Post on 21-Jun-2015
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Drama Libertino
Texto de:
JULIO CARRARA
Inspirado livremente em fragmentos da literatura erótica
Escrita em 2006
Julio CarraraJulio CarraraJulio CarraraJulio Carrara Adega dos AnjosAdega dos AnjosAdega dos AnjosAdega dos Anjos 1111
PERSONAGENS:
MADELEINE
FRANÇOIS
VALENTINE
PADRE GASTON
PADRE JEAN-PIERRE
BISPO
CHARLES
JOVEM
LOCAL: França.
ÉPOCA: Século XVIII.
CENÁRIO: O cenário é composto por diversos ambientes. Cada ambiente
pode ser apenas sugerido por poucos elementos que entram e saem conforme
as necessidades das cenas. Um altar ao fundo do palco num plano elevado é o
único elemento fixo da cenografia.
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PRÓLOGO
(Black-out. Entra em cena Madeleine com uma lamparina. Ela dirige o foco de luz do
objeto para diversos lugares e fixa a luz para um altar. Ajoelha-se diante dele. Foco
sobre ela sobe em resistência. Ela tem um véu que cobre-lhe o rosto.)
MADELEINE
Formosa Virgem Maria, que meteu uma noite com o Espírito Santo ao
lado de São José, o cornudo adormecido, de onde veio o doce Jesus, esse
fodedor de Madalena, a puta pública. Santa Maria, virgem como eu, agradeço
por essas deliciosas fodas. E vós, Madalena, obtém para mim a graça de foder
tanto quanto vós, na coninha ou no ânus, quinze ou vinte vezes por dia sem
me cansar e sempre gozando... Doce Jesus, modelo dos alcoviteiros, fodedor
obstinado, complacente da ardente e exemplar puta Madalena que era tão
apaixonada por vosso pênis e por vossos culhões sagrados, conservai minha
coninha sempre estreita e acetinada, meus seios sempre firmes, minha pele,
meu ânus, meus braços, minha boca aveludada, o pênis do meu pai sempre
duro, seus culhões sempre cheios e minha coninha sempre quente e úmida.
Amém.
(Faz o sinal da cruz e sai. Black-out.)
CENA 1
(Luz sobe em resistência revelando os aposentos de Valentine. Em cena, está Madeleine
e Valentine, uma noviça, com um livro nas mãos.)
VALENTINE
Tu verás qual é a força dos meus exercícios espirituais e por quais graus
de penitência o bom padre me leva a me tornar uma santa. E não duvidarás
dos êxtases que são uma conseqüência dos mesmos exercícios. Que meu
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exemplo, cara Madeleine, possa operar em vós a força de desligar inteiramente
o vosso espírito da matéria para colocá-lo unicamente em Deus. O santo
homem vai chegar e Deus com ele. Escondei-vos neste gabinete, de onde
poderá ouvir e ver até onde a bondade divina consente em se estender a favor
de sua vil criatura pelos piedosos cuidados de nosso padre.
(Batidas à porta. Madeleine esconde-se no gabinete. Logo em seguida entra o padre
Gaston.)
PADRE GASTON
Bom dia, minha cara irmã em Deus! Que o Espírito Santo e São
Francisco estejam convosco. (Valentine vai cair em seus pés, mas ele a ergue e a fez
sentar-se junto dele.) É necessário que eu vos repita os princípios básicos pelos
quais deveis vos guiar em todas as ações de vossa vida. Já vos disse, cara
irmã, que eu vos distingui de todas as minhas penitentes, vossas
companheiras e foi por esta razão que eu não temi vos revelar os seus
mistérios mais ocultos. Eu vos disse, irmã, esquecei-vos e abandonai-vos.
Esquecendo o corpo é que se chega à união com Deus: a se tornar santa e a
operar milagres. Não posso vos dissimular, que em nosso último exercício eu
percebi que o vosso espírito ainda está ligado a carne... Muito bem, podemos
começar. Cumpri bem os vossos deveres e estais certa de que com a ajuda do
cordão de São Francisco e de vossa meditação, este piedoso exercício acabará
numa torrente de delícias. Ajoelhai-vos e descobri essas partes da carne que
são o motivo da cólera de Deus. A mortificação que elas sentirão unirá
intimamente o vosso espírito à Ele. Eu vos repito: esquecei-vos e abandonai-vos.
(Valentine ajoelha-se. Em seguida levanta as saias e a combinação mostrando suas
nádegas.)
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PADRE GASTON
Levantai mais alto a vossa combinação. (Ela obedece.) Assim. Agora
juntai as mãos e elevai o vosso espírito com a idéia da eterna felicidade que lhe
é prometida... Sua alma já entrou em contemplação, doce irmã?
VALENTINE
Sim, Padre Gaston. Sinto que o meu espírito se desliga da carne e vos
suplico que comece a santa obra.
PADRE GASTON
Estou contente convosco. Está na hora de começardes a gozar do fruto
de vossos santos trabalhos. Não me escutai, mas deixai-vos conduzir. Com o
cordão de São Francisco, vou expulsar tudo o que resta de impuro em vós.
(Madeleine observa a cena. Em seguida o padre Gaston desabotoa suas calças e tira o
seu pênis, aproximando-o das nádegas de Valentine. Proferindo palavras num tom de
exorcismo, inicia a penetração.)
PADRE GASTON
(Depois de alguns minutos.) Vosso espírito está contente, santinha?
Quanto a mim, vejo os céus abertos, eu...
VALENTINE
Ah, padre, sim... Gozo da felicidade celeste. Sinto que o meu espírito
está completamente desligado da matéria. Expulsai, padre Gaston, tudo o que
resta de impuro em mim... Estou vendo os anjos... Estou sentindo o cordão...
Não aguento mais... Estou quase morrendo. (Goza.)
(Padre Gaston continua penetrando, arfa, gagueja e diz alguns versículos durante o
coito até o momento em que ejacula. Tira o pênis Valentine, limpa o esperma, deixa
cair a batina e com passos trôpegos dirige-se para o altar.)
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PADRE GASTON
Levante-se e cubra-se, minha santinha. E venha agradecer ao Senhor
pelos favores que d’Ele acabou de receber.
(Valentine cumpre as ordens e agradece junto ao padre, que após alguns segundos, sai.
Valentine abre a porta do gabinete por onde sai Madeleine.)
VALENTINE
Ah, Madeleine. Que felicidade! Eu vi o paraíso aberto. Quantos prazeres
em troca de um momento de dor. Pela virtude do santo cordão, minha alma
estava quase desligada do meu corpo. Eu te asseguro que o senti penetrar até o
meu coração. Não duvide, eu passaria para sempre para a morada dos bem-
aventurados.
(Madeleine não diz uma palavra. Está bastante perturbada. Beija Valentine e sai,
enquanto a última ajoelha-se novamente no genuflexório e dirige o olhar para o livro.)
CENA 2
(Foco em François que está sentado numa poltrona bergère.)
FRANÇOIS
Minha filha que hoje encontra-se num convento e que só vejo aos
domingos, provocava desejo em mim desde os 10 anos. Quando sua mãe,
ainda não sifilítica, deitava e fodia com seu amante, enviava Madeleine para a
minha cama. A criança tinha uma coninha lindíssima. Adotei como regra
beijá-la todas as noites, após abrir suas coxas assim que ela adormecia.
Introduzia minha língua com leveza, mas sem lamber. Ela deitada de lado,
suas nádegas sobre minhas coxas e o meu caralho duro entre as suas. Ela,
sentindo-se incomodada, segurava o meu pau, adormecida, e me fazia gozar.
Mas ninguém foi mais casto do que ela. Assim, aproveitava o seu sono para
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descobri-la, admirar sua deliciosa coninha que um bonito pêlo começava a
sombrear. Eu não via a hora de fodê-la, torná-la minha amante e ser o mais
feliz dos homens. Não existe no mundo prazer comparável ao de mergulhar o
pau duro de tesão até o fundo da coninha aveludada de uma filha querida,
que mexendo a bunda com coragem, goza divinamente. Ah, minha Madeleine,
que falta eu sinto da sua coninha...
(Foco cai em resistência.)
CENA 3
(Madeleine, despejando água de um jarro numa bacia.)
MADELEINE
Aos 10 ou 11 anos sentia uma inquietação; desejos cujo objetivo não
conhecia. Em geral, nos reuníamos, meninos e meninas de minha idade, num
sótão ou em algum quarto afastado. Ali fazíamos pequenos jogos: um de nós
era eleito o professor. A menor falta era punida com chicote. Os meninos
tiravam as suas calças, as meninas arregaçavam as saias e combinações,
olhávamos atentamente um para o outro. O pênis dos meninos servia de
brinquedo. Nós o pegávamos com a mão inteira, com ele fazíamos bonecas,
beijávamos este pequeno instrumento cujo uso e preço, estávamos muito longe
de conhecer. Por sua vez nossas bundinhas eram beijadas. Somente o centro
do prazer era negligenciado. Por que esse esquecimento?
(Madeleine é surpreendida pelo Bispo.)
BISPO
Jamais leve a mão a esta parte pela qual mijais, que não é outra coisa,
senão a maçã que seduziu Adão e que realizou a condenação do gênero
humano pelo pecado original. Ela é habitada pelo demônio, é a sua morada, o
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seu trono. Logo a natureza cobrirá essa parte com um pêlo feio, como o que
serve de morada para os animais ferozes para, com essa punição, marcar que a
vergonha, a escuridão e o esquecimento devem ser o seu destino. Tomai
cuidado, ainda com mais precaução, com esse pedaço de carne dos meninos de
sua idade: é a serpente que tentou Eva. Que vossos olhares e vossos toques
jamais sejam maculados por esta besta feia. Ela vos picaria e vos devoraria de
modo infalível, mais cedo ou mais tarde.
MADELEINE
O quê? Seria mesmo possível que aquilo fosse uma serpente e tão
perigosa quanto dizeis? Ela me pareceu tão doce.
BISPO
Acreditai no que vos digo. As serpentes que tivestes a temeridade de
tocar ainda eram muito jovens, muito pequenas para realizar o mal de que são
capazes. Mas elas se esticarão, engordarão e se lançarão contra vós: é aí que
deveis temer o efeito do veneno que têm o costume de lançar com uma espécie
de furor e que envenenaria o vosso corpo e a vossa alma... Você deve combater
suas paixões com armas do jejum, da prece e do cilício. Agora pode ir,
Madeleine.
(Madeleine sai.)
CENA 4
(Foco sobre François sentado na poltrona bergère.)
FRANÇOIS
Eu tinha 14 anos. Meu corpo estava um pouco mais formado e há mais
de dois anos eu queria meter com a minha irmã. Como não consegui comer
minha irmã, porque ela era estreita demais, marquei um encontro noturno
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com minha cunhada, a mulher do meu irmão. O encontro estava marcado para
aquela mesma noite. Estávamos em nossa fazenda e o meu irmão, viajou a
negócios. Na mesma noite, meu pai sentiu-se mal. Depois de tê-lo socorrido e
temendo incomodá-lo, minha mãe foi deitar-se ao lado da nora. Esta, vendo-a
adormecida, levantou-se devagarzinho para vir se deitar comigo, enquanto eu,
preparei-me para ir até ela. Não nos encontramos. Coloquei-me ao lado da
mulher que encontrei na cama. Ela estava de costas. Montei na adormecida e
meti. Fiquei surpreso ao ver que o meu pau entrou fácil. Ela me apertou, deu
umas traseiradas sonolentas e disse: “Nunca me destes tanto prazer!”. E gozei
feito louco. Quando cheguei até a minha cama, vi minha cunhada me
esperando. Aí eu compreendi que a mulher que eu havia comido e gozado
dentro, a mulher que tinha tirado a minha virgindade, a mulher que eu havia
engravidado e que me deu uma filha de nome Madeleine... era a minha
própria mãe.
CENA 5
(Madeleine e padre Jean-Pierre sentados em um banco.)
PADRE JEAN-PIERRE
O que me contastes Madeleine tem maiores consequências do que
pensais. Não posso vos esconder que há coisas horrorosas no que vistes no
quarto de Valentine. O Padre Gaston é um homem astuto, um infeliz que se
deixa levar pela força de suas paixões. Ele caminha para a perdição e
acarretará a de Valentine. Contudo, devemos lastimá-los mais do que censurá-
los. Nem sempre somos mestres em resistir à tentação, em geral a felicidade e
a desgraça de nossa vida são decididas pelas ocasiões. Portanto, ficai atenta
para evitá-las. Deixai o Padre Gaston e todas as suas penitentes, sem falar mal
de nenhum deles. A caridade assim o quer. Esse padre enganou Valentine,
correu o risco de torná-la mãe, substituindo o cordão de São Francisco pelo
membro natural do homem, que serve para a procriação. Com isso ele pecou
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contra a lei natural que nos prescreve amar o nosso próximo como a nós
mesmos. Será amar o próximo, como ele fez, colocar Valentine na
possibilidade de ter a reputação perdida e de ficar desonrada o resto da vida?
Estou de acordo que esse homem deva ser punido. A punição de um homem
que perturba a ordem estabelecida deixa impressões na alma. Ficai sempre
atenta e nunca perdeis de vista as lições que estou vos dando. Lembrai-vos
que tudo o que se diz num tribunal da penitência deve ser tão sagrado para o
penitente quanto para seu confessor e que revelar a menor circunstância
disso a alguém é um pecado enorme.
MADELEINE
Sim, Padre.
PADRE JEAN-PIERRE
Agora pode ir.
(Madeleine sai. Pouco depois, entra Valentine, cabisbaixa.)
VALENTINE
Mandaste me chamar, Padre?
PADRE JEAN-PIERRE
Sim, Valentine. Sente-se, por favor. Sinto-me na obrigação de alertá-la
em relação as atitudes do Padre Gaston para convosco... É notável em vós a
sua paixão dominante. Essa paixão, unida a uma natureza terna, a fez escolher
o partido da devoção como o mais apropriado ao seu projeto. Tu amaste a
Deus como se ama um amante. Suas maneiras modestas há muito haviam lhe
dado a reputação de ser muito virtuosa e para vós tudo o que favorecia essa
paixão tornava-se uma verdade incontestável. Assim são os fracos humanos: a
paixão dominante, pela qual cada um é afetado, sempre absorve todas as
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outras. Eles somente agem em consequência desta paixão, ela os impede de
perceber as noções mais claras, que deveriam servir para destruí-la.
VALENTINE
Destruir-me? Como?
PADRE JEAN-PIERRE
A semelhança dos seus objetivos e dos do Padre Gaston bastavam para
uni-los. Certamente vós, Valentine, estava de boa-fé, mas Gaston sabia ao que
se ater: a amável figura de sua nova penitente o seduziu e ele percebeu que,
por sua vez, seduziria e enganaria um coração flexível. Logo ele fez o seu
plano. Gaston tem muito talento para o púlpito. Os seus discursos são cheios
de doçura, de unção. Possuía a arte de persuadir. Ele o empregava essa
persuasão para adquirir a reputação de convertedor. E de fato, um número
considerável de mulheres e de moças do mundo abraçou o partido da
penitência sob a sua direção.
VALENTINE
Ele me assegurou que eu me transformaria numa santa. O cordão de São
Francisco iria purificar-me de todas as minhas impurezas.
PADRE JEAN-PIERRE
(Dirige-se até o gabinete e de uma gaveta retira uma caixa de veludo carmesim.)
O verdadeiro cordão é este, Valentine e não àquele que o Padre Gaston lhe
mostrou.
(Abre a caixa. O cordão não é outra coisa senão um pedaço bastante grosso de corda, de
oito polegadas.)
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VALENTINE
Eu não serei santa? O cordão de São Francisco era falso? O Padre Gaston
me enganou esse tempo todo?
PADRE JEAN-PIERRE
Sim. E levou-a a submeter-se durante vários meses aos seus impúdicos
enlaçamentos, enquanto vós acreditava somente estar gozando de uma
felicidade puramente espiritual e celeste.
VALENTINE
Eu vou falar com ele imediatamente. E levar esse fato ao conhecimento
do nosso Bispo.
PADRE JEAN-PIERRE
Calma. Não se precipite. Toda excitação é perigosa. É preciso agir com
cautela. Agora só lhe peço um pouco mais de tempo e paciência, irmã
Valentine. Tudo tem a sua hora. Mais cedo ou mais tarde, cairá a máscara do
Padre Gaston e ele irá responder por todos os seus atos libidinosos.
CENA 6
(Madeleine está em casa de seu pai François. Ambos estão sentados. Ele bebe um cálice
de vinho.)
MADELEINE
Só aqui em vossa casa tenho sonhos que me deixam toda, não sei como...
FRANÇOIS
E isso lhe causa prazer?
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MADELEINE
De certa forma, sim.
(François levanta-se e aproxima-se da filha por trás. Acaricia os seus cabelos, beija o
seu pescoço, sua mão esquerda entra pelo decote da jovem onde ele apalpa seus seios
enquanto a mão direita desce até a vagina da mesma.)
MADELEINE
(Tensa e séria.) Papai. Eu vou sair do convento. Eu quero me casar.
FRANÇOIS
Só terás a minha assinatura depois que eu te enlevar.
MADELEINE
(Encolhe-se.) Não. (François agarra a filha, a força.) Pelo menos assine isto.
(Mostra-lhe um papel.)
FRANÇOIS
Assino se te enlevar. E quero, inclusive, o prazer da tua parte.
MADELEINE
Agora sei que os meus sonhos eram provocados por vós. (Deita-se de
costas.) Satisfazei-vos, então. Enlevai-me, mas quero estar virgem no dia do
meu casamento.
(François abre as pernas da filha. Com uma mão se masturba e com a outra, masturba
a filha. Depois de um tempo, ambos gozam.)
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MADELEINE
Se fosseis mais rico, renunciaria ao casamento e poderia me dedicar a
vossos prazeres. Mas preciso de um marido para deixar de ser um estorvo pra
vós.
(François comovido beija-a dos pés a cabeça: sapatos, pernas, coxas, traseiro, seios,
pescoço, testa e finalmente a vagina. Lentamente se levanta, assina os papeis que
entrega para filha. Ela sai. François estatela-se na poltrona, onde suspira.)
CENA 7
(Foco sobre o padre Gaston.)
PADRE GASTON
Para ser perfeito cristão é preciso ser ignorante, acreditar cegamente,
renunciar a todos os prazeres, as honras, às riquezas, abandonar os seus pais,
os seus amigos, guardar a sua virgindade. Numa palavra, fazer tudo o que é
contrário à natureza. Contudo, essa natureza, com certeza, opera somente pela
vontade de Deus. Que contradição a religião supõe num ser infinitamente
justo e bom!
CENA 8
(Madeleine, com uma mala nas mãos, despede-se do Bispo, do padre Jean-Pierre e de
Valentine.)
MADELEINE
Jamais renegarei minha fé. Mas nunca tive vocação para o celibato.
Muito menos o desejo ardente de tornar-me freira. Estou seguindo o meu
coração e os meus instintos. E eles dizem que eu devo me casar e constituir
uma família. E viverei em função dessa família. Se permanecesse aqui, seria
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infeliz. E Deus não fez os homens para serem infelizes, não é mesmo?
Agradeço-lhes do fundo de minh’alma pelos ensinamentos que tive aqui.
Sempre que puder, virei fazer-lhes uma visita.
PADRE JEAN-PIERRE
Venha sempre que puder.
VALENTINE
Sentirei sua falta. Obrigada por tudo.
BISPO
Seja feliz, Madeleine. E que Deus vos abençoe.
MADELEINE
Amém. Algo me diz que estou indo ao encontro daquilo que realmente
procuro. Não devo desprezar minha intuição. Farei aquilo que acho que deve
ser feito. Adeus.
TODOS
Adeus.
(Madeleine sai. Saem todos, menos o padre Jean-Pierre.)
CENA 9
(Foco sobre o padre Jean-Pierre.)
PADRE JEAN-PIERRE
A vida de um homem é comparada a um jogo de dados. O lance de
dados é o quadro de todas as ações de nossa vida. Um dado empurra o outro,
ao qual imprime um movimento necessário, e de movimento em movimento,
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por sua primeira ação, é determinado de forma invencível para uma segunda,
uma terceira. A vontade do homem é insensivelmente obrigada a fazer estas
ou àquelas ações durante o decorrer de sua vida, cujo fim é o lance de dados.
CENA 10
(Madeleine, Charles, um senhor de meia-idade e um jovem forte e belo.)
CHARLES
Enfim sós. (Segura Madeleine pelo pescoço e em seguida coloca-a de quatro e
ergue seu vestido.) Firme como um pau. (Para o jovem.) Ainda é virgem... Ah,
como ganharia dinheiro com essas duas joinhas se elas fossem desbravadas. O
que achais meu jovem? Desejais experimentá-la?
JOVEM
Avéc plezir, monsieur.
CHARLES
Hoje vai ser desvirginada. Não lhe disse que o pelo da sua joinha era
mais acetinado do que seda? Lá dentro deve ser mais macio ainda.
(Violentamente, obriga Madeleine a ficar de joelhos.) Vamos, preciso de prazer! Vê
como fico com tesão diante desta sua joinha? Ah, desgraçada. Bem que
arrancaria esse botãozinho se não temesse estragá-lo... E então, rapaz, pode
fodê-la.
(O jovem levanta-se e nota-se o volume do seu sexo em ereção. Ela se assusta e tenta
fugir, mas Charles agarra-a e dá-lhe um pontapé.)
CHARLES
(Para o jovem.) Teu caralho é do tamanho ideal. Por isso cedo a minha
esposa por cinco luíses uma virgindade que vale mil. Primeiro terás que meter
na joinha: é do que necessito com a maior urgência. Amanhã podes comer o cu
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dela. Fique sabendo que o seu marido a adora... (Para ela.) Se sou rude com
você é para tornar-te mais flexível às minhas vontades... Ficarás encantado... e
nada de piedade. Ela é como as putas: é preciso espancá-la para que cumpra o
seu dever.
(O jovem penetra Madeleine, que dá um grito altíssimo, enquanto Charles segura-a. O
jovem mete freneticamente.)
CHARLES
Ah, sua perdida... ah, puta. Está fodendo, desgraçada? Que bela
trepada, meu garanhão...
JOVEM
Ela está beliscando a minha vara... Que bucetinha... Um cetim! Ah,
estou fodendo. Mexe o traseiro. Mexe essa buceta deliciosa. Mexe sobre mim.
Não estou aguentando. Vou gozar... Aaaahhh...
(Os movimentos tornam-se cada vez mais brutais. Charles e o jovem gozam quase ao
mesmo tempo. Madeleine cai no chão, chorando muito.)
JOVEM
As que me disseram que teu pai te desvirginou são umas mentirosas. É
mais virgem do que uma menina recém-nascida. Gostaria que todos
estivessem aqui para comprová-la.
CHARLES
Agora tu és uma puta, Madeleine. Sua joinha irá render-me muito
dinheiro... Eu gostaria que todo mundo te fodesse. Você não é larga o
suficiente.
(O jovem tira do bolso um saquinho com moedas e entrega para Charles.)
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CHARLES
Olhai. Ela está toda borrada. É da natureza das gatas: elas mordem e
gritam quando tratamos bem delas.
(O jovem sai. Charles senta-se numa cadeira, passa o dedo no chão e lambe o sangue de
Madeleine, que continua chorando. Em seguida ele estende os pés colocando-os nas
costas da mulher, como se esta fosse um puff. Brinca com as moedas. Pega uma e joga
para Madeleine, como se estivesse dando esmola para um mendigo, rindo às
gargalhadas.)
CENA 11
(Foco sobre o padre Jean-Pierre.)
PADRE JEAN-PIERRE
Todos estão de acordo que Deus sabe o que deve acontecer durante a
eternidade. Mas, dizem, que Deus somente conhece o resultado de nossas
ações depois de ter previsto que abusaríamos de sua misericórdia e que
cometeríamos essas mesmas ações. Desse conhecimento, todavia, resulta o fato
de que Deus, fazendo-nos nascer, já sabia que estaríamos infalivelmente
perdidos e eternamente infelizes. A razão me diz que Deus não está sujeito a
nenhuma paixão. Entretanto, no Gênesis, no capítulo 6, fazem Deus dizer que
se arrependeu de ter criado o Homem, que a sua cólera não foi ineficaz. Deus
parece tão fraco, na religião cristã, que não pode reduzir o Homem ao ponto
que gostaria: ele pune pela água, em seguida pelo fogo, o Homem continua o
mesmo; Ele envia profetas, os Homens ainda são os mesmos; Ele tem somente
um filho, ele o envia, contudo os Homens não mudam em nada. Quantas
coisas ridículas a religião cristã atribui a Deus...
(Entra Valentine.)
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VALENTINE
Padre Jean-Pierre, está chegando a hora do meu encontro com o Padre
Gaston. O que devo fazer?
PADRE JEAN-PIERRE
Aja como se nada tivesse acontecido. No momento exato, o Bispo e eu,
invadiremos os vossos aposentos e desmascararemos esse libertino.
(Padre Jean-Pierre sai e Valentine dirige-se para o genuflexório. Abre o livro e finge
ler. Batidas à porta. Entra o padre Gaston.)
PADRE GASTON
Bom dia, minha cara irmã em Deus! Que o Espírito Santo e São
Francisco estejam convosco. (Valentine vai cair em seus pés, mas ele a ergue e a fez
sentar-se junto dele.) Repetirei mais uma vez esse ensinamento: esquecendo o
corpo é que se chega à união com Deus: a se tornar santa e a operar milagres.
No nosso último encontro vossa alma entrou em contemplação, desligou-se
dos sentidos e seu espírito quase desligou-se da carne. Vamos começar, minha
filha. Vamos repetir o nosso último exercício. Ajoelhai-vos e descobri essas
partes da carne que são o motivo da cólera de Deus.
(Valentine ajoelha-se num genuflexório com um livro diante de si. Em seguida, levanta
as saias e a combinação mostrando suas nádegas.)
PADRE GASTON
Agora juntai as mãos e elevai o vosso espírito com a ideia da eterna
felicidade que lhe é prometida. O vosso espírito ficará contente.
(Padre Gaston pega um banquinho sobre o qual se ajoelhou e olha para as nádegas de
Valentine.)
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PADRE GASTON
Com o cordão de São Francisco, vou expulsar tudo o que resta de
impuro em vós.
(Padre Gaston desabotoa suas calças e vai iniciar a penetração. Nesse exato momento,
padre Jean-Pierre e o Bispo invadem os aposentos.)
BISPO
Basta!
JEAN-PIERRE
Acabou a farsa, padre Gaston.
(Padre Gaston tem um sobressalto e imediatamente guarda o pênis. Valentine levanta-
se e une-se ao padre Jean-Pierre e ao Bispo.)
PADRE GASTON
Mas o que é isso? O que está acontecendo aqui?
BISPO
O senhor está agindo de má-fé e corrompendo uma de nossas irmãs.
PADRE JEAN-PIERRE
Tiraste a honra da irmã Valentine. Poderia engravidá-la e deixá-la
perdida por toda a vida.
PADRE GASTON
É mentira.
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VALENTINE
É verdade. O Padre Jean-Pierre mostrou-me o verdadeiro cordão de São
Francisco... Nunca me senti tão suja.
BISPO
Que perfídia.
PADRE GASTON
Em momento algum desonrei essa mulher. Eu juro.
BISPO
Não jures em falso.
PADRE GASTON
Nunca violei a irmã Valentine.
PADRE JEAN-PIERRE
Valentine chamou Madeleine que escondeu-se no gabinete e viu tudo o
que passou-se aqui.
PADRE GASTON
Madeleine nunca teve afeição por mim. Inventou essa história toda. E
aproveitou-se da ingenuidade de Valentine, para ambas, me prejudicar.
(Padre Gaston ajoelha-se no genuflexório e reza o Pai Nosso.)
PADRE GASTON
Notre Père, qui est aux ciel, qui ton nom soit sanctifié; que ton regne vienne;
que ta volonté soit faite sur la terre comme aux ciel. Donnez-nous aujourd'hui notre
pain quotidien; pardonne-nous nos offenses, comme nous aussi nous pardonnons a
ceux qui nous ont offensés; ne nous induis pas en tentation, mais delivre-nous du
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malin. Car c'est a toi qu'appartiennent, dans tous les siècles, la regne, la puissance, et
la gloire. Amen.
BISPO
Reze bastante, Padre Gaston. Espero que reflita bastante sobre os crimes
que cometeu. Encontrem-nos amanhã na cúria.
(Saem todos, exceto o padre Gaston, que abaixa a cabeça, impotente.)
CENA 12
(Música alta. Entram Charles e o jovem trazendo Madeleine. Ela está amarrada com
correntes grossas e tem na boca uma bola vermelha que a impede de gritar. O jovem
maltrata bastante a garota enquanto Charles como voyeur, masturba-se.)
CHARLES
Vamos lá, jovem fodedor. Desbrave a joinha de trás que ainda está
virgem. Fode o cu dela. Agora.
JOVEM
Ah, que belo cu. Não é nada inferior à adorável buceta.
CHARLES
Está vendo, Madeleine? Estás sendo observada por um rapaz de vinte
anos, belo como o amor. Belo fodedor, é preciso meter com firmeza. Vamos
lá... (O jovem a penetra.) Como é bonita fodendo. Parece uma deusa. Desbasta.
Ela esperneia como nenhuma outra. Mais forte. Mostra o que sabes fazer...
(O jovem fode cada vez mais forte até chegar ao orgasmo.)
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JOVEM
Aí estás desvirginada, pequenininha. O carrasco colheu a sua rosa. É
uma grande honra e felicidade para ti e para mim. Agora vejo-te como os
devotos veem sua Virgem Maria que, fodida pelo Espírito Santo, do qual foi
puta, tornou-se ainda mais virgem. Eis-te consagrada à vara de teu carrasco.
CHARLES
Suas joinhas foram desbravadas com êxito pelo jovem fodedor carrasco
e estás pronta para agasalhar a todos os caralhos dos devassos franceses. Você
foi feita para ser morta.
(Volta música. Ambos giram Madeleine por todos os espaços disponíveis, torturando-a
e saem de cena.)
CENA 13
(Cúria. O Bispo está sentado numa mesa ao lado do padre Jean-Pierre. Cochicham algo
inaudível. Entra Valentine, cumprimenta seus superiores e senta-se de frente para eles.
Tempo. Longo silêncio. Ouve-se apenas o som irritante de um metrônomo. Entra padre
Gaston, cabisbaixo e fica parado à porta. Bispo e padre Jean-Pierre de frente para ele,
encaram-no. Valentine desvia o olhar. Pausa.)
BISPO
Aproxime-se. (Solene.) Como é do conhecimento de todos os presentes
aqui nesta sala, um fato gravíssimo ocorreu nos aposentos da irmã Valentine.
O Padre Gaston, aqui presente, aproveitando-se da ingenuidade da mesma,
abusou sexualmente dela, usando um falso argumento de que essa ação iria
purificá-la de todas as suas imperfeições e que com isso, em breve, ela se
tornaria santa.
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PADRE GASTON
Eu...
BISPO
Silêncio. O senhor deve responder apenas quando for interrogado...
Valentine não foi a primeira a ser iludida. Outras irmãs foram submetidas
nessa prática, mas omitiram-se, por vergonha ou medo de serem punidas.
(Com a bíblia em mãos.) Padre Gaston, jura dizer a verdade, somente a verdade,
nada além da verdade?
PADRE GASTON
Juro.
BISPO
Há quanto tempo o senhor pratica esses atos?
PADRE GASTON
Oito meses.
BISPO
Quantas irmãs o senhor molestou?
PADRE GASTON
Valentine foi a terceira.
BISPO
E quais foram as outras?
PADRE GASTON
A primeira foi Juliette, que deixou o convento pouco tempo depois. E a
segunda foi Thèrése, a noviça que foi encontrada morta na passagem
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subterrânea que unia o convento ao seminário onde os noviços e noviças
encontravam-se secretamente e onde entregavam-se a orgias.
BISPO
Thèrése morreu em virtude de um aborto que provocara
voluntariamente. E como é do vosso conhecimento, diversos fetos foram
encontrados neste local. As noviças ao descobrirem a gravidez, dirigiam-se até
lá, onde abortavam.
PADRE JEAN-PIERRE
Por esse motivo e para evitar o encontro de noviços e noviças prestes a
se ordenar, essa passagem subterrânea foi murada...
BISPO
O senhor sabia da gravidez de Thèrése?
PADRE GASTON
Sim.
BISPO
Foi o senhor que a obrigou a abortar?
PADRE GASTON
Não. Ela contou-me o ocorrido e saiu correndo sem que eu pudesse
tomar qualquer decisão. Foi aí que a encontraram morta.
BISPO
E mesmo assim o senhor continuou cedendo às tentações da carne. E se
o mesmo houvesse acontecido com a irmã Valentine? O senhor tem
consciência da gravidade deste problema?
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PADRE GASTON
Não sei o que dizer. Estou sem forças. Não suporto mais esta situação.
Dê-me logo a penitência e diga-me o que foi decidido em relação a mim.
BISPO
Ontem o clero se reuniu aqui neste Tribunal eclesiástico. Pensamos,
refletimos e em comum acordo chegamos a uma conclusão. Para não tornar
pública essa situação e principalmente para evitar um escândalo que
certamente iria enlamear o nome da nossa instituição e da Santa Igreja, o Padre
Gaston... está absolvido das acusações que lhe foram imputadas.
VALENTINE
(Revoltada.) Não estás sendo justo.
BISPO
Justo para a Igreja nós sabemos que somos.
VALENTINE
E por que não para comigo?
PADRE JEAN-PIERRE
Porque a Igreja é maior.
(Valentine fica calada, sem argumentos e cabisbaixa.)
BISPO
Como penitência, o Padre Gaston ficará trancado em seus aposentos a
pão e água por sete dias, entregue às orações, se auto-flagelando e refletindo
sobre as suas ações. E quanto a vós, irmã Valentine, não deverá pronunciar
nenhuma palavra a respeito do que aconteceu entre vós e o padre em seus
aposentos para quem quer que seja. Lembre-se sempre que numa situação em
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que envolve o nome da Santa Igreja, o silêncio é mais importante do que a
prática da palavra... Podem ir.
(Padre Gaston sai. Valentine, cabisbaixa também sai. Bispo e padre Jean-Pierre
entreolham-se.)
CENA 14
(François assusta-se com a entrada abrupta de Madeleine.)
MADELEINE
(Correndo até ele e abraçando-o.) Ó papai querido, salva-me. Sou a mais
desgraçada das mulheres. Charles me obrigou a fazer coisas horríveis. Irei me
dedicar a ti pelo resto da minha vida.
FRANÇOIS
Minha querida filha, ouvi rumores sobre o que Charles obrigou-lhe a
fazer... Aceito com arrebatamento a sua dedicação por mim. Teus sentimentos
para comigo encheram-me de gratidão e admiração. Vou te salvar.
MADELEINE
E como pretendes me salvar?
FRANÇOIS
Anulando o seu casamento. Você ficará livre desse monstro do Charles.
Vivereis aqui comigo. Filha, filha divina! Reconheço a beleza da tua alma.
Fodei com o seu pai, que eu seja o único a te foder... Tu és digna de foder com
Deus, se Deus fodesse... Foder, foder... Que prazer dos deuses!
MADELEINE
Papai adorado, fode-me. Eu própria não aguento mais.
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(François deita Madeleine no chão, penetrando-a até atingirem o orgasmo.)
MADELEINE
(Põe-se de joelhos e reza.) Meu Deus, agradeço-vos por ter me feito nascer
de um pai tão bom! Devolvo a meu pai em prazeres deliciosos os cuidados que
teve comigo em minha infância. Sou o bálsamo e o encanto da sua vida. Ele é o
bálsamo e o encanto da minha. Abençoai-vos... Doce Jesus que metieis em
Madalena, ela também era vossa filha e, em amor, como sabeis por
experiência, nada é mais voluptuoso do que o incesto.
CENA 15
(Música suave. Charles e o jovem, seminus, entram e encontram-se no centro do palco.
Olham-se por um tempo e acariciam-se. Seus gestos são suaves. Abraçam-se
afetuosamente e em seguida, beijam-se. De repente, tudo se transforma: a música
torna-se mais forte e as carícias mais violentas. O jovem amarra as mãos de Charles
com cordas, jogando-o no chão com o seu traseiro voltado para cima. O jovem penetra
violentamente em Charles, que grita. O jovem sente um prazer enorme. Charles tenta
se safar, mas é inútil. O jovem fode até chegar ao ápice do prazer. O jovem tira uma
cinta, coloca-a no pescoço de Charles, enforcando-o. O jovem tira um anel do dedo do
morto e coloca-o em seu dedo.)
CENA 16
(Contraluz dourada revela Valentine de um lado do palco e padre Gaston do outro
lado. Valentine costura algo que o público não identifica de imediato. Padre Gaston
com um chicote se auto-flagela. A cena permanece assim por algum tempo. Foco sobe
em resistência sobre Valentine. Sua vagina sangra. Ela termina de costurar o seu ânus
e a sua vagina. Após concluir a tarefa, ela estende os braços para frente e notam-se
duas chagas abertas nas palmas de suas mãos de onde jorram sangue. Padre Gaston,
exausto, queda-se nos braços de Valentine. Esta aperta a cabeça dele contra o seu peito,
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reproduzindo fielmente a imagem da Pietà. Sobre esta imagem, um foco recortado em
cruz.)
EPÍLOGO
(Entra lentamente uma figura gigante, com cerca de cinco metros de altura. Essa
figura está mascarada e traz um candelabro nas mãos. Traja uma batina e no pescoço,
um imenso terço. A figura olha para todos os lados para certificar-se se está tudo bem.
Encara o público por um longo tempo e em seguida sai. Luz cai em resistência
deixando o palco na penumbra até o black-out.)
FIM
Janeiro/2006