Post on 10-Jun-2020
PORTUGUÊS
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1ª PARTE
REDAÇÃO
FOLHA DE BORRÃO
TEMA
"Terra Adorada
PORTUGUÊS
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Entre outras mil,
És tu,Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!"
2ª PARTE
TEXTO [1] para as questões 01 e 02
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José Maria, já pecador ouvido em confissão, já perdoado dos seus primeiros pecados, já orientado contra alguns dos pequenos e não apenas contra os grandes inimigos da alma, não vinha estudando com o padre somente Religião. Agora, também Latim. Religião e Latim.
Pelos ouvidos e pelos olhos lhe vinham chegando agora, através principalmente de vozes latinas e de estampas de livros, novas formas, novas cores, novos sons, que se juntavam às palavras e aos modos aprendidos com Dona Sinhá para o separarem de Inácia, das outras negras, dos muleques, dos pescadores de Ribamar, de suas várias deformações do português em língua, ora muito cheia de palavras vindas da África, ora muito adoçada em língua para menino e para escravo, sem rr nem ss, nem ll.
Não que o separassem de todo desse seu mundo macio, viscoso, úmido, gostosamente pegajento, fraterno, e até servil, embora, ao mesmo tempo, misteriosamente superior, em muita coisa, ao seu entendimento; e que, para ele, vinha sendo um refúgio contra certas imposições um tanto secas e autoritárias de Dona Sinhá ao filho amado.
Gilberto Freyre. Dona Sinhá e o Filho Padre, p. 59-60.
01. Um dos mecanismos da coesão textual é a reiteração de estruturas sintáticas. Sua função é assinalar que há
progressão no texto. Em face disto, analise os itens a seguir e responda ao que se pede.
I. “José Maria, já pecador ouvido em confissão, já perdoado dos seus primeiros pecados, já orientado contra
alguns dos pequenos e não apenas contra os grandes inimigos da alma, não vinha estudando com o padre
somente Religião.” [linhas 1-5]
II. “Pelos ouvidos e pelos olhos lhe vinham chegando agora, através principalmente de vozes latinas e de
estampas de livros, novas formas, novas cores, novos sons, que se juntavam às palavras...” [linhas 7-10]
III. “...e que, para ele, vinha sendo um refúgio contra certas imposições um tanto secas e autoritárias de Dona
Sinhá ao filho amado.” [linhas 21-23]
Constatamos o mecanismo de coesão pela reiteração de estruturas sintáticas
A) apenas no item I.
B) apenas no item II. D) nos itens I, II e III.
C) apenas no item III. E) exceto no item III.
Esta figura é uma homenagem do jornal O Estado ao eminente escritor e pensador pernambucano Gilberto Freyre. http://www.Estado.com.br/edicao/00/03/11/ca2000311.htlm.
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02. “Pelos ouvidos e pelos olhos lhe vinham chegando agora, através principalmente de vozes latinas e de
estampas de livros, novas formas, novas cores, novos sons [1], que se juntavam às palavras e aos modos
aprendidos com Dona Sinhá [2] para o separarem de Inácia, das outras negras, dos muleques, dos pescadores de
Ribamar, de suas várias deformações do português em língua, ora muito cheia de palavras vindas da África [3], ora
muito adoçada em língua para menino e para escravo, sem rr nem ss, nem ll." [linhas 7-16]
Observe as orações no fragmento acima.
I. A oração [1] é principal em relação à oração [2].
II. A oração [2] classifica-se como subordinada e adjetiva.
III. A oração [3] é coordenada assindética porque não vem introduzida por conjunção coordenativa (pelo
síndeto), embora seja reduzida de gerúndio.
A afirmação é verdadeira
A) apenas no I.
B) apenas no II. D) apenas no III.
C) nos itens I e II. E) exceto no II.
TEXTO [2] para as questões 03, 04, 05 e 06.
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O tique-taque do relógio diminui, os grilos começam a cantar. E Madalena
surge no lado de lá da mesa. Digo baixinho:
— Madalena!
A voz dela me chega aos ouvidos. Não, não é aos ouvidos. Também já não a
vejo com os olhos.
Estou encostado à mesa, as mãos cruzadas. Os objetos fundiram-se, e não
enxergo sequer a toalha branca.
— Madalena...
A voz de Madalena continua a acariciar-me. Que diz ela? Pede-me
naturalmente que mande algum dinheiro a mestre Caetano. Isto me irrita, mas a
irritação é diferente das outras, é uma irritação antiga, que me deixa inteiramente
calmo. Loucura estar uma pessoa ao mesmo tempo zangada e tranqüila. Mas
estou assim. Irritado contra quem? Contra mestre Caetano. Não obstante ele ter
morrido, acho bom que vá trabalhar. Mandrião!
A toalha reaparece, mas não sei se é esta toalha sobre que tenho as mãos
cruzadas ou a que estava aqui há cinco anos.
(...)
Agitam-se em mim sentimentos inconciliáveis: encorelizo-me e enterneço-me;
bato na mesa e tenho vontade de chorar.
Aparentemente estou sossegado: as mãos continuam cruzadas sobre a
toalha e os dedos parecem de pedra. Entretanto ameaço Madalena com o punho.
Esquisito.
Graciliano Ramos. São Bernardo, p. 102-103.
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03. Observe.
I. Há uma contradição perturbando o narrador ("... é uma irritação antiga que me deixa inteiramente
calmo." [linhas 11-12]), acentuando nele o desejo de compreender o que está acontecendo.
II. As contradições de Paulo Honório, nesse seu devaneio, devem ter relação com o desejo de rever Madalena,
embora, simultaneamente, também se perceba que ele se debate contra suas atitudes, o que ainda o irrita,
como acontecia no tempo em que a esposa era viva.
III. Nesse caso, tem-se, aí, o mesmo Paulo Honório do final da obra: sozinho, triste, convivendo com seus
fantasmas, um homem amargo que perdeu as oportunidades que teve e agora só tem mesmo que lamentar.
A afirmação é verdadeira
A) apenas no item I.
B) nos itens I, II e III. D) apenas no item III.
C) somente nos itens I e II. E) nos itens II e III.
04. Observe.
“A voz(1) dela me chega aos ouvidos. Não, não é aos ouvidos. Também já não a vejo com os olhos(2).
Estou encostado à mesa, as mãos cruzadas(3). Os objetos fundiram-se, e não enxergo sequer a toalha branca.”
[linhas 04-07]
Quanto à estrutura e formação das palavras, podemos afirmar corretamente que,
A) no vocábulo (1), encontramos tema, mas o seu plural deve ser considerado atemático.
B) no vocábulo (2), não existe vogal temática, pois “olhos” não é verbo.
C) no vocábulo (3), a formação se deu por derivação sufixal e ainda encontramos nele uma desinência de número.
D) nos vocábulos (2) e (3), encontramos desinência de gênero.
E) no vocábulo (3), o processo de formação é idêntico ao da palavra “enxergo”.
05. Observe.
“A voz de Madalena continua a acariciar-me. Que diz ela? Pede-me naturalmente que mande algum dinheiro a
mestre Caetano. Isto me irrita, mas a irritação é diferente das outras, é uma irritação antiga, que me deixa
inteiramente calmo. (...)
A toalha reaparece, mas não sei se é esta toalha sobre que tenho as mãos cruzadas ou a que estava aqui há cinco
anos.” [linhas 09-16]
Assinale a opção que apresenta, pela ordem, a classificação correta das palavras grifadas.
A) artigo pronome pronome demonstrativo
B) artigo pronome artigo
C) preposição artigo pronome demonstrativo
D) pronome artigo pronome pessoal
E) preposição pronome pessoal pronome demonstrativo
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06. Observe os fragmentos de textos a seguir.
I. “O almoço era um banquete, não pela quantidade, o que seria de mau gosto, mas pela variedade e delicadeza
das iguarias. (...) A princípio a moça ocupou-se unicamente em servir; depois, trincando nos alvos dentes a
polpa vermelha de uma lagosta, animou a conversação com uma palavra viva e cintilante.”
II. “— A segunda interrupção foi teu marido. Mariana estremeceu.
— Foi aqui perto, continuou Evaristo; falamos de ti, ele primeiro, a propósito não sei de quê, e falou com
bondade, quase que com ternura. (...)
— Não venhas outra vez com essa eterna desconfiança, atalhou Mariana sorrindo, como na tela, há pouco. Que
quer você que eu faça? Xavier é meu marido; não hei-de mandá-lo embora, nem castigá-lo, nem matá-lo, só
porque eu e você nos amamos.
— Não digo que o mates; mas tu o amas, Mariana.”
III. “A minha Tia Sinhazinha era uma velha de uns sessenta anos. Irmã de minha avó, ela morava há longo tempo
com o seu cunhado. Casada com um dos homens mais ricos daqueles arredores, o Dr. Quincas, do Salgadinho,
vivia separada do marido desde os começos do matrimônio. Era um temperamento esquisito e turbulento. (...)
Esta velha seria o tormento da minha meninice. Minha Tia Maria, um anjo junto daquele demônio... (...) As
pobres negras e os moleques sofriam dessa criatura uma servidão dura e cruel.”
IV. “— Não há morte. O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas formas, pode determinar a
supressão de uma delas, mas, rigorosamente, não há morte, há vida, porque a supressão de uma é a condição
da sobrevivência da outra, e a destruição não atinge o princípio universal e comum. Daí o caráter conservador e
benéfico da guerra. Supõe tu um campo de batatas...”
Os TEXTOS [1] e [2] pertencem ao Modernismo. Considerando-os atentamente, assinale a opção cujo(s)
fragmento(s) pertence(m) a obra(s) desse mesmo estilo de época.
A) O I e o III .
B) O II e o III.
C) O I e o II.
D) Apenas o III.
E) Apenas o IV.
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TEXTO [3] e TEXTO [4] para as questões 07, 08 e 09.
TEXTO [3] TEXTO [4]
Chegas, com os olhos úmidos, tremente A voz, os seios nus, - como a rainha Que ao ermo frio da Tebaida vinha Trazer a tentação do amor ardente. Luto: porém teu corpo se avizinha Do meu, e o enlaça como uma serpente... Fujo: porém a boca prendes, quente, Cheia de beijos, palpitante, à minha... Beija mais, que o teu beijo me incendeia! Aperta os braços mais! que eu tenha a morte, Preso nos laços de prisão tão doce! Aperta os braços mais, - frágil cadeia Que tanta força tem não sendo forte, E prende mais que se de ferro fosse!
Pálida à luz da lâmpada sombria, Sobre o leito de flores reclinada, Como a lua por noite embalsamada, Entre as nuvens do amor ela dormia! Era a virgem do mar, na escuna fria Pela maré das águas embalada! Era um anjo entre nuvens d’alvorada Que em sonhos se banhava e se esquecia! Era mais bela! o seio palpitando... Negros olhos as pálpebras abrindo... Formas nuas no leito resvalando... Não te rias de mim, meu anjo linda! Por ti – as noites eu velei chorando, Por ti – nos sonhos morrerei sorrindo!
http://orbita.starmedia.com/~ads_systems/ AMOEDO, Rodolfo. Estudo de mulher, 1884.
Revista Época, Rio de Janeiro, Ano III, n.º 107,
p. 123, 2000.
07. Observe, analise e conclua.
I. Pode-se dizer que os TEXTOS [3] e [4] apresentam concepções de amor diferentes: num deles, o amor é
idealizado; no outro, o amor é mais carnal do que espiritual.
II. O TEXTO [3] está mais para o Parnasianismo enquanto o TEXTO [4] está mais para o Romantismo.
III. Não constitui exagero afirmar que, no Parnasianismo, existe uma supervalorização do amor, de modo que esse
sentimento é considerado o valor supremo da vida, fonte de sua inspiração. Para o romântico, entretanto, a
perda do amor leva sempre à loucura, à morte ou ao suicídio.
A afirmação é verdadeira
A) apenas no item I.
B) nos itens I e II. D) nos itens I, II e III.
C) apenas no item II. E) em nenhum dos itens.
Estas duas
figuras foram coladas aqui para ajudá-
lo(a) a compreender
a visão de mundo de cada poeta
em sua época.
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08. Observe as afirmações abaixo
I. Se, no primeiro quarteto do Texto [3] , “Chegas, com os olhos úmidos, tremente
A voz, os seios nus, - como a rainha
Que ao ermo frio da Tebaida vinha
Trazer a tentação do amor ardente.” substituíssemos o verbo grifado por RENDER-SE, na mesma forma, não haveria alteração do ponto de vista da
regência verbal.
II. Se, ainda no primeiro quarteto do Texto [3], “Chegas, com os olhos úmidos, tremente
A voz, os seios nus, - como a rainha
Que ao ermo frio da Tebaida vinha
Trazer a tentação do amor ardente.” substituíssemos o verbo “Trazer ” por REPORTAR-SE, não seria necessário usar o sinal indicativo da crase.
III. Se, no segundo quarteto do Texto [4] ,
“Era a virgem do mar, na escuna fria
Pela maré das águas embalada!
Era um anjo entre nuvens d’alvorada
Que em sonhos se banhava e se esquecia !” substituíssemos os verbos grifados , ambos pronominais, pelos verbos CHORAR e ENVELHECER, no mesmo
tempo, modo e pessoa, seria inadequado usá-los pronominalmente.
e conclua. A) Apenas o item III é verdadeiro.
B) Os itens II e III são verdadeiros.
C) Os itens I e III são verdadeiros.
D) Apenas o item II é verdadeiro.
E) Apenas o item I é verdadeiro.
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Bei
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tos:
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s. v
. 2.
, p.1
82.
TEXTOS [5] e [6] para as questões 09 e 10.
5 10
TEXTO [5]
"Meio–dia a dar no sino das torres, e eu entrando em casa de Lúcia. Tinha refletido: essa amizade não podia continuar; se havia de desatar mais tarde,
depois de me ter feito curtir mil dissabores, bom era que cessasse desde logo. Não julgue porém que estava resolvido a separar-me por uma vez de Lúcia: minha coragem não chegava a tanto. O que eu desejava era demitir de mim um título que me esmagava na minha pobreza, o título de amante exclusivo da mais elegante cortesã do Rio de Janeiro.
Ela recebeu-me com brandura. Tinha os olhos rubros e pisados de lágrimas: apertando minha mão, beijou-a. Que pretendia ela exprimir com esse movimento? Seria a imagem viva da humilde fidelidade do cão, afagando a mão que o acaba de castigar?
Estivemos muito tempo sem trocar palavra. Enfim Lúcia fez um esforço, sorriu como se nada houvesse passado, e veio sentar-se
nos meus joelhos, acariciando-me com a ternura e a graciosa volubilidade que ela tinha quando o júbilo lhe transbordava d’alma. Aproveitei o momento para alijar o peso que desde a véspera me acabrunhava."
TEXTO [6]
09. Observando os TEXTOS [5] e [6], podemos dizer que o TEXTO [5] remete-nos tematicamente ao TEXTO [6]
quando o narrador diz: _________________________________ e quebra-se essa remissão quando ele arremata:
_________________________________.
A) “Estivemos muito tempo sem trocar palavra.” [linha
10]
“Enfim Lúcia fez um esforço, sorriu como se nada
houvesse passado...” [linha 11]
B) “Ela recebeu-me com brandura.” [linha 7] “... apertando minha mão, beijou-a.” [linha 8]
C) “Que pretendia ela exprimir com esse movimento!”
[linha 8]
“Estivemos muito tempo sem trocar palavra.” [linha 10]
D) “Tinha refletido: essa amizade não podia continuar;
se havia de desatar mais tarde, depois de me ter
feito curtir mil dissabores, bom era que cessasse
desde logo.” [linhas 2-3]
“Aproveitei o momento para alijar o peso que desde a
véspera me acabrunhava.” [linhas 13-14]
E) “O que eu desejava era demitir de mim um título que
me esmagava na minha pobreza,...” [linhas 5-6]
“Aproveitei o momento para alijar o peso que desde a
véspera me acabrunhava.” [linhas 13-14]
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10. Monossílabos tônicos.
“Não julgue porém que estava resolvido a separar-me por uma vez de Lúcia: minha coragem não chegava a tanto.”
[linhas 3-4]
O vocábulo grifado acima é monossílabo átono. Assinale, a seguir, a opção em que o vocábulo grifado seja átono
também.
A) “Talvez... p’ra que meu pranto, ó Deus clemente! / Não descubras no chão.” (Castro Alves) B) “Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe deixei. E foi assim que cheguei à cláusula dos
meus dias...” (Machado de Assis) C) “Ia indo na manhã. A professora pública estranhou aquele ar tão triste. As bananas na porta da QUITANDA TRIPOLI
ITALIANA eram de ouro por causa do sol. O Ford derrapou, maxixou, continuou bamboleando.” (Alcântara
Machado) D) “Ai, que saudade
Que vontade de ver renascer nossa vida
Volta, querida
Os teus braços precisam dos meus
Meus abraços precisam dos teus.
Estou tão sozinho
Tenho os olhos cansados de olhar para o além
Vem ver a vida
Sem você, meu amor, eu não sou ninguém.” (Vinícius de Moraes)
E) “― Foi realmente uma desgraça, disse Rubião.
― Não.
― Não?
― Ouve o resto. Aqui está como se tinha passado o caso.“ (Machado de Assis)
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TEXTO [7] para a questão 11.
Aves de rapina Há muitos anos que os caminhos se arrastavam Subindo para as montanhas. Percorriam as florestas perseguindo a distância, Lentos e longos deslizavam nas planícies. Passaram chuvas, passaram ventos, Passaram sombras aladas... Um dia os aviões surgiram e libertaram a distância, Os aviões desceram e levaram os caminhos.
Joaquim Cardozo
Tratores, bate-estacas e caminhões utilizados na construção da Ponte Joaquim Cardozo , que ligará os bairros do
Coque e Coelhos, estão prejudicando casas nas duas comunidades.
Muitas delas apresentam rachaduras. Durante protesto dos Moradores dos Coelhos, um trator danificou dois carros.
Jornal do Commercio, 12 maio 2000.
11. Considerando que o poema “Aves de rapina” nos remete ao tema do progresso e considerando, também, a
homenagem que é prestada ao poeta recifense com a construção de uma ponte que leva o seu nome,
conforme manchete acima, assinale a opção que nos remete à idéia de progresso e de utilidade de uma ponte. A) “No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra.” [Drummond de Andrade]
B) “A ponte não é ponte apenas porque leve ao outro lado porque neutralize o rio e forneça diariamente aos homens de pouca fé a certeza de que podem caminhar por sobre as águas.”
[José Chagas] C) “monte
ponte fonte horizonte fonte ponte monte.”
[José Lino Grünewald] D) “Sei que havia uma ponte sobre o rio
E um cheiro de jasmins pelo caminho Mas o rio era todo... Era sombrio Nas maduras manhãs de sol. Carinho De brisas matutinas, fugidio...”
Joaquim Cardozo. Nossa Senhora das Graças. In:_. Poesias Completas. p. 198 . E) “Entre a paisagem
o rio fluía como uma espada de líquido espesso. Como um cão humilde e espesso.”
[João Cabral de Melo Neto]
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TEXTO [8] para a questão 12.
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Tristes Resoluções
"Isaura contou, então, a Fernando como seu casamento lhe havia sido imposto por seus pais; como o esperara durante mais de um ano; como se recusara a aceitar Marcos enquanto pudera; e como, por fim, fragilizada pela tristeza e pela solidão, cedera aos pedidos do pai.
Disse-lhe ainda que, em troca de sua concordância, exigira que lhe proporcionassem uma espécie de despedida da existência que tivera até ali: queria passar três meses sozinha, em liberdade, numa Fazenda que seus pais possuíam perto do Povoado.
Eles concordaram, e ela, de natureza ardente e pura, gozara os três meses em absoluta solidão. Pensava nele muitas vezes e, muitas vezes, quisera fugir. Mas era muito altiva e, quando chegava o momento, não tinha coragem para faltar à palavra empenhada. Além disso, perguntava-se: “Fugir para onde?”Para ir ao encontro de quem, se o homem que quero nem sequer sabe que eu existo”?
Aproximando-se o dia da volta, resolvera aceitar o convite da família amiga e viera para o Povoado, a fim de assistir à festa do Sábado de Aleluia, famosa na região.
― Mas você sabia que ia casar-se! ― disse Fernando, censurando-a involuntariamente quando ela acabou seu relato.
― Sabia, meu amor, e peço que me perdoe! Mas desde que vi você, meu casamento com Marcos começou a me aparecer como uma provação acima de minhas forças. Eu amava você há muito tempo e achei que sua aparição era um sinal do Céu. Principalmente, quando você me disse que queria se casar comigo. Mas não quero lhe mentir, devo ser sincera: mesmo que assim não fosse, mesmo sem sua promessa, acho que não teria resistido; porque, desde que me senti abraçada por você, na festa, eu não seria capaz de lhe negar nada! ― falou Isaura, com pungente sinceridade."
Ariano Suassuna. Fernando e Isaura, p. 53-54
12. Assinale a opção correta.
A) Fernando não gostava de Isaura, pois censurou-a ainda que involuntariamente, quando ela lhe contou que estava
casada com Marcos. Isaura, porém, gostava muito dele e até se prontifica a mudar o destino da vida dela por amor a
ele, a Fernando.
B) Pela conversa que Isaura deve ter tido com Fernando, Marcos era a pedra que se colocara no caminho deles, e já
não era possível mais nada porque ela estava definitivamente casada. Ficava só uma lembrança boa que os dois
poderiam levar pela vida afora.
C) Ao dizer “então”, o narrador permite que o leitor saiba que Isaura e Fernando já haviam iniciado essa conversa em
algum outro momento. O “então” passa-nos a idéia de continuação de uma situação já conhecida deles, que precisa
ser mais amplamente conhecida e/ou discutida; e o verbo “esperara”, logo a seguir, parece confirmar esse raciocínio.
D) Para Fernando, Isaura era um presente divino: ele a amava há mais tempo do que imaginava e não demonstrava
qualquer conflito pelo fato de saber que ela era compromissada com outro.
E) Isaura é sincera e procura deixar claro para Fernando que não pretende voltar para o marido, que Fernando tem que
assumir com ela a aventura desse grande amor.
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Nas questões de 13 a 20, assinale, na coluna I, as afirmativas verdadeiras e, na coluna II, as falsas.
TEXTO [9] para a questão 13
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Camilo
“Passei a freqüentar com maior interesse a casa de Maria Dáuria. Tinha desejo,
verdadeiro, de defender e ajudar o rapaz. Obriguei-a a destruir a prisão no fundo do
quintal ― que, soube mais tarde, fora construída por Aluísio Pedra ― e a reservar, só
para ele, um quarto iluminado e limpo, no interior da casa. Relaxei no serviço da Guarda
Noturna, lambuzando-me a noite inteira com a mulher ― que, ao invés de prazer, me
causava sempre um crescente sofrimento ― e, pela manhã, ao invés de cumprir minhas
funções na delegacia, saía com Camilo para caçar passarinhos ― tinha feitiço pelas
aves. E elas, de alguma forma, atração pelo amalucado. A princípio ficavam arredias,
esvoaçavam dentro da gaiola por qualquer motivo, mas, com o tempo, tornavam-se
dóceis, cantavam e pousavam na sua mão, possuídas de um tipo de alegria encantada
e louca. Eu é que não podia compreender: como tão frágeis criaturas podiam entender-
se daquele jeito com um aleijão? Camilo cativava-as. Era de admirar os seus cuidados:
pisava milho, recolhia água em pequenas vasilhas, arranjava alface e folhas do mato,
frutas e verduras, pouco a pouco se familiarizava com os costumes e mistérios de cada
pássaro. Não dizia palavra ― nunca falou ― ria, ele apenas ria feito os canários
cantando. Quando voltávamos da caçada, com um ou outro pássaro preso, cuidava de
limpar as gaiolas, em mudar as refeições ― o dia inteiro ocupado.
Só uma coisa causou-me dificuldade: acostumá-lo a vestir-se. Tendo vivido tanto
tempo despido, na prisão, rejeitava as roupas. No princípio, encolhia-se num canto da
parede para não vestir uma calça. E, vestido, rasgava-a toda.”
Raimundo Carrero. A dupla face do baralho, p. 75.
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13. Aspectos morfossintáticos das palavras.
I II 0 0 “Tinha desejo, verdadeiro, de defender e ajudar o rapaz. Obriguei-a a destruir a prisão no
fundo do quintal ― que, soube mais tarde, fora construída por Aluísio Pedra ― e a reservar,
só para ele, um quarto iluminado e limpo, no interior da casa.” [linhas 1-4] O vocábulo grifado é um pronome pessoal e exerce, aqui, a função de sujeito em substituição
a “rapaz” , que é núcleo do objeto direto.
1 1 “A princípio ficavam arredias, esvoaçavam dentro da gaiola por qualquer motivo, mas, com o
tempo, tornavam-se dóceis, cantavam e pousavam na sua mão, possuídas de um tipo de
alegria encantada e louca.” [linhas 8-11] Pluralizando-se o termo grifado e a ele acrescentando-se o adjetivo composto AMARELO-
PALHA, o período ficaria corretamente assim: A princípio ficavam arredias, esvoaçavam dentro das gaiolas amarelo-palha por qualquer
motivo, mas, com o tempo, tornavam-se dóceis, cantavam e pousavam na sua mão,
possuídas de um tipo de alegria encantada e louca.
2 2 “Obriguei-a [1] a destruir a [2] prisão no fundo do quintal...” [linhas 2-3] Nessa oração, o termo sublinhado [1] substitui um nome feminino; e o [2] determina-o.
3 3 “No princípio, encolhia-se num canto da parede para não vestir uma calça. E, vestido,
rasgava-a toda.” [linhas 19-20] Tem-se admitido que o artigo indefinido remete à informação posterior, e o artigo definido faz
remissão ao elemento ou expressão ou informação que o precede. Por isso, os termos
grifados são respectivamente artigo indefinido e artigo definido.
4 4 “...e, pela manhã, ao invés de [1] cumprir minhas funções na delegacia, saía com Camilo
para caçar passarinhos ― tinha feitiço pelas aves. E elas, de alguma forma [2] , atração pelo
amalucado.” [linhas 6-8] . As expressões [1] e [2] classificam-se respectivamente como
locução prepositiva e locução conjuntiva.
TEXTO [10] para a questão 14.
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Veja Especial Milênio: Os 100 fatos que mudaram o mundo do ano 1001 até hoje. Ano 31, dez 1999, nº 51. p. 11. (adaptado para esta prova)
14. Nessa Foto-Texto, modelos se vestiram para esse acontecimento em que se colocam lado a lado as figuras
de Napoleão [1], Shakespeare [2], Joana d’Arc [3], Colombo [4], um astronauta [5], Gandhi [6] e Einstein [7] .
I II 0 0 Não seria desprovido de sentido afirmar-se que a Foto-Texto não guarda sua semelhança
com a prosa literária embora tenha por foco narrativo a terceira pessoa.
1 1 Por analogia, pode-se dizer que o fotógrafo dentro da própria foto guarda sua semelhança
com a narrativa de ficção em que o ponto de vista do narrador é interno.
2 2 A Foto-Texto não possui uma relação com a narrativa de ficção, mas com o Eu-lírico da
poesia, porque é uma manifestação do Eu do artista, de sua subjetividade, de suas emoções
e sentimentos; e a própria função poética revelada nessa Foto-Texto contribui para tal
justificação.
3 3 Se associássemos a Foto-Texto a um gênero literário, diríamos que se referiria ao gênero
épico por tratar-se da condensação de fatos vinculados à história e a realizações humanas
suscitadas pelas personagens; e mesmo a função referencial justifica essa classificação.
4 4 Considerando o foco narrativo observado na Foto-Texto , dir-se-ia que mantém uma relação
com o texto abaixo: “Meia hora depois o telefone da cabeceira bateu. Atendi falando francês, atrapalhado – e era
a voz brasileira de minha conhecida. Estava em Paris, pois eu não tinha telefonado para ela
agorinha mesmo? Sua voz me encheu de calor, recuperada assim subitamente das brumas
da distância e do tempo, cálida, natural e amiga...”
Rubem Braga. A borboleta amarela.
PORTUGUÊS
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TEXTOS [11] – [12] – [13] e [14] para a questão 15.
TEXTO [11]
TEXTO [12]
A maioria da tripulação do KursK estava no local
do choque", diz ministro russo.
(...)
"A maioria da tripulação deveria estar na parte do
navio que sofreu um choque brutal", disse Klebanov à
imprensa. "Mas, segundo os construtores do
submarino, os tripulantes devem ter tido tempo
suficiente para se abrigarem em compartimentos
seguros", segundo o ministro.
O Kursk está encalhado desde sábado (12) no mar de
Barents, com 118 tripulantes a bordo. A tripulação não
dá sinais de vida desde quarta-feira (16) pela manhã.
Folha de São Paulo [17/08/2000]
A mentira transforma-se em verdade
Uma mentira colossal traz em si uma força que afasta
a dúvida... Uma propaganda hábil e perseverante
acaba por levar os povos a crerem que o céu não é,
no fundo, senão um inferno e que a mais miserável
das existências é, ao contrário, um paraíso... Pois a
mentira mais impudente deixa sempre traços, mesmo
que ela tenha sido reduzida a nada...
Hitler, Mein Kampf.
TEXTO [13]
TEXTO [14]
Se você tivesse a oportunidade de conhecer Eliana, o
que diria a ela?
Diário de Pernambuco, 03.07.2000, p. C3
Liteira s. f. (ant.) Cadeirinha portátil, coberta,
suspensa por dois varais e carregada por dois
homens ou dois animais.
Celso Pedro Luft. Mini Dicionário Luft.
PORTUGUÊS
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Olá, Dona Pedra
15. Os TEXTOS [11], [12], [13] e [14] expressam algumas das funções da linguagem que você conhece.
Considere a relação que se procura estabelecer.
I II 0 0 Com a mesma função que predomina no Texto [11]:
“A pátria não é ninguém: são todos; e cada qual tem no seio dela o mesmo direito à idéia, à
palavra, à associação. A pátria não é um sistema, nem uma seita, nem um monopólio, nem
uma forma de governo: é o céu, o solo, o povo, a tradição, a consciência, o lar, o berço dos
filhos e o túmulo dos antepassados, a comunhão da lei, da língua e da liberdade...”
Rui Barbosa, Palavras à juventude.
1 1 Com a mesma função que predomina no TEXTO [12]:
Maurício de Sousa in Faraco & Moura.
Língua e Literatura, p. 30.
2 2 Com a mesma função que predomina no TEXTO [11]:
Físicos equacionam nós para gravatas
Dois físicos de uma das mais conceituadas universidades do Reino Unido – a de
Cambridge – fizeram um estudo matemático para descrever nós de gravata com equações.
Os físicos equacionaram os movimentos necessários para fazer os quatro nós mais
usados e propuseram seis novos nós. Eles concluíram também que há 85 maneiras
diferentes de atar uma gravata.
Folha de S. Paulo in CEREJA e MAGALHÃES. Gramática reflexiva: Texto,
semântica e interação. p. 21.
3 3 Com a mesma função que predomina no TEXTO [14]: “ Catar feijão se limita com escrever:
joga-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.”
João Cabral de Melo Neto.
4 4 Com a mesma função que predomina no TEXTO [13]: “ O escritor francês Flaubert, numa carta escrita em 1842, disse:
A justiça humana é para mim o que há de mais burlesco no mundo. Um homem julgando
outro é um espetáculo que me faria morrer de rir, se não me causasse pena, e se agora eu
não estivesse sendo forçado a estudar a série de absurdos em virtude dos quais ele o julga.”
Francis Vanoye. Usos da linguagem, p. 128.
Chuif!
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TEXTO [15] para a questão 16.
Simbolismo Em 1886, com o manifesto de Jean Moréas, se isola do Decadentismo o grupo dos
simbolistas. Complexo e difícil de se definir, o Simbolismo recupera a subjetividade romântica e, em muitos aspectos, continua o Romantismo, partindo do pressuposto de que a poesia não pode exprimir coisa alguma de maneira definida nem definitiva. Os simbolistas mergulham no seu mundo interior, em busca de regiões mais profundas além do consciente e atingem a camada pré-lógica do psiquismo.
Da mesma forma que o Decadentismo (adjetivo usado na França, entre 1882 e 1886, em tom pejorativo, com o fim de indicar a nova atitude do espírito, do costume e do gosto), o Simbolismo reage contra o Naturalismo e reconhece a falta de fundamento da pretensão do Positivismo em reduzir todo o conhecimento à pura experiência. Cresce a revolta contra a ingênua fé na ciência, contra o culto dos fatos, contra a recusa da dialética abstrata e metafísica. Havia decaído o mito positivista do progresso técnico e social que não conseguiu libertar o homem da dor e da morte.
Telênia Hill. Manual de teoria literária,
p. 156-157.
16. Romantismo – Realismo – Simbolismo.
I II 0 0 Pode-se afirmar que, para os simbolistas, “cada metáfora, cada comparação chega à
revelação da realidade profunda daquele mundo misterioso que o poeta desvenda (...) O
poeta revela o desconhecido por meio do pensamento e da palavra, devendo para tal utilizar
uma linguagem delirante e enigmática”.
1 1 Não constitui erro dizer que, na poesia romântica, a palavra não define, não determina, mas
ao contrário sugere mundos que se localizam no interior mais profundo do poeta, na medida
em que a linguagem descortina automaticamente as relações que existem entre as coisas ao
nosso redor.
2 2 Para os parnasianos, que representam o Realismo na poesia, a produção poética deveria ser
um retorno ao passado clássico, voltando a se inspirar nos autores greco-romanos para
recuperar a importância dada à forma, razão pela qual o culto à poesia era a sua
reaproximação de Deus.
3 3 Não há dúvida de que os escritores românticos conseguem captar, na sua produção literária,
os problemas essenciais da época, isto é, “o sentimento pessimista da existência, a
indagação metafísica sobre o destino humano, a busca de um valor universal que justifique o
sofrimento e a morte.”
4 4 Pode-se afirmar que desfeita “a fé medieval que alimentava a confiança renascentista nas
ilimitadas potências do homem, esfacelado o credo iluminista na razão poderosa, rompeu-se
para sempre o equilíbrio do homem. Por aí se situa a oposição dos românticos à ideologia do
século das luzes”.
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TEXTO [16] para as questões 17 e 18
5 10 15 20
Deu por si na calçada, ao pé da porta; disse ao cocheiro que esperasse, e rápido enfiou pelo corredor, e subiu a escada. A luz era pouca, os degraus comidos dos pés, o corrimão pegajoso; mas ele não viu nem sentiu nada. Trepou e bateu. Não aparecendo ninguém, teve idéia de descer; mas era tarde, a curiosidade fustigava-lhe o sangue, as fontes latejavam-lhe; ele tornou a bater uma, duas, três pancadas. Veio uma mulher; era a cartomante. Camilo disse que ia consultá-la, ela fê-lo entrar. Dali subiram ao sótão, por uma escada ainda pior que a primeira e mais escura. Em cima havia uma salinha, mal alumiada por uma janela, que dava para o telhado dos fundos. Velhos trastes, paredes sombrias, um ar de pobreza, que antes aumentava do que destruía o prestígio. A cartomante fê-lo sentar diante da mesa, e sentou-se do lado oposto, com as costas para a janela, de maneira que a pouca luz de fora batia em cheio no rosto de Camilo. Abriu uma gaveta e tirou um baralho de cartas compridas e enxovalhadas. Enquanto as baralhava, rapidamente, olhava para ele, não de rosto, mas por baixo dos olhos. Era uma mulher de quarenta anos, italiana, morena e magra, com grandes olhos sonsos e agudos. Voltou três cartas sobre a mesa, e disse-lhe: — Vejamos primeiro o que é que o traz aqui. O senhor tem um grande susto... Camilo, maravilhado, fez um gesto afirmativo. — E quer saber, continuou ela, se lhe acontecerá alguma coisa ou não... — A mim e a ela, explicou vivamente ele.
Machado de Assis, A cartomante.
17. Emprego da vírgula
I II 0 0 “Em cima havia uma salinha, mal alumiada por uma janela, que dava para o telhado dos
fundos. Velhos trastes, paredes sombrias, um ar de pobreza, que antes aumentava do que
destruía o prestígio.” [linhas 8-10] A oração grifada deve ser entendida como adjetiva restritiva por não fazer sentido
independentemente do restante do período e, por isso, o uso da vírgula é procedente.
1 1 “A luz era pouca, os degraus comidos dos pés, o corrimão pegajoso; mas ele não viu nem
sentiu nada. Trepou e bateu. Não aparecendo ninguém, teve idéia de descer... ”[linhas2-4] Na frase grifada, usou-se a vírgula para separar a oração subordinada (reduzida de gerúndio)
que vem deslocada.
2 2 “Camilo disse que ia consultá-la, ela fê-lo entrar. Dali subiram ao sótão, por uma escada
ainda pior que a primeira e mais escura.” [linhas 6-8] Ocorreu o uso da segunda vírgula para separar um objeto indireto de um adjunto adverbial.
3 3 “... mas era tarde, a curiosidade fustigava-lhe o sangue, as fontes latejavam-lhe; ele tornou a
bater uma, duas, três pancadas.” [linhas 4-6] A segunda vírgula foi usada para separar duas orações coordenadas assindéticas.
4 4 “Enquanto as baralhava, rapidamente, olhava para ele, não de rosto, mas por baixo dos
olhos.”[linhas 14-15] O emprego das duas primeiras vírgulas é inadequado porque “não se deve pôr entre vírgulas
o advérbio situado entre o verbo e o complemento”.
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18. Oração e termos da oração.
I II 0 0 “A luz era pouca, os degraus comidos dos pés, o corrimão pegajoso; mas ele não viu nem
sentiu nada.” [linhas 2-3] A oração grifada classifica-se como coordenada assindética porque não foi introduzida por
conjunção coordenativa.
1 1 “Enquanto as baralhava, rapidamente, olhava para ele, não de rosto, mas por baixo dos
olhos.” [linhas 14-15] A oração grifada, com relação à ação seguinte, transmite também a idéia de simultaneidade.
2 2 “– Vejamos primeiro o que é que o traz aqui. O senhor tem um grande susto... Camilo,
maravilhado, fez gesto afirmativo.” [linhas 18-19] Nesse período, encontramos apenas três orações: “que é” é a segunda e “que o traz aqui”
é a terceira. Esta última classifica-se como subordinada substantiva predicativa.
3 3 Em “... a curiosidade fustigava-lhe o sangue, as fontes latejavam-lhe; ele tornou a bater uma,
duas, três pancadas. Veio uma mulher; era a cartomante.” [linhas 4-6] , os termos grifados
classificam-se, respectivamente, como adjunto adnominal e sujeito.
4 4 “Deu por si na calçada, ao pé da porta; disse ao cocheiro que esperasse, e rápido enfiou pelo
corredor, e subiu a escada.” [linhas 1-2] Nesse período, o termo grifado tanto pode ser sujeito como objeto direto por tratar-se de uma
frase ambígua.
PORTUGUÊS
20
(1)
TEXTO [17] para a questão 19.
― O meu nome é Severino Não tenho outro de pia. (...) Somos muitos Severinos iguais em tudo na vida na mesma cabeça grande que a custo é que se equilibra no mesmo ventre crescido sobre as mesmas pernas finas e iguais também porque o sangue que usamos tem pouca tinta. E se somos Severinos iguais em tudo na vida morremos de morte igual mesma morte severina: que é a morte de que se morre de velhice antes dos trinta de emboscada antes dos vinte; de fome um pouco por dia. Somos muitos Severinos iguais em tudo e na sina: a de abrandar estas pedras suando-se muito em cima, a de tentar despertar terra sempre mais extinta, a de querer arrancar algum roçado da cinza.”
19. Modernismo brasileiro.
I II
0 0 Observa-se na auto-apresentação do personagem que, quanto mais ele procura se definir,
menos se individualiza, porquanto os traços biográficos enfatizados são sempre partilhados
por outros homens: acontece, por assim dizer, a dissolução desse Severino no anonimato
coletivo.
1 1 Tudo indica que o Eu-lírico no Texto [17] está monologando por causa da dureza de sua vida
severina contra a qual não pode lutar ou contra a qual luta em vão até deixar de ser Severino.
2 2 O Texto [17] é um fragmento do texto maior de João Cabral de Melo Neto que expõe a
limitação do homem nordestino, do povo nordestino, que, ao que parece, tem plena
consciência do drama do existir.
3 3 O relato do texto é exclusivamente dramático por causa da liberdade total de tempo e espaço
e porque Severino só encontra a morte no caminho que o leva ao seu destino: o destino de
todos os brasileiros cuja sina é sofrer, sofrer e depois morrer.
4 4 O texto revela que o personagem tem consciência de sua posição no cenário onde vive, de
sua deformidade física, de sua debilidade biológica, da precocidade de sua morte. Sua
posição, ao que parece, entre o trabalho sobre a terra ou o descanso debaixo dela, é de que
esta última opção é muito mais sedutora.
(3) (2)
Somos severinos na vida!
E somos, é!?
Somos, não vê?!
PORTUGUÊS
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20. Considere as relações que se procura estabelecer entre escola literária e suas características.
I II 0 0 8 Conhecimento e expressão da realidade através dos sentidos.
8 Símbolos que traduzem a efemeridade, a instabilidade das coisas. “Nasce o Sol e não dura mais que um dia, depois da Luz se segue a noite escura, em tristes sombras morre a formosura, em contínuas tristezas a alegria.” Esses versos e as características destacadas acima pertencem ao Barroco.
1 1 8 Supervalorização do amor. 8 Liberdade de criação. “Esta, de áureos relevos, trabalhada De divas mãos, brilhante copa, um dia, Já de aos deuses servir como cansada, Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.” Além de esse texto conferir com as características acima, seus versos denunciam o estilo próprio do Romantismo brasileiro.
2 2 8 Utilização do verso livre. 8 Linguagem coloquial (ou proximidade com ela). “O rapaz chegou-se para junto da moça e disse: - Antônia, ainda não me acostumei com o seu corpo, com a sua cara. A moça olhou de lado e esperou. - Você não sabe quando a gente é criança e de repente vê uma lagarta listada? A moça se lembrava - A gente fica olhando... A meninice brincou de novo nos olhos dela. O rapaz prosseguiu com muita doçura: - Antônia, você parece uma lagarta listada.” As características acima apontadas podem facilmente ser percebidas nesse poema do nosso Modernismo.
3 3 8 Tranqüilidade no relacionamento amoroso. 8 Equilíbrio entre a razão e a fantasia. “Vivi; pois Deus me guardava para este lugar e hora! Depois de tanto, senhora, Ver-te e falar-te outra vez; Rever-me em teu rosto amigo, Pensar em quanto hei perdido, E este pranto dolorido Deixar correr a teus pés.” As características acima e esse texto denunciam a visão do amor que se viveu durante o Arcadismo.
4 4 8 Pessimismo diante da vida. 8 Incorporação de vocabulário científico. “Profundissimamente hipocondríaco, Este ambiente me causa repugnância... Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia Que se escapa da boca de um cardíaco.” As características acima marcaram em parte a poesia de Cecília Meireles como se observa nos versos acima.