3 transtono (disorder) não é um conceito científico nem a cid é uma classificação...

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Questões Essenciais da

Psicopatologia Atual

Título da Aula

Classificação Científica e Psiquiátrica

Programa

Teoria do conhecimento médico-psiquiátrico..O diagnóstico médico e o diagnóstico psiquiátrico.Classificação científica e classificação psiquiátrica.Conclusões e o que fazer?

Classificar é o processo de organizar os componentes de com conjunto de objetos de

acordo com um critério ordenador.

Os procedimentos classificatórios têm sido muito usados mesmo nas atividades espontâneas ou deliberadas de

conhecer o mundo.

Embora os termos nosologia, nosografia e nosotaxonomia sejam

empregados como sinônimos, não o são. Cada

um tem significação diferente na terminologia

científica e são igualmente importantes para conhecer

o diagnóstico e a classificação de enfermidades.

- Nosotaxonomia (classificação de conceitos mórbidos ou de

enfermidades);

- Nosografia (descrição das enfermidades e sistematização

de diagnósticos); e

- Nosologia (estudo e classificação das enfermidades a partir de suas características tidas como essenciais, de sua

etiopatogenia).

Quando se classificam objetos materiais, emprega-se seus

conceitos porque o pensamento inteligente trabalha com a palavra que representa cada

objeto.

O conceito é a mais elementar das idéias inteligentes e o mais

simples dos instrumentos do conhecimento.

•O conceito é expresso numa palavra ou um

expressão verbal simples.

O conteúdo do conceito representa a unidade

elementar da estrutura do pensamento e constitui o mais

importante momento da edificação do

conhecimento, mormente do

conhecimento científico.

Os conceitos considerados mais importantes para a

atividade cognitiva na qual eles são

elaborados, os conceitos-chave de uma ciência, denominam-se

categorias.

Construir o conceito de um objeto é o mesmo para

elaborar casual e espontaneamente o conceito de qualquer

objeto do mundo.

Os conceitos científicos devem ser homogêneos, exatos e sem polissemia.

Primeiro, identifica-se suas propriedades o mais

extensamente possível.

Depois, seleciona-se as mais características ou típicas, até

chegar àquela ou àquelas consideradas as mais gerais

e essenciais daquilo que estiver sendo conceituado.

Estas qualidades naturais ouatribuídas são consideradas, por isto mesmo, as mais características ou

caracterizadoras daquele objeto conceitual. A

qualidade maiscaracterizadora de um objeto fundamenta seu conceito. Daí, em geral, nasce a palavra que o expressa.

Classificação das Classificações

As classificações podem ser ordenadas de várias

maneiras, principalmente na

dependência de seu propósito.

Unidade Taxonômica

O conjunto de objetos classificados. Para

Linneu, é os reinos, para Mendeleiev os elementos

químicos. para outros classes, para nós as

enfermidades.

Modalidades mais de classificação com

interesse para este trabalho:

= simples e complexas,= homogêneas e

heterogêneas,= naturais (heurísticas) e

artificiais (utilitárias),= clássicas e prototípicas.

Classificações Categoriais e Dimensionais

A CIS e os DSM são classificações categoriais,

conceituais.

A CID 10 e os DSM não são uma classificação de

enfermidades, mas uma lista de transtornos.

Os transtornos são os sintomas e as síndromes

que descrevem.Recusam os conceitos de doenças e enfermidades

pelas objeções que afirmam existir.

Simples e Complexas

Uma classificação é considerada simples quando qualquer de seus patamares

contenha três ou menos ataxa. Porque esta parece ser a quantidade máxima com a qual o pensamento

humano trabalha com facilidade.

A classificação mais simples possível, que se baseia em

um único táxon. Esta é chamada classificação monotética. Quando se

baseia em muitas variáveis é uma classificação politética. O valor científico pragmático de uma classificação inicia na simplicidade. Quanto mais simples, melhor.

Mais fácil de fazer e mais fácil de decodificar seus

achados.

A eficácia heurística de ma classificação tende a

diminuir em relação direta com o número de taxa que

empregue.

Classificação Homogênea e Heterogênea

A homogênea organiza apenas um táxon em cada

patamer

A heterogênea organiza mais de um táxon em cada

patamar.

Natural (Heurística) e Artificial (Utilitária)

Para reconhecer as classificações naturais deve

se usar como critério, a essencialidade de seu táxon em relação aos elementos do universo classificado e sua homogeneidade como

sistema lógico.

Este é o critério mais importante na classifação

científica em Medicina.Nela, o táxon é propriedade

essencial do objeto classificado. Na classificação artificial (o táxon depende do

objetivo da classificação e não, uma propriedade essencial das coisas

classificadas).

As classificações heurísticas são aquelas cujo objetivo é

ser instrumento do conhecimento científico,

enquanto que as classificações utilitárias se prestam unicamente para ordenar pragmaticamente algumas coisas segundo o interesse de quem o faz.

Classif. Clássicas e Prototípicas

As classificações clássicas operam com categorias

características que formam conjuntos homogêneos.

As classificações prototípicas

operam com protótipos (modelos ideais) que servem

de referência.

Nas primeiras há tendência de supervalorizar as

semelhanças e a ignorar as diferenças. Nas segundas, a maior ou menor proximidade

em relação ao protótipo pode se dar em qualquer dos

traços característicos escolhidos para o protótipo. Seu elemento diferencial é o

que for típico nos objetos classificados.

Classificar e Catalogar

Bunge define classificação como a partição exaustiva de

uma coleção em subconjuntos (espécies)

mutuamente disjuntos, e o agrupameto dos últimos em

classes de nível mais alto (taxa) tais como gêneros.

Há duas relações lógicas em uma classificação: a) a da

pertinência de um membro a uma classe e b) e a inclusão de uma classe em outra de grau mais alto. Qualquer

coleção sistemática que não as possua não deve ser

chamada de classificação, mas de rol, lista, catálogo.

Quando se compara esses fatos com a listas CID 10 e

DSM, o que se verifica é que, apesar de figurarem em uma classificação de ENFERMIDADES, são uma

ordenação heterogênea de DIAGNÓSTICOS.

Dimensionalidade e Axialidade

Não se deve confundir a noção de dimensionalidade

com a de axialidade. Erro comum por causa da

noção equivocada de eixos taxonômicos introduzida

pela nosografia norte-americana.

Nem se confunde a dimensão de um

classificação (número de critérios de cada quadro e

representado cada um, uma das dimensões do espaço:

comprimento, altura e profundidade) com os "eixos"

utilizados pelas novas taxonomias nosográficas.

Nas nosografias atuais, como a CID/10, os

chamados eixos são recursos empregados para

compatibilizar em um único quadro diferentes taxonomias, construídas com diferentes critérios e

com intencionalidades distintas.

Nas classificações categoriais que empregam eixos, estes eixos não são dimensões e nem teriam porque ser. O

processo de classificação bi ou tridimensional se dá

simultaneamente nos dois ou três planos que integram dois

ou três critérios classificadores e o diagnóstico final é uma

síntese que integra aqueles dois critérios em um ponto do

espaço.

O diagnóstico chamado multi-axial é um processo de

sucessivas classificações superpostas do mesmo

conjunto, variando o táxon e, com isto, produzindo

diversos diagnósticos. Um diagnóstico analítico ou uma

sucessão justaposta de diagnósticos sintéticos.

Mas, na maioria das vezes, uma sucessão de

diagnósticos sintéticos justapostos não se transforma em um

diagnóstico analítico.Nosologia é uma taxonomia explicativa de enfermidades. Nosografia é uma taxonomia

descritiva de diagnósticos (de conceitos diagnósticos).

Uma classificação nosográfica multi-axial não é

nem necessita ser, necessariamente,

dimensional, muitas vezes podendo corresponder,

unicamente, a multidiagnósticos

simultâneos de um mesmo caso clínico. Sendo que, em

cada eixo, quase sempre correspondente a uma

classificação categorial.

Nas nosografias, como CID/10 e DSM, cada entidade classificada

representa um diagnóstico categorial elaborado do

ponto de vista de um critério diferente.

Quando o paciente apresenta mais de um

sintoma ou uma síndrome, usa-se o conceito de

comorbidade.

No século XIX apareceram duas classificaçãoes

nosológicas contraditórias.

A kaepeliniana e a freudiana (psicologicista).

Os sociologicistas negavam as enfermidades

psiquiátricas.

Depois da Segunda Guerra, os EUA assumiram a

hegemonia econômica, política, ideológica e científica do mundo.

O Imperialismo fez emergir a ideologia do colonialismo

cultural.

O assim chamado transtorno como expressão

de um estado patológico psiquiátrico não é um

conceito científico.

Os estados psiquiátricos da CID 10 e os DSM não são classificações científicas.