadoWasting light (2012). A receitaé a mesma: a banda sempre passeou entrebaladas pop, rocks enérgicos e alguns flertespontuais com outros estilos, principalmente noálbum In you honor, de 2005, que é metadeacústico e metade “plugado”.

DEEP PURPLEEmmeados da década de 1970, a banda resolveumudar sua sonoridade para flertar mais com o funk,principalmente em Stormbringer (1974). Oguitarrista Ritchie Blackmore criticou o disco,chamando-o de coleção de “músicas engraxadas”,em entrevista para a Guitar International. Com suasaída, o grupo intensificou esse flerte em Come tastethe band (1975), mas o clima já não era dosmelhores. Jon Lord e Ian Paice decidiram anunciarque o grupo não existia mais (de acordo com o livroSmoke on the water: the Deep Purple history, deDave Thompson). De volta ao estúdio em 1984, oDeep Purple retornou e prossegue até hoje, tentandoreencontrar o som do início da carreira.

COLDPLAYDo céu nublado, frio e melancólicopara o ensolarado pop. Assim pode-seresumir a trajetória do Coldplay. Senos dois primeiros trabalhospredominava ecos do britpop demelodias calmas baseadas no piano,com o irregular X & Y (2005) começoua transição e coincidentemente a banda alcançou o primeiro nº 1 nos Estados Unidos. Daí emdiante, o mundo sucumbiu com os elaborados e populares Viva la vida and death to all hisfriends (2008) eMylo xyloto (2011). Para Chuck Hipolitho, tal evolução do Coldplay é similar àoutro famoso grupo, o Nirvana. “Os músicos conhecem novas pessoas, se apaixonam, recebemoutras influências e isso tudo reflete na arte que produzem, é inegável nãomudarem”, diz.

RADIOHEADTalvez o grupo que melhor simbolize o conceito de“mudança”. A primeira, ao aprofundar o rock a umnível superior com o clássico OK Computer (1997).“Realmente fiquei impressionado com a reação daspessoas com esse álbum, nós não tínhamos muitanoção se estávamos fazendo algo bom ou ruim”,afirmou na época o vocalista Thom Yorke para a

revista Select. Mudança maior veio três anos depois, com Kid A, que causou estranheza.“Surpreendeu-me como falarammal na época do lançamento, pois a música contida nele nãoé tão difícil de entender”, afirmou o mesmo Yorke, para a revistaMojo. Desde então, a bandamescla essas duas fases, ora soando mais simples (como em In rainbows, de 2007) oradificultando a compreensão popular (como em The king of limbs, de 2011).

REDHOT CHILI PEPPERS“O Red Hot Chili Peppers não precisa chamarGeorge Clinton para produzir novamente seusálbuns. Eles deixaram de fazer o funk rock doinício da carreira, mas o funk nunca os deixou”,destacou Chuck. Desde então, passaram por umafase mais pesada (com o trabalho One hot minute,de 1995), porémmais tarde acharam um norte, em álbuns flertando com o pop e obtendogrande êxito comercial (Californication, de 2000 e By the way, de 2002), e é essa a tendênciaque prossegue, inclusive no mais recente trabalho, I’m with you (2011).

METALLICAOmaior ícone do thrash metal chegou ao inícioda década de 1990 com grande popularidade eaclamado após bons álbuns. A banda entendeuque o gênero estava em crise e carecia renovaro seu público. Amaciaram o som, cortaram oscabelos e ficarammais descolados para adupla Load (1996) e Reload (1997), bastantecriticados pelos fãs. Longos seis anos depois, oproblemático St. Anger também não amenizouas reclamações. Para Chuck Hipolitho, a bandaerrou emmudar. “É possível ouvir ecos nítidosde heavy metal em Load e Reload. O Metallicanão precisa gravar um disco de heavy metalpara provar que é uma banda desse estilo, jáestá na essência de sua música”, define.

GREENDAYEssa turma gosta de mudar. São quatro fases: aprimeira, no início da década de 1990, quandolançaram dois álbuns independentes, que mal eles serecordam. A segunda, após a explosão de Dookie(1994), peça obrigatória do punk rock da década, commais de 16 milhões de cópias. Então o Green Day serenovou com American idiot (2004), outro grandesucesso mundial, “que fez todos voltarem no tempo,ostentando um espírito adolescente”, como resumeChuck Hipolitho. Recentemente, um novo capítulo éescrito com a trilogia ¡Uno!, ¡Dos! e ¡Tré! (todos de2012), uma salada musical em três atos, com o gruporesgatando a sonoridade antiga ao mesmo tempoque amplia ainda mais seus horizontes musicais.

“CONVICTOS”

“ARREPENDIDOS”

Confira abaixoalguns exemplosdeartistas “convictos” (nãomudaram), “arrependidos” (voltarama fazer o somdeoutroraapósamudança) e “ousados” (seguiramporoutra sonoridade):

BLACK SABBATH“A banda foi perdendo a identidade enquanto trocavam osmúsicos, ficou parecendo que era uma empresa, com osfuncionários batendo cartão”, aponta o crítico ChuckHipolitho. O único que permaneceu na banda durante osúltimos 45 anos foi o guitarrista Tony Iommi. Durante osoito primeiros álbuns, a formação clássica (Ozzy, Iommi,Butler e Ward) se mantinha. Daí em diante, por mais que osnovos integrantes tentassem as ideias de outrora, a bandase afastava dos fãs, com ressalvas para o primeiro períodode Ronnie Dio à frente do grupo (de 1979 a 1982). No álbum13 (2013), o grupo buscou fazer as pazes com o passado.

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“OUSADOS”

DAVID BOWIEA alcunha de “camaleão” não é por acaso. Se estreou influenciado pelofolk em 1967, abraçou a psicodelia, o rock’n’roll e o glam rock na viradapara os anos 1970. Não satisfeito, mergulhou na blackmusic com Youngamericans (1975) e o funk em Station to station (1977). Após a famosa“trilogia de Berlim” (com os discos Low,Heroes e Lodger, experimentaise bastante criativos), Let’s dance (1983) já flertava com o pop e fezgrande sucesso. Na década de 1990, experimentou amúsica eletrônica.Em 2013, após 10 anos de sumiço, retorna comuma sonoridademaissetentista em The next day. “Não importa a sonoridade, ele sempre fazcommuito bomgosto”, define ChuckHipolitho.

O ROCKÉ ASSIM