Post on 29-Jul-2015
20 milhões de consumidores já ficaram com nome sujo
após comprarem produtos de luxo, diz SPC Brasil
Para adquirir produtos considerados de luxo, 42% comprometem suas
reservas financeiras e 24% dos brasileiros deixam de pagar contas
O consumo de produtos de luxo pode até ser considerado supérfluo, mas os
brasileiros estão gastando e se endividando com essas compras. É o que mostra uma
pesquisa inédita realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pelo
portal Meu Bolso Feliz, que investigou os gastos com produtos e serviços
considerados de luxo e analisou o impacto nas finanças dos compradores. Os dados
levantados comprovam: a compra de produtos desse segmento já afetou de forma
negativa a saúde financeira dos consumidores.
Praticamente três em cada dez pessoas (30%) já ficaram com o nome sujo devido ao
consumo de bens que consideram de luxo. Em números absolutos, são 19,6 milhões
de brasileiros, principalmente jovens, pertencentes às classes B e C, e de menor
escolaridade. Entre esse total, 43% ainda estão inadimplentes, ou seja, 8,5 milhões
de compradores, em números absolutos.
24% deixam de pagar contas para comprar produtos de luxo
De acordo com os dados do estudo, 24% dos entrevistados já deixaram de pagar
alguma conta para adquirir produtos que considera de luxo. Isso representa 15,7
milhões de pessoas, principalmente mais jovens, pertencentes às classes B e C, e de
menor escolaridade.
Os maiores gastos foram com perfumes (69%), roupas (64%), calçados (59%),
artigos eletrônicos (58%) e restaurantes (54%). Segundo Marcela Kawauti,
economista-chefe do SPC Brasil, o consumo de luxo é muito utilizado para demarcar
a própria personalidade do consumidor, já que os produtos são reconhecidos pela
sociedade e carregam peso de imagem e autoestima. “O uso de marcas famosas e,
especificamente, do mercado de luxo, dá status ao consumidor, independente da
classe social”, diz a economista.
Para Kawauti, a necessidade de fazer parte de um mercado muitas vezes inacessível
esbarra principalmente no alto preço dos produtos. Ainda de acordo com a pesquisa,
em 2014, 44% da renda das famílias de classe C foi utilizada na compra de bens
considerados de luxo, enquanto na classe A essa proporção foi de 19%. Em um ano,
o gasto médio com produtos de luxo totaliza cerca de R$ 18 mil. “Para ter acesso ao
luxo, alguns consumidores fazem compras que não cabem em seu orçamento e,
consequentemente, sofrem os efeitos negativos na saúde financeira pessoal e até
mesmo familiar”, analisa a especialista.
42% usam seus investimentos em compras de luxo
Outro dado relevante da pesquisa revela que 42% dos entrevistados que possuem
fundos de investimento já deixaram de guardar dinheiro ou usaram parte ou todo o
dinheiro guardado pra comprar produtos de luxo. “A vontade de pertencer a algum
grupo ou ter produtos exclusivos e da moda também leva o consumidor a retirar um
valor da sua reserva financeira para a compra imediata”, analisa a economista.
“Porém, essa quantia, se acumulada, pode fazer falta a curto e médio prazo, ou até
mesmo na aposentadoria.” 26% dos entrevistados assumiram que seus sonhos são
adiados após a compra dos produtos de luxo – a porcentagem aumenta quando
especificada nas pessoas mais jovens, da classe C e menos escolarizadas.
Para a economista, endividar-se, deixar de cumprir compromissos e contas
assumidas e comprometer as reservas financeiras são sinais de um comportamento
que, provavelmente, não condiz com as possibilidades financeiras do consumidor.
“Caso as finanças estivessem de acordo com os gastos, estes não seriam debitados
de uma reserva financeira importante, e sim de uma quantia específica para gastos
supérfluos”, explica Kawauti.
Luxo como investimento na autoestima
Para quatro em cada dez pessoas (40%) o consumo com mercado de luxo é um
investimento em si mesmo – seja na própria imagem (16%), seja na autoestima
(24%). Também é importante ressaltar que a questão da imagem é mais significativa
para os mais jovens (22%).
Metodologia
Em fevereiro e março de 2015 foram ouvidas 945 pessoas com idade igual ou
superior a 18 anos, de ambos os sexos e pertencentes às classes A, B e C, nas 27
capitais. A margem de erro é de 3,2 pontos percentuais com margem de confiança
de 95%.
Baixe a pesquisa na íntegra em https://www.spcbrasil.org.br/imprensa/pesquisas
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