(10) teologia da libertação

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Nos porões da Casa

Teologia da Libertação

Afonso Muradwww.casadateologia.blogspot.com

Casa da Teologia (10)

Relação estreita

Igreja dos pobres

(prática)

Teologia da

Libertação

(teoria)

O que é a Teologia da Libertação

• Teologia da América Latina, que busca viver e interpretar a fé cristã em perspectiva social. Ela analisa a realidade, denuncia a injustiça e anuncia uma sociedade nova, inclusiva, solidária e sustentável, à luz de Jesus Cristo.

• Tem vertentes: - teórica (reflexão), - prática (Igreja-comunidade e transformação da

sociedade)- Espiritual (jeito de seguir a Jesus)

A grande pergunta da TdL

Como ser cristã(o) num continente marcado ao

mesmo tempo pela religiosidade cristã e por

enormes diferenças sociais, a ponto de negar a

milhares de seres humanos sua dignidade de filhos

de Deus? Como transformar esta situação à luz da

fé?

Originalidade da TdL• Pobres: protagonistas da evangelização (Método Paulo

Freire)

• Os pobres nos ensinam -> sabedoria do Espírito.• Ponto de partida: não os livros, mas o compromisso

de cristãos com a mudança da sociedade.• Utilizam-se as ciências sociais como Mediação

hermenêutica pré-teológica.• Introduz-se no pensar teológico a prática

transformadora.• Igreja-comunidade CEBs e pastorais sociais.• Redescobrem-se muitos elementos bíblicos para a

espiritualidade.• Teologia na/para/pela/da práxis.

Elementos bíblico-teológicos*Deus criou este mundo para todos (Gen).*A libertação do Povo de Deus no Egito e a caminhada no deserto inspiram a libertação social, política e econômica (Exodo).*Os profetas: fidelidade à aliança exige a prática da justiça social (Is, Jr, Ez, Am).*A prática libertadora de Jesus é o centro da teologia da libertação. Jesus cura e liberta os pobres e pecadores, come com eles (inclusão social), anuncia a vinda do Reino de Deus, conscientiza, faz pensar (Mt, Mc, Lc).*A morte libertadora de Jesus anima os cristãos a serem fiéis até a morte (martírio -> Apdc). A ressurreição de Jesus é a vitória sobre todas as opressões na história.*A Igreja, Povo de Deus, continua a missão libertadora de Jesus (At).

Como e quando surgiu a Teologia da Libertação?

Os ventos de mudança na sociedade nos anos 60

Urbanização e otimismo com o progresso.Movimento feminista e estudantil: a auge

de 68.Espírito crítico e valor da subjetividade.Mundo polarizado: comunismo x

capitalismo.Mundo dependente: Africa e América

Latina.

A Igreja renova sua identidade

O Concílio Vaticano II:• Abriu as janelas e passou a vassoura...• Igreja Povo de Deus -> participação• Diálogo Igreja-Mundo• Repensou a relação entre Escritura e

Tradição• Reformou a Liturgia• Estabeleceu critérios para estudos

teológicos• Favoreceu o diálogo ecumênico

O vento veio de lá, o fogo pegou aqui

A renovação da Igreja teve dificuldades na Europa:*Apego à tradição,*Velocidade das mudanças culturais,*Crise de vocações,*Desânimo no pós 68.*Adoção de modelos voltados para o passado.

Nasce uma nova identidade...Na sociedade:Efervecência política (estudantes, trabalhadores, partidos),Método Paulo Freire: educação como prática de liberdade, conscientização.Esperanças de nova sociedade. Repressão dos regimes militares,Crescem a riqueza e a pobreza.Na Igreja: As linhas de Medellín.

Mudanças simultâneas no topo, no meio e na base da Igreja

Fatores eclesiaisNo topo: nomeação de bispos; Planos de Pastoral de

Conjunto; consolidação da CNBB; posicionamento contra o regime militar.

No meio: Vida Religiosa renovada (Capítulos, abandono de obras, atuação junto à Igreja particular, inserção, estilo de vida mais simples e fraterno). Batalhão de agentes de Pastoral.

Grupo de teólogos elaboram a TdL.Método Paulo Freire na Igreja: povo sujeito do

processo de libertação.Círculos BíblicosNa base: CEBs, Pastorais Populares, Pastoral de

Juventude, Catequese renovada

Autores conhecidos• Leonardo Boff• João Batista Libanio• Frei Beto• Gustavo Gutiérrez• José Comblin• Carlos Mesters• Juan Luis Segundo• Jon Sobrino• Segundo Galiléia

Mártires da libertação

• Milhares de pessoas assassinadas

• No Brasil: Santo Dias, Margarida Alves, Padre João Bosco Penido Burnier e muitos líderes comunitários

• Figuras simbólicas: Dom Oscar Romero e Dorothy Stang.

Se a festa estava boa, por que acabou?

Modernidade líquida:Predomínio do estético sobre o éticoCultura da exterioridade (é real o que aparece)Reinado do individualismoDespotismo do presenteCrise da razão científica e dos sonhos de libertaçãoBusca da religiosidade sem religião. Na Igreja: instituição forte e coesa, Enfase na Doutrina e na moral Reafirma o sagrado tradicional, busca visibilidade midiática.Um cristianiasmo comunitário, profético, dialogal,

ecumênico e político-social soa como inadequado.

Um tempo difícil e esperançoso• Profetismo cada vez mais exigente e

minoritário• Envelhecimento e poucas lideranças novas• Dupla orfandade: da Igreja e do social• Novas vocações e seus valores: estética,

subjetividade, busca do prazeroso.• Menos austeridade, maior padrão de consumo• Peso institucional: muito trabalho, pouca

reflexão -> Novos desafios, novas possibilidades...

Limites e riscos da TdLAo privilegiar a dimensão social da fé, não levou em conta a subjetividade e suas demandas.

Concentração na práxis transformadora, em detrimento da reflexão e da espiritualidade.

Apropriação do discurso social por políticos e até empresas -> desgaste.

Algumas mudanças sociais não levaram à criação de nova sociedade, e sim à inclusão dependente dos pobres, como consumidores.

Necessidade de se articular com outras causas humanistas.

Matizes da Libertação hoje

• Minoritária

• Visível e significativa

• Pessoal, comunitária e institucional

• Feição socioambiental e planetária.

Não sabemos do nosso futuro..

Mas queremos ser sementes do amanhã...

(Versão: maio 2015)